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Catalogação na publicação: Júlia Angst Coelho – CRB 10/1712 B193g Ballou, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos/logística empresarial [recurso eletrônico] / Ronald H. Ballou ; tradução Raul Rubenich. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Bookman, 2007. Editado também como livro impresso em 2006. ISBN 978-85-60031-46-7 1. Logística Empresarial. 2. Administração – Material – Logística. I. Título. CDU 658.7 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 343 PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS O prestígio dos conceitos just-in-time, resposta rápida e compressão de tempo ressalta a importância da progra- mação entre as várias atividades nos canais de suprimen- tos. Programar de acordo com as necessidades é uma al- ternativa para suprir as necessidades a partir dos esto- ques existentes. Cada uma delas representa os pontos principais em uma variação de alternativas estudadas pa- ra satisfazer a demanda, ou necessidades, de um canal de suprimentos. O Capítulo 9 foi dedicado a conceitos de gestão de estoques, por isso agora concentramos as aten- ções nas técnicas de programação conhecidas como pla- nejamento de necessidades, que podem minimizar os es- toques exigidos em um canal de suprimentos. No canal de suprimentos, são as necessidades da produção (ou, no caso de empresas de serviços, as ne- cessidades operacionais) que representam a demanda a ser atendida. Um gerente de materiais normalmente atende a essa demanda de duas formas. Em primeiro lu- gar, os suprimentos são programados para estarem dis- poníveis no momento exato em que se tornarem neces- sários para a produção. Uma técnica reconhecida e apoiada para orientar a mecânica do processo de pro- gramação é a do planejamento das necessidades de ma- teriais. Em segundo lugar, as necessidades são preen- chidas a partir de suprimentos mantidos em estoque. As regras da reposição mantêm os níveis desses estoques, e também especificam quando e em que quantidade os materiais deverão fluir no canal de suprimentos. Muitas empresas utilizam essas duas abordagens si- multaneamente. Veja, por exemplo, de que maneira um fabricante de motores industriais controla seu ritmo de produção. Exemplo A Power Equiment Division da Lear Siegler Corpora- tion produz uma linha de motores elétricos para var- redoras e lustradoras de chão industriais. São motores igualmente vendidos como subcomponentes a outros fabricantes de produtos acabados e, por isso, produzi- dos de acordo com as especificações de cada compra- dor. Estes fazem normalmente seus pedidos firmes com vários meses de antecipação em relação às suas necessidades, assim garantindo o cumprimento dos programas de produção. Motores padronizados po- dem ser previstos com razoável exatidão e assim pro- duzidos com base em programação de vendas. Com esta informação, prepara-se um programa de construção (ou programa mestre de produção) para um _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 343 344 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE período de três próximos meses. Esta programação, jun- tamente com a lista de materiais necessários para cada motor encomendado, mostra ao programador da produ- ção a demanda de cada um dos componentes, e quando precisarão estar disponíveis. A essa altura, o programa- dor da produção verifica os componentes disponíveis no estoque. Normalmente, cerca de 3.000 (90%) de cada 3.300 peças solicitadas saem dos estoques existentes. As 300 peças restantes são itens críticos de alto valor e es- pecíficas a cada pedido – por exemplo, o eixo do motor. Esses itens são relacionados na lista de faltas do forne- cedor até serem postos à disposição da produção. O mesmo se faz em relação a todos os materiais não