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PROMOÇÃO INTEGRAL DO CUIDADO A PACIENTES COM FERIDAS: PROTOCOLOS ASSISTENCIAIS E EVIDÊNCIAS CLÍNICAS Sem título-1 16/1/2013, 18:201 Sem título-1 16/1/2013, 18:202 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC SECRETARIA DE EDUCAÇÃO SUPERIOR - SESU MINISTÉRIO DA SAÚDE - MS UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ - UFPI PRÓ-REITORIA DE EXTENSÃO - PREX CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE - CCS DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM - DENF ASSOCIAÇÃO PIAUIENSE DE COMBATE AO CANCER - APCC PROMOÇÃO INTEGRAL DO CUIDADO A PACIENTES COM FERIDAS: PROTOCOLOS ASSISTENCIAIS E EVIDÊNCIAS CLÍNICAS TERESINA, PIAUÍ Sem título-1 16/1/2013, 18:203 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ Prof. Dr. Luiz de Sousa Santos Júnior Reitor Edwar Alencar Castelo Branco Vice-Reitor CONSELHO EDITORIAL EDUFPI Prof. Dr. Ricardo Alaggio Ribeiro (Presidente) Des. Tomaz Gomes Campelo Profª. Drª. Teresinha de Jesus Mesquita Queiroz Prof. Dr. José Renato de Sousa Profª. Iracildes Maria Moura Fé Lima Profª. Francisca Maria Soares Mendes Prof. Dr. João Renôr Ferreira de Carvalho Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará Biblioteca de Ciências da Saúde P958 Promoção integral do cuidado a pacientes com feridas: protocolos assistenciais e evidências clínicas/ Organizado por Elaine Cristina Carvalho Moura e Grazielle Roberta Freitas da Silva- Teresina: EDUFPI, 2012. 72 p. ISBN: 978-85-7463-518-7 1. Enfermagem. 2. Prática Clínica Baseada em Evidências. 3. Úlceras por Pressão. 4. Pele - lesões. 5. Queimaduras. I. Moura, Elaine Cristina Carvalho (Org.). II. Silva, Grazielle Roberta Freitas da (Org.). III. Título. CDD: 610.73 Sem título-1 16/1/2013, 18:204 UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ (UFPI) PRO-REITORIA DE EXTENSÃO ASSOCIAÇÃO PIAUIENSE DE COMBATE AO CANCER Luiz de Sousa Santos Junior REITOR DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ Maria da Glória Carvalho Moura PRO REITORA DE EXTENSÃO DA UFPI Alcenor Barbosa de Almeida DIRETOR- PRESIDENTE DA APCC Elaine Cristina Carvalho Moura Grazielle Roberta da Silva Freitas ORGANIZADORAS DO PROTOCOLO Andréa Maria de Sousa Lopes GERENTE DO SERVIÇO DE ENFERMAGEM DA APCC Ana Carolina Floriano de Moura PRESIDENTE DO GRUPO DE ESTUDOS DE CURATIVOS DA APCC COMITÊ TÉCNICO DE ELABORAÇÃO Elaine Cristina Carvalho Moura Grazielle Roberta Freitas da Silva Elaine Maria Rangel Maria Helena Barros Araújo Luz Sandra Marina Gonçalves Bezerra Patrícia de Azevedo Lemos Cavalcanti Iellen Dantas Campos Verdes Rodrigues Francisco Braz Milanez Oliveira Erlayne Camapum Brandão Elenir de Araújo Lago Tamires Barradas Cavalcante Laís Gama Ibiapina Wesllany Sousa Santana Havena Karen Silva Carvalho Jairo Edielson Rodrigues Barbosa de Sousa Nathalia Kelly de Sousa Andrade Raissa Nascimento Leal Douglas Meneses de Melo Jefferson Costa Pereira Silva Maria Isabel Cristina Silva Nascimento Sem título-1 16/1/2013, 18:205 COMITÊ TÉCNICO DE PADRONIZAÇÃO Ana Carolina Floriano de Moura Andréa Maria de Sousa Lopes Denise Pessoa Magalhães Michele Vaz Lima Esther Alves Reis Elza Mayara Antunes de Macedo Milena Mendes dos Santos Amazonina Fontenele Alves Loane de Sá Dantas Andderson Sousa Gomes Castro Valéria Lustosa Lima de Andrade Amara Amanda Mendes Gomes Suéli Noleto Silva Sousa Patrícia de Azevedo Lemos Cavalcanti COLABORADORES Havena Karen Silva Carvalho Stefy Leticia Pessoa Silveira Iana Cibely Moreira de Vasconcelos Erlayne Camapum Brandão Wallyson Borges Rodrigues Nadja da Fonseca Veloso Sem título-1 16/1/2013, 18:206 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ............................................................................................................9 CAPÍTULO 1: PROTOCOLO ASSISTENCIAL DE ATENÇÃO A FERIDAS: recomendações e evidências para prática clínica de Enfermagem e Saúde ................................................ 11 CAPITULO 2: A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTENCIA DE ENFERMAGEM: bases legais e instrumento de Avaliação de Feridas para prática baseada em evidências ....................17 CAPÍTULO 3: PROMOÇÃO DE CUIDADOS A PACIENTES COM ULCERAS POR PRESSÃO 3.1 CONCEITO ...............................................................................................................21 3.2 FORMAÇÃO ETILOGICA ..........................................................................................21 3.3 CLASSIFICAÇÃO .....................................................................................................22 3.4 PROTOCOLO DE EVIDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES .........................................23 3.4.1 Medidas de Prevenção ..........................................................................................23 3.4.2 Medidas de Tratamento..........................................................................................30 3.5 ALGORÍTMOS DE PREVENÇÃO E TRATAMENTO ................................................36 CAPITULO 4: PROMOÇÃO DE CUIDADOS A PACIENTES COM FERIDAS OPERATÓRIAS 4.1 CONCEITO ...............................................................................................................41 4.2 FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO ..............................................................................41 4.3 CLASSIFICAÇÃO POR TIPOS DE CICATRIZAÇÃO ...............................................41 4.4 PROTOCOLO DE EVIDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES .........................................42 4.4.1 Medidas de Prevenção ..........................................................................................42 4.4.2 Medidas de Tratamento..........................................................................................42 4.5 ALGORÍTMO DE TRATAMENTO PARA FERIDAS OPERATÓRIAS .........................45 CAPITULO 5: PROMOÇÃO DE CUIDADOS A PACIENTES COM ÚLCERAS VASCULOGÊNICAS 5.1 CONCEITO ...............................................................................................................47 5.2 FORMAÇÃO ETILOGICA..........................................................................................47 5.3 CLASSIFICAÇÃO .....................................................................................................47 5.4 PROTOCOLO DE EVIDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES .........................................48 5.4.1 Medidas de Prevenção ..........................................................................................48 5.4.2 Medidas de Tratamento..........................................................................................48 5.5 ALGORÍTMO DE TRATAMENTO PARA ÚLCERAS VASCULOGÊNICAS ......................................................................................................48 CAPITULO 6: PROMOÇÃO DE CUIDADOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS 6.1 CONCEITO ...............................................................................................................52 6.2 FORMAÇÃO ETILOGICA..........................................................................................52 Sem título-1 16/1/2013, 18:207 6.3 CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................52 6.4 PROTOCOLO DE EVIDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES .......................................53 6.4.1 Medidas de Prevenção ........................................................................................53 6.4.2 Medidas de Tratamento........................................................................................53 6.5 ALGORÍTMO DE TRATAMENTO PARA FERIDAS ONCOLÓGICAS .......................55 CAPÍTULO 7: PROMOÇÃO DE CUIDADOS A PACIENTES COM QUEIMADURAS 7.1 CONCEITO .............................................................................................................58 7.2 FORMAÇÃO ETILOGICA........................................................................................58 7.3 CLASSIFICAÇÃO ...................................................................................................597.4 PROTOCOLO DE EVIDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES .......................................59 7.4.1 Medidas de Prevenção ........................................................................................59 7.4.2 Medidas de Tratamento........................................................................................60 APÊNDICES ................................................................................................................65 ANEXOS ......................................................................................................................70 Sem título-1 16/1/2013, 18:208 9 APRESENTAÇÃO Este Protocolo de Cuidados Baseado em Evidências Clínicas foi preparado como ação do Projeto de Extensão, financiado pelo Edital 2010/2010-Ministério da Educação e Cultura (MEC) / Secretaria de Ensino Superior (SESu), intitulado "Promoção integral do cuidado a pacientes com feridas: protocolos assistenciais e evidências clinicas", vinculado a Pró-Reito- ria de Extensão (PREX) da Universidade Federal do Piauí(UFPI), por meio da resolução CEPEX/UFPI 117/11. Trata-se de uma iniciativa de docentes do Departamento de Enferma- gem da UFPI junto ao Grupo de Estudos em Curativos (GREC) do Hospital São Marcos. O seu objetivo é orientar os profissionais envolvidos direta ou indiretamente (especialmente os enfermeiros) no cuidado baseado em resultados de pesquisa a pacientes portadores de feri- das operatórias e ainda as principais feridas crônicas atendidas no hospital citado, a saber: úlceras por pressão; úlceras vasculogênicas; feridas oncológicas e queimaduras. A Enfermagem baseada em evidências orienta-se pela mesma linha da Medicina ba- seada em evidências, à medida que busca aplicar na práxis assistencial os resultados de pesquisa conforme o nível de evidência clínica e grau de recomendação da conduta clínica de forma eficiente e segura ao cliente. Nesse sentido, buscaram-se as bases legais da profissão enfermagem na atenção a feridas e na sistematização do cuidado (Resolução COFEN nº 358 de 2009), bem como o amparo legal para atuação da lei do exercício profis- sional (Lei nº 7.498/1986), aliada à Resolução COFEN n.301/2005 que dispõe sobre as ações de enfermagem ao portador de ferida. Acrescem-se ainda as resoluções COFEN nº 195/1997 - que dispõem sobre a solicitação de exames de rotina e complementares por Enfermeiro e COFEN nº 271/2002 - que regulamentam ações do Enfermeiro na consulta, prescrição de medicamentos e requisição de exames. A proposta dessa publicação é fortalecer as ações assistenciais no cuidado ao paci- ente com feridas, por meio da troca de experiências entre a Academia (UFPI) e o Hospital São Marcos (GREC) com vista a excelência na qualidade assistencial. Para tanto, a elaboração do presente protocolo considerou os seguintes aspectos teóricos: 1. Os princípios da saúde baseada em evidências; 2. Os pincípios de construção de protocolos de cuidados de feridas, de Jung (2009) apud Prazeres (2009); 3. A classifica- ção de níveis de evidências e grau de recomendação proposta por Bork (2005), que por sua vez foi adaptado de Atallah (2003) e Phillips (2005); e, finalmente, 4. As classificações de diagnósticos (NANDA), intervenções (NIC) e resultados (NOC) de Enfermagem, fundamen- tadas na Resolução COFEN-159/1993 que dispõe sobre a consulta de Enfermagem. Não se trata de impor processo, mecanismos ou estratégias, mas sim de possibilitar o exercício da melhor prática no cuidado ao paciente com feridas. Este Protocolo divide-se em sete capítulos. O primeiro, intitulado "PROTOCOLO ASSISTENCIAL DE ATENÇÃO A FERIDAS: recomendações e evidências para prática clíni- ca de Enfermagem e Saúde" explica a aplicação da prática baseada em evidência; a lógica na construção do presente Protocolo; os métodos utilizados para busca e análise das infor- mações disponíveis. O segundo capítulo "A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊNCIA DE EN- FERMAGEM: bases legais e instrumento de Avaliação de Feridas para prática baseada em evidências" discorre sobre as bases legais para utilização efetiva das recomendações le- vantadas e a sistematização da assistênica de enfermagem especificamente no cuidado ao portador de feridas e instrumento de avaliação de feridas. Os demais capítulos tratam das feridas - foco dessa produção, nos quais constam: Conceito; Formação Etilógica em gráfi- co; Classificação; Protocolo de Evidências e Recomendações (prevenção e tratamento) e finalmente Alogorítmos de Prevenção e Tratamento. Sem título-1 16/1/2013, 18:209 10 Assim, esperamos que esta publicação torne-se referência e instrumento de trabalho tanto para os profissionais de saúde da Instituição-foco como para outros profissionais do Estado do Piauí e/ou ainda do País, em especial os enfermeiros que se envolvem com o cuidado aos portadores de feridas, mas também os docentes e discentes que se empenham em colaborar com as práticas assistenciais amparadas em resultados de pesquisas e leis que garantam a segurança dos clientes assistidos. Elaine Cristina Carvalho Moura Sem título-1 16/1/2013, 18:2010 11 1Cullum et al (2010) define questão clínica como uma pergunta que surge de incertezas surgidas na prática ou de áreas que necessitam de maior entendimento. Ela é composta de quatro elementos - população, intervenção, comparação e resultado - que asseguram que todos os aspectos da incerteza clínica estejam contemplados na questão. Atualmente foi acrescentado um quinto elemento: a cronologia, e a sigla antes denominada PICR passou a denominar-se PICRC. CAPÍTULO 1: PROTOCOLO ASSISTENCIAL DE ATENÇÃO A FERIDAS: recomendações e evidências para prática clínica de Enfermagem e Saúde Elaine Cristina Carvalho Moura 1 POR UMA PRÁTICA BASEADA EM EVIDÊNCIAS A presença constante de clientes com lesões de todos os tipos nos serviços de saúde tornou- se uma preocupação frequente da equipe multiprofissional, visto que são vários os fatores capazes de influenciar o agravamento ou melhora das mesmas. Para contribuir com soluções aplicáveis à prática assistencial frente a essa problemática, o Projeto de Extensão "Promoção Integral do Cuidado a Pacientes com Feridas: protocolo assistenciais e evidências clínicas" (MEC/SESu 2010; Resolução CEPEX/UFPI 117/2011) se baseia na interação, colaboração e compromisso dos enfermeiros-docentes, enfermeiros-clínicos, universidades