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ORGANIZAÇÃO E DESAFIOS DA GESTÃO ESCOLAR Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Maria Aparecida de Oliveira Silva CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Ozinil Martins de Souza Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Norberto Siegel Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Hiandra B. Götzinger Montibeller Prof.ª Izilene Conceição Amaro Ewald Prof.ª Jociane Stolf Revisão de Conteúdo: Prof.ª Célia Regina Appio Revisão Gramatical: Prof.ª Sandra Pottmeier Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI 371.2 S586o Silva, Maria Aparecida de Oliveira. Organização e desafios da gestão escolar / Maria Aparecida de Oliveira Silva. Indaial : Uniasselvi, 2013. 204 p. : il ISBN 978-85-7830- 665-6 1. Administração escolar. 2. Gestão escolar. I. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Copyright © UNIASSELVI 2013 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. Maria Aparecida de Oliveira Silva Possui graduação em Pedagogia - Administração Escolar (1997) e mestrado em Educação (2002) ambos pela Fundação Universidade Regional de Blumenau. Tem experiência na área de Gestão Escolar, Memória da Educação e na área de Formação Continuada da Educação com trabalhos e publicações nesta área e áreas afins entre eles: repetição – sugiro rever a escrita. Poderia ser assim, Tem experiência em Gestão Escolar, Memória da Educação, bem como em Formação Continuada na Educação com trabalhos e publicações nesta área e ligadas a ela. Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 O Desenvolvimento da Democracia Participativa ...............9 CAPÍTULO 2 A Gestão Pública Escolar ...................................................23 CAPÍTULO 3 Gestão Inovadora da Escola com Tecnologias, Juventude e Violência ...................................59 CAPÍTULO 4 A Construção de Regras na Escola ...................................91 CAPÍTULO 5 Indisciplina e o Cotidiano Escolar ...................................107 CAPÍTULO 6 Relações Humanas e Liderança .........................................123 CAPÍTULO7 Gestão do Conflito Escolar: Modelos de Mediação .........................................................149 CAPÍTULO 8 Conflitos como Oportunidades de Aprendizagem ..................................................................181 APRESENTAÇÃO Caro(a) pós-graduando(a): Você está iniciando a disciplina Organização e Desafios da Gestão Escolar e juntos iremos pensar sobre questões relacionadas à gestão democrática, discutindo desde conceitos mais amplos até a especificidade do espaço escolar, que envolve diretamente a ação docente e a participação de toda a comunidade escolar no processo educativo. Neste caderno de estudos, assumimos o termo comunidade escolar como: docentes, funcionários, alunos, pais de alunos e as pessoas do entorno da unidade escolar (escola de educação básica e de educação infantil). Numa relação democrática, onde diferentes concepções, ideias e ações são manifestadas, emergem conflitos que necessitam ser discutidos no coletivo. Também será trabalhado o conflito nas suas diferentes formas (velado e o explícito) suas origens e como lidar com os mesmos, assim como a violência que acontece quando a gestão de conflitos não é eficiente ou suficiente para impedir que eventos trágicos ocorram. Para abordarmos melhor o proposto nesta disciplina dividimos o caderno de estudo e em 8 (oito) capítulos, a saber: O primeiro capítulo tratará da conceituação de democracia participativa e sua constituição histórica num aspecto mais amplo para em seguida abordarmos o processo democrático na educação escolar, os desafios, seus limites e as possibilidades nesta perspectiva da gestão democrática. No 2º capítulo, na perspectiva de gestão democrática na educação nosso objetivo é desenvolvermos um estudo sobre a participação efetiva e organizada da sociedade na educação (Associação de Pais e Professores – APPs, Assembleias Escolares, Conselhos de Educação, Conselho Escolar, Fóruns de Educação e outros) a partir do regime de colaboração entre os entes federados, proposto pela legislação brasileira. Com objetivos de analisar os aspectos que interferem na unidade escolar e que propiciam ou não sucesso da aprendizagem e a superação dos entraves detectados, no 3º capítulo, vamos abordar o papel das Tecnologias de Informação e Comunicação TICs, no espaço escolar como ferramentas, dando um significado ao aprendizado das crianças e adolescentes, garantindo um diálogo efetivo nas relações educativas. Assim, a vivência histórica construída no convívio familiar e comunitário e o acesso as informações atuais, como ponto de partida da aprendizagem escolar, possibilita abrir para questões mais universais, pois, através dos meios de comunicação os alunos são sensibilizados para os problemas ambientais globais, as questões econômicas mundiais e principalmente para a questão relacional que envolve crianças e adolescentes permitindo que aprendam a lidar com as situações conflitantes e a violência no seu dia a dia. Mas, ao mesmo tempo propiciar espaços significativos, envolventes de aprendizagem e ter um “olhar observador” permite ao gestor escolar, numa concepção de compartilhamento de responsabilidades, definidos no Projeto Político Pedagógico, com a efetiva participação de todo o coletivo, o enfrentamento de situações de conflito antevendo-se os possíveis eventos de violência ou pelo menos minimizando seus efeitos nocivos para o grupo, assunto este, que será abordado no 4º capítulo. No capítulo 5º trataremos da indisciplina numa perspectiva pedagógica, onde não devem prevalecer nas discussões, as particularidades e os desejos individuais, mas, o interesse do coletivo escolar. Para trabalharmos as questões apontadas no 6º capítulo é necessário conhecermos o instigante campo das relações humanas na educação e o processo de mobilização e organização coletiva para atingir os objetivos educacionais propostos na instituição de ensino. Temas como diversidade, autonomia, cidadania, dialogicidade são trabalhados