dispo- níveis nos estoques. Levando em conta a extensão do prazo de entrega, o programador da produção emite uma ordem de libe- ração de compra ao departamento de compras a fim de possibilitar que todos os suprimentos sejam programa- dos de maneira a chegar à medida das necessidades da produção. Quando todos os materiais, peças e supri- mentos estão disponíveis, o programador da produção libera os pedidos dos clientes à produção e montagem. À medida que os estoques se esgotam, sua reposição é feita pelo controle min-máx de estoques. A função do setor de compras é então selecionar as fontes de suprimentos, desenvolver procedimentos pa- ra os pedidos, negociar preços e termos de compra, es- pecificar os serviços de transporte a serem utilizados, e estimar os prazos de entrega. Neste caso, o departa- mento de compras coordena com a programação da produção o fluxo de materiais no canal de suprimentos. A relação entre a programação da produção e o supri- mento de materiais é diagramada na Figura 10-2. Programação Just-in-Time de Suprimentos A programação just-in-time (JIT) é uma filosofia operacio- nal que representa alternativa ao uso de estoques para que se possa cumprir a meta de disponibilizar os produtos cer- tos, no lugar certo e no tempo certo. É uma maneira de ge- renciar o canal de suprimentos de materiais popularizada a partir da experiência dos japoneses, que a desenvolveram com base nas circunstâncias econômicas e logísticas dife- FIGURA 10-2 O relacionamento entre programação da produção e suprimento de materiais. ? ? Reabastecimento de suprimentos e pedidos sob encomenda ? ? ?? ? ? ? ? ? ? Vendas Pedidos de clientes Previsão de vendas Programa de produção Lista de materiais Liberar para a produção Comparar Lista de faltas do fornecedor Ordem de compra Liberar ordens de compra a fornecedores para artigos em falta ou para reposição de estoque Temas Estoques Para a produção Canal de suprimentos Locais dos fornecedores Serviços de transporte Processamento dos pedidos _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 344 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 345 renciadas que imperaram em seu país nos últimos 40 anos. A programação just-in-time pode ser definida como uma filosofia de planejamento em que todo o canal de suprimentos é sincronizado para reagir às neces- sidades das operações dos clientes. Suas características principais são: • Relações privilegiadas com poucos fornecedores e transportadores • Informação compartilhada entre compradores e fornecedores • Produção/compra e transporte de mercadorias em pequenas quantidades são freqüentes e se tra- duzem em níveis mínimos de estoques • Eliminação das incertezas sempre que possível ao longo do canal de suprimentos • Metas de alta qualidade Quantidades econômicas de reabastecimento* tendem à unidade uma vez que os custos de preparação de coloca- ção do pedido são reduzidos a níveis quase que insignifi- cantes. Quando há economias de escala nas compras ou na produção, são exploradas ao máximo pela utilização de poucos fornecedores normalmente localizados bem perto dos pontos de demanda dos compradores. Uma íntima re- lação de trabalho é estabelecida com um número pequeno de fornecedores e transportadores. A informação do com- prador, especialmente na forma de programa de produ- ção/operação, é compartilhada com os fornedores a fim de que estes possam antecipar as necessidades dos compra- dores e reduzir o prazo de resposta e sua variabilidade. Dos fornecedores, poucos porém escolhidos, espera-se que procedam com pouca ou nenhuma variância em maté- ria de entregas no prazo certo. O efeito global do planeja- mento de acordo com uma filosofia just-in-time é a criação de fluxos de produtos que são cuidadosamente sincroniza- dos com as respectivas demandas. Embora seja