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– Anemias Essa classificação é utilizada, na prática clínica, associada com a classificação fisiopatológica. Se baseia nos valores do VCM, porém não esclarece a causa da anemia, mas sim o aspecto morfológico dos eritrócitos presentes na circulação. 1. Microcíticas (VCM < 80fl): Diminuição da Hb dentro do eritrócito, o que torna as hemácias hipocrômicas e microcíticas. Geralmente ocorre por diminuição da síntese do grupo heme por deficiência de Ferro. Também ocorre nas talassemias (redução da síntese de glo- bina), nas anemias sideroblásticas (acúmulo de Fe nas mitocôndrias), hemoglobinopatia C (mutação no gene da cadeia globina beta). 2. Macrocíticas (VCM > 100 fl): Hemácias de grande volume e, geralmente, hipercrômicas. Não necessariamente indica anemia. Causada muitas vezes pelo consumo de álcool, quimioterapia ou anemia perniciosa. São divididas em megaloblásticas, decorrentes de deficiência de vit. B12 e/ou ácido fólico, e não megaloblásticas, podendo ser decorrente de reticulocitose ou reticulocitopenia associada à hipotireoidismo, hepatopatia e aplasia de série vermelha. 3. Normocíticas (VCM 80-100 fl): Também são normocrômicas. Corresponde a maioria das anemias de doenças crônicas (que, eventu- almente, podem ser microcíticas). Se tiver uma resposta medular inadequada, com reticulócitos baixos na presença de anemia, existe uma doença de base que afeta medula óssea, direta ou indiretamente, porque o normal é esperar por aumento dos reticulócitos, caso a medula esteja funcionando corretamente. Assim, pesquisar por doenças sistêmicas (IRC, doenças da tireoide, hepatopatias). Caso reticulopenia venha acompanhada de leucopenia e plaquetopenia, deve-se suspeitar de doença da medula óssea (aplasia ou infiltração medu- lar). Solicitar mielografia e biópsia de medula. Já essa classificação fornece a base fisiopatológica para explicar os diferentes tipos de anemia. A avaliação depende da capacidade de regeneração medular. É baseada na contagem de reticulócitos e é dividida em três grupos: 1. Por deficiência de produção ou hipoproliferativa: Contagem de reticulócitos abaixo de 50.000/ mmᶟ. Ocorre por acometimento primário ou secundário da medula óssea ou por falta de estímulo à eritropoiese (ex: eritropoietina), falta de ferro, vit. B12 e/ou ácido fólico. Podem acompanhar doenças inflamatórias, infecciosas e neoplásicas. – 2. Por excesso de destruição ou hi- perproliferativas: Típica das anemias hemolíticas, mas também pode ocorrer após perdas agudas de sangue. Sob estimulação máxima, a medula pode aumentar sua produção de 6 a 8 vezes, en- tretanto a sobrevida dos glóbulos vermelhos pode encurtar para 15-20 dias (compensação medular), levando a presença de reticulocitose, sem presença de anemia (estado hemolítico compensado). O estado de anemia hemolítico se estabelece quando a produção medular não é capaz de superar a taxa de destruição. Laboratorialmente anemia hemolítica se caracteriza por reticulocitose, ↑ bilirrubina indireta, ↑ desidrogenase lática, ↓ haptoglobina. Pode ocorrer por alterações intrínsecas dos eritrócitos (maioria genética) ou por agressões por agentes extrínsecos (malária, veneno, toxinas). 3. Por perdas: Pode ser (A) aguda, como as anemias pós-hemorrágicas, em que há compensação pela medula caso estoques de Fe estejam preservados ou (B) crônica, que causam espoliação do Fe e, consequentemente, anemia por falta de produção. Definida como o “estado mais avançado da deficiência de ferro”. A deficiência de ferro instala- se por mecanismos diversos: (1) aumento do consumo, (2) excesso de perda (hemorragias) ou (3) má absorção. Quando o organismo está em balanço negativo de ferro o primeiro evento é a depleção dos estoques de ferro para a produção de hemoglobina. O intestino aumenta a absorção de ferro antes mesmo do desenvolvimento da anemia. A ferritina sérica já se encontra reduzida. A eritropoese nesses indivíduos resulta em células com conteúdo reduzido de hemoglobina, tornando-a hipocrômica e microcítica (observado no esfregaço sanguíneo) e por redução dos índices hematimétricos (VCM < 80 fL e CHCM < 32 g/dL). Além disso, as dosagens de ferro sérico e transferrina saturada