Buscar

Campos de investigação do conhecimento filosófico 1_ razão, verdade, ciência


Continue navegando


Prévia do material em texto

Campos de investigação do conhecimento
�losó�co 1: razão, verdade, ciência
Filoso�a e História da Educação
1. Introdução
“A capacidade de nos surpreendermos é a única coisa de que precisamos para nos tornarmos
bons filósofos [...]”.
Atualmente, a filosofia envolve a investigação, argumentação, análise, discussão, formação e
reflexão de ideias sobre o mundo, homem e o ser.
A filosofia surge da inquietação em compreender e questionar valores e interpretações da realidade
aceita pelo senso comum.
Ao estudarmos filosofia, estaremos diante de perguntas que, em maior ou menor grau, nos
inquietam. Como costumo dizer, nem todas as perguntas têm status filosóficas: perguntas
cotidianas respondidas prontamente não recebem tal caracterização, o que, muitas vezes, pode nos
induzir a um erro crasso em acreditarmos que, para ser filosofia, tais perguntas e respostas têm que
estar dentro de padrões do conhecimento científico. Entretanto, isso é uma discussão para outra
hora. Sigamos em frente.
Filósofos.
https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/03/aula_filhis_top07_img-2-768x514.jpeg
De maneira didática, podemos dividir a Filosofia em cinco campos. Faremos um resumo para que
você possa perceber, com maior facilidade, esta divisão didática, ok?! Vamos lá!
A primeira a ser citada é a Estética, considerada parte da Filosofia responsável pelas discussões
sobre arte, sobre o belo (e, seu extremo oposto, o feio) e temas que versem sobre tais assuntos.
Perguntas correntes no campo: O que é arte? É possível uma neutralidade que julgue as obras? O
belo é mutável ou permanece, ad eternum? E o feio? Como quantificar o belo e o feio? (VÁGERA,
2009).
Em segundo momento, temos a contribuição da Epistemologia, parte da filosofia que se preocupa
com reflexões a respeito do conhecimento e do alcance que esse mesmo conhecimento pode atingir.
As questões mais pertinentes à Epistemologia são: Podemos conhecer tudo? Qual a objetividade de
uma teoria científica? Há muitas outras, mas ficaremos apenas com essas duas por enquanto.
A seguir, a famosa Lógica, responsável pelo estudo de argumentos e o bom encadeamento dos
mesmos. A lógica é indispensável para a articulação argumentativa! Com ela, criamos situações que
podem ou não ser verdadeiras, tais como:
Parece muito lógico, não é?! Mas, aí, vem os questionamentos: quem é Vinícius no dia a dia? Um
homem dotado de faculdades mentais consideradas normais? Vinícius tem cérebro ou é acéfalo?
Entende, agora, a importância do questionamento lógico?
Estética na pintura.
Todo homem é um ser racional. (premissa maior)
Vinícius é homem. (premissa menor)
Logo, Vinícius é um ser racional. (conclusão lógica)
https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/03/aula_filhis_top07_img-1.png
Já a Metafísica, outra divisão da Filosofia, é uma área do conhecimento que estuda os princípios da
realidade para além das ciências tradicionais (Física, Química, Biologia, Psicologia, etc.). A
metafísica busca, também, explicações sobre a essência dos seres e as razões de estarmos no
mundo. é uma palavra originária do Grego (“μετα [meta]” = depois de/além de e “Φυσις [physis]” =
natureza ou físico) (BRAINLY, 2019).
E, como última divisão, citamos a Ética, responsável pelo estudo do comportamento humano, bem
como pela investigação do bem agir e de temas afins. Didaticamente, aproximaremos a política da
ética, na medida em que a política mostra-se uma arte visando atingir um bem Perguntas que
surgem com a ética são: O que é uma boa ação? O que é corrupção?
E, para terminar esta introdução, citarei o famoso filósofo austríaco Wittgenstein (2000):
“O aprendizado da linguagem reposiciona o papel de nossa imaginação na construção da
significação. Todo uso que damos aos signos pode ser repensado, não existe forma fixa, mas
sim, temporária e condicional de uso. Assim, identificará a doença que a Terapia Filosófica
pretende tratar. O filósofo trata uma questão como uma doença”.
2. A Razão
Na sociedade ocidental, a palavra razão origina-se de duas fontes: a palavra latina ratio e a palavra
grega logos. Essas duas palavras são substantivos derivados de dois verbos que têm um sentido
muito parecido em latim e em grego. Logos vem do verbo legein, que quer dizer: contar, reunir,
juntar, calcular. Ratio vem do verbo reor, que quer dizer: contar, reunir, medir, juntar, separar,
calcular.
Que fazemos quando medimos, juntamos, separamos, contamos e calculamos?
Pensamos de modo ordenado. E de que meios usamos para essas ações? Usamos palavras (mesmo
quando usamos números estamos usando palavras, sobretudo os gregos e os romanos, que usavam
letras para indicar números).
