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11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 1/16 NEGÓCIOS ELETRÔNICOS AULA 2 Prof. Sérgio Czajkowski Júnior 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 2/16 CONVERSA INICIAL Nesta aula, daremos continuidade às temáticas trabalhadas anteriormente com o objetivo de que os nossos alunos possam perceber como o advento da Sociedade da Informação, bem como da Quarta Revolução Industrial (Revolução 4.0), resultaram em alterações na forma pela qual são desenvolvidos os negócios no meio digital. Nosso enfoque, ao longo desta segunda unidade, será o de verificar como as novas tecnologias podem ser empregadas por gestores que atuam, em especial, no varejo. Quando pensamos em negócios de forma geral, é sempre importante reforçarmos que as trocas comerciais e demais modalidades de interação sociocultural, estabelecidas entre diferentes indivíduos e/ou grupos sociais, são uma marca incontestável da história da humanidade. Tal processo de intercâmbio foi essencial para a própria evolução da sociedade, de tal sorte que, caso tais iniciativas não tivessem acontecido, uma série de transformações não teriam se processado tal como as conhecemos hoje em dia. Em outras palavras, ainda estaríamos vivendo em um contexto permeado por tecnologias menos ágeis e que comportariam um número menor de possibilidades e de aplicações. Tal leitura dos fatos é, inclusive, defendida por autores de renome como o professor da USP Fauze Najib Mattar (2011, p. 2), para quem o varejo, enquanto atividade voltada ao desenvolvimento de atividades comerciais/mercantis sempre existiu. Entretanto, ele começou a ganhar seus primeiros contornos mais profissionais com o surgimento da moeda, a qual, acompanhado da escrita, “revolucionou a atividade comercial facilitando os processos de trocas, pois agora passava a existir um produto (moeda) que tinha valor e era do interesse de qualquer grupo na realização de trocas”. Hoje em dia, a exemplo do que aconteceu lá atrás, no passado, observamos que, graças ao incremento das novas tecnologias digitais, passamos novamente por uma outra grande transformação. Basta lembrarmos das moedas digitais (bem como das criptomoedas), do 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 3/16 desaparecimento de formas de pagamento, como os cheques, e da própria desmaterialização das riquezas. Você que está lendo este conteúdo muito provavelmente nunca tenho ouvido falar, por exemplo, em cheque pré-datado, mas, caso converse com seus pais, descobrirá que essa era uma das principais modalidades de crédito empregadas no Brasil dos anos 80 e início dos anos 90. Desse modo, em um período não tão longo de tempo, deixamos de lado os cheques e passamos a utilizar aplicativos em nossos celulares, ou programas em nossos computadores pessoais, para realizar uma boa parte das nossas transações econômicas. Em paralelo, nos últimos tempos, observamos que, diante de uma conjuntura permeada por mudanças, cada vez mais acentuadas e que acontecem num ritmo muito acelerado e frenético, as organizações que atuam no varejo, seja no tradicional ou no digital/eletrônico, estão se vendo praticamente obrigadas a desenvolver novas formas de maximizar sua lucratividade. Elas o fazem a partir de estudos de mercado voltados à compressão da forma como se dão as diversas modalidades de relacionamento entre os variados atores que compõem este ecossistema de negócios. Neste sentido, um entendimento acerca das principais características das organizações de sucesso perpassa a necessidade de um estudo prévio em torno da forma através da qual tais empresas moldam suas ações, diante da atual conjuntura econômica e cultural, principalmente no que diz respeito ao emprego consciente e efetivo das novas Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDIC), notadamente da internet, que permite que todos estes avanços, de algum modo, se interconectem. Para que possamos atingir os objetivos propostos, a presente unidade é composta por temáticas como: a sociedade da informação e seus impactos na atividade varejista; as modalidades de negócio e suas aplicações no contexto digital; os negócios eletrônicos: uma breve contextualização; a base estrutural dos negócios eletrônicos; e o ambiente digital e seus desafios. CONTEXTUALIZANDO Diante dessa nova conjuntura e tomando como ponto de partida a leitura feita pelo professor da USP, Fauze Najib