Buscar

Multivix_lutas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 166 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 166 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 166 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

LUTAS
A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do 
Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais 
em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, 
Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, 
e com a Educação a Distância presente 
em todo estado do Espírito Santo, e com 
polos distribuídos por todo o país. 
Desde 1999 atua no mercado capixaba, 
destacando-se pela oferta de cursos de 
graduação, técnico, pós-graduação e 
extensão, com qualidade nas quatro 
áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, 
Humanas e Saúde, sempre primando 
pela qualidade de seu ensino e pela 
formação de profissionais com consciência 
cidadã para o mercado de trabalho.
Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de 
Instituições de Ensino Superior que 
possuem conceito de excelência junto ao 
Ministério da Educação (MEC). Das 2109 
instituições avaliadas no Brasil, apenas 
15% conquistaram notas 4 e 5, que são 
consideradas conceitos de excelência em 
ensino. Estes resultados acadêmicos 
colocam todas as unidades da Multivix 
entre as melhores do Estado do Espírito 
Santo e entre as 50 melhores do país.
 MISSÃO
Formar profissionais com consciência cidadã para o 
mercado de trabalho, com elevado padrão de quali-
dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança 
e modernidade, visando à satisfação dos clientes e 
colaboradores.
 VISÃO
Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida 
nacionalmente como referência em qualidade 
educacional.
R E I TO R
GRUPO
MULTIVIX
R E I
2
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
3
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte)
Rodrigo Lemos Soares
Lutas / SOARES, Rodrigo Lemos, 2020
Catalogação: Biblioteca Central Multivix 
 2020 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 
4
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LISTA DE QUADROS
 Quadro – Sistematização da regionalidade das artes marciais e lutas 23
 Quadro – Classificação quanto ao tipo de ação proposta pelas lutas 24
 Quadro da unidade temática de Lutas na escola 47
 Quadro – Classificação das lutas: distanciamento, participação olímpica e 
não olímpica. 48
 Quadro da unidade temática de Lutas na escola 76
 Sugestão da organização dos conteúdos das lutas na escola 77
 Especificação das graduações de nível básico 99
 Especificação das graduações de nível intermediário 100
 Especificação das graduações de nível graduado 100
 Especificação das graduações de nível superior 101
 Especificação das graduações de superior (categoria especial) 101
 Capacidades motoras condicionais e suas manifestações 104
 Manifestações de força e suas respectivas utilizações em combates de 
judô 105
 
5
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LISTA DE FIGURAS
 Artes marciais 13
 Contextos das artes marciais 15
 Culturas das lutas 17
 Esportivização das lutas 20
 Jiu-jitsu 24
 Judô 25
 Taekwondo 27
 Kung fu 28
 Caratê 29
 Caratê 34
 Judô 36
 Cabo de guerra 38
 Luta olímpica, greco-romana ou wrestling 41
 Ataque e defesa 42
 Categorias pedagógicas para os jogos 45
 Luta de agarre 49
 Fatores sociais 52
 Boxe 54
 Implemento (espada) 56
 Platão e a educação grega 61
 Fundamentos básicos dos golpes 63
 Desenvolvimento motor 67
 Vantagens e desvantagens das propostas de ensino de lutas 69
 Artes marciais 71
 Organização dos conteúdos 75
 Formação integral 78
 Avaliação contínua 80
 Judô 86
 Judô: combate 89
 Caracteres do judô 92
 Judogi 96
6
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
 Roda de capoeira, de Johann Moritz Rugendas (1808 - 1858) 112
 Início da esportivização da capoeira 116
 Capoeira como patrimônio nacional 117
 Processo de institucionalização da capoeira 118
 Capoeira e o ensino 121
 Treinamento de capoeira 126
 Recife – PE 127
 Saúde e bem-estar 135
 Atividade física e promoção de saúde 137
 Boxe e o rendimento 139
 Qualidade de vida 140
 Relação da qualidade de vida com as individualidades 141
 Flexibilidade 145
 Lutas e sua relação com a saúde 149
 Estímulo cardíaco 154
 Persistência e preservação 156
7
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 10
1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E SOCIOCULTURAL DAS LUTAS 12
INTRODUÇÃO 12
1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS LUTAS NO CONTEXTO HISTÓRICO 12
1.2. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS DAS PRÁTICAS DAS LUTAS, ARTES 
MARCIAIS E MODALIDADES 16
1.3. PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO, ESPORTIVIZAÇÃO E 
EXPANSÃO DAS LUTAS 18
2. AS LUTAS ORIENTAIS, OCIDENTAIS E SUA EVOLUÇÃO 21
2.1. JIU-JITSU E JUDÔ 23
2.2. TAEKWONDO 26
2. VIVÊNCIA, ANÁLISE E ESTRUTURAÇÃO DAS ATIVIDADES DE LUTAS E 
CLASSIFICAÇÕES 33
INTRODUÇÃO 33
2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE ARTES MARCIAIS 33
2.2 JOGOS DE LUTAS CORPO A CORPO 53
3. FUNDAMENTAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO DIDÁTICO-MET-
ODOLÓGICA DO CONTEÚDO DAS LUTAS 59
3. 1 PROCESSO PEDAGÓGICO DAS LUTAS 60
3.2 PROCEDIMENTO DE ENSINO E AVALIAÇÃO DOS CONTEÚDOS 78
4. INTRODUÇÃO AOS CONHECIMENTOS BÁSICOS DO JUDÔ 85
4.1 ORIGEM, EVOLUÇÃO E ASPECTOS HISTÓRICOS DO JUDÔ 85
4.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS DO JUDÔ 102
5. INTRODUÇÃO AOS CONHECIMENTOS BÁSICOS DA CAPOEIRA 111
5.1 ORIGEM, EVOLUÇÃO E ASPECTOS HISTÓRICOS DA CAPOEIRA 111
5.2 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS DA CAPOEIRA 123
2UNIDADE
3UNIDADE
4UNIDADE
5UNIDADE
1UNIDADE
8
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
6. AS LUTAS COMO ATIVIDADE FÍSICA NA PROMOÇÃO DE SAÚDE 134
6.1. EDUCAÇÃO FÍSICA E LUTAS NA PROMOÇÃO DE SAÚDE 134
6.2. 
BENEFÍCIOS DAS LUTAS PARA A SAÚDE 151
6UNIDADE
9
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
ATENÇÃO 
PARA SABER
SAIBA MAIS
ONDE PESQUISAR
DICAS
LEITURA COMPLEMENTAR
GLOSSÁRIO
ATIVIDADES DE
APRENDIZAGEM
CURIOSIDADES
QUESTÕES
ÁUDIOSMÍDIAS
INTEGRADAS
ANOTAÇÕES
EXEMPLOS
CITAÇÕES
DOWNLOADS
ICONOGRAFIA
10
TEORIA E PRÁTICA II
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA
A disciplina de Teoria e Prática Pedagógica II tem a finalidade de refletir sobre 
os espaços de atuação do profissional de Educação Física, contextualizando-
-os a partir das diferentes esferas de atuação; dos conceitos e das concepções 
básicos; das metodologias e das práticas pedagógicas de trabalho; e dos inte-
resses do público-alvo.
Vale destacar que o movimento histórico vivido pela área da Educação Físi-
ca revela percursos diferentes e amplos baseados nas características de mo-
mentos históricos, das necessidades sociais e das propostas formativas. Foram 
várias as conquistas que delimitaram as tarefas do profissional de Educação 
Física no campo da Saúde, na escola, no esporte, no lazer, na recreação e em 
outros espaços. Mesmo assim, a linha condutora da prática fundamenta a 
identidade do profissional, que se aperfeiçoa e se aprofunda nas especificida-
des exigidas pelo campo de trabalho.
UNIDADE 1
> Discutir e descrever 
o processo de origem 
das artes marciais. 
> Discutir a evolução 
das lutas do Oriente e 
do Ocidente. 
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
possa:
11
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
12
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
1. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA E 
SOCIOCULTURAL DAS LUTAS
INTRODUÇÃO
Nesta unidade,compreenderemos como ocorreram os desenvolvimentos e 
as difusões das lutas ao longo do tempo. Passaremos por conceitos como arte 
guerreira, ritual tribal, atividade lúdica, jogo e esporte, orientados pelas di-
nâmicas das lutas. Focaremos em como as lutas ganharam contornos nas 
culturas brasileiras a partir da disseminação dessas práticas do Oriente para o 
Ocidente, as quais foram balizadas pelos estudos da contemporaneidade. Por 
isso, percorreremos relações entre questões de gênero, hierarquia, geraciona-
lidade, violência, lazer e defesa pessoal. 
O intuito principal deste material é o de que, ao término dos estudos, você 
entenda, analise e problematize as lutas como um dos componentes das ma-
nifestações corporais os quais, assim como os jogos, as brincadeiras, os espor-
tes, as danças e as ginásticas, são uma atividade constituída historicamente. 
Além disso, com base neste estudo, será possível perceber as dinâmicas e as 
indispensáveis adaptações das lutas para diferentes sujeitos e seus corpos. Os 
praticantes, para um desenvolvimento mais globalizado, necessitam de algu-
ma vivência e experimentação das diferentes lutas desenvolvidas em múlti-
plos espaços educativos. 
1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS LUTAS NO 
CONTEXTO HISTÓRICO 
No processo evolutivo social, as dinâmicas para a sobrevivência humana per-
passam o que hoje chamamos de lutas. Obviamente, isso não ocorreu no mes-
mo contexto, porém há premissas próximas àquelas desenvolvidas desde a 
Pré-História, isto é, sobrevivência alimentar, manutenção da vida contra ani-
mais, disputa por território, ataque e defesa. Até serem esportivizadas, o emba-
samento das lutas preconizava apenas estas duas últimas premissas, entendi-
das como uma forma de imposição pela força e estratégia (BRASIL, 1998). 
