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DIREITOS HUMANOS

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DIREITOS HUMANOS: Conceito, Evolução Histórica 
Este Guia de Aprendizagem tem o objetivo de direcionar os seus estudos ao longo do desenvolvimento da disciplina e 
o seu olhar para os conteúdos disponibilizados. Assim, nesta aula, falaremos sobre o desenvolvimento dos Direitos 
Humanos abordando os principais fatos históricos que levaram a transformação do direito como um todo, bem como 
seu conceito e suas características. Ao final desta unidade, você compreenderá o porquê dos Direitos humanos vêm 
ganhando cada vez mais destaque em todos os debates jurídicos e em especial o porquê de sua abordagem de forma 
apartada dos direitos fundamentais. 
Para começar, precisamos entender o que são os direitos Humanos. De acordo com a Organização das Nações Unidas 
“Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, 
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.” 
Ou seja, por este conceito podemos entender que são direitos que se aplicam a todos e não se limitam a fronteiras ou 
territórios. Eles se diferenciam dos direitos fundamentais, pois estes são os direitos humanos incorporados no 
ordenamento constitucional e que se aplicam, exclusivamente, às pessoas localizadas em um Estado. 
Assim, podemos entender que 
Direitos Humanos são: direitos positivados, universais, que visam proteger os indivíduos e grupos sociais contra as 
diversas ações ou omissões daqueles que atentem contra a dignidade da pessoa humana independente de 
fronteiras, ou seja, de onde a pessoa esteja. 
Direitos Fundamentais são: direitos constitucionalmente assegurados a todos dentro de um território. 
Direitos Naturais são: direitos inerentes a todo ser humano, desde o nascimento. Independem do Estado e de 
leis. Este direito se baseia nos princípios humanos e na moral. 
Mas quando e onde surgem os Direitos Humanos? O primeiro registro de normas de Direitos Humanos foi encontrado 
na Babilônia em 539 a.C. Quando Ciro o Grande, rei da Pérsia, conquista a Babilônia, ele publica diversos decretos 
que libertam os escravos, que declaram que todas as pessoas tinham o direito de escolher a sua própria 
religião e estabeleceu a igualdade racial. Os decretos foram gravados em cilindro de argila que foi chamado de Cilindro 
de Ciro. 
CILINDRO DE CIRO: 
 
 
Após o Cilindro de Ciro, um importante marco é a Magna Carta de 1215. Nesta petição, considerada por muitos autores 
como o primeiro documento escrito que trata de direitos humanos, o Rei é João Sem Terra limita pela primeira vez o 
poder do monarca e garante a todos os cidadãos livres possuírem e herdarem propriedade, e serem protegidos de 
impostos excessivos. Apesar de muito importante, a Magna Carta atribuía direitos apenas à parcela da população 
Inglesa, ou seja, apenas aos homens livres. 
Ainda na Inglaterra em 1628, apesar de estar vigente a Magna Carta, o rei Carlos I violava constantemente as leis e 
pouco antes da Guerra Civil Inglesa, o Parlamento institui a Petition of Rights, (Petição de Direitos) que instituiu 
diversos direitos civis. Neste documento, três princípios foram consagrados: “Nenhum tributo pode ser imposto sem 
o consentimento do Parlamento; Nenhum súdito pode ser encarcerado sem motivo demonstrado (a reafirmação do 
direito de habeas corpus); Nenhum soldado pode ser aquartelado nas casas dos cidadãos, e a Lei Marcial não pode ser 
usada em tempo de paz.” 
Apesar da Petition of Rights deixar claro que nenhum cidadão poderia ser preso sem motivo demonstrado, foi só 
em 1679 que foi publicado o Habeas Corpus Act que traz uma garantia judicial contra a violação, a liberdade de 
locomoção. 
Em 1689, em virtude da Revolução Gloriosa na Inglaterra o parlamento britânico impõe ao Rei Guilherme de Orange 
a chamada Bil of Rights. Nesse documento o Rei se submetia ao legislativo, sendo necessária a aprovação do 
Parlamento para aprovação de leis, e ainda trouxe diversos direitos e garantias à população como por exemplo, a 
liberdade de imprensa, o estabelecimento de direitos individuais, garantias processuais, autonomia do Poder 
Judiciário. 
Em 1776, as Treze Colônias Norte-Americanas resolvem proclamar a sua independência e em seu instrumento de 
independência destacam a representação popular , a limitação dos poderes governamentais e o respeito aos direitos 
humanos. 
Em 1789, inspirados pela Independência norte-americana, ocorre a Revolução Francesa que traz importantes 
mudanças e avanços em relação aos direitos humanos. Os princípios da igualdade, da liberdade e da fraternidade são 
consagrados e a população deixa de ser entendida como servos e passam a ser cidadãos. 
Porém, apesar de todos estes grandes marcos (que fique claro que pontuamos os principais e que há vários outros 
documentos que surgiram ao longo do tempo) foi após a Segunda Guerra Mundial que percebemos um forte 
desenvolvimento dos Direitos Humanos e uma real preocupação global em relação à matéria. Isto porque, até 
a Segunda Guerra Mundial, entediamos que cada Estado era responsável por cuidar dos seus nacionais e não havia 
uma preocupação em regulamentar a matéria em âmbito internacional. A ideia era que cada país protegia os seus. 
Porém, quando os campos de concentração na Alemanha foram encontrados e o mundo percebeu que a Alemanha 
dizimava sua própria população ( sim, os judeus eram Alemães, os negros, deficientes, homossexuais, ciganos, e outros 
eram em sua grande maioria, Alemães) o restante do mundo ficou estarrecido e percebeu que uma regulamentação 
supraestatal era necessária. 
Assim, a comunidade internacional entendeu que a proteção aos direitos humanos deve ser garantida de forma global, 
universal e não se limitar aos poderes Estatais, até porque em diversas situações era o próprio Estado o causador das 
graves violações. 
Quando criada, a Organização das Nações Unidas( ONU) trouxe já em seu capítulo I - Dos propósitos e Princípios a 
proteção dos Direitos Humanos em âmbito global. 
Artigo 1. Os propósitos das Nações unidas são: 
 
1. 
0. 
0. 
3. Conseguir uma cooperação internacional para resolver os problemas internacionais 
de caráter econômico, social, cultural ou humanitário, e para promover e estimular o 
respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais para todos, sem distinção 
de raça, sexo, língua ou religião.  
 
E antes mesmo, em seu Preâmbulo determina: 
NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVIDOS : 
a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe 
sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor 
do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a 
estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do 
direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de 
uma liberdade ampla. 
Para garantir a efetividade dos Direitos Humanos, diversos documentos foram publicados, mas o primeiro que até 
hoje é um marco na proteção destes direitos, foi a resolução 217 A III em 10 de dezembro 1948, que proclamou a 
Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
Como direito em evolução, diversos tratados e leis foram editados após a Segunda Guerra Mundial, mas pararemos 
por aqui, pois certamente a Segunda Guerra Mundial foi o grande divisor de águas da nossa disciplina. 
 
Vá mais Longe 
Capítulo Norteador 
Capítulo 18 - Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais MELLO, Cleyson de Moraes. Direitos 
Fundamentais e Dignidade da Pessoa Humana. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2015. Biblioteca Virtual. 
Assistir ao vídeo : Afinal O Que é Direitos Humanos [DUBLADO PT-BR] (Links para um site externo.)
 
 
Agora é sua Vez 
InteraçãoAssista ao filme o Julgamento de Nuremberg. Avalie os fatores legais envolvendo a criação do Tribunal de Nuremberg 
no Pós-Guerra, refletindo sobre os pontos de legalidade e ou ilegalidade dele mesmo. 
Faça uma análise crítica da importância do referido Tribunal no Pós-Guerra para os Direitos Humanos. 
Filme Disponível no Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=XDpDrZc59YE (Links para um site externo.)
 
 
Questão para Simulado 
Após três lustros de massacres e atrocidades de toda sorte, iniciados com o fortalecimento do totalitarismo estatal 
nos anos 30 do século XX, a humanidade compreendeu, mais do que, qualquer época da história, o valor supremo 
da dignidade humana. O sofrimento como matriz da compreensão do mundo e dos homens, segundo a lição 
luminosa da sabedoria grega, veio a aprofundar a afirmação histórica dos direitos humanos. COMPARATO, F. K. A 
afirmação histórica dos direitos humanos. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2001 (adaptado). 
Com relação à afirmação histórica dos direitos humanos, assinale a opção correta: 
a) 
A construção dos direitos humanos no Brasil se deu com o fim do período da ditadura militar e a 
consequente garantia do direito ao voto, fixada pela obrigatoriedade do sufrágio universal. 
b) 
A expressão “direitos humanos” especifica o conjunto normativo de garantias aos presidiários 
brasileiros, assegurando-lhes alimentação, respeito, processo justo e direito à prestação de serviço 
judiciário. 
https://www.youtube.com/watch?v=8xt0ujMak8E
https://www.youtube.com/watch?v=8xt0ujMak8E
https://www.youtube.com/watch?v=XDpDrZc59YE
https://www.youtube.com/watch?v=XDpDrZc59YE
https://www.youtube.com/watch?v=8xt0ujMak8E
https://www.youtube.com/watch?v=XDpDrZc59YE
c) 
A Segunda Guerra Mundial motivou o questionamento do papel dos Estados diante da proteção ao 
ser humano, o que foi determinante para alterações de textos constitucionais no período pós-
guerra. 
d) 
O conceito de direitos humanos é próprio do movimento chamado de jusnaturalismo, que, após a 
crise de positivismo jurídico e o surgimento do pós-positivismo, passou a integrar os textos 
constitucionais. 
e) 
A Constituição Federal brasileira de 1988 trouxe ao ordenamento jurídico nacional um rol protetivo 
de direitos humanos, até então inexistente, sob a denominação de direitos e garantias individuais e 
coletivos. 
 
