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1. PRINCIPIOS BÁSICOS DA DESTILAÇÃO Como visto atras, o Petróleo Bruto não é apenas uma composição química simples, mas sim uma mistura de diferentes compostos químicos. Para termos uma melhor perceção do comportamento das suas características precisamos de aquece-lo. Se aquecermos o Petróleo Bruto e elevarmos a sua temperatura, até começar a ebulir (ferver), mantendo fixa esta temperatura, logo verificamos que uma parte deste vaporiza e a outra parte não (mantendo-se inalterada). Se aquecermos certa quantidade de água até a temperatura de 212ºF (100ºC) e mantivermos esta temperatura, por algum tempo, o quê que acontece? Figura 1: Água a ferver Se colocarmos um termómetro dentro do recipiente, observamos que a temperatura da ultima gota antes de toda água evaporar mantem-se a mesma ou seja 212ºF (100ºC), isto acontece porque todos os componentes químicos da água a pressão atmosférica entram em ebulição a exatamente esta temperatura nem mais, nem menos 1ºC. 1.1. COMO ENTENDER AS CURVAS DE DESTILAÇÃO? Diferente da água, o Petróleo Bruto não é uma composição química simples, mas sim milhares, e algumas vezes centenas de milhares de componentes diferentes. Alguns componentes são simples (CH4) e outros mais complexos (C35H50). Temos com isso formada a base para começar a compreender de forma simples, o que são curvas de destilação. Ao colocarmos num recipiente certa quantidade de Petróleo Bruto, e aquecermo-lo, observamos que ao atingir a temperatura de 150ºF (65,6ºC) o petróleo começa a ebulir (figura 2). Se mantivermos esta temperatura, depois de algum tempo o petróleo deixa de ebulir. Figura 2: Petróleo Bruto em Ebulição Se no segundo recipiente aumentamos a temperatura para 450ºF (232ºC), verificamos que o Petróleo Bruto começa a ebulir novamente, pelo que depois de algum tempo deixa de ebulir. Repetindo esta pratica varias vezes, verificamos que a determinada altura o Petróleo Bruto acaba. O quê que aconteceu? O que acontece é que os componentes que entram em ebulição a temperaturas entre 150ºF e 450ºF vaporizam e assim sucessivamente. Esta vaporização sucessiva, leva-nos a compreensão do que é uma Curva de Destilação, ou seja, uma relação entre uma escala de temperatura e outra escala representando as varias percentagens que evaporam, tal como o ilustrado no gráfico 1 : Gráfico 1: curva de destilação de um petróleo bruto. Cada tipo de Petróleo Bruto tem uma única Curva de Destilação que nos ajuda a caracterizar que tipo de hidrocarbonetos estão presentes no mesmo. Geralmente componentes com mais átomos de carbono, têm uma temperatura de ebulição mais elevada como se vê no quadro abaixo: COMPONENTE FÓRMULA TEMPERATURA DE EBULIÇÃO (ºC) DENSIDADE (Kg/m3) Propano C3H8 -42 503,27 Butano C4H10 -0,56 587,15 Decano C10H22 173,9 730,94 Cetano C16H34 287,2 778,87 Tabela 1: Temperatura de ebulição para alguns hidrocarbonetos. 1.2. FRACÇÕES Para especificar melhor as características do Petróleo Bruto, achou-se conveniente agrupar certos compostos em grupos chamados de fracções. Fracções ou cortes é a designação genérica de todos os componentes que entram em ebulição entre duas determinadas temperaturas, chamado de ponto de corte (cut point). Os pontos de corte (cut point) usados para descrever as fracções do petróleo bruto são: TEMPERATURAS FRACÇÕES Inferior a 90ºF (32ºC) Butanos e mais leves 90ºF (32ºC) - 220ºF (104ºC) Nafta Leve 220ºF (104ºC) - 315 ºF (157ºC) Nafta Pesada 315 ºF (157ºC) - 450ºF (232ºC) Querosene 450ºF (232ºC) - 800ºF (426ºC) Gasóleo 800ºF (426ºC) e Superior Resíduo Tabela 2: Típicos cut points do petróleo bruto. É importante notar que a composição dos Petróleos Brutos varia amplamente. Os petróleos mais leves têm a tendência de ter maior quantidade de nafta e querosene, enquanto os mais pesados mais gasóleo e resíduo. Basta observar a relação entre o peso dos compostos e a temperatura em que eles entram em ebulição. Geralmente quanto maior for a quantidade dos átomos de carbono na composição, mais pesado (denso) também é a composição e por sua vez mais elevada a temperatura de ebulição. O inverso ou seja (menor quantidade de átomos de carbono na composição), mais baixo também serão os pontos de cortes (cut points). Gráfico 2: Anatomia da curva de destilação 1.3. CORTES DO PETRÓLEO BRUTO Sabendo que o querosene tem o seu ponto de ebulição entre 315ºF e 450ºF, analisemos as duas curvas dos Petróleos Brutos representados no gráfico abaixo conseguimos verificar qual dos dois tem maior quantidade de querosene (o maior corte de querosene): Gráfico 3: Fracção de querosene de dois petróleos brutos diferentes. A) Para o Petróleo Bruto mais pesado a curva que começa mais alta porque tem muito poucos componentes leves na sua composição. O valor de 26% representa a quantidade total que terá ebulido antes do querosene começar a entrar em ebulição a temperatura de 315ºF. B) Ao atingir a temperatura de 450ºF interceptamos a mesma curva com cerca de 42% no eixo horizontal, que representa a quantidade total de querosene que evaporou quando o querosene parou de ebulir. C) Calculamos assim o volume percentual cumulativo, apartir do ponto de ebulição inicial (IBP) e o ponto final (EP) : 42% - 26% = 16% O que quer dizer que o Petróleo Bruto mais pesado tem 16% de querosene. D) Utilizando o mesmo procedimento verificamos que o Petróleo Bruto mais leve tem cerca de 18%. 66,5% - 48,5% = 18% Em termos de negócio e dependendo do objetivo das refinarias, se tiverem o objetivo de produzir o máximo de querosene possível, podem preferir comprar o petróleo mais leve do que o mais pesado. Gráfico 4: Curva de Destilação de diferentes petróleos brutos No gráfico acima estão representadas Curvas de Destilação de cinco Petróleos Brutos diferentes. Alguns deles tem mais fracções leves e outros mais pesadas. Todos têm preços diferentes. É importante notar que cada refinaria tem objetivos diferentes de processo, maximizando a extração de determinado corte de acordo ao seu objetivo. EXERCÍCIO Desenhe a curva de destilação para os seguintes petróleos brutos (no mesmo gráfico) e diga qual é a quantidade de nafta (220ºF – 315ºF) que existe em cada um deles? Temperaturas (ºF) Oklahoma Sweet (%Vol.) Califórnia Heavy (%Vol.) Inferior a 113ºF 5,1 - 113ºF a 220ºF 9,2 - 220ºF a 260ºF 4 - 260ºF a 315ºF 5,7 4,2 315ºF a 390ºF 9,3 5,1 390ºF a 450ºF 5,4 4,8 450ºF a 500ºF 5,8 8,5 500ºF a 550ºF 4,7 7,9 550ºF a 650ºF 10,8 8,1 650ºF a 750ºF 8,6 14,8 750ºF a 900ºF 13,5 15,1 900ºF a 1000ºF 5,9 13,4 Acima de 1000ºF 12 18,1
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