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SISTEMA DE ENSINO
HISTÓRIA DO 
AMAZONAS
História do Amazonas: Colônia
Livro Eletrônico
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História do Amazonas: Colônia
HISTÓRIA DO AMAZONAS
Daniel Vasconcellos
Sumário
Apresentação .....................................................................................................................................................................3
História do Amazonas: Colônia ................................................................................................................................9
1. História do Amazonas: Colônia ............................................................................................................................9
1.1. As Sociedades Indígenas na Época da Conquista..................................................................................9
1.2. Conquista e Colonização ...................................................................................................................................21
1.3. Amazônia Pombalina: ..........................................................................................................................................51
Resumo ...............................................................................................................................................................................68
Mapas Mentais ................................................................................................................................................................71
Questões Comentadas em Aula ............................................................................................................................ 73
Exercícios ...........................................................................................................................................................................80
Gabarito .............................................................................................................................................................................. 93
Gabarito Comentado ...................................................................................................................................................94
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a sua reprodução, cópia, divulgação ou distribuição, sujeitando-se aos infratores à responsabilização civil e criminal.
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História do Amazonas: Colônia
HISTÓRIA DO AMAZONAS
Daniel Vasconcellos
ApresentAção
Olá, querido(a) aluno(a), tudo bem?
O Governo do Estado do Amazonas publicou três editais, no último dia 03 de dezembro, 
com abertura de concurso público para a Secretaria de Segurança Pública, a Polícia Militar e 
o Corpo de Bombeiros Militar. De uma só vez, abriram a oportunidade para que você concorra 
a vários cargos e, o melhor, com o conteúdo de História do Amazonas comum a todos eles.
Trata-se de uma excelente chance para que você consiga a tão sonhada aprovação, a esta-
bilidade empregatícia e toda a gama de vantagens que poderá valer-se na condição de servidor 
público do Estado do Amazonas. Não é mesmo uma boa notícia?
Nesse sentido, ao elaborar esse material, o objeto primordial é que você alcance plenas 
condições de GABARITAR QUESTÕES DE HISTÓRIA DO AMAZONAS.
A organização do certame é de responsabilidade da FGV – Fundação Getúlio Vargas, uma 
das mais tradicionais do país, o que favorece o melhor entendimento de como os conteúdos 
deverão ser abordados.
Assim, nosso curso será inteiramente focado na FGV. Apesar de serem raras as questões da 
FGV que abordam o conteúdo de História do Amazonas listado nos editais para estes concursos, 
existem provas anteriores de outras bancas e da própria FGV para outros cargos de outros esta-
dos que guardam semelhança com os editais recentes. Mas não se preocupe, abordarei a forma 
como os conteúdos serão cobrados e alguns “macetes” para que você, querido(a) aluno(a), con-
siga resolver com tranquilidade e confiança as questões sobe a História do Amazonas.
Devemos ressaltar que a FGV é uma banca habitual na elaboração das provas de con-
cursos para todo o país, tanto para órgãos públicos, quanto para a iniciativa privada e outras 
organizações, deixando um vasto banco de dados para estudo. Nesse sentido, poderemos 
analisar, em detalhes, as questões de História do Amazonas produzidas pela FGV. Além disso 
utilizaremos questões de outras bancas que se assemelham ao “modelo” cobrado na prova, 
sempre com uma abordagem coerente com o conteúdo listado no edital.
Por falar em conteúdo, o edital valoriza, e muito, a tão rica e significativa História do Ama-
zonas. Não é para menos. Registros de povoamento na região remontam pelo menos 11.200 
anos. A região foi motivo de disputas entre espanhóis, portugueses e, mais tarde, entre Brasil e 
Bolívia. Tão importante a ponto de influenciar os destinos do país, os destinos de países euro-
peus. Realmente, não é para menos! Daí a necessidade de esmiuçarmos temas tão regionais e 
ao mesmo tempo tão expressivos para a história do Brasil.
Além disso, você, meu(minha) querido(a) aluno(a), precisa ter como requisito o conheci-
mento da História da sociedade a qual deverá servir, defender. Você será membro de umas das 
forças de segurança do Amazonas, Estado da Federação que possui aspectos físicos e uma 
população com características culturais muito específicas. Como poderá defender uma socie-
dade que você não conhece? Não é apenas uma disciplina cobrada para “encher linguiça”, para 
testar sua alfabetização. É uma necessidade lógica muito bem trabalhada na seleção pela FGV.
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História do Amazonas: Colônia
HISTÓRIA DO AMAZONAS
Daniel Vasconcellos
Assim, é muito importante que você tenha um grande escopo de conhecimento sobre a 
História do Amazonas, conhecimento esse que possibilitará que você tenha um alto índice de 
acertos nas questões ou, melhor ainda, que você gabarite a prova e encaminhe com solidez a 
sua aprovação em um cargo público.
Para tanto, a base que norteará todo o nosso curso será o diálogo, favorecendo uma boa 
interação entre aluno(a) e professor e a resolução oportuna das eventuais e possíveis dúvidas 
que por ventura surgirem.
Antes, porém, peço licença para uma breve apresentação.
Meu nome é Daniel Vasconcellos, sou de Patos de Minas, interior de Minas Gerais. Pouco 
antes de me formar em História, coisa de um ano antes, 2003, comecei a trabalhar como pro-
fessor no ensino médio. Tomei gosto pela coisa. Gosto do que faço, amo a docência. Foi muito 
rápido, quando percebi já atuava em cursinhos preparatórios para concursos públicos, vesti-
bulares e no ensino médio da rede particular no interior de Minas. Passei a ministrar também 
aulas de Filosofia, Sociologia e Geografia. Não faltava trabalho.
Tive a sorte de ser “engolido” pelo sistema particular de ensino e recebia um salário 
razoável, pelo menos pra quem desejava uma vida pacata no interior. Com isso não criei o 
interesse por concurso público. Era feliz: trabalhava com o que gostava, mas… os ventos mu-
daram. Em 2013, após perder minha maior carga horária de trabalho, resolvi ir para Brasília, 
onde ainda resido.
Entre agosto e dezembro de 2013 tentei os concursos do Ministério do Trabalho, Câmara 
dos Deputados e Secretaria de Educação do Distrito Federal. Fiquei muito mal quando não vi 
meu nome aprovado no concurso da Câmara. Me sentia preparado, mas não era a minha área. 
A concorrência era enorme para um salário de R$ 18.000. Três meses de preparação émuito 
pouco tempo. Para um concurso deste porte eu já deveria estar me preparando. Tudo é plane-
jamento e disciplina.
Mas o negócio é levantar a cabeça, estudar mais e focar no próximo. Em dezembro fiz as 
provas para a Secretaria de Educação, em fevereiro saiu o resultado e em julho já estava fa-
zendo o que gosto de novo! Mas o melhor de tudo: fazendo o que gosto, ganhando bem e com 
estabilidade!!! A estabilidade é a cereja do bolo do serviço público. Não existe mais aquela 
pressão de todos os finais de anos letivos em que ficávamos apreensivos sem saber ao certo 
se teríamos emprego no ano seguinte. Em apenas um ano minha vida deu uma guinada radical 
e hoje só me arrependo de não ter buscado os concursos públicos antes.
Se existe algo que eu possa passar com essa experiência é que não se pode perder tempo! 
Você precisa se dedicar, mas com planejamento, sem desespero. Esse material foi feito com 
muito carinho para que seu tempo seja otimizado, para que você não perca tempo com o que 
não tem possibilidade aparecer na prova. Vamos ajudá-lo(a) a alcançar seu objetivo, e digo 
mais, num curto espaço de tempo.
Você verá, meu(minha) caro(a) aluno(a) que o sacrifício vale muito! Não vá se sentir cul-
pado por não dedicar o tempo que seria justo à sua família e a seus amigos. Aquele encontro 
fica pra depois, e vai ser muito mais prazeroso porque carregado da alegria pela conquista do 
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História do Amazonas: Colônia
HISTÓRIA DO AMAZONAS
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seu esforço! Então vamos!!! Bora buscar seu cargo! Conte comigo em tudo o que for preciso 
para alcançar seu objetivo.