Resposta A resposta é c). 
Alternativas “A” e “E”. A alternativa “A”ao sugerir que a construção dos Direitos Humanos no Brasil se deu com o fim 
da ditadura militar, deixa de considerar que tal construção é fruto de um longa trajetória marcada por avanços e 
retrocessos consagrados nas Constituições outorgadas no país e também por uma longa distância entre o que foi 
formalizado nos textos constitucionais e a realidade vivida pela maioria dos brasileiros. A Constituição Imperial de 
1824, inspirada nos princípios liberais das Revoluções Francesa e Norte-Americana, proclamava em seu art. 179 o 
direito à propriedade, à liberdade e à segurança, e à inviolabilidade dos direitos civis e políticos (prejudicados pelo 
poder Moderador), mas ao mesmo tempo não considerava o escravo e os indígenas como sujeitos de direitos: “O 
formalismo oficial ocultava uma postura “autoritária e etnocêntrica” do legislador da primeira metade do século XIX, 
com relação a certos grupos marginalizados e excluídos da cidadania” (WOLKMER, 2008, p.108). A Constituição 
Republicana de 1891, com base em uma filosofia política republicana positivista e nos princípios do liberalismo 
individualista, manteve-se os direitos fundamentais formalizados na Constituição imperial com algumas ampliações, 
tais como a garantia de tais direitos a estrangeiros residentes no país e a introdução aparente de direitos civis, mas 
assim como na Constituição de 1824 grande parte da população brasileira continuaram sendo marginalizados. A 
Constituição de 1934 inspirada em alguns pressupostos da Carta Mexicana de 1917 e da Lei Fundamental de Weimar 
(1919), apesar de manter boa parte das estruturas econômicas e sociais, trouxe várias inovações e reformulações ao 
texto constitucional de 1891, tais como o voto feminino, direitos econômicos e sociais. Tais avanços presentes na 
Constituição de 1934 foram substituídos pelo autoritarismo do Estado Novo legitimado pela Constituição de 1937 que 
foi inspirada no Fascismo europeu, restringindo assim a “prática efetiva e plena dos direitos dos cidadãos” que foram 
restabelecidos formalmente com a Constituição Republicana de 1946, derrubada com a ditadura militar, e substituída 
pelas Constituições de 1967 e 1969, inaugurando um longo período de retrocesso, principalmente no que diz 
respeito à evolução dos Direitos Humanos. O período de retrocesso foi interrompido com a Constituição de 1988, que 
adotou como o fundamento da República a dignidade da pessoa humana, a cidadania e o sufrágio universal, sendo 
considerada um marco formal muito importante da evolução dos direitos humanos no Brasil, não extinguindo, assim, 
alguns avanços tímidos em direção à construção e garantias dos direitos fundamentais presentes 
desde a independência política do Brasil. Contribuindo assim, para que o país caminhasse rumo às garantias universais 
dos direitos humanos presentes na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Além disso, a alternativa “A”, 
enfatiza que a construção dos direitos humanos no Brasil se deu com o fim da ditadura militar e o sufrágio universal 
no Brasil, sendo nesta perspectiva os direitos humanos restringidos à garantia do voto. Portanto, salvo as diferenças 
entre os direitos fundamentais (são direitos humanos positivados nas Constituições nacionais) e os direitos 
humanos, (são positivados no plano nacional) a alternativa “E”, ao afirmar que o ordenamento jurídico de 1988 trouxe 
um rol protetivo de direitos humanos até então inexistentes, deixa de considerar que ao longo da história do Brasil 
independente, ainda que de forma tímida e excluindo grande parte da população brasileira, a construção dos direitos 
humanos é também fruto de contribuições presentes em várias Constituições brasileiras, conforme vimos acima. Em 
relação à alternativa “B”, ao sugerir que os direitos humanos no Brasil se limitam às “garantias aos presidiários 
brasileiros, assegurando-lhes alimentação, respeito, processo justo e direito à prestação de serviço judiciário”, deixa 
de considerar que segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), os direitos humanos são direitos 
universais, inerentes a todos os seres humanos: “Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as 
liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, 
https://dombosco.instructure.com/courses/9363/pages/aula-1#Resposta
opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição” 
(DUDH, 1948). Portanto, não são os direitos humanos limitados a dar proteção e segurança aos presidiários brasileiros. 
Em relação à alternativa “D”, podemos afirmar que o jusnaturalismo contribuiu para o nascimento do conceito de 
direitos humanos, porém a alternativa em questão também afirma que a contribuição do jusnaturalismo para o 
nascimento do conceito de direitos humanos se deu com a crise do positivismo jurídico. Ao refletirmos um pouco 
sobre o surgimento do jusnaturalismo, que remonta ao pensamento grego, onde pela primeira vez reconhecem a 
ligação entre o direito com as forças da natureza e posteriormente a partir do século XVI, o jusnaturalismo se apresenta 
como uma reação racionalista à visão teocêntrica do direito medieval. Nesse sentindo, ainda no século XVIII, podemos 
perceber um grande salto na evolução do conceito de direitos humanos. Na Declaração de Independência dos Estados 
Unidos, que em tese adotou uma versão universalista dos direitos humanos, e na Declaração Universal dos Direitos 
do Homem e doCidadão, que postulava que “todos os homens nascem livres e permanecem livres e iguais em 
direitos”, seus declarantes confirmaram direitos que já existiam, ou seja direitos universais inerentes aos seres 
humanos. Percebe-se a importância singular (guardadas as suas limitações, principalmente no que tangem ao 
universalismo dos direiros humanos) das duas declarações mencionadas acima para a construção do conceito de 
direitos humanos. Portanto, não foi somente com a crise do positivismo jurídico e o surgimento do pós-positivismo 
que o conceito de direitos humanos passou a integrar os textos constitucionais, mas cabe ressaltar que após os 
horrores cometidos contra a dignidade da pessoa humana durante a Segunda Guerra Mundial e o positivismo jurídico 
se mostrou incapaz de proteger a dignidade da pessoa humana contra inúmeras violações. A Declaração Universal dos 
Direitos Humanos e do Cidadão (1948) e o pós-positivismo deu grande impulso para que o conceito de direitos 
humanos integrasse aos textos constitucionais, conforme é afirmado também na alternativa “C” que é a alternativa 
correta da questão apresentada. 
 
 
 
"Organize-se: 4 horas semanais – mínimo sugerido para autoestudo". 
Referências 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Editora Moderna. 2004. 
DIEHL, Diego Augusto. A Re-invenção dos Direitos Humanos pelos Povos da América Latina: para uma nova 
História Decolonial desde a Práxis de Libertação dos Movimentos Sociais, 2015. Tese apresentada ao programa de Pós-
graduação da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. 
DONNELLY, Jack. Universal human rights in theory and practice. 2. ed. Nova Iorque: Cornell University Press, 2003. 
DOUZINAS, Costas- GEARTY, Conor. The Meaning of Rights: The Philosophy and Social Theory of Human 
Rights. Cambridge: Cambridge, 2014. 
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Editora Atlas, 2012. 
OLIVEIRA, Cristina Godoy Bernardo de. Direitos Humanos: a luta pelo reconhecimento. São Paulo: Melius Nosti, 2013. 
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. São Paulo: Max Limonad, 2008. 
SARLET. Ingo Wolfgang. O conceito de direitos fundamentais 
na Constituição Federal de 1988. Revista Consultor Jurídico, 27 de fevereiro de 2015. 
Disponível em: https://www.conjur.com.br/2015-fev-27/direitos-fundamentais-conceito-direitos-fundamentais-
constituicao-federal-1988 (Links para um site externo.) 
TELES, Maria Amélia de Almeida. O que são os Direitos Humanos das Mulheres, ed. Brasiliense, coleção Primeiros 
Passos. 
WOLKMER, Antônio Carlos. História do Direito no Brasil. 4. ed., rev. Rio de Janeiro: Forense, 2008. 
https://www.conjur.com.br/2015-fev-27/direitos-fundamentais-conceito-direitos-fundamentais-constituicao-federal-1988
https://www.conjur.com.br/2015-fev-27/direitos-fundamentais-conceito-direitos-fundamentais-constituicao-federal-1988
Direitos Humanos: Características e Dimensões 
Este Guia de Aprendizagem tem o objetivo de direcionar os seus estudos ao longo do desenvolvimento da disciplina e 
o seu olhar para os conteúdos disponibilizados. Assim, nesta aula estudaremos a classificação dos direitos humanos e 
suas características para ao final você conseguir se apropriar de conceitos que serão essenciais para interpretação e 
aplicação dos direitos humanos. 
Classificação dos Direitos Humanos 
Na última aula vimos como os Direitos Humanos surgiram e ficou claro que tudo que conhecemos hoje como objeto 
de proteção decorreu de um processo histórico. Não surgiram de um dia para o outro e muita luta ocorreu antes que 
fossem atribuídos a todos os homens o que para a gente hoje é tão elementar como os direitos à igualdade e às 
liberdades. Isso porque, com a evolução da sociedade, novos conflitos sempre surgem, criando a necessidade de 
instrumentos legais e mecanismos de se garantir os Direitos consagrados como direitos humanos. Como exemplo 
podemos entender os novos conflitos que surgiram em virtude da internet. Das relações virtuais. 
Assim, o direito precisou se adaptar e com isso surgem novos Direitos e os novos direitos precisam de novos meios 
processuais para se efetivarem esses direitos. Esses direitos humanos são divididos pela Doutrina e Jurisprudência em 
Dimensões ou gerações de Direitos Humanos. 
Antes de mais nada, vamos entender essa nomeclatura. O jurista Paulo Bonavides chama de gerações de direitos 
humanos e as divide na ordem em que foram criadas. Porém, a doutrina moderna, defendida principalmente por 
juristas como Ingo Sarlet, entendem que esse termo não é o mais adequado, devendo ser substituído por dimensões. 
Mas, você deve estar se perguntando por quê? Veja comigo: quando falamos em gerações, nåo temos a ideia de que 
um sucede o outro? Ou seja, que um deixa de existir com o surgimento do outro? Por isso, a mudança do termo para 
dimensão e não geração. 
 
