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Immanuel Kant (1724-1804) Prof. João Paulo santiago Uma breve introdução... Immanuel Kant foi um filósofo prussiano (atual território alemão). Amplamente considerado o maior filósofo da era moderna, Kant operou, na epistemologia, uma síntese entre o racionalismo continental e a tradição empírica inglesa. Além disso, formulou teses na ética, moral e direito: consequências de seu sistema epistemológico. Sua maior obra foi a ‘’Crítica da Razão Pura’’, uma obra de TEORIA DO CONHECIMENTO, que é a investigação das origens, formas, mecanismos e limites de possibilidade do conhecimento. Com essa obra, ele buscou realizar uma grande síntese do EMPIRISMO (Locke, Berkeley e Hume) com o RACIONALISMO (Descartes, Leibniz). EMPIRISMO X RACIONALISMO Kant elabora o que ele chamou de virada copernicana. Não era mais os objetos o centro das experiências, mas sim o sujeito. Kant Buscou compreender como conhecemos. Kant nomeia este agente de sujeito do conhecimento ou EU TRANSCEDENTAL. É o que sempre permanece em todas as experiências. Quem dá forma ao objeto. Mas, o que posso conhecer? - Os Fenômenos: são todos o elementos que se apresentam ao sujeito de forma sensível; tudo que está no tempo e espaço. TEMPO E ESPAÇO São formas pura da intuição; São eles que ‘’enformam’’ os objetos; O tempo é o sentido interno (está dentro do sujeito); O espaço é o sentido externo (está fora do sujeito). Mas ainda é necessária a faculdade do entendimento para que a experiência seja concatenada. ENTENDIMENTO Faculdade de ajuizar aplicados ao conceitos (tempo e espaço). Conceitos puros aplicados as categoria. CATEGORIAS DO ENTENDIMENTO Substâncias (extensão) ou essência (sem extensão); Qualidade; Quantidade; Relação; Agir; Sofrer ação; Lugar (espaço); Quando (tempo). Aplicando as categorias no EXEMPLO DA FLOR: Assim, uma substância, essa ROSA, tem qualidade, é vermelha , tem quantidade, certo peso, está relacionada às outras flores do feixe, age ao exalar um perfume e ocupa certo lugar e dura certo tempo. Mas, apenas entendimento (categorias) e formas puras da intuição (tempo e espaço) não dão conta de entender o fenômeno. RAZÃO Funciona através de conceito diretivos: ideia da alma, mundo e deus. São aplicadas aos juízos do entendimento para a produção de raciocínios cada vez mais amplos, objetivos e globais. Fornece um caminho ao conhecimento do objeto, mas nunca a coisa-em-si. A razão se aplica apenas aos juízos (categorias), nunca diretamente ao objeto. O problema de utilizar a razão sozinha como os racionalistas faziam, é que ela não possui limites e isso faz com que o homem vá para o engano buscando o mundo noumênico (Deus, por exemplo). Mas só posso conhecer aquilo que me parece: os fenômenos. Noumenon (coisa-em-si) é o oposto do Fenômeno, mas só podemos conhecer. Vimos que Kant discordava tanto do racionalismo quanto do empirismo, pretendendo fazer uma grande síntese crítica. Veremos agora o que Kant via de errado em cada posição: RACIONALISTAS São aqueles filósofos que têm como método as ciências formais. A matemática, por exemplo. Segundo os racionalistas, a razão é a única fonte verdadeira de conhecimento, pois é dotada de IDÉIAS INATAS, devendo a filosofia alcançá-las pela intuição e reflexão. Para os racionalistas os juízos que contam são o que Leibniz chamava de VERDADES DA RAZÃO. Correspondente a essas verdades dos racionalistas, Kant formula o que pra ele é JUÍZO ANALÍTICO. JUIZO ANALÍTICO Aquele em que o predicado está contido no conceito do sujeito Exemplos de Kant: Todos os corpos são extensos. O predicado é um aspecto múltiplo de intuições que penso ao pensar o conceito de corpo; Outros exemplos: 