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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CAMPUS BLUMENAU Júlia Berdyj Hildinger e Raiana Roberta Corrêa Estudo Dirigido Ciência e Tecnologia dos Elastômeros BLU2022-09753 Blumenau 2021 1. Resumo 1: Propriedades mecânicas e de inflamabilidade de composições de borracha EPDM carregadas com negro de fumo e hidróxido de alumínio. O estudo de diferentes formulações elastoméricas é essencial para determinar a aplicabilidade de um artefato de acordo com as suas propriedades. O EPDM (terpolímero de etileno-propileno-dieno) é um elastômero apolar que possui habilidade de aceitar grandes quantidades de carga, e apresenta propriedades interessantes como excelente resistência à degradação, resistência química e ótimas propriedades elétricas, que se adequam para sua utilização em fios e cabos elétricos sujeitos à baixa e média voltagem [4]. Nas formulações analisadas, foram usadas diferentes quantidades de negro de fumo como carga reforçante, e de hidróxido de alumínio (ATH), que atua como agente retardante de chama e carga semi-reforçante. O ATH é o agente retardante de chama mais aplicado mundialmente, pois apresenta baixo custo e baixa toxidez, visto que não libera gases tóxicos durante a sua queima [4]. A atuação do ATH se dá através de resfriamento por liberação de vapor d’água, e retarda a chama [9]. Contudo, para aplicações externas, o material elastomérico isolante, deve exibir resistência mecânica e resistir a ataques físicos. E, por apresentar caráter semi-reforçante, realizou-se um tratamento superficial com silano no AHT e a incorporação de cargas de negro de fumo nas formulações com EPDM [4]. Durante a sua vida útil, os elastômeros podem sofrer envelhecimento em virtude da oxidação, exposição a raios UV, ou perda de plastificantes e outros aditivos. O envelhecimento em polímeros com negro de fumo, quando empregados em altas temperaturas, pode prejudicar as propriedades elétricas do material. Em razão disso, as formulações foram estudadas quanto a sua inflamabilidade e desempenho mecânico, antes e após o seu envelhecimento [4]. As formulações usadas nas composições de EPDM englobaram os seguintes ingredientes: 100 phr de EPDM, como elastômero, 5 phr de óxido de zinco e 1 phr de ácido esteárico, que em conjunto atuam como ativador, 1,5 phr de enxrofre, empregado como agente de vulcanização, 25 phr de óleo parafínico, operando como plastificante, 0,5 de MBT (2- mercaptobenzotiazol) e 1,0 phr de TMTD (Dissulfeto de tetrametiltiuram), atuando como aceleradores, e, variações entre 0-180 phr de hidróxido de alumínio (ATH) e 0-45 phr de negro de fumo como carga de reforço [4]. As composições foram tituladas a partir da razão ATH/Negro de fumo, em phr, e exibiram resultados distintos. Em conformidade com ABNT, os materiais empregados no revestimento de fios e cabos, sujeitos à baixa e média voltagem, precisam apresentar: tração na ruptura de pelo menos 10 MPa, antes do envelhecimento, e uma variação máxima de ± 30%, após o envelhecimento. Diante dos resultados obtidos, as composições que se enquadraram aos requisitos da ABNT foram: 150/22 e 160/15 (ATH com e sem tratamento) e 170/7,5. Outra exigência requerida pela ABNT seria referente ao alongamento dos materiais, que devem apresentar pelo menos 300% e uma variação máxima de ± 40% sobre o valor original, após o envelhecimento. Diante disso, todas as formulações atingiram esse valor, com exceção da goma pura de EPDM. Após o envelhecimento, os valores de módulo e de dureza foram superiores aos valores obtidos pela goma pura (sem carga), e isso se deve a um aumento de ligações cruzadas formadas durante o processo de envelhecimento [4]. Dentre todas as composições, a de 160/15 (ATH com e sem tratamento) e a de 170/7,5 (ATH sem tratamento), se encaixaram às exigências da ABNT sobre resistência à tração e alongamento, e também foram consideradas aptas para uso em fios e cabos de revestimento, uma vez que, alcançaram o índice de propagação V-0 [4]. 