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UNIDADE 1 Serviço Social Integrado1 Apresentação Esta disciplina tem por objetivo abordar questões econômicas e políticas que afetam a vida em sociedade. Percorrendo o capitalismo e suas consequências históricas para a formação do Serviço Social. Podemos observar por meio de uma análise que situações de pobreza fazem parte também das questões relacionais que levam em conta a singularidade dos sujeitos, o fortalecimento de suas organizações coletivas e comunitárias e suas expressões cotidianas. → Exemplo: a ausência de oportunidades e escolhas que vem ocasionar a violação de direitos. Alguns estudos apontam que o capitalismo surgiu na Europa, como fenômeno tipicamente inglês, dadas as condições favoráveis da Inglaterra de mão de obra abundante, esgotamento das atividades agrárias, disponibilidade e qualidade de recursos minerais no período e posição privilegiada de afastamento da região inglesa das regiões de conflitos (HOBSBAWM, 2003). Ao analisar criticamente o Serviço Social no enfrentamento das diversas expressões da Questão Social na sociedade brasileira, convém considerar aspectos multidimensionais e históricos desse fenômeno no mundo, incluindo noções de pobreza e suas facetas no processo de expansão capitalista. Esse cenário transformador já vinha ocorrendo no final de Idade Média, mas a partir do desenvolvimento inglês e de sua força comercial nas rotas marítimas, o movimento econômico e social ampliou-se pela Alemanha, França e Holanda, expandindo-se em seguida para os Estados Unidos (HOBSBAWM, 2003). A globalização apresenta um caráter multidimensional, composto por variáveis sociais que influem na estruturação social, na divisão do trabalho, na gestão dos direitos, na regulação da distribuição de bens e valores sociais, na universalização das oportunidades e riscos e nas transformações culturais, com maior disseminação de conhecimentos, constituição de valores, normas, entre outros a adoção do modelo neoliberal de paralisar o setor industrial e estimular o setor primário de exportações de produtos agrícolas e minerais, com destaque para o papel da China nesse cenário, conduz a retomada do crescimento e a criação de políticas sociais mais abrangentes. Surge, assim, um novo dinamismo para a acumulação de capital no Leste Asiático, enquanto o restante dos países com menor desenvolvimento passou por fases mais lentas de crescimento e maiores crises sociais. Essa reestruturação elevou a níveis inimagináveis as taxas de desemprego, diante de novas formas de organização do processo de produção por sua vez, a classe trabalhadora vivenciou consequências profundas na cultura, na consciência de classe e nas formas de organização com o enfraquecimento dos sindicatos, que passaram a contribuir para a mudança da correlação de forças a favor da grande burguesia. Capitalismo O modo de produção capitalista gera desigualdades entre as classes sociais que se aprofundam ainda mais à medida que ocorrem processos acentuados de acumulação do capital e desequilíbrio na distribuição de renda, com redução do acesso a outros processos políticos de participação na vida das sociedades. Pode-se claramente visualizar que esse processo de desenvolvimento gerou profundas transformações sociais, culturais e econômicas, evidenciando a configuração da relação capital x trabalho e uma consequente divisão de classes sociais entre capitalistas (burgueses) e trabalhadores assalariados (proletários). A internacionalização do capital, a globalização e a revolução tecnológica possibilitaram relações entre países, culturas e a transformação de novas formas de organização social e econômica os desafios e as complexidades para conceituar a pobreza, os processos que geram as desigualdades sociais, ao se levar em conta que não existe um enfoque absoluto, vários são os pontos que nos levam a estabelecer níveis de pobreza, como aspectos nutricionais, econômicos, habitação etc., capazes de assegurar uma vida humana com qualidade. Globalização1 Os trabalhadores do capital e do Estado histórico conjunturalmente buscam estratégias para enfrentamento da Questão Social, e é na organicidade desse enfrentamento, como uma divisão social e técnica do trabalho, que surge o Serviço Social. O capitalismo promove modificações estruturais ao criar a figura do trabalhador coletivo, que limita a individualidade de cada trabalhador e institui o processo cooperativo e a capacidade genérica dos modos de produção. Encerra- se aí uma contradição central do trabalho no capitalismo, quando se destaca a possibilidade do trabalho coletivo, que liberta o homem para produzir condições materiais de vida em larga escala, sem depender somente