Por isso, logos, ratio ou razão significam pensar e falar ordenadamente, com medida e proporção,
com clareza e de modo compreensível para outros. Assim, na origem, razão é a capacidade
intelectual para pensar e exprimir-se correta e claramente, para pensar e dizer as coisas tais como
são. A razão é uma maneira de organizar a realidade pela qual esta se torna compreensível. É,
também, a confiança de que podemos ordenar e organizar as coisas porque são organizáveis,
ordenáveis, compreensíveis nelas mesmas e por elas mesmas, isto é, as próprias coisas são
racionais (MATOS, 2015).
Em nossa vida cotidiana, usamos a palavra RAZÃO em muitos sentidos. Dizemos, por exemplo, “eu
estou com a razão”, ou “ele não tem razão”, para significar nos sentirmos seguros de alguma coisa
ou sabermos com certeza sobre algo.
Também dizemos que, num momento de fúria ou de desespero, “alguém perde a razão”, como se ela
fosse algo que se pode ter ou não ter, possuir e perder, ou recuperar, como na frase: “Agora ela está
lúcida, recuperou a razão”.
Falamos, também, frases como: “Se você me disser suas razões, sou capaz de fazer o que você me
pede”, querendo dizer, com isso, que queremos ouvir os motivos que alguém tem para querer ou
fazer alguma coisa. Fazemos perguntas como: “Qual a razão disso?”, querendo saber qual a causa
de alguma coisa e, nesse caso, a razão parece ser alguma propriedade que as próprias coisas teriam,
já que teriam uma causa.
Assim, usamos “razão” para nos referirmos a “motivos” de alguém, e também, para nos referirmos a
“causas” de alguma coisa, de modo que tanto nós quanto as coisas parecemos dotados de “razão”,
mas em sentido diferente.
Esses poucos exemplos já nos mostram quantos sentidos diferentes a palavra razão possui: certeza,
lucidez, motivo, causa. E todos esses sentidos encontram-se presentes na Filosofia. Todos esses
sentidos constituem a nossa ideia de razão. Nós a consideramos a consciência moral que observa as
paixões, orienta a vontade e oferece finalidades éticas para a ação.
Segundo Chauí (2009), nós a vemos como atividade intelectual de conhecimento da realidade
natural, social, psicológica, histórica. Nós a concebemos segundo o ideal da clareza, da ordenação e
do rigor e precisão dos pensamentos e das palavras.
Para muitos filósofos, porém, a razão não é apenas a capacidade moral e intelectual dos seres
humanos, mas também, uma propriedade ou qualidade primordial das próprias coisas, existindo na
própria realidade. Para esses filósofos, nossa razão pode conhecer a realidade (Natureza, sociedade,
História) porque ela é racional em si mesma.
Fala-se, portanto, em razão objetiva (a realidade é racional em si mesma) e em razão
subjetiva (a razão é uma capacidade intelectual e moral dos seres humanos).
A razão objetiva é a afirmação de que o objeto do conhecimento ou a realidade é racional; a razão
subjetiva é a afirmação de que o sujeito do conhecimento e da ação é racional. Para muitos
filósofos, a Filosofia é o momento do encontro, do acordo e da harmonia entre as duas razões ou
A Razão.
https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/03/aula_filhis_top07_img-2.png
racionalidades (CHAUÍ, 2009).
Desde o começo da Filosofia, a origem da palavra razão fez com que ela fosse considerada oposta a
quatro outras atitudes mentais.
A primeira se refere ao conhecimento ilusório, ao conhecimentoda mera aparência das coisas que
não alcançam a realidade ou a verdade delas; para a razão, a ilusão provém de nossos costumes, de
nossos preconceitos, da aceitação imediata das coisas, tais como aparecem e tais como parecem ser.
As ilusões criam as opiniões que variam de pessoa para pessoa e de sociedade para sociedade. A
razão se opõe à mera opinião.
A segunda atitude refere-se às emoções, aos sentimentos, às paixões, que são cegas, caóticas,
desordenadas, contrárias umas às outras, ora dizendo “sim” a alguma coisa, ora dizendo “não” a
essa mesma coisa, como se não soubéssemos o que queremos e o que as coisas são. A razão é vista
como atividade ou ação (intelectual e da vontade) oposta à paixão ou à passividade emocional.
Uma terceira oposição trata-se da crença religiosa, pois, nesta, a verdade nos é dada pela fé numa
revelação divina, não dependendo do trabalho de conhecimento realizado pela nossa inteligência ou
pelo nosso intelecto. A razão é oposta à revelação e, por isso, os filósofos cristãos distinguem a luz
natural - a razão - da luz sobrenatural – a revelação.
E a quarta e última diz respeito ao êxtase místico, no qual o espírito mergulha nas profundezas do
divino e participa dele, sem qualquer intervenção do intelecto ou da inteligência, nem da vontade.
Pelo contrário, o êxtase místico exige um estado de abandono, de rompimento com a atividade
intelectual e com a vontade, um rompimento com o estado consciente, para entregar-se à fruição do
abismo infinito. A razão ou consciência se opõe à inconsciência do êxtase. (MATOS, 2015).