Dito isso, vamos voltar ao estudo das Dimensões de Direitos Humanos. 
 
1ª Dimensão - A primeira Dimensão surgiu em 1789 durante a Revolução Francesa. Até então, a França era governada 
por um rei Monarca. Com a revolução, o direito do Soberano passa a ser limitado pela lei que vira um escudo do 
cidadão frente ao Estado. Estes direitos são conhecidos como liberdades públicas negativas. No sentido de que 
o Estado deve se omitir de invadir a vida das pessoas. 
2ª Dimensão - Os direitos de 2ª dimensão surgem com a Revolução Industrial. Com os abusos sofridos pelo Estado, o 
indivíduo precisa de proteção do Estado de forma ativa. Precisa que o Estado haja em favor do indivíduo. É necessária 
uma igualdade material . Liberdades Públicas Positivas. Exemplo: Direitos Trabalhistas. 
3ª Dimensão - Os direitos de 3ª Dimensão, por sua vez, surgem no final da Segunda Grande Guerra e estão 
diretamente ligados à busca da Paz e da fraternidade. é nessa terceira geração que surgem os direitos difusos e 
coletivos. O cidadão passa a ser considerado cidadão do mundo. Como você pode perceber, a partir dos direitos de 
3ª dimensão, estamos nos referindo a direitos destinados a toda a sociedade e possuem como sujeitos ativos uma 
coletividade que eu não consigo individualizar os seus destinatários. Quem é titular do direito ao meio ambiente 
equilibrado? Toda a sociedade. Assim, é na 3ª dimensão que encontramos os fundamentos dos direitos coletivos. 
Todos os autores concordam com a divisão destas três dimensões. Porém, vários autores defendem a existência de 
outras dimensões. Para o jurista Norberto Bobbio, em seu livro a Era do Direito, os Direitos de 4ª Dimensão seriam 
aqueles ligados ao Direito a integridade do patrimônio genético frente às ameaças da biotecnologia. Assim, podemos 
entender os problemas decorrentes de estudos genéticos, barrigas de aluguel e outros, como problemas que exigem 
uma resposta do direito de 4ª dimensão. Já , para o jurista brasileiro Paulo Bonavides, os direitos de 4ª dimensão 
seriam aqueles ligados à democracia, à informação e ao pluralismo. Assim, as questões envolvendo o 
acesso à informação, o uso de dados, da internet, seriam objeto dos direitos de 4ª dimensão. Mas, os autores não 
param por aí. Paulo Bonavides, por exemplo, entende que o Direito à paz deveria ser um direito de 5ª dimensão e não 
de 3ª dimensão, pois seria o direito que regulemantaria o direito de armas químicas e biológicas. 
Para facilitar o estudo dos Direitos, apesar de todos serem parte de uma universalidade chamada de Direitos Humanos, 
vamos classificá-los em Direitos Individuais, sendo aqueles entendidos como direitos de 1ª e 2ª dimensões, e direitos 
Coletivos e difusos, consagrados como direitos de 3ª Dimensão. 
Entendida a Classificação dos direitos em Dimensões, vamos passar agora para o estudo das caraterísticas dos Direitos 
Humanos. 
Características dos Direitos Humanos 
• Historicidade: Como o próprio nome nos indica, os direitos humanos são frutos de lutase construções 
históricas. São consequências da evolução do homem e por isso está sempre em construção. Como exemplo, 
podemos citar o direito ao casamento homoafetivo. Há alguns anos, não se questionava o direito ao 
casamento de casais do mesmo sexo. Com o passar dos anos e com a evolução e expansão do 
princípio à igualdade, hoje este direito é garantido em grande parte dos países do mundo. Daqui há alguns 
anos, novos direitos deverão surgir e esperamos que esta evolução nunca termine. 
 
• Inalienabilidade: Os direitos humanos são inalienáveis, pois não possuem natureza patrimonial e por isso não 
podem ser monetizados. Por estas características também entendemos que ninguém pode ser privado de 
seus direitos humanos; porém, importante lembrar que eles podem ser limitados em algumas situações. Uma 
pessoa pode ter o seu direito à liberdade, restringido, se for considerada culpada de um crime diante de um 
tribunal e com o devido processo legal. 
• Universais: Os direitos humanos são aplicados a todos as pessoas, independente de local de moradia, 
nacionalidade, sexo, cor, religião, idade etc. Se aplicam a TODOS. 
 
• Indivisíveis:  Inter-relacionados e interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos e 
outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito por muitos outros. 
 
• Imprescritibilidade: Novamente pela falta de conteúdo patrimonial , os direitos humanos são imprescritíveis, 
pois a prescrição só é aplicada quando há um conteúdo patrimonial. 
 
• Irrenunciabilidade: Ninguém pode renunciar a um direito humano. Pois são direitos indisponíveis. 
 
 
• Vedação ao retrocesso: Uma vez consagrado, determinado direito como direito humano, não é possível voltar 
a desconsiderá-lo. A Sociedade está em evolução e o objetivo é sempre a expansão de direitos e jamais o seu 
retrocesso. 
Assim, apesar da classificação dos direitos em direitos de primeira, segunda ou terceira dimensões, todos os direitos 
humanos devem ser vistos como de igual importância, sendo igualmente essencial respeitar antes de mais nada, o 
princípio da dignidade da pessoa humana , que iremos estudar na próxima aula. 
 
Vá mais Longe 
Capítulos Norteadores 
Capítulos 3 e 4 - Classificação e características dos Direitos Humanos. GALHANO, Fernando Cesar Novaes: Série 
concurso descomplicado direitos humanos - 2ª Edição. São Paulo: Editora Rideel. Pearson Prentice Hall, 2016. 
Biblioteca Virtual. 
 
 
Agora é sua Vez 
Interação 
 
Leia o artigo OS DIREITOS HUMANOS DE 5ª GERAÇÃO ENQUANTO DIREITO À PAZ E SEUS REFLEXOS NO MUNDO DO 
TRABALHO - INÉRCIAS, AVANÇOS E RETROCESSOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E NA LEGISLAÇÃO* de Emmanuel 
Teófilo Furtado; Ana Stela Vieira Mendes. Disponível no site: 
http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/brasilia/02_335. pdf (Links para um site 
externo.), e responda: 
Há retrocessos na nossa Constituição e Legislação em matéria de Direitos Humanos? Caso afirmativo, considerando a 
vedação ao retrocesso, seriam esses retrocessos constitucionais? 
 
Questão para Simulado 
FCC/DPE-AM/2018) 
A respeito da teoria das gerações ou dimensões de Direitos Humanos, considere: 
I. A adoção do conceito de gerações de Direitos Humanos é consensual na doutrina brasileira. 
II. Os Direitos Humanos de segunda geração ou dimensão estão relacionados à ideia de solidariedade ou 
fraternidade, da mesma forma como os direitos de primeira geração ou dimensão estão amparados na ideia de 
liberdade. 
III. Os Direitos Humanos de primeira geração ou dimensão, por se tratarem de direitos de defesa, não acarretam 
qualquer atuação prestacional do Estado em relação à efetivação dos mesmos. 
IV. Os Direitos Humanos de segunda geração ou dimensão, dada a sua natureza prestacional, exigem uma atuação 
positiva do Estado para a sua efetivação. 
Está correto o que se afirma APENAS em: 
a) I e IV. 
b) I, II e III. 
c) II, III e IV. 
d) IV. 
e) II. 
 
Resposta resposta é d). 
A assertiva I está incorreta. A adoção do conceito de gerações de Direitos Humanos é extremamente polêmica e sofre 
muitas críticas, na doutrina internacional e na brasileira. Não há que se falar, portanto, em consenso em relação à 
adoção desse conceito. 
A assertiva II está incorreta. Como sabemos, os Direitos Humanos de segunda dimensão estão ligados à ideia de 
igualdade, e não de fraternidade ou solidariedade (terceira dimensão). Os direitos de primeira dimensão, contudo, 
estão, sim, amparados na ideia de liberdade. 
http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/brasilia/02_335.%C2%A0pdf
http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/anais/brasilia/02_335.%C2%A0pdf
https://dombosco.instructure.com/courses/9363/pages/aula-2#Resposta
A assertiva III está incorreta. Apesar de se poder dizer que os Direitos Humanos de primeira dimensão são, de um 
modo geral, direitos de defesa, é incorreto dizer que eles não acarretam qualquer atuação prestacional. Pelo contrário. 
Não basta o Estado se abster não interferindo em direitos como a vida ou a propriedade, é preciso que ele os garanta, 
sob pena do esvaziamento completo do seu conteúdo. 
A assertiva IV, por fim, é a única correta. De fato, os Direitos Humanos de segunda dimensão possuem uma 
natureza prestacional e exigem do Estado uma atuação positiva para a sua efetivação. Como dito, são os direitos 
baseados na ideia de igualdade, como os econômicos, sociais e culturais. 
 