da natureza. A construção do projeto profissional “resulta tanto da socialização da política conquistada pelas classes trabalhadoras quanto dos avanços de ordem teórico- metodológica, ética e política acumulados no universo do Serviço Social a partir dos anos de 1980” (IAMAMOTO, 2007, p. 8). Esse processo chamado globalização econômica acentuou mais fortemente mecanismos ideológico políticos e econômicos inovadores, adotados pelo capital para aumentar sua produção e manter o controle sobre a organização dos trabalhadores a terceirização, a flexibilização, a informalidade, a busca por mão de obra barata, o controle de qualidade constitui-se em novas estratégias para aumentar o lucro e simultaneamente contribuíram para o aumento da precarização, da exploração do trabalho e do trabalhador brasileiro a produção mundial nessa escala é fragmentada e acentua a competição entre as grandes empresas e os líderes desse mercado globalizado, exigindo maiores investimentos, com o objetivo de manter ou adquirir lideranças tecnológicas e restringir as lideranças nos processos decisórios da produção mundial a revolução capitalista consiste num processo de transformação histórica, porque as ações sociais deixaram de ser conduzidas pela tradição e pela religião para serem conduzidas pelo Estado e pela principal instituição econômica por este regulada – o mercado. No pós- guerra, surgem novos interesses e expectativas criados entre os profissionais da classe média, e a classe operária já compreendia que o Estado podia desenvolver ações a seu favor a nação é a sociedade que compartilha um destino comum e procura reunir condições para organizar e manter um Estado, tendo como principais objetivos a segurança ou autonomia nacional e o desenvolvimento econômico. As políticas sociais são criadas para solucionar problemas gerados pelas desigualdades, mas a ideia é que se a fórmula usada para distribuição original de renda favorece mais a uns que outros, logicamente, as políticas sociais, ao serem planejadas e executadas, devem também alcançar mais àqueles que têm menos acesso a essa renda originalmente distribuída. Trabalho e Necessidade Humana Essa forma de transformação econômica separa os trabalhadores dos seus meios de produção e da origem, inicialmente, à burguesia e à classe operária, e mais adiante à classe profissional o trabalho é uma atividade que emprega o uso da razão para determinados fins, tais como a produção de uso e transformação da natureza para suprir as necessidades humanas. O capitalismo encerra ainda um elemento negativo, porque a própria materialidade do regime capitalista, que potencializa essa coletivização dos produtos do trabalho do homem, tem por objetivo a acumulação de capitais e a reprodução do sistema que a possibilita. E com o processo de cooperação instituído, a motivação e a conexão dos trabalhos na produção de mercadorias são externas, é de domínio do capital e inacessível aos trabalhadores, os quais ainda fornecem gratuitamente a força coletiva gerada no processo de produção, pois o pagamento é dado apenas aos trabalhadores isolados. Estado – Estado Nação A autonomia nacionalpassava a depender de como os projetos de desenvolvimento das nações se apropriavam de modo dependente desse capital estrangeiro. No Brasil, esse era o caso de Getúlio Vargas, que esperava industrializar o Brasil e garantir sua soberania, com papel de destaque na América Latina, contando para isso com apoio político, financeiro e tecnológico norte-americano. Os trabalhadores do capital e do Estado histórico e conjunturalmente buscam estratégias para enfrentamento da Questão Social, e é na organicidade desse enfrentamento, como uma divisão social e técnica do trabalho, que surge o Serviço Social. No caso do Brasil, a Revolução de 1930 deslocou a burguesia cafeeira, rompeu com o bloco hegemônico e conferiu ao Estado maior autonomia para responder rapidamente à crise e para conduzir um projeto calcado na industrialização e no mercado interno, que amadureceu paulatinamente e ganhou contornos mais nítidos no Estado Novo. Estado Nação A legislação trabalhista, visando à implantação e planejamento econômico entre 1939 e 1943, por meio do Plano de Obras Públicas e do Reaparelhamento da Defesa Nacional e do Plano de Obras e Equipamentos, centrados na expansão da infraestrutura e na indústria de base, que buscava a racionalização do serviço público, referido na Constituição de 1937 e nas medidas protecionistas. Desigualdade Social Nas décadas de 1960 e de 1970, observa-se crescente contestação social, caracterizada pelo avanço das forças de esquerda e dos movimentos sociais, que pareciam estar sendo tomados pelo nacionalismo, pelo fundamentalismo e