Muito bem, feitas as apresentações, vamos aos detalhes dos concursos:
Editais:
Edital PM/AM: Polícia Militar do Estado do Amazonas
• Situação atual: Edital publicado
• Banca organizadora: Fundação Getúlio Vargas (FGV)
• Cargos: Soldado, Oficial e Oficial de Saúde
• Escolaridade: Níveis médio e superior
• Carreiras: Segurança Pública
• Lotação: Amazonas
• Número de vagas: 1.350 vagas
• Remuneração: inicial de R$ 2.657,28 a R$ 7.180,34
• Inscrições: de 8/12/2021 até 04/01/2022
• Taxa de inscrição: de R$ 100,00 a R$ 180,00
• Data da prova objetiva: 06/02/2022
• Clique aqui para ver o edital PM AM
Edital CBM/AM: Corpo de Bombeiros do Estado do Amazonas
• Situação atual: edital publicado
• Banca organizadora: Fundação Getúlio Vargas (FGV)
• Cargos: Soldado e Oficial
• Escolaridade: Níveis médio e superior
• Carreiras: Segurança Pública
• Lotação: Amazonas, AM
• Número de vagas: 453 vagas
• Remuneração: de R$ 4.831,43 a R$ 12.468,18
• Inscrições: 08/12/2021 a 04/01/2022
• Taxa de inscrição: de R$ 100,00 a R$ 180,00
• Data da prova objetiva: 13/02/2022
• Clique aqui para ver o edital Bombeiro AM
Concurso SSP/AM: Secretaria de Segurança Pública do Amazonas
• Situação atual: Edital Publicado
• Banca organizadora: Fundação Getúlio Vargas – FGV
• Cargos: Técnico de Nível Superior e Assistente Operacional
• Escolaridade: Níveis médio e superior
• Carreiras: Segurança Pública
• Lotação: Amazonas, AM
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História do Amazonas: Colônia
HISTÓRIA DO AMAZONAS
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• Número de vagas: 150 vagas
• Remuneração: de R$ 1.350,19 a R$ 2.764,68
• Inscrições: de 13/12/2021 a 11/01/2022
• Taxa de inscrição: de R$ 40,50 a R$ 82,94
• Data da prova objetiva: 20/02/2022
• Clique aqui para ver o edital SSP AM
Note, meu (minha) querido(a), que serão três finais de semana consecutivos de provas 
objetivas, caso venha a concorrer para as três instituições, o que recomendo. Ora, você terá a 
oportunidade de concorrer a pelo menos três cargos estudando o mesmo conteúdo!!!
Por falar em conteúdo, a FGV listou uma vasta temática nos editais. Para facilitar seu estu-
do e ser didaticamente objetivo, dividi as aulas de acordo com os tópicos listados. Assim, você 
acessará três aulas com conteúdos comuns a todos os editais e, ainda, acessará uma aula 
80/20 (análise do edital, da banca, de provas anteriores e dicas para a prova) específica para o 
concurso que irá concorrer. Veja:
Aula I: História do Amazonas: Colônia.
1. COLÔNIA:
• 1.1. As sociedades indígenas na época da conquista: origem e distribuição das popula-
ções indígenas; Grupos linguísticos e tribais; O modo de vida e a organização dos gru-
pos tribais; Estimativas demográficas;
• 1.2 Conquista e colonização: expedições do século XVI: a de Francisco de Orellana e 
a de Ursúa e Aguirre; ocupação militar: o forte do Presépio e a expulsão dos “estran-
geiros”; Expedição de Pedro Teixeira; as bases da colonização portuguesa: as bases 
econômicas; organização da força de trabalho indígena; organização e funcionamento 
da administração do Maranhão e Grão-Pará; as ordens religiosas; conflitos internos: mis-
sionários X colonos;
• 1.3. Amazônia Pombalina: Portugal Metropolitano; medidas pombalinas; Governo de 
Mendonça Furtado; Capitania de São José do Rio Negro; Demarcações de limites: trata-
dos de Madri e Santo Ildefonso. Extinção do Diretório dos índios: elementos históricos; 
Instituição dos corpos de milícias.
Aula II: História do Amazonas: Império.
2. IMPÉRIO:
• 2.1. Incorporação da Amazônia ao Estado Nacional Brasileiro: Província do Pará; Comar-
ca do Rio Negro; A Cabanagem: o povo no poder: condições objetivas para a eclosão da 
Cabanagem; governo dos cabanos; conflitos no Amazonas; repressão imperial e o fim 
da Cabanagem.
• 2.2. Província do Amazonas: economia do Alto Amazonas na primeira metade do século 
XIX; Comarca do Alto Amazonas; manifestações autonomistas; criação e implantação 
do Estado provincial amazonense; sistema político do Amazonas no Segundo Reinado.
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História do Amazonas: Colônia
HISTÓRIA DO AMAZONAS
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• 2.3. Economia e sociedade na Amazônia: ciclo da borracha; migração nordestina; serin-
gal e o seringueiro; o sistema de aviamento.
Aula III: História do Amazonas: República.
3. REPÚBLICA:
• 3.1. Fronteiras do Brasil: incorporação do Acre ao Estado Nacional Brasileiro; questão do 
Amapá; limites com a Guiana Inglesa.
• 3.2. Amazonas cosmopolita: nova situação sociopolítica; transplantação de novos con-
ceitos culturais; cidades da borracha: Belém X Manaus.
• 3.3. Decadência da economia gumífera: grande crise da economia gumífera; tentativa de 
recuperação: “a Batalha da Borracha”.
• 3.4. Manaus: de “Paris dos Trópicos” a “Miami Brasileira”: situação econômica e social 
da cidade; Rebelião de 1924; “Era dos Interventores”; “Clube da Madrugada”; Zona Fran-
ca de Manaus.
Aula IV: Essencial 80/20 – História do Amazonas para SSP-AM.
Aula IV: Essencial 80/20 – História do Amazonas para CBM-AM.
Aula IV: Essencial 80/20 – História do Amazonas para PM-AM.
Metodologia
A ideia do curso é que você não precise utilizar nenhum outro material além deste para 
se preparar para as questões de História do Amazonas. Cada detalhe do curso foi meticulosa-
mente preparado para sanar todas as dúvidas que puderem surgir.
Na parte teórica você encontrará uma narrativa leve e objetiva, com intuito de que consiga 
enxergar, compreender a Históriado Amazonas como um processo. Variados exemplos, es-
quemas e mapas mentais serão utilizados para que consiga criar links cognitivos. Você, em 
curto espaço de tempo, conseguirá ler uma alternativa e perceber o seu erro por um pequeno 
detalhe, saberá identificar a única alternativa lógica para o Universo da História do Amazonas.
Ao final da aula, os principais pontos dos temas estudados serão reunidos em um RESU-
MO. É ele o responsável para que você não tenha que voltar a ler as aulas incontáveis vezes. 
Esse resumo terá a função de fazer você recordar o que fora estudado como uma cadeia 
códigos que se conecta com sua memória, fazendo se lembrar, inclusive, de como o assunto 
poderá ser cobrado.
Além disso, as questões sobre História do Amazonas elaboradas pela FGV serão comen-
tadas para que você entenda o “jeito” da banca. Uma lista de exercícios com questões sobre o 
tema também o(a) ajudará na fixação do conteúdo.
Detalharemos cada fato relevante à compreensão do processo, mas isto só terá sentido 
na medida em que ajudá-lo(a) a resolver as questões, a fazer bem a prova. Não vamos perder 
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tempo com detalhes menores já que o objetivo não é que você escreva um artigo científico 
sobre “a influência do ciclo da borracha na Primeira Guerra Mundial”.
Não se preocupe, ao final do curso você estará muito bem preparado para realizar uma 
excelente prova.
Suporte
A dúvida é o princípio do conhecimento. Questionar, indagar… é assim que a humanidade 
chegou no atual estágio de desenvolvimento. Por isso, questione. Não tenha receio em me 
chamar no fórum de dúvidas.
Caso a dúvida não seja sanada de maneira firme, objetiva, o processo de aprendizagem 
pode ser comprometido. Por isso, não hesite em questionar. Estarei à disposição para sanar 
quaisquer dúvidas que tiver.
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HISTÓRIA DO AMAZONAS: COLÔNIA
1. HistóriA do AmAzonAs: ColôniA
Estimado(a) concurseiro(a), para entender como a FGV lhe cobrará o conhecimento, é im-
portante que sigamos estritamente a ordem dos conteúdos listados no edital. As palavras usa-
das para nomear cada tópico carregam em si uma intencionalidade, um recorte da temática. 
Assim, desmembrei cada tópico do edital em subtópicos para que não fique nada de fora dos 
nossos estudos.
1.1. As soCiedAdes indígenAs nA ÉpoCA dA ConquistA
Estimado(a), a teoria mais aceita sobre a origem do homem amazônico é a de que chegou 
ao Novo Mundo através da Ásia, e, como a geologia mostra que o continente americano já se 
encontrava em sua forma atual quando o Homo sapiens apareceu, pode-se aceitar a hipótese 
de que, há 24 mil anos, grupos nômades atravessaram o estreito de Bering, ocupando e colo-
nizando as Américas. Algumas dessas levas de migrantes asiáticos, ou seus descendentes, 
acabaram chegando ao vale do rio Amazonas. É provável que esses primeiros grupos tenham 
cruzado a grande floresta por volta de 15 mil anos atrás, dando início à colonização humana 
da Amazônia.
