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Cefaleia: Definição, Classificação e Tratamento

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Cefaleia�
Epidemiologia
Estima-se que cerca de 90% da população apresentará alguma modalidade de cefaléia
no decorrer da vida
Representa cerca de 16% dos pacientes que buscam o pronto socorro
Em 90% dos casos, as cefaleias não representam evento grave (cefaleias primárias)
Apenas a partir da quinta década de vida, que ocorre um predomínio de cefaleias
secundárias.
As mais comuns são: cefaleia do tipo tensão (35 a 78%) e enxaqueca (15 a 30%)
Definição e Classificação
Cefaleias primárias - Ausência de anormalidades identificáveis nos exames e em
estruturas do organismo que expliquem a dor
● Enxaqueca ou migrânea.
● Cefaleia tipo tensão ou tensional.
● Cefaleia em salvas e outras cefaléias trigêmino-autonômicas (hemicrania
paroxística, hemicrania contínua e short lasting unilateral headache with conjunctival
injection and tearing - SUNCT).
● Outras cefaleias primárias (cefaléia idiopática em facadas ou pontadas, cefaleia da
tosse, cefaleia do esforço físico, cefaleia associada à atividade sexual, cefaleia
hípnica, cefaleia em trovoada ou thunderclap headache, cefaléia por compressão
extrínseca, cefaléia por estímulo frio, cefaleia numular e a nova cefaleia persistente
diária).
Cefaleias secundárias - Presença de lesão identificável por exames ou doença sistêmica
que explique a dor.
● Trauma craniano ou cervical
● Doença vascular
● Doença craniana não vascular
● Uso de medicamentos, drogas ou síndrome de abstinência
● Infecção
● Transtorno da homeostase
● Transtorno de ossos cranianos, pescoço, olhos, ouvidos, nariz, seios da face,
dentes, boca, articulação temporomandibular e outras
● Transtornos psiquiátricos
Neuralgias cranianas, dor facial primária e outras
● Neuralgias cranianas, dor facial neuropática e dor facial central (incluindo cefaléia
por compressão, cefaléia por estímulo frio, enxaqueca oftalmoplégica e dor facial
atípica)
● Cefaléias, neuralgias e dores faciais não classificáveis ou não especificáveis
Avaliação da Cefaleia
● Circunstâncias da instalação (desencadeantes)
● Horário e frequência
● Velocidade de início
● Intensidade e caráter da dor
● Duração
● Localização
● Irradiação
● Presença de sinais neurológicos e físicos gerais associados
● Sazonalidade
● Progressão dos sintomas
● Tratamentos atuais e prévios
● História familiar
● Correlação com atividade profissional, social, sono e atividades diárias
Red Flags (sugestivos de cefaleia secundária)
● Padrão de instalação - Crônico progessivo e agudo emergente
● A pior cefaleia vivenciada pelo doente
● Cefaleia de início recente
● Cefaleia de início após os 50 anos
● TCE
● Imunodeficiência
● Sintomas associados - Irritação meníngea, sinais neurológicos focais, rebaixamento,
febre, convulsões e alterações na fundoscopia.
Investigação Diagnóstica
Exames hematológicos e bioquímicos - Cefaléia decorrente de afecções metabólicas ou
infecciosas
TC e RNM
Exame do LCR - Aumento da PIC, afecções hemorrágicas, infecciosas, inflamatórias e
neoplásicas.
Radiografia - Sinusopatia, suspeita de fratura em coluna cervical
Enxaqueca
Definição e Epidemiologia
● Cefaleia recorrente, sendo marcada por períodos de acalmia e agravamento
● Acomete 6 a 7% dos homens e 18 a 20% das mulheres, com seu pico de incidência
na quarta década de vida
Manifestação
● A dor dura cerca de 4 a 72 horas, apresentando pelo menos 2 das seguintes
características:
○ Unilateral
○ Pulsátil
○ moderada a intensa (caráter incapacitante)
○ Agrava com o exercício físico
● Sintomas associados - Náuseas, vômitos, fotofobia e fonofobia
● Sintomas premonitórios - Hiperatividade, depressão, irritabilidade, bocejos, déficit de
memória, desejo de certos alimentos, hiperosmia, sonolência e aura
● Auras (a maioria não tem aura) - Escotomas, fotospsias, diplopia, distorções de
forma, hemianopsia, paresia, parestesia, hipoestesia, hipersensibilidade, disfasias.
Fatores desencadeantes - Estresse emocional, período menstrual, alimentos,
medicamentos, estímulos luminosos, substâncias inaladas, fadiga, má qualidade do sono e
jejum.
Tratamento:
● Abortivo (visa eliminar a crise) - AINEs, derivados do ergot, isometepteno,
agonistas serotoninérgicos.
● Profilático (visa evitar novas crises) - Betabloqueadores (propranolol, atenolol),
ADTs (amitriptilina, nortriptilina), bloqueadores dos canais de cálcio (flunarizina e
verapamil) antagonistas da serotonina (metisergida e pizotifeno), antiepilepticos
(topiramato, valproato e gabapentina) e neurolépticos (clorpromazina)
Cefaleia Tensional (CTT)
Epidemiologia - 80% da população já apresentou ou apresenta CTT
Manifestação:
● Dor bilateral
● Não pulsátil
● Intensidade discreta a moderada (não tem caráter incapacitante)
● Não apresenta sintomas associados geralmente (náuseas, vômitos, fotofobia,
fonofobia)
Classificação:
● Episódica (menos de 180 dias ao ano) - É a mais comum, sendo subdividida em
infrequente (menos de 12 dias ao ano) e frequente (entre 12 e 179 dias ao ano)
● Contínua (até 15 dias ao mês, com duração de pelo menos 3 minutos até 7 dias)
● Crônica (mais de 180 dias ao ano ou mais de 15 dias ao mês)
Tratamento:
● Abortivo - AINEs, inibidores específicos da COX 2 e alguns fármacos com a eficácia
ainda pouco elucidada (cafeína, relaxantes musculares e alguns sedativos)
● Profilático - Antidepressivos (amitriptilina, nortriptilina, clomipramina, maprotilina,
mianserina, venlafaxina).