neste capítulo assim, como é ampliada a discussão sobre o papel do gestor como líder na ação efetiva da gestão escolar, suas competências e habilidades a serem desenvolvidas para o exercício de liderança no espaço escolar. Com base nestes pressupostos, no 7º capítulo, apresentamos uma das propostas para gerir os conflitos escolares que é a mediação de conflitos. Tendo como objetivo demonstrar a importância dessa ferramenta na gestão do conflito, que poderá contribuir como construto de valorização humana, estimulando a criatividade pessoal e coletiva, propondo intervenções em nível individual e de grupo. No 8º capítulo, com a fundamentação propiciada nos capítulos anteriores, numa perspectiva da gestão escolar democrática, apontamos o aprimoramento das relações internas e externas no espaço escolar e a necessidade do envolvimento e participação da comunidade nas decisões escolares. A ressignificação dos espaços de educação escolar, que tendo como objetivo comum a aprendizagem significativa das crianças e adolescentes, possibilita rever concepções e adquirir novos conhecimentos de maneira a intervir na realidade e odifica-la. Desejamos que, com acesso as informações e conceitos disponibilizados e os questionamentos levantados neste caderno, você estabeleça uma relação dialógica e que possibilite construir novos conhecimentos e atuar como profissional da educação e gestor competente, com compromisso de possibilitar a construçãode uma escola de qualidade social para todos. A autora. CAPÍTULO 1 O Desenvolvimento da Democracia Participativa A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Mapear os termos políticos e administrativos utilizados historicamente para definir democracia participativa e suas implicações pedagógicas. Constatar as ações políticas e administrativas da gestão pública e as reper- cussões na ação pedagógica. 10 Organização e Desafios da Gestão Escolar 11 O Desenvolvimento da Democracia Participativa Capítulo 1 Contextualização Caro Pós-Graduando, Você certamente já ouviu muitas vezes em discursos e textos o termo democracia participativa. Mas o que significa democracia participativa? Muitas vezes utilizamos determinadas palavras e não temos noção do que elas realmente significam etimológica e culturalmente falando. A palavra democracia tem sua origem na Grécia e é constituída a partir dos vocábulos “demos” que significa povo e “kratós” que é poder, governo. Isto é: poder popular ou governo do povo. A evolução histórica do conceito de democracia ocorreu como resultado dos diferentes tipos de governo que eram ou se declaravam democráticos. Uma definição mais recente de democracia é a forma de governo e de organização política de uma sociedade, onde o poder reside na vontade da totalidade dos participantes. Quando a democracia foi pensada pelos filósofos gregos defendia três direitos essenciais: igualdade, liberdade e participação, sem distinção de grupos ou classes sociais. Uma sociedade pode considerar-se realmente democrática, quando institui direitos e não apenas supre necessidade, carência ou interesse específicos de determinados grupos ou indivíduos, pois estes são tantos, quantos os grupos sociais representados no país. Direito é, portanto geral e universal, válido para todos os indivíduos, independentes de grupos e classes sociais. É por isso, que a democracia é um termo difícil de ser definido, pois está fundamentado na noção de que toda pessoa tem o direito de participar do processo político, de discutir e decidir as ações políticas de forma igualitária. Chauí (1994) nos diz que, na prática, a democracia tem uma verdade ideológica quase sempre invisível para a grande maioria da população, ou seja, temos uma democracia formal e não concreta. No Brasil a democracia foi implantada na década de 1930, por Getúlio Dorneles Vargas e vem avançando, segundo Mafra Filho (s.d., p.3) na busca da opinião das pessoas que estão na base na implementação das políticas dos municípios, universidades e empresas públicas, estabelecendo-se a democracia participativa. 12 Organização e Desafios da Gestão Escolar Em virtude do movimento de redemocratização ocorrido no Brasil após o regime militar de 1964-1985, a Constituição Brasileira (1988) e outras leis “apresentam dispositivos relativos direta ou indiretamente à democracia participativa.” (MAFRA FILHO, s.d., p.3). As mudanças no quadro político, econômico e social ocorridas a partir da década de 1980 e, particularmente, de 1990 alteraram os conceitos e objetivos da educação brasileira. Você sabe por quê? Qual a relação entre política, economia e educação? Saiba que todas as ações e mudanças planejadas para um determinado campo influenciam direta ou indiretamente outras áreas. Neste capítulo, iremos iniciar uma caminhada em busca de elementos para fundamentar a ação pedagógica, numa concepção de gestão democrática. Entender alguns conceitos, reafirmar outros, para possibilitar a você, assumir seu papel de líder competente que busca a participação da comunidade escolar, para efetivamente fazer parte do movimento de educação escolar. Etimologia - palavra vinda do grego e parte da gramática que estuda a história e a origem das palavras. Além disso, as palavras mudam o significado, nos diferentes espaços e nos diversos tempos históricos. Democracia e Educação Entendendo-se educação como prática social, a escola como uma instituição social, tem sua organização e suas finalidades demarcadas pelos fins político-pedagógicos que vão além das demandas econômicas, como acontece nas empresas. O planejamento e o desenvolvimento da educação e da escola nessa perspectiva implica diretamente sobre a natureza e finalidade das unidades escolares. As prioridades institucionais, os processos de As mudanças no quadro político, econômico e social ocorridas a partir da década de 1980 e, particularmente, de 1990 alteraram os conceitos e objetivos da educação brasileira. O planejamento e o desenvolvimento da educação e da escola nessa perspectiva implica diretamente sobre a natureza e finalidade das unidades escolares. 