1.1.1. Origem e Distribuição das Populações Indígenas
Querido(a), até bem pouco tempo a região amazônica era considerada uma área de pou-
cos recursos, o que limitava as possibilidades de os grupos humanos desenvolverem ali uma 
sociedade avançada. Ainda recentemente, as evidências arqueológicas ou documentais sobre 
as antigas sociedades complexas da Amazônia eram simplesmente negadas ou atribuídas à 
presença passageira de grupos andinos e mesoamericanos.
Pesquisas como as da arqueóloga Anna Roosevelt, sobre as culturas da ilha de Marajó e da 
calha amazônica, comprovam a existência de uma inequívoca ocupação desde o Pleistoceno, 
ou início do Holoceno, por sociedades de caçadores-coletores, donos de elaboradas culturas 
de tecnologia da pedra, além de algumas das mais antigas sociedades sedentárias, fabrican-
tes de cerâmica e agricultores equatoriais.
Os avanços da arqueologia amazônica nas últimas duas décadas mostraram a utilida-
de relativa dos estudos etnográficos e de etno-história para o conhecimento da realidade 
pré-colombiana da região. Os trabalhos arqueológicos realizados em diversas partes do 
grande vale deixaram mais nítidas as profundas distinções entre as sociedades contempo-
râneas da chegada dos europeus e aquelas anteriores. Os sinais da ocupação humana do 
Holoceno, que ocorreu entre 11000 e 7000 a.C., encontrados por meio de escavações e pros-
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pecções arqueológicas, mostram uma grande diversidade de técnicas na busca de recursos 
naturais e fontes de alimentos, bem como a domesticação de certos animais.
Outra surpreendente característica do Holoceno na Amazônia exposta nos sítios arqueoló-
gicos foi a substancial mudança no meio ambiente provocada pelo ser humano. Pode-se dizer 
que essas sociedades exerceram uma verdadeira “domesticação da natureza”, que difere subs-
tancialmente em resultados nas mudanças provocadas pelas sociedades agrícolas. O último 
milênio do período Holoceno foi de grandes transformações, que deixaram sinais aterradores.
Caçadores-Coletores
Os escassos sinais de ocupação humana na Amazônia durante o Pleistoceno, ou Holoce-
no, foram encontrados em cavernas, abrigos naturais e sambaquis. É importante observar que 
os antigos caçadores-coletores da Amazônia não eram exatamente primitivos em termos de 
tecnologia e estética, mas também lembram bem pouco os povos indígenas atuais, que supos-
tamente são seus descendentes.
Os primeiros habitantes da Amazônia formaram uma comunidade de alta sofisticação. 
Abrangeram desde os paleoindígenas até os pré-ceramistas arcaicos e ceramistas arcaicos 
avançados, estabelecendo vasta e variada rede de sociedades de subsistência, sustentadas 
por economias especializadas em pesca de larga escala e caça intensiva, além de agricultura 
de amplo espectro, cultivando plantas e também criando animais.
A existência de artefatos fabricados por certos povos, encontrados em diversas áreas da 
região, é prova de que havia um intenso sistema de comércio, de viagens de longa distância e 
de comunicação. Na localidade de Abrigo do Sol, no Mato Grosso, ferramentas utilizadas para 
cavar petróglifos nas cavernas foram datadas entre 10000 e 7000 a.C. Outros artefatos de 
pedra encontrados nos altiplanos das Guianas venezuelanas e na República da Guiana, bem 
como nas barrancas do rio Tapajós, foram datados, a partir de seus grupos estilísticos, como 
de um período entre 8000 e 4000 a.C.
Horticultores
A lenta transição da caça e coleta para a agricultura ocupou o período de 4000 a 2000 a.C. 
Restos de alimentos, de plantas e de animais encontrados em cavernas e abrigos situados na 
Venezuela e no Brasil foram datados entre 6000 e 2000 a.C., registrando a presença de povos 
coletores nessas áreas.
Os principais sinais da transição foram localizados nos muitos sambaquis descobertos 
próximos à boca do Amazonase no Orinoco, na costa do Suriname e em certas partes do 
baixo Amazonas. As camadas mais antigas não continham cerâmica, porém as mais recen-
tes apresentavam um conjunto de formas surpreendentes datadas de aproximadamente 4000 
a.C., nos sambaquis da Guiana, e 3000 a.C., e nos achados da localidade de Mina, também na 
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HISTÓRIA DO AMAZONAS
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boca do Amazonas. Esses achados e os exemplares de cerâmica, encontrados nos sambaquis 
da localidade de Taperinha, perto de Santarém, baixo Amazonas, são evidências de que as 
culturas amazônicas já cultivavam a arte da cerâmica pelo menos um milênio antes dos povos 
andinos. Foi por essa mesma época que as pequenas povoações de horticultores começaram 
a ganhar importância. E, aos poucos, congregaram um maior número a sua população graças 
aos avanços na tecnologia do cultivo.
Por volta de 3000 a.C., as sociedades de horticultores passaram a marcar sua presença na 
região. O estilo da cerâmica, por exemplo, recebeu fortes modificações, apresentando formas 
zoomórficas e decoração com figuras de animais, e utilizando técnicas de pintura e incisão. As 
figuras de animais são imediatamente reconhecíveis nessas cerâmicas de fortes conotações 
antropomórficas, associadas com uma cosmogonia que implicava em abundância de caça, 
fertilidade humana e poderes do xamã em se relacionar com as forças da natureza corporifi-
cadas por animais.
É claro que pouco se sabe dos ritos antigos, mas lentamente esse passado está vindo à 
tona com as descobertas de sítios de enterros cerimoniais e restos de aglomerados humanos. 
É muito provável que essas sociedades baseassem suas economias na plantação de raízes 
como a mandioca, que já vinha sendo cultivada desde pelo menos 5000 a.C., conforme provas 
encontradas no Orinoco. Por isso, as mais recentes teorias sobre a natureza das sociedades 
humanas de coletores e sua adaptação aos trópicos estão ganhando terreno a cada descober-
ta de novas evidências arqueológicas, além das provas etnográficas tradicionais. Eis por que 
se pode afirmar hoje que a introdução do cultivo da mandioca na várzea, durante o primeiro 
milênio antes de Cristo, foi um fator decisivo, assim como a chegada da cultura do milho na 
mesma área de cultivo significou um excedente maior de alimentos para a estocagem.
Mas a adição da várzea na economia dos povos horticultores, com os depósitos sazonais 
de fertilizantes naturais, criou um rico suprimento de alimentos, que incluía peixes, mamíferos 
aquáticos e quelônios. Os primeiros amazônidas experimentaram um grande desenvolvimento 
por volta de 2000 a.C., transformando-se em sociedades hierarquizadas, densamente povoa-
das, que se estendiam por quilômetros ao longo das margens do rio Amazonas. Essas imen-
sas populações, que contavam com milhares de habitantes, deixaram marcas arqueológicas 
conhecidas como locais de “terra preta indígena”.
O mais conhecido deles encontra-se nos arredores da cidade de Santarém, no Pará, exa-
tamente um dos centros de uma poderosa sociedade de tuxauas, guerreiros que dominaram 
o rio Tapajós até o final do século XVII, já no período de colonização europeia. Os tuxauas de 
Santarém, tais como os tuxauas de Marajó — senhores da boca do Amazonas —, os tupinam-
baranas, os muras, os mundurukus e omáguas, com suas cidades de 20 mil a 50 mil habitan-
tes, recebiam tributos de seus súditos e contavam com numerosa força de trabalho, inclusive 
de escravos. Essa massa trabalhadora construiu enormes complexos defensivos, povoados e 
locais de culto, além de fazer canais e abrir lagos para viabilizar as comunicações fluviais.
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A maior estrutura de sítios arqueológicos indicando a existência dessas civilizações anti-
gas pode ser encontrada nos altiplanos da Amazônia boliviana, no médio Orinoco e na ilha de 
Marajó. Na ilha de Marajó, floresceu uma das mais admiráveis civilizações do grande vale, que 
provavelmente já estava extinta ou decadente por ocasião da chegada dos europeus.
No entanto, os restos arqueológicos são impressionantes, com quarenta sítios descober-
tos numa superfície de 10 a 15 quilômetros quadrados. Embora poucos sítios tenham sido 
escavados e as áreas de cemitérios tenham atraído saqueadores em busca das soberbas ce-
râmicas que serviam de urnas funerárias, os resultados são intrigantes e surpreendentes.
Entre as escavações da ilha de Marajó, a que mais se destaca é a do monte de Teso dos 
Bichos. Ali, entre 400 a.C. e 1300 d.C., existiu uma população estimada entre quinhentas e mil 
pessoas. Fazia parte de um complexo de povoados pertencentes a uma sociedade de tuxauas. 
Essa sociedade apresentava um alto desenvolvimento tecnológico e uma ordem social bem 
definida. As mulheres se encarregavam dos trabalhos agrícolas, cuidavam do preparo da ali-
mentação e habitavam casas coletivas. Os homens eram responsáveis pela caça, pela guerra, 
pelas atividades religiosas e viviam em habitações masculinas. Essas habitações ficavam pró-
ximas ao centro cerimonial da aldeia, numa plataforma de barro construída na ala oeste. Toda 
a povoação ocupava aproximadamente 2,5 hectares.