13
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
A partir desse ponto, foram sistematizados (institucionalizados) os golpes que 
definem as especificidades das artes marciais e das atividades de lutas. Como 
exemplo, podemos citar alguns movimentos de curta distância nas lutas: as 
práticas de imobilização e os atos de empurrar, puxar e desestabilizar. 
Desses fundamentos, desenvolveram-se as ações 
de curta distância das lutas, que são: os chutes, os 
socos e as formas de defesas, o que depende de 
múltiplas habilidades dos membros superiores e 
inferiores. Ademais, foram desenvolvidos os golpes 
de longa distância, que requerem implementos 
como espadas, lanças, bastões etc. (BRASIL, 1998). 
Desse modo, antropologicamente falando, podemos perceber as atividades 
de lutas nos diferentes processos históricos da humanidade, fator que difi-
culta o estabelecimento de uma data específica. Portanto, cabe a nós estu-
darmos a genealogia das lutas e reconhecermos que foram os gregos que as 
colocaram no mundo esportivo, mais especificamente pelos Jogos Olímpicos 
no século 7 a.C. na Grécia Antiga (BRASIL, 1998). 
ARTES MARCIAIS 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta silhuetas (desenhos) de praticantes da arte marcial. A diferença está 
na postura. 
14
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
A arte guerreira advém da Antiguidade Oriental, mais especificamente da so-
ciedade de samurais, que eram conhecidos como uma classe social devido 
aos serviços que desenvolviam. Os rituais tribais dizem respeito ao conjunto 
de atividades oriundas de uma coletividade específica; deles só participam su-
jeitos aceitos e aptos a seguirem com a tradição das práticas daquele grupo. 
Uma atividade lúdica é o meio pelo qual os sujeitos se organizam com base 
em dinâmicas livres e, muitas vezes, miméticas. Uma forma de lidarmos com 
elas é por meio das brincadeiras. O jogo, nesse sentido, significa uma ativida-
de de cunho sociocultural livre de pressões ou regramentos, porque ele tem 
função de socializar e permitir a livre expressão dos participantes. 
Por fim, o esporte, por um viés da Modernidade, está implicado na institu-
cionalização de determinada prática, de modo que ele passa a ser praticado 
regrada e harmonicamente nas diferentes regiões do mundo. Embora sofra 
alterações, o esporte mantém os caracteres que o fundaram enquanto práti-
ca esportivizada. 
Vejamos, a seguir, como se iniciaram as manifestações das lutas. 
1.1.1 SURGIMENTO DAS MANIFESTAÇÕES DE 
LUTAS 
Para compreensão inicial, o que hoje chamamos de lutas, atividades de lutas 
e jogos de oposição, entre outras nomenclaturas, é balizado por um conceito 
mais amplo: cultura corporal de movimento (BRASIL, 1998). Ao assumirmos 
esse local de partida, dialogamos com a ideia existencialista e, por sua vez, 
uma ideia de antiguidade dessas práticas (RUFINO; DARIDO, 2015). 
O surgimento das lutas compõe e descreve os modos como os grupos sociais 
se comportavam, por intermédio de contextos e concepções de culturas es-
pecíficas (OLIVEIRA JR., 2019). Não podemos estabelecer um histórico de cada 
modalidade sem estabelecermos relações que oportunizam a compreensão 
genealógica de manifestação. 
 
15
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
CONTEXTOS DAS ARTES MARCIAIS 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta dois praticantes de muay thai enfrentando-se dentro de um lago. 
Enquanto elemento da cultura corporal, uma modalidade de luta exemplifica 
necessidades específicas de cada povo nos diferentes momentos históricos 
das civilizações. Desde o combate corpo a corpo até a necessidade de utili-
zar implementos nas lutas, podemos perceber os processos tecnológicos que 
modificaram comportamentos dos sujeitos, o que demanda necessidades 
sociais (economia, política e cultura). 
Ao surgirem, essas práticas assinalavam cenários de afirmação e, talvez por 
essa razão, elas estejam até hoje muito vinculadas à noção de violência – algo 
que ainda ocorre quando as aproximamos, erroneamente, das brigas. Assim, 
conseguimos conceber processos identitários que são postulados a cada gru-
po, a partir de suas práticas de lutas, fator que é definido pelas culturas socio-
corporais de cada região (RUFINO, 2012). 
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), as 
lutas são compreendidas como: “[...] disputas em que 
o(s) oponente(s) deve(m) ser subjugado(s), mediante 
técnicas e estratégias de desequilíbrio, contusão, 
imobilização ou exclusão de um determinado 
espaço na combinação de ações de ataque e defesa.” 
(BRASIL, 1998, p. 37). 
16
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Para tanto, as lutas emergiram com efeito pedagógico sobre manifestações 
de violência, especificamente as brigas em diferentes contextos e, por isso, 
são mediadas por regulamentos específicos de cada modalidade, com o in-
tuito de balizar os combates. 
Por fim, precisamos compreender que o surgimento das manifestações de 
lutas, na contemporaneidade, para além dos seus processos históricos, é sus-
tentado por um extenso campo de bens de consumo, entre outras práticas 
culturais. 
Nessa esteira de pensamento, temos o advento da moda (roupas e acessó-
rios), os materiais esportivos, as casas de aposta e os ambientes de prática (es-
colas, clubes, academias, entre outros). Somada a isso, temos uma infinidade 
de profissões que desenvolvem seus estudos e atividades laborais em torno 
das lutas (pesquisadores, professores, técnicos, nutricionistas, árbitros, fisiote-
rapeutas, fisiologistas, entre outras que constituem a base de orientação para 
o funcionamento esportivo, cultural e científico das modalidades). 
1.2. CARACTERÍSTICAS CULTURAIS DAS 
PRÁTICAS DAS LUTAS, ARTES MARCIAIS E 
MODALIDADES 
A caracterização cultural das dinâmicas que envolvem as lutas é dependente 
de como os corpos eram considerados em diferentes momentos históricos 
e contextos locais. No caso das artes marciais e das lutas, elas precisam serentendias como opostas, isso porque, ainda que denominem uma mesma 
prática, não podemos esquecer que as primeiras concebem um arcabouço 
filosófico restrito, enquanto o segundo grupo é fruto da Modernidade e con-
sequência da esportivização ou da ocidentalização das modalidades. 
Nesse sentido, é possível dizer que um adepto de arte marcial desenvolvia 
técnicas para uma situação real de combate, cujo intuito é o de derrubar um 
adversário rapidamente. 
17
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
CULTURAS DAS LUTAS 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
Desenho de ringue com dois lutadores competindo no centro. 
Contudo, a apropriação de um arcabouço técnico desse nível requer muito 
tempo de prática, algo de que na contemporaneidade não dispomos mais 
(RIOS, 2005). Desse modo, as lutas, regidas pela globalização e por regula-
mentos que possibilitam uma competição, adaptaram-se ao momento e se 
afastaram em alguns aspectos da sua origem (OLIVEIRA JR., 2019). 
Ao mesmo tempo, foi o arcabouço cultural que originou e possibilitou uma 
variação nas atividades de lutas, na tentativa de popularizá-las, além oportu-
nizar sua difusão e sua prática. 
O que implicou esses processos transformadores foi o fato de que, até um 
determinado momento histórico, o que finalizava uma arte marcial ou luta 
era o óbito de um dos praticantes, quando em combate. Esse acontecimento 
denunciava um dos hábitos que, além de caracterizar a genealogia da moda-
lidade, “[...] envolve o sujeito em outras dimensões de sua existência dentro e 
fora da área de luta [...]” (RODRIGUES, 2009, p. 649). Logo, podemos presenciar 
características circulares do conceito de cultura, dentro de sua polissemia, en-
quanto arena discursiva que possibilita distintas compreensões acerca das 
artes marciais, das lutas, das aproximações e dos distanciamentos que forjam 
suas diferenciações epistêmicas (CORREIA; FRANCHINI, 2010). 
Yonezawa (2010) demarca então que são os modos de combate que passa-
ram a definir as especificidades de cada modalidade, mediante os conjun-
tos éticos, políticos e filosóficos – componentes da premissa estética da luta. 
18
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Sem ignorar a função social das modalidades ou ferir algum grupo cultural, 
precisamos compreender que historicamente as artes marciais carregaram o 
estigma de “máquina de guerra” (YONEZAWA, 2010, p. 35). 
Esse conceito não é gratuito, tampouco pode ser lido como depreciador, vis-
to que nossa leitura acerca das estruturas culturais não requer, nem mesmo 
permite, uma análise leviana e descontextualizada das motivações que con-
duziram um povo ou outro a estabelecer, pelas suas práticas corporais, os mo-
dos de manter-se vivo (GONÇALVES; SILVA, 2013). 
1.3. PROCESSO DE INSTITUCIONALIZAÇÃO, 
ESPORTIVIZAÇÃO E EXPANSÃO DAS LUTAS 
Como vimos, as artes marciais e as lutas por muito tempo salvaguardaram 
a premissa bélica de suas dinâmicas. Essa manutenção oportunizou às dife-
rentes modalidades a fixação do conceito de tradicionalidade. Contudo, essa 
observação é possível ao compreendermos que, relacionada às artes mar-
ciais, a institucionalidade se deve pela concepção orientalista que sustenta 
sua genealogia. 
Às lutas, por sua vez, são atribuídas dinâmicas vinculadas “[...] a práticas de la-
zer, educacionais, atividades físicas e esportivas.” (GONÇALVES; SILVA, 2013, p. 
666). Esses subconjuntos de significação, ainda que sejam frutos de campos 
discursivos, balizam os modos como conceberemos ou desenvolveremos ati-
vidades que dependam de quaisquer desses grupos conceituais. 
 
19
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Institucionalização: 
a institucionalização de uma prática não é definidora de seu modus 
operandi; pelo contrário, é ela que oportuniza que sejam produzidas 
apropriações e adaptações que levam à expansão das lutas, além de 
possibilitar o desenvolvimento de políticas que as façam chegar a 
diferentes contextos e sujeitos. 