13 O Desenvolvimento da Democracia Participativa Capítulo 1 participação e decisão, em âmbito nacional, nos sistemas de ensino e nas escolas refletem esta especificidade. No campo educacional, a luta de educadores e dos movimentos sociais por uma educação de qualidade social e democrática, frente às mudanças sociais e econômicas, nos anos 1980 e intensificadas na década de 1990, advindas do processo de globalização resultaram na inclusão do princípio de gestão democrática participativa na educação, na Constituição Federal (1988). No seu art. 206, a lei estabelece princípios para a educação brasileira, dentre eles: obrigatoriedade, gratuidade, liberdade, igualdade e gestão democrática, sendo esses regulamentados através de leis complementares. Caro Pós – Graduando, para aprofundar seus estudos sobre a democracia e a educação sugerimos o livro FERREIRA, Naura SyriaCarapeto (Org.). Gestão democrática da educação: atuais tendências, novos desafios. São Paulo: Cortez, 2011. Atividade de Estudos: A educação como prática social, a escola como uma instituição social, tem sua organização e suas finalidades demarcadas pelos fins político-pedagógicos que vão além das demandas econômicas, como acontece nas empresas. 1) Sintetize em poucas palavras, por que a educação é uma prática social diferente de uma empresa ou fábrica? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ No seu art. 206, a lei estabelece princípios para a educação brasileira, dentre eles: obrigatoriedade, gratuidade, liberdade, igualdade e gestão democrática, sendo esses regulamentados através de leis complementares. 14 Organização e Desafios da Gestão Escolar A globalização é um fenômeno social que tem na área econômica o principal responsável pelas mudanças ocorridas. “A globalização econômica significa unificação econômica, mas também significa uma crescente fragmentação econômica, social e política que se reflete tanto uma quanto a outra, em toda a população terrestre, afetando as mentes e os corações dos seres humanos, desde os que têm acesso aos bens culturais como os que deles são privados tornando-se cada vez mais excluídos” (FERREIRA, 2004, p.1228). Desafios, Limites e Possibilidades A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9.394/96), lei complementar da educação, estabelece e regulamenta as diretrizes gerais para a educação e seus respectivos sistemas de ensino. O art. 214 da Constituição Federal (1988), dispõe sobre a elaboração do Plano Nacional de Educação – PNE (art. 9º), que mantemos princípios determinados pela lei maior, inclusive, o da gestão democrática do ensino público. O PNE, aprovado em 2001 - Lei nº 10.172/2001, conforme os textoslegais, tem como objetivo apontar e desvelar os problemas referentes à qualidade do ensino e à gestão democrática decorrentes das diferenças socioeconômicas, políticas e regionais. Traz diagnósticos, diretrizes e metas para serem discutidas, avaliadas e implementadas tendo em vista a democratização da educação nacional. O PNE, também diz respeito aos diferentes níveis e modalidades da educação escolar, da gestão, do financiamento e dos profissionais da educação. Figura 1 - Plano Nacional de Educação Fonte: Disponível em:<http://www.blogeducacao.org.br/plano-nacional-de- educacao-dobra-verba-do-pib-destinada-ao-setor/>. Acesso em: 06 jul. 2012. O PNE, aprovado em 2001 - Lei nº 10.172/2001, conforme os textos legais, tem como objetivo apontar e desvelar os problemas referentes à qualidade do ensino e à gestão democrática decorrentes das diferenças socioeconômicas, políticas e regionais. http://www.blogeducacao.org.br/plano-nacional-de-educacao-dobra-verba-do-pib-destinada-ao-setor/ http://www.blogeducacao.org.br/plano-nacional-de-educacao-dobra-verba-do-pib-destinada-ao-setor/ 15 O Desenvolvimento da Democracia Participativa Capítulo 1 A LDB nº 9.394/96 estabelece alguns princípios para a gestão democrática. No art. 3 sinaliza que o ensino será ministrado com base em diversos princípios e, entre eles, encontra-se a gestão democrática do ensino público, seguindo os preceitos dessa lei e da legislação dos sistemas de ensino. Nos artigos 14 e 22 da (LDB nº 9.394/96), assim como no Plano Nacional de Educação, está expresso que os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica com a participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e organizando a comunidade escolar e segmentos da sociedade local em conselhos escolares. Contudo, a democracia nas unidades escolares precisa estar vinculada a democratização dos vários segmentos sociais existentes, o que quase sempre é uma tarefa difícil. Figura 2 - Organizando a participação da comunidade escolar Fonte: Disponível em:<http://www.leandrofranceschini. com.br/>. Acesso em: 13 jul. 2012. http://www.leandrofranceschini.com.br/ http://www.leandrofranceschini.com.br/ 16 Organização e Desafios da Gestão Escolar Atividade de Estudos: 1) Relacione a coluna 1 com a coluna 2. Coluna 1 1. Participação 2. Democracia 3. Gestão Democrática 4. Projeto Político Pedagógico Coluna 2 ( ) definida na LDB nº 9394/96, requer mudanças de concepção para além de reorganizações burocráticas estruturais. ( ) A sua elaboração requer a participação de toda a comunidade escolar (pais, alunos, professores, funcionários equipe gestora e comunidade local). ( ) é a forma de governo e de organização política de uma sociedade, onde o poder reside na vontade da totalidade dos participantes. ( ) Segundo Libâneo (p. 102, 2004), “[...] é o principal meio de assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. A gestão democrática posta na LDB nº 9394/96, requer mudança de concepção para além de reorganizações burocráticas estruturais. Rupturas acentuadas, com um novo ‘olhar’ em relação à educação escolar, possibilitando a construção coletiva de uma proposta pedagógica e a efetiva participação no processo educacional. Figura 3 - Construção Coletiva do Projeto Político Pedagógico da Unidade Escolar Fonte: Disponível em: <http://educadorasdeexcelencias.blogspot.com. br/2011/04/livro-i-conselhos-escolares.html>. Acesso em: 20 mai. 2012. A gestão democrática