O estudo dos esqueletos encontrados em Teso dos Bichos mostra que os moradores da 
ilha guardavam traços físicos muito parecidos com os dos atuais povos indígenas, embora 
fossem centímetros mais altos. As mulheres eram baixas e bem proporcionadas, e os homens 
musculosos, indicando uma dieta rica de proteína animal e comida de origem vegetal. O forma-
to craniano prova que eram amazônidas, não andinos.
Teso dos Bichos deve ter mantido uma concentração humana por dois milênios sem maio-
res problemas, disputas ou superpopulação. Muitos dos hábitos e costumes posteriormente 
herdados pelos povos indígenas e pelas populações cabocas foram criados e desenvolvidos 
por essas sociedades antigas. A preferência por certos peixes, como o pirarucu, e o uso de 
refrescos fermentados, como o aluá, eram muito comuns entre as gentes de Marajó, de Tupi-
nambarana, do Solimões ou do altiplano boliviano.
Mas o processo de despopulação, ocorrido com a chegada dos europeus, fez com que os 
povos indígenas modernos retrocedessem para um tipo de vida anterior ao surgimento dessas 
economias intensivas comandadas por poderosos tuxauas.
Querido(a), caso tenha interesse em conhecer as principais tribos indígenas do Amazo-
nas, recomendo que consulte o seguinte link: https://pib.socioambiental.org/pt/Categoria:Po-
vos_ind%C3%ADgenas_no_Amazonas. Nele, encontrará detalhes sobre a história, a cultura e a 
demografia de pelo menos 63 povos.
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1.1.2. Grupos Linguísticos e Tribais
Estimado, a Amazônia é a região menos conhecida do ponto de vista linguístico em todo 
o mundo. Mapas dos idiomas da América do Sul dão a impressão de confusão, com suas 
porções coloridas para cada grupo genético, formando quaseuma pintura abstrata. E, no caso 
das gramáticas das línguas amazônicas, estas estão repletas de imprecisão e estranhas pro-
priedades, em nada ajudando na elucidação do problema.
O idioma tukano, por exemplo, é conhecido pelo sofisticado sistema de evidências que faz de seu 
interlocutor o perfeito argumentador, capaz de articular seu raciocínio ao fazer uma afirmação, tor-
nando-a irretorquível. Por isso nunca se deve negociar nada com os tukanos, sem que se tenha 
uma argumentação bem fundamentada em fatos. No entanto, a extensão do que conhecemos da 
gramática do idioma tukano não se reflete em outros idiomas, porque as gramáticas existentes são 
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incompletas, apenas se debruçam sobre exotismos gramaticais e impedem que se compreenda a 
tipologia mais geral de tais idiomas. (SOUZA, 2019).
Se alguém deseja aprender um idioma amazônico através dessas gramáticas, é melhor 
esquecer, porque não têm essa finalidade. A verdade é que nos idiomas amazônicos, a maioria 
das famílias linguísticas está distribuída de forma descontínua na região, muito mais do que 
em outras partes do planeta. Os idiomas tupi e aruaque ocupam cerca de dez regiões geográ-
ficas separadas, e o idioma caribe, pelo menos cinco.
O tukano, uma das famílias mais homogêneas do ponto de vista linguístico, é falado em três 
regiões bem diferentes. E houve também um intenso processo de difusão linguística em toda a 
bacia amazônica, o que dificulta a determinação de similaridades entre idiomas falados nas áre-
as próximas e se há interpenetração de códigos genéticos linguísticos, ou simples apropriações.
Cada idioma amazônico tende a apresentar características de acordo com o tipo de territó-
rio em que é falado, seguindo os métodos de produção de alimentos e a cultura material. Por 
isso, quase todas as etnias que falam os idiomas das famílias aruaque, caribe e tupi vivem na 
floresta, usam da agricultura, possuem canoas, redes, cerâmica e são os povos de organização 
social e cultural com mais complexidade.
Os povos de idioma jê, por seu lado, pouco trabalham com agricultura, não têm canoas, 
redes ou cerâmicas, e são encontrados nas regiões de savana. E, espalhados entre as etnias 
agrícolas, no interior da selva densa, vivem os pequenos grupos linguísticos de caçadores-co-
letores, como os makus, mura-pirahãs e os guahibos.
A norma entre os povos da Amazônia é o multilinguismo, onde um indivíduo é capaz de falar quatro 
a cinco idiomas. O problema é que muitos desses idiomas estão em processo de desaparecimento. 
Da bela variante aruaque falada pelos manaus, sobrou apenas uma gramática compilada por um 
padre jesuíta. O desaparecimento de língua compromete a diversidade linguística do planeta e reduz 
severamente o campo do que é possível na expressão humana. O idioma palikur, da família aruaque, 
rompe a regra de uma língua com mais de um sistema de classificação de substantivos: apresenta 
um sistema de três gêneros e mais de vinte classificações de substantivos. E como os falantes de 
idiomas são repositórios de conhecimentos exclusivos, a perda da diversidade linguística vai mais 
além que um desastre para a ciência da linguagem, afeta o conhecimento científico e empobrece a 
natureza humana. (SOUZA, 2019)
Uma língua não é uma entidade autossustentada, ela só sobrevive onde há uma comunidade de 
pessoas que a falam e a transmitem às novas gerações. E essas comunidades humanas só podem 
existir onde possam ganhar a própria vida. Quando essas comunidades perdem seus territórios e 
formas de viver, seus idiomas começam a morrer. Quando uma língua perde seus falantes, morre.
Já se afirmou que o mais apropriado seria usar a expressão “língua assassinada”, ou “lín-
gua que se suicidou”, pois as línguas não morrem de causas naturais. Em geral, são assassina-
das junto com o povo que as falava. Assim, há línguas predadoras, como a língua inglesa, que 
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quase matou o irlandês e o galês, tal qual o português e o espanhol estão matando os idiomas 
amazônicos. Apenas no século XX, 110 idiomas indígenas desapareceram na Amazônia.
Com relação à língua falada, o Censo 2010 identificou 274 línguas indígenas no Brasil, sendo 
que 57,1% dos indígenas não falam a língua indígena, já 76,9% deles falam a Língua Portuguesa.
Entre os indígenas que vivem em Terras Indígenas esses percentuais se alteram, 57,3% 
falam alguma língua indígena e 28,8% não falam a Língua Portuguesa.
A maior parte dos indígenas são alfabetizados (76,6%). Inclusive os indígenas que vivem 
em Terras Indígenas são alfabetizados, em sua maioria (67,7%).
Fonte: Censo Demográfico – IBGE, 2010
1.1.3. O Modo de Vida e a Organização dos Grupos Tribais
Os atuais povos indígenas, que vivem em pequenas aldeias e se organizam a partir de 
uma economia de subsistência, são sobreviventes do impacto da colonização europeia. Nos 
últimos vinte anos, uma série de estudos começou a sacudir posições tidas como estabeleci-
das e a constatar que a Amazônia compôs, na pré-história, um rico e diversificado cenário de 
sociedades humanas.
O encontro com os povos americanos, até mesmo com a natureza do Novo Mundo, exigiu 
novas categorias por parte dos europeus. Essas exigências ainda estão vigentes e não cessam 
de provocar rupturas no pensamento dominante. Os povos indígenas são ameaçadores, da 
perspectiva do pensamento hegemônico, não apenas porque estão no caminho do progresso, 
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ocupando terras ricas em minerais ou por impedirem a expansão da frente econômica, mas 
porque desmontaram a velha descrição da cultura em termos de natureza humana fundamen-
tada na unicidade e nos obrigam a entender a variedade de outros num relativismo bastante 
vasto do ponto de vista histórico e antropológico.
A tendência do pensamento europeu sempre foi de avaliação e menos de entendimento. Assim, 
como promover avaliações em casos como o dos ianomâmis, que praticam o endocanibalismo? O 
que é realmente próprio: os touros soltos pelas ruas de Pamplona, na Espanha; a flagelação ritual 
na Semana Santa em certas cidades italianas; ou a cerimônia em que se arrancava o coração de um 
homem vivo, realizada pelos astecas? (Idem)
Exceto o pacifismo de Rondon, oriundo de alguma fonte oriental, a ideia de mapear os po-
vos, protegê-los e integrá-los é consuetudinária entre os militares e políticos brasileiros. Mas 
Rondon era diferente. Embora não tenha deixado uma teoria, ele ia bem mais longe que um 
simples recenseador. Talvez porque se identificava com os povos indígenas, ele estava bem 
mais para o discurso histórico, porém com um apelo etnológico. Rondon, como muitos indige-
nistas e até mesmo antropólogos, concebia a questão indígena não exatamente à luz de uma 
teoria evolucionária da humanidade, mas como uma etnologia comparativa. Ou seja, os povos 
indígenasnão podiam ser entendidos ou explicados como consequência de diferenças psico-
lógicas (psicologia aristotélica) ou estágios da evolução econômica (teoria progressista).