 
 
Organize-se: 9 horas semanais. 
Referências 
BRASIL. Código Civil. Lei n° 10406, de 10 de janeiro de 2002. Disponível 
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm (Links para um site externo.) 
FERNANDES, Alexandre Cortez. Direito civil: contratos. Caxias do Sul, RS: EDUCS, 2011. Disponível na Biblioteca 
virtual: https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/2939 (Links para um site externo.) 
MELLO, Cleyson de Moraes. Direito civil: contratos. 2. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2017. Disponível na 
Biblioteca virtual:https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/48598 (Links para um site externo.) 
PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de direito civil. Contratos: declaração unilateral de vontade, 
responsabilidade civil. 24. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. 
TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil: volume único. 10. ed. Rio de Janeiro: Forense. 2020a. 
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: contratos. 20. ed. Rio de Janeiro: Atlas. 2020. 
 Dignidade da pessoa humana 
Este Guia de Aprendizagem tem o objetivo de direcionar os seus estudos ao longo do desenvolvimento da disciplina e 
o seu olhar para os conteúdos disponibilizados. Assim, nesta aula, falaremos sobre o desenvolvimento dos Direitos 
Humanos, abordando os principais fatos históricos que levaram a transformação do direito como um todo e em 
especial ao Princípio da Dignidade da Pessoa Humana como princípio norteador do nosso sistema jurídico. Ao final 
desta unidade, você compreenderá o porquê dos Direitos humanos vêm ganhando cada vez mais destaque em todos 
os debates jurídicos e em especial como o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana deve ser usado para interpretar 
e aplicar as normas jurídicas. 
Para começar, precisamos entender o que são os direitos Humanos. De acordo com a Organização das Nações Unidas 
“Os direitos humanos são direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de raça, sexo, 
nacionalidade, etnia, idioma, religião ou qualquer outra condição.” Ou seja, por este conceito podemos entender que 
são direitos que se aplicam a todos e não se limitam a fronteiras ou territórios. Eles se diferenciam dos direitos 
fundamentais, pois estes são os direitos humanos incorporados no ordenamento constitucional e que se aplicam 
exclusivamente às pessoas localizadas em um Estado. 
Mas por que falamos em Direitos Humanos? Apesar do primeiro registrode normas de Direitos Humanos ter sido 
encontrado na Babilônia em 539 a.C., ( Cilindro de Ciro) quando Ciro, o Grande, ao conquistar a Babilônia libertou os 
escravos e declarou que todas as pessoas tinham o direito de escolher a sua própria religião, e estabeleceu a igualdade 
racial, foi após a Segunda Guerra Mundial que percebemos um forte desenvolvimento do tema e uma real 
preocupação global em relação à matéria. Isto porque, até a Segunda Guerra Mundial, entendíamos que cada Estado 
era responsável por cuidar dos seus nacionais e não havia uma preocupação em regulamentar a matéria em âmbito 
internacional. A ideia era que cada país protegia os seus. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm
https://plataforma.bvirtual.com.br/Acervo/Publicacao/2939
https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/48598
Porém, quando os campos de concentração na Alemanha foram encontrados e o mundo percebeu que a Alemanha 
dizimava sua própria população (sim, os judeus era Alemães, os negros, deficientes, homossexuais, ciganos e outros 
eram em sua grande maioria Alemães) o restante do mundo ficou estarrecido e percebeu que uma regulamentação 
supra estatal era necessária. 
Quando criada, a Organização das Nações Unidas( ONU) trouxe no Preâmbulo do tratado que a constituiu, (Carta das 
Nações Unidas) a preocupação com a dignidade humana como um de seus propósitos. 
NÓS, OS POVOS DAS NAÇÕES UNIDAS, RESOLVEMOS: 
 
a preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra, que por duas vezes, no espaço da nossa vida, trouxe 
sofrimentos indizíveis à humanidade, e a reafirmar a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e no valor 
do ser humano, na igualdade de direito dos homens e das mulheres, assim como das nações grandes e pequenas, e a 
estabelecer condições sob as quais a justiça e o respeito às obrigações decorrentes de tratados e de outras fontes do 
direito internacional possam ser mantidos, e a promover o progresso social e melhores condições de vida dentro de 
uma liberdade ampla. 
 
Nesse mesmo sentido, Estados-membros da Organização das Nações Unidas aprovaram a resolução 217 A III em 10 
de dezembro 1948, que proclamou a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Este documento é considerado hoje 
um marco da proteção do ser humano e já traz em seu preâmbulo o princípio da dignidade da pessoa humana como 
fundamento da liberdade, justiça e da paz, vejamos: 
“Considerando que o reconhecimento da dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos 
iguais e inalienáveis constitui o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo (…). Considerando que as 
Nações Unidas reafirmaram, na Carta, sua fé nos direitos fundamentais do homem, na dignidade e valor da pessoa 
humana (…).1 
Desde a Segunda Guerra Mundial, o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana é tratado como fundamento central 
dos direitos humanos e como consequência dos direitos fundamentais (Direitos Fundamentais = Direitos Humanos 
internalizados na constituição). 
Neste sentido, Ingo Sarlet2 define da seguinte forma: 
(…) por dignidade da pessoa humana a qualidade intrínseca e distintiva de cada ser humano que o faz merecedor do 
mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, neste sentido, um comple-xo de 
direitos e deveres fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degra-dante e 
desumano, como venham a lhe garantir as condi-ções existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar 
e promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida em comunhão com 
os demais seres humano (…). 
 
De acordo com Luana Turbay3, Hanna Arendt entende que : 
“a despeito do caráter universal que a tradição ocidental atribuía à dignidade do homem, esta só é real, só adentra o 
plano da efetividade e resguarda o respeito aos indivíduos, quando eles fazem parte de uma comunidade pela qual 
compartilhem responsabilidade.” 
Assim, os Estados incluem em suas constituições o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana como Fundamento de 
todo o seu sistema constitucional. 
Seguindo o compromisso firmado junto às Nações Unidas e a diversos tratados ratificados pelo Brasil, a Constituição 
brasileira traz já em seu artigo 1º a Dignidade da pessoa Humana como fundamento da República Federativa do Brasil 
. 
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, 
constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: 
(…) 
III - a dignidade da pessoa humana. 
Ou seja, este é um dos princípios fundamentais que orientaram a elaboração da constituição e que servem, portanto, 
como elemento essencial para a interpretação e integração do texto constitucional. Para esclarecer qualquer dúvida 
de interpretação sobre artigos da constituição, aquele que interpreta deve levar em consideração a dignidade como 
princípio norteador e assegura ao ser humano um lugar central para o Estado brasileiro. A proteção às pessoas passa 
a ser um fim para o Estado. 
 
 
Vá mais Longe 
Capítulo Norteador 
Capítulo 18 - Dignidade da Pessoa Humana e Direitos Fundamentais MELLO, Cleyson de Moraes. Direitos 
Fundamentais e Dignidade da Pessoa Humana. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2015. Biblioteca Virtual. 
Assistir ao vídeo : 
Afinal O Que é Direitos Humanos [DUBLADO PT-BR] (Links para um site externo.) 
Agora é sua Vez 
Interação 
Leia o artigo 
O Princípio da Dignidade Humana e sua concretização Judicial, de ANDRÉ GUSTAVO CORRÊA DE ANDRADE, disponível 
em: 
https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista23/revista23_316. pdf (Links para um site 
externo.) e faça uma pesquisa junto aos tribunais para levantar quais as principais ofensas em matéria de direitos. 
Humanos envolvendo a dignidade da pessoa humana que estão hoje em discussão. 
 
 
Questão para Simulado 
Ano: 2007 Banca: EJEF (Links para um site externo.) Órgão: TJ-MG (Links para um site externo.) Prova: EJEF - 2007 - 
TJ-MG - Técnico Judiciário (Links para um site externo.) 
Analise as seguintes afirmativas a respeito dos princípios fundamentais do Estado brasileiro, conforme 
apresentados por Kildare Gonçalves Carvalho, em sua obra Direito Constitucional. 
 
I. Dignidade da pessoa humana significa não só um reconhecimento do valor do homem em sua dimensão de 
liberdade, como também de que o próprio Estado se constrói com base nesse princípio. 
 
II. Os direitos fundamentais constituem explicitações da dignidade da pessoa, já que em cada direito fundamental, 
há um conteúdo e uma projeção da dignidade da pessoa. 
https://www.youtube.com/watch?v=8xt0ujMak8E
https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista23/revista23_316.%20pdf
https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista23/revista23_316.%20pdf
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/ejef
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/tj-mg
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ejef-2007-tj-mg-tecnico-judiciario
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/ejef-2007-tj-mg-tecnico-judiciario
https://www.youtube.com/watch?v=8xt0ujMak8E
 
III. Cidadania significa participação no Estado Democrático de Direito, não se achando restrita ao cidadão eleitor, 
mas se projeta em vários instrumentos jurídico-políticos imprescindíveis para viabilizá-la. 
 
IV. A dignidade, como qualidade intrínseca da pessoa humana, é irrenunciável e inalienável e constitui elemento 
que qualifica o ser humano como tal e dele não pode ser destacado. 
 
A partir dessa análise, pode-se concluir que: 
a) apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas. 
b) apenas as afirmativas I, II e III estão corretas. 
c) apenas as afirmativas II, III e IV estão corretas. 
d) todas as afirmativas estãocorretas. 
 