posta na LDB nº 9394/96, requer mudança de concepção para além de reorganizações burocráticas estruturais. http://educadorasdeexcelencias.blogspot.com.br/2011/04/livro-i-conselhos-escolares.html http://educadorasdeexcelencias.blogspot.com.br/2011/04/livro-i-conselhos-escolares.html 17 O Desenvolvimento da Democracia Participativa Capítulo 1 Nos artigos 12 e 13, a LDB 9394/96 incentiva o trabalho coletivo, articulado e dialógico e Cury (2002) acrescenta a necessidade de intensificação das novas relações que devem ser estabelecidas, entre as instâncias de poder quando nos diz: Mas por implicar tanto as unidades escolares como os sistemas de ensino, a gestão vai além do estabelecimento e se coloca como um desafio de novas relações (democráticas) de poder entre o Estado, o sistema educacional e os agentes deste sistema nos estabelecimentos de ensino (CURY, 2002, p. 173). Regina Vinhaes Gracindo (2007) amplia o ‘olhar’ quando sinaliza, que o texto contido na LDB 9394/96, fala somente da gestão democrática da escola e não dos sistemas de ensino, mas [...] se entendemos que o ensino público envolve tanto as escolas, como os sistemas de ensino, isto é, as redes e Secretarias de Educação, então, podemos falar também em gestão dos sistemas de ensino. E é assim que aqui encaramos o processo de gestão democrática: nas escolas e nos sistemas de ensino (GRACINDO, 2007, p.12). O Ministério da Educação - MEC apresenta um conjunto de programas (alimentação, transporte escolar, PDDE/Programa Dinheiro Direto na Escola etc.) e disponibiliza a todas as escolas ou redes de ensino do Brasil previstos em lei ou em medida provisória. Todos os outros programas não obrigatórios, por força da norma legal de serem cumpridos, podem ter seu acesso condicionado à elaboração do Plano de Ações Articuladas - PAR. Assim, os estados e municípios somente terão a assistência técnica e financeira envolvendo os programas de transferência voluntária do MEC, via PAR. As escolas estão se organizando buscando a participação de toda a comunidade escolar desde a elaboração do Projeto Político Pedagógico, até a constituição do Conselho Escolar, Grêmio Estudantil, Associação de Pais e Professores etc. e a sua efetiva atuação, junto aos outros conselhos ligados direta ou indiretamente a unidade escolar. Libâneo (2004, p. 102) reforça esta necessidade, pois “A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar”. 18 Organização e Desafios da Gestão Escolar E isto, segundo o referido autor citado anteriormente, só é possível com um trabalho de equipe. Esta forma de gestão que [...] por meio da distribuição de responsabilidades, da cooperação, do diálogo, do compartilhamento de atitudes e modos de agir, favorece a convivência, possibilita encarar as mudanças necessárias, rompe com as práticas individualistas e leva a produzir melhores resultados de aprendizagem dos alunos (LIBÂNEO, 2004, p.103). Nesse movimento, não é apenas o aluno que aprende. Todos aprendem, pois “Na lógica da participação se aprende, porque a própria participação é um processo de vivência e aprendizagens coletivas” (WITTMANN; NAVARRO; DOURADO; AGUIAR e GRACINDO, 2006, p. 16). O panorama da educação brasileira demonstra um quadro em transição na busca da superação das dificuldades e na procura de caminhos alternativos requerendo o envolvimento dos educadores e, sobretudo, da sociedade em geral. As Secretarias de Educação devem organizar a sua participação junto aos diferentes conselhos da comunidade local e também propiciar e incentivar o envolvimento das escolas para que haja efetiva participação de toda a comunidade escolar (pais, alunos, profissionais da educação e comunidade local) na delimitação das políticas de educação que se desenvolvem em ambos os locais – escolas e sistemas (NÓVOA, 1999, p. 27). A participação na educação escolar segundo Lück (2008, p. 29), [...] caracteriza-se por uma força de atuação consciente pela qual os membros de uma unidade social reconhecem e assumem seu poder de exercer influênciana determinação da dinâmica dessa unidade, de sua cultura e de seus resultados, poder esse resultante de sua competência e vontade de compreender, decidir e agir sobre questões que lhe são afetas, dando-lhe unidade, vigor e direcionamento firme. A ação pedagógica desenvolvida no espaço escolar nessa perspectiva está diretamente vinculada à formação humana, ao exercício da democracia (com a gestão democrática) e consequentemente à democratização da sociedade e “[...] à universalização das condições objetivas de educação” (WITTMANN, et. al., 2006, p.12). Na lógica da participação se aprende, porque a própria participação é um processo de vivência e aprendizagens coletivas (WITTMANN; NAVARRO; DOURADO; AGUIAR e GRACINDO, 2006, p. 16). 19 O Desenvolvimento da Democracia Participativa Capítulo 1 Atividade de Estudos: 1) Relendo o texto assinale as alternativas corretas nas frases abaixo: ( ) Na perspectiva de uma gestão democrática, todos têm a possibilidade de participar da ação educacional escolar, mas somente os alunos é que aprendem. ( ) A ação pedagógica desenvolvida no espaço escolar, na perspectiva apontada neste texto, contribui diretamente com a formação humana do coletivo escolar. ( ) O exercício da democracia é possibilitado à sociedade somente no período eleitoral. ( ) A efetiva participação da comunidade escolar é um exercício de democracia. Para saber mais sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional acesse o site - Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ CCIVIL_03/LEIS/L9394.htm>. Acesso em: 20 jun. 2012. Naura Syrya Carapeto Ferreira (2004), nos seus escritos em “Repensando e ressignificando a gestão democrática na “cultura globalizada” nos diz: Não é tarefa fácil, mas necessária! É um compromisso de quem toma decisões – a gestão –, de quem tem consciência do coletivo – democrática –, de quem tem a responsabilidade de formar seres humanos por meio da educação. Assim se configura a gestão democrática da educação que necessita ser pensada e ressignificada na “cultura globalizada”, imprimindo-lhe um outro sentido (2004, p.1241). Na lógica da participação se aprende, porque a própria participação é um processo de vivência e aprendizagens coletivas (WITTMANN; NAVARRO; DOURADO; AGUIAR e GRACINDO, 2006, p. 16). 