Benefícios do processo de institucionalização: 
a institucionalização das artes marciais e das lutas confere poder 
de autonomia, fator que – no caso dos nossos estudos – propicia a 
produção de regimentos que visam regular o desenvolvimento dessas 
práticas, inclusive em âmbito mundial, por meio das organizações 
mundiais, comitês olímpicos, federações, entre outros órgãos cuja 
finalidade é manter e difundir as artes marciais e as lutas. 
Esportivização: 
é pela institucionalização que chegamos à esportivização, que ocorre 
pela utilização de um grupo de signos e códigos que permitem 
diferentes formas de acessibilidade às dinâmicas de lutas. 
Sistematização: 
na sistematização, podemos observar a transformação de uma 
arte marcial em luta, isso porque é esperado que ocorra alguma 
perda de caracteres geradores, a fim de que se amplie o alcance de 
determinada prática (RIOS, 2005). 
Ao ser compreendida como esporte, uma arte marcial se distancia de sua 
origem, contudo ela se torna um objeto possível de ser pedagogizado, com 
vistas a oportunizar uma vasta produção de conhecimento acerca de seu de-
20
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
senvolvimento sem que, com essa atitude, esteja descaracterizada do seu viés 
fundador. 
Dentro de uma mesma linguagem corporal, um jogo desportivo, por exemplo, 
é necessário saber discernir o caráter mais competitivo ou recreativo de 
cada situação, conhecer o seu histórico, compreender minimamente regras 
e estratégias e saber adaptá-las. Por isso, é fundamental a participação em 
atividades de caráter recreativo, cooperativo, competitivo, entre outros, 
para aprender a diferenciá-las (BRASIL, 1998, p. 27). 
Esportivizar uma prática não implica negligenciamos seus processos histó-
ricos, mas sim adaptarmos um conhecimento cultural para que seja expe-
rimentado por diferentes corpos e sujeitos, sem apagar os fundamentos de 
sustentação (RUFINO; DARIDO, 2015). 
ESPORTIVIZAÇÃO DAS LUTAS 
Fonte: Plataforma Deduca (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta a silhueta de duas pessoas praticando artes marciais. 
Por fim, podemos exemplificar esse processo com “[...] competição, mensu-
ração, aplicação de conceitos científicos, comparação de resultados, regras e 
normas codificadas e institucionalizadas, maximização do rendimento corpo-
ral e espetacularização da expressão corporal.” (CORREIA; FRANCHINI, 2010, p. 
2). Isso porque, quanto maior for o domínio sobre as próprias habilidades cor-
porais, maior será a amplitude de autoconhecimentos construídos pelos sujei-
tos acerca da sua gestualidade, o que incidirá sobre modalidades específicas. 
21
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Agora que compreendemos a origem e a evolução das lutas no contexto his-
tórico, vamos estudar essa evolução no Oriente e no Ocidente. 
2. AS LUTAS ORIENTAIS, OCIDENTAIS E SUA 
EVOLUÇÃO 
Ao decidirmos trabalhar com os conteúdos que estruturam as lutas, precisa-
mos contextualizar constantemente os processos históricos que permitem 
nossas leituras e compreensões das modalidades implícitas no plano de traba-
lho docente. Essa imersão é necessária porque abordaremos uma gama de sa-
beres que constituem parte da evolução da humanidade e nos possibilitam a 
identificação de valores dos grupos que produziram as lutas orientais e ociden-
tais, influenciadas e desenvolvidas por fatores econômicos, políticos e culturais. 
Ao pensarmos em evolução, não podemos negligenciar o fato de que a oci-
dentalização das artes marciais orientais acelerou o distanciamento das tradi-
ções culturais e técnicas que as fundamentam e diferenciam (ataque, defesa 
e autoproteção). 
Processos culturais: 
para Said (2007), quando falamos em processosculturais, 
especificamente das artes marciais, observamos uma espécie de 
valorização do termo oriental, algo que chega ao Ocidente como 
exótico, misterioso, profundo e seminal. Para o autor, “[...] a palavra 
Oriente possui uma grande ressonância cultural no Ocidente.” (SAID, 
2007, p. 274). 
Rede discursiva: 
a rede discursiva presente nessas narrativas envolve concepções de 
hipervalorização das artes marciais enquanto conjunto de práticas 
regidas por valores éticos e morais responsáveis por forjar condutas 
esperadas de todo e qualquer cidadão. Mais que isso, o enaltecimento 
do Oriente “[...] envolve o sujeito em outras dimensões de sua 
existência dentro e fora da área de luta [...]” (RODRIGUES, 2009, p. 649). 
Cultura de distanciamento: 
22
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
existe ao menos uma cultura que distancia, não somente em termos 
geográficos, os hábitos desses povos e os tornam subjugados e 
inferiores às culturas ocidentais em detrimento das orientais, por conta 
do exotismo existente e nutrido (CORREIA; FRANCHINI, 2010). 
É possível dizer que um dos intercâmbios culturais que ocorreram entre Orien-
te e Ocidente é marcado no período “[...] pós II Guerra, quando o mundo assiste 
a um redescobrimento do Oriente, de Ordem Cultural, mais especificamente 
de sua cultura corporal [...]” (MARTA, 2009, p. 85). Ainda que esse não tenha sido 
o primeiro encontro entre esses povos, podemos dizer que foi impulsionado 
por ele que as artes marciais do Oriente (com ênfase às japonesas), foram visi-
bilizadas a ponto de atingirem diferentes territórios no Ocidente. 
Essa dinâmica de trocas foi impulsionada pela fetichização da cultura cor-
poral, especificamente das habilidades motoras das artes marciais orientais, 
fator que fez com estas fossem trazidas ao Ocidente (MARTA, 2009). Na che-
gada, foram geradas adaptações, isso porque a complexidade doutrinária nas 
modalidades do Oriente ocasionava inúmeras contraposições às dinâmicas 
culturais do Ocidente. Uma justificativa para tal afirmação é a ideia de que os 
povos orientais preconizam processos educacionais pautados na meditação, 
enquanto os ocidentais são orientados pelo imediatismo. 
Assim, podemos dividir as lutas em vertentes dicotomizadas, que se orientam 
pelo território fundante. São classificadas em: artes marciais orientais e lutas, 
desenvolvidas em contextos ocidentais. 
23
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
É possível sistematizar algumas modalidades conforme quadro a seguir. 
SISTEMATIZAÇÃO DA REGIONALIDADE DAS ARTES MARCIAIS E LUTAS
Orientais Ocidentais
• Kalaripayit (Índia); 
• Wushu (Kung fu ou boxe 
chinês); jeet kune do; tai chi 
chuan; pa kua, hsing-I (China); 
• karate, judô, jiu-jitsu, ninjitsu, 
kendo, aikido, sumô (Japão); 
• tae kwon do, tang soo do 
(Coreias); 
• Muay thai (Tailandia); 
• Krav Maga (Israel). 
• Wrestling, fullcontact, kickboxing, boxe 
(Inglaterra e EUA); 
• Capoeira, luta livre (Brasil).
Fonte: Elaborado pelo autor (2020). 
#PraCegoVer 
Quadro sistematizando as modalidades de lutas entre orientais e ocidentais. 
Compreendida a evolução das lutas ocidentais, vamos estudar duas modali-
dades específicas: jiu-jitsu e judô. 
2.1. JIU-JITSU E JUDÔ 
A modalidade jiu-jitsu é oriunda do continente Asiático, há aproximadamen-
te 3.600 anos. Há vertentes que defendem o surgimento no Japão ; outras 
apontam para a Índia (como prática dos monges budistas), migrando a para 
China e, depois, aportando no Japão, em acompanhamento à expansão do 
budismo. Além dessa, há a vertente que define o surgimento do jiu-jitsu na 
China. Enquanto arte marcial, temos, na contemporaneidade, um distancia-
mento significativo em relação à modalidade originada na Ásia. 
24
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
JIU-JITSU 
Fonte: © Vincicioli/Wikimedia Commons (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta duas praticantes da modalidade de jiu-jitsu em combate. 
Na concepção antiga, o jiu-jitsu focava na formação dos sujeitos por meio de 
uma estética de vida, ou seja, uma ética pessoal que formava os samurais a 
partir do bushido (código de regras sociais). 
Jiu-Jitsu no Brasil: 
no Brasil, o jiu-jitsu data de 1914, com a chegada do japonês Mitsuyo 
Maeda. 
Implementação: 
foi implementado pelos irmãos Carlos e Hélio Gracie e difundido 
em território nacional a partir de adaptações da sua prática original, 
resultando no brazilian jiu-jitsu. 
25
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Esportivização: 
com o processo de esportivização, percebemos certa dificuldade 
na difusão e no desenvolvimento dos golpes, isto é, as habilidades 
ficaram mais específicas e complexas, e tal fator dificulta o acesso à 
modalidade e seu entendimento. Contudo, ainda é possível observar 
uma crescente linha de adeptos e uma valorização exacerbada da 
competição, algo que deflagra um tensionamento entre a origem e a 
contemporaneidade. 
No judô, a etimologia da palavra auxilia-nos a compreender sua filosofia, isso 
porque está implica em: ju (ser gentil, leve, suave) e do (caminho, princípio), 
logo, o significado é o princípio da suavidade. Assim, a modalidade preconiza 
uma integração em detrimento da dicotomização entre corpo e mente. 
Para isso, o judô é fruto de uma mescla de técnicas de outras artes marciais, 
especificamente do jiu-jitsu (termo que significa uma luta/técnica que se uti-
liza do corpo para atacar o oponente e se defender dele). 
 JUDÔ 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta a silhueta de um homem realizando um movimento do judô. 