Mattar (tido como um dos principais especialistas na área de pesquisa de mercado e comportamento do consumidor no varejo), observamos que, nos últimos 20 a 30 anos, o setor varejista brasileiro se viu diante de um novo cenário, caracterizado por novas demandas, oriundas do 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 4/16 processo de globalização (que culminou com a interligação de todos os mercados mundiais), em conjunto com o desembarque de inúmeros grupos estrangeiros em solo nacional (Mattar, 2011). Posição análoga é defendida pelos professores Alexandre Luzzi Las Casas e Maria Tereza Garcia (2012, p. 19) para quem “as mudanças decorrentes da abertura de mercado por meio da globalização vêm modificando o mercado de varejo, principalmente com a vinda de fortes grupos do exterior, o que gera grande competitividade nesse setor”. Tais alterações forçaram as empresas nacionais a promoverem alterações, em profundidade, no que diz respeito aos seus modelos gerenciais, como forma de se adaptar a desses novos desafios. Segundo Las Casas e Garcia (2012) e Mattar (2011), atualmente, o varejista brasileiro sabe que ou se adapta às exigências internacionais ou corre o risco de ser, cedo ou tarde, incorporado ou assimilado por conglomerados multinacionais, que possuem um elevado capital de investimento e/ou um forte vínculo com as novas tecnologias. Além do mais, amantes da conveniência on-line, os consumidores, cada vez mais ansiosos, conectados, apressados e demandantes, estão desenvolvendo uma tolerância zero à espera (Solomon, 2016), o que implica na necessidade de serem fomentados modelos de negócio capazes de dar conta destas novas demandas, sem que tal assimilação implique na incorporação de custos extras. A partir dessas observações, podemos afirmar que o varejo, no Brasil, hoje em dia, se vê envolto em alguns desafios de grande relevância, como o de “melhorar a performance em funções críticas como: merchandising, preços, previsão de vendas e operações de loja, ampliando as abordagens tradicionais com técnicas analíticas avançadas” (Mattar, 2011, p. 39), sem que o antigo relacionamento propiciado pelo varejo tradicional seja, por completo, deixado de lado. Ou seja, um dos maiores desafios do varejo contemporâneo está justamente em se encontrar o melhor trade-off (custo de oportunidade) entre o novo e o tradicional até mesmo como uma forma de se potencializar o encantamento, e subsequente fidelização, dos (potenciais) clientes. TEMA 1 – A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO E SEUS IMPACTOS NAS RELAÇÕES COMERCIAIS 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 5/16 Você já deve ter percebido que, ao longo de um dia normal de trabalho ou até mesmo durante os finais de semana, nos deparamos com uma série de transações econômicas (negócios). Entre elas, a compra de um lanche na cantina da faculdade, o pagamento de uma conta de luz ou de uma fatura do cartão de crédito, o uso de um serviço como o transporte público (ônibus, metrô, trem), a aquisição de um serviço de mobilidade como o Uber, dentre tantas outras, as quais podem, ou não, empregar meios digitais/eletrônicos. Para que consigamos conhecer mais detalhes sobre todos estes processos, de antemão, devemos estudar o conceito de varejo, o qual pode ser concebido como a atividade econômica fomentadora de negócios (digitais e/ou tradicionais), bem como as estratégias direcionadas a tal setor da economia. Também é importanteque, ao estudarmos os negócios, tenhamos em mente que, neste caso, nos deparamos com o setor terciário, estando vinculado ao setor de serviços. Dessa forma, é importante destacarmos que enquanto os bens são produzidos e possuem consistência física, os serviços, que são desprovidos de tangibilidade (sendo, portanto, imateriais), são realizados por pessoas com o objetivo de atender às aspirações dos (potenciais) clientes. No caso dos serviços, o nosso cliente é seduzido, em muitos casos, por algo que ele nunca viu de forma concreta na sua frente e/ou por um ou mais benefícios que ele almeja, de alguma forma, desfrutar. Também é importante destacarmos que o varejo, enquanto espaço integrado (tradicional e digital) para a promoção de negócios, não pode ser estudado de forma restritiva. Por isso, “inclui todas as atividades relativas à venda de bens ou serviços diretamente aos consumidores finais, para uso pessoal e não comercial”. (Kotler; Kelner, 2012, p. 540) Portanto, ao estudarmos o varejo, é essencial que o enxerguemos como uma atividade econômica bastante complexa, visto que possui uma grande capilaridade no que diz respeito aos atores direta ou indiretamente envolvidos, e cujas diversas modalidades de interação merecem toda a nossa atenção. 