pela esquerda, motivando a formação de uma cultura anticapitalista, surgiu também nessa época os movimentos em defesa de várias causas, como o feminista, o negro, o ambientalista e o ecológico, em contraponto a outros movimentos burocratizados tradicionais de esquerda as transformações somente permitem análises ao se decifrar estruturas institucionais, atores, determinadas estratégias locais e termos para tomada de decisões políticas. O curso de internacionalização do capital e a mundialização da produção motivaram governos locais a adotarem estratégias para maior participação de atores na vida urbana, com projetos de gestão e desenvolvimento de renda, com caráter de fortalecimento da economia regional por meio de incentivos fiscais e outros subsídios que marcaram a década de 1980. Desigualdade Sociais na Realidade Brasileira A pobreza no Brasil não está vinculada à falta de recursos, mas ao processo ineficaz de distribuição e acesso, inclusive a bens e serviços públicos enquanto responsabilidade do Estado, que não são elaborados enquanto políticas públicas, implementadas para produzir mudanças estruturais (JACCOUD, 2009). As reflexões sobre as desigualdades sociais, a pobreza e a Questão Social se justificam porque nos conduzem à definição do papel das políticas sociais que, neste contexto, além de ampliar a cobertura e a qualidade das políticas estruturantes, deverão desenvolver estratégias de redistribuição de riqueza as conquistas sociais e políticas brasileiras resultaram nas atuais relações sociais e de trabalho, no trato com o que é coletivo, na capacidade de mobilização e luta da população, na incorporação, ao menos legislativa, das causas apresentadas nas lutas pela eliminação das diferenças sociais, na possível cultura política e nas recentes vivências cotidianas. Neoliberalismo A produção mundial nessa escala é fragmentada e acentua a competição entre as grandes empresas e os líderes desse mercado globalizado, exigindo maiores investimentos, com o objetivo de manter ou adquirir lideranças tecnológicas e restringir as lideranças nos processos decisórios da produção mundial. Ações Sociais e Capitalismo A revolução capitalista consiste em um processo de transformação histórica, pois as ações sociais deixaram de ser conduzidas pela tradição e pela religião para serem conduzidas pelo Estado e pela principal instituição econômica por este regulada – o mercado, a natureza desse modo de desenvolvimento capitalista produzem um crescente interesse em novos mercados e em novas formas de acumulação do capital, independentemente das dimensões territoriais e políticas que o adotam. Na lógica do capitalismo globalizado, a empresa, para ser competitiva, deve efetivar o que o autor chama de “gestão em fluxo tenso”, gerir capacidade de produção de acordo com a demanda e contratar no mesmo movimento, o que gera a flexibilização da contratação e do uso da força de trabalho a lógica marcada pelas ações do Estado ao assumir a criação de políticas sociais com o objetivo de equilibrar a distribuição de renda no sistema capitalista e torna essas ações reforçadoras do processo de exclusão, pois transformam direitos em benefícios, atrelados a uma cultura de favor, obediente, conformista, que submete ao apadrinhamento ou tutela, com uma postura de gratidão pelo merecimento em momentos em que a necessidade de sobrevivência humana se revela. Estado e Democracia No caso brasileiro, existe uma cultura de constrangimento e humilhação em relação aos segmentos que se encontram na linha de exclusão. Esse segmento evita por todos os meios valer-se do direito de participar do equilíbrio na balança da distribuição de renda porque crê que assumir a defesa desse direito significa identificar-se como não participante efetivo do processo econômico do país e que, de certa forma, constitui um peso para a sociedade significa que lutar para ter acesso a direito ao trabalho, à renda e aos recursos fundamentais para a sobrevivência equivale a fazer parte do segmento mais vulnerável da sociedade e se identificar na lógica de que é excluído da sociedade, porque somente aos excluídos se aplicam às iniciativas de complementação de renda e prestação de serviços sociais. As estratégias de desenvolvimento econômico e social adotadas pelas nações não reconhecem que alguns segmentos sociais não foram considerados na lógica de acesso igualitário e, consequentemente, excluem-no da participação nas fatias de distribuição de renda a que teriam direito naturalmente o fenômeno da globalização cria uma situação de risco para os trabalhadores, por exemplo, quando perdem o emprego, outras consequências se desencadeiam, como a perda de algumas proteções válidas somente para quem