2) Todos os homens são homens (tautologia); 3) Todos os homens sem cabelo são calvos; 4) Todos os gregos são seres humanos; 5) Todos os triângulos têm três lados; As características do juízo analítico são: Esse juízo faz parte dos que Kant chama conhecimento a priori, pois não depende da experiência para poder ser conhecido. Isso não quer dizer que ele nunca inicie na experiência. A matemática, por exemplo, é a exceção, pois embora que 2+2=4 seja independente da experiência, aprendemos a contar através da experiência. As Marcas do conhecimento a priori são para Kant a necessidade e universalidade. Além disso, conhecimento analítico não produz conhecimento (puramente explicativo) e sua negação é contraditória. Para Kant o juízo analítico não sendo ampliativo de conhecimento é algo desastroso aos racionalistas, pois Kant considera que as matemáticas e a física são baseadas em juízos ampliadores de conhecimento. Exemplos são as leis da física newtoniana, como: F = G M1 X M2 D² A fórmula acima é que prova a gravidade e nos faz prever fenômenos em outros planetas. Portanto, amplia o conhecimento não podendo ser analítica como os racionalistas preconizam. Mas se tudo o que a razão nos oferece são juízos analíticos, juízos que não ampliam o conhecimento, que podem ser reduzidos a juízos de identidade, então a razão não é capaz de fundamentar ciência algumas. EMPIRISMO Segundo o empirismo, não temos ideias inatas, e a única fonte de conhecimento é a experiência empírica... Para os empiristas os juízos que contavam eram os EMPÍRICOS. Eram o que Leibniz chamava de VERDADES DE FATO, como: Cesar atravessou o Rubicão; todos os corpos tem peso; A terra gira em torno do sol; Meu carro é amarelo; Se examinarmos o conceito dos sujeitos: corpo, carro e terra, NÃO encontraremos os predicados neles contidos (oposto do juízos analíticos). Sem dúvida esses juízos dependem da nossa experiência para serem conhecidos, eles são TODOS A POSTERIORI. Características dos juízos sintéticos: A posteriori, pois não possuem as marcas da aprioridade: NÃO TEM VALOR UNIVERSAL ou NECESSÁRIO. Somente conheço depois da experiência; Poder ser NEGADOS SEM CONTRADIÇÃO (individualidade da experiência); São AMPLIADORES DO CONTEÚDO DO CONHECIMENTO; Para Kant precisamente a característica *1* é DESASTROSA PARA O EMPIRISMO, pois, para ele, os juízos verdadeiramente científicos da física newtoniana e das matemáticas PRECISAVAM SER NECESSÁRIOS E UNIVERSAIS. ‘’na época de Kant era tido como certo que as leis da mecânica de Newton eram VERDADES ÚLTIMAS descobertas pela física, necessárias e universais. Não tinham acesso a física relativista’’ (Hoffe) RESULTADO DA CRÍTICA AO RACIONALISMO E AO EMPIRISMO Como resultado disso, nem o empirismo, que valoriza as verdades de fato, nem o racionalismo, que valorizava as verdades da razão, era, para Kant, capaz de fundamentar o conhecimento científico. O sujeito (razão) oferece universalidade sem novidade e o objeto (empirismo) oferece novidade sem universalidade. Donde o racionalismo reduz o conhecimento à universalidade sem novidade e o empirismo o reduz à novidade sem universalidade. ESSE É O DILEMA QUE ACABOU POR CONDUZIR KANT À POSTULAÇÃO DE UMA TERCEIRA VIA, QUE SERÁ SEGUIDA NA CRÍTICA DA RAZÃO PURA. A SOLUÇÃO KANTIANA Consiste em propor que a ciência (matemática e física) não se fundamente nem nos juízos SINTÉTICOS, nem nos juízos ANALÍTICOS, mas que ela se funda em ALGO INUSITADO os quais ele chamou de JUÍZOS SINTÉTICOS A PRIORI. JUIZOS SINTÉTICOS A PRIORI ‘’É AQUELE EM QUE O CONCEITO DO PREDICADO NÃO ESTÁ CONTIDO NO CONCEITO DO SUJEITO (sintético), mas que também independe da experiência (a priori). Exemplos de Kant: 7+5=12; ’’a reta