Resposta A resposta é d). 
Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino em sua obra: direito Constitucional Descomplicado explicam que: 
"Ao alçar a cidadania a fundamento de nosso Estado, o constituinte está utilizando essa expressão em sentido 
abrangente, e não apenas técnico-jurídico. Não se satisfaz a cidadania aqui enunciada com a simples atribuição formal 
de direitos políticos ativos e passivos aos brasileiros que atendam aos requisitos legais. É necessário que o Poder 
Público atue, concretamente, a fim de incentivar e oferecer condições propícias à efetiva participação política dos 
indivíduos na condução dos negócios do Estado..." 
Com relação à dignidade da pessoa humana ensinam os citados autores que: 
"A dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil consagra, desde logo, nosso 
Estado como uma organização centrada no ser humano, e não em qualquer outro referencial; sendo a razão de ser do 
Estado brasileiro. Na feliz síntese de Alexandre de Moraes, "esse fundamento afasta a ideia de predomínio das 
concepções transpessoalistas de Estado e Nação, em detrimento da liberdade individual". São vários os valores 
constitucionais que decorrem diretamente da ideia de dignidade humana, tais como, dentre outros, o direito à vida, à 
intimidade, à honra e à imagem. 
Afirma ainda José Afonso da Silva que "a dignidade da pessoa humana é uma valor supremo que atrai o conteúdo de 
todos os direito fundamentais do homem, desde o direito à vida. Concebido como referência constitucional 
unificadora de todos os direitos fundamentais, o conceito de dignidade da pessoa humana obriga a uma densificação 
valorativa que tenha em conta o seu amplo sentido normativo-constitucional ..." 
Ainda sobre a dignidade da pessoa humana assevera Leo Van Holthe: "por ser qualidade intrínseca e distintiva de cada 
ser humano, a dignidade é irrenunciável e inalienável. 
 
 
 
"Organize-se: 6 horas semanais – mínimo sugerido para autoestudo". 
 
 
Referências 
DALLARI, Dalmo de Abreu. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Editora Moderna. 2004. 
DIEHL, Diego Augusto. A Re-invenção dos Direitos Humanos pelos Povos da América Latina: para uma nova 
História Decolonial desde a Práxis de Libertação dos Movimentos Sociais, 2015. Tese apresentada ao programa de Pós-
graduação da Faculdade de Direito da Universidade de Brasília. 
https://dombosco.instructure.com/courses/9363/pages/aula-3#Resposta
DONNELLY, Jack. Universal human rights in theory and practice. 2. ed. Nova Iorque: Cornell University Press, 2003. 
DOUZINAS, Costas- GEARTY, Conor. The Meaning of Rights: The Philosophy and Social Theory of Human Rights. 
Cambridge: Cambridge, 2014. 
GUERRA, Sidney. Direitos Humanos e Cidadania. São Paulo: Editora Atlas, 2012. 
OLIVEIRA, Cristina Godoy Bernardo de. Direitos Humanos: a luta pelo reconhecimento. São Paulo: Melius Nosti, 2013. 
PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o direito constitucional internacional. São Paulo: Max Limonad, 2008. 
SARLET. Ingo Wolfgang. O conceito de direitos fundamentais 
na Constituição Federal de 1988. Revista Consultor Jurídico, 27 de fevereiro de 2015. 
Disponível em: 
https://www.conjur.com.br/2015-fev-27/direitos-fundamentais-conceito-direitos-fundamentais-constituicao-
federal-1988 (Links para um site externo.) 
WOLKMER, Antônio Carlos. História do Direito no Brasil. 4. ed., rev. Rio de Janeiro: Forense, 2008. TELES, Maria Amélia 
de Almeida. O que são os Direitos Humanos das Mulheres, ed. Brasiliense, coleção Primeiros Passos. 
 
Universalidade x Relatividade 
Este Guia de Aprendizagem tem o objetivo de direcionar os seus estudos ao longo do desenvolvimento da disciplina e 
o seu olhar para os conteúdos disponibilizados. Assim, nesta aula, falaremos sobre o Universalismo e o Relativismo 
cultural e os embates doutrinários a respeito dessas teorias. Ao final desta unidade, você compreenderá o fundamento 
das duas teorias e poderá, apesar de conhecer a posição internacional, se posicionar a respeito da aplicação das teses 
jurídicas. 
 
Como já conversamos, anteriormente, uma das características dos direitos humanos é ser universal. Por universal, 
podemos entender que os referidos direitos devem ser garantidos a todas as pessoas independentes de onde estejam. 
 
Lembrando disso, precisamos também recordar que a proteção a cultura e a religião são direitos humanos e, portanto, 
universais. 
 
É aí que, em diversas situações ocorre um choque de direitos. Para que possamos entender de forma clara, vou citar 
um exemplo. Quando uma menina da Indonésia de um ano e meio é submetida a circuncisão genital feminina, também 
chamada de mutilação genital feminina, estamos falando de uma tradição cultural religiosa ou estamos falando de 
uma ofensa à integridade física daquela criança que deve ser protegida da prática? Há quem compete decidir o limite 
aceitável de uma prática cultural/religiosa? 
 
Esse debate ganha força pós a Segunda Guerra Mundial, quando principalmente os países ocidentais ficam em choque 
com as atrocidades do nazismo e decidem que uma regra universal deve ser imposta para que jamais um ser humano 
pudesse ter sua integridade física, psíquica e moral ofendida. Por outro lado, também como fruto dos horrores vividos 
na Segunda Guerra Mundial, a liberdade religiosa se torna objeto de proteção e a tolerância passa a ser a regra que 
não aceita exceções. 
 
Em 1960 foi convocada a Primeira Conferência Mundial de Direitos Humanos, chamada de Conferência de Teerã e 
contou com a participação de Estados, organismos internacionais e organizações não governamentais (ONGs). A 
https://www.conjur.com.br/2015-fev-27/direitos-fundamentais-conceito-direitos-fundamentais-constituicao-federal-1988
https://www.conjur.com.br/2015-fev-27/direitos-fundamentais-conceito-direitos-fundamentais-constituicao-federal-1988
Declaração aprovada e proclamada em Teerã traduz um marco fundamental para a evolução da proteção dos direitos 
humanos, pois ratificou e destacou a “visão, global e integrada, de todos os diretos humanos”1 . 
 
 
1 TRINDADE, Antônio Augusto Cançado. Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. 17 Proclamação de 
Teerã disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/teera.html (Links para um site externo.) 
 
Porém, mesmo que de extrema importância , a declaração trouxe de forma falha a regra da indivisibilidade e 
universalidade dos direitos humanos ao afirmar no artigo 13 que : 
 
“Como os direitos humanos e as liberdades fundamentais são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos sem 
o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais resulta impossível. A realização de um progresso duradouro na 
aplicação dos direitos humanos depende de boas e eficientes políticas internacionais de desenvolvimento econômico 
e social;” 
 
Apesar de parecer bastante clara, a referida regra foi interpretada de forma errada por vários regimes totalitários que 
encontraram nesse dispositivo a justificativa para desrespeitar a proteção dos direitos individuais e civis por ainda não 
conseguirem garantir os direitos econômicos, sociais e culturais. 
 
Assim, mesmo após a aprovação pela Assembleia Geral da ONU da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 
e das negociações e aprovação dos Pactos de Direitos Civis e Políticos e Econômicos, Sociais e Culturais, o 
fortalecimento da temática de direitos humanos no início da década de 90, com o fim das ditaduras comunistas na 
Europa e com o final da Guerra Fria, fez transparecer ainda mais a necessidade de se colocar o debate e a proteção 
aos direitos humanos no centro da agenda e da política internacional. 
 
Segundo Cançado Trindade2 : 
 
“Com o fim da Guerra Fria, alcançamos um momento altamente significativo da história contemporânea, em que pela 
primeira vez se veio a formar um cenário internacional propício à construção de um novoconsenso mundial baseado 
nos direitos humanos, na democracia e no desenvolvimento humano.” 
 
Neste sentido, a Assembleia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução 45/15530, decidiu convocar uma nova 
Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, na cidade de Viena na Áustria e nessa Conferência , o debate acerca do 
Universalismo e do Relativismo tomou força. 
 
Universalismo Cultural 
 
2 CANÇADO TRINDADE, A. A. “Memória da Conferência Mundial de Direitos Humanos (Viena, 1993)” in: Boletim da 
Sociedade Brasileira de Direito Internacional. Ano XL.VI, Junho/Dezembro 1993, Nº 87/90, p. 11. 
 
https://dombosco.instructure.com/courses/9363/pages/aula-4#_ftn1
https://dombosco.instructure.com/courses/9363/pages/aula-4#_ftnref1
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/teera.html
A corrente Universalista pode ser identificada de forma muito clara na Declaração Universal dos Direitos do Homem 
de 1948. De acordo com Fabio Konder Comparato, a Declaração deixa claro que os direitos humanos decorrem da 
dignidade humana, por esta sua condição e por isso mesmo não há que se falar em relativizar direitos humanos, 
mesmo que por questões culturais. Nesse mesmo sentido, Flávia Piovesan defende a existência de um “mínimo ético 
irredutível” (PIOVESAN, 2006, p. 22). Exatamente pela existência desse mínimo ético irredutível é que Piovesan 
entende que a atividade interventora da comunidade internacional deve ser pacífica diante da emergência de uma 
cultura globalizada que prima por estabelecer “padrões mínimos de proteção dos direitos humanos”. 
 
Um dos principais argumentos daqueles que defendem o Universalismo em face do Relativismo é o receio de que sob 
o fundamento de um discurso em prol da diversidade e respeito a “cultura”, possa ocorrer graves violações a direitos 
humanos. O autor americano Jack Donnelly chama essa “camuflagem” de “manipulação cínica das massas” e é 
exatamente para garantir que não ocorra violações camufladas de proteção é que se coloca a dignidade do homem 
como condição única à titularidade dos direitos humanos universais, em detrimento de qualquer outro valor, seja ele 
a Religião, a Moral ou a Cultura. 
 
Relativismo Cultural 
 
A teoria relativista busca a manutenção das identidades culturais, essencialmente justificadas por convicções 
religiosas. 
 
Para aqueles autores que defendem o relativismo cultural, assim como há diversas culturais, há diversos sistemas 
morais, pelo que restaria impossível o estabelecimento de princípios morais de validade universal que comprometam 
todas as pessoas de uma mesma forma (PIOVESAN, 2006, p. 45). Ou seja, para os que aderem a esta posição, a cultura 
é a única fonte válida do direito e da moral, capaz de produzir seu próprio e particular entendimento sobre os direitos 
fundamentais. 
 