1.1 O QUE É VAREJO Ao pensarmos no varejo, enquanto setor no qual se inserem as diversas modalidades de negócios (englobando as múltiplas atividades voltadas à satisfação de alguma necessidade por parte 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 6/16 dos clientes), é importante que tenhamos em mente que não existe um conceito único na literatura especializada. Das definições existentes, merecem destaque: Varejo consiste nas atividades de negócios envolvidas na venda de qualquer produto ou prestação de qualquer serviço a consumidores finais, para utilização ou consumo pessoal, familiar ou residencial. Incluem desde alimentos rápidos, divertimentos, lavagens de roupas, serviços de saúde e até móveis, automóveis e residências. (Mattar, 2011, p. 15) Varejo é o processo de compra de produtos em quantidade relativamente grande dos produtores atacadistas e outros fornecedores e posterior venda em quantidades menores ao consumidor final. (Las Casas; Garcia, 2012, p. 23) Varejo é definido como uma unidade de negócios que compra mercadorias de fabricantes, atacadistas e outros distribuidores e vende diretamente a consumidores finais e, eventualmente, a outros consumidores. (American Marketing Association – AMA citada por Las Casas e Garcia, 2011, p. 23) Las Casas e Garcia (2012, p. 23) ainda destacam que “o varejo tem como condição básica de sua prática a comercialização de bens ou serviços a consumidores finais, não importando a natureza da organização que o exerce e tampouco o local em que está sendo praticado”. Desta forma, o ponto chave para que uma dada organização seja concebida como pertencente ao varejo deriva do fato desta desenvolver alguma modalidade de relação comercial, um negócio, a qual não se restringe apenas à compra e venda de mercadorias. Neste caso, também pode ser uma prestadora de serviços, sendo que essas atividades mercantis não precisam necessariamente almejar o lucro como única prioridade (a exemplo do que observamos com as ações de branding com foco em responsabilidade social, e que se estabelecem entre uma organização e um instituto ou uma ONG). TEMA 2 – AS MODALIDADES DE NEGÓCIO E SUAS APLICAÇÕES NO CONTEXTO DIGITAL Já que, no primeiro tema, tivemos uma noção um pouco mais clara sobre que é o varejo enquanto espaço promotor de negócios, nos cabe agora compreendermos um pouco mais acerca da sua inserção no contexto digital. Contudo, antes desse mergulho, é muito importante sempre termos em mente que quando procurarmos compreender a estrutura e as aplicações do e-business 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 7/16 (comércio eletrônico), devemos saber que esse campo de estudos, tal como será demonstrado ao longo das demais aulas, necessita ser analisado enquanto parte de uma conjuntura mais ampla e intitulada de e-business ou de negócios digitais. Após essa breve explicação, conheceremos um pouco mais sobre as principais diferenças entre o papel dos varejistas e dos atacadistas, cuja essência se desdobra em todas as modalidades de varejo, concebido enquanto síntese das estruturas presentes no processo de intermediação de produtos (sejam estes bens e/ou serviços), e que também se aplicam aos negócios eletrônicos. Observe atentamente o Quadro 1, desenvolvida pelos professores Alexandre de Las Casas e Maria Tereza Garcia (2012), e procure assimilar as principais diferenças entre o atacado e o varejo. Quadro 1 – As principais diferenças entre o atacado e o varejo Fonte: Las Casas e Garcia, 2012. A partir da tabela desenvolvia por Las Casas e Garcia (2012, p. 21), observamos que os atacadistas, além de comprarem em grande quantidade, promovem a intermediação entre os produtores e os varejistas. Em paralelo, enquanto as estratégias de persuasão dos varejistas, na maior parte dos casos, se destinam aos clientes finais (através da promoção de relações B2C — business-to- consumer — empresa para os clientes), observamos que os atacadistas miram seus esforços de marketing e comunicação no trade (via relações B2B — business-to-business — empresa para empresa), pois vendem seus produtos a outras empresas que os repassarão para os