faz parte do trabalho ativo e é socialmente reconhecido. Políticas Sociais Nessa perspectiva, as políticas sociais são criadas para solucionar problemas gerados pelas desigualdades, mas a ideia é que se a fórmula usada para distribuição original de renda favorece mais a uns que outros, logicamente as políticas sociais ao serem planejadas e executadas devem também alcançar mais àqueles que têm menos acesso a essa renda originalmente distribuída na estruturação social, na divisão do trabalho, na gestão dos direitos, na regulação da distribuição de bens e valores sociais, na universalização das oportunidades e riscos e nas transformações culturais, com maior disseminação de conhecimentos, constituição de valores, normas, entre outros. Segundo o Relatório do Banco Mundial do ano 2000, a pobreza se caracteriza por ausência de recursos e renda para assegurar a cobertura de necessidades essenciais, incluindo educação e saúde, também pela falta de legitimidade e participação política nas instituições estatais e nos processos sociais organizados e pela exposição das pessoas a riscos, sem potenciais para o enfrentamento, provocando violações de direitos e vulnerabilidades. [...] pobreza é em qualquer lugar do mundo entendida como privação ou ausência das necessidades básicas, podendo mudar a intensidade da privação como ausência total de recursos que impeçam o ser inclusive de se alimentar: condição primeira para sua sobrevivência. O que denotaria um estado de indigência. De outras formas se daria naprivação de condições materiais e acesso mínimo às políticas de saúde, educação, saneamento, habitação etc. [...] Sposati (1997, p. 11). Há dúvidas se no Brasil se desenvolveu historicamente um sistema de proteção social e, ao mesmo tempo, concebe-se que a institucionalização da assistência social enquanto política pública é resultado de muitas lutas dos movimentos populares, organização de trabalhadores, debates de intelectuais e profissionais, envolvendo diversos atores, entre eles profissionais de Serviço Social, esse marco jurídico incorpora a defesa de relações de igualdade, respeito e cidadania, enquanto eixos norteadores das políticas públicas a serem instaladas, garante o compromisso institucional com a Declaração Universal dos Direitos Humanos (arts. 22 a 28), proclamada pela resolução 217 da Assembleia Geral das Nações Unidas em 1948, e inova ao definir que as ações sociais serão direcionadas. A redução das desigualdades econômicas, sociais e culturais existentes no país e que as políticas serão formuladas com intensa participação da sociedade no processo constituinte e na construção de um novo modelo de proteção social. Assistência Social1 No contexto da esfera pública da assistência social, dá-se maior destaque ao controle social como a representação legítima e efetiva dos interesses e das necessidades de um coletivo, para concretizar direitos e inibir ações individuais, interesses particulares que expressem clientelismo e favoritismos de qualquer espécie a proposta de controle social é no sentido de tornar legítimas as ações de uma dada sociedade perante o Estado, e deve ser exercida continuamente. Sociedade Civil Nesse caso, deverão ser compartilhadas e interessar a uma comunidade pretensamente capaz de arcar com seu próprio movimento de gestão dos desafios locais, para mobilizar recursos mínimos do Estado e convocar a sociedade civil para assumir essa responsabilidade e, na maioria dos casos, chamar a iniciativa privada para financiar os projetos. UNIDADE 11 Serviço Social Integrado2 Vamos nesta unidade falar sobre a pobreza e as funções de ter e ser o que diferencia a questão da sobrevivência, assim como a questão social e a mobilização social como fator determinante para a mudança das prioridades do Estado e a diminuição da desigualdade social. → Abordaremos o Serviço Social e a questão social e seu papel mediador. A preservação da vida e sua promoção ou privação pode conduzir até mesmo à morte. Exemplifica com estados de subnutrição que causam mortes prematuras, analfabetismo, que no mundo contemporâneo desencadeia uma série de privações e outras incapacidades a pobreza também podem ser caracterizada por ausência de renda ou pela evidência de que as pessoas se encontram em patamares inferiores aos parâmetros que asseguram a vida e também pela ausência do acesso justo, resultante do trabalho e da efetiva participação social. A adoção do modelo neoliberal de paralisar o setor industrial e estimular o setor primário de exportações de produtos agrícolas e minerais, com destaque para o papel da China nesse cenário, conduz a retomada do crescimento e a criação de políticas sociais mais abrangentes. Surge, assim, um novo