Para Rondon, cada povo indígena indicava apenas determinada posição, assim como a 
nossa própria civilização, em que diversas sociedades humanas tinham chegado na escala do 
tempo. Infelizmente, Rondon era andorinha solitária na sua corporação, e mesmo no Estado 
brasileiro. Na legislação brasileira, os povos indígenas entraram na categoria da imbecilidade 
infantil. E, na prancheta dos planejadores, como exemplos do passado neolítico.
De qualquer modo, a questão do outro se faz presente, e é desconfortável, especialmente 
por deixar vulneráveis nossas próprias estratégias de lidar com a novidade, com o diferente. 
É aceitável o princípio de que talvez nem tenha ocorrido um impacto no pensamento europeu, 
com o descobrimento da América e a entrada em cena dos povos indígenas.
O impacto, se de fato ocorreu, foi entre os povos americanos, sobre os quais desabaram os con-
quistadores e toda uma concepção de mundo que lhes parecia absurda. Na verdade, os intelectu-
ais europeus tiveram dificuldades de receber como nova a novidade da América. Diria mesmo que 
agiram com bastante teimosia, deliberadamente interpretando de forma equivocada os fragmentos 
reais do novo mundo que lhes chegavam através de narrativas de viajantes e aventureiros, pedaços 
de plantas e animais, e criaturas que pareciam humanas. Os índios, portanto, desde o início, deram 
muito trabalho. 1
1 Souza, Márcio. História da Amazônia: Do período pré-colombiano aos desafios do século XXI. Record. Edição do Kindle. 
2019
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Antes de mais nada, foram vítimas da nossa incapacidade de aceitar o novo por si mesmo. 
Depois, porque a não familiaridade de suas culturas teve de passar pelo crivo de um pensa-
mento que preferia classificar antes de realmente ver. Desse modo, não há a menor chance 
para eles, e o futuro é sombrio. Como aceitar povos sem propriedade privada, nem moeda, nem 
mercadorias para vender, na era do shopping center e do cartão de crédito?
Quando os europeus chegaram, no século XVI, a Amazônia era habitada por um conjunto 
de sociedades hierarquizadas, de alta densidade demográfica. Ocupavam o solo com povoa-
ções em escala urbana, contavam com um sistema intensivo de produção de ferramentas e 
cerâmicas, uma agricultura diversificada, uma cultura de rituais e de ideologia vinculada a um 
sistema político centralizado, e uma sociedade fortemente estratificada.
Essas sociedades foram derrotadas pelos conquistadores, e seus remanescentes foram 
obrigados a buscar a resistência, o isolamento ou a subserviência. O que havia sido construído 
em pouco menos de 10 mil anos foi aniquilado em menos de 100, soterrado em pouco mais de 
250 anos e negado em quase meio milênio de terror e morte.
Foi durante os milênios que antecederam a chegada dos europeus que os povos da Ama-
zônia desenvolveram o padrão cultural denominado de cultura da selva tropical. A Amazônia, 
como bem indicam os artefatos arqueológicos encontrados na região, nunca foi habitada por 
outra cultura que não essa. A cultura da selva tropical é um exemplo do sucesso adaptativo 
das populações amazônicas, assim como o são os padrões andino e caribenho de cultura, em 
seus respectivos nichos ambientais. Já tivemos a oportunidade de observar que velhos pre-
conceitos, arraigados num extremo determinismo ambiental, procuraram emprestar à cultura 
da selva tropical certo primitivismo, um estágio de barbárie que fixava a Amazônia num pata-
mar abaixo do padrão caribenho e muito distante do padrão andino.
De tal forma, esses preconceitos foram tão disseminados que até mesmo certos autores 
bem-intencionados acabaram sucumbindo a eles, ao tentar explicar a presença de populações 
complexas na região como fruto de migração ou influência dos Andes ou do Caribe.
Os últimos avanços da arqueologia na Amazônia vêm corroborar a tese de que a cultu-
ra da selva tropical foi capaz não apenas de formar sociedades perfeitamente integradas às 
condições ambientais como também de estabelecer sociedades complexas e politicamente 
surpreendentes.
Assim, está provado que, ao chegar, os primeiros europeus encontraram sociedades compostas 
por comunidades populosas, com mais de mil habitantes, chefiadas por tuxauas com autoridade 
coercitiva e poder sobre muitos súditos e aldeias; técnicas de guerra sofisticadas; estrutura religiosa 
e hierárquica de divindades, simbolizadas por ídolos e mantidas em templos guardados por sacer-
dotes responsáveis pelo culto; uma economia com produção de excedente; e trabalho baseado num 
sistema de protoclasses sociais. (Idem)
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Essas sociedades foram registradas nas diversas crônicas e nos vários relatos de espa-
nhóis e portugueses, que as contataram em suas primeiras viagens ao longo dos grandes rios. 
Tais sociedades, baseadas na economia do cultivo intensivo de tubérculos, floresceram por 
volta de 1500 d.C. e, por estarem localizadas nas margens do rio Amazonas e certos afluentes 
maiores, foram as primeiras a sofrer os efeitos do contato com os europeus, sendo derrotadas 
pelos arcabuzes, pela escravização, pelo cristianismo e pelas doenças.
Mas a cultura da selva tropical não se apresentava, em termos de evolução qualitativa, 
como uma coisa uniforme. Os povos da terra firme, os que viviam nas cabeceiras dos rios ou 
em terras menos férteis, mostravam-se mais modestos em comparação com as nações do rio 
Amazonas. Havia uma grande diferença entre a grande nação omágua, que dominou durante 
muitos séculos o rio Solimões, e os nômades e frágeis waiwai, habitantes dos altiplanos da 
Guiana. Embora ambas as nações partilhassem de uma economia comum, baseada na máxi-
ma exploração dos recursos alimentícios dos rios e lagos, e, secundariamente, na caça de ani-
mais e pássaros da floresta, as duas etnias apresentam grandes diferenças em organização 
social e cultura material.
001. (UFRGS/VESTIBULAR/2020) Leia o segmento abaixo de Mariana Cassino, pesquisadora 
do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA).
Tudo indica que é uma floresta cultural, que foi sendo enriquecida e construída ao longo dos 
anos de ocupação da área pelas pessoas que viveram ali. Até mesmo o solo que tem indícios 
de transformação humana […]. Esse manejo é fundamental para a manutenção da Amazônia 
que temos hoje. Sem isso, ela não seria a mesma […] Essas populações são fundamentais para 
a conservação da floresta. Nossa sociedade tende a separar a natureza e a cultura, mas as po-
pulações indígenas da Amazônia não fazem essa separação. Tendo em vista essa história de 
longa duração da Amazônia, de íntima ligação entre pessoas e florestas, esse manejo é funda-
mental para pensarmos o modelo da Amazônia hoje. ELLER, Johanns. Complexo arqueológico 
de grandes proporções é descoberto na Amazônia central.
O Globo, 08/09/2019.
A partir do segmento acima, considere as afirmações a respeito da história da ocupação 
da Amazônia.
I – A ocupação indígena na Amazônia caracterizou-se pela monocultura intensiva, provocando 
transformações no solo.
II – A conservação da floresta amazônicadeve-se em grande parte às formas de relação com 
o meio ambiente, mantidas pelas populações locais.
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III – A separação entre natureza e cultura, característica das sociedades ocidentais, foi funda-
mental para a manutenção da riqueza ambiental da floresta.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.
I – Errado. A ocupação indígena na Amazônia se caracterizou sim pela agricultura de subsis-
tência (extensiva) e pela policultura.
II – Certo. O modo de vida dos povos indígenas contribui para a preservação da Floreta Amazô-
nica, já que não utiliza da agricultura extensiva que gera impactos ambientais negativos.
III – Errado. A cultura e a natureza são indissociáveis no modo de vida dos povos indígenas.
Letra b.
1.1.4. Estimativas Demográficas
Steward (1949) buscou estimar o tamanho da população indígena da América do Sul em 
1500, baseando seus pressupostos em extrapolações a partir de valores de densidades po-
pulacionais segundo grandes áreas do continente. Ressaltando as dificuldades metodológi-
cas envolvidas, Steward chegou a um valor de aproximadamente 9,1 milhões de indígenas na 
América do Sul em 1500, que teria decrescido para 6,9 milhões em 1940. Doenças, guerras, 
perseguições e rupturas econômicas e sociais são apontadas como as principais causas res-
ponsáveis pela redução populacional. Para a área relativa ao Brasil, o autor estimou que era 
habitada por 1,1 milhão de indígenas em 1500, tendo decrescido para 500 mil em 1940. Um 
aspecto que chama a atenção nas estimativas de Steward é que, para 1940, ele sugere que os 
indígenas equivaleriam a 11% da população total do Brasil (Steward, 1949:666).