26
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Podemos dizer que essa modalidade foi pensada e proposta em 1882 por Ji-
goro Kano (japonês) ao fundar o Instituto Kodokan, onde aliou a filosofia às 
práticas corporais e, mais tarde, ao esporte. As dinâmicas do judô não res-
tringem seu desenvolvimento a tipos específicos de corpos, portanto ele é 
amplamente difundido para todos os sujeitos. Estratégia (concentração e au-
toconfiança) e velocidade são exigidas nas dinâmicas de movimento da mo-
dalidade, por isso ela desenvolve a integralidade motora, além dos valores de 
autodefesa, respeito e aprendizagem com o oponente. 
Para saber mais sobre os processos históricos, as 
regras, as competições e as personagens dessa 
modalidade, acesse o site da Confederação 
Brasileira de Judô (CBJ), e também a página oficial 
da Federação Internacional de Judô (IJF). 
Em meados de 1922, o judô chegou ao Brasil por Eisei Maeda (Conde Koma), 
que difundiu a modalidade ao se apresentar em diferentes estados brasilei-
ros, momentos em que, inclusive, desafiava expectadores. Contudo, foi em 
1938, com a chegada de imigrantes nipônicos, que a prática do judô foi am-
plamente difundida no país. Riuzo Ogawa fundou a Academia Ogawa, a qual 
vislumbrava manter a cultura física oriental, bem como seguir com os ensi-
namentos de Kano. 
2.2. TAEKWONDO 
O taekwondo, ou tae kwon do, tem, no campo discursivo, a data de 1.300 anos. 
Também é possível encontrar perspectivas que apontam seu surgimento 
para a data de 670 anos d.C. A prática foi difundida a partir de 11 de abril de 
1955, por Choi Hong Hi (general sul-coreano). Com a invasão japonesa à Coreia 
em 1909, essa prática foi banida, e o taekwondo foi mantido em segredo. 
Etimologicamente, a palavra significa “[...] caminho dos pés e das mãos e do 
espírito através da mente.” (BATISTA, 2006, p. 39). Além disso, por ser uma mo-
dalidade próxima ao código de conduta dos samurais (taekyon), ela preconiza 
https://cbj.com.br/
https://cbj.com.br/
https://www.ijf.org/
27
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.Uem 23/06/2017
obediência ao rei, respeito aos pais, lealdade para com os amigos, não recusa 
perante o inimigo e morte somente quando não houver outra alternativa (BA-
TISTA, 2006). 
TAEKWONDO 
Fonte: © Stefan Pettersson/Wikimedia Commons (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta dois lutadores de Taekwondo, em que um está aplicando um golpe 
com os membros inferiores no outro. 
Filosoficamente, a modalidade pondera valores como perseverança, integri-
dade, autocontrole, cortesia, respeito e lealdade. Em 1970, o taekwondo apor-
tou no Brasil com a chegada do então mestre Sang Min Cho (BATISTA, 2006). 
Para saber mais sobre os processos históricos, as 
regras, as competições e as personagens dessa 
modalidade, acesse o site da Confederação Brasileira 
de Taekwondo (CBTKD), e também a página oficial 
da Confederação Internacional de Taekwondo (WT). 
https://cbtkd.com.br/
https://cbtkd.com.br/
http://www.worldtaekwondo.org/
28
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
A modalidade passou por um processo de esportivização na década de 1960, 
momento em que sofreu significativas alterações para adentrar o mundo 
globalizado das competições (RIOS, 2005). 
2.3. KUNG FU E CARATÊ 
Simbolicamente, o kung fu está implicado em designar as artes marciais cuja 
origem advém da China. O termo tornou-se mais comum na década de 1970, 
quando ocorreu sua difusão no Ocidente pela produção fílmica e televisiva 
(FERREIRA; MARCHI JÚNIOR; CAPRARO, 2014). 
KUNG FU 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
Silhueta de praticante de kung fu realizando um movimento da modalidade. 
Suas histórias são polissêmicas e disputadas por estudiosos e adeptos da prá-
tica. No entanto, existe um consenso de que ele foi criado para uso bélico 
e desenvolveu-se como uma forma de produzir e manter a saúde e as ha-
bilidades corporais, bem como o autoconhecimento. Além do apresentado, 
aceitam-se as narrativas de que o kung fu tem origem conjunta com o povo 
chinês (FERREIRA; MARCHI JÚNIOR; CAPRARO, 2014). 
Para saber mais sobre os processos históricos, as 
regras, as competições e as personagens dessa 
modalidade, acesse o site da Confederação 
Brasileira de Kung Fu (CBKW), e a página oficial da 
Confederação Internacional de Kung Fu (IWUF). 
http://www.iwuf.org/
29
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Já o caratê tradicional (caratê budô) tem origem em mosteiros da China e 
da Índia. Aportou no Japão com o nome de okinawa-te e recebeu como re-
gramento o budô (código de conduta samurai). Dessa fusão, passou a ser co-
nhecido como caratê. Ganhou visibilidade após a Segunda Guerra Mundial, 
momento em que sua prática era vista como desenvolvedora de caráter, além 
de apresentar-se como uma forma de defesa pessoal. 
CARATÊ 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
Imagens de atletas de caratê sentados em momento de explicação de técnicas. 
 
Pedagogicamente, uma aula de caratê é organizada em três momentos, no 
mínimo, são eles: kihon (fundamentos e técnicas iniciais), kata (sequência de 
movimentações que reúnem elementos do kihon, de modo a simular ataque 
e defesa direcionados a um adversário ou a muitos); e o kumite (encontro de 
mãos, ou combate, que é a dinâmica de luta propriamente dita). Diferente-
mente dos primeiros, este último é desenvolvido com um parceiro que tenha 
a mesma graduação (LAJE; JÚNIOR, 2007). 
O caratê de contato (karate kyokushin ou full contact karate) é uma prática 
de origem japonesa datada de 1957, cujo criador foi o Grão Mestre Masutatsu 
Oyama. Oyama acreditava e defendia que os golpes deveriam ser os mais ver-
dadeiros possíveis, porque somente dessa forma o praticante conceberia sua 
potência. Desse modo, o mestre produziu essa modalidade ao incluir o karatê 
tradicional, fato que aliou a modalidade à nomenclatura kyokushin (verdade e 
realidade), a qual etimologicamente implica aprofundar-se na verdade (FRO-
SI; MAZO, 2011). 
30
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Para saber mais sobre os processos históricos, as 
regras, as competições e as personagens dessa 
modalidade, acesse o site da Confederação Brasileira 
de Karatê (CBK), a página da Federação Internacional 
de Karatê (WKF), e também o site da Confederação 
Brasileira de Karatê Kyokushin Oyama (CBKKO) e a 
página oficial da Federação Internacional de Karate 
Kyokushin. 
Por fim, podemos dizer que o caratê tem como característica a dinamicidade 
e a base dos fundamentos do bushido (caminho do guerreiro), que defende o 
autoconhecimento rigoroso, a empatia com os semelhantes, a veneração aos 
pais e a fidelidade à pátria. A modalidade chegou ao Brasil em 10 de outubro 
de 1972, com a vinda do japonês Seiji Isobe, que trouxe o terceiro grau do es-
tilo (na ocasião). 
https://www.karatedobrasil.com/
https://www.karatedobrasil.com/
https://www.wkf.net/
https://www.wkf.net/
https://www.cbkko.com.br/
https://www.cbkko.com.br/
https://www.ifk-kyokushin.com/
https://www.ifk-kyokushin.com/
31
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
CONCLUSÃO 
Ao longo desta unidade, percebemos o quão difícil é a formulação de uma 
síntese histórico-contextual das artes marciais e das lutas. Contudo, precisa-
mos manter o acesso à arte de questionar, isso porque é esse processo que 
nos oportunizará a ampliação de reflexões acerca dos aspectos originários e 
evolutivos dessas práticas, seja pelo viés da tradição, mantido no Oriente para 
aquelas modalidades advindas de Ásia, seja pelas perspectivas modernistas 
ocidentais, que tudo alteram, transformam, mas que, por essa razão, possibi-
litam estudos e produção de conhecimentos acerca das artes marciais adap-
tadas às lutas. 
Compreendemos, nesse sentido, que cada modalidade é variável dos aconte-
cimentos regionalizados, visto que foram os recortes históricos que oportuni-
zaram o surgimento das artes marciais e das lutas em territórios distintos. Mais 
do que isso, foram os contextos socioculturais que conferiram características 
específicas a cada modalidade. No entanto, via processos de institucionali-
zação e esportivização das modalidades às quais chegamos na atualidade, é 
possível compreender a genealogia das lutas e, por essa razão, desenvolver 
essas práticas corporais. 
Na esteira desses pensamentos, vimos o quanto a dicotomização entre Orien-
te e Ocidente, ainda que responsável pela manutenção dos históricos das mo-
dalidades, oportunizou que reconhecêssemos a importância dessa territoria-
lização para a manutenção da tradicionalidade das artes marciais orientais. 
Ao serem levadas ao Ocidente, as artes marciais defrontaram-se com aspec-
tos culturais distintos e, nessa perspectiva, brindaram-nos com uma gama 
cultural que influenciou nossos comportamentos desde a chegada ao territó-
rio brasileiro especificamente.
UNIDADE 2
> Identificar e 
conhecer os tipos de 
lutas. 
> Identificar as lutas 
quanto aos tipos de 
golpes e utilização de 
implementos. 
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
possa:
32
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
33
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
2. VIVÊNCIA, ANÁLISE E ESTRUTURAÇÃO 
DAS ATIVIDADES DE LUTAS E 
CLASSIFICAÇÕES
INTRODUÇÃO
Nesta unidade, identificaremos a tipologia das lutas e as especificidades re-
lativas aos golpes e à utilização de implementos. Passaremos pelos concei-
tos de jogos, jogos de oposição, atividades de lutas, lutas de média e grande 
distância. Em seguida, focaremos no desenvolvimento das lutas por meio da 
evolução dos fundamentos de cada classificação. 