de ferro são baixas. A contagem de reticulócitos também é reduzida. A observação do RDW é um importante no diagnóstico diferencial da anemia ferropriva com talassemias. Na anemia ferropriva o RDW está aumentado com os eritroblastos medulares picnóticos e irregulares. Além das manifestações comuns de anemia, na ferropenia podem surgir sintomas menos típicos como glossite atrófica (língua sem papilas gus- tativas), perversão do apetite, geofagia ou pica (vontade de comer terra e barro), disfagia cervical (síndrome de Plummer-Vinson, que ocorrem mais – comumente em mulheres, mais idosas, onde há uma formação de uma membrana entre hipofaringe e o esôfago), coiloníquia, estomatite angular, amenorreia, cabelos finos e quebradiços e diminuição da libido. As principais causas para cada mecanismo estão disponíveis no quadro abaixo: Após o ferro ser absorvido, ele pode ser 1. Estocado na forma intestinal, através da ferritina (principal reserva de ferro no organismo). 2. Transportada e absorvida pelo plasma. O ferro é transportado no plasma através da ferroportina, sendo este transportador regulado pela hepcidina, hormônio produzido no fígado, que atua se ligando na ferroportina e diminuindo a sua ação e assim reduzindo a absorção do ferro. A hepcidina está aumentada no ambiente em que há aumento de citocinas inflamatórias, ou seja, em casos de anemia da doença crônica, e quando há aumento de ferro no organismo. Ela está diminuída em casos de hipóxia. Assim que o ferro é absorvido, a maior parte dele é transferida no organismo através da transferrina, que carrega esse ferro para outros tecidos com receptores de transferrina. O ferro pode ser levado para a medula óssea, onde vai ser armazenado na forma de ferritina ou vai ser utilizado para a síntese da molécula de hemoglobina dos eritrócitos. Quando o eritrócito chega ao fim de sua vida útil, ele é fagocitado pelos macrófagos no baço para a reciclagem do ferro. O ferro pode então se ligar à ferritina ou à transferrina para voltar a circulação. A causa mais comum desse tipo de anemia é a carência de folato e/ou cianocobalamina (vit. B12), sendo mais comum a deficiência de folato. – As principais causas de deficiência de B12 e de folato incluem: O quadro clínico desses pacientes varia desde assintomáticos à sintomas clássicos de anemia associados a anorexia, emagrecimento, alterações do hábito intestinal (diarreia ou constipação), glossite, queilite angular, púrpuras, icterícia leve e hiperpigmentação cutânea. Os quadros severos de deficiência de anemia megaloblástica podem apresentar ainda polineuropatia periférica, com parestesia nos membros inferiores e das mãos, alteração de marcha e alterações esfincterianas. Sintomas do sistema nervoso central, como alucinações, não são comuns, mas só são observadas associadas a deficiência de B12. Doença autoimune definida como uma deficiência grave de fator intrínseco associado à gastrite atrófica. É mais comum em mulheres na 7ª década de vida, estando associada a outras doenças autoimunes. Na anemia perniciosa ocorre produção de auto- anticorpos contra células parietais do estômago que impedem sua renovação e causam atrofia da mucosa. Sem a produção do fator intrínseco, ocorre diminuição da absorção de vitamina B12 no íleo. Podem ser encontrados também nessa doença, anticorpos contra as células da tireoide, associação com vitiligo, doença de Addison e hipoparatireoidismo. É uma doença rara definida como pancitopenia com hipoplasia medular na ausência de infiltrado neoplásico e aumento de reticulina. Pode ser por causa idiopática, exposição a fármacos, a agentesquímicos ou infecção viral e ainda existe a forma congênita. A adquirida é a forma mais comum. É uma síndrome de falência medular, com superposição de outras doenças que cursam com falência medular como síndrome mielodisplásica (SMD) e leucemia mieloide aguda (LMA). As manifestações clínicas decorrem da anemia, neutropenia e plaquetopenia, cursando com astenia, palidez, hemorragias e tendência a infecções. Não ocorre adenomegalia ou hepa- toesplenomegalia. Nos achados laboratoriais, é – uma anemia normo/ normo, com reticulócitos diminuído. Há plaquetopenia e neutropenia em graus variados. O diagnóstico