20 Organização e Desafios da Gestão Escolar Ferreira (2004) acrescenta que tudo se globalizou e continua a se globalizar: capital, tecnologia, gestão, informação, mercados internos, terrorismo, racismo e violência, crueldade, competição, coisificação, banalização, ocasionando, em extensividade e em intensividade, uma revolução no mundo do trabalho e na sua organização, na produção de bens e serviços, nas relações internacionais e nas culturas locais, transformando o próprio princípio das relações humanas e da vida social (FERREIRA, 2004, p.1230). Assim, a instituição de ensino, nos tempos atuais de globalização - econômica, cultural, social, tecnológica etc., necessita assumir-se como espaço social procurando, propiciar as crianças e jovens uma educação intencional de qualidade social, investindo na formação humana e possibilitando o sucesso, não para poucos, mas para todos. Algumas Considerações Prezado Pós-Graduando, neste primeiro capítulo iniciamos a discussão sobre a Gestão Escolar abordando um dos princípios básicos definidos na Constituição Nacional (1988), a democracia participativa e também a gestão escolar democrática preceito firmado na Lei de Diretrizes e Bases – LDB nº 9394/96 e no Plano Nacional de Educação - PNE. Sabemos que essa nova perspectiva de educação escolar é um processo e, por isso, está em mudanças constantes e que exige dos profissionais da educação conhecimento, comprometimento e responsabilidade, para que de fato esse preceito seja cumprido. A participação de toda a comunidade escolar é fator imprescindível para uma gestão democrática no espaço institucional da educação possibilitando a formação humana para todos. O exercício da democracia nas instituições de ensino, buscando a participação da comunidade escolar, permite que, atentos às mudanças sociais, as pessoas ampliem esse movimento, atuando de forma responsável também na sociedade como cidadãos conscientes. No capítulo a seguir, vamos a partir da conceituação de gestão democrática escolar, apresentar a organização e ordenamento da educação nacional, tendo como suporte, os preceitos legais da educação brasileira, que estabelecem o regime de colaboração que é a base na organização dos sistemas de educação nacional, nos seus diferentes níveis. 21 O Desenvolvimento da Democracia Participativa Capítulo 1 Referências BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1998. Disponível em: <www.mec.gov.br/legis/default.shtm>. Acesso em: 20 mai. 2012. _____. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional: Lei n. 9.394/ 96. Disponível em: <www.mec.gov.br/legis/default.shtm>. Acesso em: 20 mai. 2012. _____. Lei nº. 10.172, de 9 de janeiro de 2001. Aprova o Plano Nacional de Educação e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 10. jan. 2001. Seção 1, p. 01. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ leis_2001/l10172.htm>. Acesso em: 12 ago. 2012. _____. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Conselho Escolar como espaço de formação humana: círculo de cultura e qualidade da educação. WITTMANN, Lauro Carlos; NAVARRO, Ignez Pinto; DOURADO, Luiz Fernandes; AGUIAR, Márcia Ângela da Silva; GRACINDO, Regina Vinhaes. Brasília: MEC, 2006. Disponível em: <www.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ Consescol/cad%206.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2012. CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1994. CURY, Carlos Roberto Jamil. Gestão Democrática da Educação: exigência e desafios. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, v. 18, nº 2 (jul./dez. 2002). São Bernardo do Campo: ANPAE, 2002. FERREIRA, Naura Syrya Carapeto. REPENSANDO E RESSIGNIFICANDO A GESTÃO DEMOCRÁTICA DA EDUCAÇÃO NA “CULTURA GLOBALIZADA”. Educação & Sociedade, vol. 25, núm. 89, setembro-dezembro, 2004, p. 1227-1249. Disponível em:<http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed. jsp?iCve=87314213008>. Acesso em: 20 de jun. 2012. GRACINDO, Regina Vinhaes. Gestão democrática nos sistemas e na escola. Brasília: Universidade de Brasília, 2007. Disponível em: <www.mec.gov.br>. Acesso em: 18 jun. 2012. LIBÂNEO, José Carlos. Organização e gestão da escola: Teoria e Prática. Goiânia: Editora Alternativa, 2004. http://www.mec.gov.br/legis/default.shtm http://www.mec.gov.br/legis/default.shtm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm http://www.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/cad%206.pdf http://www.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/Consescol/cad%206.pdf http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=87314213008 http://redalyc.uaemex.mx/src/inicio/ArtPdfRed.jsp?iCve=87314213008 http://www.mec.gov.br 22 Organização e Desafios da Gestão Escolar LÜCK, Heloísa. A GESTÃO PARTICIPATIVA NA ESCOLA. Petrópolis, RJ: Editora Vozes, 2008. MAFRA FILHO, Francisco de Salles. A Constituição e a Democracia Participativa: plebiscito, referendo e iniciativa popular.[s.d.]. Disponível em:<http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/plebiscito.pdf>. Acesso em: 25 jun. 2012. NÓVOA, António. Para uma análise das instituições escolares. In. NÓVOA, António. (Coord.). As organizações escolares em análise. Lisboa: Publicações Dom Quixote, 1999. http://sisnet.aduaneiras.com.br/lex/doutrinas/arquivos/plebiscito.pdf CAPÍTULO 2 A Gestão Pública Escolar A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: � Identificar as novas práticas de participação sistemática e efetiva da sociedade no processo de formulação,avaliação e fiscalização da política de educação através de mecanismos institucionais (Conselhos). � Selecionar os mecanismos que viabilizam a gestão participativa na escola e diferenciar os avanços e dificuldades da gestão pública da escola. 