clientes finais. Além do mais, é muito importante que os atacadistas e varejistas trabalhem de forma integrada, pois 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 8/16 é a partir da sinergia de esforços desses dois elos que os consumidores finais terão à sua disposição os produtos de sua preferência. Ao analisarmos os tipos e os formatos de varejo existentes, ressaltamos que, hoje em dia, contamos com uma infinidade de possibilidades, as quais também vêm sofrendo transformações em decorrência das mudanças que se dão no seio da sociedade da informação. Ou seja, caso o nosso aluno deseje um detalhamento mais aprofundado em torno de todas as classificações existentes, indicamos a obra Administração de Varejo, escrita pelo professor Fauze Najib Mattar, a qual apresenta uma análise bastante minuciosa do tema pretendido entre as páginas 50 a 57. Por fim, também é importante ressaltarmos, a exemplo do que veremos com mais detalhes nas demais aulas, que a evolução do varejo não cessa. A cada dia que passa, novos aprimoramentos e inovações vão sendo paulatinamente incorporados na atividade varejista, a exemplo do que ocorreu mais recentemente com o crescimento do comércio eletrônico e com a valorização dos aplicativos (apps) para smartphones. TEMA 3 – OS NEGÓCIOS ELETRÔNICOS: UMA BREVE CONTEXTUALIZAÇÃO Agora que já conhecemos um pouco mais sobre as diferenças entre Atacado e Varejo, vamos observar como as organizações estão enfrentando aos novos desafios que estão surgindo. Com o avanço da Internet, as empresas varejistas (e que desenvolvem algum tipo de negócio) precisaram se adaptar num curto espaço de tempo, até mesmo porque, hoje em dia, o varejo on-line deixou de ser apenas uma tendência e se tornou uma realidade para a maior parte das organizações de sucesso. Ou seja, é sempre importante destacarmos que o varejo sofreu adaptações diante da própria evolução tecnológica/modernização da sociedade contemporânea, a qual possibilitou o advento do varejo on-line (varejo eletrônico). Neste sentido, na atual conjuntura, os gestores podem operar através de três modalidades: a tradicional (apenas através do PDV físico), a on-line (através do e- commerce, o qual pode se dar a partir de sites, portais e/ou aplicativos) e a híbrida (a qual mescla características das duas primeiras). No caso do varejo/comércio eletrônico, consiste “na venda direta ao consumidor final realizada pela internet através de uma loja virtual do fornecedor. É a apresentação moderna do tradicional11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 9/16 varejo sem loja, que tinha como principal formato o uso de catálogos de compras enviados pelo correio” (Mattar, 2011, p. 573), ou no emprego de um “site para realizar uma transação ou facilitar a venda de bens e serviços pela internet” (Kotler; Keller, 2012, p. 470) e deve ser visto como se tornou uma tendência irreversível. Segundo o entendimento de Kotler e Keller (2012, p. 470), “as vendas no varejo on-line explodiram nos últimos anos”. Isso se deu em decorrência de fatores como benefícios decorrentes da conveniência (os consumidores podem adquirir produtos 24 horas por dia, não importando onde estejam); da informação (os consumidores podem fazer comparações sobre empresas, produtos e concorrentes rapidamente) e da menor exposição (os consumidores evitam se expor à persuasão de vendedores ou de fatores emocionais). (Kotler; Keller, 2012, p. 471) O varejo on-line também trouxe vantagens para os empresários, pois os “varejistas on-line podem prover de modo previsível experiências convenientes, informativas e personalizadas para tipos bastante diferentes de consumidores e empresas”. (Kotler; Keller, 2012, p. 471) Em paralelo, o comércio on-line gera uma economia tanto em termos de espaço físico, já que as mercadorias podem ficar armazenadas em espaços menores, quanto no que diz respeito à alocação de recursos humanos (pois uma quantidade reduzida de funcionários pode atender a uma parcela mais ampla de clientes). O comércio eletrônico também pode gerar lucros mesmo com um baixo volume de vendas, o que favorece sua atuação em mercado de nichos (grupos cada vez menores de clientes, a exemplo do demonstrado pela Teoria da Cauda Longa de Chris Anderson). Mesmo diante de todas essas vantagens, o comércio eletrônico ainda enfrenta alguns desafios, visto que “o bem ou serviço virtual ideal é aquele que é produzido instantaneamente e sob medida, em resposta à demanda do cliente” (Mattar, 2011, p. 594). Dessa forma, é necessário que as empresas que desejam atuar no meio virtual conheçam em detalhes os hábitos de compra do seu público alvo, de modo a garantir que a comunicação implementada no meio virtual não se choque com a existente nos canais mais tradicionais. Pois, como destaca Fernanda Ferreira de Abreu (2018, p. 7) acerca dos negócios eletrônicos, “o novo mundo do marketing digital, dos tablets, smartphones e aplicativos traz não apenas grandes oportunidades, mas também enormes desafios, entre os quais é destacado o de se organizar diante da complexidade e da fragmentação”. 