dinamismo para a acumulação de capital no Leste Asiático, enquanto o restante dos países com menor desenvolvimento passou por fases mais lentas de crescimento e maiores crises sociais. As formas de opressão são tão intensas e alienantes que, uma vez tolhidos e excluídos do sistema, o isolamento e a degradação vão conduzindo as pessoas apartadas do trabalho a outras formas de apartação. → Exemplos: a moradia, a convivência social e, mais grave, da identidade social e cidadã a que todos fazem jus. Ao ver o homem como ser social e compreender sua realidade sócio-histórica, cria-se uma visão ética da dinâmica social, em que a moral refletida em seus fundamentos permite vislumbrar aspectos que motivaram as pessoas a se renderem de modo conformista a certas opressões e, com isso, o profissional do Serviço Social pode contribuir para a ocorrência de novos posicionamentos, talvez mais conscientes, dos indivíduos na efetivação das suas escolhas. Capacidade Humana Genéticas, sociais, culturais, econômicas, de gênero, fatores climáticos e ecológicos essas capacidades são também afetadas pelo processo de acumulação capitalista, pelas más condições da vida urbana, que incluem a insegurança e a violência em alguns bairros pobres e muito populosos e outras variações sobre as quais uma pessoa pode não ter controle ou apenas controle limitado. É evidente que não ter capacidades ou ser limitado no uso dessas causas, reduz o potencial de participação das pessoas na lógica de pertencimento familiar e comunitário e no acesso a bens e serviços, recursos fundamentais para a existência humana. Potencialização e Renda A renda é um dos meios de potencializar as capacidades humanas e, quanto maiores forem essas capacidades, maior será o potencial produtivo de uma pessoa, consequentemente maior a chance de obter uma renda mais elevada, evidenciando que essa relação é muito importante contudo, não é somente a renda que proporciona o aumento das capacidades, outros elementos são igualmente significativos, como a educação, a saúde, o ambiente saudável, entre outros. Os fatores que levam as pessoas às situações de pobreza também significam defender direitos e aprofundar conhecimentos sobre bloqueios e imposições da estrutura socioeconômica, particularmente os que possam impedir o direito das pessoas de participar das decisões que afetam suas vidas cotidianas. Direitos Sociais É necessário entender os direitos, nessa perspectiva do debate contemporâneo, sobre os impactos das transformações econômicas no movimento de globalização e na reestruturação produtiva nas cidades como esses direitos expressam a nova ordem socioespacial, na qual a cidade revela uma estrutura social dividida entre classes e interesses, entre cidadãos e não cidadãos, o espaço é fragmentado por uma sociedade dominada pelas elites destacam-se, nessas formas organizadas, atores sociais representados em fóruns e redes nacionais, bem como suas respostas frente aos desafios urbanos. Estruturam-se por esse caminho estratégias de intervenção voltadas para a redução das desigualdades sociais e dos níveis de segregação e exclusão social que marcam a sociedade brasileira, na perspectiva da construção de um novo modelo de cidade mais justa e democrática (DAGNINO, 2002). Políticas Públicas Esse processo de organização reivindicativa de direitos não está livre de tensões e embates no Brasil, essas lutas, desde a década de 1980, são visíveis na esfera da defesa do acesso às políticas públicas, que embora tenham papel importante para assegurar condições de bem-estar, no entanto, estão longe de facilitar a ampliação dos espaços onde o público se sobrepõe às apropriações privadas o que se observa, por exemplo, é que serviços de educação e saúde são cada vez mais privatizados. Em seu papel de vinculação ao capitalismo monopolista, o Estado transforma processos de desigualdades estruturais, com efeitos macros, coletivos e que expressam a questão social, em problemas individuais, fragmentados, isolados e de acesso parcializado, meritório, atribuídos às relações. Mundialização do Capital A mundialização do capital, também chamada de globalização, instituiu a financeirização do capitalismo, facilitando a entrada dos sistemas monetários e financeiros de cada capitalismo nacional, que veem acentuadas suas dívidas externas, contraídas ainda no período chamado de grande liquidez (1970); ressalta-se que os países endividados foram deslocados para a periferia do sistema de financeirização do capital, incluindo o Brasil e a América Latina. No Brasil, o neoliberalismo estimulou consideravelmenteos domínios dos capitalistas, também sob a égide da financeirização da economia, que predetermina a acumulação possível e que