24 Organização e Desafios da Gestão Escolar 25 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 Contextualização A Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 1988, apresenta, no art. 206, a gestão democrática da educação como um de seus princípios fundamentais e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB nº 9493/96) que confirma os preceitos constitucionais e especifica, entre outros aspectos, a organização do sistema de ensino no Brasil e estabelece que os sistemas de ensino definam as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica de acordo com as suas peculiaridades, com a participação dos profissionais da educação e da comunidade escolar e local na elaboração do projeto pedagógico da escola e, na atuação em conselhos escolares ou equivalentes. Assim a gestão democrática é ao mesmo tempo um objetivo e um caminho das escolas públicas. É um objetivo, pois é uma meta a ser alcançada e sempre aprimorada. É um caminho, porque é processo, com avanços e retrocessos, com possibilidades e dificuldades necessitando de avaliação permanente e de reorganização contínua do seu processo de construção. Neste capítulo desenvolvemos um estudo sobre a participação organizada da sociedade na educação; o regime de colaboração entre municípios, estados e governo federal; os diversos órgãos colegiados; os conselhos de educação no Brasil e sistemas de ensino. Desejamos que, com acesso as informações e conceitos disponibilizados e os questionamentos levantados neste texto, você estabeleça uma relação dialógica e que possibilite construir novos conhecimentos. Uma excelente leitura! Um ótimo estudo! O que é Gestão? Voltamos a buscar na origem da palavra, o seu significado construído historicamente e que como movimento adquire diferentes tratamentos, mas nunca perdendo sua raiz etimológica. Etimologicamente, gestão vem do latim gestio, gerere, gerire, gestum, com o significa de levar sobre si, realizar, chamar a si, executar, exercer, gerar, ato de administrar, de gerenciar. Desde os primórdios a palavra traz um significado de envolver o sujeito, visto que, um dos substantivos derivados deste verbo é gestatio - que quer dizer gestação: um novo ser. “Ger” (raiz etimológica) significa fazer brotar, fazer nascer, como na gestação humana (CURY, 2002). Etimologicamente, gestão vem do latim gestio, gerere, gerire, gestum, com o significa de levar sobre si, realizar, chamar a si, executar, exercer, gerar, ato de administrar, de gerenciar. 26 Organização e Desafios da Gestão Escolar Gestão implica na participação de pessoas, dialogando, interrogando, buscando respostas para os conflitos, conforme nos diz Cury (2002). Para reafirmar seu pensamento, o autor traz o pensamento do filósofo Antônio Gramsci, “[...] por vezes, é mais notável (e algumas vezes corajoso) difundir uma verdade já conhecida, mas pouco socializada, do que descobrir uma realidade original (CURY, 2002, p. 165). Antônio Gramsci (1891 a 1937), filósofo italiano, cientista social e político, que muito contribuiu para a humanidade com suas ideais. Figura 4 - Antônio Gramsci Fonte: Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/ Antonio_Gramsci>. Acesso em: 20 mai. 2012. Assim, seguindo este pensamento, a gestão na educação é uma nova maneira de administrar democraticamente, com a efetiva participação e envolvimento coletivo e o permanente diálogo com seus membros. A Gestão Democrática na Educação Prezado Pós-Graduando, Alertamos para que diferenciem gestão na educação escolar de gestão empresarial, mesmo que a primeira seja fruto das teorias administrativas econômicas (SILVA, 2009), mas contrapondo-se a lógica empresarial no campo da educação (PARO, 2008). As análises e discussões sobre políticas e gestão da educação sobre as formas de organização social, decorrentes da reestruturação econômica http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Gramsci http://pt.wikipedia.org/wiki/Antonio_Gramsci 27 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 tem sido debatida por estudiosos como Cury (2002; 2004), Dourado (2007), Ferreira (2000; 2004; 2011), Lück (2000; 2006), Nóvoa (1999), Paro (2008) e Wittmann (2000), decorrente dos questionamentos e das investigações sobre a natureza, os impactos e as influências do mercado na educação. As mudanças na concepção de gestão na educação no Brasil vêm evoluindo a cada dia, mas faz-se necessário reconhecer, segundo Dourado (2007, p. 923), que “[...]a discussão sobre a gestão da educação básica apresenta-se a partir de várias proposições, bem como concepções e cenários complexos, articulados aos sistemas de ensino”. Considerando a especificidade do sistema educacional brasileiro, percebemos que muitas das transformações que ocorreram no cenário nacional adotaram ações democráticas, de interação e participação da comunidade, buscando a troca de experiência para solucionar os problemas do coletivo. Figura 5 - No coletivo a resolução dos problemas escolares Fonte: Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/seb/img/ conselhos/cabecalho.jpg>. Acesso em: 20 jun. 2012. Sabemos que a gestão democrática efetivamente acontece, quando as ações geradas são advindas da participação de todos, contrariando a cultura escolar cristalizada da lógica hierárquica existente quase sempre na gestão das escolas. Atividade de Estudos: 1) Leia as alternativas a seguir sobre a participação, conceito relevante para a gestão democrática na educação. I. A participação na gestão escolar da comunidade leva a conquista da autonomia da unidade escolar tanto pedagógica, quanto financeira, administrativa e cultural. Considerando a especificidade do sistema educacional brasileiro, percebemos que muitas das transformações que ocorreram no cenário nacional adotaram ações democráticas, de interação e participação da comunidade, buscando a troca de experiência para solucionar os problemas do coletivo. http://portal.mec.gov.br/seb/img/conselhos/cabecalho.jpg http://portal.mec.gov.br/seb/img/conselhos/cabecalho.jpg 28 Organização e Desafios da Gestão Escolar II. A possibilidade de abrir espaços de participação para envolver a comunidade escolar e local impede que iniciativas solidárias e criativas sejam manifestadas. III. A