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Câncer de estômago adenocarcinoma gástrico EPIDEMIOLOGIA · Nas últimas décadas tem sido observado que o câncer gástrico tem se tornado cada vez mais “proximal”: a incidência de adenocarcinoma de antro e piloro vem caindo e a de adenocarcinoma de cárdia vem aumentando. Isso é observado especialmente em homens brancos, e parece estar relacionado ao tabagismo e ao alcoolismo. Fatores de risco - Dieta: muitos embutidos, muitos condimentos, e poucas frutas e verduras (o que faz com que o indivíduo reduza a ingestão de vitamina C e outras substâncias antioxidantes), consumo de alimentos conservados no sal ou mal conservados (a má conservação faz com que tenham muitas bactérias nesses alimentos), baixo consumo de proteínas e gorduras animais, ingestão de altos níveis de nitrato (os nitratos são convertidos pelas bactérias em nitrosaminas, que são compostos carcinogênicos), elevado consumo de carboidratos complexos, etc.; - Infecção por H. pylori: a bactéria pode levar a uma gastrite crônica atrófica (levando a hipocloridria e perda da proteção gástrica. Todo esse contexto vai cooperar para o aparecimento de CA gástrico. A infecção por H. pylori aumenta 5 a 6 vezes o risco de câncer gástrico). - Anemia perniciosa: nessa doença, produzimos autoanticorpos que irão combater o fator intrínseco. Isso pode levar a uma gastrite crônica autoimune, levando a hipocloridria, o que pode favorecer o surgimento de CA. Observação: a hipocloridria favorece a proliferação bacteriana. - História familiar positiva; - Tipo sanguíneo A; - Tabagismo; - Gastrectomia parcial (isso parece estar relacionado ao refluxo biliar, que causa gastrite alcalina, e ao supercrescimento bacteriano); - Pólipos gástricos adenomatosos (ATENÇÃO: os pólipos gástricos sempre devem ser ressecados); - Doença de Ménetriér; Classificação · Classificação de Lauren (microscópica) · Classificação de Borrman (macroscópica) Classificação de Lauren Trata-se de uma classificação histológica. Temos os subtipos intestinal e difuso. Subtipo intestinal Por que “intestinal”? R= pois na análise histopatológica desse subtipo encontramos estruturas glandulares semelhantes às encontradas no intestino. Considerações importantes: · É bem diferenciado (o que faz com que este subtipo tenha o melhor prognóstico); · Mais comum no sexo masculino (2:1), com idade média de 55-60 anos; · É o tipo mais comum no Brasil; · Acomete ESTÔMAGO DISTAL; · Tem disseminação hematogênica; Subtipo difuso Apresenta células em anéis de sinete (acúmulo de muco no citoplasma, que desloca o núcleo para a periferia). · Pouco diferenciado (por isso tem o pior prognóstico); · É um tumor infiltrativo; · Acomete igualmente os sexos; · Indivíduos mais jovens (40 anos); · Acomete ESTÔMAGO PROXIMAL; · Disseminação por contiguidade e linfática; · Relação com o GRUPO SANGUÍNEO A; Classificação de Borrman É uma classificação macroscópica, em que eu consigo classificar por meio da endoscopia, observando a lesão. Quanto maior a classificação, pior é o prognóstico do paciente. Tipo I – carcinoma polipoide. Tipo II – carcinoma ulcerado com margens bem nítidas e nenhuma infiltração. Tipo III – carcinoma ulcerado com margens não nítidas. Geralmente há infiltração da submucosa, muscular própria e serosa (É A FORMA DE APRESENTAÇÃO MAIS COMUM DO CÂNCER GÁSTRICO); Tipo IV – carcinoma infiltrativo difuso. Lesão difícil de ser definida, se estende por todas as camadas e em todas as direções. Quando há infiltração de todo o estômago esse tipo é chamado de Linitis plastica. Tipo V – câncer gástrico cuja definição não se encaixa em nenhuma das anteriores. Quais as manifestações clínicas do adenocarcinoma gástrico? · Na maioria das vezes é assintomático (quando o paciente manifesta sintomas que o levam a procurar ajuda médica, o câncer já está avançado...) :’( · Dispepsia; · Perda ponderal; · Dor epigástrica; · Náuseas; · Vômitos (se