é feito através da biópsia de medula óssea, onde observa-se um aspecto amarelado da medula decorrente da substituição por tecido gorduroso. É a anemia mais comum em pacientes com doença inflamatória crônica ou nos portadores de neoplasia. Comumente normo/normo. Ocorre em doenças sistêmicas de evolução prolongada e é caracterizada pela redução do ferro sérico e da capacidade de ligação do ferro e pela ferritina sérica normal ou aumentada, com presença de estoques de ferro normal (nos macrófagos). A patogênese chave nesse tipo de anemia é a produção de hepcidina pelo fígado, associado a processos infecciosos ou inflamatórios, que impede a absorção de ferro no intestino e aumenta o seu sequestro por macrófagos. Além disso, a hepcidina atua inibindo a liberação de ferro nos seus depósitos (fígado e baço), diminuindo a transferrina e a eritropoetina. Quando a hemólise é patológica, diminui a vida média dos eritrócitos. A hemólise pode ser intravascular, quando a hemoglobina é liberada no plasma, ou extravasular, quando ocorre principalmente no baço. Quando a sobrevida dos eritrócitos está diminuída, a medula óssea aumenta o número de precursores eritroides, a fim de compensar a hemólise. A anemia só ocorre quando a hiperprodução medular não consegue se igualar ao ritmo da destruição. Assim, a medula pode acabar entrando em crise aplásica da anemia hemolítica, que corresponde a sua falência. As anemias hemolíticas podem ser congênitas (defeito corpuscular) ou adquiridas (defeitos extracorpusculares). Nos achados clínicos, observa-se anemia, icterícia, colúria, fezes mais escuras do que o habitual e, se o quadro for crônico, esplenomegalia. Adenomegalia pode estar presente indicando uma anemia hemolítica secundária ou linfoma. É importante a pesquisa da história da anemia, se ocorre desde a infância, a história familiar, a consanguinidade e o uso de medicações antes do aparecimento dos sintomas. A degradação da hemoglobina forma duas subunidades de cadeia globínica que são ligadas a haptoglobina circulante, formando um complexo que é metabolizado no fígado. Assim, vemos nesse processo uma diminuição dos níveis séricos de haptoglobina. A hemólise crônica leva a um aumento da absorção do ferro entérico, elevando o ferro sérico e a ferritina. Quando a hemólise for intravascular, os rins serão os responsáveis pela excreção da hemoglobina, cursando com he- moglobinúria e hemossiderinúria e podendo resultar em carência de ferro. Ocorre hiperplasia do setor eritrocítico, levando a um alargamento do espaço medular. É importante salientar que a anemia pode ser normo/normo, hipo/micro ou macrocítica, assim, os achados laboratoriais são variados. Doença genética de caráter autossômico dominante, na qual há defeito na membrana dos eritrócitos ao nível do citoesqueleto. Quando as hemácias passam por um local pobre em glicose (o – baço, por exemplo), elas modificam-se, tornam-se mais esféricas e são facilmente destruídas, seja no próprio baço ou em outros locais ricos em células macrofágicas. O quadro clínico varia de assintomático, que é o mais comum, à sintomáticos, cursando com anemia de grau variado, que pode acometer qualquer idade, úlceras nas pernas, esplenomegalia, litíase biliar e icterícia flutuante. Como já vimos, a hemácia é uma célula anucelada, portanto não participa da síntese proteica. Assim, os processos metabólicos ficam dependentes das vias enzimáticas, sendo o ciclo da glutationa o maior agente redutor do eritrócito. A deficiência de G-6PD é a deficiência enzimática genética mais comum. Existem quatro síndromes associadas à deficiência da G-6PD. Em todas elas, a hemólise é agravada ou promovida por infecções ou por ingestão de medicamentos ou de alimentos que promovam estresse oxidativo. O quadro clínico pode variar desde assintomático a quadros de hemólise aguda. O bebê ao nascer com essa doença pode apresentar icterícia neonatal. Dentre as drogas que podem desencadear o quadro grave da deficiência de G6PD podemos citar: azul de metileno, azul de toluideno, dapsona, fenazopiridina, nitrofurantoína, prima- quina, rasburicase. O diagnóstico é feito pela dosagem de G-6PD nos eritrócitos, quando o paciente se encontra fora das crises. Doenças