é a distância mais curta entre dois pontos’’; ‘’Todo evento tem uma causa’’. Nesses exemplos, o predicado não está contido no conceito do sujeito. O conceito de causa não causa não está contido no conceito de evento. Mesmo assim, pensa Kant eles são independentes, da experiência no sentido de serem A PRIORI, ou seja, de serem NECESSÁRIOS E ESTRITAMENTE UNIVERSAIS. CARACTERÍSTICAS DO JUÍZO SINTÉTICO A PRIORI É AMPLIADOR DO CONHECIMENTO, por ser sintético (experiências são sempre particulares) É NECESSÁRIO E UNIVERSAL, por ser a priori. ‘’O QUE O TORNA EM PRINCÍPIO CAPAZ DE FUNDAMENTAR A CIÊNCIA’’Certamente, acreditar que existiam juízos sintéticos a priori significa admitir que a mente possui a capacidade de possuir um saber certo sobre o mundo sem precisar da experiência. Mas isso significa que a natureza deve de algum modo deixar se regular pela mente. Significa, no dizer de Kant, que somos LEGISLADORES DA NATUREZA. Com esse passo algo implausível Kant pretende operar o que chamou de REVOLUÇÃO COPERNICANA ... ‘’ Copérnico, não podendo mais admitir que todo o exército dos astros se move em torno do espectador, julgou admitir que o observador gira e que os astros estão parados. Assim também a metafísica... julgamos dever admitir que é o espectador, o sujeito, que se move... Pois se a intuição deve se conformar à natureza dos objetos, não vejo como se possa saber algo deles a priori. Mas se o objeto deve se conformar à natureza de nossa faculdade intuitiva, posso muito bem mostrar essa possibilidade’’. (KANT, Crítica da Razão Pura) Com a admissão dos juízos sintéticos a priori a aritmética, a geometria e a física, tornam-se capazes de serem demonstrada universalmente válidas, pois sua verdade se constata a priori, A finalidade da crítica da razão pura é mostrar como isso acontece, Mas para tal é preciso fazer a razão voltar-se para si mesma e se considerar criticamente, justificando assim, a existência de juízos sintéticos a priori e com isso os limites do que pode ser legitimamente pensado. Para chegar a isso Kant precisa começar investigando as operações da mente, que basicamente são da: APREENSÃO, JUÍZO E RACIOCÍNIO. ..................... FILOSOFIA MORAL KANTANA A FILOSOFIA KANTIANA SE DIVIDE EM DUAS ÁREAS: CRÍTICA DA RAZÃO PURA (sua teoria do conhecimento) e CRÍTICA DA RAZÃO PURA PRÁTICA Uma vez que Kant consegue formular sua teoria sobre como conhecemos (teoria pura), o filósofo prussiano produz as consequências dessa teoria na vida prática do agente. Mais precisamente, Kant se debruça a compreender o que é moral. Para fundamentar o seu agir moral ele elabora uma máxima: ‘’haja de tal modo que sua ação vire uma lei universal’’ Ou seja, a ação do homem para ser moral deve ser pautada na universalização. Se eu não X para mim, eu não posso oferecer tal X ao outro. A isso Kant chama de IMPERATIVO CATEGÓRICO. O imperativo categórico é pautado no juízo sintético a priori, pois se realiza no mundo prático (sintético), mas antes mesmo de agir eu já sei o que devo fazer (a priori). São características do Imperativo CATEGÓRICO: A universalidade; A liberdade; O incondicionado; Tem por fim a própria lei moral, ou seja, ela mesma; Imperativo Hipotético Também diz respeito a ações do homem, porém, o fundamento deste imperativo é a hipótese. Portanto, depende das condições do momento do homem. Não é um agir moral. Características: Ação subjetiva Condicionado; Busca um fim pautado em algo do mundo; Não é a priori, pois depende do mundo; Exemplo: respeito as leis, vontade de comprar um chocolate. ‘’O homem não é nada além daquilo que a educação faz dele’’. Immanuel Kant ...FIM Obrigado !!!
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