gestão democrática efetivamente acontece, quando as ações geradas são advindas da participação de todos, contrariando a cultura escolar cristalizada, da lógica hierárquica existentes quase sempre, na gestão das instituições de ensino. Assinale a resposta correta: a) ( ) As alternativas I e II estão corretas. b) ( ) As alternativas I e III estão corretas. c) ( ) As alternativas II e III estão corretas. d) ( ) Nenhuma alternativa está correta. A evolução da conceituação da gestão da educação, entendida como processo tanto administrativo como político e movimento histórico, extrapola os muros escolares e revela um novo modo de relação de poder entre governo e população e precisa ser compreendida a partir dos conceitos mais amplos da área educacional. A Gestão Democrática como Espaço de Formação Na história da educação brasileira, a democratização da escola púbica é uma discussão presente e permanente. Até a promulgação da Constituição Federal (1988), o Estado exercia poder supremo e as decisões políticas brasileiras, tinham cunho técnico e especializado. Como vimos no capítulo anterior, a partir da Constituição Federal em 1988, foram elaboradas e promulgadas legislações complementares com ênfase na gestão democrática com a participação da sociedade civil. Especificamente na área da educação, a LDB nº 9394/1996 e outras diretrizes normativas, transparecem as intençõespara a promoção da gestão participativa na rede de ensino público. A Lei Magna - Constituição Federal em seu art. 205, prevê que a educação seja promovida e incentivada com a colaboração da sociedade e estabelece no art. 206, alguns princípios para o ensino entre eles, a gestão democrática do ensino público. Na história da educação brasileira, a democratização da escola púbica é uma discussão presente e permanente. 29 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 A lei acima citada diz que, como condição para o estabelecimento da gestão democrática é preciso que os sistemas de ensino assegurem às unidades escolares públicas de educação básica que as integram, progressivos graus de autonomia pedagógica, administrativa e financeira, observadas as normas gerais de direito financeiro público (LDB nº 9394/96, art. 15). A LDB nº 9394/1996, abrindo espaço para a autonomia dos entes federados determina, no art. 14, que os sistemas de ensino definam as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: a) participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; b) participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Figura 6 - A participação dos profissionais da educação na elaboração do PPP Fonte: Raizes e Asas. Trabalho coletivo na escola. CENPEC, 1994. Essa possibilidade de abrir espaços para envolver a comunidade escolar e local permite que iniciativas solidárias e criativas sejam manifestadas. Além disso, no diálogo, na troca de experiências, buscar a solução para suprir as necessidades e resolver os problemas dentro de um consenso coletivo. Contudo, participação e autonomia têm significados diferentes dependendo das concepções pessoais. Guterrez e Catani (2011) trazem essa preocupação também presente nas diferentes linhas teóricas em compreender e classificar, “a ideia de participação como alternativa administrativa e estratégica” (GUTERREZ; CATANI, 2011, p. 74) estabelecendo-se critérios consensuais. Os autores contribuem trazendo o filósofo alemão Jürgen Habermas que diz: “Participar significa que todos podem contribuir, com igualdade de oportunidades, nos processos de formação discursiva da vontade”. Ou seja, segundo os autores “ajudar a construir comunicativamente o consenso quanto a um plano de ação coletivo” (GUTERREZ; CATANI, 2011, p. 76). No diálogo, na troca de experiências, buscar a solução para suprir as necessidades e resolver os problemas dentro de um consenso coletivo. 30 Organização e Desafios da Gestão Escolar Falando sobre a autonomia na educação, Maria Beatriz Luce e Isabel Letícia Pedroso de Medeiros (2008), no texto Gestão Democrática Pensar a autonomia é uma tarefa que se apresenta de forma complexa, pois se pode crer na ideia de liberdade total ou independência, quando temos de considerar os diferentes agentes sociais e as muitas interfaces e interdependências que fazem parte da organização educacional. Por isso, deve ser muito bem trabalhada, a fim de equacionar a possibilidade de direcionamento camuflado das decisões, ou a desarticulação total entre as diferentes esferas, ou o domínio de um determinado grupo, ou, ainda, a desconsideração das questões mais amplas que envolvem a escola (LUCE; MEDEIROS, 2008, p. 2). Nóvoa (1999) analisa em um de seus textos os determinantes para a eficiência da organização das escolas, entre eles a “colaboração das famílias na vida escolar” e que [...] é preciso romper, de uma vez por todas, com a ideia de que as escolas pertencem (grifo do autor) à corporação docente. Os pais enquanto grupo interveniente no processo educativo, podem dar um apoio activo às escolas e devem participar num conjunto de decisões que lhes dizem directamente respeito (NÓVOA, 1999, p. 28). O autor aponta para outro conceito importante que leva a atuação efetiva da comunidade escolar que é o da “imagem pública da escola”. As escolas são diferentes umas das outras e a busca da identidade de cada uma delas só é possível com a participação de todos os envolvidos. “Sem renunciar aos seus próprios valores e ideologias, cada membro de escola deve procurar a identificação a um conjunto de valores comuns que edificam a identidade da organização (NÓVOA, 1999, p. 29). A eficiência implica na efetivação concreta de deveres e na satisfação dos cidadãos nos seus direitos, efetivados com padrão de qualidade que atendam às normas técnicas, sem duplicação de meios para mesmos fins e uso de recursos contemporâneos de administração e gestão. Ela deve buscar o grau máximo de realização dos objetivos de um setor. A eficiência exige tanto conhecimentos especializados, complexos que postulam uma formação própria, mas cujos conteúdos não são mistérios ou segredos intransponíveis quanto meios existentes para os efetivar (CURY, 2002, p. 168). Pensar a autonomia é uma tarefa que se apresenta de forma complexa, pois se pode crer na ideia de liberdade total ou independência, quando temos de considerar os diferentes agentes sociais e as muitas interfaces e interdependências que fazem parte da organização educacional. Sem renunciar aos seus próprios valores e ideologias, cada membro de escola deve procurar a identificação a um conjunto de valores comuns que edificam a identidade da organização (NÓVOA, 1999, p. 29). 