2.1. A Função Racional
Para que possamos entender melhor os conceitos de RAZÃO, é necessário distinguir duas grandes
modalidades da atividade racional, realizadas pela razão subjetiva ou pelo sujeito do conhecimento:
a intuição (ou razão intuitiva) e o raciocínio (ou razão discursiva).
Chauí (2009) relata que a atividade racional discursiva, como a própria palavra indica, discorre,
percorre uma realidade ou um objeto para chegar a conhecê-lo, isto é, realiza vários atos de
conhecimento até conseguir captá-lo. A razão discursiva ou o pensamento discursivo chega
ao objeto, passando por etapas sucessivas de conhecimento, realizando esforços sucessivos de
aproximação para chegar ao conceito ou à definição do objeto.
A razão intuitiva ou intuição, ao contrário, consiste num único ato do espírito que, de uma só
vez, capta por inteiro e completamente o objeto. Em latim, intuitos significa ver. A intuição é uma
visão direta e imediata do objeto do conhecimento, sem a necessidade de provas ou demonstrações
para saber o que conhece.
Vamos explorar mais sobre o tema da Intuição.
Um conceito básico de intuição vista de maneira filosófica pode ser encontrado no Dicionário
básico de Filosofia:
“Intuição: (lat. Intuitio: ato de contemplar). Forma de contato direto ou imediato da mente
com o real, capaz de captar sua essência de modo evidente, mas não necessitando de
demonstração”. De certo modo, este conceito se mostra bem mais específico ao conhecimento
racional da realidade na sua essência, mesmo que de forma imediata. Para entendermos
melhor como isto se dá, adentremo-nos no pensamento dos filósofos supracitados para vermos
a contribuição de cada um neste âmbito“.
Na filosofia, mais especificamente nos trabalhos dos filósofos ligados à Teoria do Conhecimento, a
intuição tem um visível papel de destaque. Isto porque ela é peça fundamental para entender o
processo de produção do conhecimento humano. Grandes filósofos como René Descartes dá este
lugar de destaque para a intuição nas suas teses a respeito do conhecimento com um significado
não tão diferente destes significados práticos, mas com certeza, são bem mais amplos e assim, mais
abrangentes.
Por intuição, Descartes entende que não é a confiança flutuante que dá os sentidos ou o juízo
enganador de uma imaginação de más construções, mas o conceito que a inteligência pura e atenta
forma com tanta facilidade e distinção que não resta absolutamente nenhuma dúvida sobre aquilo
que compreendemos. Deste modo, cada qual pode ver por intelectual que existe, que pensa, que
um triangulo é limitado só por três linhas, um corpo esférico por uma única superfície.
Descartes foi um filósofo que sempre buscou estabelecer um critério racional para conhecermos as
coisas, totalmente despendido de dúvida. Ele vai buscar este critério racional e chega, inclusive, a
citar as formas pelas quais conhecemos que apresentam dúvida e que, consequentemente, pode nos
induzir ao engano, ao erro, à ilusão. Os sentidos (sensibilidade) seria uma destas formas de
conhecimento que não é segura em sua totalidade, pois em algumas circunstâncias, podemos nos
enganar quanto aos sentidos.
Para ele, a intuição seria uma forma de conhecer as coisas de forma segura. Através desta, podemos
captar de maneira segura e direta através da nossa inteligência (razão) os conhecimentos simples,
que por assim serem, não nos resta qualquer resquício de dúvida quanto a sua validade. Isto porque
a intuição é caracterizada por nos fornecer ideias claras e distintas e uma apreensão da totalidade
do objeto, sem precisarmos de uma devida demonstração, pois tudo isso é dado de forma imediata.
Em outras palavras, conhecemos determinado objeto completamente sem precisarmos de um
aprofundamento para se chegar a sua essência, pois a totalidade da ideia ou do objeto nos é
fornecido no momento em que se dá o contato direto.
René Descartes.
https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/03/aula_filhis_top07_img-3.png
É importante saber que Descartes diferencia a intuição da dedução. Em primeiro lugar, a dedução
também é uma forma segura de se conhecer. Por conseguinte, ela é no tempo posterior à intuição,
pois ela é caracterizada por ser uma concatenação de intuições. Isto é, ela é o produto do
encadeamento de várias intuições e suas relações mantidas entre si. É algo obtido de maneira
inferencial, ou seja, seguido de maneira lógica (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006).
Ainda nesta linha de pensamento, podemos afirmar que a razão intuitiva pode ser de dois tipos:
intuição sensível ou empírica e intuição intelectual.
Segundo Chauí (2009), a intuição sensível ou empírica (do grego, empeiria: experiência sensorial),
é o conhecimento que temos a todo o momento de nossa vida. Assim, com um só olhar ou num só
ato de visão percebemos uma casa, um homem, uma mulher, uma flor, uma mesa. Num só ato, por
exemplo, capto que isto é uma joia: vejo sua cor e suas pedras, sinto a dureza do outro, o brilho do
metal, tenho-a por completo e de uma só vez diante de mim.
A intuição empírica é o conhecimento direto e imediato das qualidades sensíveis do objeto externo:
cores, sabores, odores, paladares, texturas, dimensões, distâncias. É também o conhecimento direto
e imediato de estados internos ou mentais: lembranças, desejos, sentimentos, imagens.
