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16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 1/37 Curso: Mediação de Conflitos Unidade 1 Conceituando a Mediação de Conflitos Curso Mediação de Conflitos: uma Perspectiva Sistêmica em Tempo de Pandemia 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 2/37 Psicóloga Clínica, Analista do Comportamento, Coordenadora de uma OSC, Palestrante, Coach e Especializada em Psicopedagogia. ISAURA BARBOSA MOURA 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 3/37 Olá! Espero que tenha gostado do vídeo “Para início de conversa”. Ele foi preparado para você! Vamos começar a leitura do material? Ao terminar as atividades previstas nessa unidade, você deverá ser capaz de: Ressignificar e ampliar o conceito de conflito, a partir de uma perspectiva mais positiva, aprofundando a temática de mediação de conflito e resolução do mesmo, além de entender as suas vantagens e a importância de sua realização nos Conselhos Tutelares e de Direitos. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 4/37 O tema Mediação de Conflitos é muito importante para o nosso fazer profissional, na condição de protetores dos direitos da infância e da adolescência. Nesta unidade, primeiramente, definiremos o conceito de conflito, não só a partir da perspectiva do senso comum, mas, também, atribuindo a ele um significado positivo e destacando sua importância nas relações humanas. A seguir, conceituaremos a mediação como uma possibilidade funcional à resolução da divergência. Em seguida, nos aprofundaremos na mediação de conflitos propriamente dita, para entender o que é esse processo, como se dá, suas principais características e a visão de alguns autores sobre o tema. Por fim, refletiremos sobre os benefícios e a importância da mediação no contexto dos Conselhos Tutelares e de Direitos, por serem espaços permeados de conflitos. A mediação apresenta- se como uma possível estratégia para lidar com as demandas desafiadoras, de forma mais humanizada, assertiva e eficiente, para proteção das crianças e dos adolescentes. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 5/37 CONCEITUANDO A MEDIAÇÃO DE CONFLITOS Antes de entrarmos propriamente no tema desta unidade, é muito importante entendermos melhor a definição de conflito. Costumamos entender por conflito uma relação negativa, de desequilíbrio, que deve ser evitada, pois, uma vez instalada, torna-se um problema de difícil solução. No senso comum, entende-se como algo do qual se deve esquivar e, muitas vezes, para isso, as pessoas utilizam a negação (fingem que não tem nada acontecendo), o não enfrentamento (para não gerar embate), entre outras atitudes. A intenção, aqui, é de aprofundar, ampliar e ressignificar o conhecimento sobre o tema. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 6/37 A palavra conflito vem do latim conflictus. Tem origem no verbo confligo, confligere. O conceito de conflito baseia-se, essencialmente, em choque, embate de pessoas que lutam, discussão, desordem e em uma profunda falta de entendimento entre duas ou mais partes. CONFLITO 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 7/37 Ele é um fenômeno inerente à natureza humana. Somos seres racionais e com consciência. Por conseguinte, expressamos nossos desejos, interesses, percepções, visão de mundo, valores etc. Nesse caso, o conflito passa a ser uma realidade cotidiana entre as relações, sempre que há divergência. Porém, também, podemos considerá-lo a partir de uma visão positiva, como algo importante aos indivíduos e às suas formas cotidianas de viver e que permite a mudança nas relações. Por ser o conflito algo inerente a todo e qualquer espaço em que há relações humanas, a tendência de resolução quase sempre o leva à mediação no dia a dia, pois nós tendemos a buscar a harmonia em nossos espaços de convivência. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 8/37 A mediação propõe outra visão a respeito do conflito. Ela é uma oportunidade de mudança, restauração e equilíbrio dos relacionamentos interpessoais, que permite uma transformação do comportamento, pois leva os sujeitos a perceberem e reagirem ao conflito do modo que possibilite uma solução mais eficaz. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 9/37 O termo mediação deriva do latim mediare, que significa medir, dividir ao meio, intervir ou colocar-se no meio. Esse termo sinaliza a maneira pacífica, imparcial e não adversarial da resolução de disputas, com agilidade e satisfação entre as partes. MEDIAÇÃO 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 10/37 Ao serem autoras das soluções de suas controvérsias, as pessoas tornam-se mais comprometidas com o cumprimento delas. Sentem-se responsáveis pelo que decidem, diferentemente de quando as soluções são impostas por outros. Criando soluções que atendam a todas, elas podem manter sua relação social, porque não haverá um ganhador e um perdedor, como ocorre quando as diferenças são resolvidas por meio de métodos adversariais – quando um ganha e o outro perde. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 11/37 Os conflitos, por mais que tenham causas objetivas, sempre perpassam pela dimensão subjetiva e singular, visto que o ser humano é um ser biopsicossocial e espiritual. Sendo assim, a mediação é vista como “um processo de reconstrução, onde acontece um trabalho de desconstrução, de dissolução de uma parede de conflito, discórdia, disputa, agressão e a possibilidade da construção de uma parede de acordo, solução” (TEIXEIRA, 2007, p. 22). 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 12/37 É importante ter atenção às três variáveis que devem ser investigadas durante o diagnóstico de uma situação conflituosa. São elas: A natureza das diferenças e semelhanças (ponto de vista e interesses divergentes ou em comum) Dessa forma, define-se o panorama e fica mais fácil intervir. Os fatores adjacentes (informações, percepções e papéis implícitos) O estágio de evolução do conflito (momento em que o conflito se encontra). 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 13/37 O homem está habituado a passar da negociação direta para a resolução judicial, sem apelar para recursos intermediários na busca de resolver controvérsias e, por isso, tem judicializado e criminalizado ações da convivência diária. Ele precisa ser novamente convidado ao diálogo, recurso primeiro da convivência pacífica e do respeito mútuo. Diante de tal contexto, esse estudo se mostra uma contribuição significativa, para que a mediação seja vista como uma forma rica e eficaz de promoção de uma cultura de paz na sociedade, ou seja, apresenta- se como uma possibilidade de alterar um padrão de conflito para um padrão de diálogo. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 14/37 Dada essa introdução, o que é, então, a mediação de conflitos? Mediação é um métodoextrajudicial (processo externo ao Poder Judiciário) de solução de conflitos, em que uma terceira pessoa, o mediador, atua como facilitadora da interação e da comunicação entre as partes. As pessoas envolvidas são conduzidas a ver a situação sob outra perspectiva, o que facilita uma maior compreensão das respectivas posições e interesses e contribuirá para que, de uma forma mais cooperativa e equilibrada, sejam encontradas melhores soluções que satisfaçam aos respectivos interesses, preservando, da forma que for possível, o relacionamento interpessoal. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 15/37 Por meio da mediação, as partes podem expor seu pensamento e ter uma oportunidade de resolver questões importantes de modo cooperativo e construtivo. É um processo voluntário que oferece outra forma, além da via judicial, de solução do impasse que estão vivendo (que pode ser familiar ou em qualquer outra dimensão de uma relação continuada). 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 16/37 O mediador deve ser imparcial, neutro (não tomar partido de uma das partes), não estabelecer juízo de valor e nem julgamentos e ser ético, além de manter o sigilo sobre o conteúdo das sessões de mediação. Dessa forma estabelece atitudes de respeito entre as pessoas envolvidas e contribui com um clima ameno, para que possam criar, avaliar e escolher as melhores alternativas e possibilidades para a resolução da divergência, em ações cooperativas e colaborativas. A mediação utiliza-se de práticas auto compositivas, isto é, segundo a vontade das partes, e possui validação judicial, sendo, portanto, um compromisso que deve ser cumprido pelos sujeitos. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 17/37 AUTOCOMPOSIÇÃO Uma das técnicas de solução de conflitos, que tem como principal fundamento a vontade das partes. A principal vantagem da autocomposição é a celeridade processual e economia de tempo, visto que as próprias partes ajustam-se para solucionar o conflito. Sua operacionalização foi assim pensada porque se acredita que a coautoria e a resultante corresponsabilidade, necessária para o cumprimento do acordado, somente podem advir daqueles que puderem tratar o conflito existente entre eles; ou seja, os autores da solução se tornam mais comprometidos com ela. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 18/37 O mediador não se envolve diretamente na busca pelas soluções e nem dá sugestões, essa incumbência cabe às partes. O dever do mediador é conduzir o processo de mediação e promover reflexão e compreensão do conflito, auxiliando a interpretação da resolução por meio da qualidade da comunicação. O mediador é um técnico da comunicação e faz com que as próprias partes cheguem à solução do problema. Ele não impõe soluções, nem interfere no mérito do litígio. Sendo assim, a pessoa que tem a função de mediar não tem poder de decisão, o que, na prática, não exclui sua participação fundamental. Com seu conhecimento e boa vontade em apoiar as partes a sua intervenção é crucial para que se gere um acordo entre elas onde ambas saiam ganhando. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 19/37 Vamos testar seus conhecimentos? Veja se consegue responder à questão a seguir. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 20/37 Questão 1 Sobre mediação de conflitos, é correto afirmar que: O mediador pode interferir no processo de mediação, sugerindo possibilidades para que a solução se dê com mais facilidade e rapidez. � É restrita a atuação do mediador aos casos referentes a conflitos familiares. � A construção da solução é feita pelo mediador, que dará a palavra final no encaminhamento do caso. � Na mediação de conflitos, o profissional conduz e orienta de forma neutra, para que as partes encontrem uma solução. � Verificar resposta 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 21/37 Mesmo utilizando a mediação de conflitos existem possibilidade de, apesar das comprometimento do mediador e das tentativas das partes, o acordo não ser realizado. O profissional não deve interpretar tal situação com frustração e conduzi-la de forma que os participantes também sintam o mesmo. É importante que haja uma conscientização de que ao longo da condução da mediação houve avanços e esses devem ficar claros, o que contribui para a compreensão do conflito real e abre espaços para novos canais de comunicação. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 22/37 Como pudemos ver, é muito importante levar a mediação ao âmbito dos Conselhos Tutelares e de Direitos, por serem instituições que lidam diariamente com conflitos, em geral familiares, que passam a interferir no bem estar da criança e/ou do adolescente e, consequentemente, chegam a ferir os seus direitos, estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A mediação mostra-se mais recomendável por levar em conta as relações e as emoções dos sujeitos envolvidos no conflito, tornando assim tais relações mais humanas. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 23/37 Isso se torna ainda mais importante no contexto atual de pandemia. Em 2020 o mundo foi atingido por um vírus que abalou todas as estruturas e colocou todos em uma instabilidade sem precedentes. Mudanças nos padrões de funcionamento das relações, principalmente familiares, rotinas modificadas, mudanças de hábito repetinas, rede de apoio diminuída, recursos antes usados para regular as emoções ficaram escassos, isolamento social, medo da contaminação e morte, intensificação de processos emocionais como luto, ansiedade, depressão e também de fontes estressores como a insegurança e incertezas quanto ao futuro geraram modificações drásticas e permanentes na forma de viver e trabalhar. Os mecanismos de resolução de conflito e tomada de decisão fragilizaram ainda mais, tornando imprescindível, mais do que nunca, a necessidade de mediação como forma de prevenir e intervir amenizando os fortes impactos sociais, emocionais, físicos e econômicos a que todos estão expostos. Esses impactos afetam diretamente a qualidade de vida, o comportamento e a forma de se relacionar das pessoas, a aumentando os conflitos interpessoais, violência domiciliar e abuso sexual, por exemplo. A demanda de por atendimento e mediação de conflitos cresceu muito nesse período. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 24/37 Geralmente esta prática (resolução de conflitos) era realizada pelo senso comum, ou de forma mais intuitiva, sem a condução por meio do conhecimento mais técnico. A narrativa dos profissionais era construída pela necessidade de saber direcionar os diálogos para uma efetiva solução, de modo que os impactos dele não atingissem o bem-estar e o cotidiano da criança e/ou do adolescente em grande proporção. Com esse conhecimento aprofundado e específico, os Conselheiros têm a oportunidade de modelar o seu fazer profissional de forma mais delineada e estruturada para atuarem com práticas de mediação na transformação dos conflitos que venham a ferir o bem-estar dos envolvidos. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=125/37 Esse atendimento mais humanizado pode fazer toda a diferença para diminuir a animosidade e tentar resolver os conflitos possíveis, oferecendo mais qualidade no suporte às pessoas envolvidas, garantindo e promovendo os direitos de proteção às crianças e adolescentes que estejam envolvidos em situação de risco ou vulnerabilidade social e emocional e diminuindo os excessos encaminhados para o Poder Judiciário. Os profissionais, ao lidarem com contextos de violação de direitos, recebem demandas emergentes e urgentes de situações conflituosas e a mediação pode ser um apoio fundamental, ao gerenciamento dos conflitos para transformá-los em novas relações, harmoniosas e saudáveis. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 26/37 Vamos testar seus conhecimentos? Veja se consegue responder à questão a seguir: 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 27/37 Questão 2 Sobre o papel do Conselheiro Tutelar, que está na função de mediador, assinale a alternativa correta: Seu posicionamento deve ser estritamente neutro e imparcial, não importando a natureza do contexto conflituoso. � A imparcialidade do conselheiro deve atentar aos direitos de todos os envolvidos no processo. � O profissional deve ser imparcial, mas guardar os fundamentos do seu papel, proteção e bem estar da criança e/ou adolescente. � É dever do mediador identificar as posturas disfuncionais das partes envolvidas e se colocar ativamente no processo, para garantir a prevenção da violação dos direitos da criança e/ou adolescente. � Verificar resposta 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 28/37 Para a atuação como mediador é necessário e importante revisitar nossas crenças (conceitos sobre a vida e a visão de mundo), além de entender que a dinâmica social vem ganhando cada vez mais igualdade, conferindo mais responsabilidades a cada cidadão, em lugar da quase exclusiva responsabilidade do Estado na tarefa de resolver controvérsias. Vale a pena averiguar se nossos métodos de resolução de conflitos, nossas abordagens profissionais, sociais e educativas, e os valores que praticamos nesses métodos e nessas abordagens estão coerentes com a cultura da paz e com a comunicação não violenta. Inclusive muitas escolas, organizações, empresas já vem implementando esse método de comunicação. Esses aspectos, se mais aprofundados, podem ser uma ótima ferramenta para fundamentar a mediação de conflitos, pois visa substituir os mecanismos de defesa antigos, padrões de passividade ou ataque pela conscientização de que os conflitos em si remetem a uma necessidade não suprida, que uma vez identificada e satisfeita com gentileza, gera resolução, vinculação e conexão e, assim, solução. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 29/37 Imagine a situação abaixo: Um casal apresentava comportamentos agressivos, com brigas constantes, por motivo de ciúme mútuo. Essa discórdia entre eles era acentuada de tal forma, que afetava negativamente o cotidiano do filho. Ele não fazia as refeições nos momentos adequados, presenciava as agressões verbais e físicas do marido contra a mulher, dentre outras questões. A partir de uma denúncia, o Conselho Tutelar foi informado do descuido para com a criança. Foi identificado que os pais não conseguiam perceber que tais brigas estavam afetando a criança. Agora, tente responder: Como conduzir esse caso? 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 30/37 Resolução do Caso: O profissional deve convidar o casal para uma sessão de mediação para levá-los à reflexão e à abertura de diálogo, para que possam perceber e reconhecer que, de fato, estavam apresentando um comportamento nocivo para o desenvolvimento saudável do filho. A partir de uma postura de caráter mediador, o Conselheiro, com um olhar livre de julgamentos e escuta ativa, deve levar o casal a entender a situação e suas consequências. Por estar em uma esfera emocional e subjetiva, o casal não conseguia perceber como seus comportamentos estavam atingindo negativamente a criança. Assim, eles podem expressar-se e serem conduzidos para que definam uma solução satisfatória para o conflito. Isso transforma o papel dos Conselheiros em agentes de transformação e promotores de cidadania, e não de “fiscais” do cumprimento da lei, contribuindo para uma sociedade mais pacífica. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 31/37 Caso queira se aprofundar no tema, o seguinte artigo traz uma visão interessante, analisando as especificidades e as particularidades da Mediação de Conflitos, na perspectiva do cuidado de si trabalhada por Michel Foucault. Vale a pena a leitura! ARTIGO: Mediação de Conflitos: instrumento de emancipação dos sujeitos (Luciana Leão Pereira Vianna e Viviane Tompe Souza Mayrink, 2014). Sugiro também esse artigo que aborda os impactos da pandemia do Covid-19 nas relações familiares, oferecendo um panorama rico em detalhes de como a família foi afetada e as repercussões estruturais disso a partir da perspectiva da Psicologia. ARTIGO: As relações familiares diante da COVID-19: recursos, riscos e implicações para a prática da terapia de casal e família http://www.publicadireito.com.br/artigos/?cod=60243f9b1ac2dba1%C2%A0 http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2020000100003#end2 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 32/37 O mediador, de forma respeitosa, neutra e sem julgamentos, pode dar voz às pessoas envolvidas no conflito, ajudando-as a verem o problema a partir de uma nova perspectiva, mais positiva e distanciada emocionalmente, disponibilizando ferramentas para resolverem suas próprias questões com mais parcimônia, chegando a um possível denominador comum. Você percebe a importância da mediação de conflitos? Aprofundar o tema será um ganho significativo para todos. Em termos práticos, as crianças e os adolescentes, as famílias e as sociedades em geral se beneficiarão com isso, pois, além de intervirmos diretamente na solução das divergências, contribuímos e promovemos uma cultura pacífica e mais harmônica. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 33/37 Para finalizar essa Unidade, assista ao vídeo: Fim de Papo e realize as atividades avaliativas que estão disponíveis na página do curso. São duas atividades: a fixação de conteúdo e o vamos colocar em prática? Parabéns por ter chegado até aqui! 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 34/37 ALMEIDA, Renata Barbosa de; RODRIGUES JÚNIOR, Walsir Edson Rodrigues. Direito Civil Famílias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. AZEVEDO, André Gomma (org.). Manual de Mediação Judicial. Brasília/DF: Ministério da Justiça e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD, 2009. BACELLAR, Roberto Portugal. Mediação e Arbitragem. (Coleção Saberes do Direito, 53). São Paulo: Saraiva, 2012 –. BRAGA NETO, Adolfo. Os advogados, os conflitos e a mediação. In: OLIVEIRA, Ângela (coord.) Mediação: métodos de Resolução de Controvérsias. São Paulo: LTr, 1999. MATSUSHITA, Pâmela Yuri de Souza; SANTOS, Camila Cristini Marcelino dos. Conselho Tutelar e Psicologia: reflexões sobre uma experiência de estágio profissional. IV Fórum de Práticas em Psicologia e VIII Semana de Psicologiada FAP – Faculdade da Alta Paulista, out./nov. 2012. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 35/37 MOSCOVICI, Fela. Desenvolvimento interpessoal: treinamento em grupo. Brasília: José Olympio Editora, 1997. MÜLLER, Fernanda. Insuficiência da Justiça Estatal, Mediação e Conflito. In: CRUZ, Roberto Moraes; MACIEL, Saidy Karolin; CUNHA RAMIREZ, Dario (orgs). O Trabalho do Psicólogo no Campo Jurídico. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005. SALES, Lilia Maia de Moraes. Justiça e Mediação de Conflitos. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. SEIDEL, Daniel (Org.) Mediação de conflitos: a solução de muitos problemas pode estar em suas mãos. Brasília: Vida e Juventude, 2007. SERPA, Maria de Nazareth. Mediação e novas técnicas de dirimir conflitos. In: PEREIRA, Rodrigo da Cunha (coord.) Repensando o direito de família: anais do I congresso brasileiro de direito de família. Belo Horizonte: Del Rey, 1999, p. 355-394. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 36/37 TEIXEIRA, Gabriela Nunes. Reflexões sobre a psicologia no Programa de mediação de conflitos: um relato de experiência do trabalho desenvolvido em Minas Gerais. 2007. Disponível em: <https://seer.ufmg.br/index.php/mosaico/article/view/4350/3156>. Acesso em: 09 de dezembro de 2017 às 15h36min. VEZZULLA, Juan Carlos. Teoria e prática da Mediação. Curitiba: Instituto de Mediação, 1995. VIANNA LEÃO PEREIRA, Luciana; MAYRINK SOUZA, Viviane. Mediação de Conflitos: Instrumento de emancipação dos sujeitos. Disponível em: http://www.publicadireito.com.br/conpedi/manaus/arquivos/Anais/sao_paulo/2408.pd Acessado em: 19 de Fevereiro de 2014. 16/05/2022 23:02 MCPSTP12022: Unidade 1 - Conteúdo Interativo https://endica.mdh.gov.br/mod/h5pactivity/view.php?id=1524&forceview=1 37/37 Canva Freepik.com
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