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REVISÃO ANATÔMICA TUMORES BENIGNOS GÁSTRICOS 1. Conceito Multiplicação celular anormal que segue um ritmo lento e se propaga por expansão, as células assemelham-se morfisiologicamente às normais. 2. Epidemiologia São mais raros que os tumores malignos. Paciente normalmente é assintomático, por isso seu encontro, na maioria das vezes, é acidental, quando o paciente é submetido a uma EDA. Mais comum em pessoas jovens, em que o tamanho, geralmente, é inferior a 2cm e é feita a ressecção endoscópica. 3. Tipos • Pólipos adenomatosos • Pólipos hiperplásicos • Leiomiomas • Schawanomas TUMORES MALIGNOS GÁSTRICOS 1. Conceito Multiplicação celular anormal que segue um ritmo rápido e se propaga por infiltração, as células não se assemelham morfisiologicamente às normais, atingem outras regiões, podendo ser proximais (cárdia, fundo ecorpo) ou distais (antro). Processo de múltiplos passos associados aos fatores endógenos e exógenos agressivos, além das alterações genéticas congênitas ou que possam ser adquiridas – ativação de oncogenes ou inativação de gene supressor (p53). 2. Epidemiologia É o 4º câncer na classificação da incidência no mundo e a 2ª maior causa de morte por tumores malignos. Início insidioso com manifestações clinicas semelhantes a outras doenças que causas dispepsia, o que pode mascarar a doença. Raro antes dos 40 anos, com máximo entre a 5ª e 7ª década, maior prevalência no sexo masculino (3:1), mortalidade 3x maior em pessoas de baixo nível econômico. Aumento da incidência do adenocarcinoma proximal. 3. Etiologia Pode ser influenciado por fatores diedéticos, como ingestão de alimentos defumados ou conservados no sal, assim como aqueles que possuem nitritos e nitratos (N-nitrosos). Além disso, o álcool, o fumo e o uso de drogas atuam como fatores importantes. Ainda, é importante considerar o nível econômico, grupo sanguíneo (grupo A), fatores familiares e hereditariedade. 4. Fisiopatologia Inicialmente, a mucosa gástrica é normal, conforme o agente agressor atue no estômago há evolução da condição epitelial até originar o tumor: gastrite aguda, gastrite crônica (ingestão de sal em excesso ou infecção por H. pylori), gastrite atrófica (baixa ingestão de vitamina C ou ingestão de nitrato), metaplasia do delgado e do grosso (baixa ingestão de betacaroteno ou ingestão de nitrato), displasia, câncer. 5. Adenocarcinoma gástrico • Epidemiologia Representa 95% dos tumores malignos de estômago, podendo ser de inúmeros tipos histológicos: papilar, tubular, mucinoso, anel de sinete, pequena célula, entre outros. Mais comum em jovens. Está relacionado ao tabagismo e alcoolismo. • Fatores de risco ✓ Gastrite crônica atrófica ✓ Gastropatia hipertrófica ✓ H. pylori (inflamação, redução da vitamina C, hipergastrinemia, lesão direta ou indireta) ✓ Anemia perniciosa ✓ Estômago operado (3x maior – refluxo biliar) ✓ Pólipos adenomatosos do estômago ✓ Epitélio de Barret • Classificação ✓ Lauren (classificação histopatológico) Tipo 1 (50% dos casos): Difuso, a coesão celular é ausente, com menor infiltrado inflamatório, com disseminação através da mucosa e infiltração para a parede gástrica, não formando uma massa, apresenta células em anel de sinete (muco no citoplasma), manifesta-se como ulceras infiltradas, acomete mais o estômago proximal, apresenta pior prognóstico e maior possibilidade de metástases precoces. Tipo 2 (40% dos casos): Intestinal, com células em coesão neoplásica, com formação de estruturas semelhantes às glândulas tubulares, com profunda infiltração de células inflamatórias e metaplasia intestinal, apresentando-se como lesões expansivas, ulceradas e polipoides, mais comum no Tumores de estômago Clínica Integrada de Gastroenterologia – aula 6 Nicole Sarmento Queiroga estômago distal apresenta-se como prognóstico melhor que o tipo 1. Misto (10% dos casos) • Broders ✓ Grau 1: 75% células bem diferenciadas ✓ Grau 2: 50% células bem diferenciadas ✓ Grau 3: 25% células bem diferenciadas ✓ Grau 4: <25% células bem diferenciadas 