grande a probabilidade de que se precise trabalhar bem mais na ges- tão do canal de suprimentos sob uma filosofia JIT do que sob uma filosofia de fornecimento a partir de estoques, seu benefício é operar o canal com o mínimo estoque possível e as economias e/ou melhorias nos serviços disso resultan- tes. No entanto, alguns desses lucros que o fabricante con- cretiza podem ser em função do aumento de custos e esto- ques para os fornecedores no canal de suprimentos.Aplicação A General Motors, fabricante norte-americano de au- tomóveis, decidiu implementar um sistema de progra- mação de suprimentos just-in-time por ocasião do lançamento da nova versão, totalmente modificada, de um dos seus modelos mais vendidos de automóvel. Uma fábrica que estava desativada desde que se tor- nara pequena demais para os padrões da era das ven- das em massa, foi reaberta depois da instalação de portas de correr ao longo de suas paredes laterais. Is- to fez com que os materiais pudessem percorrer uma distância bem mais curta até a linha de produção, dei- xando, ao mesmo tempo, reduzido espaço para os es- toques de produção. Construiu-se então um armazém com andaimes perto do prédio da montagem, arma- zém esse utilizado para receber e desembalar os mate- riais dos fornecedores antes de serem deslocados, conforme a demanda, para a linha de montagem. Fez-se também uma significativa redução (de al- guns milhares para algumas centenas) do número de fornecedores e transportadores. Os fornecedores não poderiam ter suas instalações a mais de 300 milhas (cerca de 480 quilômetros) de distância da fábrica da GM. Optou-se, por exemplo, por um fornecedor ex- clusivo de tintas. Com uma condição: ele precisaria manter um estoque perto da montadora da GM. Para assessorar esse fornecedor em seu planejamento, o fa- bricante dos automóveis permitiu seu acesso a um programa da futura produção dos carros. Isto sem dú- vida criou um nível de confiança fornecedor-compra- dor incomum no campo industrial. Exemplo A Hewlett-Packard passou a aplicar conceitos de pro- gramação just-in-time às operações do seu centro de distribuição. No período de um ano e meio, a empre- sa conseguiu reduzir em 40% seus estoques de produ- tos acabados, um crescimento composto de 2% ao mês na produtividade industrial, e uma melhoria de 44% na qualidade das remessas aos clientes.3 Kanban O KANBAN é o sistema de programação da produção da Toyota, e talvez um dos mais conhecidos exemplos de programação just-in-time. O KANBAN propriamen- te dito é um sistema de controle de produção baseado em cartões. Um cartão KAN aciona um centro de traba- lho ou um fornecedor para que produza um lote mínimo de determinado item. O cartão BAN ordena a reposição 3 Patrick Guerra, “Just-in-Time Distribution”, Annual Proceedings, Vol. 1 (St. Louis: Council of Logistics Management, October 27/30, de 1985), pág. 444. * N. de R.T: Refere-se a lotes econômicos de compras e lotes econômicos de produção. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 345 346 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE de um lote mínimo predeterminado de componentes ou itens de montagens no centro de trabalho. Esses cartões são usados como gatilhos para a produção e a movi- mentação dos itens. O sistema de programação KANBAN/JIT utiliza o método de controle de estoque de ponto de pedido para determinar lotes padronizados de produção-compra e funciona com custos muito baixos de planejamento e tempos de reposição reduzidos. Diversas características adicionais garantem sua eficiência como sistema just- in-time. Em primeiro lugar, os modelos no programa mestre da produção são repetidos continuamente e com- parados com uma programação construída para tirar proveito das economias de escala. Isto é, uma progra- mação de produtos de modelos A e