PAPER ESTAGIO GESTAO

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GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA 
 Elenir Ferreira da Silva
 Prof. Orientador: Aline Feza
 Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Pedagogia 1312 – Estágio
RESUMO
A discussão sobre gestão escolar é cada vez mais freqüente nos dias atuais, principalmente a respeito da gestão escolar democrática. Seu principal objetivo é descentralizar a administração no sistema de ensino, tendo como conseqüência uma crescente autonomia. A presença desse tipo de gestão só foi possível com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, a LDB de 1996, onde os estabelecimentos de ensino passaram a serem responsáveis pela elaboração e execução, coletivamente, de sua proposta pedagógica, administrando os recursos humanos e financeiros, além de articular-se com a comunidade e famílias dos alunos. Mas, para esse processo dar certo, é necessário a participação de todos para atingir o bem comum.
Palavras - chave: Educação; Democracia; Gestão escolar
1 INTRODUÇÃO
A concepção de gestão escolar apresenta diversas lacunas conceituais. Entre outros aspectos, esta lacuna refere-se ao fato que, nas escolas, as relações entre docentes e alunos, assim como de todos os envolvidos dentro desse contexto devem convergir para atingir um propósito pedagógico: a educação. A gestão escolar é tema recorrente do debate político educacional. Durante a ditadura militar, com as estruturas administrativas centralizadas e burocratizadas, os diretores das escolas obedeciam às regras impostas, nesse momento as reivindicações dos educadores tratavam de obter a autonomia escolar, sendo esta vinculada à necessidade de alternativas curriculares e didáticas no combate à evasão e repetência que ocorria (Krawczyk, 1999).
Nas décadas 1950 e 1960 a idéia de autonomia escolar e liberdade dos educadores tinham o intuito de rebater a vigência das ações administrativas e intervenções políticas com projetos alheios à realidade escolar. O silenciar das reivindicações na década de 1970 revela o ápice do processo de centralização administrativa. A gestão escolar volta à cena do debate político na década de 1980, com um novo contexto – a reforma do Estado. Tais reformas eram desejáveis uma vez que carregavam no seu bojo a equidade, justiça social, redução de clientelismo e fortalecimento da democracia, desta forma a descentralização retoma sua força (Krawczyk, 1999). 
A gestão escolar tem a função de descentralizar o movimento administrativo e pedagógico no sistema de ensino. O resultado desse processo será uma crescente autonomia, considerando as inovações da implantação do processo que envolve a gestão participativa no contexto de escolas públicas. Nesse sentido, é preciso entender e compreender os pressupostos teóricos da gestão democrática escolar que tem como principio e estratégia a participação para ir incluindo os sujeitos que dela devem fazer parte e, posteriormente, apontar os desafios da escola diante da gestão democrática.
2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA
A gestão democrática deve estar fundamentada na construção de um espaço público, promovendo condições de igualdade, que propicie um ambiente de trabalho coletivo superando o individualismo e possibilitando a produção do conhecimento que auxilie na preparação de sujeitos para a vida e que “habitem os estudantes a terem expectativas de vida digna, de trabalho, de exercício da cidadania” (Cóssio, 2006). A gestão escolar não deve depreciar a administração, “mas supera as suas limitações de enfoque dicotomizado, simplificado e reduzido, para atender às exigências de uma realidade cada vez mais complexa e dinâmica” (Lück apud Andrade, 2004). Nesse sentido, o conceito aponta para a formação do gestor com base no conceito de liderança educacional, assumindo uma postura onde todos tenham a oportunidade de ensinar e aprender ao mesmo tempo. 
Para Barroso (2003) a gestão democrática deve procurar concretizar cinco grandes princípios como forma de reforçar a autonomia das escolas, são elas: 
a) legitimidade: é a transferência de competências de órgãos de administração central e regional do Estado para órgãos de gestão das escolas, ou seja, descentralização, desconcentração, profissionalismo docente, salvando a co-existência de três tipos de órgãos: de participação comunitária, de técnicos de gestão e de técnicos pedagógicos; 
b) participação: item que já foi explorado acima, mas que serve para a integração dos sujeitos e de forma horizontal; 
c) liderança: para garantir o desenvolvimento do sentido da gestão na organização e funcionamento da escola e que esta possa empreender as mudanças que a autonomia exige; 
d) qualificação: é a aprendizagem organizacional por parte dos membros, ou seja, é a formação dos sujeitos; 
e) flexibilidade: ela permite margens de ajustamento nas práticas de gestão e faz parte do próprio conceito de autonomia. 
Todos esses elementos contribuem para o fortalecimento da gestão democrática na escola, fazendo com que os sujeitos sintam-se parte da escola e co-responsáveis pelas ações que dela derivam. É um processo que exige tempo e comprometimento das pessoas para que as mesmas assumam uma postura a favor da realidade em que estão inseridos a fim de transformá-la.