lugar o Estado irá ocupar no sistema econômico e promoveu intensas privatizações que retiraram do Estado a capacidade de fazer política de produção. Globalização2 No caso brasileiro, o neoliberalismo, a privatização que ocorre do patrimônio público o destrói sobre o domínio das classes dominadas, significando para elas “a destruição de sua política, o roubo da fala, sua exclusão do discurso reivindicativo e, no limite, sua destruição como classe; seu retrocesso ao estado de mercadoria, que é o objetivo neoliberal” (OLIVEIRA, 2006, p. 146). A globalização e o desenvolvimento tecnológico e informacional promoveram profundas mudanças nos processos de trabalho, no sistema de produção e nos mercados e impulsionaram a intensificação da competição intercapitalista, gerando a flexibilização e a corresponsabilização produtiva, que culminou na terceirização ou subcontratação de trabalho temporário, parcial e nas diferentes formas de precarização do trabalho, para destacar apenas alguns dos elementos presentes nesse processo. Direitos Humanos e a Luta de Classe Os direitos humanos são fruto das lutas e das conquistas alcançadas em momentos revolucionários de mobilização da população mundial, na busca de garantir justiça e direitos fundamentais para a preservação da vida humana diante de exposições a situações de violência e contrárias à segurança existencial. Na história destacam- se: as Declarações de Direitos das Revoluções Inglesa (1640 e 1688), da Independência Norte-Americana (1783), Francesa (1789), Russa (1917) e a Declaração dos Direitos Humanos de (1948). No entanto, os direitos humanos resultam da luta de classes, por meio de mobilização dos trabalhadores e sujeitos políticos para combater situações de opressão, exploração e desigualdades nela, consagram-se os direitos sociais, econômicos, civis, políticos defendidos no movimento operário dos séculos XIX e XX. A Constituição brasileira contempla de forma articulada os direitos humanos e os direitos do cidadão, de tal forma que lutar pela cidadania democrática e enfrentar a questão social no Brasil praticamente se confunde com a luta pelos direitos humanos, porque se entende que ambos resultam de uma longa história de lutas sociais e de reconhecimento ético e político, das capacidades humanas, independentemente de quaisquer distinções. Mobilização e Poder Local Em reflexões sobre o poder local, Dowbor (1994) esclarece que as pessoas são condicionadas a entender as formas de organização cotidiana das sociedades como sendo “naturalmente” responsabilidade de uma esfera superior, hoje na cena contemporânea tão virtualizada quanto o capital financeirizado. Trata-se de uma gestão governamental distante, inacessível e que desconhece as realidades específicas, porque se direciona exclusivamente ao interesse do capital globalizado em contradição aos processos desencadeados pelo capitalismo nas últimas décadas, surgiu uma nova tendência de as pessoas se organizarem para tomar em mãos, senão os destinos da nação, pelo menos, o destino do espaço que as cerca, seguindo experiências similares ocorridas também nos países do Leste Europeu, onde a simples privatização está demonstrando seus limites a questão de dinamismo do espaço local tem-se observado que as decisões são tomadas longe do cidadão e correspondem muito pouco às suas necessidades. Essa dramática centralização do poder político e econômico que caracteriza a forma de organização da sociedade brasileira leva, em última instância, a uma apartação profunda entre as necessidades humanas e o conteúdo das decisões sobre o desenvolvimento econômico e social a formação de um determinado grupo que articula relações de poder pode fazer com que essas relações se tornem diferentes de outras desempenhadas em determinados momentos históricos. As pessoas procuram se fortalecer ao criarem um campo de atuação diferenciado de outros campos que comportam poder e estimulam comportamentos sociais que produzem efeitos no ordenamento do território. Relações Sociais No entanto, as relações sociais estabelecidas são mais complexas, porque se constituem de pessoas que compartilham o mesmo território, os mesmos desafios e desigualdades e, uma vez obtendo resultados em empreitada coletiva, são fortalecidas em sua identidade coletiva e na experimentação de ser esse um caminho a ser preservado essa visão está evoluindo gradualmente para a compreensão de que as comunidades estão simplesmente aprendendo a participar da organização do seu espaço de vida e de que o processo está mudando profundamente a forma como nos organizamos como sociedade. A municipalização apresenta-se nesse contexto de poder local como a esfera a ser mais fortalecida, para se caracterizar