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1 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA Introdução • Das terapias renais substitutivas, o transplante renal é o que apresenta melhores resultados quanto a qualidade de vida e sobrevida. • Hemodiálise apresenta limitações: baixa qualidade de vida, cleareance inadequado de moléculas, alta incidência de infecções e doenças cardiovasculares, elevada mortalidade e alto custo. Estatísticas • Censo diálise SBN → total estimado de pacientes em tratamento dialítico é de mais de 134 mil • 90% dos pacientes em hemodiálise e 10% em diálise peritoneal • O Brasil é um país de destaque no cenário nefrológico global, com uma das maiores populações em programa de diálise ambulatorial crônica no mundo • China, Índia, Indonésia, Paquistão e Nigeria chamam a atenção → menos de 25% dos doentes elegíveis para o tratamento não tiveram acesso a diálise • A cada ano, mais de 2 milhões de pessoas morreram prematuramente devido à falta de tratamento para insuficiência renal, alerta um estudo publicado na revista The Lancet • As estimativas indicam que, na melhor hipóteses, só metade dos pacientes com insuficiência renal no mundo recebeu tratamento em 2010 • Até 2030, o número de óbitos vai dobrar pela falta de diálise, alcançando 5,439 milhões, especialmente na Ásia Tipos • Diálise: o Hemodiálise o Diálise peritoneal: a cavidade peritoneal/membrana será o método de diálise. Servirá como a membrana de filtração. Praticamente tem soro glicosado na barriga e ela faz as trocas – quanto mais glicose, maior a capacidade de extração de líquido do paciente. • Onde pode ser empregada: o Tratamento de IRA → preferencialmente não se usa diálise peritoneal, pois é mais lenta → a hemodiálise é mais rápida o Tratamento de IRC DIÁLISE Definição • Processo químico pelo qual duas soluções separadas por uma membrana semipermeável influenciam nas composições umas das outras → as substâncias entram em equilíbrio Princípios das trocas em diálise • Difusão • Convecção • Ultrafiltração História • 1861 → A primeira descrição de dialise → Thomas Graham → membrana de pergaminho • 1924 → Primeiro tratamento dialítico para humanos → Geog Haas • No brasil o 1949 → Ribeiro de Almeida testa o primeiro rim artificial o 1955 → primeira máquina modelo Kolff-Brigham no Hospital Pedro Ernesto – RJ e após no HC-SP • 1960 → Primeiro programa de hemodiálise (HD) crônico • Dr Belin → Shunt de Scribner - Desenvolvido em 1964 1962 em Seatle → God Comission → decidiam quem tinha acesso a hemodiálise e quem não merecia **Até 2025 a sociedade internacional dos nefrologistas quer que todas as pessoas que precisam tenham acesso a diálise → praticamente impossível 2 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 HEMODIÁLISE Objetivo • Reestabelecer e manter o equilíbrio hidroeletrolítico Princípios/mecanismos de troca na hemodiálise *Eles podem ser utilizados sozinhos ou em conjunto • Difusão • Convecção • Ultrafiltração Transporte de solutos: Difusão → “natural” • Passagem de substâncias (solutos) em maior concentração no sangue para uma solução de menor concentração (solução de dialise), através de uma membrana semipermeável, até o completo equilíbrio dinâmico entre as soluções • Depende do tamanho do soluto e da carga elétrica • Principal papel → Diálise de substâncias de baixo peso molecular Convecção → “força da água” • Movimento da água através da membrana que carrega solutos consigo • A água cria uma força de arrasto, que favorece a eliminação de solutos através da membrana Principal papel → Diálise de substâncias de peso molecular médio → mediadores inflamatórios, por exemplo Ultrafiltração → “força da pressão” • O transporte de água através da membrana depende da pressão transmembrana (PTM) • Principal papel → eliminação de líquidos e edemas Soluções e água Acesso • Temporário o Cateter de hemodiálise → Jugular direita (JD), jugular esquerda (JE) (tem mais complicações) e subclávia direita (SCD) - muita estenose. • Definitivo o Cateter Permcath → cateter que fica 1 a 2 anos o Fístula Artério-Venosa (FAV) nativa o Fístula Artério-Venosa (FAV) prótese → usado em casos que os vasos são pequenos e não vão suportar uma FAV propriamente, daí se usa uma prótese nesse membro 3 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 Fístula Artério-Venosa (FAV) • 1962 → FAV de Cimino-Bressia • A união de uma