3 CARACTERIZAÇÃO DO ESTÁGIO 
1- CARACTERIZAÇÃO DA INSTITUIÇÃO EM RELAÇÃO A EDUCAÇÃO BASICA 
ORGANIZAÇÃO: 
A Escola Municipal São Miguel do Cambuí, funciona apenas no período matutino, abrindo os portões às 07h00min e fechando as 07h20min. O horário de saída é às 11h20min.
	São 7 turmas no total, sendo uma turma IV, uma turma V, um primeiro ano, um segundo ano, um terceiro ano, um quarto e um quinto ano. Tem em media de 10 a 18 alunos por Tuma, com faixa etária de 4 a 13 anos. 
	Tem como funcionários, 1 secretaria, 1 diretora, 1 orientadora, 9 professoras, 1 estagia, 2 cozinheiras, 1 auxiliar de cozinha, 3 serviços gerais e 1 bibliotecária. O acesso dos pais na escola não é restrito, os pais têm livre acesso, mas muitas vezes só vão quando solicitados.
INFRAESTRUTURA: 
É uma escola de pequeno porte, com bastante deformações, possui um pátio conjunto com o refeitório, a conservação e a limpeza externa e interna são bem feitas, o atendimento aos pais são feitas na sala de reuniões, a escola conta com uma ampla biblioteca e espaço para leitura, não tem laboratório, são 7 salas de aula, 1 sala de professores, tem uma sala de computadores, onde é usado pelos professores para realização das horas atividades, tem uma grande área externa onde tem 1 parquinho de área, 1 parquinho de plástico com chão de gramado e uma casinha de madeira. A escola oferece diariamente merenda para os alunos com um cardápio elaborado pela nutricionista do município.
	Dentro do planejamento são realizadas atividades diversas, como semana cultural, semana da família, outras atividades como projeto do uso da água, reciclagem do lixo, meio ambiente, etc.
PROJETO POLITICO PEDAGOGICO:
	O Projeto Político Pedagógico (PPP), leva em conta que o cidadão deve ser responsável pelo futuro e sociedade que ele quer. A escola deve ser autônoma e capaz de implantar um projeto participativo e democrático que seja importante para a sociedade, garantindo o direito universal e fundamental a todos, sem distinção de gênero, raça, classe social. A organização das disciplinas e todos os referenciais teóricos em que se baseia a pratica administrativa escolar, para que esta atinja os fins e objetivos da proposta pedagógica.
2-CARACTERIZACAO DO CORPO DOCENTE 
São 9 professoras e 1 estagia, as professoras possuem graduação em pedagogia, algumas com pós graduação em áreas do ensino. O município oferece curso para a formação continuada aos docentes.
	A equipe diretiva e os professores procuram perceber os alunos que precisam ser trabalhados de forma mais especifica, os profissionais fazem planejamento individual e coletivo, para que os objetivos propostos sejam alcançados com êxito. 
4 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO
Nos dias 08 e 09 de outubro compareci na Escola Municipal São Miguel, queestá situada no distrito de São Miguel do Cambuí no Município de Marialva, para realização de entrevista e estagio de gestão. A observação foi realizada nos dias 22 e 23 de outubro. Os dias da entrevista e observação foram previamente definidos em uma visita previa a escola, por ser uma escola de pequeno porte só conta com a diretora e supervisora, a função de orientadora é dividida pelas duas profissionais que mantém contato direto com os pais.
No primeiro dia cheguei para a entrevista, com o roteiro de perguntas que iria fazer para cada membro da equipe gestora.
No inicio não senti muito á vontade, mas ao longo da conversa foi quebrando o gelo, pois fui recepcionada com muita cordialidade pela diretora, que me forneceu todas as informações necessárias, sua disposição para falar e a habilidade para responder as perguntas, me colocou numa atitude de escuta prestando atenção e anotando todas as respostas, sem muitas intervenções para não atrapalhar o bom andamento da entrevista.
No final perguntei se tinha mais alguma coisa que ela gostaria de falar que não havia sido perguntado, conversamos mais um pouco ela passou mais algumas informações que utilizei nos dias de observação.
No primeiro dia de observação foi dedicado para acompanhar o trabalho da diretora, ela é uma das primeiras a chegar a escola após abrir sua sala olha um calendário onde são anotados o planejamento de falta dos funcionários seja para ir ao medico ou algum curso de formação continuada, como não havia nada agendado dirigiu ate a entrada da escola para recepcionar os alunos que chegavam trazidos pelos pais ou através de transporte escolar. Quando todos os alunos já estão na sala de aula à diretora passa por todas as salas para saber o número de alunos se tem algum recado das famílias, com a soma dos alunos informa as cozinheiras para fazer o lanche na quantidade certa dos que vieram. Na secretaria a diretora conversa com a supervisora sobre assuntos burocráticos e do dia a dia da escola, já no computador olha o email para ver se tem algum recado da secretaria de educação, preenche um relatório. Na hora do recreio vai ao pátio para acompanhar o que os alunos estão fazendo, e chama a atenção de alguns alunos que estão fazendo brincadeiras que colocam em risco a si mesmo e a outros alunos.