2. Resumo 2: Influência da Mica nas Propriedades Mecânicas e Dinâmico-Mecânicas de Composições de Borracha Natural Neste artigo foi estudado como a adição de mica influencia em composições vulcanizáveis de borracha natural (NR), com diversos teores analisados [2]. A NR é um dos polímeros mais comuns e utilizados no mundo por ter excelentes propriedades, elevada resistência à tração e ao rasgamento e ótimas propriedades mecânicas. Para melhorar o desempenho mecânico e baratear os custos, escolhe-se uma carga [8]. O negro de fumo é a carga mais usada em compósitos elastoméricos, mas seu preço é alto comparado ao da mica, que é abundante no Brasil, por isso, a importância desse estudo [5]. Mica é o nome de um grupo de minerais filossilicatos de fórmula geral KM(AlSi3O10)(OH)2, onde M é Al, Fe, Mg ou combinações destes [1, 7, 10]. As micas apresentam excelente resistência a intempéries, boa resistência química, baixa condutividade térmica, estabilidade em altas temperaturas, baixo custo e entre outros. O teor de Mica, do tipo Moscovita, incorporado variou entre 0 e 40phr. A formulação utilizada para a NR (em phr) seguiu a norma ASTM D 3184: NR (100); ZnO (5,0); S (2,25); ácido esteárico (2,0); TBBS (0,7); irganox 1010 (1,0) [5]. Como as borrachas são viscoelásticas, os parâmetros reométricos foram determinados em um reômetro de disco oscilatório, onde foi avaliado: torque mínimo (ML), torque máximo (MH), tempo de pré-vulcanização (ts2), tempo de vulcanização a 90% (t90) e índice de velocidade de cura (CRI) [11]. Os ensaios de tração e rasgamento foram realizados em dinamômetro Instron. O ensaio de dureza foi realizado segundo norma ASTM D 2240 em durômetro Shore. Para determinar densidade de ligações cruzadas utilizou-se equação do Flory-Rehner, tendo por base o inchamento no equilíbrio em solvente orgânico, no estudo foi o heptano [5]. Nos resultados obtidos foi comparado a composição sem carga com teores de 10, 20, 25, 30 e 40 phr de mica. A adição de mica causou uma diminuição do ML, ts2 e do t90 das composições carregadas, assim como provoca um aumento do MH. Menores valores de torque mínimo, indicam que a mica facilita o processamento da borracha natural. O aumento do torque máximo pela adição de carga é um efeito esperado e está relacionado ao aumento da rigidez da matriz elastomérica após a vulcanização, e, esta maior rigidez pode ser causada devido tanto à presença da carga, quanto à formação de um maior número de ligações cruzadas (químicas e/ou físicas). Os valores mais baixos de ts2 e t90 mostram que a mica favorece a vulcanização da NR, que se inicia antes e é mais rápida. Os resultados obtidos também indicam ser em torno de 30phr, o valor limite para a carga em estudo, pois acima disso perde-se propriedades. O alongamento na ruptura diminui com o aumento do teor de mica, e o decréscimo é maior depois dos 30phr. Uma característica da incorporação de teores crescentes de uma carga na borracha natural é a redução das propriedades elásticas, comparada as sem carga. A adição crescente de mica aumenta a perda por abrasão das composições de borracha natural, provavelmente por causa do seu formato laminar que facilita sua retirada da matriz borrachosa [5]. No estudo, observaram que as composições NR/mica mostram uma ligeira tendência a menores valores de Tg, este comportamento parece indicar que o tipo de dispersão e teor da mica na matriz elastomérica podem estar relacionados com a maior facilidade desta carga, que é laminar, em afastar as cadeias macromoleculares, um comportamento semelhante ao de um plastificante. A composição com 30phr de mica apresentou menor tendência ao deslocamento da Tg [5]. Estes resultados indicam que não apenas os diferentes teores de mica incorporados, mas tambéma dificuldade da distribuição e/ou dispersão desta carga, geram uma mudança na morfologia das composições, de natureza mineral em uma matriz orgânica [5]. 