e insti- tuições de saúde como condições essenciais para que a prática clínica seja baseada em conheci- mento oriundo da pesquisa ou das melhores evidências disponíveis visando a meta comum da ob- tenção da qualidade do cuidado de enfermagem (CALIRI, 2002). Desse modo, uma abordagem que possibilita a melhoria da qualidade de assistência por meio da tomada das melhores decisões em saúde é a prática baseada em evidências (PBE). O termo 'baseado em evidências' tem seu primeiro uso documentado atribuído a "Gordon Guyatt e ao Evidence Based Medicine Working Group, em 1992" (CULLUM et al., 2010, p.23). Melnyk et al (2010) conceitua PBE como uma abordagem de solução de problemas para prestar o cuidado em saúde que integra a melhor evidência oriunda de estudos bem delineados, dados de paciente combinado com as pre- ferências e valores do paciente e a expertise do profissional de saúde. O conceito de evidência, considerado nesse estudo, é a informação baseada na avaliação histórica ou científica de uma prática acessível aos tomadores de decisão. Exemplos de tal conceito são: resultados de pesquisa experimental, não experimental (quase experimental, exploratória), opi- nião de peritos (consenso, relatório de comissões), histórico ou experiencial. (CULLUM et al., 2010). Nesse sentido, vale destacar que, desde a década de 70, incentivos norte americanos para a utilização da pesquisa na prática assistencial de enfermagem fizeram surgir grupos de enfermagem em parceria com as universidades-serviços, cujos fins pretendidos eram, dentre eles, a elaboração de protocolos clínicos assistenciais baseados em evidências de pesquisa (CALIRI, 2002). Prazeres (2009, p. 236) explica queprotocolos "definidos a partir de evidências científicas disponíveis a cerca da eficácia e efetividade das intervenções, produzem melhores desfechos na população assistida". Nessa perspectiva, os princípios da prática baseada em evidências têm sido utilizados de forma a não descaracterizar o conhecimento de enfermagem, mas como instrumentos importantes na promoção do cuidado de alta qualidade. A enfermagem encontra como principal desafio a atribui- ção de importância apropriada à evidência de pesquisa, uma vez que a enfermagem baseada em evidências configura-se como "novo modelo operacional integrador da competência individual com os achados clínicos gerados pelas pesquisas científicas" (PRAZERES, 2009, p.235). Para tanto, a autora citada recomenda pelo menos quatro passos no processo de elaboração, a saber: 1. Forma- ção do grupo de trabalho; 2. Elaboração dos protocolos de cuidado com base na sintomatologia da demanda e o processo de enfermagem; 3. Elaboração de algoritmos e 4. Validação do Protocolo pela equipe assistencial. Dessa forma, o presente estudo estabeleceu como objeto a reunião de evidências e recomen- dações para elaboração de protocolo assistencial de enfermagem baseado em evidências sobre as seguintes feridas de interesse: úlceras por pressão, úlceras vasculares, queimaduras, feridas oncológicas e feridas operatórias; com a preocupação de responder a sequinte questão de implementação: as evidências clínicas inseridas nesse protocolo assistencial de feridas são aplicá- veis à prática clínica de enfermagem?1 Sem título-1 16/1/2013, 18:2011 12 2 "A meta-análise, ou metanálise ou ainda, metaanálise (sinônimos: quantitalive review; pooling; quantitative synthesis) é o método estatístico utilizado na revisão sistemática para integrar os resultados dos estudos incluídos. O termo tam- bém é utilizado para se referir a revisões sistemáticas que utilizam a meta-análise" (CASTRO, 2001). Assim, os principais objetivos esperados nesse protocolo para cada tipo de ferida exaustiva- mente pesquisada foram: identificar evidências clínicas sobre prevenção e tratamento de feridas; reunir evidências clínicas sobre prevenção e tratamento de feridas; fornecer padrões de cuidados baseados em evidências para prevenção e tratamento de feridas e descrever evidências e recomen- dações em feridas para protocolo assistencial de feridas. 2 MÉTODOS 2.1 A busca pelas melhores evidências A fim de identificar evidências e recomendações sobre as feridas de interesse, para subsidiar a elaboração do presente protocolo, utilizaram-se revisões sistemáticas, ensaios clínicos randomizados, bem como a verificação das referências dos estudos identificados e buscas a manu- ais de publicações relevantes sobre o tema, incluindo livros e diretrizes clínicas de especialidades, quando necessário. Destaca-se que se optou pelos Ensaios Clínicos Randomizados porque são estudos que reú- nem as melhores evidências. Bork (2005, p.9) explica que um estudo de revisões sistemáticas (RS) "baseia-se numa metodologia rigorosa, principalmente numa busca exaustiva de informações, utili- zando diversas fontes de dados, e numa avaliação de qualidade dos estudos primários". Isso ocorre porque as RS agrupam um grande número de resultados de pesquisas clínicas ajudando a explicar as diferenças entre estudos primários que investigam uma mesma problemática. Dessa forma, Clarke e Oxman (2001, p. 16) explicam que "os estudos primários podem ser ensaios clínicos aleatórios, estudos de acurácia, estudos coortes [...] A escolha do tipo de estudo depende da pergunta que se pretende responder". Os estudos considerados secundários são as revisões sistemáticas com ou sem metanálise e estudos de análise econômica (custo-minimização, custo-efetividade e custo-benefício (CENTRO COCHRANE DO BRASIL, 2010). As RS são definidas como: "um delineamento de estudo secundário no quais dados de outros estudos, ditos primários, são analisados de forma criteriosa e avaliados quanto à sua qualidade científica para serem incluí- dos, ou não, num análise estatística, a metanálise 2 (BORK, 2005, p. 8). As RS são operacionalizadas por uma questão clínica que, segundo Bork (2005, p. 5), provém de uma "dúvida que surge com a prática clínica, com hipóteses fisiopatológicas ou mesmo resulta- dos de outras pesquisas". A questão convencionalmente forma o PICO que apresenta na sua formu- lação a "população, intervenção, comparação e resultado" (JOHANSSON; WILD, 2011, p. 1). Assim as RS oferecem "uma solução em forma de sumário de conhecimento, com base em pesquisa, sobre um tópico que considera a validade dos estudos de pesquisa primários" (CULLUM et al, 2010). 