artéria e uma veia • Mais próximo do punho - se for necessário depois fazer uma nova FAV tem mais lugares até a fossa cubital • A veia fica hipertrofiada → veia arterializada → boa para fazer a punção para a hemodiálise • Não pode aferir a PA nem puncionar o braço com FAV • Precisa de 40 dias para poder usar essa FAV para hemodiálise Tipos de hemodiálise • Convencional → IRC e IRA → feita 3x/semana por 4 horas • SLED (Hemodiálise Estendida/Prolongada) → IRA → 8 horas → pacientes mais graves • Continua / lenta → IRA → em pacientes com instabilidade hemodinâmica e retirada de volume → 48 a 72 horas contínuas → pacientes mais graves Início da diálise • Urgência o Hiperpotassemia refratária a tratamentos o Acidose metabólica refratária a tratamentos o Uremia → náuseas, não consegue comer ou até encefalopatia, pericardite o Hipervolemia refratária a tratamentos • Eletiva o Quadro clínico → sinais e sintomas de uremia → inapetência náuseas, síndrome das pernas inquietas o TFG abaixo de 10 Quando iniciar • O estudo IDEAL (Initiating Dialysis Early and Late), sugere que o inicio da diálise deve ser quando a TFG for de 5-9mL/min/1,73m2, se associado a uremia ou hipervolemia • Analisar se o paciente tem sintomas! Para diminuir o sofrimento do paciente. Alguns detalhes • Pacientes com DRC e perda progressiva da função renal = “Timming” para fazer FAV • Programa → 3x/semana, 4 horas por sessão em turnos variáveis • Peso seco → é o peso que ele sai após a diálise → estabelecido através da avaliação clínica → Bioimpedância • Rotina mensal de exames de laboratório → anemia, doença óssea, marcadores virais • Vacina para Hepatite B • Suporte multiprofissional → Nutricionista, Assistente social, Psicóloga • Atenção com a FAV → não puncionar e não verificar a PA → caso ocorra o rompimento dessa FAV deve-se fazer compressão • Anti-hipertensivos → usar após sessão de hemodiálise → para prevenir hipotensão transdiálise → tem vômitos, câimbras Plano básico de hemodiálise • 3x/semana, 4 horas de sessão • Pesar antes de iniciar a sessão de hemodiálise • Estabelecer perdas → peso a ser reduzido → peso seco após a última diálise menos o peso atual antes da diálise → Tudo o que aumenta entre uma sessão e outra, deve tirar. • Assepsia da FAV • Vacina hepatite B • Rotina mensal de exames de laboratório (anemia, doença óssea, marcadores virais) • Punção da FAV ou conexão com o cateter de hemodiálise → retirar a heparina do cateter • Heparina contínua ou em bolus → 100UI/Kg/sessão → para pacientes com DM deve-se usar 50% da dose • Pesar ao final da hemodiálise → para saber o peso seco • Selar o cateter da hemodiálise com heparina • Se FAV → fazer curativo 4 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 Técnicas de punção • Buttonhole → a punção é sempre no mesmo local • Técnica usual → sempre vai mudando o local da punção • Depende da técnica dominada pela enfermeira responsável Complicações da hemodiálise • Hipotensão → perda de volume, tomou anti-hipertensivo antes, peso seco muito baixo • Câimbras → perda de volume • Sangramentos • Embolia gasosa • Infecção → cateter • Dificuldade de acesso para hemodiálise *Cuidar se tiver fístulas: não pode aferir pressão no braço da fístula, nem amarrar nada. Rotina de exames • Mensalmente o Hematócrito o Hemoglobina o Ureia pré e pós a sessão de hemodiáliseo Sódio o Potássio o Cálcio o Fosforo o Transaminase glutâmica pirúvica (TGP) o Glicemia para pacientes diabéticos o Creatina durante o primeiro ano • Trimestralmente o Índice de saturação de transferrina o Dosagem de ferritina o Fosfatase alcalina o PHT o Proteínas totais e frações o Hemoglobina glicosilada para diabéticos • Semestralmente o Vitamina D o AntiHBs o Para pacientes suscetíveis → aqueles com AntiHBC total ou IgG, AgHBs ou AntiHCV inicialmente negativos → fazer AgHBs e AntiHCV • Anualmente o Colesterol total e frações o Triglicérides o Alumínio sérico o Glicemia o TSH o T4 o Dosagem de anticorpos para HIV o Rx de tórax em PA e Perfil o Ultrassonografia renal e de vias urinarias o ECG 5 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 DIÁLISE PERITONEAL AMBULATORIAL CONTÍNUA (CAPD) • Modalidade de diálise na qual uma solução hipertônica é infundida na cavidade peritoneal • Ocorre transporte transcapilar de água e solutos, por ultrafiltração e difusão, através da membrana peritoneal, que funciona como membrana semipermeável • De