Especificamente, estudaremos a classificação dos tipos de artes marciais, a si-
tuação macro e micro de forma grupal nas lutas e as característicasdos jogos 
de lutas corpo a corpo, em lutas com golpes, com derrubada, com imobiliza-
ção ou com exclusão do espaço, bem como lutas com toque por implemento. 
2.1 CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS DE ARTES 
MARCIAIS 
Os campos epistemológicos conferem distintos significados às artes marciais 
e às lutas, fator que possibilita diferentes modos de leitura e compreensão de 
seu arcabouço histórico. Essas interpretações tornam polissêmicas a circula-
ção e a apropriação das práticas corporais de lutas por muitos grupos sociais. 
Com isso, é possível apreender que elas são, de modo inicial, uma atividade 
milenar, atrelada a determinadas orientações filosóficas e religiosas, além de 
um conjunto de atividades físicas; ou uma modalidade esportiva, adaptada 
ou não para execução enquanto uma das práticas escolares e não escolares. 
Nesse sentido, as artes marciais podem ser entendidas também como prá-
ticas existenciais, pois permitem ao sujeito “[...] vivenciar as tensões próprias 
da prática, de violência, de justiça e éticas que não são questões banais, mas 
sensíveis.” (BARREIRA, 2014, p. 138). Isso requer do praticante o entendimento 
dos diferentes contextos culturais que produziram ou modificaram as artes 
marciais em lutas. 
34
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
CARATÊ 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
Imagem de mulher praticando um golpe de caratê. 
Nessa esteira de embates conceituais, na contemporaneidade, é possível 
compreender as artes marciais como um ramo dos estudos de lazer e prática 
corporal que possibilita um aumento da aptidão física, bem como o desen-
volvimento da defesa pessoal, a prática esportivizada, entre outras dinâmicas 
diretamente vinculadas com estilos de vida forjados por processos e contex-
tos culturais. 
Essas práticas, portanto, passam a atuar como objeto de significação, isso 
porque, ao longo da história, elas têm ganhado maior difusão midiática, fa-
tor que reverbera no aumento da busca por essas atividades em academias, 
clubes, escolas, projetos sociais, entre outros ambientes educativos – o que 
acarreta múltiplos e dinâmicos processos de transformação (OLIVEIRA, 2019). 
Entender o modo como as artes marciais são discutidas atualmente implica 
ampliar os saberes que possibilitam múltiplas manifestações das lutas, deri-
vadas de contextos culturais específicos (SILVA, 2019). 
35
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Referente ao que tem sido produzido sobre as artes marciais pelos distintos 
setores de conhecimento, com maior incidência nos campos acadêmicos, é 
possível perceber que a educação física e a fisioterapia têm assumido a dian-
teira no sentido de escrever cientificamente sobre essas lutas. 
Educação física: 
Tem focado no desenvolvimento, nas metodologias de ensino, nos 
processos históricos e nos regramentos. 
Fisioterapia: 
Tem se responsabilizado pela biodinâmica, ou seja, lesões e 
propriedades de movimento que competem às artes marciais. 
Esses fatores podem ser observados de modo complementar nos estudos de 
cada campo. Para o desenvolvimento da unidade, compreenderemos essas 
práticas corporais como: artes marciais, luta, modalidades esportivas de com-
bate e jogos de lutas (CORREIA; FRANCHINI, 2010). Somada a esses enten-
dimentos, há a concepção esportiva (GOMES et al., 2010), o que demarca a 
ampliação do campo de saber. 
Muitas lutas têm em sua origem o estigma da essencialidade, pautada por 
um viés filosófico cuja premissa defende uma completa harmonização do 
sujeito, de modo a negar as dicotomias corpo-mente e espírito-natureza. 
Se, por um lado, tem-se um imaginário que evidencia a figura do homem 
como superior; por outro, pode-se citar uma linha de pensamento dentro da 
própria organização das lutas, o que preconiza a busca pela harmonia e pelo 
respeito aos praticantes, independentemente do sexo ou gênero. Nesse sen-
tido, é possível perceber um contraponto com relação à participação das mu-
lheres nas artes marciais, no entanto, pelo viés da filosofia, o registro que se 
faz é de que esse tipo de pensamento, e por vezes atitudes, deriva de contex-
tos culturais específicos (SILVA, 2019). 
 
36
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
 JUDÔ 
Fonte: Plataforma Deduca (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem um atleta de judô amarrando a faixa preta de sua vestimenta. 
Essas significações se concretizam no prevalecimento da força bruta/física, 
do sentido competitivo e, ainda, pelo fetiche de exercer domínio sobre outros 
corpos (CECCHETO, 2004). Ainda nesse pensamento sobre o mundo dos es-
portes, pode-se dizer que é masculino, “[...] pois as qualidades desejáveis aos 
esportistas, como combatividade, o desejo de superar-se, a ousadia para cor-
rer riscos, a agressividade, a força e a potência” (ISSE, 2003, p. 93) são caracte-
rísticas vinculadas a uma masculinidade hegemônica e tóxica. 
Essas relações são mediadas, via de regra, pela postura assumida pelo pro-
fessor, isso porque o docente “[...] ocupa um lugar importante na construção 
do ‘estilo’ de um lutador: ele pode concorrer, grosso modo, para disciplinar as 
paixões ou para estimular o comportamento deliberadamente agressivo dos 
lutadores.” (CECCHETO, 2004, p. 151). 
As artes marciais ou lutas, durante muito tempo, ficaram presas ao universo 
masculino. A afirmativa é possível pela visualização dos caracteres historica-
mente produzidos aos corpos dos samurais, às situações bélicas das quais o 
sexo e o gênero femininos foram excluídos por um longo período da história. 
Contudo, na contemporaneidade, a busca é pela inversão desse quadro e, por 
isso, temos um número significativo de praticantes mulheres. 
37
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Para saber mais sobre a relação das lutas com a 
exclusão das mulheres na modalidade, leia o artigo 
“Controle de si, dor e representação feminina entre 
lutadores(as) de mixed martial arts” de Thomazini, 
Moraes e Almeida (2008), disponível neste link. 
Agora que entendemos a evolução histórica e a classificação das artes mar-
ciais, vamos estudar as características dos jogos de oposição. 
2.1.2 JOGOS DE OPOSIÇÃO/ATIVIDADES DE 
LUTAS 
Um dos objetivos da educação física é desenvolver as corporeidades por meio 
da cultura corporal de movimento. Nessa esteira de pensamento, o lúdico 
aparece como uma potente ferramenta que auxilia nos processos de ensino-
-aprendizagem. 
Os conteúdos são pedagogicamente distribuídos de modo a permitir que o 
sujeito-alvo da atividade didática consiga aprender e apreender cada dinâ-
mica, por meio da história, da sociologia, dos jogos, dos esportes, das ginásti-
cas, das danças e das lutas, junto aos estudos dos corpos, o que oportuniza o 
reconhecimento de habilidades, bem como a elaboração de estratégias que 
denotam a necessidade da ação reflexiva dos envolvidos. Para tanto, é preciso 
conhecer cada processo pedagógico escolhido para uma boa gestão e adap-
tação das atividades propostas. 
https://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/4992
38
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
 CABO DE GUERRA 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta algumas crianças brincando de cabo de guerra. 
Os jogos de oposição podem ser entendidos como atividades de lutas. Tal 
caracterização deriva do fato de que eles acessam e se utilizam de dinâmicas 
que são próprias das técnicas específicas das modalidades de lutas. Desse 
modo, esses jogos são considerados uma ferramenta pedagógica democrá-
tica. Isso porque eles possibilitam acesso aos direitos sociais educativos, bem 
como à participação e ao envolvimento de todos. Eles oferecem práticas mo-
toras ajustadas e adequadas à ampla participação, além de minimizar desi-gualdades técnicas específicas que tendem a agravar situações de baixa au-
toestima, as quais, por sua vez, podem afastar praticantes. 
Podemos exemplificar essas dinâmicas com “[...] as brincadeiras de cabo de 
guerra e braço de ferro, até as práticas mais complexas da capoeira, do judô e 
do caratê.” (BRASIL, 1998, p. 37). 
39
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Para saber mais a respeito da relação das brincadeiras 
com as lutas, assista ao vídeo “A importância dos 
jogos e brincadeiras”, Parte 1, Parte 2 e Parte 3. 
Outro objetivo da educação física é oportunizar uma pluralidade de acessos 
a distintas experiências corporais. Dessa afirmativa, deriva uma justificativa 
para aplicabilidade das atividades de lutas e dos jogos de oposição, muitas ve-
zes desenvolvidos no lugar das lutas em si (BRASIL, 1998). Esse acontecimento 
é conhecido como prática pedagógica inovadora. 
Além disso, os fundamentos que envolvem os jogos de oposição estão pauta-
dos na premissa de organização básica dos jogos e brincadeiras. Eles podem 
envolver toda gama de possibilidades, como serem utilizados em porções e 
combinações simples das classificações dos jogos, conforme podemos visua-
lizar a seguir (SANTOS, 2012): 
Grandes jogos: 
Mais participantes, atenção no foco/objetivo. 
Pequenos jogos: 
Menos participantes, potencial de observação (velocidade, equilíbrio, 
lateralidade, força, raciocínio etc.). 
Revezamento ou estafetas: 
Revezamento para realização das atividades (jogos combinados – 
múltiplas habilidades motoras e psíquicas). 
https://www.youtube.com/watch?v=_bb4M97wQJ0
https://www.youtube.com/watch?v=WKRuon-AgHQ
https://www.youtube.com/watch?v=uVKIseVsWHA
40
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Aquáticos: 
Realizados em meio líquido (redução de danos). 
Jogos sensoriais: 
Recorrência aos sentidos (visão, audição, tato, olfato e paladar). 
Jogos sociais de mesa: 
Tabuleiro (sem focar na manipulação do azar). 
Jogos expressivos: 
Visam desenvolvimento motor e rítmico. 