2.2 Identificação dos melhores estudos A identificação das evidências e recomendações nas feridas de interesse ocorreu nas seguin- tes bases de dados eletrônicos. A saber: Medline, Biblioteca Cochrane (Cochrane Library) e Lilacs. A Medline é uma base de dados da literatura internacional da área médica e biomédica, produ- zida pela National Library of Medicine (NLM), USA, que contém referências bibliográficas e resumos de mais de 4000 títulos de revistas biomédicas publicadas nos Estados Unidos e em outros 70 países. Contém aproximadamente 11 milhões de registros da literatura, desde 1966 até o momento, que cobrem as áreas de: Medicina, Biomedicina, Enfermagem, Odontologia, Veterinária e Ciências afins. A atualização das bases de dados é mensal. A Biblioteca Cochrane (Cochrane Library) é uma das publicações da Colaboração Cochrane - instituição sem fins lucrativos que assessores pesquisadores do mundo inteiro na realização de revisões sistemáticas sobre questões clínicas consideradas relevantes, contando com o auxílio de profissionais de saúde, pesquisadores e até de consumidores. O acesso à Biblioteca Cochrane, no Brasil, é gratuito pelo Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde Sem título-1 16/1/2013, 18:2012 13 (Bireme). As revisões sistemáticas produzidas pela Colaboração Cochrane contemplam apenas ensaios clínicos randomizados (ECRs) e são produzidas por meio de métodos científicos rigorosos. Atualizado a cada três meses, o Banco de Dados de Revisões Sistemáticas da Cochrane (Cochrane Database of Review Systematic - CDRS) tem os módulos das revisões sistemáticas revisadas por grupos colaborativos que, após finalizá-las, encaminham-nas para a base de dados matriz para sua posterior inclusão (BORK, 2005). A base Lilacs, um índice bibliográfico da literatura relativa às ciências da saúde, publicada nos países da América Latina e Caribe, a partir de 1982, é um produto cooperativo da Rede Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Em 2009, LILACS atinge 500.000 mil registros bibliográficos de artigos publi- cados em cerca de 1.500 periódicos em ciência da saúde, das quais aproximadamente 800 são atualmente indexadas. LILACS também indexa outros tipos de literatura científica e técnica como teses, monografias, livros e capítulos de livros, trabalhos apresentados em congressos ou conferên- cias, relatórios, publicações governamentais e de organismos internacionais regionais. 2.3 As estratégias da busca eletrônica A população do estudo foi constituída dos artigos indexados nos bancos de dados supracitados no período de dez anos (2001 a 2011) que englobem estudos primários (ensaios clínicos randomizados - ECRs). Segundo Clarke e Oxman (2001, p.28), "nas revisões sistemáticas, os 'sujeitos' da investi- gação são os estudos primários selecionados pelo método sistemático e pré-definido" e podem ser do tipo estudo de acurácia, ECRs e estudos coortes. Nesse estudo, foram focalizados os ECRs e principalmente as revisões sistemáticas sobre a temática em foco, bem como a verificação das referências dos estudos identificados e buscas ma- nuais de publicações relevantes no tema - incluindo livros e diretrizes clínicas de especialidades. Os critérios estabelecidos para exclusão foram: estudos realizados em ambiente não hospitalar e estu- dos que atendam clientela de neonatologia e pediatria.Os critérios estabelecidos para inclusão fo- ram: estudos aplicados em seres humanos; estudos que abordem as feridas úlceras por pressão, úlceras vasculares, queimaduras, feridas oncológicas e operatórias; estudos que abordem preven- ção e tratamento das feridas de interesse; estudos publicados nacional e internacionalmente, no período de 2001 a 2011; estudos que atendam a clientela acima de 19 anos e estudos publicados em Inglês, Português ou Espanhol. Utilizou-se a estratégia de Bork (2005, p.10 e 11) para as buscas das melhores evidências por meio de estudos adequados: "Utilização de filtros para identificação de ECRs e revisões sistemáti- cas; Verificação das referências dos estudos identificados e Busca manual de publicações relevan- tes no tema, incluindo diretrizes clínicas de especialistas". Utilizou-se um instrumento de coleta de dados para padronizar as análises dos artigos identifi- cados - adaptado de Fernandes (2000) - composto de quatro partes, a saber: 1. Características gerais dos artigos: identificação do pesquisador (nome, categoria profissional; local de atuação); título do trabalho; país; periódico (ano, volume, número, páginas e Qualis); objetivos do estudo; dese- nho metodológico; 2. características e resultados dos estudos incluídos envolvendo as feridas-foco: estudo e intervenção; população e amostra; comparação; duração da intervenção; local/unidade de tratamento; coberturas utilizadas 4. Resultados e limitações do estudo 3. Nível de evidências e grau de recomendações/base teórica Os estudos foram coletados no período de abril e maio de 2011, pelos grupos de trabalho (GT) formados por acadêmicos de enfermagem do Projeto de Extensão "Promoção Integral do Cuidado a Pacientes com Feridas: protocolo assistenciais e evidências clínicas". Foram formados cinco GTs, um para cada tipo de ferida, cada um possuía um professor supervisor e uma enfermeira assistencial GREC (denominadas tutoras), do Hospital cenário da elaboração do Protocolo. Os componentes de cada GT foram intitulados de revisores, conforme os passos: 1. Iniciaram a busca com os termos chaves independentemente; 2. Procederam a leitura independente de cada título, resumo e metodologias que cumpriram os critérios de inclusão, a fim de resguardar fidedigni- dade no processo de captação dos estudos; 3. Procederam a leitura dos textos completos em cada GT, assim, coletivamente, a fim de selecionar (após concordância) os estudos que atendessem os Sem título-1 16/1/2013, 18:2013 14 critérios pretendidos; 4. Preencheram o instrumento de extração de dados; 5. Realizaram oficina com as docentes e 6; Fizeram a síntese dos artigos selecionados e finalmente 7. Em oficina com as docentes, selecionaram as evidências e recomendações com base na adaptação de Atallah (2003) e Philips (2005), proposta por Bork (2005) (vide anexo A). Para busca específica nas bases de dados, foram utilizados inicialmente os seguintes termos chaves conforme o tipo de ferida: GT1 - Úlceras por pressão: Systematic review, randomized controlled trial, controlled trials, pressure ulcer, decubitus ulcer, treatment, prevention, dressing; GT2 - Úlceras vasculogênicas: Systematic review, randomized controlled trial, controlled trial, leg ulcer, varicoce ulcer, vascular ulcer, arterial ulcers, venous ulcers, neuropathic ulcer, treatment, prevention, dressing; GT3 - Queimadu- ras: Systematic review, randomized controlled trial, controlled trial, burns, burn unities, treatment, prevention; GT4 -Feridas Oncológicas: Systematic review, randomized controlled trial, controlled trial, neoplastic wounds, tumor cutaneos malignanez, treatment, prevention, dressing; GT5 - Feridas Ope- ratórias: Systematic review, randomized controlled trial, controlled trial, surgical wounds, wounds and injuries, Surgical Wound Dehiscence, wound infection, treatment, prevention, dressing. O levantamento das melhores evidências de cuidados paliativos para feridas oncológicas, es- pecialmente, foi realizado por meio das seguintes etapas: 1. Busca nos bancos de dados supracitados utilizando os termos: Systematic review, randomized controlled trial, controlled trial, neoplastic wounds, fungating wounds, dressing, feridas neoplásicas, feridas tumorais malignas cutâneas, feridas vegetativas e cuidados paliativos; 2. Divisão dos trabalhos encontrados; 3. Leitura independente dos títulos, resumos e metodologias para identificar os critérios de inclusão e exclusão; 4. Leitura dos textos completos para concordância frente às buscas dos três revisores; 5. Extração dos dados por meio de instrumento próprio de coleta; 6. Síntese dos artigos selecionados e 7. Seleção das evidên- cias e recomendações com base na classificação da Oxford Centre for Evidence-based Medicine traduzida pela Associação Médica Brasileira e Conselho Federal de Medicina. Os dados foram codificados, classificados o nível de evidências e grau de recomendação e organizados em capítulos, conforme discriminados a seguir: 1. O conceito mais atual; 2. A Formação etiológica textual ou em gráfico; 3. A classificação ou estágio de cada ferida de interesse; 4. As evidências e recomendações de prevenção e tratamento com breve exposição das intervenções e por fim 5. Os algoritmos para prevenção e tratamento baseados no Hospital de Porto Alegre(HPS) em anexo B. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS A decisão clínica envolvendo as melhores práticas disponíveis pressupõe o exercício de com- petências, como o pensamento crítico do profissional de saúde em questão. Quando se trata de um enfermeiro, têm-se as etapas de Sistematização da Assistência de Enfermagem, associadas às evidências de pesquisas válidas e relevantes; ao grau de especialização do agente assistencial; os recursos disponíveis e principalmente as circunstâncias e preferências de clientes e/ou familiares (CULLUM, 2010). É importante destacar que o enfermeiro assistencial muitas vezes não tem tempo disponível para efetuar uma busca por evidências e recomendações nas proporções dessa produção, e ainda, a academia não teria recursos para fornecer Protocolos a todos os serviços que ainda não o possu- em - de forma que esse trabalho de implantação é mais longo e demorado. Aliado a isso, observa-se que, na área de feridas, as renovações de evidências e recomendação variam entre cinco a sete anos (CULLUM, 2010). Nessa perspectiva, uma alternativa viável de atualização seria sensibilizar os enfermeiros assistenciais quanto às incertezas clínicas de suas práticas que não encontram respostas no Proto- colo ora elaborado, a fim de provocar a classe para empreender pesquisas clínicas (com apoio institucional), na perspectiva de pós-graduações de aperfeiçoamento profissional e ainda, de forma mais imediata, treinar os enfermeiros assistenciais para buscas nas melhores bases de dados em saúde, a fim de que os mesmos possam montar banco de dados atualizados sobre feridas. Assim, por meio da leitura de resumos, sinopses ou sínteses, atualizariam e/ou complementariam lacunas Sem título-1 16/1/2013, 18:2014 15 que certamente serão identificadas no Protocolo ao longo do processo de validação pelos enfermei- ros do presente hospital. Registra-se como limitação do presente estudo a falta de homogeneidade da combinação dos termos chaves entre os três revisores de cada GT, dificultando a replicação do mesmo. 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Acesso em: 20 mar. 2010 Sem título-1 16/1/2013, 18:2016 17 CAPÍTULO 2: A SISTEMATIZAÇÃO DA ASSISTÊ NCIA DE ENFERMAGEM: bases legais e instrumento de Avaliação de Feridas para prática baseada em evidências. Grazielle Roberta Freitas da Silva Elaine Maria Rangel O mundo contemporâneo abriga mudanças rápidas no conhecimento, valorização da di- versidade humana, aumento das iatrogênias, doenças crônicas não transmissíveis, e o uso ace- lerado de tecnologias nos vários setores da sociedade; e todos esses fatores influenciam no processo do cuidar, em enfermagem. Nesse contexto, a qualidade do cuidar tem sido alvo da enfermagem ao longo do tempo, que, para superar o cuidado doméstico e religioso e alcançar o cuidado baseado em evidências científicas, construiu um amplo corpo de conhecimento traduzido em diversos modelos teóricos. Inicialmente, tais modelos foram considerados muito abstratos e segregados da prática clínica. No entanto, foram essenciais para fundamentar o conhecimento de enfermagem, melhorar a prática clínica e a pesquisa (1). Além disso, embasaram a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE), por meio do Processo de Enfermagem, apoiado nos passos do método científico. Esse método de resolução de problemas reais ou potenciais já vem sendo usado desde Florence Nightingale, a primeira enfermeira a discutir um modelo teórico em 1860. No Brasil, ganhou visibilidade a partir das publicações de Wanda Horta em 1970(2). Ocorre em cinco etapas, quais sejam; coleta de dados (ou histórico); diag- nóstico; planejamento; implementação e avaliação (3). Ao se aplicar uma linguagem apropriada, podem-se definir melhor os problemas de enfermagem e os fenômenos de seu interesse. A necessidade de uniformizar internacionalmente a linguagem em enfermagem ocasionou elaboração de instrumentos que proporcionam a execução do Processo de Enfermagem. São eles: Os sistemas de classificação de Diagnósticos de Enfermagem (North American Nursing Diagnosis Association - NANDA), Classificação das Intervenções de enfermagem (Nursing Interventions Classification - NIC) e Classificação dos Resultados de Enfermagem (Nursing Outcomes Classification - NOC). O sistema de classificação de Diagnósticos de Enfermagem da NANDA é um dos mais conhecidos e divulgados no âmbito mundial (4). O NIC nomeia e descreve intervenções executa- das na prática clínica em resposta a um diagnóstico de Enfermagem (5). O NOC, por sua vez, abrangente e padroniza resultados da clientela (indivíduo, família ou comunidade) influenciados pela execução de intervenções de enfermagem (6). Todos eles juntos formam o conhecido siste- ma NNN. A utilização da SAE produz benefícios, pois implementa os modelos teóricos existentes e promove o cuidado de enfermagem organizado, humanizado, contínuo e de qualidade (7). Tendo em vista a sua implementação obrigatória, o Conselho Federal de Enfermagem (COFEn), por meio da Resolução nº 272 de 2002, revogada pela Resolução nº 358 de 2009, estabelece e normatiza a implantação da SAE em âmbito nacional, nas instituições de saúde públicas e privadas (3). De acordo com a Resolução 358/2009, o processo de enfermagem deve ser realizado de modo deliberado e sistemático em todas as instituições em que ocorre o cuidado profissional de enfermagem (8). Sem título-1 16/1/2013, 18:2017 18 Reportando ao cuidado aos portadores de feridas, a Sociedade Brasileira de Enfermagem Dermatológica (SOBEND) e a Associação Brasileira de Estomaterapia (SOBEST) reconhecem que essa é uma especialidade da enfermagem, conferindo ao enfermeiro mais autonomia garanti- da por lei. A Resolução do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) 311/2007 no capítulo 1, Art. 1º estabelece que o enfermeiro deva exercer a profissão com liberdade, autonomia e ser tratado segundo os pressupostos e princípios legais, éticos e dos direitos humanos. Já o Art. 6º da mes- ma resolução, diz que o profissional enfermeiro deve "fundamentar suas relações no direito, na prudência, no respeito, na solidariedade e na diversidade de opinião e posição ideológica" (9). É dessa maneira que sua prática deve ocorrer e se destacar. Em relação à prevenção e tratamento de feridas, o enfermeiro deve atentar para a importância de buscar a autonomia profissional, ao passo que pode escolher (preferenci- almente em comum acordo com o paciente) a melhor cobertura com fins de uma cicatriza- ção mais eficaz. Porém, deve lembrar que ser autônomo não significa "liberdade total", pois para atuar na prevenção e ou tratamento, ele precisa ter competência para tal. De acordo com o capítulo II do Código de Ética de enfermagem, "a assistência de enfermagem deve ser realizada livre de danos decorrentes da