De acordo com, Daniela Ikawa (2006, p. 22) a partir desta concepção, o homem é puramente um ser determinado pelo 
meio, como um ser que não tem dentro de si a capacidade de efetuar escolhas morais. Ele é incapaz de resistir às 
influências do ambiente em que vive. 
 
Conforme destaca Marília Ferreira da Silva3 
 
“é com base nesta concepção cultural que, no mundo mulçumano, muitos homens não hesitam em entregar as suas 
próprias vidas ao serviço de luta em prol dos valores que reconhecem como seus. E o que mais releva: tal expediente 
não é uma expressão de ódio ou de heroísmo, mas, sim, demonstração de fé. Ao contrário do modelo ocidental, em 
que se prega a laicidade estatal, onde Direito e Religião não representam um só sistema, o direito mulçumano é um 
direito essencialmente religioso, tendo por fundamento último a vontade do deus a que servem, o que lhe confere 
um caráter absoluto e inquestionável, que transcende qualquer barreira, inclusive, as “imposições” ocidentais e sua 
pretensão de generalização da concepção de universalidade dos direitos humanos. Sim. Imposições ocidentais. Diz-se 
imposições porque para os mulçumanos, defensores ávidos do relativismo cultural, a perspectiva de universalização 
dos direitos humanos é um modelo ocidental que se tenta repassar ao resto do mundo, o que denominam de 
“imperialismo ocidental”. Desta feita, desconhecem essa unidade, esse núcleo intangível pertencente aos homens, 
universalmente, simplesmente por serem seres humanos.” 
 
 
Assim, o Relativismo Cultural entende ser a universalização dos direitos humanos uma conduta ocidental 
extremamente autoritária, que busca alterar as realidades contrárias à sua cultura e que ofendem na essência o direito 
humano a identidade cultural e a liberdade religiosa. 
 
 
Universalismo x Relativismo – A Resposta da Conferência de Viena/1993 
 
 
Como resultado da Conferência de Viena, os Estados aprovaram a Declaração de Viena, e apesar dos longos debates, 
reafirmou a universalidade dos direitos humanos já no Artigo 1º da Declaração: "A natureza universal de tais direitos 
não admite dúvidas." Porém, o artigo 5º, entendido como vitória dos Estados que se voltaram contra o universalismo 
permite que as particularidades históricas, culturais e religiosas sejam consideradas, mas determinando que os 
Estados têm o dever de promover e proteger todos os direitos humanos, independentemente dos respectivos 
sistemas. 
 
3 SILVA. Marília Ferreira. PEREIRA. Erick Wilson. UNIVERSALISMO x RELATIVISMO: UM ENTRAVE CULTURAL AO 
PROJETO DE HUMANIZAÇÃO SOCIAL. Disponível 
em: http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=74105d373a71b517 (Links para um site externo.) Acesso em 03 
de julho de 2020. 
Assim, mesmo que existam debates, hoje a teoria adotada pela comunidade internacional permanece a do 
Universalismo e as consequências são visíveis. 
Como citamos o exemplo da Mutilação Genital Feminina (MGF) no início da nossa Rota de Estudos, voltamos a ela 
agora. Como consequência da consagração da teoria universalista, diversos países proibiram a referida prática cultural 
e hoje, aqueles que ainda a praticam cometem crimes puníveis de acordo com cada sistema legal. É o caso da Nigéria 
e Sudão que recentemente criminalizou a MGF. 
 
Agora que conhece as duas teorias, como você se posiciona? 
Vá mais Longe 
Capítulo Norteador 
Capítulo 1- Direitos humanos e ética contemporânea. CESCON. Everaldo in AUGUSTIN, Sergio. Direitos Humanos: 
Emancipação E. Editora Educs.: Pearson Prentice Hall, 2013. Biblioteca Virtual. 
 
 
Agora é sua Vez 
Interação 
 
Assitir à Palestra sobre "Universalidade e multiculturalismo em Direitos Humanos", proferida pelo Doutor Luiz 
Fernando Coelho, no III Fórum de Sustentabilidade do TRT-PR. Disponível em: 
http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=74105d373a71b517
Universalidade e Multiculturalismo em Direitos Humanos - Dr. Luiz Fernando Coelho (Links para um site externo.)
 
 
Após assistir à aula e ao vídeo, defenda uma das duas teorias apresentadas. 
 
Questão para Simulado 
Ano: 2011 Banca: FUMARC (Links para um site externo.) Órgão: PC-MG (Links para um site 
externo.) Prova: FUMARC - 2011 - PC-MG - Delegado de Polícia (Links para um site externo.) 
 
A concepção universal dos direitos humanos, demarcada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, sofreu e 
sofre fortes resistências dos adeptos do movimento do relativismo cultural. Retoma-se dessa forma o velho dilema 
sobre o alcance das normas de direitos humanos. 
Associe abaixo as características intrínsecas a essas concepções: 
(I) Concepção universalista. 
 
(II) Concepção relativista. 
 
 
( ) Flexibiliza as noções de soberania nacional e jurisdição doméstica, ao consagrar um parâmetro internacional 
mínimo, relativo à proteção dos direitos humanos aos quais os Estados devem se conformar. 
 
( ) A noção de direito está estritamente relacionada ao sistema político, econômico, cultural, social e moral vigente 
em determinada sociedade. 
 
( ) Cada cultura tem seu próprio discurso acerca dos direitos fundamentais, que está relacionado àsespecíficas 
circunstâncias culturais e históricas de casa sociedade. 
 
( ) O pluralismo cultural impede a formação de uma moral universal, tornando-se necessário que se respeitem as 
diferenças culturais apresentadas em cada sociedade. 
 
Marque a opção CORRETA, na ordem de cima para baixo. 
a) (I) (II) (II) (I). 
b) (II) (I) (I) (I). 
c) (I) (II) (II) (II). 
d) (I) (II) (I) (II). 
 
Resposta A resposta é c). 
https://www.youtube.com/watch?v=AMohmRF-3eE
https://www.youtube.com/watch?v=AMohmRF-3eE
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/fumarc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/pc-mg
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/pc-mg
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fumarc-2011-pc-mg-delegado-de-policia
https://dombosco.instructure.com/courses/9363/pages/aula-4#Resposta
https://www.youtube.com/watch?v=AMohmRF-3eE
Uma concepção universalista de direitos humanos defende que, em razão do reconhecimento da dignidade humana 
como valor essencial, há um determinado rol de direitos que deve ser assegurado a todos os seres humanos, 
independentemente de quaisquer características ou aspectos culturais em que esta pessoa possa estar inserida. 
Os relativistas, por outro lado, entendem que não é possível estabelecer um consenso rígido e que a visão 
universalista é pautada por valores eurocêntricos e que não seriam compatíveis com outras culturas e outros 
vieses. Assim, considerando as afirmativas apresentadas, temos que a primeira diz respeito a uma concepção 
universalista - observe a defesa de um parâmetro internacional mínimo de proteção, independente das características 
do Estado - e as outras três dizem respeito a perspectivas relativistas, pois consideram que a própria noção de direitos 
é balizada pelas características de cada cultura ou sociedade. 
 
 
Organize-se: 6 horas semanais – mínimo sugerido para autoestudo. 
Referências 
BOBBIO, Norberto. Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. 
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. 
COMPARATO, Fábio Konder. O Fundamento dos Direitos Humanos. Disponível 
em: http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/comparato/comparato_fundamentos_dos_dh.pdf (Links para um 
site externo.) . Acesso em 03 de julho de 2020. 
 
 _________, Fábio Konder. Sentido Histórico da Declaração de 1948. Disponível 
em: http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/konder.htm (Links para um site externo.) 
Acesso em 03 de julho de 2020. 
 
DONNELLY , Jack. "A Brief History of Human Rights." In Universal Human Rights in Theory and Practice, 75-92. ITHACA; 
LONDON: Cornell University Press, 2013. Acesso em 03 de julho de 
2020. www.jstor.org/stable/10.7591/j.ctt1xx5q2.9 (Links para um site externo.). 
 
GALHANO. Fernando Cesar Novaes. Descomplicado - Direitos Humanos - 2ª edição. Editora Riteel. 
 
LAFER, Celso. História da Declaração Universal do Direitos Humanos. Disponível 
em: https://declaracao1948.com.br/declaracao-universal/historia-da-declaracao-por-celso-lafer/declaracao-
universal-dos-direitos-humanos-19481/ (Links para um site externo.) Acesso em 03 de julho de 2020. 
 
LINDGREN ALVES, J. A. “A Conferência de Viena sobre Direitos Humanos” in: Relações Internacionais e temas sociais: 
a década das conferências. Brasília: IBRI, 2001. 
 
ONU - Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Disponível em: Acesso 
em: 02 de julho de 2020. 
 
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos. 1. ed. v. I. Curitiba: Juruá, 2006. 
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/comparato/comparato_fundamentos_dos_dh.pdf
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/comparato/comparato_fundamentos_dos_dh.pdf
http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/konder.htm
http://www.jstor.org/stable/10.7591/j.ctt1xx5q2.9
https://declaracao1948.com.br/declaracao-universal/historia-da-declaracao-por-celso-lafer/declaracao-universal-dos-direitos-humanos-19481/
https://declaracao1948.com.br/declaracao-universal/historia-da-declaracao-por-celso-lafer/declaracao-universal-dos-direitos-humanos-19481/
 
________, Flávia. Direitos Humanos. Fundamento, Proteção e Implementação. Perspectivas e Desafios 
Contemporâneos. 1. ed. v. II. Curitiba: Juruá, 2007. 
 