Jogos de lutas: 
Proporcionam disputa por território e contato físico. 
Jogos cooperativos: 
Visam à participação inclusiva (realização de tarefa pela coletividade). 
Jogos competitivos: 
Visam desenvolver a competição. 
Ao propor atividades de lutas, o proponente necessita imergir em um campo 
metodológico específico, a pesquisa-ação. Essa atitude requer que a atenção 
seja dispensada conforme os participantes da aula apresentem dificuldades 
ou as superem. Uma atividade de luta, enquanto ferramenta, oportuniza que 
41
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
fundamentos básicos das lutas sejam desenvolvidos, ampliando o registro 
motor, a percepção espacial e as dinâmicas de movimento. 
Essa gama de aprendizagens deriva do entendimento de que as atividades 
de lutas e os jogos de oposição são especificados por dinâmicas de defesa 
e ataque, das quais são detalhadas ações de: tocar, agarrar/reter, imobilizar, 
desequilibrar e movimentar. Olivier (2000) sistematiza os jogos de oposição/
atividades de lutas em grupos, conforme a complexidade e exigência motora. 
São eles: 
• jogos de rapidez e atenção; 
• jogos de conquista de objetos; 
• jogos de conquista de territórios; 
• jogos para desequilibrar; 
• jogos para reter, imobilizar e se livrar; 
• jogos para combater. 
Para o autor, essa escalada pedagógica auxilia no ensino-aprendizagem das 
habilidades motoras básicas para o sujeito se inserir nas artes marciais ou nas 
lutas (OLIVIER, 2000). 
LUTA OLÍMPICA, GRECO-ROMANA OU WRESTLING 
Fonte: © Somin Q/Wikimedia Commons (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta dois adeptos da luta olímpica durante um combate. 
42
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Por defesa e ataque, é preciso entender as atitudes de esquiva, resistência e 
escape. As esquivas são as ações de desvio, “ludibriamento” e “enganação”; 
procuram desviar atenção do oponente para obter algum êxito. A resistência 
está alicerçada na capacidade de suportar alguma força aplicada contra o 
corpo, por exemplo, manter-se imóvel quando empurrado pelo adversário. Já 
o escape consiste na capacidade de se livrar de alguma imobilização ou agar-
re. Por fim, o ataque pressupõe toda ação que propõe a retirada da inércia, 
mobilidade e ocupação de espaço geográfico. 
Os jogos orientados por ataque e defesa são propositivos no sentido de en-
frentamento; eles possibilitam ganho de território, competitividade, coopera-
ção e desenvolvimento estratégico (KISHIMOTO, 1996). 
ATAQUE E DEFESA 
Fonte: Plataforma Deduca (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem traz duas silhuetas de esportistas durante um combate de esgrima, em que um 
aplica o golpe e o outro tenta se defender. 
Essas subclassificações iniciais dos jogos de oposição, quando aplicadas, ne-
cessitam respeitar de modo global as etapas de desenvolvimento (morfo-
funcional, psicológico e social) (PIAGET, 1983) dos participantes da atividade 
promovida. Contudo, é preciso não esquecer que “[...] o jogo não é o fim, mas 
o eixo que conduz a um conteúdo didático específico, resultando em um em-
préstimo da ação lúdica para aquisição de informações.” (KISHIMOTO, 1996, p. 
47). 
43
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Como toda atividade pedagógica, ele possui características próprias e fina-
lidades que, por mais que sejam combinadas, não perdem sua orientação 
inicial. Além do desenvolvimento de habilidades, os jogos operam fatores mo-
tivacionais que são integradas pelo viés da ludicidade ao acessar dimensões 
como a afetividade, o trabalho em grupo e das relações com regras predefi-
nidas, o que promove a construção do conhecimento cognitivo, físico e social 
(OLIVIER, 2000). 
Acesse este link para visualizar alguns exemplos 
de atividades com jogos de oposição/atividades de 
lutas. 
Os jogos de oposição, em seu caráter pedagógico ou didático, têm como ob-
jetivo proporcionar determinadas aprendizagens, diferenciando-se do mate-
rial didático por conter o aspecto lúdico e por ser utilizado para atingir de-
terminados objetivos pedagógicos (OLIVIER, 2000). Eles são uma alternativa 
para melhorar o desempenho dos envolvidos, em alguns conteúdos de difícil 
aprendizagem (KISHIMOTO, 2002). A premissa deles é a manutenção da inte-
gridade física, sem deixar de promover experiências corporais (RODRIGUES, 
2009). 
Nesse entendimento, os jogos de oposição e as atividades de lutas possuem 
duas categorizações amplas que requerem equilíbrio: uma lúdica (que deve 
propiciar diversão e prazer) e outra educativa (pautada na ideia de que é pre-
ciso ensinar ao sujeito algo que seja acrescido ao seu saber). O equilíbrio suge-
re que os jogos de oposição ponderem os pilares da educação, ou seja, apren-
der a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver com os outros e aprender a 
ser (OLIVIER, 2000). 
Ao respeitar a estrutura inseparável desses pilares, os jogos de oposição de-
senvolverão valores que são apreendidos pelas técnicas corporais disponibi-
lizadas pela educação dos corpos. Essas atividades promovem tipos e valores 
pela imitação do gesto (RODRIGUES, 2009). Esses valores, de acordo com So-
http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=413
44
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
ares (2008), são: 
Valor experimental: 
Permitir a exploração e manipulação, isto é, um jogo que ensine 
conceitos científicos deve permitir a manipulação de algum tipo de 
brinquedo, espaço e ação. 
Valor da estruturação: 
Suportar a estruturação de personalidade e seu aparecimento em 
estratégias e na forma de brincar, isto é, liberdade de ação dentrode 
regras específicas. 
Valor de relação: 
Incentivar a relação e o convívio social entre os participantes e entre o 
ambiente como um todo. 
Valor lúdico: 
Avaliar se os objetos têm as qualidades que estimulem o aparecimento 
da ação lúdica. 
O jogo escapa de pressões e avaliações, o que cria um clima propício à formu-
lação de soluções. O benefício do jogo se encontra na possibilidade de esti-
mular a exploração em busca de respostas, sem constranger o sujeito quando 
este erra (OLIVIER, 2000). A didática e os processos pedagógicos que envol-
vem os jogos de oposição e as atividades de lutas são responsáveis por dire-
cionar a intencionalidade, os saberes, os conteúdos e as culturas que entrarão 
na ordem discursiva da aula. 
Trata-se de uma ação curricular que oportunizará aprendizagens pelo jogo, 
que são derivadas de interesses pessoais. Esses interesses definirão se a ati-
vidade foi pedagógica ou conteudística. Isso porque os jogos, por si só, não 
vão garantir a aprendizagem de certos saberes que precisam ser sistemati-
45
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
zados de acordo com os objetivos pedagógicos (KISHIMOTO, 2002). Eles são 
dependentes das ações de conteúdos dispostos em três categorias, conforme 
a figura a seguir. 
CATEGORIAS PEDAGÓGICAS PARA OS JOGOS 
Fonte: Elaborada pelo autor (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem traz três retângulos. Em casa um, aparece uma das categorias na seguinte 
sequência: atitudinais, conceituais e procedimentais. 
Os conteúdos conceituais referem-se ao que precisamos saber; os conteúdos 
procedimentais referem-se ao que precisamos saber fazer, e os conteúdos 
atitudinais referem-se ao eu precisamos ser (ZABALA, 1998). 
Os jogos de oposição precisam, portanto, ser propostos sem esquecer sua 
premissa de contato corporal, caracterizado pela pré-esportivização e pela 
atuação em duplas, trios ou grupos. A carga educacional necessita ser a pro-
pulsora de toda atividade, de modo a contextualizar questões culturais, pro-
cessos sócio-históricos e de gênero. 
Além disso, não é possível o esquecimento das relações de limite (contradi-
ções entre risco e segurança), visto que a integridade física do proponente e 
do sujeito-alvo é balizadora de qualquer prática de jogo de oposição ou ati-
vidade de luta (OLIVEIRA JÚNIOR, 2019). Para isso, faz-se necessária toda e 
qualquer compreensão objetiva das regras que direcionarão cada exercício 
proposto. 
É preciso, dessa forma, não se esquecer de que o corpo do outro é, ao mesmo 
tempo, razão e possibilidade do acontecimento dos jogos e das atividades. 
Assim, o opositor está ali como inteligência tática desafiadora que requer zelo 
para a manutenção das atividades (OLIVEIRA JÚNIOR, 2019). 
Ao descrever esse arcabouço de proposições, reitera-se a preocupação de se 
conceber o caráter pedagógico dos jogos de oposição e das atividades de 
luta. Para tanto, devemos lembrar que, aqui, falamos da pré-luta. Desse modo, 
46
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
na condição de preparação, os jogos de oposição podem ser compreendidos 
como atividades de curta, média, longa e alongada distância, e isso depende 
da proposição a eles conferida. Vamos estudar essa classificação a seguir. 
2.1.3 LUTAS DE MÉDIA E GRANDE DISTÂNCIA 
As lutas cuja caracterização correspondem aos elementos de distanciamento 
médio possuem seu desenvolvimento no toque em locais específicos e na 
projeção uniforme do ataque. Como exemplos dessas lutas, temos: tae kwon 
do, caratê tradicional e kung fu (algumas vertentes). Também existem as que 
objetivam o nocaute (encerrar a luta com golpe único), como: box, caratê de 
contato e muay thay. 
Essas modalidades, por sua vez, apresentam dinâmicas distintas entre elas. 
Contudo, ainda que haja aproximação, é preciso compreender que a orienta-
ção das modalidades é o toque, sem contato permanente, por exemplo, uma 
imobilização de demora. 
Nessas lutas, faz-se necessário um arcabouço tático capaz de responder coor-
denadamente aos elementos propostos pelo adversário. 