6. Manifestações clínicas • Vagas e inespecíficas no início • Epigastralgia – 72% • Fraqueza – 58% • Emagrecimento – 74% • Hematêmese – 9,3% • Melena – 5% • Alterações de hábitos intestinais – 38% • Plenitude gástrica – 33% • Disfagia – 14% (tumores em regiões proximais) Em casos mais graves, de baixa probabilidade de cura, apresentam-se os fatores: hepatomegalia nodular, ascite, linfonodo de Virchow (fossa supraclavicular esquerda), prateleira de Blummer (identificado no toque retal), tumor palpável abdominal, metástase ovariana (tumor de Krukenberg), linfonodo periumbilical palpável (linfonodo da Irmã Maria José), nódulo axilar esquerdo (Irish). 7. Aspectos macroscópicos • Câncer gástrico invasivo ✓ Classificação de Borrmann Tipo I: vegetante ou polipoide, bem demarcada com áreas de tecido normal em volta. Sobrevida media em cinco anos de 40%. Tipo II: ulcerado e bem delimitado, margens bem demarcadas e sem infiltração. Sobrevida media em cinco anos de 35%. Tipo III: infiltrativo e ulcerado, com margens pouco definidas e rasas, geralmente atinge até a serosa. Sobrevida media em cinco anos de 20%. Tipo IV: infiltrativo ou linite plástica, atinge todo o estômago em todas as direções. Tipo V: não se encaixa em nenhuma descrição anterior. • Câncer gástrico precoce Tumores restritos à mucosa e submucosa, podendo ou não ter presença de linfonodos regionais acometidos. Sua chance de cura supera 85%. Inclui três subtipos. Tipo I: polipóide Tipo IIa: elevado em menos de 5mm Tipo IIb: superficial em elevação Tipo IIc: depressão inferior a 15cm Tipo III: ulcerado 8. Diagnóstico • Anamnese completa • Exame físico • Exames laboratoriais Marcadores tumorais podem ser pedidos, mas não são confiáveis, porque os valores altos não necessariamente indicam o câncer na região gástrica e os valores baixos não necessariamente afastam tal achado. ✓ CA 19-9 Normal até 37U/mL. ✓ CEA Normal até 6U/mL. Monitoramento, pouco especifico e alto em M1. Tabagismo, doença não maligna, DBPOC, pancreatite e insuficiência renal. ✓ CA 72-4 ou TAG72 Normal até 6,9U/mL. Gástrico, mama, pulmão, ovário, colorretal e pâncreas. Monitoramento. Predizer retorno da malignidade. Patologia benigna da maligna. • Avaliação nutricional • Exame endoscópico Consegue classificar de acordo com Borrmann. • Exame baritado (SEED) Distinguir lesões benignas de malignas, com alguns indícios: lesão em massa com ou sem obstrução ou ulceração, ulcera com pregas irregulares, ulcera com fundo irregular, irregularidade da mucosa com perda de distensibilidade, pregas alargadas e massa polipóide. • RX de tórax 9. Estadiamento Avaliação da evolução do tumor e da condição do paciente. • TC de tórax/abdome/pelve • Ecoendoscopia gástrica • Videolaparoscopia Realização de TC toracoabdominal para determinar metástases à distância, sendo confirmada por biópsia, dilatações ou obstruções. Na ausência de metástase, realiza-se um Ecoendoscopia ou Ultrassom Endoscópico (USE) para identificar o nível de penetração do tumor na parede do estômago e a extensão para os linfonodos, importante para diagnóstico precoce. Analisar principalmente o fígado, órgão que é mais provável de metástase. Quanto mais diferenciado, melhor o prognóstico. Quanto mais indiferenciado, pior. Figura 1. Classificação de Borrmann Estágio T N M Zero Tis N0 M0 IA T1 N0 M0 IB T2 T1 N0 N1 M0 M0 IIA T3 T2 T1 N0 N1 N2 M0 M0 M0 IIB T4a T3 T2 T1 N0 N1 N2 N4 M0 M0 M0 M0 IIIA T4a T3 T2 N1 N2 N3 M0 M0 M0 IIIB T4b T4b T4a T3 N0 N1 N2 N3 M0 M0 M0 M0 IIICT4b T4b T4a N2 N3 N3 M0 M0 M0 IV QQT QQN M1 10. Vias de disseminação • Linfática • Continuidade • Contiguidade • Hematogênica 11. Outros tipos • Neuroendócrino • Linfomas Segundo tipo mais comum, mas compreende apenas 5% dos tumores gástricos. Dividido em tipos histológicos, sendo os mais comuns o difuso de grandes células B, não Hodgkin agressivo e linfoma MALT (geralmente associado à H. pylori). • Leiomiossarcomas • Tumores estromais (GIST) Faixa etária media gira em torno dos 60 anos e essa neoplasia se deriva pela mutação da c-Kit e surge nas células