 ________, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2012 
 
Proclamação de Teerã. Disponível em: http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/teera.htm (Links para um site 
externo.) 
 
TURBAY. Luana. A dimensão política da dignidade humana em Hannah Arendt / – Marília, 2012. Dissertação 
(Mestrado em Filosofia) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, 2012. 
 Universidade x Relatividade 
Este Guia de Aprendizagem tem o objetivo de direcionar os seus estudos ao longo do desenvolvimento da disciplina e 
o seu olhar para os conteúdos disponibilizados. Assim, nesta aula, falaremos sobre o Universalismo e o Relativismo 
cultural e os embates doutrinários a respeito dessas teorias. Ao final desta unidade, você compreenderá 
o fundamento das duas teorias e poderá, apesar de conhecer a posição internacional, se posicionar a respeito da 
aplicação das teses jurídicas. 
Como já conversamos anteriormente, uma das características dos direitos humanos é ser universal. Por universal, 
podemos entender que os referidos direitos devem ser garantidos a todas as pessoas independente de onde estejam. 
Lembrando disso, precisamos também recordar que a proteção a cultura e a religião são direitos humanos e portanto, 
universais. 
É aí que, em diversas situações ocorre um choque de direitos. Para que possamos entender de forma clara, vou citar 
um exemplo. Quando uma menina da Indonésia de um ano e meio é submetida a circuncisão genital femina, também 
chamada de mutilação genital feminina, estamos falando de uma tradição cultural religiosa ou estamos falando de 
uma ofensa a integridade física daquela criança que deve ser protegida da prática? Há quem compete decidir o limite 
aceitável de uma prática cultural/religiosa ? 
Esse debate ganha força pós a segunda guerra mundial, quando principalmente os países ocidentais ficam em choque 
com as atrocidades do nazismo e decidem que uma regra universal deve ser imposta para que jamais um ser humano 
pudesse ter sua integridade física, psíquica e moral ofendida. Por outro lado, também como fruto dos horrores vividos 
na segunda guerra mundial, a liberdade religiosa se torna objeto de proteção e a tolerância a toda e qualquer passa 
a ser a regra que não aceita exceções. 
Em 1960 foi convocada a a Primeira Conferência Mundial de Direitos Humanos, chamada de Conferência de Terã e 
contou com a participação de Estados, organismos internacionais e organizações não-governamentais (ONGs). A 
Declaração aprovada e proclamada em Terã traduz um marco fundamental para a evolução da proteção dos direitos 
humanos pois ratificou e destacou a “visão, global e integrada, de todos os diretos humanos”1 . 
Porém, mesmo que de extrema importância , a declaração trouxe de forma falha a regra da indivisibilidade e 
universalidade dos direitos humanos ao afirmar no artigo 13 que : 
“ Como os direitos humanos e as liberdades fundamentais são indivisíveis, a realização dos direitos civis e políticos 
sem o gozo dos direitos econômicos, sociais e culturais resulta impossível. A realização de um progresso duradouro na 
aplicação dos direitos humanos depende de boas e eficientes políticas internacionais de desenvolvimento econômico 
e social;” 
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/teera.htm
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/teera.htm
Apesar de parecer bastante clara, a referida regra foi interpretada de forma errada por vários regimes totalitários que 
encontraram nesse dispositivo a justificativa para desrespeitar a proteção dos direitos individuais e civis por ainda não 
conseguirem garantiros direitos econômicos, sociais e culturais. 
Assim, mesmo após a aprovação pela Assembleia Geral da Onu da Declaração Universal dos Direitos Humanos( 1948 
) e das negociações e aprovação dos Pactos de Direitos Civis e Políticos e Econômicos, Sociais e Culturais, o 
fortalecimento da temática de direitos humanos no início da década de 90 com o fim das ditaduras comunistas na 
Europa e com o final da guerra fria fez transparecer ainda mais a necessidade de se colocar o debate e a proteção aos 
direitos humanos no centro da agenda e da política internacional. 
 
Segundo Cançado Trindade 2 : 
“Com o fim da Guerra Fria, alcançamos um momento altamente significativo da história contemporânea, em que pela 
primeira vez se veio a formar um cenário internacional propício à construção de um novo consenso mundial baseado 
nos direitos humanos, na democracia e no desenvolvimento humano.” 
Neste sentido, a Assembléia Geral das Nações Unidas aprovou a resolução 45/15530, a decidiu convocar uma nova 
Conferência Mundial sobre Direitos Humanos, na cidade de Viena na Áustria e nessa Conferência , o debate acerca 
do Uniersalismo e do Relativismo tomou força. 
 
Universalismo Cultural 
A corrente Universalista pode ser identificada de forma muito clara na Declaração Universal dos Direitos do Homem 
de 1948. De acordo com Fabio Konder Comparato a Declaração deixa claro que os direitos humanos decorrem da 
dignidade humana, por esta sua condição e por isso mesmo nào há que se falar em relativizar direitos humanos, 
mesmo que por questões culturais. Nesse mesmo sentido, Flávia Piovesan defende a existência de um “mínimo ético 
irredutível” (PIOVESAN, 2006, p. 22). Exatamente pela existência desse mínimo ético irredutível é que 
Piovesan entende que a atividade interventora da comunidade internacional deve ser pacífica diante da emergência 
de uma cultura globalizada que prima por estabelecer “padrões mínimos de proteção dos direitos humanos” 
Um dos principais argumentos daqueles que defendem o Universalismo em face do Relativismo é o receio de que sob 
o fundamento de um discurso em prol da diversidade e respeito a “cultura”, possa ocorrer graves violações a direitos 
humanos. O autor americano Jack Donnelly chama essa “camuflagem” de “manipulação cínica das massas” e 
é exatamente para garantir que não ocorra violações camufladas de proteção é que se coloca a dignidade do homem 
como condição única à titularidade dos direitos humanos universais, em detrimento de qualquer outro valor, seja ele 
a Religião, a Moral ou a Cultura. 
 
Relativismo Cultural 
A teoria relativista busca a manutenção das identidades culturais, essencialmente justificadas por convicções 
religiosas. 
Para aqueles autores que defendem o relativismo cultural, assim como há diversas culturais, há diversos sistemas 
morais, pelo que restaria impossível o estabelecimento de princípios morais de validade universal que comprometam 
todas as pessoas de uma mesma forma (PIOVESAN, 2006, p. 45). Ou seja, para os que aderem a esta posição, a cultura 
é a única fonte válida do direito e da moral, capaz de produzir seu próprio e particular entendimento sobre os direitos 
fundamentais. 
De acordo com, Daniela Ikawa (2006, p. 22) a partir desta concepção, o homem é puramente um ser determinado pelo 
meio, como um ser que não tem dentro de si a capacidade de efetuar escolhas morais. Ele é incapaz de resistir às 
influências do ambiente em que vive. 
 
Conforme destaca Marília Ferreira da Silva3 
“é com base nesta concepção cultural que, no mundo mulçumano, muitos homens não hesitam em entregar as suas 
próprias vidas ao serviço de luta em prol dos valores que reconhecem como seus. E o que mais releva: tal expediente 
não é uma expressão de ódio ou de heroísmo, mas, sim, demonstração de fé. Ao contrário do modelo ocidental, em 
que se prega a laicidade estatal, onde Direito e Religião não representam um só sistema, o direito mulçumano é um 
direito essencialmente religioso, tendo por fundamento último a vontade do deus a que servem, o que lhe confere 
um caráter absoluto e inquestionável, que transcende qualquer barreira, inclusive, as “imposições” ocidentais e sua 
pretensão de generalização da concepção de universalidade dos direitos humanos. Sim. Imposições ocidentais. Diz-se 
imposições porque para os mulçumanos, defensores ávidos do relativismo cultural, a perspectiva de universalização 
dos direitos humanos é um modelo ocidental que se tenta repassar ao resto do mundo, o que denominam de 
“imperialismo ocidental”. Desta feita, desconhecem essa unidade, esse núcleo intangível pertencente aos homens, 
universalmente, simplesmente por serem seres humanos.” 
Assim, o Relativismo Cultural entende ser a universalização dos direitos humanos uma conduta 
ocidental extremamente autoritária, que busca alterar as realidades contrárias a sua cultura e que ofendem na 
essência o direito humano a identidade cultural e a liberdade religiosa. 
 
 
Universalismo x Relativismo – A Resposta da Conferência de Viena/1993 
Como resultado da Conferência de Viena, os Estados aprovaram a Declaração de Viena , e apesar dos longos debates, 
reafirmou a universalidade dos direitos humanos  já no Artigo 1º da Declaração: "A natureza universal de tais direitos 
não admite dúvidas." Porém, o artigo 5o, entendido como vitória dos Estados que se voltaram contra o universalismo 
permite que as particularidades históricas, culturais e religiosas sejam consideradas, mas determinando que os 
Estados têm o dever de promover e proteger todos os direitos humanos, independentemente dos respectivos 
sistemas. 
Assim, mesmo que existam debates, hoje a teoria adotada pela comunidade internacional permanece a do 
Universalismo e as consequências são visíveis. 
Como citamos o exemplo da Mutilação Genital Feminina ( MGF) no início da nossa Rota de Estudos , voltamos a ela 
agora. Como consequência da consagração da teoria universalista, diversos países proibiram a referida prática cultural 
e hoje , aqueles que ainda a praticam cometem crimes puníveis de acordo com cada sistema legal. É o caso da Nigéria 
e Sudão que recentemente criminalizou a MGF. 
 
Agora que conhece as duas teorias, como você se posiciona? 
 
Vá mais Longe 
CAPÍTULO NORTEADOR: CAPÍTULO 1- DIREITOS HUMANOS E ÉTICA CONTEMPORÂNEA. CESCON. EVERALDO IN 
AUGUSTIN, SERGIO . DIREITOS HUMANOS: EMANCIPAÇÃO E. EDITORA EDUCS. : PEARSON PRENTICE HALL, 2013. 
BIBLIOTECA VIRTUAL. 
 