genéticas mais comuns. Consiste, princi- palmente, em síndromes talassêmicas (α e β) e hemoglobinopatias S, C e E (e suas associações). É a mais frequente das hemoglobinopatias. Ocorre, principalmente, em indivíduos negros e pardos. É uma anemia hemolítica crônica hereditária, cuja manifestação clínica surge em decorrência da HbS que polimeriza e promove a deformação do eritrócito de formato bicôncavo para a forma de foice em situações de baixa tensão de oxigênio. Essa alteração ocorre pela substituição de um aminoácido, ácido glutâmico, pela valina, na posição 6 da cadeia β da globina. O quadro clínico é reversível quando ocorre a reoxigenação da hemoglobina. Mesmo nas hemácias de formato normal, a presença da HbS reduz a capacidade de deformidade e torna o sangue mais viscoso. Episódios repetidos e prolongados de falcização danificam a membrana da célula. Por isso também, as hemácias em foice aderem à parede do endotélio, podendo resultar em lentificação do fluxo sanguíneo e fenômenos vasoclusivos. Devido a esses fenômenos, ocorrem quadros dolorosos muito intensos (musculares, dores abdominais e priapismo). A fragmentação da membrana do eritrócito favorece a lise mediada por complemento, propromovendo hemólise intravascular. O diagnóstico laboratorial inclui o hemograma, eletroforese de hemoglobina (que quantifica a hemoglobina S e detecta outras hemoglobinas anômalas), triagem neonatal e tes- te de falcização (útil para triagem da doença, não quantificação de HbS). No tipo heterozigoto da doença (HbAS), o sangue é normal ou pouco alterado e o risco de falcemização diminui. A hemoglobina que chamamos de protetora, visto que inibe a polime- rização da hemácia, é a hemoglobina fetal (HbF). Essa está mais presente durante a vida fetal e sua produção vai diminuindo até a fase adulta. Por- tanto, quanto maior a concentração de HbF o indivíduo possuir, menos sintomático ele será. Doença que promove diminuição ou ausência na síntese de cadeias globínicas α e/ou β (α- talassemias e α-talassemias, respectivamente). Os indivíduos homozigóticos para α ou α-talassemias são sintomáticos, enquanto os heterozigotos, em geral, são assintomáticos. Clinicamente são classificadas em major, intermediária ou minor. A talassemia major é grave e necessita de transfusões. A intermediária apresenta anemia, com ou sem esplenomegalia, enquanto a minor (ou traço) é assimtomática. Nas α-talassemias ocorre diminuição de cadeias β e excesso de cadeias α. As cadeias de α-globina são instáveis e precipitam no interior dos eritroblastos, o que interfere na maturação. Essa alteração leva à destruição intra- medular dos precursores eritrocíticos (eritropoese – ineficaz). A degradação dos componentes da cadeia globínica leva à alteração da membrana e à alteração da deformidade celular, o que contribui para o processo hemolítico. A betatalassemia pode ser dividida em dois tipos: (1) β0- talassemias: há ausência total de cadeias beta (ou totalmente não funcionantes); e(2) β1- talassemias: há diminuição da síntese de cadeias beta. Betatalassemia major ou anemia de Cooley: Geralmente homozigotos β0β0. Clinicamente, observam-se palidez acentuada, icterícia, hipodesenvolvimento ponderal e psíquico; hepatoesplenomegalia, alterações ósseas (crânio e face), alterações endócrinas (hipogonadismo), manifestações cardíacas, lesão hepática, hemossiderose (por transfusões repetidas) e colú- ria. Alfatalassemia com os quatros genes (α₂ ou β₂) ausentes é incompatível com a vida, ocorrendo hidropsia fetal. Talassemias por persistência da hemoglobina fetal: A produção de cadeias γ persiste no adulto, formando-se a HbF (α2 γ2). Há apresentações homozigotas e heterozigotas. As primeiras apresentam poliglobulia (a afinidade da HbF pelo oxigênio é maior), enquanto as outras são assintomáticas. Nesse tipo de anemia ocorre deposição de ferro no interior dos eritroblastos da medula (sideroblastos) decorrente de um defeito na síntese do grupo heme, promovendo uma síntese deficiente de hemoglobina. Essa deposição de ferro ao redor do núcleo da célula forma o que chamamos de sideroblasto “em anel”. O ferro no citoplasma é corado pela reação de Perls. Esse tipo de anemia é hipocrômica e microcítica ou