Denevan (1976) considera que as estimativas de Steward foram conservadoras e que, so-
mente para a ‘Grande Amazônia’, a população indígena em 1500 atingiria 6,8 milhões de pesso-
as. Durante as décadas de 1940 a 1970 foram realizados alguns estudos para avaliar os efeitos 
da depopulação sobre a organização social das sociedades indígenas, provocados pelos con-
tatos com as diferentes frentes de expansão.
Charles Wagley (1942) inaugurou este campo no Brasil, com a análise das mudanças so-
ciais advindas do contato dos Tapirapé, povo Tupi do Brasil Central, com as frentes expansio-
nistas. Seguiu-se um outro estudo do mesmo autor, sobre as influências dos padrões culturais 
de duas populações de língua Tupi (os Tapirapé e os Tenetehara), mostrando a influência das 
instituições sociais e valores culturais· sobre o tamanho destas populações após os contatos 
com as frentes de expansão (Wagley, 1951).
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Wagley apontou para a relativa estabilidade populacional alcançada pelos Tenetehara, que 
não conheciam certas práticas de restrição voluntária da natalidade e puderam, com elevadas 
taxas de natalidade, superar os altos níveis de mortalidade a que estavam sujeitos e continuar 
crescendo. Por outro lado, os Tapirapé, conhecedores de práticas reguladoras dos nascimen-
tos, especialmente o aborto, teriam anulado seu potencial de crescimento ao experimentarem 
altas taxas de mortalidade em momentos de contato com a sociedade nacional.
Esses estudos deixaram fortes marcas na produção de Darcy Ribeiro que, aproximada-
mente no mesmo período, se dedicou à avaliação do impacto provocado pelas epidemias de 
doenças infecciosas sobre a demografia e a organização social dos povos indígenas, o que 
chamou de “efeitos dissociativos da depopulação”.
Dados do Censo de 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
(IBGE), mostram que em todo território nacional apenas 0,49% da população é indígena, o que 
corresponde a cerca de 870 mil pessoas. É na Amazônia que se concentra a maior população 
indígena com cultura preservada, com 310 mil pessoas vivendo em tribos, sem contar as et-
nias que ainda são desconhecidas.
O IBGE contabilizou 305 diferentes etnias indígenas no Brasil. Os principais troncos étnicos 
e suas ramificações são:
• Macro-Jê – Boróro/Guató/Jê/Karajá/Krenák/Maxakali/Ofayé/Rikbaktsa/Yatê
• Tupi – Arikém/Awetí/Jurúna/Mawé/Mondé/Mundurukú/Puroborá/Ramaráma/Tuparí/
Tupi- Guarani
A Fundação Nacional do Índio (FUNAI) acredita que existam 77 grupos de índios totalmen-
te isolados na floresta amazônica, destes, 32 já foram confirmados. Os maiores grupos de 
índios da Amazônia são os Guaranis, Xerentes, Amawákas, Anambés, Kambebas e os Aruá. No 
entanto, há mais de 200 diferentes etnias espalhadas por todo o Brasil.
Mesmo diante de muitos avanços tecnológicos, os índios da Amazônia procuram manter 
a sua cultura, vivendo em integração com a natureza e resguardando sua hierarquia e rotina. 
Suas crenças e seus ritos também são intimamente ligados aos elementos naturais.
Os indígenas que vivem na floresta amazônica, em sua maioria, dormem em redes dentro 
de enormes ocas comunitárias e, como seus antecedentes, caçam, pescam, cultivam seus 
próprios alimentos e falam suas línguas nativas. Mesmo escolhendo viver em aldeias na mata, 
boa parte dos índios conhecem outras culturas e são fluentes em português.
Pouco se sabe sobre como vivem os índios das etnias que não mantêm relações com o 
homem urbanizado. Analisando raras imagens produzidas pela FUNAI, pesquisadores pude-
ram concluir que estes índios andam nus, produzem seus próprios alimentos, fabricam suas 
ferramentas e falam línguas ainda não identificadas. No entanto, nada foi descoberto sobre 
seus rituais, crenças e rotina.
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Esses povos evitam o contato com outros grupos e fazem questão de deixar isso claro: 
investem contra tentativas de aproximação escondendo-se na mata ou disparando flechas. 
Provavelmente, em algum momento estes índios já se confrontaram com fazendeiros e pos-
seiros que tentaram expulsá-los de suas terras, como relatam sobreviventes de outras tribos, 
que também já foram desconhecidas.
A FUNAI realiza um trabalho constante de proteção e identificação desses pequenos gru-
pos que vivem principalmente em Rondônia, Mato Grosso e Maranhão. Segundo a fundação, a 
demarcação das terras indígenas é a única maneira de preservar a integridade física e cultura 
dessas etnias.
Municípios com maior número estimado de localidades indígenas em 2019:
1.2. ConquistA e ColonizAção
Caro(a) aluno(a), considerada a maior floresta tropical do planeta, a Amazônia possuía 
mais de cinco milhões de quilômetros quadrados, porém, em virtude do intenso desmatamen-
to, a área original tem se reduzido drasticamente. Esse bioma está presente em oito países 
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sul-americanos (Brasil, Suriname, Venezuela, Guiana, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia), além 
do território da Guiana Francesa.
A história da ocupação da Amazônia está intimamente ligada ao desenvolvimento de ci-
clos econômicos e às disputas territoriais pelo controle dessas atividades.
Apesar da grande potencialidade econômica da Amazônia, enxergada por portugueses e, 
posteriormente, pelos governos republicanos brasileiros, foram exatamente as características 
geográficas da região que praticamente a mantiveram fora do mapa econômico de Espanha 
e Portugal durante séculos. À exceção de um ou outro ciclo econômico, a Amazônia somente 
entrou de fato no mapa econômico brasileiro somente no século XX.
A ocupação da Região Norte se iniciou no século XVI com expedições espanholas, portu-
guesas, holandesas e inglesas. Hoje, a Amazônia é motivo de cobiça de variadas nações que 
colocam em risco constante às fronteiras dos países da qual ela faz parte.
É no contexto das Grandes Navegações que a região Norte será colonizada. No século XV, 
portugueses e espanhóis partiram para o desbravamento de novos mares, em busca de novas 
rotas comerciais e de novas terras.
Em 1488, em busca de um novo caminho para as Índias, região famosa em especiarias 
cobiçadas pelos europeus, a expedição portuguesa de Bartolomeu Dias encontrou uma passa-
gem ao sul da África, que fora batizada de Cabo da Boa Esperança.
Mas é a chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, a “descoberta” mais signifi-
cativa do período. O genovês convenceu os reis católicos espanhóis (Fernando II de Aragão e 
Isabel de Castela) a financiar sua expedição para provar que a terra era redonda, encontrando 
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um caminho para as índias pelo ocidente. Aportou em 12 de outubro com as caravelas Pinta, 
Niña e Santa Maria.
Portugal e Espanha eram as duas grandes potências marítimas. As recentes descobertas 
exigiam um acordo pela divisão das terras que poderiam ser descobertas. Assim, o Papa agiu 
como mediador em um acordo, determinando a Bula Intercoetera em 1493. Insatisfeito com a 
proposta, Portugal exigiu uma nova negociação que culminou no Tratado de Tordesilhas.
O Tratado de Tordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494, foi um tratado celebrado entre 
o reino de Portugal e a Coroa de Castela (Espanha) para dividir as terras do globo, “descobertas 
e por descobrir”, por ambas as Coroas fora da Europa.
Tratado de Tordesilhas
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Linha imaginária de Tordesilhas sobre as atuais fronteiras políticas.
Note que, de acordo com o Tratado de Tordesilhas, a maior parte da Amazônia pertenceria 
à Espanha.
Celebrado do Tratado, as descobertas continuaram. Em 1498 a expedição de Vasco da 
Gama chegou às Índias e, em 22 de abril de 1500, Pedro Álvares Cabral chegou ao Brasil.
Foi o navegador espanhol Vicente Pinzón que, em janeiro de 1500, primeiro aportou no 
litoral do nordeste brasileiro. Depois, navegou pelo litoral norte e navegou pela foz do Rio Ama-
zonas, o qual chamou de Mar Dulce. Foi o primeiro europeu a navegar pelo litoral do Amapá, 
o rio Oiapoque e seguir rumo às Guianas e ao Caribe. Portanto, querido(a) aluno(a), os espa-
nhóis foram os primeiros a chegar ao Brasil. Entretanto, pelo tratado de Tordesilhas, a maioria 
do litoral brasileiro, velejado pelos espanhóis, pertencia à Portugal. Entenda: mesmo sendo 
os que chegaram primeiro, as terras não poderiam ser colonizadas. A única exceção era a 
região Norte.