aproximadamente 134 mil pacientes em diálise somente 7,7% estavam em diálise peritoneal em 2018 • Por conta de ter glicose nas bolsas é necessário fazer um controle melhor em pacientes diabéticos, tanto em questão da dosagem da insulina quanto na questão da concentração das bolsas Drena primeiro se tem líquido, daí infunde líquido e depois de 6 horas drena novamente e infunde novamente História Preparo pré-operatório do implante do cateter de CAPD • Fleet enema na véspera • Jejum de 12 horas antes do procedimento • Profilaxia com Keflin 1g EV 1 hora antes Modalidades • Diálise peritoneal ambulatorial contínua (CAPD) o Realizada em casa pelo próprio paciente → feito também para pacientes cegos o Trocas de 2-3 litros → 4-5 vezes por dia → de 6/6 horas o Concentração das bolsas de DP → 1,5%, 2,5% e 4,5% de glicose o Quanto maior a concentração maior é a retirada de volume • Diálise peritoneal cíclica contínua (CPCC) o Uso de cicladora automática a noite o Pode ser necessária uma troca diurna 6 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 Complicações • Obesos → difícil entrega de diálise correta • Hemorragia no local do orifício do cateter ou no interior do abdômen • Perfuração de órgãos internos durante a colocação do cateter • O líquido pode extravasar e sair em volta do cateter • A passagem do líquido pode ser obstruída pela presença de coágulos ou fibrina • Infecções: → normalmente causado por bactérias da pele o Peritonite o Orifício do cateter de DP • A infecção em geral surge por um erro na técnica durante o procedimento da diálise • Necessário o uso de ATB → EV ou IP (intraperitoneal) • Peritonite recorrente e por fungos acarreta a retirada do cateter o Dor abdominal + líquido turvo, bem opaco → identifica que o paciente tem peritonite. Esse líquido é mandado para cultura e inicia antibiótico empírico até resultado de antibiograma • Esclerose peritoneal → quanto mais bolsas e mais concentradas mais rápido acontece o Quanto maior a glicose, maior a chance de irritar o peritôneo • Hiperglicemia • Em aproximadamente 10% dos pacientes ocorrem hernias abdominais ou inguinais • Deslocamento do cateter Alterações crônicas provocadas pelo uso das soluções de DP convencionais • UF→ ultrafiltração • Os pacientes que ingerem muito líquido acabam por usar bolsas mais concentradas o que vai causar mais esclerose/fibrose do peritônio • O tempo de uso de DP depende muito de cada pessoa → tem pessoas com mais de 10 anos Prevenção das lesões da membrana peritoneal na DP • Soluções com baixo nível de produtos finais da degradação da glicose (GDPs) → Diminui a formação de produtos finais da glicação (AGEs) → Reduz as alterações da membrana peritoneal OBS: GSPs → processo de esterilização da glicose É usado a glicose pela força de puxar água • Baixo teor de GDPs através de bolsa com duplo compartimento o Glicose no compartimento ácido → solução A o pH neutro (7,4) após a mistura → mistura da solução B com a solução A → essa mistura que vai ser infundida no peritônio o Formação de GDPs minimizada durante a esterilização → com essa formação minimiza ocorre menos AGEs e assim reduz as alterações na membrana do peritônio HEMODIÁLISE X DIÁLISE PERITONEAL • Avaliar com o paciente a modalidade de escolha o Profissão → pacientes em hemodiálise acabam faltando muito ao trabalho o Viagens → precisa ter clínica perto na hemodiálise o Estética/Cosmética • “Ser cuidado X cuidar de si mesmo” • Acesso vascular • Patologias associadas → cardiopatia isquêmica melhor a DP • Seleção negativa 7 Laís Kist de Almeida ATM 2024/2 DÚVIDAS • Posso viajar? o Pode, mas precisa ir em um local que tenha diálise perto ou tem que carregar muita bagagem por conta das bolsas • Posso trabalhar? o Pode, mas é complicado, já que o paciente falta pelos menos 3 vezes por semana • Posso comer e beber à vontade? o Não, precisa cuidar nos dois tipos • Quais desconfortos que eu posso sentir? o Depende do método usado ▪ Hemodiálise → hipotensão e câimbras ▪ Desconforto do cateter COMO EXPLICAR A BAIXA PENETRAÇÃO DA DIÁLISE PERITONEAL NO BRASIL Perspectivas • Novas modalidades de diálise o Diálise incremental • Novos dialisadores o Membranas de oxido de grafeno o Membranas com maior clereance de moléculas • Rim bioartificial o Fixação e crescimento de células epiteliais tubulares em membranas semipermeáveis
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