B para explorar as economias de escala e reduzir os gastos de planejamen- to poderia ser AAAAAAABBBBBBBAAAAAAABBBBBB- BAAAAAAABBBBBBBB Contudo, a programação KANBAN poderia ficar assim: ABABABABABABABABABABABABABABA- BABABABABABAB Em segundo lugar, os tempos de reposição tornam- se altamente previsíveis porque são curtos. Os fornece- dores localizam-se nas imediações do local das opera- ções e as entregas podem ser feitas com freqüência, muitas vezes de hora em hora, sem grandes despesas com o transporte. Em terceiro lugar, os lotes pedidos são pequenos porque os custos de preparação e obtenção são manti- dos baixos. Como os lotes pedidos estão relacionados a esses custos de preparação e obtenção, tornam-se o alvo dos programas de redução de custos. Lotes pequenos de pedidos significam estoques baixos. O clássico método de controle de estoque de ponto de pedido é usado para determinar as quantidades de reposição. Em quarto lugar, usam-se poucos fornecedores, to- dos eles, evidentemente, obrigados a corresponder às al- tas expectativas neles depositadas. Um alto nível de cooperação entre o fabricante e o fornecedor surge para garantir a obtenção do desejado nível de desempenho do produto e da logística. A programação just-in-time entra em choque com a programação de suprimento para estoque. A Tabela 10-1 compara o KANBAN/JIT com a abordagem de progra- mação de suprimento para estoque. Lembre, são alterna- tivas, não sendo uma necessariamente melhor do que a outra. Observação Por operarem com níveis mínimos de estoque e pou- cos fornecedores, é grande o risco apresentado, pelos sistemas just-in-time, de interrupções na cadeia de su- primentos. A Toyota chegou a enfrentar a ameaça de precisar fechar 20 de suas fábricas de automóveis quando um incêndio destruiu a principal fonte de abastecimento de uma válvula fundamental de freio, de $ 5. No entanto, cinco dias depois do incêndio, as fábricas estavam novamente em produção. A chave dessa conquista foi a “família” de fornecedores de pe- ças da Toyota. Em um equivalente corporativo dos métodos de cultivo de cereais da seita Amish – em que todos trabalham para um, e vice-versa –, os forne- cedores e as empresas locais se lançaram ao socorro do gigante industrial. Assim, horas depois do incên- dio, já estavam obtendo os desenhos da válvula, im- provisando sistemas de ferramentas e instalando li- nhas provisórias de produção. Trinta e seis fornecedo- res, ajudados por mais de 150 outros subcontratados, instalaram cerca de 50 linhas separadas de produção de pequenos lotes da válvula de freio. A rápida recu- peração é atribuída à força do grupo, que deu conta do problema sem pensar em ganhar dinheiro ou em even- tuais contratos.4 Planejamento de Necessidades Em meados da década de 1970, o planejamento de ne- cessidades, algo que já se fazia havia muitos anos, foi formalizado como o planejamento de necessidades ma- teriais (MRP – materials requirements planning). Em- bora o MRP tenha a ver com a programação de supri- mentos, sua base lógica é diferente daquela do KAN- BAN. Trata-se de um método usado principalmente pa- ra programar peças especiais de alto valor, materiais e suprimentos cuja demanda seja razoavelmente conheci- da. O objetivo do MRP, do ponto de vista logístico, é evitar, tanto quanto possível, conservar itens como esses em estoque. Teoricamente, não é necessário criar esto- ques quando o montante e as necessidades dos produtos acabados são conhecidos. Levando-se em conta o prazo de entrega, a necessidade de peças, materiais e supri- mentos, as necessidades de produto acabado podem ser supridas no momento em que se manifestam. O mo- mento exato dos fluxos de materiais para suprir as ne- cessidades da produção é o princípio que constitui a ba- se do planejamento das necessidades materiais. 