É preciso acionar habilidades motoras que 
considerem o tempo de ação e contrarreação, 
espacialidade, temporalidade de ataque, defesa, 
resposta e corporeidade do oponente. 
Esse conjunto hábil apresenta como objetivo causar uma desarmonia no con-
junto corporal – distância, posicionamento, equilíbrio, ritmo e resposta – do 
adversário. Tal percepção faz referência a toda e qualquer modalidade, inclu-
sive nos jogos de oposição, isto é, pode ser em uma prática esportiva, marcial 
ou escolar. O quadro a seguir sistematiza essa classificação. ]
47
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TIPO DE AÇÃO PROPOSTA PELAS LUTAS 
Curta distância Média distância Longa distância
Desequilibrar Tocar Tocar (por intermédio de 
um implemento)
Rolar 
Projetar Golpear
Cair Manipular (implemento)
Controlar Mãos, braços e cotovelos
Excluir Pernas, joelhos e pés
Fonte: Adaptado de Gomes (2008). 
#PraCegoVer 
Característica de ações em golpes de curta, média e longa distância. 
A partir da categorização balizada pela distância, podemos observar, ao me-
nos, três subdivisões às táticas aplicadas as lutas, são elas: “[...] luta de agarre, 
lutas de impacto/toque e lutas mistas” (CARNEIRO; PICOLI; SANTOS, 2015, p. 
733). Nessa organização, é possível observar mecanismos pedagógicos que 
atravessam as distintas práticas de luta, ou seja, processos que dependem de 
respostas motoras específicas, e que apontam desenvolvimento de aprendi-
zagens para chegarmos a um uso cuidadoso e ampliado das técnicas. 
No quadro a seguir, é possível visualizar essas características de acordo com 
cada modalidade. 
48
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
CLASSIFICAÇÃO DAS LUTAS: DISTANCIAMENTO, PARTICIPAÇÃO OLÍMPI-
CA E NÃO OLÍMPICA. 
Distância Olímpicas Não olimpicas (exemplos)
Curta Judô Jiu-jitsu
Média Judô Aikido 
Hapkido
Longa Boxe 
Tae kwon do
Caratê 
Kung-fu 
Capoeira
Alongada Esgrima Kenjutsu 
Haidong Gumdo
Fonte: Adaptado de Carneiro, Picoli e Santos (2015). 
#PraCegoVer 
Quadro exemplificativo de lutas olímpicas e não olímpicas de acordo com a distância. 
As lutas de agarre (judô, jiu-jítsu, wrestling e hapkido) surgem ao combinar-
mos o curto e o médio distanciamento. Nessa tipologia, ocorrem as ações de 
pegadas, que são fundamentais para o desenvolvimento das dinâmicas de 
luta. Na ocorrência dessas lutas, observamos as dinâmicas de contato, que 
buscam neutralizar o ataque pela força do oponente. 
49
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
LUTA DE AGARRE 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta dois atletas no chão aplicando golpes de luta de agarre. 
As lutas de impacto/toque (o boxe, o tae kwon do, a capoeira, o kenjutsu, a es-
grima e o kung fu), cujas distâncias são longas e alongadas, formam o grupo 
de toques intermitentes. A busca pelo alvo é sempre elaborada pelo conjun-
to de habilidades corporais que, por vezes, utilizam elementos extras (armas) 
para desenvolver o combate. Quando a modalidade possui essas possibilida-
des, é preciso compreendê-las como uma extensão corporal, algo que am-
pliará a chance de alcance e o contato com corpo do adversário (CARNEIRO; 
PICOLI; SANTOS, 2015). 
Por fim, as mistas – Mixed Martial Arts (MMA) e o ninjutsu – requerem ao me-
nos uma combinação das demais. Contudo, são requisitos um bom desem-
penho do jogo e a interrelação entre as quatro distâncias. O conjunto de habi-
lidades técnico-corporais exige ações de pegada, golpes percussivos (cabeça, 
mãos, joelhos e pés) ou, em casos específicos, a utilização de armamentos. 
Na concepção dos usos dessas modalidades, o praticante necessitarádesen-
volver, a longo prazo, sua capacidade tático-técnica, a fim de desempenhar 
as habilidades específicas de uma luta combinada com outras, no intuito de 
conseguir desviar a atenção do oponente, uma vez que, por não ter apenas a 
especificidade em jogo, o elemento surpresa será a combinação de elemen-
tos, ou mesmo a mudança de percurso ao longo do embate. 
50
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
Para seguir, temos as lutas de longa distância ou de precisão alongada. Essas 
práticas corporais geralmente utilizam elementos para prolongar o alcance. 
Logo, uma das características dessas modalidades esbarra na necessidade de 
um amplo domínio de implementos (espadas, bastões, lança, facão, entre ou-
tros). Elas exigem um espaço para manuseio adequado do armamento. São 
exemplos dessas especificações a esgrima, o kendo e o kung fu. 
As habilidades corporais técnicas básicas das lutas de média distância são: 
Socos:
Projeção de braço e antebraço em direção a um oponente. 
Chutes: 
Projeção de perna e coxa em direção a um oponente. 
Joelhadas: 
Projeção da articulação do joelho em direção a um oponente. 
Defesas com membros inferiores e superiores: 
Movimento dinâmico de reclusão do corpo, que visa bloquear a ação 
de uma cabeçada, soco, cotovelada, chute ou joelhada. Além disso, visa 
proteger de chaves que levem à imobilização. 
51
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Já as habilidades corporais técnicas básicas das lutas de longa distância são: 
Empunhaduras: 
Ações de agarre/pegada, com a finalidade de propor algum golpe. 
Habilidades manipulativas: 
Ação motora de manuseio de algum tipo de armadura. 
Posturas: 
Cálculo para manutenção das estruturas corporais e equilíbrio ao 
propor ou receber algum golpe. 
Percepção geográfica: 
Habilidade de conceber a distância do oponente para propor um 
golpe, a fim de evitar gasto de energia pela perda de efetividade da 
ação deferida. 
A seguir, vamos estudar a situação macro e micro de forma grupal nas lutas. 
Acompanhe. 
2.1.4 SITUAÇÃO MACRO E MICRO DE FORMA 
GRUPAL NAS LUTAS 
Millen Neto, Garcia e Votre (2016) argumentam que as lutas são organizadas a 
partir de seus contextos e, por eles, foi determinada sua difusão. Cada grupo 
social, ao desenvolver suas lutas, propôs dinâmicas de movimento que lhes 
conferiu características (GOMES, 2010). 
Na contemporaneidade, percebemos que a dinâmica da globalização ocasio-
nou mudanças em muitas modalidades de lutas, principalmente por conta 
52
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
dos processos de esportivização. “O fator decisivo para a predominância desse 
processo foi a emergência de um novo mercado, que teve como principal veí-
culo os pacotes pay-per-view de televisão [...]” (MILLEN NETO; GARCIA; VOTRE, 
2016, p. 409). 
FATORES SOCIAIS 
Fonte: Plataforma Deduca (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta o globo terrestre com diversos desenhos de pessoas em volta e setas 
ligando as pessoas umas às outras. 
O fato de vivermos um momento hipermidiático possibilita a produção de 
macro e micro-olhares às atividades de lutas. O caráter macro implica condi-
ções de observarmos que o arcabouço histórico da humanidade permite que 
encontremos similaridades nas práticas de lutas (OLIVEIRA JUNIOR, 2019). 
Além disso, um olhar ampliado oportuniza uma compreensão de movimen-
to, que deflagra que as artes marciais, ao serem esportivizadas, em muito per-
deram suas características (GOMES, 2010). 
Já uma situação micro estabelece uma resistente defesa da manutenção de 
caracteres históricos das modalidades. Dessa afirmação decorre a assertiva 
das sequências de estudos genealógicos, a fim de ao menos mantermos vivas 
as tradições que são pilares para cada modalidade (OLIVEIRA JUNIOR, 2019).
53
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
Um olhar dos grupos específicos de cada luta implica 
nosso entendimento de que suas reivindicações são 
singulares, pois cada modalidade apresenta, em 
algum grau ou medida, um ponto que a diferencia 
de outro, logo sua individualidade precisa ser 
mantida. Cada grupo defende sua historicidade, 
pelas práticas corporais que desenvolve e mantém 
ao longo dos anos (OLIVEIRA, 2019). 
 
A oralidade, por muito tempo, tem sido uma alternativa mais contundente 
para a manutenção e a difusão dos saberes que fundamentam práticas espe-
cíficas de lutas (OLIVEIRA JUNIOR, 2019). Outro fator que auxilia nessa busca 
por compreender especificidades de cada luta é a geracionalidade. Esta, por 
sua vez, está implicada no entendimento de que os saberes dos mais antigos 
(ancestrais) são mais uma forma de recorrer aos processos históricos e usos 
do passado das práticas (GOMES, 2008). 
Assim, é preciso que compreendamos a importância da produção de conhe-
cimento advindo da prática de lutas e, a partir disso, a observância desse pon-
to na hora de planejarmos uma aula, abrirmos ou buscarmos um espaço que 
desenvolva trabalhos com alguma modalidade de lutas. 
2.2 JOGOS DE LUTAS CORPO A CORPO 
Neste tópico, vamos compreender as características da situação de luta com 
golpes, com derrubada/imobilização/exclusão do espaço e com toque por im-
plemento. Acompanhe. 
2.2.1 SITUAÇÃO DE LUTA COM GOLPES 
Uma situação de luta com golpes antecede o combate propriamente dito, 
quando falamos em jogos de oposição; ou é a luta em si, ao pensarmos na 
competição. As ocasiões que preconizam os golpes são aquelas de treino em 
que os adeptos necessitam experimentar-se no toque, via contato direto, para 
que percebam sua efetividade em uma competição. 