3. Ingrediente da formulação: Mica A mica consiste em um grupo de minerais do tipo filossilicatos de fórmula química generalizada KM(AlSi3O10)(OH)2, onde M pode ser Al, Fe, Mg ou a combinação destes metais. Ela é constituída de silicatos de alumínio e de potássio (ou, raramente, sódio) com grupamento hidroxila ou com flúor e usualmente magnésio, ferro e lítio. As micas são, em geral, moles, de densidade relativa baixa e caracterizam-se por apresentar uma clivagem laminar fácil que ocorre por conta da sua estrutura atômica em camadas. O grupo da mica possui três espécies comercialmente importantes: moscovita, flogopita e biotita [5]. Em geral as micas apresentam excelente resistência a intempéries, boa resistência química, baixa condutividade térmica, estabilidade em altas temperaturas, características de não inflamabilidade, baixa condutividade elétrica, alta rigidez dielétrica, baixo fator de dissipação e baixo custo. No material elastomérico a mica se comporta como uma carga inerte (semi-reforçante). Além disso, possui propriedades de ativação mediante o sistema de vulcanização, melhora as condições de processamento do material, por causar o afastamento das macromoléculas, caracterizando um comportamento semelhante a um plastificante, e confere aumento no módulo elástico e viscoso [3]. Referências 1. Batista, C. M. – http://www.dnpm.gov.br, 2000. 2. Bhowmick, A. K.; Hall, M. M. & Benarey, H. A. – “Rubber Products Manufacturing Technology”, Marcel Dekker Inc., New York (1994). 3. CAETANO, Mário J. L.. Efeitos na Borracha. Disponível em: https://www.ctborracha.com/borracha-sintese-historica/materias-primas/cargas/cargas-nao- negras/micas/efeitos-na-borracha/. Acesso em: 14 mar. 2021 4. CANAUD, Cristine; VISCONTE, Leila L. Y.; NUNES, Regina C. R.. Propriedades Mecânicas e de Inflamabilidade de Composições de Borracha EPDM Carregadas com Negro de Fumo e Hidróxido de Alumínio. Polímeros: Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, v. 11, n. 1, p. 35-40, 2001. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/po/v11n1/v11n1a07.pdf. Acesso em: 12 mar. 2021. 5. ESCÓCIO, Viviane A. et al. Influência da Mica nas Propriedades Mecânicas e Dinâmico- Mecânicas de Composições de Borracha Natural. Polímeros: Ciência e Tecnologia, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, p. 130-134, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/po/v13n2/16582.pdf. Acesso em: 14 mar. 2021. 6. ESCÓCIO, Viviane Alves. Híbridos de borracha natural com mica. 2006. 106 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Ciência e Tecnologia de Polímeros, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007. Disponível em: http://livros01.livrosgratis.com.br/cp021089.pdf. Acesso em: 14 mar. 2021. 7. Hepburn, D. M.; Kemp, I. J. & Shields, A. J. – Elet. Ins. Mag. 16 (5) p.19 (2000). 8. Jorge, R. M. – “Mica em Composições de Borracha Natural”, Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil (2000). 9. MARTINS, Priscila Alves. Uso de aditivos não tóxicos como retardantes de chama em ABS. 2013. 152 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Departamento Engenharia Metalúrgica e de Materiais, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2013. Disponível em: https://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/3/3133/tde-26062014 220239/publico/Dissertacao_PriscilaAMartins.pdf. Acesso em: 11 mar. 2021. 10. Rothon, R. N. – “Particulate-Filler Composites”, Longman Group, Manchester (1996). 11. Ullman, R. – “Rubber Elasticity”, in: Structure and Properties of Polymers, cap. 8, Cahn, R.W.; Haasen, P.& Kramer, E.J. (ed.), VCH Publishers Inc., New York (1993).
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