4 Valerie Reitman, “Toyota’s Fast Rebound After Fire at Supplier Shows Why It Is Tough”, Wall Street Journal, May 8, 1997, A1. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 346 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 347 T A B E L A 1 0- 1 U m a co m pa ra çã o en tr e as fi lo so fi as d e pr og ra m aç ão d e su pr im en to s K A N B A N /J IT e d e su pr im en to p ar a es to qu e F at or es P ro gr am aç ão K A N B A N /J IT P ro gr am aç ão d e su pr im en to p ar a es to qu e E st oq ue U m a fr aq ue za . T od os o s es fo rç os n ec es sá ri os p ar a el im in á- lo s U m a tiv o. P ro po rc io na p ro te çã o co nt ra e rr os d e pr ev is ão , de ve m s er e m pr ee nd id os . pr ob le m as c om e qu ip am en to e a tras os n as e nt re ga s do s ve nd ed or es . Q ua nt o m ai or o e st oq ue , m ai or a “ se gu ra nç a” . Ta m an ho s de lo te s, A te nd e ap en as à s ne ce ss id ad es im ed ia ta s. U m a qu an tid ad e m ín im a Q ua nt id ad es d et er m in ad as p or e co no m ia s de e sc al a ou a qu an tid ad es d e co m pr as de r ep os iç ão é n ec es sá ri a ta nt o pa ra b en s m an uf at ur ad os q ua nt o pa rt ir d a fó rm ul a E O Q . N en hu m a te nt at iv a é re al iz ad a vi sa nd o co m pr ad os , s en do , p or ém , d et er m in ad a a pa rt ir d a fó rm ul a E O Q . a al te ra r os c us to s de p la ne ja m en to p ar a qu an tid ad es m en or es de p ro du çã o ou c om pr a. Pr ep ar aç õe s Sã o co ns id er ad as in si gn if ic an te . I st o ex ig e ou p re pa ra çõ es e xt re m am en te Pr io ri da de s ec un dá ri a. M ax im iz ar a p ro du çã o é a m et a rá pi da s pa ra m in im iz ar o im pa ct o na s op er aç õe s, o u di sp on ib ili da de m ai s co m um , e p or is so o s cu st os d e pr ep ar aç ão s e to rn am de m áq ui na s ad ic io na is . A s pr ep ar aç õe s rá pi da s fa ze m pr eo cu pa çã o se cu nd ár ia . co m q ue ta m an ho s de lo te s pe qu en os s e to rn em p rá tic os , e p er m ite a el ab or aç ão d e um a am pl a va ri ed ad e de p eç as . E st oq ue s de p ro du to E lim in á- lo s. Q ua nd o é pe qu en a a ac um ul aç ão d e es to qu e en tr e U m in ve st im en to n ec es sá ri o. A a cu m ul aç ão d e es to qu es em p ro ce ss o pr oc es so s, a n ec es si da de d e id en tif ic ar e r es ol ve r pr ob le m as en tr e pr oc es sa m en to s pe rm ite o s eg ui m en to d e op er aç õe s su rg e m ai s ce do . be m -s uc ed id as n a ev en tu al id ad e de u m p ro bl em a co m a o pe ra - çã o de a ba st ec im en to . A lé m d is so , a o pr op or ci on ar u m a se le çã o de e m pr eg os , a g er ên ci a da f áb ri ca te m g ra nd e op or tu ni da de d e co m pa ra r ha bi lid ad es d e op er ad or es e c ap ac id ad e de m aq ui ná - ri o, e d e co m bi na r as c on fi gu ra çõ es d e m an ei ra a c on tr ib ui r pa - ra a e fi ci ên ci a da o pe ra çã o. Fo rn ec ed or es Sã o co ns id er ad os c ol eg as d e tr ab al ho . O f or ne ce do r se e nc ar re ga d e U m r el ac io na m en to e st ri ta m en te p ro fi ss io na l é m an tid o. M úl ti- ve ri fi ca r e su pr ir a s ne ce ss id ad es d os c lie nt es , e o s cl ie nt es tr at am o s pl as f on te s sã o a re gr a ge ra l, se nd o no rm al jo ga r un s co nt ra o s fo rn ec ed or es c om o um a ex te ns ão d e su as p ró pr ia s em pr es as . P ou co s ou tr os a fi m d e ob te r os m el ho re s pr eç os . sã o us ad os , m as o r is co d e in te rr up çõ es n o su pr im en to p od e au m en ta r. Q ua lid ad e A m et a é a el im in aç ão d e de fe ito s. Q ua nd o a qu al id ad e nã o é 10 0% , A lg un s de fe ito s sã o to le rá ve is a fi m d e qu e se m an te nh am pr od uç ão e d is tr ib ui çã o en tr am e m c ri se . os p ro du to s fl ui nd o e ta m bé m p ar a ev ita r cu st os e xc