Os golpes podem ser desenvolvidos unitariamente ou em sequência. Essas 
54
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
situações são necessárias, pois auxiliam na aquisição de repertórios (simples e 
complexos), que reiteram habilidades motoras específicas de cada modalida-
de. A promoção de golpes é precedida de processos condicionais de ensino, 
nos quais os praticantes aprendem a recebê-los, aplicá-los, bem como a reali-
zar uma queda quando atingidos. 
BOXE 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta um adepto do boxe treinando os golpes. 
Uma situação de treino orienta habilidades de campo global, isto é, sempre 
preconiza a bilateralidade (esquerda e direita), os diferentes níveis de altura, 
as dinâmicas de velocidade, além da concepção de organização corporal cog-
nitiva para propor um ataque ou se defender. 
Já em uma competição, essas situações são constituintes de jogos de troca, 
sobre os quais não temos gerência, uma vez que são sempre dependentes 
da investidura do opositor. No combate, as lógicas de estratégia são postas à 
prova, e o praticante é geralmente avaliado pelas respostas motoras que exi-
be nesses momentos. 
2.2.2 SITUAÇÃO DE LUTAS COM DERRUBADA/
IMOBILIZAÇÃO/EXCLUSÃO DO ESPAÇO 
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), afirma-se que “As lutas são 
disputas em que os oponentes devem ser subjugados, com técnicas e estra-
tégias de desequilíbrio, contusão, imobilização ou exclusão de um determina-
do espaço na combinação de ações de ataque e defesa.” (BRASIL, 1998, p. 70). 
55
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
No cenário apresentado, podemos observar uma sistematização dos golpes 
cujo objetivo é o desenvolvimento ético de uma atividade de luta. Nessa es-
teira de pensamento, temos atividades que sintetizam e explicitam a finaliza-
ção de algumas modalidades, como: derrubar, imobilizar e excluir do espaço 
original (BRASIL, 1998). 
A derrubada consiste no ato de fazer com que o adversário toque com as cos-
tas no chão e permaneça no solo. A imobilização implica oato de paralisar o 
oponente. Já a exclusão do espaço significa a ação de movência do competi-
dor, a fim de deslocá-lo a quaisquer direções. A luta olímpica é um exemplo 
completo dessas ações. Dentro dessas dinâmicas de lutas, preconiza-se a efi-
cácia do gesto, visto que ele pode definir a finalização do combate (OLIVIER, 
2000). 
As competências físicas de derrubar, imobilizar e excluir constituem a funda-
mentação básica do desenvolvimento de qualquer modalidade de luta. Como 
exemplos, temos: desequilíbrio (judô, luta olímpica – wrestling ou luta greco-
-romana), imobilização (jiu-jitsu), exclusão (sumô) e contusão (boxe, kung-fu, 
caratê e tae kwon do) (OLIVEIRA JÚNIOR, 2019). 
2.2.3 SITUAÇÃO DE LUTAS COM TOQUE POR 
IMPLEMENTO 
Nas situações em que ocorrem utilização de implementos, observamos a 
existência de um arsenal de aparelhos que visam manter a integridade física 
do oponente, por exemplo: coletes, máscaras, capacetes, munhequeiras e ca-
neleiras. 
As modalidades, nessa classificação, representam as lutas de longa e alon-
gada distância, que são determinadas pelo desenvolvimento das formas de 
combate (CARNEIRO; PÍCOLI; SANTOS, 2015). Os implementos representam 
um prolongamento (espadas, bastões, entre outros) das estruturas corporais 
e buscam tocar o adversário em locais especificados pelo manual de pontua-
ção, sem a existência do agarre. 
56
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
IMPLEMENTO (ESPADA) 
Fonte: Pixabay (2020). 
#PraCegoVer 
A imagem apresenta um adepto da luta com implemento, no caso, uma espada. 
A necessidade e a utilização dos implementos nas artes marciais e lutas re-
querem, “[...] no processo de ensino-aprendizagem, maneiras semelhantes de 
manipulação, formas de deslocamento, esquivas, ruptura dos padrões de luta 
de contato e semicontato e incorporação da espada na lógica da luta [...]” (GO-
MES et al., 2010, p. 217). Além disso, o lutador deve “[...] se manter afastado para 
estar protegido. A proximidade também vem em função da ação do ataque 
e se relaciona com o implemento, como se este fosse uma extensão do corpo 
de quem luta.” (GOMES et al., 2010, p. 219). 
57
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
CONCLUSÃO 
Visualizamos, nesta unidade, que a classificação das artes marciais e das lutas 
é dependente do contexto histórico, da velocidade e da distância dos golpes. 
Compreendemos a função dos jogos de oposição/atividades de lutas enquan-
to possibilitadores das dinâmicas de ensino-aprendizagem. Somado a esses 
saberes, percebemos que a organização macro e micro das modalidades de 
lutas são dependentes das relações culturais e das temporalidades em que 
se situam. 
Além dos conhecimentos apresentados, tivemos uma noção acerca das lutas 
corpo a corpo, como ferramentas que dialogam com os jogos de oposição e 
assumem função semelhante, de ação pedagógica. Nessa esteira de pensa-
mento, aprendemos sobre a situação das lutas com golpes, com derrubada, 
imobilização e exclusão do espaço e o quanto elas são imprescindíveis para 
compreendermos a organização das artes marciais e das lutas. 
Por fim, desenvolvemos reflexões sobre a utilização de implementos para 
ocorrência de um combate nas lutas de longa ou alongada distância. No cer-
ne dessas ideias está todo o processo didático da teoria dos jogos e a organi-
zação das lutas, na contemporaneidade, a partir de situações macro e micro 
das dinâmicas das artes marciais.
UNIDADE 3
> Avaliar e 
caracterizar as 
lutas quanto ao 
processo de ensino-
aprendizagem. 
> Avaliar as 
potencialidades 
quando aos ensinos 
procedimental, 
atitudinal e 
conceitual. 
OBJETIVO 
Ao final desta 
unidade, 
esperamos que 
possa:
58
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
59
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
3. FUNDAMENTAÇÃO, ORGANIZAÇÃO 
E ESTRUTURAÇÃO DIDÁTICO-
METODOLÓGICA DO CONTEÚDO DAS 
LUTAS 
INTRODUÇÃO 
Nesta unidade, vamos tratar sobre a didática, a pedagogia e a metodologia 
do ensino de lutas, tanto na escola como na academia. Por meio desses co-
nhecimentos, vamos estabelecer um plano de ensino e uma prática docente 
coerentes, de acordo com o local onde vamos atuar e com as características e 
os objetivos pedagógicos das lutas nos seus diferentes contextos. 
Muitos pesquisadores das metodologias e das ciências aplicadas no âmbi-
to das lutas, como Breda et al. (2010), Cartaxo (2011), Del Vecchio e Franchini 
(2012), Rufino e Darido (2015), entre outros, encontraram uma série de proble-
mas relacionados ao ensino de lutas tanto nas escolas como nas academias. 
Assim sendo, relacionando os argumentos desses autores com o ethos das 
lutas, podemos verificar que: 
• existe um conflito entre as práticas características de cada modalidade de 
luta (tradicionais ou mais usadas ou eficientes) com as teorias da pedagogia 
e das ciências do esporte; 
• o conflito e o distanciamento dos mestres de lutas do ambiente acadêmico, 
assim como o pouco conhecimento sobre as lutas nas universidades, 
limitam pesquisas pontuais e acarretam o desconhecimento das lutas nas 
suas características; 
• ocorre a falta de preparação do profissional de Educação Física para atura 
em lutas, assim como a falta de preparação dos profissionais em lutas para 
atuar na escola; 
• as rixas entre as modalidades de lutas também refletem no ambiente 
acadêmico, pois o pesquisador se foca em uma única modalidade; 
• a nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC), de 2018, em substituição 
aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), de 1997, exige o ensino de lutas 
60
LUTAS
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
nas escolas e, consequentemente, exige das universidades a importância 
devida ao tema, em especial para a formação inicial dos novos professores 
para atuar na Educação Física escolar. 
Dessa maneira, vamos focar nosso estudo no que diz respeito à fundamenta-
ção, à organização e à estruturação didático-metodológica do conteúdo das 
luta, de forma que possamos ter ferramentas práticas que permitam atuar no 
ensino de lutas na escola e reconhecer os procedimentos didáticos e metodo-
lógicos do ensino de lutas nas academias. 
Além disso, para aqueles que já estão inseridos no universo das lutas e dese-
jam ser instrutores ou mestres, este estudo permitirá uma organização mais 
clara das aulas e das metodologias, uma ponte entre as tradições das lutas e 
os avanços acadêmicos, ou seja, uma ferramenta indispensável para um en-
sino diferenciado. 
3. 1 PROCESSO PEDAGÓGICO DAS LUTAS 
Para entendermos o processo pedagógico das lutas, devemos voltar no tem-
po e fazermos um comparativo das diferentes referências históricas a respeito 
do tema. 
No Ocidente, por exemplo, sempre existiu uma distinção entre as lutas espor-
tivas – conhecidas como esportes de combate – e a lutas militares – ou ar-
tes marciais. Isso fica claro na Paideia (παιδεια), ou educação grega, em obras 
como A República, de Platão, que distingue a educação dos guardiões da po-
lis , dos soldados e dos atletas, e nos vários livros de Xenofonte a respeito da 
formação do Rei, dos cavaleiros, dos soldados e dos homens úteis para a so-
ciedade – livro baseado na educação espartana e persa (JAEGER, 2013). 
61
MULTIVIX EAD
Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017
LUTAS
 PLATÃO E A EDUCAÇÃO GREGA 
Fonte: Plataforma Deduca (2020). 
#PraCegoVer 
Imagem da estátua do filóso grego Platã
Isso é possível ver nas peças de arte grega, em que os homens nus lutando re-
presentam os atletas olímpicos, diferentes dos guerreiros que aparecem com 
elmos, escudos e espadas em cenas de batalha. 
No Oriente, mais especificamente na Índia e na China, o registro das lutas 
e

Continue navegando