A intuição sensível ou empírica é psicológica e refere-se aos estados do sujeito do conhecimento
enquanto um ser corporal e psíquico individual - sensações, lembranças, imagens, sentimentos,
desejos e percepções são exclusivamente pessoais.
Assim, a marca da intuição empírica é sua dualidade: por um lado, está ligada à singularidade do
objeto intuído (ao “isto” oferecido à sensação e à percepção) e, por outro, está ligada à
singularidade do sujeito que intui (aos “meus” estados psíquicos, às “minhas” experiências). A
intuição empírica não capta o objeto em sua universalidade e a experiência intuitiva não é
transferível para um outro objeto (CHAUÍ, 2009).
Já a intuição intelectual difere da sensível por sua universalidade e necessidade. Quando penso:
“Uma coisa não pode ser e não ser ao mesmo tempo”, sei, sem necessidade de provas ou
demonstrações, que isto é verdade.
Ou seja, tenho conhecimento intuitivo do princípio da contradição. Quando digo:
“O amarelo é diferente do azul”, sei, sem necessidade de provas e demonstrações, que há
diferenças. Vejo, na intuição sensível, a cor amarela e a cor azul, mas vejo, na intuição
intelectual, a diferençaentre cores. Quando afirmo: “O todo é maior do que as partes”, sei, sem
necessidade de provas e demonstrações, que isto é verdade, porque intuo uma forma necessária de
relação entre as coisas.
A intuição intelectual é o conhecimento direto e imediato dos princípios da razão (identidade,
contradição, terceiro excluído, razão suficiente), das relações necessárias entre os seres ou entre as
ideias, da verdade de uma ideia ou de um ser.
Adoro este exemplo:
Logo, podemos perceber que a Filosofia e a razão estão na História e possuem uma história e a
permanência da razão se deve pelo fato de considerarmos que a realidade (natural, social, cultural,
histórica) tem sentido e que este pode ser conhecido, mesmo quando isso implique modificar a
noção de razão e ampliá-la. A razão permanece porque a própria exige que seu trabalho de
conhecimento seja julgado por ela mesma, utilizando-se de critérios, tais como o critério lógico da
coerência interna de um pensamento ou de uma teoria, isto é, a avaliação da compatibilidade e da
incompatibilidade entre os princípios, conceitos, definições e procedimentos empregados e as
conclusões ou resultados obtidos; e, em outra instância, o papel da razão e do conhecimento para a
compreensão das condições em que vivem os seres humanos e para sua manutenção, melhoria ou
transformação.
Quando digo: “Penso, logo existo”, estou simplesmente afirmando racionalmente que sei que sou
um ser pensante ou que existo pensando, sem necessidade de provas e demonstrações. A intuição
capta, num único ato intelectual, a verdade do pensamento pensando em si mesmo.
Quer ler sobre Razão e Filosofia? Acesse este link e complemente seus estudos.
3. A Verdade
Refletir sobre a verdade na filosofia é transcender, de certo modo, as inúmeras pontuações e os
usos que o termo pode assumir na vida comum e até mesmo na atividade científica. Com efeito,
poucos termos podem contar com tamanha e particular apropriação, como o de verdade. É possível
que se veja a importância para o encaminhamento das relações sociais e humanas, até mesmo para
a sobrevivência da espécie. Sem verdade não se vive, seja lá a circunstância em que se está.
Embora se possa, indefinidamente, discutir o que seja verdade nos métodos e nas descobertas das
ciências, é muito certo que ela, ou algo semelhante, deseja-se como resultado, mesmo provisório,
do esforço de pesquisa. Em Filosofia, ao longo de toda sua história de mais de dois milênios,
http://lounge.obviousmag.org/marcelo_vinicius/2013/01/um-ensaio-qualquer-filosofia-arte-e-ciencia-quem-esta-com-a-razao.html
verdade é a palavra-chave dos pontos de vista que transcende a natureza física das coisas, ou mais
conhecido como metafísica; e também, do ponto de vista gnosiológico, ou seja, uma teoria geral do
conhecimento voltada para a reflexão e da veracidade objetivas. Ambos os conceitos, aliás, bastante
interligados (MOSER; MULDER; TROUT, 2004).
O desejo da verdade aparece muito cedo nos seres humanos como desejo de confiar nas coisas e nas
pessoas, isto é, de acreditar que as coisas são exatamente tais como as percebemos e o que as
pessoas nos dizem é digno de confiança e crédito. Ao mesmo tempo, nossa vida cotidiana é feita de
pequenas e grandes decepções e, por isso, desde cedo, vemos as crianças perguntarem aos adultos
se tal ou qual coisa “é de verdade ou é de mentira”.
Quando uma criança ouve uma história, inventa uma brincadeira ou um brinquedo, quando joga, vê
um filme ou uma peça teatral, está sempre atenta para saber se “é de verdade ou de mentira”, está
sempre atenta para a diferença entre o “de mentira” e a mentira propriamente dita, isto é, para a
diferença entre brincar, jogar, fingir e faltar à confiança. Quando uma criança brinca, joga e finge,
está criando um outro mundo, mais rico e mais belo, mais cheio de possibilidades e invenções do
que o mundo onde, de fato, vive. (CHAUÍ, 2009).