 
Agora é sua Vez 
Interação 
 
Assitir a Palestra sobre " Universalidade e multiculturalismo em Direitos Humanos ", proferida pelo Doutor Luiz 
Fernando Coelho, no III Fórum de Sustentabilidade do TRT-PR. disponível em Universalidade e Multiculturalismo em 
Direitos Humanos - Dr. Luiz Fernando Coelho (Links para um site externo.) . 
Após assistir a aula e ao vídeo, defenda uma das duas teorias apresentadas. 
 
Questão para Simulado 
Ano: 2011 Banca: FUMARC (Links para um site externo.) Órgão: PC-MG (Links para um site externo.) Prova: FUMARC - 
2011 - PC-MG - Delegado de Polícia (Links para um site externo.) 
 
A concepção universal dos direitos humanos, demarcada pela Declaração Universal dos Direitos Humanos, sofreu e 
sofre fortes resistências dos adeptos do movimento do relativismo cultural. Retoma-se dessa forma o velho dilema 
sobre o alcance das normas de direitos humanos. 
Associe abaixo as características intrínsecas a essas concepções: 
 
(I) Concepção universalista. 
 
(II) Concepção relativista. 
 
 
( ) Flexibiliza as noções de soberania nacional e jurisdição doméstica, ao consagrar um parâmetro internacional 
mínimo, relativo à proteção dos direitos humanos aos quais os Estados devem se conformar. 
 
( ) A noção de direito está estritamente relacionada ao sistema político, econômico, cultural, social e moral vigente 
em determinada sociedade. 
 
( ) Cada culturatem seu próprio discurso acerca dos direitos fundamentais, que está relacionado às específcas 
circunstâncias culturais e históricas de casa sociedade. 
 
( ) O pluralismo cultural impede a formação de uma moral universal, tornando-se necessário que se respeitem as 
diferenças culturais apresentadas em cada sociedade. 
 
Marque a opção CORRETA, na ordem de cima para baixo. 
a) (I) (II) (II) (I). 
b) (II) (I) (I) (I). 
c) (I) (II) (II) (II). 
d) (I) (II) (I) (II). 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=AMohmRF-3eE
https://www.youtube.com/watch?v=AMohmRF-3eE
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/bancas/fumarc
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/institutos/pc-mg
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fumarc-2011-pc-mg-delegado-de-policia
https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/fumarc-2011-pc-mg-delegado-de-policia
https://www.youtube.com/watch?v=AMohmRF-3eE
Resposta A resposta é C. 
Uma concepção universalista de direitos humanos defende que, em razão do reconhecimento da dignidade humana 
como valor essencial, há um determinado rol de direitos que deve ser assegurado a todos os seres 
humanos, independentemente de quaisquer características ou aspectos culturais em que esta pessoa possa estar 
inserida. 
Os relativistas, por outro lado, entendem que não é possível estabelecer um consenso rígido e que a visão 
universalista é pautada por valores eurocêntricos e que não seriam compatíveis com outras culturas e outros 
vieses. Assim, considerando as afirmativas apresentadas, temos que a primeira diz respeito a uma concepção 
universalista - observe a defesa de um parâmetro internacional mínimo de proteção, independente das características 
do Estado - e as outras três dizem respeito a perspectivas relativistas, pois consideram que a própria noção de direitos 
é balizada pelas características de cada cultura ou sociedade. 
 
 
Organize-se: 6 horas semanais – mínimo sugerido para autoestudo 
 
Referências 
BOBBIO, Norberto. Era dos Direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992. 
CANÇADO TRINDADE, Antônio Augusto. Tratado de Direito Internacional dos Direitos Humanos. 
COMPARATO, Fábio Konder. O Fundamento dos Direitos Humanos. Disponível 
em http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/comparato/comparato_fundamentos_dos_dh.pdf (Links para um 
site externo.) . Acesso em 03 de julho de 2020 
 _________, Fábio Konder. Sentido Histórico da Declaração de 1948. Disponível 
em http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/konder.htm (Links para um site externo.) 
DONNELLY , Jack. "A Brief History of Human Rights." In Universal Human Rights in Theory and Practice, 75-92. ITHACA; 
LONDON: Cornell University Press, 2013. Acesso em 03 de Julho de 
2020. www.jstor.org/stable/10.7591/j.ctt1xx5q2.9 (Links para um site externo.). 
GALHANO. FERNANDO CESAR NOVAES. DIREITOS HUMANOS DESCOMPLICADO DIREITOS HUMANOS - 2ª EDIÇÃO. 
EDITORA RITEEL. 
LAFER. Celso História da Declaração Universal do Direitos Humanos. Disponível 
em https://declaracao1948.com.br/declaracao-universal/historia-da-declaracao-por-celso-lafer/declaracao-
universal-dos-direitos-humanos-19481/ (Links para um site externo.) Acesso em 03 de julho de 2020 
LINDGREN ALVES, J. A. “A Conferência de Viena sobre Direitos Humanos” in: Relações Internacionais e temas sociais: 
a década das conferências. Brasília: IBRI, 2001 
ONU - Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU. Disponível em : Acesso 
em :02 de julho de 2020 
PIOVESAN, Flávia. Direitos Humanos. 1. ed. v. I. Curitiba: Juruá, 2006. 
________, Flávia. Direitos Humanos. Fundamento, Proteção e Implementação. Perspectivas e Desafios 
Contemporâneos. 1. ed. v. II. Curitiba: Juruá, 2007. 
 ________, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 5.ed. São Paulo: Saraiva, 2012 
Proclamação de Teerã disponível em http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/teera.htm (Links para um site 
externo.) 
https://dombosco.instructure.com/courses/9363/pages/aula-5#Resposta
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/comparato/comparato_fundamentos_dos_dh.pdf
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/comparato/comparato_fundamentos_dos_dh.pdf
http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/konder.htm
http://www.jstor.org/stable/10.7591/j.ctt1xx5q2.9
https://declaracao1948.com.br/declaracao-universal/historia-da-declaracao-por-celso-lafer/declaracao-universal-dos-direitos-humanos-19481/
https://declaracao1948.com.br/declaracao-universal/historia-da-declaracao-por-celso-lafer/declaracao-universal-dos-direitos-humanos-19481/
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/teera.htm
http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/onu/doc/teera.htm
TURBAY. Luana. A dimensão política da dignidade humana em Hannah Arendt / – Marília, 2012.. Dissertação 
(Mestrado em Filosofia) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Filosofia e Ciências, 2012 
 
 Estatuto de Roma 
Este Guia de Aprendizagem tem o objetivo de direcionar os seus estudos ao longo do desenvolvimento da disciplina e 
o seu olhar para os conteúdos disponibilizados. Assim, nesta aula, falaremos sobre o Estatuto de Roma, tratado que 
criou o Tribunal Penal Internacional. Ao final da nossa aula o aluno poderá entender a origem e importância, bem 
como compreender as competências desse importante Tribunal e sua relação com o nosso sistema constitucional. 
 
ORIGEM DO TRIBUNAL PENAL INTERNACIONAL 
Começamos mais uma ala relembrando o importante marco histórico que foi a segunda guerra mundial, mas agora 
sob uma nova abordagem. O que mais chocou o mundo no pós guerra, além da crueldade observada nos campos de 
concentração, foi a constatação de que os destinatários das grandes atrocidades não eram das forças inimigas da 
Alemanha na guerra, e sim de nacionais Alemães. Os Judeus, negros, deficientes, ciganos, testemunhas de jeová e 
demais grupos levados aos campos de concentração , eram, em sua grande maioria alemães. 
Até a segunda guerra, havia a compreensão de que em virtude da soberania dos Estados, cabia a cada Estado proteger 
os seus nacionais. Assim, não havia uma regulação internacional. Isso tudo muda com a constatação de que as vezes 
o próprio agressor pode ser o Estado Nacional. Mas não foi só isso que mudou. 
Entende-se que nesse período que enquanto o homem se esconder atrás do véu do Estado, ou seja, sob a justificativa 
de que estão agindo em nome do Estado, as atrocidades continuariam a acontecer e por isso era necessário criar 
instrumentos de punir os indivíduos pelas graves violações a direitos humanos praticados. 
Então, entre 17 de julho a 8 de agosto de 1945 os aliados vencedores da guerra reuniram-se na Inglaterra na 
conferência de Postdam e assinaram a Carta de Londres do Tribunal Militar Internacional, que criou o Tribunal de 
Nuremberg que tinha como objetivo punir os criminosos de guerra das Potências Européias do Eixo. 
Porém, este tribunal era um tribunal de exceção, ou seja, um tribunal criado após a ocorrência dos fatos que iria julgar. 
O problema criado era que tribunais de exceção tinham e terão sempre um questionamento a cerca de sua 
imparcialidade. Eram os vencedores versus os vencidos e apesar do tribunal ter se pautado em tratados prévios, os 
réus questionaram a todo mundo a possibilidade de serem considerados inocentes por um tribunal já criado para puni-
los. 
Neste mesmo período foi criado o Tribunal de Tóquio e seguiu os mesmos moldes do Tribunal de Nuremberg e por 
isso mesmo sofreu as mesmas críticas. 
Por isso, em os Estados acordaram que um Tribunal Permanente era necessário, com leis e regras pré-definidas. 
Assim, em 1948, quando da ratificação da Convenção para Repressão e Prevenção do Crime de Genocídio, as Nações 
Unidas incumbiram seus especialistas de debater a criação de um tribunal criminal internacional permanente. As 
conclusões a que eles chegaram foram tornadas públicas em 1950, mas esta

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