es si vo s na bu sc a de u m a ltí ss im o ní ve l d e qu al id ad e. M an ut en çã o M an ut en çã o pr ev en tiv a, o u ca pa ci da de e xc es si va , é a r eg ra . A in te r- N a m ed id a da s ne ce ss id ad es . N ão é f un da m en ta l, em v is ta d a do s eq ui pa m en to s ru pç ão d os p ro ce ss os tr an st or na a s eq üê nc ia d e op er aç õe s qu an do re se rv a de e st oq ue s. nã o se c on ta c om e st oq ue p ar a fu nc io na r co m o ba rr ei ra . Te m po s de r ep os iç ão D ev em s er e xí gu os . I ss o m el ho ra o s te m po s de r ea çã o ao lo ng o do Te m po s de r ep os iç ão lo ng os n ão c on st itu em p ro bl em a, u m a ve z ca na l d e su pr im en to s/ di st ri bu iç ão e r ed uz a s in ce rt ez as e a n ec es - qu e po de m s er c om pe ns ad os p or e st oq ue s ad ic io na is . si da de d e es to qu es d e se gu ra nç a. _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 347 348 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE O MRP é uma importante alternativa de progra- mação em relação à filosofia de programação de su- primento para estoque. A não ser quanto à forma de utilização dos procedimentos estatísticos de controle de estoques no KANBAN, eles não funcionam tão bem no canal físico de suprimentos quanto no canal físico de distribuição. Isso porque as suposições em que se baseia o controle estatístico de estoques não se confirmam seguidamente. Isto é, a demanda não é re- gular, aleatória, independente e não-enviezada. Ao contrário, os padrões de demanda de peças, materiais e suprimentos que compõem os produtos acabados são dependentes da demanda desses produtos. Padrões de demanda dependente surgem do conhe- cimento de que um número predeterminado de peças, materiais e suprimentos, tal como especificado na conta dos materiais, está presente no produto acabado. Por- tanto, os padrões de demanda desses materiais de pro- dução são irregulares. Se fossem usados procedimentos estatísticos de controle de estoques para determinar ní- veis de estoque, esses níveis seriam inaceitavelmente elevados em função da alta variância dos padrões irre- gulares da demanda. Essa irregularidade na demanda também pode ter como causa a aplicação de políticas padronizadas de es- tocagem em múltiplos níveis do canal de distribuição de suprimentos. Para ter-se uma idéia a respeito, veja-se a Figura 10-3. Um produto acabado é estocado em um de- pósito regional e submetido ao controle de ponto de pe- dido. O resultado dessa política é o envio intermitente de pedidos de reposição aos estoques da fábrica. Se so- mente alguns depósitos estão sendo reabastecidos a par- FIGURA 10-3 Demanda irregular de um componente quando o pro- duto acabado é controlado pelo ponto de pedido. ? ? ? ? ? 0 ? ? ? 0 ? ? ? ? ? ? ? 0 N ív el N ív el N ív el Tempo Tempo Tempo Ponto de pedido Ponto de pedido Ponto de pedido Colocação de pedido Liberação do pedido de produção Liberação da ordem de compra (a) Estoque de campo (produto acabado no armazém) (b) Estoque da fábrica (produto acabado na fábrica) (c) Estoque de componentes (estoque de suprimentos na fábrica) _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 348 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 349 tir dos estoques da fábrica, ou quando pedidos de vários armazéns surgem simultaneamente, o resultado é um padrão de disponibilidade de estoque em degrau, como mostrado na Figura 10-3(b). Em conseqüência, o esto- que de suprimentos de um componente do produto final precisa ser ainda maior para satisfazer as necessidades da produção resultantes do reabastecimento dos esto- ques de produto final da fábrica [ver a Figura 10-3(c)]. Devido às intermitentes reduções do estoque de compo- nentes, é preciso manter altos níveis de estoques, mes- mo quando desnecessários. Havendo a