imperícia, negligência ou imprudência" (Art.16); o profissional deve manter-se atualizado (Art.18) e principalmen- te responsabilizar-se pela falta cometida em suas atividades, seja individual ou em equipe (Art.20). E cabe ao enfermeiro supervisionar a equipe a fim de manter a integridade física do paciente, atuando como defensor de seus direitos. É competência do enfer- meiro, conforme a Lei do Exercício Profissional no Artigo II, inciso I, letra c: "Planeja- mento, organização, coordenação, execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem" (10). No capítulo I Art. 10º, lê-se que é direito do enfermeiro: "recusar-se a executar atividades que não sejam de sua competência técnica, científica, ética e legal ou que não ofereçam segurança ao profissional, à pessoa, família e coletividade". Podemos citar como responsabilidades e deveres os Artigos 5º, 13º e 15º, respectivamente: "Exer- cer a profissão com justiça, compromisso, equidade, resolutividade, dignidade, compe- tência, responsabilidade, honestidade e lealdade; Avaliar criteriosamentesua compe- tência técnica, científica, ética e legal e somente aceitar encargos ou atribuições, quan- do capaz de desempenho seguro para si e para outrem; Prestar assistência de enferma- gem sem discriminação de qualquer natureza" (10). A nosso ver, em relação à competência profissional, na prevenção e/ou tratamento de feridas, essa só será plena com a aplicação da SAE, conferindo mais segurança na prática clínica. O uso de uma sistematização não engessa, mas organiza o cuidar em enfermagem, legitimando-o como essencial. Porém, a SAE ainda vem sendo um desafio para a enferma- gem brasileira, haja vista que envolve um macrossistema, que vai desde o processo em si (intramuros) à organização social e política (extramuros) que rege as instituições de saúde. Nessa perspectiva, Prazeres (2009) destaca aspectos da SAE que devem ser conside- rados para empreender um protocolo assistencial: sintomatologia do paciente; o diagnóstico de enfermagem associado à condição médica; a intervenção de enfermagem através da en- fermagem embasada em evidências, associada aos valores e preferências dos paciente; re- sultados das intervenções de enfermagem associados ao modelo e custos assistencias. A autora sugere um modelo de desenvolvimento de Protocolo em enfemagem como segue: Sem título-1 16/1/2013, 18:2018 19 Nesse sentido, elaborou-se um instrumento de avaliação de feridas (APÊNDICE A) embasado nos preceitos de NANDA, NIC e NOC para as feridas de interesse e ainda uma sequência padroni- zada para a consulta de enfermagem ao portador de feridas a fim de promover uma assistência devidamente documentada e respaldada em conhecimentos sistematizados. O instrumento foi desenvolvido em colaboração com a Academia e as enfermeiras assistenciais do GREC no período de seis meses tendo como referência o instrumento que era utilizado pelo GREC. Desse modo, o presente instrumento divide-se em: identificação do Paciente; tipo de ferida Sem título-1 16/1/2013, 18:2019 20 com imagem do corpo humano anterior e posterior para registro de localização anatomica; 1. Histó- ria regressa da ferida; 2. Anamnese e dados clínicos; 3. Exame físico; 4. Escala de Braden; 5. Clas- sificação da ferida; 6. Escala de PUSH; 7. Diagnóstico de Enfermagem (NANDA) e Intervenções (NIC) e, por fim, local de inserção de fotografia(s) da(s) lesão(s) - esta deve ser feita mediante auto- rização do paciente e/ou responsável (Termo de autorização - APÊNDICE B). Ressalta-se que a aplicação do presente instrumento não descarta a necessidade de padronização do procedimento técnico de realização do curativo extraído de Prazeres (2009), conforme anexo C. REFERÊNCIAS POTTER, P. A.; PERRY, A. G. Fundamentos de enfermagem. 10ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2009. HORTA, W. A. Processo de Enfermagem. São Paulo (SP): EPU; 1979. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução nº 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem e a implementação do Processo de Enfermagem em ambientes, públicos ou privados, em que ocorre o cuidado profissional de Enfermagem, e dá outras providên- cias. [citado em: 28 agost 2011]. Rio de Janeiro; 2009. 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Sem título-1 16/1/2013, 18:2020 21 CAPÍTULO 3: PROMOÇÃO DE CUIDADOS A PACIENTES COM ÚLCERAS POR PRESSÃO Elaine Cristina Carvalho Moura, Tamires Barradas Cavalcante Jairo Edielson Rodrigues Barbosa de Sousa, Francisco Braz Milanez Oliveira Paula Cristina Nogueira 3.1 CONCEITO Em consenso, as entidades National Pressure Ulcer Advisory Panel (NPUAP) e a European Pressure Ulcer Advisory Pannel (EPUAP) (2009, p.7), publicaram - inicialmente em 1998 e revisa- ram em 2009 - o conceito aceito pela comunidade internacional para Úlcera por Pressão (UPP), definida como "uma lesão localizada na pele e/ou tecido subjacente, geralmente sobre uma proemi- nência óssea, em resultado da pressão ou de uma combinação entre esta e forças de cisalhamento e/ou fricção". 3.2 FORMAÇÃO ETIOLÓGICA O conhecimento e compreensão do conceito de UPP, suas causas e os fatores de risco para o seu desenvolvimento, permitem a toda equipe de saúde implementar ações efetivas para a pre- venção e tratamento dessas feridas desenvolvendo habilidades e atitudes necessárias para promo- ção de cuidados de qualidade. Nesse sentido, a figura 1 mostra os principais fatores de risco para o desenvolvimento de UPP e suas correlações. Figura 1. Esquema conceitual de fatores de risco para o desenvolvimento de UPP. Fonte: BERGSTROM,N.; BRADEN,B.J.; LAGUZZA, A .; HOLMAN,V. The Braden Scale for predicting pressure sore risk. 1987; 36(4):205-10. Sem título-1 16/1/2013, 18:2021 22 3. 3 C L A S S IF IC A Ç Ã O A d es cr iç ão d es ta c la ss ifi ca çã o é im po rt an te p ar a pe rm iti r a do cu m en ta çã o e a co m un ic aç ão e nt re o s pr of is si on ai s, d os r es ul ta do s da av al ia çã o da s co nd iç õe s da p el e, e n or te ar a d ec is ão p ar a o tr at am en to , as si m , se gu e- se a c la ss ifi ca çã o pa ra o e st ad ia m en to p ro po st o pe la N P U A P /E P U A P ( 20 09 ), c on si de ra nd o as c at eg or ia s ad ic io na is 'i nc la ss ifi cá ve is ' e 'l es ão ti ss ul ar p ro fu nd a' , a s ab er : Sem título-1 16/1/2013, 18:2022 23 3. 4 P R O T O C O L O D E E V ID Ê N C IA S E R E C O M E N D A Ç Õ E S A s in te rv en çõ es d e pr ev en çã o e tr at am en to q ue s eg ue m fo ra m e xt ra íd as d e se le çã o, c on fo rm e ca pí tu lo 2 , c on st an do d e 32 ( tr in ta e d oi s) ar tig os d o pe rí od o de 2 00 1 a 20 11 d is tr ib uí do s no s se gu in te s de se nh os m et od ol óg ic os : 16 r ev is õe s si st em át ic as ; 7 es tu do s ra nd om iz ad os ; 3 es tu do s de c oo rt e; 1 r el at o de e xp er iê nc ia ; 2 e st ud os d e ca so ; 1 e st ud o de sc rit iv o- pr os pe ct iv o e 2 es tu do s de sc rit iv o- co m pa ra tiv os . 3. 4. 1 M ed id as d e P re ve n çã o Sem título-1 16/1/2013, 18:2023 24 Sem título-1 16/1/2013, 18:2024 25 Sem título-1 16/1/2013, 18:2025 26 Sem título-1 16/1/2013, 18:2026 27 Sem título-1 16/1/2013, 18:2027 28 Sem título-1 16/1/2013, 18:2028 29 Sem título-1 16/1/2013,18:2029 30 Sem título-1 16/1/2013, 18:2030 31 Sem título-1 16/1/2013, 18:2031 32 Sem título-1 16/1/2013, 18:2032 33 Sem título-1 16/1/2013, 18:2033 34 Sem título-1 16/1/2013, 18:2034 35 Sem título-1 16/1/2013, 18:2035 36 Sem título-1 16/1/2013, 18:2036 37 Sem título-1 16/1/2013, 18:2037 38 REFERÊNCIAS ALVES, N.; DEANA, N.F. 