Por isso mesmo, a criança é muito sensível à mentira dos adultos, pois a mentira é diferente do “de
mentira”, isto é, a mentira é diferente da imaginação e a criança se sente ferida, magoada,
angustiada quando o adulto lhe diz uma mentira, porque, ao fazê-lo, quebra a relação de confiança
e a segurança infantis.
Quando crianças, estamos sujeitos a duas decepções: a de que os seres, as coisas, os mundos
maravilhosos não existem “de verdade” e a de que os adultos podem dizer-nos falsidades e nos
enganar. Essa dupla decepção pode acarretar dois resultados opostos: ou a criança se recusa a sair
do mundo imaginário e sofre com a realidade como alguma coisa ruim e hostil a ela; ou,
dolorosamente, aceita a distinção, mas também, torna-se muito atenta e desconfiada diante da
palavra dos adultos. Nesse segundo caso, a criança também se coloca na disposição da busca da
verdade.
Nessa busca, a criança pode desejar um mundo melhor e mais belo que aquele em que vive e
encontrar a verdade nas obras de arte, desejando ser artista também. Ou pode desejar saber como e
por que o mundo em que vive é tal como é e se ele poderia ser diferente ou melhor do que é. Nesse
caso, é despertado nela o desejo de conhecimento intelectual e o da ação transformadora.
Segundo Chauí (2009),
“A criança não se decepciona nem se desilude com o “faz-de-conta” porque sabe que é um “faz-
de-conta”. Ela se decepciona ou se desilude quando descobre que querem que acredite como
sendo “de verdade” alguma coisa que ela sabe ou que ela supunha que fosse “de faz-de-conta”,
isto é, decepciona-se e desilude-se quando descobre a mentira”.
Assim, seja na criança, seja nos jovens ou nos adultos, a busca da verdade está sempre ligada a uma
decepção, a uma desilusão, a uma dúvida, a uma perplexidade, a uma insegurança ou, então, a um
espanto e uma admiração diante de algo novo e insólito.
Segundo Hessen (1980), não é suficiente que nossos juízos sejam verdadeiros, precisamos da
certeza de que o são. Nesse aspecto, como distinguimos um juízo verdadeiro de um falso? Assim,
entra a questão do critério de verdade. A ausência de contradição é, com efeito, um critério de
verdade, porém, não é um critério geral válido para todo o conhecimento, mas sim, um critério
válido somente para uma classe determinada de conhecimento, que ele define como a esfera das
ciências formais ou ideais. Mas, esse critério fracassa quando não se trata de objetos ideais, mas de
objetos reais e da consciência.
Verifica-se, assim, a necessidade de procurar outros critérios de verdade. Hessen (op. cit), propõe
que nos detenhamos, antes de tudo, nos dados da consciência. Exemplificando: possuímos uma
certeza imediata do preto que vemos ou da dor que sentimos, isto consiste na presença ou realidade
imediata de um objeto. Dessa maneira, são verdadeiros todos os juízos que assentam em uma
presença ou realidade imediata do objeto pensado.
Assim, “a verdade” pode significar o que é real ou possivelmente real dentro de um sistema de
valores. Esta qualificação implica o imaginário, a realidade e a ficção, questões centrais tanto em
antropologia cultural, artes, filosofia e a própria razão.
A verdade infanto-juvenil e suas várias personas.
4. Ciência
A demarcação das ciências naturais em relação à filosofia foi um processo longo e gradual no
pensamento ocidental. Inicialmente, a investigação da natureza das coisas consistia numa mistura
entre o que hoje seria visto como filosofia (considerações gerais das mais vastas sobre a natureza do
ser e a natureza do nosso acesso cognitivo a ele) e o que hoje seria considerado como próprio das
ciências particulares (a acumulação de fatos da observação e a formulação de hipóteses teóricas
gerais para explica-los). Se olharmos para os fragmentos que nos restam das obras dos filósofos
anteriores a Sócrates, encontraremos não só tentativas importantes e engenhosas para aplicar a
razão a questões metafísicas e epistemológicas vastas, mas também as primeiras teorias físicas,
simples, mas extraordinariamente imaginativas, sobre a natureza da matéria e os seus aspectos
mutáveis (SKLAR, 2010).
Na época da filosofia gregaclássica, já podemos encontrar uma certa separação entre as duas
disciplinas. Nas suas obras metafísicas, Aristóteles faz claramente algo que hoje seria feito por
filósofos; mas em muitas das suas obras de biologia, astronomia e física, encontramos métodos de
investigação que são, hoje, comuns na prática dos cientistas.
https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/03/aula_filhis_top07_img-3.jpeg
Na medida em que as ciências particulares, como a física, a química e a biologia, foram
aumentando em número, canalizando cada vez mais recursos e desenvolvendo metodologias
altamente individualizadas, conseguiram descrever e explicar os aspectos fundamentais do mundo
em que vivemos. Dado o sucesso dos investigadores das ciências específicas particulares, há muito
quem pergunte se ainda restará algo para os filósofos fazerem. Alguns filósofos pensam que existem
áreas de investigação que são radicalmente diferentes das que pertencem às ciências particulares,
como, por exemplo, a investigação sobre a natureza de Deus, sobre o “ser em si” ou sobre qualquer
outra coisa do gênero. Outros filósofos tentaram de várias maneiras encontrar uma área
remanescente de investigação em filosofia que estivesse mais próxima dos desenvolvimentos mais
recentes e sofisticados das ciências naturais.