possibilidade, ainda que precária, de previsão da reduçãodo nível dos estoques, torna-se possível postergar as encomendas pa- ra pouco tempo antes dessa redução, o que se traduzirá em uma boa economia a partir da queda dos custos de manutenção dos estoques. Mecânicas do MRP Não faz muito tempo que a metodologia do planeja- mento das necessidades dos materiais se tornou um pro- cedimento formal e computadorizado, mesmo sendo o conceito do planejamento das necesidades aplicado na prática há longos anos. Essa metodologia pode ser des- crita como ... um método mecânico formal de programação de suprimentos no qual o momento das compras ou saí- da da produção é sincronizado a fim de satisfazer as necessidades operacionais período a período ao com- pensar a requisição de suprimentos de acordo com a duração do tempo de reposição. O MRP é igualmente entendido como um planeja- mento de reabastecimento distribuido no tempo. Muitos fornecedores de softwares de computador (por exemplo, SAP) contam agora com programas facilmente instalá- veis em ambientes de produção a fim de coordenar a matemática de MRP indispensável para milhares de itens. A fim de ilustrar os conceitos básicos do método, analise um exemplo simplificado. Exemplo A Colonial Clocks fabrica e distribui, por catálogo, uma linha de reproduções de autênticos relógios mecânicos. Dois estilos, M21 e K36, usam o mes- mo mecanismo de relógio, o R1063. Como esse mecanismo se desgasta ou é facilmente danificado quando em uso, há uma demanda independente de 100 peças por semana. A Colonial monta o M21 e o K36 em quantidades mínimas, mas o mecanismo do relógio é comprado de outro fornecedor de acor- do com uma quantidade mínima. A demanda esti- mada do M21 e K36 nas próximas oito semanas é detalhada a seguir. Semanas a partir de agora M21 K36 1 200 100 2 200 150 3 200 120 4 200 150 5 200 100 6 200 90 7 200 110 8 200 120 A seguir, outras informações vitais sobre cada um dos itens: RELÓGIO ESTILO M21 Quantidade mínima de lote de produção = 600 unidades Tempo de fabricação do lote de produção = 1 semana Estoque disponível = 500 unidades Recebimento programado = 600 unidades no 2º período RELÓGIO ESTILO K36 Quantidade mínima de lote de produção = 350 unidades Tempo de fabricação do lote de produção = 2 semanas Estoque disponível = 400 unidades Recebimento programado = 0 MECANISMO DE RELÓGIO R1063 Quantidade mínima da ordem de compra = 1.000 unidades Prazo de entrega da compra = 2 semanas Estoque de segurança = 200 unidades a serem mantidas Estoque disponível = 900 unidades Demanda de peças de reposição = 100 unidades por semana A questão fundamental para a Colonial, a partir desses dados é: Quando e em que quantidades liberar as ordens de compra junto aos fornecedores? A metodologia MRP começa com uma árvore de estrutura de produtos (lista de materiais) que define as relações quantitativas entre os componentes e o produto acabado, tal como consta na Figura 10-4. Considerando apenas um componente (o mecanismo do relógio), sua demanda dependente vem da produ- ção dos dois modelos de relógio mais as necessida- _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 349 350 PARTE IV • ESTRATÉGIA DE ESTOQUE des das partes de reposição. Assim, sabendo-se quan- do e em que quantidade cada modelo será produzido, é viável desenvolver um programa para a compra dos mecanismos do relógio. A fim de organizar esses eventos no tempo e para manter o controle da chega- da dos materiais disponíveis e das necessidades de materiais que devem ser supridas, usa-se um mapa básico, como aquele na Figura 10-5(a). As necessida- des projetadas para o relógio K36 são mostradas em seus respectivos “pacotes de tempo” semanais (inter- valos de tempo, como uma semana ou mês). O esto- que atualmente disponível desses relógios é também