Cefaleia Crônica diária
Definição:
● Cefaleia que ocorre por pelo menos 15 dias por mês durante 3 meses ou mais
● Em geral, se trata de enxaqueca crônica ou CTT crônica tratadas
inadequadamente ou relacionadas com o abuso de analgésicos e derivados do
ergot.
Epidemiologia - Acomete cerca de 4% da população
Tratamento:
● Tratar o uso abusivo de medicações (evitar retirada abrupta, para evitar efeito
rebote)
● Resgate - AINEs, corticosteroides, sumatriptana, di-hidroergotamina, clorpromazina
e clonidina
● Profilático - Antidepressivos e antiepilépticos potentes
● Suporte psicológico - CCD apresenta correlação profunda com transtornos
psiquiátricos.
Cefaleia em Salvas (Cluster Headache ou Cefaleia de Horton)
Epidemiologia:
● Acomete 0,04 a 0,1% da população
● Responsável por 8 a 10% das cefaleias
● Acomete indivíduos de 20 a 40 anos, com predomínio em homens (5 a 9:1)
Manifestação:
● Unilateral, podendo evoluir com acometimento bilateral
● Localizada na região periorbitária e temporal, podendo irradiar para região maxilar,
occiptonucal, pericarotidea e ombro.
● Dor ocorre a cada 2 dias até 8 episódios por dias
● Dor de 15 a 180 minutos, quando não tratada
● Ocorre por pelo menos 2 semanas até 3 meses, com intervalo de pelo menos 1 mês.
● Associada a pelo menos 1 sinal neurovegetativo ipsilateral (congestão conjuntival ou
nasal, rinorréia, lacrimejamento, sudorese frontal ou facial, miose, ptose palpebral,
edema palpebral, sialorréia, bradicardia, palidez, congestão facial e dor na artéria
carótida)
● Ataques costumam ocorrer durante o sono, podendo ser desencadeados poer
álcool, vasodilatadores e hipóxia
Classificação:
● Episódica (80% dos casos) - Crises duram 7 dias a 1 ano, com intervalo entre as
crises de pelo menos 1 mês.
● Crônica - Não ocorre remissão em 1 ano ou a remissão é menor que 30 dias
Apesar de a maioria dos casos ser primária, a cefaleia em salvas também pode ocorrer em
casos de meningiomas parasselares, adenomas de hipófise, tumores de seio cavernoso e
clivo, aneurismas, angiomas encefálicos e fraturas craniofaciais (Realizar RM de crânio
em casos de cefaleia em salvas)
Tratamento:
● Abortivo - Inalação de O2 puro, tartarato de ergotamina, di-hidroergotamina,
triptanos (sumatriptana, zolmitriptan), bloqueios anestésicos, instilação de
capsaicina, corticosteróides ou lidocaína.
● Profilático - Verapamil, carbonato de lítio, metisergida e ergotamina
Cefaleia Paroxística Crônica (HPC)
Epidemiologia:
● Tipo de cefaleia rara
● Predomina no sexo feminino
Manifestação:
● Dor intensa
● Unilateral em região orbitária, supraorbitária e temporal
● Dura 2 a 30 minutos
● Frequência de 5 vezes ou maispor dia
● Associado a pelo menos 1 sintoma neurovegetativo
● Deve haver remissão completa após uso de indometacina para definirmos HPC
Tratamento:
● Indometacina 25 a 200 mg/dia
Neuralgias Cranianas
Definição
● Dor desencadeada por processos patológicos que estimulam os nervos: Frio,
tração, compressão e lesão.
● Os nervos implicados nesses processos são: Trigêmeo (principal),
glossofaríngeo, intermédio, vago e os nervos occipitais
Classificação:
● Neuralgia clássica (primária, essencial, típica ou idiopática) - Quando não é
possível identificar a lesão
● Neuralgia sintomática (atípica ou secundária) - Lesão identificável
Manifestação:
● Dor paroxística, referida como choque, agulhada ou pontada
● Duração <2 minutos
● Início e término abrupto
● Unilateral, limitando-se a um ou mais territórios de inervação (predomínio nos ramos
maxilares e mandibulares
● Pode ser espontânea ou desencadeada (Escovar os dentes, mastigar, falar ou
fumar)
● Existem zonas que ao serem estimuladas podem desencadear a dor (zonas gatílho):
Região nasolabial, queixo, bochecha e gengivas
● A dor pode ser acompanhada de espasmos locais (tic doloroso)
Exames complementares:
● TC - Pode revelar tumores
● RM (mais adequada que a TC) - Identifica tumores, lesões desmielinizantes,
angiomas e aneurismas.
● RM de alta resolução do ângulo pontocerebelar e angiorressonância - Identifica
alças vasculares compressivas
Tratamento:
● Tratamento da patologia de base (no caso das neuralgias secundárias)
● Carbamazepina é a primeira a ser utilizada
● Outras drogas - Oxcarbazepina, baclofeno, clonazepam, fenitoina, gabapentina,
lamotrigina, topiramato
● Infusão de fenitoína ou fenitoína + lidocaína (casos de piora aguda no pronto
socorro)
● Bloqueios anestésicos
● Tratamento cirúrgico
Referência
Livro de Clínica Médica da USP 2016 - Volume 6
Autor
Matheus Furlan Chaves

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