Pelo que observei nesta manha a diretora tem uma boa liderança e relacionamento com toda a equipe escolar, mantém uma excelente organização para alcançar seus objetivos na gestão escolar. Por estar inserida numa comunidade basicamente rural e ter reduzido numero de alunos ela conhece as famílias e a realidade de cada um. De forma geral a gestão ocorre de forma tranqüila, um dos maiores problemas são as faltas dos alunos que vem da zona rural devido as chuvas que deixam as estradas de terra sem condição de trafego, durante o estagio foi um desses períodos que choveu praticamente o mês inteiro, segundo a diretora quando chove por tanto tempo fica difícil repor conteúdos para os alunos faltantes.
No segundo dia de observação acompanhei o trabalho da supervisora logo pela manha ela estava na escola para receber os alunos juntamente com a diretora,assim que as professoras iam chegando ela partilhava alguma coisa sobre a aula e os trabalhos a ser desenvolvidos naquele dia letivo.logo que os alunos estavam na sala de aula ela dirigiu ate a sala dos professores para auxiliar e dar algumas orientações para a professora que estava em hora atividade, mas logo foi interrompida por um aluno pedindo para imprimir algumas atividades para a professora. Ela disse que mesmo monitorando e buscando construir uma organização de alto desempenho, fatos como estes ainda são freqüentes, professores que fazem hora atividade , e não preparam o material necessário para realizar a aula planejada. Após imprimir as atividades solicitadas pela professora, pegou as fichas de alguns alunos com muitas faltas para ligar para as famílias, já que a escola não conta com orientadora para fazer este serviço, a comunicação nem sempre é fácil por ser uma zona rural muitas vezes não pega sinal de celular. Apesar das dificuldades ela me disse que sempre busca ser uma líder comprometida na gestão efetiva e no desenvolvimento de sua equipe, garantindo que a disseminação do conhecimento entre os funcionários promova a evolução profissional destes e tragam benefícios á educação, como flexibilidade, agilidade, inovação, alem de dar respostas para que o ensino aconteça com sucesso alcançando os objetivos de formar, desenvolver conhecimentos e habilidades.
Durante os dias de estágios foram períodos bem chuvosos, vi muitos alunos chegarem a escola sujos de barro ou com um sapato limpo na sacola para trocar pelo que estava cheio de lama. Uma realidade bem diferente de outras escolas urbanas.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Pensar a gestão democrática dentro da escola é um desafio que deve ser assumido por todos para que ela se constitua num elemento de transformação social. Pode-se perceber pelos estudos que a gestão democrática é amparada por lei federal e é preciso usar essa ferramenta que favorece o processo dentro da escola, tornando todos participantes do processo de ensinar e de aprender. Aqui reside o papel do gestor como alguém comprometido com a proposta, que tenha liderança e postura aberta ao diálogo, à participação para que a ação democrática se efetive de fato dentro das escolas. O envolvimento de todos os sujeitos que compõem a comunidade educativa é de fundamental importância porque o processo se torna reflexivo, dinâmico, ativo e crítico na realidade em que está inserido, tendo como objetivo de transformá-la. A transformação da realidade através do exercício da democracia torna as pessoas conscientes de sua função no mundo. Nesse sentido, a escola enquanto instituição necessita investir nos gestores como instrumento de intervenção na realidade social e educacional. Portanto, a gestão democrática escolar necessita ser encarada com ousadia e muita paciência porque precisa passar pelo processo de conscientização dos sujeitos para que ela se constitua de verdade. A escola ideal sabe-se que não será possível construí-la, mas é possível chegar perto daquela sonhada/desejada se todos os sujeitos se comprometerem com a sua concretização. 
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Rosamaria Calaes de. Introdução: Gestão da Escola. In: ACÚRCIO, Marina Rodrigues Borges (coor.). A gestão da escola. Porto Alegre/Belo Horizonte: Artmed/Rede Pitágoras, 2004.
BARROSO, João. O reforço da autonomia das escolas e a flexibilização. In: FERREIRA, Naura Syria Carapeto (org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios, 2003.
CÓSSIO, Maria de Fátima. Gestão democrática da educação: retórica política ou prática possível. In: CAMARGO, Ieda de. Gestão e políticas da educação. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2006.
KRAWCZYK, N. A gestão escolar: um campo minado... Análise das propostas de 11 municípios brasileiros. Educ. Soc., Campinas , v. 20, n. 67, 1999
		
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