Segundo uma perspectiva mais antiga, que foi perdendo popularidade ao longo dos séculos sem
nunca desaparecer inteiramente, existe uma maneira de conhecer o mundo que, nos seus
fundamentos, não precisa de depender da investigação observacional ou experimental própria do
método das ciências particulares. Esta perspectiva foi influenciada parcialmente pela existência da
lógica e da matemática puras, cujas verdades firmemente estabelecidas não parecem depender,
para que estejam garantidas, de qualquer base observacional ou experimental.
De acordo com Sklar (2010), de Platão e Aristóteles a Leibniz e aos outros racionalistas, passando
por Kant e pelos idealistas, e mesmo até ao presente, tem persistido a esperança de que, se
fôssemos suficientemente inteligentes e perspicazes, poderíamos estabelecer um corpo de
proposições que descreveriam o mundo e que, no entanto, seriam conhecidas com a mesma certeza
com que dizemos conhecer as verdades da lógica e da matemática. Poderíamos acreditar nessas
proposições independentemente de qualquer apoio indutivo obtido de fatos específicos observados.
Se dispuséssemos de um corpo de conhecimento como esse, não teríamos atingido o objetivo
procurado durante séculos pela disciplina tradicionalmente conhecida por “filosofia”?
Segundo uma perspectiva mais recente, o papel da filosofia não é o de funcionar como fundamento
ou extensão das ciências, mas como sua observadora crítica. A ideia é a de que as disciplinas
científicas particulares usam conceitos e métodos. As relações entre os diversos conceitos, embora
estejam implícitas no seu uso científico, podem não ser explicitamente claras para nós. O papel da
filosofia da ciência seria, assim, o de clarificar essas relações conceituais. Uma vez mais, as ciências
particulares usam métodos específicos para fazer generalizações, a partir de dados da observação,
em direção a hipóteses e teorias. O papel da filosofia, segundo esta perspectiva, é o de descrever os
métodos usados pelas ciências e explorar as bases de justificação desses métodos, isto é, compete à
filosofia mostrar que os métodos são apropriados para encontrar a verdade na disciplina científica
em questão.
Mas, será que podemos diferenciar a filosofia e a ciência, a partir de qualquer uma destas
perspectivas, de uma maneira simples e direta? Muitos especialistas sugeriram que não. Nas
ciências específicas, as teorias, por vezes, não são adotadas devido apenas à sua consistência com os
dados da observação, mas também, com base na sua simplicidade, força explicativa ou outras
considerações que pareçam contribuir para a sua plausibilidade intrínseca. Quando constatamos
isto, começamos a perder confiança na ideia de que existem dois domínios de proposições bastante
diferentes: aquelas que são apoiadas apenas por dados empíricos, e aquelas que são apoiadas
apenas pela razão. Muitos metodólogos contemporâneos, como Quine, estariam dispostos a
defender que as ciências naturais, a matemática, e até a lógica pura, formam um contínuo unificado
de crenças sobre o mundo (SKLAR, 2010).
Todas elas defendem estes metodólogos, são indiretamente apoiadas por dados da observação, mas
todas contêm, também, elementos de apoio “racional”.
Quando procuramos a descrição e a justificação apropriada dos métodos da ciência, parece que
estamos à espera que os resultados específicos das ciências particulares entrem de novo em cena.
Como poderíamos compreender a capacidade dos métodos da ciência para nos conduzir à verdade
se não estivéssemos em condições de mostrar que esses métodos têm realmente a fiabilidade que
lhes é atribuída? E, como poderíamos fazer isso sem usar o nosso conhecimento sobre o mundo,
que nos foi revelado pela melhor ciência de que dispomos? Como poderíamos, por exemplo,
justificar a confiança da ciência na observação sensorial se a nossa compreensão do processo
perceptivo (uma compreensão baseada na física, na neurologia e na psicologia) não nos assegurasse
que a percepção, tal como é usada quando se testam as teorias científicas, é realmente um bom guia
da verdade sobre a natureza do mundo?
É, ao discutir as teorias mais gerais e fundamentais da física, que a imprecisão da fronteira entre as
ciências naturais e a filosofia se torna mais manifesta. Dado que elas têm a ambição ousada de
descrever o mundo natural nos seus aspectos mais gerais e fundamentais, não é surpreendente que
os tipos de raciocínio usados ao desenvolver estas teorias altamente abstratas pareçam, por vezes,
estar mais próximos dos raciocínios filosóficos que dos métodos usados quando se conduzem
investigações científicas de âmbito mais limitado e particular. Mais adiante, na medida em que
explorarmos os conceitos e os métodos usados pela física quando esta lida com as suas questões
fundamentais mais básicas, veremos, repetidamente, que pode estar longe de ser claro se estamos a
explorar questões de ciência natural ou questões de filosofia. Na verdade, nesta área da
investigação sobre a natureza do mundo, a distinção entre as duas disciplinas torna-se bastante
obscura (SKLAR, 2010).