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Sem título-1 16/1/2013, 18:204041 CAPITULO 4: PROMOÇÃO DE CUIDADOS A PACIENTES COM FERIDAS OPERATÓRIAS Maria Helena Barros Araújo Luz Nathalia Kelly De Sousa Andrade Larissa De Oliveira Seabra Sarah Nilkece Mesquita 4.1 CONCEITO Feridas operatórias ou cirúrgicas são cortes intencionais produzidos por instrumental cirúrgico de modo a provocar uma lesão em espaços ou órgãos do corpo (CLASSIFICAÇÃO INTERNACIO- NAL DE ENFERMEIROS, 2001). Para detectar os achados fisiológicos do processo de cuidado para cicatrização de uma ferida operatória procede-se exame físico a fim de: mensurar a incisão; inspecionar o tecido da ferida (aspecto, localização, coloração, reepitalização, integridade e exsudato) e palpar a incisão (depósito/ halo de colágeno). 4.2 FISIOLOGIA DA CICATRIZAÇÃO O processo de cicatrização está dividido em fases que, por sua vez, possuem características definidoras e uma ordem cronológica, conforme Ferreira e Andrade (2006): 1. Fase Inflamatória (1º ao 4º dia): Com o início do processo de restauração da ferida, instala-se a inflamação, resultando em reparo e substituição de células mortas e danificadas por células saudáveis, constituindo assim o tecido conjuntivo denominado cicatriz. Nas primeiras 72 horas, ocorre a reepitelização do sítio cirúrgico, assim a nova epiderme promove uma barreira a microrganismos. A aproximação das bordas e cor da linha de sutura pode mudar de vermelho claro para rosa demonstrando a maturação do tecido epitelial (VICENTINI; NETO; LANE, 1996). 2. Fase Proliferativa (5º ao 9º dia): Processo de deposição de colágeno subjacente à incisão. Este halo cicatricial deve ser palpado ao longo da incisão cirúrgica entre o 5º ao 9º dia pós-operatório e, caso não o seja, a ferida está em risco de desenvolver um processo de deiscência ou infecção. O exsudato imediatamente após a cirurgia é sanguinolento. Dentro de 48 horas a drenagem do sítio cirúrgico se torna serossanguinolenta e posteriormente serosa. Extravasamento de exsudato pode ser sinal de deiscência iminente, infec- ção ou formação de fístula. A cor da pele poderá ser vermelha escura ou roxa (COOPER, 1992). 3. Fase de remodelação (1 a 2 anos): O tecido cicatricial é remodelado e organizado estruturalmente, fazendo com que a cor da cicatriz mude. Esta fase pode levar de 1 a 2 anos. A cor da incisão muda, gradualmente, ao longo do primeiro ano, de vermelho claro ou rosa para uma cor acinzentada ou branca. A força tênsil do tecido aumenta (também gradualmente) no primeiro ano, mas alcança somente 80% da força do tecido original (MOY, 1997). 4.3 CLASSIFICAÇÃO POR TIPOS DE CICATRIZAÇÃO Existem três formas de cicatrização de feridas operatórias, a saber: cicatrização por primeira intenção - dá-se através da aproximação das margens e fechamento da ferida; cicatrização por segunda intenção - o sítio cirúrgico é deixado aberto e a ferida cicatrizará por formação de tecido de granulação e epitelização e, por fim, a cicatrização por terceira intenção ou fechamento primário retardado - a ferida é deixada aberta por um curto período de tempo. Transcorrido este tempo, as Sem título-1 16/1/2013, 18:2041 42 m ar ge ns s ão a pr ox im ad as e s ut ur ad as ( B A T E S -J E N S E N ; W E T H E , 1 99 8) . D es ta ca -s e o co nc ei to d e us o S eq ue nc ia l d e B ra um an n et a l. (2 01 1) p ar a tr at am en to d e fe rid as c om c ic at riz aç ão p or s eg un da in te nç ão , cu ja s re co m en da çõ es s ão : 1. Li m pe za : l im pa r a fe rid a, a pl ic an do p ro du to s es pe cí fic os p ar a co nt ro le d e ba ct ér ia s, e xs ud at o, o do r e d es br id am en to d e te ci do s de sv ita liz ad os . 2. F ec ha m en to : f ec ha r as fe rid as u sa nd o pr od ut os fa ci lit ad or es d o co nt ro le d a in fla m aç ão , q ue e vi te m r ei nf ec çã o e ge re nc ie m e xs ud at o. 3. C ob er tu ra : u so d e cu ra tiv o se cu nd ár io o cl us iv o qu e di sp on ib ili ze u m a m bi en te ó tim o e úm id o de c ur a da fe rid a. Sem título-1 16/1/2013, 18:2042 43 Sem título-1 16/1/2013, 18:2043 44 Sem título-1 16/1/2013, 18:2044 45 Sem título-1 16/1/2013, 18:2045 46 REFERÊNCIAS BATES-JENSEN, B. M.; WETHE, J. Acute surgical wound management. In: SUSSMAN, C.; BA- TES-JENSEN, B. M. Wound care: a collaborative practice manual for physical therapists and nurses. 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Inicialmente, a trombose ou varicose causa danos às veias da perna que, em exercício, contrai o músculo e comprime as veias levando a danos na válvula capilar e acarretando hipertensão venosa e linfedema (DEALEY, 2008; RIBEIRÃO PRETO, 2004). Há várias causas para úlceras de perna, sendo as mais comuns a doença de origem venosa e arterial. Ressalta-se que 81% das úlceras vasculares são de origem venosa e 16,3% de origem arterial (DEALEY, 2008). Pelo caráter crônico, as úlceras venosas são bastante recorrentes e uma das principais causas que leva a população a buscar as unidades de saúde - uma vez que aproximadamente 80% das úlceras vasculares podem ser tratadas ambulatorialmente, sendo consideradas um problema de saúde pública mundialmente grave com importante impacto socioeconômico (CANDIDO, 2006). 5.3 CLASSIFICAÇÃO As úlceras vasculares podem ser de origem venosa, arterial ou mista (DEALEY, 2008). • As úlceras de origem venosa são maioria e resultam principalmente da hipertensão venosa crônica, que produz a estase venosa e edema. • As úlceras de origem arterial se desenvolvem quando o fluxo sanguíneo para os membros inferiores está diminuído, resultando em isquemia e necrose. • As úlceras mistas ocorrem pela combinação da hipertensão venosa crônica com patologias arteriais periféricas. As úlceras venosas correspondem de 60 a 80% das ulcerações dos membros inferiores, são mais frequentes no terço médio-distal da perna e tem maior incidência nas proeminências ósseas; particu- larmente, nos maléolos mediais, apresentando recorrência em 70% dos casos (CANDIDO, 2006).A úlcera de estase geralmente é superficial, de bordas irregulares, múltipla, com aspecto de placa eritematosa, emolduração das bordas da ferida e, nas áreas adjacentes à lesão, eczema e hiperpigmentação. O edema é sempre presente, com pulsos pediais, geralmente palpáveis e é pou- co dolorosa (CANDIDO, 2006). As úlceras arteriais (isquêmicas) são, na maioria das vezes, profundas, envolvendo músculos e tendões; possuem maior prevalência no terço distal da perna, com menor incidência nas proeminên- cias ósseas; apresentam menor índice de recorrência e, geralmente, são mais dolorosas. Nas úlce- ras isquêmicas, o paciente apresenta pulsos ausentes nas extremidades do membro inferior e pele Sem título-1 16/1/2013, 18:2047 48 fr ia , p ál id a ou c ia nó tic a, a lé m d e re la to s de c la ud ic aç ão in te rm ite nt e (C A N D ID O , 2 00 6) . 5. 4 P R O T O C O L O D E E V ID Ê N C IA S E R E C O M E N D A Ç Ã O 5. 4. 