neurológicas autonômicas que existem na parede gástrica. O que define a malignidade do GISt é o número de mitoses superior a 5 e tamanho superior a 5cm. • Tumores metastáticos • Câncer precoce (invasão está apenas limitado à mucosa e submucosa) 12. Tratamento O melhor tratamento é o cirúrgico, além da remoção do órgão – gastrectomia, realiza-se a linfadenectomia. A gastrectomia pode ser realizada na ausência de metástases à distância, mesmo que esteja em T4. Devem ser removidos com margem de segurança de, no mínimo, 6cm. A linfadenectomia radical provou que houve aumento de 39% do tempo de aumento da sobrevida de 5 anos, ao passo que D1 representa apenas 18%. Extensão da linfanedectomia Não radicais D0 – remoção incompleta de N1 D1 – remoção completa de N1 até 3cm das margens Radicais D2 – remoção completa de N1 e N2 + artérias próximas (Aa. Gástrica esquerda, esplênica e tronco celíaco) D3 – remoção completa de N1 e N2 + linfonodos do ligamento hepatoduodenal, cabeça do pâncreas e raiz do mesentério. A secção do tumor deve ser feita com margem cirúrgicas livres, em que pode haver também a ressecção dos omentos e de outros órgãos que estejam envolvidos. • Tumores proximais Gastrectomia total + reconstrução a Y de Roux + linfadenectomia. TNM para Ca estômago “Tumor” Tx – tumor primário não pode ser avaliado T0 – não há evidências do tumor primário Tis – Ca in situ intra-epitelial sem invasão da lâmina própria T1 T1a – invasão da lâmina própria ou muscular da mucosa T1b- invasão da submucosa T2 – invasão da muscular própria T3 – invasão da subserosa, mas sem penetrar em estruturas adjacentes T4 T4a – tumor invade a serosa T4b – tumor invade estruturas adjacentes “Linfonodos” Nx – não puderam ser avaliados N0 – ausência de envolvimento regional N1 – 1-6 linfonodos regionais acometidos N2 – 7-15 linfonodos regionais acometidos N3 – ≥ 15 linfonodos regionais acometidos “Metástase” Mx - não se avaliaram as metástases a distância M0 – ausência de metástase a distância M1 – presença de metástase a distância “Grau histológico” G1 – bem diferenciado G2 – moderadamente diferenciado G3 – pouco diferenciado G4 – indiferenciado Endoscopia e TC não conseguem identificar em qual classificação T o tumor se encontra! Figura 9. Esofagojejunostomia com reconstrução à Y de • Tumores distais Gastrectomia subtotal (3/4) + reconstrução à Billroth II ou Y de Roux + linfadenectomia. • Tumores da cárdia Esofagectomia distal + gastrectomia + reconstrução em Y de Roux + linfadenectomia. • Câncer gástrico precoce Realiza-se a ressecção endoscópica da submucosa quando é menor que 1cm (tipos IIb e IIc) ou menor que 2cm (IIa na mucosa) 13. Prognóstico A taxa de sobrevida em cinco anos depende do estadiamento TNM e pela cirurgia. Tumores maiores que 2cm apresentam nível de cura menor, classificação III e IV de Borrmann e comprometimento glanglionar apresenta mau prognóstico. 14. Terapia adjuvante Laudo patológico acima de N1 ou T2 após a análise histopatológica da peça cirúrgica após retirada é indicado ao tratamento quimioterápico. Além disso, há indicação após identificação de presença de metástase ou invasão angiolinfática. Uso de drogas como 5-Fluoracil, Mitomicina C, Adriamicina e Cisplatina. A radioterapia é indicada em casos de tumores irressecáveis, pacientes sem condições cirúrgicas, com doses de 4.500 a 6.000cGy. 15. Terapia paliativa Visa à redução dos sintomas e ao aumento da sobrevida, a fim de evitar sangramentos, perfuração e/ou obstrução em decorrência do crescimento tumoral. Dilatadores pneumáticos ou stents são indicados para pacientes com disfagia, ou seja, tumores de cárdia. Stent também é indicado para tumores inoperáveis para aliviar a obstrução antropilórica. Estágio IA 80-95% Estágio IB 60-85% Estágio II 35-55% Estágio IIIA 20-35% Estágio IIIB 8-10% Estágio IV 7% Figura 3. Hemigastrectomia + gastrojejunostomia (Bilroth II) Y de Roux liga o estômago ao jejuno e também possui anastomose entre 2 partes do jejuno. Billroth II liga estômago ao duodeno.
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