A ciência e a filosofia sempre aprenderam umas com as outras. A filosofia, incansavelmente, “suga”
novas forças das descobertas científicas, enquanto que para as ciências, ela transmite a visão de
mundo e impulsos metodológicos de seus princípios universais. Muitas ideias gerais orientadoras
que estão na base da ciência moderna foram primeiro enunciadas pela força perceptiva do
pensamento filosófico. Um exemplo é a ideia da estrutura atômica das coisas manifestadas por
Demócrito. Certas hipóteses sobre a seleção natural foram feitas nos tempos antigos pelo filósofo
Lucrécio e, mais tarde, pelo pensador francês Diderot. Hipoteticamente, ele antecipou o que se
tornou um fato científico de dois séculos mais tarde (MARIANI, 2013).
Podemos, também, lembrar o reflexo cartesiano e a proposição do filósofo sobre a conservação do
movimento no universo. A ideia da existência de moléculas como partículas complexas que
consistem de átomos foi desenvolvida nas obras do filósofo francês Pierre Gassendi, e também, da
Se isto for verdade, não será a própria filosofia, vista como o lugar das verdades da razão, uma
parte do todo unificado? Isto é, não será também a filosofia apenas uma componente do corpo das
ciências especializadas?
Rússia, Mikhail Lomonosov.
As mais recentes teorias da unidade da matéria, do movimento, espaço e tempo, os princípios da
conservação da matéria e do movimento, as ideias do infinito e inesgotável da matéria foram
apresentadas de uma forma geral em filosofia.
Além de influenciar o desenvolvimento dos campos especializados do conhecimento, a própria
filosofia foi, substancialmente, enriquecida pelo progresso nasciências concretas. Toda grande
descoberta científica é, ao mesmo tempo, um passo à frente no desenvolvimento filosófico da visão
de mundo e da metodologia. Afirmações filosóficas baseiam-se em conjuntos de fatos estudados
pelas ciências, e também, no sistema de proposições, princípios, conceitos e leis. As conquistas das
ciências especializadas são resumidas em afirmações filosóficas. Geometria euclidiana, a mecânica
de Galileu e Newton, que influenciaram as mentes dos homens ao longo dos séculos, foram grandes
conquistas da razão humana, que desempenhou um papel significativo na formação de visões de
mundo e de metodologia.
De acordo com o pensamento de Mariani (2101), uma revolução intelectual foi produzida pelo
sistema heliocêntrico de Copérnico, que mudou toda a concepção da estrutura do universo, ou a
teoria da evolução de Darwin, que teve um impacto profundo em ciências biológicas em geral e toda
a nossa concepção do lugar do homem na natureza. O brilhante sistema de Mendeleiev de
elementos químicos aprofundou a nossa compreensão da estrutura da matéria. A Teoria da
relatividade de Einstein mudou a nossa noção da relação entre matéria, movimento, espaço e
tempo. A mecânica quântica revelou, até então, o desconhecido mundo das micropartículas da
matéria. A teoria da atividade nervosa superior evoluiu por Sechenov e Pavlov aprofundou a nossa
compreensão das bases materiais da atividade mental e da consciência. A cibernética revelou novos
horizontes para a compreensão dos fenômenos de interações de informação, os princípios de
controle em sistemas vivos, em dispositivos tecnológicos e na sociedade, bem como os princípios de
feedback, o sistema homem-máquina, e assim por diante.
“Se traçarmos toda a história da ciência natural e social, não podemos deixar de notar que os
cientistas,, em suas pesquisas específicas, na construção de hipóteses e teorias têm,
constantemente aplicado, às vezes inconscientemente, visões de mundo e princípios
metodológicos, categorias e sistemas lógicos evoluíram por filósofos e foram absorvidos pelos
cientistas no processo de sua formação e autoeducação. Todos os cientistas que pensam em
termos de teoria, constantemente falam sobre isso com um profundo sentimento de gratidão,
tanto em suas obras quanto em conferências e congressos regionais e internacionais”.
Algumas pessoas pensam que a ciência chegou a um tal nível de pensamento teórico que já não
precisa de filosofia. Mas, qualquer cientista, particularmente o teórico, sabe em seu coração, que
sua atividade criativa está intimamente ligada à filosofia e que, sem o conhecimento sério da
cultura filosófica, os resultados dessa atividade não podem se tornar teoricamente eficaz. Os mais
destacados teóricos têm sido guiados pelo pensamento filosófico e tentaram inspirar os seus alunos
com a sua influência benéfica, a fim de torná-los especialistas capazes de analisar criticamente
todos os princípios e sistemas conhecidos pela ciência, descobrindo suas contradições internas e
superá-los por meio de novos conceitos.