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 10/16 Dessa forma, os gestores que atuam em organizações já consolidadas no comércio tradicional e desejam atuar com e-commerce precisam, por exemplo, estudar com muito cuidado o mercado como forma de se obter a melhor relação custo-benefício possível diante dos diversos canais existentes. TEMA 4 – BASE ESTRUTURAL DOS NEGÓCIOS ELETRÔNICOS O mundo mudou e as estratégias desenvolvidas pelos diversos profissionais que atuam no varejo digital também precisam ser devidamente atualizadas. Hoje em dia, em decorrência dos desdobramentos da atual sociedade da informação — a qual se encontra pautada em macrotendências como a globalização, o desenvolvimento sustentável, a inovação e a indústria 4.0 —, observamos um incremento nos níveis de competitividade entre as organizações, cuja atuação não mais respeita as antigas fronteiras geográficas, diante daquilo que muitos autores denominam de arena global de alta competição. Em paralelo, constatamos o advento de um “novo tipo de consumidor” (Trendwatching, 2016), ultraconectado e dotado de níveis crescentes de expectativa e de exigência, e que, por conseguinte, demanda soluções cada vez mais personalizadas e que precisam se concretizar em um tempo cada vez mais curto. Diante deste cenário, ressaltamos que se é inegável que este novo mundo trouxe grandes oportunidades e desafios, seja para os gestores que já atuam em organizações devidamente consolidadas no mercado tradicional ou aqueles que se aventuram com mais intensidade no comércio on-line, é importante que sejam desenvolvidos estudos com o objetivo de se obter um entendimento mais aprimorando do atual cenário, até mesmo como forma de se oferecer, a partir de estudos científicos/empíricos, subsídios confiáveis e que balizem, inclusive, o planejamento estratégico das organizações. Para sejamos capazes de prosseguir a nossa análise, temos que reforçar a Internet é um dos mais, senão o mais, importante canal impulsionador de negócios do século XXI. Como já frisamos anteriormente, desde seu advento, ela vem revolucionando de forma mais ou menos intensa todas as ações humanas, o que, logicamente, envolve toda a gama de ações dotadas de finalidade econômico-financeira. Foi a partir do desenvolvimento cada vez mais acelerado das novas tecnologias e demais ferramentas digitais que observamos o advento daquilo que denominados de negócios eletrônicos, cuja estrutura vem sendo incorporada pelas organizações com o objetivo de 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 11/16 “se obter vantagem competitiva, oferecer valor agregado aos clientes, ou criar novos modelos de negócios” (Costa, 2007, p. 19). Diante daquilo que já mencionamos, ainda precisamos reforçar que, ao nos referirmos a expressões vinculadas à estrutura que sustenta o comércio eletrônico, bem como ás demais iniciativas que envolvem negócios, que se processam no meio digital, muito embora todas as organizações e demais atores estejam inseridas no mesmo espaço virtual (a web), o que determinará o maior ou menor sucesso de cada estratégia é o olhar atento à percepção que cada público possui em termos de expectativa. Ou seja, como muito bem destaca a professora Fernanda Ferreira de Abreu (2018, p. 7), no novo mundo do comércio digital, as empresas precisam desenvolver soluções cada vez mais customizadas sem perder sua essência, sob pena de apenas serem vistas como “mais do mesmo”. Paralelamente, é muito pertinente que reforcemos que mesmo não estando completamente errado afirmarmos que uma disciplina como a de negócios eletrônicos (ou e-business, caso optemos pelo emprego do acrônimo em inglês de Electronic Business) possa, num primeiro momento, ser concebida como um conteúdo que objetiva apenas e tão somente