como um agente de justiça social, procurando desenvolver as principais ações redistributivas com fomento para soluções vitalícias locais e movimentos políticos e enfrentando interesses dominantes organizados e complexidades políticas que inviabilizam os projetos. Essa esfera permite uma democratização das decisões, na medida em que o cidadão pode intervir com muito mais clareza e facilidade em assuntos da sua própria vizinhança e dos quais tem conhecimento direto, sem a mediação de grandes estruturas políticas. Responsabilidade Social Ao Estado brasileiro, segundo sua Carta Magna, competem responsabilidades de inclusão social, promoção dos direitos sociais, estabelecimento de formas de seguridade social baseadas nos princípios da universalidade e na implementação de políticas públicas adequadas e articuladas aos interesses da população. Na contramão desses objetivos, o Estado capitalista, incluindo o brasileiro, fundamenta suas iniciativas no interesse do capital, mantendo a classe trabalhadora com um padrão de vida mínimo, suficiente para manter a lógica da reprodução que vai mantê-la submissa aos interesses do capital o poder público estatal alimenta as condições de apartação e relativiza as ações públicas aos interesses privados e à lógica de direitos apenas para quem está inscrito no sistema e aceita alienadamente a subordinação. Controle Social e Ações O controle social constitui uma estratégia para que a população participe desse processo de responsabilidade do Estado, em todas as dimensões, na lógica do desenvolvimento local, que singulariza as necessidades regionais e assegura a descentralização e mediação dos interesses expressos nessa esfera decisória cabe ao Estado instrumentalizar e articular as políticas públicas e não se tornar proprietário delas. O sujeito social tem que ter consciência de suas capacidades humanas para definir e compreender as causas das desigualdades e das injustiças sociais, e que tem direito a empreender formas coletivas de participação e pertencimento local para usufruir compartilhadamente de tudo que a sociedade produz, inclusive dos ganhos de capital e das contrapartidas globais dessa forma, o controle social possibilita dar visibilidade às iniciativas do Estado na criação e na implementação das políticas públicas e na execução das ações da assistência social, tais como: investimento em recursos públicos, programas, distribuição e redistribuição de renda, serviços em defesa de direitos, entre outros, pois não tem a divulgação necessária para o conhecimento da população. Conselhos & População A politicidade que envolve o controle social passa pela participação da população em conselhos, congressos, fóruns, conferências, seminários, entre outros, fazendo desenvolver as garantias dos direitos constitucionais espera-se que as pessoas participem e se representem nesses espaços de debates e decisões locais e que os coletivos informais e formais contemplem de algumaforma os mais diversos interesses da comunidade e se crie oportunidade para debates em que se fomentem negociações para que o consenso seja estabelecido de modo equânime, garantindo, assim, a força da organização local outra perspectiva interessante dos conselhos é a natureza consultiva que impõem ao Estado, o qual, ao decidir sobre o direcionamento das políticas públicas, deverá consultar o conselho correspondente ao setor/segmento em questão. Com isso, o Estado ficará subordinado aos interesses determinados por esse coletivo sobre qual forma deverá atender às reais necessidades do setor/segmento a que se destinam as políticas públicas. Estado e Democracia No Brasil, as conquistas de direitos não atingem as expectativas, no sentido de assegurar as expansões civis e sociais, devido às burocracias e às hierarquias do Estado e sua forte tendência neoliberal globalizada e fundada na acumulação capitalista as políticas públicas desenvolvidas com influências da participação popular possibilitam maior êxito no exercício da cidadania e no respeito à igualdade como dever ético-político do Estado, eliminando, ao menos em parte, os efeitos devastadores das políticas neoliberais. Questão Social & Problema Social A questão social não é sinônimo de “problema social”, situação social problema – termo adotado nas origens conservadoras de Serviço Social ou da pobreza remetida ao indivíduo isolado ou a certos grupos sociais, responsabilizados ou culpabilizados pelo conjunto de carências e privações por ela produzidas. A “questão social” é entendida como: “[...] conjunto das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho –, das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. É indissociável da emergência do ‘trabalhador livre’, que depende