Afirma Mariani (2010) que os verdadeiros cientistas, e por isso, geralmente significa cientistas com
um poderoso alcance teórico, nunca viraram as costas para a filosofia. O pensamento
verdadeiramente científico é filosófico para o núcleo, assim como o pensamento filosófico
verdadeiro é profundamente científico, enraizado na soma total das realizações científicas e da
formação filosófica que dá ao cientista uma amplitude e penetração, um desígnio mais amplo no
levantamento e na resolução de problemas. Às vezes, essas qualidades são brilhantemente
expressas, como nas amplas concepções científicas naturais de Einstein.
Assim, a relação entre filosofia e ciência é mútua e caracterizada pela sua cada vez mais profunda
interação.
5. Conclusão
Esperamos que você tenha compreendido bem os conceitos aqui apresentados sobre conhecimento
filosófico no que tange à razão, à verdade e à ciência. E, para facilitar os seus estudos e sua melhor
compreensão sobre o assunto, vamos a uma breve reflexão sobre todo o assunto.
Neste tópico, vimos os principais conceitos filosóficos que podem nos ajudar a compreender melhor
os caminhos que a filosofia nos leva a tentar compreender, do ponto de vista científico, o que é
verdade; o que é razão e os níveis de ciência dentro da filosofia.
Percebemos, também, que a filosofia surge da inquietação em compreender e questionar valores e
interpretações da realidade aceita pelo senso comum. E vimos a divisão da Filosofia em cinco
campos.
O primeiro campo foi a Estética, considerada parte da Filosofia responsável pelas discussões sobre
arte, sobre o belo (e, seu extremo oposto, o feio) e temas que versem sobre tais assuntos. Em
segundo campo, abordamos a contribuição da Epistemologia, parte da filosofia que se preocupa
com reflexões a respeito do conhecimento e do alcance que esse mesmo conhecimento pode atingir.
Vimos que a Lógica, como terceiro campo, é responsável pelo estudo de argumentos e o bom
encadeamento dos mesmos. Ela é indispensável para a articulação argumentativa. Já a Metafísica,
outra divisão da Filosofia, é uma área do conhecimento que estuda os princípios da realidade para
além das ciências tradicionais (Física, Química, Biologia, Psicologia, etc.). E, para terminar, a Ética,
responsável pelo estudo do comportamento humano, bem como pela investigação do bem agir e de
temas afins.
No quesito Razão, analisamos sua função racional e vimos que é necessário distinguir duas grandes
modalidades da atividade racional, realizadas pela razão subjetiva ou pelo sujeito do conhecimento:
a intuição (ou razão intuitiva) e o raciocínio (ou razão discursiva).
Ao refletirmos sobre a Verdade, percebemos que, na filosofia, refletir sobre ela é transcender, de
certo modo, as inúmeras pontuações e os usos que o termo pode assumir na vida comum e até
mesmo na atividade científica. Com efeito, poucos termos podem contar com tamanha e particular
apropriação, como o de verdade. É possível que se veja a importância para o encaminhamento das
relações sociais e humanas, até mesmo para a sobrevivência da espécie. Sem verdade não se vive,
seja lá a circunstância em que se está.
E concluímos, ao estabelecer uma relação entre Filosofia e Ciência, que o pensamento
verdadeiramente científico é filosófico para o núcleo, assim como o pensamento filosófico
verdadeiro é profundamente científico, enraizado na soma total das realizações científicas e da
formação filosófica que dá ao cientista uma amplitude e penetração, um desígnio mais amplo no
levantamento e na resolução de problemas. Às vezes, essas qualidades são brilhantemente
expressas, como nas amplas concepções científicas naturais de gênios como Einstein.
Assim, a relação entre filosofia e ciência é mútua e caracterizada pela sua cada vez mais profunda
interação.
Esperamos que tenha gostado e dê continuidade aos seus estudos. Ainda há muita coisa por vir.
Até lá!
6. Referências
BRAINLY. Conceitos de Filosofia. Disponível em: https://brainly.com.br/tarefa/. 2019.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2009 e edições anteriores.
HACKER, P.M.S. Wittgenstein: sobre a natureza humana. São Paulo: UNESP, 2000.
HESSEN, J. Teoria do conhecimento. 7. ed. Coimbra: Armênio Amado, 1980. 
JAPIASSÚ, Hilton; MARCONDES, Danilo. Dicionário básico de filosofia. 4.ed. Rio de Janeiro:
Jorge Zahar Ed., 2006.
MARIANI, Caio. A Filosofia. Santos: s/n. 2013.
MATOS, Olgária C. F. Filosofia e a polifonia da razão: filosofia e educação. São Paulo:
Scipione, 2015 e edições anteriores.
MOSER, P. K.; MULDER, D. H.; TROUT, J. D. A teoria do conhecimento: uma introdução
temática. São Paulo: Martins Fontes, 2004.
SKLAR, Lawrence. Filosofia da Física. Tradução de Desidério Murcho. Lisboa: Universidade de
Lisboa, 2010 e edições anteriores.
VÁGERA, Danilo S. Escola Filosófica. 2009. Disponível em: http://escolacritica/os-campos-da-
filosofia.html