aprofundar a compreensão da forma através das quais se dá a integração das diversas atividades empresariais com o auxílio das novas Tecnologias Digitais da Informação e da Comunicação (TDGC), vinculados preferencialmente à internet, o grande enfoque não é este. Tal como é reforçado pela professora Paige Baltzan (2016), a tecnologia nunca pode ser concebida como fim em si mesma, sendo única e tão somente a grande facilitadora dos processos. Portanto, guarde com muito cuidado e carinho o seguinte recado: os negócios digitais possuem um campo de estudos bastante amplo, o qual contempla diversas modalidades de transações (comerciais, vinculados à venda de algo, a exemplo do que observamos no e-commerce; e não comerciais, tal como ocorre nos serviços de internet banking e/ou de ensino a distância), que se dão de forma eletrônica, sendo que todas estas possuem um ponto em comum que nunca pode ser esquecido: são feitos por e para pessoas. TEMA 5 – O AMBIENTE DIGITAL E SEUS NOVOS DESAFIOS Ao pensarmos na importância estratégica das informações no atual cenário mundial, bem como seus respectivos desdobramentos e aplicações nos negócios digitais e, por conseguinte, no comércio 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 12/16 eletrônico, basta nos lembrarmos de que, segundo dados de 2018, hoje em dia, no Brasil, mais de 90% dos brasileiros possui telefone celular, sendo que destes mais de 60% são smartphones (EBIT, 2018). Em paralelo, o brasileiro, segundo reportagem publicada na revista Época, é o segundopovo que passa mais tempo conectado às redes sociais virtuais. Por isso, ficamos apenas atrás das Filipinas quando o assunto é interatividade social. Situação não muito diferente da que ocorre nas demais regiões da América Latina, nas quais os usuários permanecem, em média, mais de duas horas por dia conectados. Gráfico 1 – Uso de mídia social por região (média diária em minutos) Fonte: GlobalWebIndex, 2019. O cenário, tal qual podemos observar no Gráfico 1, se mostra bastante favorável à concretização de novas transações que se estabelecem a partir do meio digital. Tanto é verdade que, enquanto você está estudando este conteúdo, há milhares de pessoas plugadas em algum dispositivo devidamente conectadas ao ambiente digital e que desejam ter algum desejo realizado. Em paralelo, como é muito bem observado pela professora Paige Baltzan (2016), a informação, nos dias de hoje, está em todos os lugares e a ampla maioria das organizações a valoriza tal como sendo um ativo estratégico da maior relevância. É justamente a partir de um conhecimento o mais aprimorado possível da estrutura por hora existente que se torna possível pensamos nas potenciais aplicações das novas tecnologias digitais, até mesmo porque “informações de boa qualidade podem melhorar significativamente a tomada de decisões e aumentar o lucro final de uma organização” (Baltzan, 2016, p. 89). 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 13/16 Frente a tudo o que foi apresentado até aqui, finalizamos esta aula destacando que um dos maiores desafios que vêm sendo enfrentados hoje em dia pelas organizações e que será detalhado ao longo das aulas seguintes consiste em pensarmos em estratégias capazes de fazer com que um povo, tal como o brasileiro, que já possui um vínculo tão intenso com os meios virtuais, também se mostre mais propenso a praticar ações focadas no comercio digital. TROCANDO IDEIAS Vimos, ao longo desta aula, que a tecnologia promoveu uma verdadeira revolução na forma como as pessoas passaram a se relacionar umas com as outras, sendo que tal processo, como era de se esperar, também trouxe desdobramentos na forma através da qual são promovidas as relações comerciais como um todo. Diante dos vários conteúdos que você já aprendeu nesta nossa aula, em sua opinião, qual seria uma tendência que ganharia ainda mais força nos próximos anos e que poderia ser incorporada pelos gestores que atuam no meio virtual? NA PRÁTICA Observe atentamente a Figura 1 e perceba como a tecnologia, de diferentes formas, é capaz de impactar a vida das pessoas. Figura 1 – Interesses digitais de cada geração 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 14/16 A partir da análise das informações contidas na imagem, podemos observar que as cinco gerações apresentadas possuem uma gama variada de interesses digitais. Cada geração, contudo, apresenta peculiaridades tanto com relação às plataformas