recorrentes sugerem que o CA está obstruindo a região antro-pilórica); · Disfagia (pode ser por uma invasão da cárdia ou do esôfago distal); · Manifestações das metástases (fígado, pulmão e peritônio): dor em quadrante superior direito, hepatomegalia, icterícia, tosse e ascite); Sinais que indicam doença avançada: - Massa abdominal palpável; - Ascite; - Linfonodos aumentados: · Linfonodo de Virchow: linfonodo supraclavicular esquerdo palpável. · Sinal da irmã Maria José: linfonodo periumbilical aumentado); · Linfonodo de Irish: axila esquerda; · Prateleira de Blummer: metástase peritoneal palpável no toque retal; · Tumor de Krunkenberg: tumor de ovário diagnóstico · Endoscopia digestiva alta (EDA) + biópsia. Obs: a biópsia deve ser obtida na base e nas margens da lesão (precisão diagnóstica de 98%); · SEED (seriografia esôfago-estômago-duodeno): é um exame baritado que serve para TRIAGEM, e sempre deve ser seguido por endoscopia com biópsias caso haja algum achado suspeito; Estadiamento Fazemos o TNM: T = tumor (tamanho e o quanto esse tumor invade a parede do órgão); N = número de linfonodos; M = metástases à distância; Quais exames são utilizados no estadiamento? · Tomografia de tórax, abdome e pelve (vamos procurar as metástases à distância); · USG endoscópica (também chamada de ecoendoscopia) (é considerada padrão-ouro para avaliar o T; e avalia o N no pré-operatório); · Videolaparoscopia: usada para avaliar a presença de ascite, metástases peritoneais e lesões. Avalia se esse tumor é ressecável ou não (Obs.: muitas vezes apenas a TC não pega essas metástases peritoneais, as quais indicam uma doença avançada. Então, antes de marcar a cirurgia de ressecção, é importante fazer esse exame. Caso a TC já aponte metástase peritoneal, não é necessário a videolaparoscopia. A presença de implantes peritoneais contraindica formalmente a cirurgia curativa. Esse exame permite a coleta de materiais para estudo histológico e patológico, atenção: a presença de células malignas no citológico do líquido ascítico indica inoperabilidade. TODA ASCITE EM PACIENTE COM CA GÁSTRICO DEVE SER AVALIADA!). tratamento Ressecção com margem de segurança de 6 cm (caso seja do tipo difuso, a margem de segurança é de 8 cm)+ linfadenectomia a D2; Para tumores distais (terços distal e médio) Fazemos GASTRECTOMIA SUBTOTAL + B II OU Y DE ROUX (para reconstruir o trânsito intestinal); Para tumores proximais Fazemos GASTRECTOMIA TOTAL + Y DE ROUX (nesse caso, vamos ter uma esôfago-jejuno anastomose + entero-entero anastomose lembra que fizemos uma gastrectomia total, então não tem mais estômago :’) ) Obs: para tumores de cárdia: GASTRECTOMIA TOTAL + ESOFAGECTOMIA DISTAL + Y DE ROUX. câncer gástrico precoce É aquela lesão que invade mucosa e/ou submucosa (alcança NO MÁXIMO a submucosa) com ou sem linfonodos acometidos. TRATAMENTO É igual ao que vimos acima (ressecção com margem de segurança + linfadenectomia a D2); Também pode receber TRATAMENTO ENDOSCÓPICO EM ALGUMAS SITUAÇÕES (caso preencha os seguintes critérios): · Deve ser limitado à mucosa; · Menor que 2 cm; · Sem invasão linfovascular; · Não ulcerado. Linfoma gástrico São os tumores mais frequentes depois do adenocarcinoma (os linfomas primários do estômago compreendem menos de 5% dos cânceres gástricos). O trato gastrointestinal é a localização extranodal mais comum dos linfomas, com a maioria ocorrendo no estômago e intestino delgado. 2 tipos histológicos mais comuns: · Linfoma difuso de grandes células B; · Linfoma MALT; Linfoma difuso de grandes células B - Tratamento tradicional: gastrectomia total seguida de radio e quimioterapia. Linfoma MALT - Tem alta chance de cura; - Está profundamente relacionado à infecção por H. pylori; - Tratamento: erradicação do H. pylori!! O paciente deve ser acompanhado com endoscopia seriada para avaliar a regressão do tumor e a possibilidade de reicidiva.
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