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Assim, ainda em 1500, outro espanhol, Diogo de Lepe, primo de Pinzón, também navega 
pela costa brasileira. Quase simultaneamente à expedição de Pinzon, chegou à foz do rio Ama-
zonas. Passou quase que pelos mesmos lugares e os mesmos rios, mas não teve a sorte de 
seu conterrâneo. Os índios da região — provavelmente da etnia tupinambá —, enfurecidos com 
o sequestro de seus 36 companheiros, receberam os visitantes de forma belicosa, matando 
alguns espanhóis que tentaram desembarcar. A resposta foi imediata, e, mal Diego de Lepe se 
viu no interior da sua caravela, ordenando que os homens abrissem fogo. Os tiros dos arcabu-
zes provocaram o primeiro massacre de índios. Não seria o último.
Também é necessário, para compreender a ocupação e colonização do Amazonas, que 
você saiba como os portugueses empreenderam a colonização de suas terras na América do 
Sul. Pois bem, os portugueses chegaram ao Brasil em 1500 e, no entanto, não ocuparam o ter-
ritório de imediato. Daí a nomenclatura Pré-colonial para nos referirmos aos trinta anos que se 
seguiram. Portanto, entre 1500 e 1530, a ocupação territorial se limitou a FEITORIAS no litoral: 
uma mistura de forte para defesa do território e armazém. Mas por que isso? A resposta fica 
mais interessante e compreensível quando feita em partes:
a) por que a Coroa Portuguesa decidiu não explorar a colônia brasileira entre os anos de 
1500 e 1530?
• Porque não encontraram metais preciosos em expedições;
• Porque o comércio com as Índias era suficientemente lucrativo;
• Porque em 1500 a única nação que detinha tecnologia naval para tomar a colônia bra-
sileira de Portugal era a Espanha, que celebrou o Tratado de Tordesilhas com Portugal.
b) por que a Coroa Portuguesa decidiu explorar a colônia brasileira a partir dos anos de 
1530?
• Porque tiveram notícias da descoberta de ouro e prata na América espanhola;
• Porque o comércio com as Índias entrou em crise;
• Porque países como França, Inglaterra, Holanda e Bélgica desenvolveram suas frotas 
marítimas e passaram a representar uma grande ameaça ao controle português sobre 
a colônia.
Entre 1500 e 1530, o único produto explorado era o pau-brasil. Como ainda não havíamos 
passado pela Revolução Industrial (Séc. XVIII), não existiam corantes sintéticos. O pau-brasil 
foi muito utilizado nas manufaturas têxteis. As concessões para exploração eram dadas pela 
Coroa e chamadas de estanco. Para cortar a madeira e levar aos navios, era necessária uma 
grande quantidade de mão de obra. A modalidade de exploração da mão de obra indígena 
recebeu o nome de escambo: em troca do trabalho, os índios recebiam presentes, artefatos e 
animais que não existiam aqui.
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Mas a Coroa Portuguesa voltou seus olhos para a colônia brasileira e decidiu povoá-la, 
explorá-la, a fim de resolver sua crise econômicae impedir que outras nações tomassem seu 
território. O problema é que a Coroa Portuguesa não tinha recursos financeiros para promover 
essa empreitada. Eis então a solução proposta: terceirizar a tarefa da colonização, entregando 
lotes de terras a fidalgos (nobres portugueses). Nasceram assim as Capitanias Hereditárias.
Observe:
As Capitanias Hereditárias foram faixas de terra que partiam do litoral para o interior até a 
linha imaginária do Tratado de Tordesilhas. De início, foram quinze Capitanias entregues para 
usufruto do donatário. É importante destacar que o donatário não era dono da terra, ele pos-
suía o direito de explorá-la, direito esse estendido a seus descendentes.
Ocupando-se principalmente do litoral com seus engenhos de açúcar, os portugueses não 
apresentaram interesse imediato pela Amazônia, até porque, não era de seu domínio pelo Tra-
tado de Tordesilhas. Contudo, isso não impediu que incursões fossem organizadas para explo-
rar os rios da Amazônia, o que nos leva à ocupação da Região do atual estado de Rondônia.
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002. (FCC/TJ-AP/ANALISTA JUDICIÁRIO/2014) Uma das estratégias da Coroa Portuguesa, 
para a administração de sua colônia na América, foi a instituição das capitanias hereditárias, 
cada qual a cargo de um donatário. Eram atribuições do donatário
a) representar o rei, administrar a justiça, distribuir sesmarias.
b) negociar livremente e vender pelo melhor preço a capitania recebida, cobrar impostos, criar 
regras locais.
c) defender o território, estabelecer comércio internacional, viabilizar o tráfico indígena para 
outras colônias portuguesas.
d) conquistar capitanias vizinhas, fundar vilas, apoiar as missões jesuíticas.
e) arrendar sesmarias, barrar as entradas e bandeiras, erguer igrejas e colégios.
Caro(a) aluno(a), a alternativa “b” está errada porque o donatário não poderia negociar a capi-
tania recebida. A alternativa “c” está errada porque o donatário também não poderia estabele-
cer comércio internacional a não ser que exclusivamente com Portugal. Além disso, a colônia 
portuguesa não realizava o tráfico de indígenas. A alternativa “d” está errada porque o donatá-
rio não poderia conquistar capitanias vizinhas já que eram doadas pela Coroa. Por fim, a alter-
nativa “e” também está errada porque o donatário não podia barrar as entradas e bandeiras.
Letra a.
1.2.1. Expedições do Século XVI: a de Francisco de Orellana e a de Ursúa e Aguirre
Expedição de Francisco de Orellana
Francisco de Orellana foi um jovem espanhol da Estremadura, o primeiro europeu a con-
duzir uma expedição pelo Mar Dulce descoberto pelo capitão Pinzon. Provavelmente tinha 
alguma ligação com a família Pizarro e viesse da mesma província, da cidade de Trujilo, onde 
nascera por volta de 1511. Aparentemente, deixou a Espanha ainda adolescente, viajando para 
as Índias em busca de riqueza, como tantos outros espanhóis. Era muito corajoso, de tempe-
ramento explosivo, e há registro de sua passagem, em serviço, pela Nicarágua, antes de tomar 
parte da conquista do Peru, durante a qual se revelou um fiel partidário dos irmãos Pizarro e, 
também, perdeu um olho.
Em 1540, Francisco Orellana conseguiu vencer os índios da costa equatoriana e fundou a 
cidade de Santiago de Guayaquil. No mesmo ano, Gonzalo Pizarro chega a Quito, na qualidade 
de governador da província, e começa a organizar uma ambiciosa expedição para conquistar 
e tomar posse dos desconhecidos territórios orientais. Gonzalo Pizarro pensava em dois obje-
tivos. Primeiro, encontrar as terras do interior do continente, do outro lado da muralha andina, 
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onde se dizia que a canela crescia em grande profusão. Embora o lucrativo negócio das espe-
ciarias estivesse nas mãos dos portugueses, Pizarro sonhava em romper com esse monopó-
lio. O segundo objetivo, mais fantasioso, mas não menos improvável que o território da canela, 
era encontrar o fabuloso reino do El Dorado.
Em 12 de fevereiro de 1542, Francisco Orellana, vindo do Peru por via fluvial, atingiu o Rio 
Amazonas, então chamado de Rio Grande, Mar Dulce ou Rio da Canela. Foi o primeiro europeu 
a navegar o rio Amazonas.
Orellana participou com Francisco Pizarro (1476-1541) da conquista do Peru submetendo 
o Império Inca ao domínio espanhol em 1532-1535. Em 1541, concordou em participar de uma 
expedição a leste dos Andes em busca de canela e do lendário Eldorado, a terra de ouro. Nave-
gando rio abaixo a bordo do bergantim Victoria com 57 homens armados, Orellana fez a peri-
gosa descida para as terras baixas da Amazônia. Depois de meses de busca e perambulação 
na selva e com a correnteza do rio cada vez mais forte em pleno período de chuvas, Orellana 
concluiu ser impossível retornar conforme combinara com Pizarro. Para seguir em frente, foi 
construído um segundo navio com ajuda dos índios nativos, os Cotos. A bordo do San Pedro, 
Orellana e seus homens atingiram, no dia 12 de fevereiro de 1542 o rio Amazonas então cha-
mado de Rio Grande, Mar Dulce ou Rio da Canela.
No dia 3 de junho avistaram a desembocadura do Rio Negro e no dia 10, o Rio Madeira. 
No dia 24 de junho teria ocorrido o violento encontro com as Icamiabas, índias belicosas que 
atacaram e expulsaram os espanhóis. O episódio recriou a lenda das amazonas, mulheres 
guerreiras na mitologia grega, e inspirou a imaginação dos aventureiros europeus. Por causa 
disso, o rio recebeu seu nome atual, Amazonas.