normocrômica, apresentando policromasia. Os achados da medula, como já citados, são os sideroblastos normais e em anel. A anemia sideroblástica pode ser hereditária, adquirida primária (causada pela mielodisplasia por exemplo) e adquirida secundária (causada por doenças como artrite reumatoide, intoxicação por substâncias – álcool, chumbo – e medicamentos como a isoniazida). A hereditária ocorre em indivíduos masculinos, mas é transmitida pelo sexo feminino (ligada ao sexo). A anemia hemolítica autoimune (AHAI) é uma condição clínica incomum em que autoanticorpos se ligam à superfície dos eritrócitos, ocasionando sua destruição via sistema complemento (intravascular) ou sistema reticuloendotelial (extravascular). A AHAI é classificada de acordo com a temperatura de reatividade dos anticorpos aos eritrócitos. Na AHAI a quente, os autoanticorpos “quentes” reagem mais fortemente à temperatura corporal (37° C), sendo incapazes de aglutinar as hemácias, e a hemólise ocorre pela destruição pelo sistema reticuloendotelial. Na AHAI a frio, os autoanticorpos “frios” se ligam aos eritrócitos em temperaturas entre 4o-18° C, podendo levar à aglutinação de eritrócitos na circulação sanguínea periférica, e, ao ser ativado o sistema complemento, ocorre a hemólise. Na forma mista, os dois tipos de autoanticorpos coexistem. Na anemia hemolítica autoimune por anticorpos quentes, a sintomatologia é de uma crise hemolítica, com anemia, icterícia, febre e colúria. No sangue são encontrados esferócitos e reticulócitos. As plaquetas podem estar diminuídas, determinando a síndrome de Evans, caracterizada por anemia hemolítica e por plaquetopenia. Já a por anticorpos frios, apresenta melhor prognóstico. Pode ser aguda, associada à – pneumonia e à mononucleose infecciosa ou crônica associada ao linfoma. A AHAI também pode ser classificada com base em sua etiologia. A AHAI idiopática ou primária não apresenta correlação com a doença de base, já a secundária está associada a doenças, como LES, artrite reumatoide, doença linfoproliferativa, uso de medicamentos ou neoplasias. As doenças linfoproliferativas são responsáveis por mais da metade dos casos de AHAI secundária. Esses an- ticorpos são detectados por meio do teste da antiglobulina ou do teste de Coombs. Eles podem ser detectados no soro (teste de Coombs indireto) ou nos eritrócitos (teste de Coombs direto) dos pacientes. São, em geral, imunoglobulinas de tipo IgM ou IgG (raramente IgA). A doença hemolítica do recém-nascido ocorre quando aloanticorpos maternos dirigidos contra antígenos eritrocitários do feto são produzidos após a exposição a eritrócitos incompatíveis durante a gestação ou transfusão prévia. Nas anemias hemolíticas imunológicas associadas a medicamentos, estes podem provocar anemia hemolítica por vários mecanismos: • Formação de imunocomplexos (anticorpo- fármaco-proteina plasmática) no qual o anticorpo e o complemento atacam a hemácia • Ligação do fármaco à hemácia e o anticorpo presente no plasma atua sobre ele • Modificação da membrana do eritrócito pelo fármaco • Fármaco promovendo indução da reação autoimune Anemias causadas por destruição dos eritrócitos que apresentam modificações de membrana, provocadas por mecanismos não imunológicos. São produzidas principalmente por infecções e por causas mecânicas. A infecção pelo plasmódio causador da malária leva a esse tipo de anemia por vários mecanismos: (1) mecânico, pela ruptura das células parasitadas; (2) aumento da fagocitose de hemácias não parasitadas, mas lesadas por macrófagos esplênicos- mecanismo de pitting; (3) hemólise intramedular; (4) mecanismo imunológico associado; (5) hemólise causada por antimalárico usado no tratamento. Outras infecções: Clostridium welchii, Haemophilus influenzae, Mycobacterium tuberculosis e Toxoplasma gondii também podem provocar anemia hemolítica. Outras causas mecânicas que alteram a morfologia das hemácias, tornando-as mais frágeis com diminuição de sobrevida são: válvulas cardíacas artificiais, microangiopatias, síndrome hemolítica-urêmica, hemólise dos corredores de longa distância (hemoglobinúria pela marcha) e coagulação intravascular disseminada.
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