mais empregadas, aplicativos mais valorizados, bem como frente aos assuntos de maior pertinência. Outro detalhe interessante e que, em muitos casos, pode até passar desapercebido por olhares menos atentos são os horários preferidos por cada público. Após uma leitura atenta da figura, a grande questão que se faz presente é: quais são os grandes desafios que surgem nesse contexto onde cada público possui características específicas e que demandam soluções cada vez mais personalizadas? Muito embora seja por demais presunçoso e pretensioso apresentarmos uma única resposta, podemos afirmar que os gestores que atuam com maestria nos negócios digitais voltam seu foco de atenção para a possibilidade de oferecer soluções dotadas de elevado nível de sofisticação e personalização, mas que, acima de tudo, valorizem a subjetividade e a individualidade dos seus clientes. Portanto, enquanto os adolescentes da geração alfa, a partir dos seus smartphones e tablets, focam sua atenção basicamente em entretenimento disponibilizado através de plataformas como 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 15/16 Youtube e Netflix, babyboomers, via o emprego de computadores de mesa ou de aparelhos celulares, enxergam a web como um espaço capaz de lhes fornecer informações relevantes sobre o mercado financeiro e demais notícias cotidianas. Assim sendo, cabe aos gestores de destaque perceberem como podem, através do meio virtual, encantar cada um destes públicos. A partir desta análise, pense em como um mesmo produto, como um smartphone, poderia ser comercializado, através de plataformas digitais para as diferentes gerações. No momento de conceber sua resposta, o mais importante consiste em salientar como as peculiaridades de cada geração podem ser transpostas para estratégias igualmente bem sucedidas. FINALIZANDO As tecnologias vieram para ficar e remar contra esta maré é algo que não possui o menor sentido. Mesmo assim, reforçamos que quando uma empresa deseja elaborar e, na sequência, implementar sua estratégia de inserção no mercado digital, através do emprego de técnicas de e- business, há a necessidade de se conhecer com a maior riqueza de detalhes o terreno onde se está pisando. Decisões afoitas e tomadas no calor do momento geralmente redundam em prejuízos bastante amargos. Infelizmente, algo muito comum, no atual cenário, é a existência de empresas bastante consolidadas no varejo tradicional (pautado no mundo físico) e que não tiveram a mesma sorte no contexto digital, o que resultou na perda de montantes consideráveis de investimentos. Ao colocarmos uma lupa em situações como essas percebemos que, em boa parte dos casos, o grande equívoco se pautou na crença de que a mera presença de um website de e-commerce e/ou o desenvolvimento de um aplicativo de vendas faria com que os lucros crescessem de forma exponencial. Em casos como esses (o que não raro acontece, inclusive, com empresas bastante tradicionais e com larga experiência de mercado), a falha estava na supervalorização dos aparatos tecnológicos diante do entendimento das pessoas. Da mesma forma que a abertura de uma loja física não gera obrigatoriamente um aumento nas vendas, o mesmo ocorre no mundo virtual. Para finalizarmos esta aula, o recado mais importante de todos: mesmo diante das inúmeras possibilidades oferecidas pelos avanços tecnológicos, o sucesso de qualquer relação comercial 11/05/2022 15:14 UNINTER https://univirtus.uninter.com/ava/web/roa/ 16/16 continua sendo o mesmo desde os primórdios, pois um bom relacionamento, pautado em um sentimento de sinceridade e proximidade, constrói vínculos duradouros. REFERÊNCIAS ABREU, F. F. Live marketing existe? Reflexões sobre imbricamentos e tensões com a publicidade. Signos do Consumo, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 4-14, jan./jun. 2018. BALTZAN, P. Tecnologia orientada para a gestão. 6. ed. Porto Alegre: AMGH, 2016. COSTA, G. C. G. Negócios eletrônicos: uma abordagem estratégica e gerencial. Curitiba: Intersaberes, 2012. KOTLER, P.; KELLER, K. L. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2012. LAS CASAS, A. L.; GARCIA, M. T. Estratégias de marketing para varejo. São Paulo: Novatec, 2012. MATTAR, F. N. Administração de varejo. Rio de Janeiro: Elsevier, 2011. SOLOMON, M. R. O comportamento do consumidor: comprando, possuindo e sendo. 11. ed. Porto Alegre: Bookman, 2016.
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