Derrotados, os espanhóis fugiram navegando rio-abaixo. Em 26 de agosto de 1542 chega-
ram ao enorme delta do rio Amazonas. Apesar dos constantes ataques indígenas, somente 
doze homens haviam morrido. Os espanhóis seguiram ainda navegando ao longo da costa em 
direção ao porto espanhol mais próximo, Trinidad, ilha na costa da atual Venezuela.
Orellana calculou ter percorrido 1.800 léguas, cerca de 7.500 quilômetros. Os detalhes de 
sua aventura foram registrados pelo cronista da expedição, Frei Gaspar de Carvajal, em sua 
“Relación del nuevo descubrimiento del famoso Rio Grande de las Amazonas”.
Orellana relatou sobre grandes cidades e milhões de pessoas instaladas nas margens do Amazo-
nas. Quando expedições posteriores navegaram pelo rio, não encontraram nada além da floresta 
tropical. Acreditou-se, então, que Orellana teria mentido. Pesquisas mais recentes, entretanto, têm 
constatado que a Amazônia pode ter abrigado grandes populações conforme indica a existência de 
amplas áreas de Terra Preta – um importante indicador de assentamento humano. Possivelmente, 
o vazio demográfico relatado por exploradores posteriores tenha sido resultado de epidemias intro-
duzidas pelos conquistadores europeus.2
2 Blog: Ensinar História - Joelza Ester Domingues. Disponível em: https://ensinarhistoria.com.br/linha-do-tempo/francisco-o-
rellana-chega-ao-rio-amazonas/- Acesso em: 13/12/2021
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003. (UEA/SIS/1ª ETAPA/2016) Frei Gaspar de Carvajal participou e foi o cronista da expedi-
ção espanhola pelo rio Amazonas, comandada por Francisco de Orellana. O excerto a seguir 
trata do relato desse cronista.
A informação mais notável do relato do cronista diz respeito ao povoamento. As margens 
do Amazonas eram densamente povoadas quando foram percorridas pela primeira vez 
por europeus.
(BOLLE, Willi. A travessia pioneira da Amazônia (Francisco de Orellana, 1541-1542.). In: Willi 
Bolle et al. (orgs). Amazônia, 2010.)
De acordo com a observação contida no excerto, que aborda as sociedades amazônicas ante-
riores à colonização europeia, é correto concluir que
a) as guerras constantes entre as tribos impediam o crescimento populacional na região.
b) a insalubridade dos territórios ribeirinhos dificultava a permanência de tribos numero-
sas no local.
c) as civilizações indígenas, submetidas a um governo centralizado, apresentavam baixa taxa 
de mortalidade.
d) a forte concentração demográfica resultava da limitação geográfica do território.
e) as sociedades estabelecidas ao longo do rio eram indicadores da fartura de recursos 
da região.
Questão interpretativa e de fácil resolução. Essa é pra gabaritar. A presença de sociedades 
ao longo do rio permitia deduzir que existiam recursos suficientes na região para promover a 
colonização.
Letra e.
Expedição de Ursúa e Aguirre
A segunda grande expedição espanhola ao Amazonas foi comandada por Pedro de Ursúa 
(1525-1561), que partiu de Lima em fevereiro de 1559, ainda sonhando encontrar o El Dorado. 
Esta expedição enfrentou os mesmos problemas da anterior, mas ela fracassou justamente 
por reveses de outra natureza: traição e assassinato.
Pedro de Ursúa não se parecia em nada com os brutais conquistadores da época. Era con-
siderado gentil, educado, honrado, perfeito cavalheiro, possuidor de gentileza e caráter, adora-
do por todos, além de ser jovem. Mas, por outro lado, não tinha a capacidade de ver e entender 
o verdadeiro caráter das pessoas. Essa falha foi fatal para ele. Sua tropa era formada por 
homens rudes, mercenários de toda sorte, onde a ganância era a principal marca. Entre esses 
homens, um se destacava com todas as piores qualidades: Lope de Aguirre.
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Aguirre, que era basco, recebeu o apelido de “el lobo”. Os conquistadores espanhóis não 
depositavam muita confiança nos bascos, grupo que sempre se comportou a parte em relação 
aos demais grupos formadores da Espanha e parecia não se esforçar muito para todas “las 
glorias de España”. A língua basca é totalmente incompreensível aos ouvidos castelhanos – 
um antigo provérbio espanhol dizia: “Quando Deus quis castigar o Demônio, condenou-o a 
estudar basco durante sete anos.” Porém, a necessidade de homens e armas para levar “al fin 
y al cabo” a conquista da América, fazia com que os espanhóis fizessem vista grossa aos tipos 
de caráter dos mais duvidosos.
A ficha corrida de Lope de Aguirre faria inveja a qualquer meliante de carreira, frequentador 
das páginas dos jornais e dos programas policiais: primeiro emprego – ladrão de túmulos; foi 
condenado diversas vezes por fraude; mercenário, lutou em muitas das batalhas pela conquis-
ta dos novos territórios; tomou várias cidades a força; foi condenado diversas vezes por crimes 
de toda ordem. Em uma destas condenações, levou cem chibatadas nas costas; sobre os feri-
mentos foi colocado sal – Aguirre ficou aleijado para sempre e jurou a todos que se vingaria. 
Em outra expedição contra índios, acabou também aleijado de uma das mãos. Era um tipo de 
pessoa que não se deveria ter por perto, mesmo num tempo tão duro como foi o início da con-
quista das Américas e da Amazônia.
Uma expedição com um líder fraco e com homens tão terríveis, não poderia obter maiores 
êxitos. Ao longo de vários meses, motins de toda ordem levaram a uma sucessão de assassi-
natos, inclusive o de Pedro de Ursúa, morto na noite de ano novo de 1561. Mas do que a fome, 
os ataques de índios e toda a sorte de problemas que a floresta fosse capaz de produzir, o 
maior risco para este punhado de aventureiros espanhóis eram os próprios espanhóis – “a ex-
pedição não foi de geografia, mas de carnificina”, registrou um cronista da época. A aventura, 
agora comandada por Aguirre, terminou pouco mais de dois anos depois, com a expedição 
chegando primeiro ao Atlântico e depois até a Isla Margarida, na Venezuela.
Há dúvidas históricas com relação ao ponto de chegada, se foi na foz do rio Amazonas ou 
do rio Orenoco, na Venezuela (há uma ligação natural entre as duas bacias hidrográficas – o 
Canal de Cassiquiare, que liga o rio Negro ao rio Orenoco); durante muito tempo os rios Ama-
zonas e Negro foram chamados de Marañón. Uma pesquisa histórica detalhada do estudioso 
peruano Emiliano Jos, publicada em 1923 (e que, bem por acaso, eu tenho uma cópia), confir-
mou que a expedição seguiu até a foz do rio Amazonas:
En consecuencia, terminaremos afirmando de acuerdo com todos los cronistas del viaje, y com 
todos los documentos a él referentes, y com el jefe de la expedicón, y em contra de todos los fan-
taseadores sobre su trayectoria, que los “marañones” alcanzaron el mar por la boca del Amazonas.
Segundo as informações disponíveis, tanto a expedição de Francisco de Orellana quanto 
aquela de Lope de Aguirre, fizeram a descida dos rios da Bacia Amazônica utilizando um tipo 
de embarcação espanhola conhecida como bergantim. Normalmente, esse tipo de embarca-
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ção se assemelhava a uma galé, porém em tamanho menor, com dois mastros e linhas de 
remos nas laterais. Essas expedições sempre contavam com carpinteiros com experiência em 
construção naval e com ferramentas, permitindo que se construíssem as embarcações com 
matéria prima da região quando se fizesse necessário.
Segundo os registros das duas expedições que sobreviveram ao tempo, as embarcações 
foram construídas com o madeiramento das laterais mais elevados que o normal para proteger 
os ocupantes das flechas e ataques de índios hostis nas margens dos rios.
Estimativas de peso das embarcações com carga e homens vão de 20 a 30 toneladas. Ima-
ginar uma embarcação desse porte saindo do curso do rio Amazonas, onde navegava a favor 
da correnteza, e tomando o curso do rio Negro, subindo na força dos remos contra a correnteza 
em direção ao território da Venezuela é uma história mais difícil de aceitar como verdadeira do 
que a lenda do El Dorado.
Sempre que encontravam uma oportunidade, esses homens atracavam as embarcações 
e se lançavam de assalto às aldeias indígenas menores, que encontravam em abundância ao 
longo das margens dos rios, buscando assim conseguir alimentos e suprimentos para sua 
sobrevivência. Foi durante esses embates com os índios que se batizou a região como Amazo-
nas, quando os indígenas de cabelo comprido faziam lembrar as lendárias guerreiras amazo-
nas da antiga mitologia grega, muito conhecida pelos espanhóis.
As crônicas das expedições também falam das sereias encontradas nos rios, que de lenda 
não tinham nada: eram os peixes-boi amazônicos que, curiosos, emergiam ao lado das embar-
cações para conferir toda aquela movimentação em seus domínios aquáticos.

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