anotado. A fim de suprir essas necessidades do produto acabado, é preciso desenvolver um programa estabele- cendo quando a produção deveria começar e quando e em que quantidade deveriam estar disponíveis os me- canismos de relógio. Para concretizar isto, comece com a semana 1 e deduza as necessidades da semana 1 do estoque disponível em mãos. Registre a quantidade disponível, como mostrado na Figura 10-5(b). Este procedimento é repetido para cada semana subseqüen- te até a quantidade disponível se tornar inferior a zero. A essa altura, um recebimento programado de relógios K36 acabados torna-se necessário. Como um prazo de entrega de duas semanas é indispensável para a produ- ção, os mecanismos de relógio devem estar à disposi- ção da produção duas semanas antes do recebimento programado. A produção determina a quantidade de lotes e seus tamanhos. O recebimento programado agrega-se à quantidade disponível de tal forma que um estoque suficiente para satisfazer a demanda esteja disponível. A diminuição das quantidades disponíveis continua até a sétima semana, para quando deve ser programado outro recebimento. E assim o processo continua até o fim do horizonte do planejamento. RELÓGIO ESTILO K36 Quantidade Mínima de lote de produção = 350 unidades Tempo de fabricação do lote de produção = 2 semanas Estoque disponível = 400 unidades Recebimentos planejados = 0 unidades A seguir, repete-se o procedimento para o relógio estilo M21, como mostrado na Figura 10-6. As princi- pais diferenças são a previsão de um recebimento an- teriormente estabelecido na segunda semana, e que o prazo de entrega é de uma semana. Com as liberações de produção agora conhecidas para ambos os estilos de relógio, as necessidades brutas do mecanismo do relógio podem ser calculadas para ca- da semana. Ou seja, as liberações para o K36 e o M21 são somadas nas semanas correspondentes aos pacotes de tempo das necessidades brutas do R1063. A essas são acrescidas a demanda de peças de reposição. Uma vez estabelecidas as projetadas exigências brutas, as compu- tações para determinar quando e quantos mecanismos de relógio deverão ser comprados prosseguem da mes- ma forma que nos casos do K36 e do M21. O resultado é a colocação de uma ordem de compra de 1.000 unida- des de mecanismos nas semanas 2 e 3 (Figura 10-7). RELÓGIO ESTILO M21 Quantidade mínima do lote de produção = 600 unidades FIGURA 10-4 Árvore da estrutura do produto e relações de quantidades para relógios da colonial. Relógio estilo K36 Relógio estilo M21 Necessidades de peças de reposição Mecanismo do relógio R1063 Fornecedor Muitos clientes _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 350 CAPÍTULO 10 • DECISÕES DE COMPRAS E DE PROGRAMAÇÃO DOS SUPRIMENTOS 351 Tempo de fabricação do lote de produção = 1 semana Estoque disponível = 500 unidades Recebimento programado = 600 unidades no período 2 FIGURA 10-5 Cálculos para determinar as liberações planejadas de produção do Relógio Estilo K36. ? ? ? ? ? 400 1 100 2 150 3 120 4 150 5 100 6 90 7 110 8 120 ? ? ? ? ? 400 1 100 2 150 3 120 4 150 5 100 6 90 7 110 8 120 ? 350 300 150 30 230 130 40 280 160 350 350 ? Semana Exigências brutas projetadas do relógio Recepções programadas Quantidade disponível Liberações planejadas de produção Exigências brutas projetadas do relógio Recepções programadas Quantidade disponível Liberações planejadas de produção Semana (b) Formulário completo do MRP (a) Formulário inicial do MRP FIGURA 10-6 Cálculos para determinar as liberações planejadas do relógio es- tilo M21. ? ? ? ? 500 1 200 2 200 3 200 4 200 5 200 6 200 7 200 8 200 ? 300 600 600 700 500 300 100 500 300 100 600 Exigências brutas projetadas do relógio Recepções programadas Quantidade disponível Liberações planejadas de produção Semana _Ballou/Ronald_10 18.09.06 13:18 Page 351