1 M ed id as d e P re ve nç ão N ão fo ra m e nc on tr ad as e vi dê nc ia s cl ín ic as s ob re a p re ve nç ão ; c on tu do , é im po rt an te s al ie nt ar q ue o c on tr ol e de d ia be te s, h ip er te ns ão e ob es id ad e sã o im po rt an te s na p re ve nç ão d e úl ce ra s va sc ul og ên ic as e r ed uç ão d e co m pl ic aç õe s. Sem título-1 16/1/2013, 18:2048 49 Sem título-1 16/1/2013, 18:2049 50 REFERÊNCIAS AZOUBEL R, TORRES GV, SILVA LWS, GOMES FV, REIS LA. Efeitos da terapia física descongestiva na cicatrização de úlceras venosas. Rev Esc Enferm USP 2010; 44(4):1085-92 BORGES EL, CALIRI MHL, HAAS VJ. 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DOI: 10.1002/ 14651858.C Sem título-1 16/1/2013, 18:2051 52 CAPITULO 6: PROMOÇÃO DE CUIDADOS A PACIENTES COM FERIDAS ONCOLÓGICAS Elaine Maria Rangel Elenir de Araújo Lago Douglas Meneses de Melo Maria Isabel Cristina Silva Nascimento 6.1 CONCEITO De acordo com Firmino (2005), as feridas oncológicas são lesões que se desenvolvem normal- mente a partir de um tumor primário ou como consequência de um tumor em estágio avançado. 6.2 FORMAÇÃO ETIOLÓGICA As feridas oncológicas ocorrem pela infiltração de células malignas nas estruturas da pele, aco- metendo vasos sanguíneos e linfáticos. Podem também ser provocadas por tumores primários ou metatásticos. Com o rompimento da pele, o nódulo da lesão tumoral poderá torna-se uma massa necrótica com crescimento proliferativo, podendo tomar conta de toda a extensão da lesão (FIRMINO, 2005). As feridas tumorais não cicatrizam sem tratamento antineoplásico, como quimioterapia, radio- terapia, cirurgia ou combinação deles (SILVA, MEIRELES, FIGUEIREDO, 2007). Para Mamédio e Pimenta (2006), as feridas malignas são resultados finais do processo de infiltração na pele por células tumorais que invadem o epitélio, adquirindo o aspecto de uma lesão vegetante. Os tumores, durante seu desenvolvimento, constituem rede vascular própria, causando pres- são sobre o tecido, o que leva ao desequilíbrio fisiológico, aumentando a incidência de sangramento na ferida. As hemorragias mais importantes são decorrentes de ruptura de vasos principais do tumor (NAYLOR, 2003). O volume de exsudato eliminado pela ferida tumoral é relacionado à hiper permeabilidade ao fibrinogênio e plasma, os tumores secretarem um fator de permeabilidade vascular favorecendo a proliferação de um grande número de microorganismos anaeróbios que colonizam a superfície da lesão, liberando ácidos voláteis que vêem dar origem ao odor, que é de difícil controle (DEALEY, 2001). Ressalta-se que grande parte das feridas oncológicas tem dificuldade em iniciar contração. Isso acontece devido à depressão nutricional e física do paciente, pois a falta de reservas de nutrientes, como aminoácidos e oxigênio, prejudica a formação de fibroblastos indispensáveis à contração tecidual (BAUER, 2000). A dor neuropática é causada pelo crescimento rápido e descontrolado da ferida tumoral, deter- minada também pela sensação do leito e pelo trauma proposto no momento do curativo. Essa dor é relacionada a fatores do meio físico proporcionados pela cobertura primária, como a desidrata- ção e/ou umidade excessiva e componentes bioquímicos neuroexcitantes em caso de exposição nervosa em meio à lesão (FIRMINO, 2002). 6.3 CLASSIFICAÇÃO Pode-se classificar a ferida oncológica nas formas de estadiamento e odor. Conforme Haisfeild-Wolfe e Baxendale Cox (1999), o estadiamento da lesão tumoral se classifica como: Sem título-1 16/1/2013, 18:2052 53 6.3.1 Quanto ao Estadiamento Sem título-1 16/1/2013,18:2053 54 Sem título-1 16/1/2013, 18:2054 55 Sem título-1 16/1/2013, 18:2055 56 Sem título-1 16/1/2013, 18:2056 57 REFERÊNCIAS ASFHORD, R. et al. Double-blind trial of metronidazole in malodorous ulcerating tumours. Lancet ,v.1, p 1232-1235, 1984. BAUER, C.; GERLACH, M. A.; DOUGHTY, D. Care Of Metastatic Skin Lesions. J Wocn. v. 27, p 247-51, 2000. BURNS, J.; STEPHENS, M. Palliative wound management the use of a glycerine hydrogel. 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Sem título-1 16/1/2013, 18:2057 58 CAPÍTULO 7: PROMOÇÃO DE CUIDADOS A PACIENTES COM QUEIMADURAS Grazielle Roberta Freitas da Silva Laís Gama Ibiapina Raissa Nascimento Leal Jefferson Costa Pereira Silva 7.1 CONCEITO É uma lesão resultante da transferência de energia de uma fonte de calor para o corpo (MORTON, 2007), podendo ser produzidos nos tecidos (pele) pela ação de agentes físicos, químicos ou biológicos. Segundo o site da Secretaria do Estado de Sergipe (2009), os agentes biológicos que causam queimaduras são água-viva e caravelas, comumente encontradas em cidades litorâneas brasileiras. 7.2 CLASSIFICAÇÃO 7.2.1 Quanto ao agente etiológico a) Térmicas - provenientes de temperatura elevada (mais frequentes); b) Elétricas - por corrente elétrica e raio; c) Radiação - por meio da exposição excessiva ao sol; d) Radioativa - provocada por cobalto entre outros; e) Químicas - substâncias básicas ou ácidas. 7.2.1 Quanto à profundidade Ocorre variação de acordo com o tempo de exposição e a temperatura do agente causador da lesão, podendo ser: a) 1° grau - queimadura mais superficial, atingindo a epiderme, que deixa a pele hiperemiada, edemaciada e extremamente dolorida; b) 2° grau - ocorrem bolhas (flictenas) e estas são muito dolorosas porque há a exposição das raízes nervosas que foram atingidas. Além dos sinais e sintomas supracitados, há desprendimento de camadas da pele e possível estado de choque. c) 3°grau - são mais graves, atingindo todos os tecidos (derme, epiderme, subcutâneo e músculos, podendo chegar aos ossos); têm coloração esbranquiçada, avermelhada, negra ou carbonizada. 7.2.1 Quanto à extensão A extensão é representada pela porcentagem da área da superfície corporal queimada (ATSQ), calculada pela Regra dos Noves de Wallace (Tabela 1). (SANTOS, 2007). Para crianças, deve ser modificada conforme Tabela 2. Atenção especial a obesos ou pessoas caquéticas, para superesti- mar ou não a área. Sem título-1 16/1/2013, 18:2058 59 Ao avaliar a Superfície Corpórea (SC) queimada, classificam-se, de acordo com Amadio (2002,) em: a) Queimaduras Leves: " 2o grau menor que 15% da SC de um adulto; " 2o grau menor que 10% da SC de uma criança; " 3o grau com menos que 2% da SC de um adulto, excluindo olhos, orelhas, mãos, pés, face ou períneo. b) Queimaduras Moderadas: " Área entre 15% e 25% da SC de um adulto; " Área entre 10% e 20% da SC de uma criança; " Área atingida de 2% a 10% da SC sem acometer olhos, orelhas, mãos, pés, face ou períneo; " Qualquer queimadura de 3o terceiro grau que atinja uma criança. c) Queimaduras Críticas (Graves): " 2o grau que atingem mais que 25% da SC de um adulto; " 2o grau que atingem mais que 20% da SC de uma criança; " Queimaduras que atinjam olhos, orelhas, mãos, pés, face ou períneo; " Lesões por inalação, por eletricidade; " Aquelas associadas a fraturas ou traumatismo; " Idosos ou com doenças graves pré-existentes; " Outros pacientes de alto risco. 7.3 PROTOCOLO DE EVIDÊNCIAS E RECOMENDAÇÕES 7.3.1 Medidas de Prevenção Não foram encontradas em nível de atendimento hospitalar. 7.3.2 Medidas de Tratamento Sem título-1 16/1/2013, 18:2059 60 Sem título-1 16/1/2013, 18:2060 61 Sem título-1 16/1/2013, 18:2061 62 Sem título-1 16/1/2013, 18:2062 63 REFERÊNCIAS AMADIO, I. 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