da venda de sua força de trabalho como meio de satisfação de suas necessidades vitais. A questão social expressa, portanto, disparidades econômicas, políticas e culturais das classes sociais, mediatizadas por relações de gênero, características étnico-raciais e formações regionais, colocando em causa as relações entre amplos segmentos da sociedade cível e o poder estatal” (IAMAMOTO, 2001, p. 62). Serviço Social na Realidade Brasileira A realidade brasileira é o conjunto de demandas sociais e é por demais heterogênea e pode definir o modo de realizar uma prática profissional consequente. Focando-se nas práticas do Serviço Social, nota-se desde suas origens um atrelamento ao pensamento conservador e tradicional da Igreja e do Estado sobre as formas assistencialistas para atendimento das demandas sociais da classe trabalhadora. No processo de consolidação profissional, a identidade reflete a divisão social e técnica do sistema capitalista, em ações nitidamente em defesa dos valores da ideologia dominante e com empenho para cooptar os trabalhadores e a família para adesão inquestionável ao sistema. Conhecimento Profissional O conhecimento profissional, fruto do acúmulo de análises críticas sobre as realidades sociais e o cotidiano dos sujeitos sociais, também influi na formulação de estratégias técnicas e políticas no campo da comunicação social – no uso da linguagem escrita e oral e no desencadeamento de ações coletivas que resultem em propostas profissionais que ultrapassem as conformações profissionais a produção de conhecimento possibilitará ao assistente social planejar ações inovadoras, capazes de propiciar uma aproximação da lógica formulada por políticas públicas das necessidades sociais e dos processos para o desenvolvimento humano numa realidade específica, configurada como espaço ocupacional. A crítica por meio da produção de conhecimentos sobre a realidade pode contribuir para que o profissional de Serviço Social desenvolva um processo cultural eivado “cheio” de premissas democráticas e pulsantes em suas relações profissionais, no enfrentamento das desigualdades sociais em cumplicidade com os sujeitos sociais. Mediação Profissional A mediação possibilita ao profissional de Serviço Social analisar a prática alienada, reprodutora do sistema ao qual se vincula e criticamente estabelece uma leitura conjuntural da realidade, compreender as particularidades do exercício profissional e as singularidades do cotidiano e estabelecer as estratégias de mediação da correlação de forças socioinstitucionais. Serviço Social e Perspectiva Profissional O conhecimento na perspectiva do acúmulo crítico sobre a realidade ampliada qualifica o assistente social para assumir trabalhos formulados com base na educação, na mobilização e na organização popular; organicamente integrada aos movimentos societários, políticos e sociais, na direção de plataformas substanciais para o enfrentamento das desigualdades sociais e produtoras de lógicas de desenvolvimento social. Proteção Social É necessário considerar que as conquistas legais significam apenas um passo em direção a sua efetivação. Isso exige dos que não acreditam no fim da história a capacidade de desvendar o momento presente e “ousar remar contra a corrente”, sem perder de vista a natureza estrutural das situações de pobreza e indigência da maioria da população brasileira. Assistência Social A transversalidade da assistência social em relação às demais políticas sociais a coloca também, num recorte horizontal, como responsável pela atenção às necessidades de reprodução social dos excluídos nas áreas que têm programas com função assistencial e que criam serviços para os cidadãos com necessidades específicas, numa perspectiva de equidade social nesse sentido, é evidente que a assistência social, como política de seguridade social e de provisão de recursos para atender às necessidades básicas, constitui-se como política estratégica no enfrentamento da exclusão social. A assistência social sempre se apresentou aos segmentos progressistas da sociedade como uma prática, e não como uma política. Era vista até como necessária, mas vazia de “consequências transformadoras”. Sua operação era revestida de um sentido de provisoriedade, mantendo-se isolada e desarticulada de outras práticas sociais é essencial tornar claro que a prestação de serviços assistenciais não é o elemento revelador da prática assistencialista a assistência social mantém uma relação orgânica com as demais políticas sociais e públicas. Trata-se de um mecanismo de distribuição de todas as políticas e, mais do que isso, é um mecanismo de democratização das políticas socia.
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