31 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 Autores como Paro (2008), Lück (2000; 2006), Wittmann (2000) reafirmam essa concepção dizendo que a participação na gestão escolar da comunidade leva a conquista da autonomia da unidade tanto pedagógica, quanto financeira, administrativa e cultural. Através da autonomia, são geridas novas relações sociais opostas às autoritárias existentes, que respeite a diversidade e a individualidade do outro, buscando o intercâmbio com outras experiências sociais o que leva a democratização do sistema público de ensino. Autonomia, conforme cita Heloísa Lück (2000) [...] no contexto da educação, consiste na ampliação do espaço de decisão, voltada para o fortalecimento da escola como organização social comprometida reciprocamente com a sociedade, tendo como objetivo a melhoria da qualidade do ensino. Autonomia é a característica de um processo de gestão participativa que se expressa, quando se assume com competência a responsabilidade social de promover a formação de jovens adequada às demandas de uma sociedade democrática em desenvolvimento, mediante aprendizagens significativas (LÜCK, 2000, p. 21). Outro conceito imprescindível numa concepção democrática de gestão escolar é o da descentralização, que é um meio e não um fim, na construção da autonomia. A gestão democrática pressupõe a descentralização do poder para as escolas, permitindo que haja uma comunicação direta com a mesma, eliminando as instâncias de poder intermediárias. Entretanto, Lück (2000), aponta que muitas vezes a descentralização é aplicada para gerenciamento de processos e recursos numa perspectiva de mercado ou para dividir com os órgãos centrais as responsabilidades do sistema educativo que nos últimos anos se expandiu. Ou ainda, Quando se observa que alguns sistemas de ensino descentralizam, centralizando, isto é, dando um espaço com uma mão, ao mesmo tempo que tirando outro espaço, com outra, pode-se concluir que o princípio que adotam não é o da democratização, mas o de maior racionalidade no emprego de recursos e o de busca de maior rapidez na solução dos problemas (LÜCK, 2000, p. 17). A descentralização, a autonomia e a participação da comunidade escolar contribuem para a formação não apenas dos alunos, mas de todos, pois o exercício de discussão, de análise e de tomada de decisões no espaço escolar, na escolha e elaboração do projeto político pedagógico é um meio para a formação democrática, ampliando o olhar paraa atuação dos membros, no processo democrático da organização da sociedade civil. São conceitos interligados e implicam se considerarmos a escola, o centro da educação na formação da cidadania. Autonomia é a característica de um processo de gestão participativa que se expressa, quando se assume com competência a responsabilidade social de promover a formação de jovens adequada às demandas de uma sociedade democrática em desenvolvimento, mediante aprendizagens significativas (LÜCK, 2000, p. 21). 32 Organização e Desafios da Gestão Escolar Atividade de Estudos: 1) De que modo pode-se oportunizar a participação da comunidade educativa, a partir da diversidade dos diferentes atores sociais? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Sabemos que o universo escolar e suas inter-relações são especificamente complexos e que somente através do exercício do diálogo e do reconhecimento histórico dos diferentes atores deste processo, o respeito aos que não pensam como nós educadores. Diálogo, como peça fundamental desse caminho de construção coletiva como “o reconhecimento da infinita diversidade do real que se desdobra numa disposição generosa de cada pessoa para tentar incorporar ao movimento do pensamento algo da inesgotável experiência da consciência dos outros” (FERREIRA, 2000, p. 172). Historicamente, ao analisarem as políticas públicas, os teóricos entre eles: Cury (2002; 2004), Dourado (2007), Ferreira (2000; 2004; 2011) e Paro (2008), apontam que na década de 1960, as discussões giraram em torno da implementação das decisões políticas; nos anos 1970, na reorganização do Estado de bem-estar social. A década de 1980 é marcada pela discussão e promulgação da Constituição e da configuração dos sistemas e redes. Nos anos posteriores intensificou-se a influência mercadológica e os alinhamentos da concepção neoliberal com tema dominante da eficiência da gestão pública, levando a reforma administrativa nos diferentes níveis de governo, utilizando métodos e técnicas do setor empresarial para gerir o setor público. Nos anos posteriores intensificou- se a influência mercadológica e os alinhamentos da concepção neoliberal com tema dominante da eficiência da gestão pública, levando a reforma administrativa nos diferentes níveis de governo, utilizando métodos e técnicas do setor empresarial para gerir o setor público. 33 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 Estado de bem-estar social é uma forma de organização social, política e econômica, que coloca o Estado como defensor social e regulador da economia, garantindo serviços públicos e proteção a toda população. Prezado Pós-Graduando, faz-se necessário, que o processo de elaboração de uma política pública não seja superficialmente visto como ato político, administrativo ou simplesmente burocrático. As políticas públicas recebem influência do contexto social, incorporando representações e valores sociais. Programas e ações governamentais podem levar a mudanças desejadas tanto pelo governo como pela população. Contudo, é imprescindível, enquanto educadores conhecermos alguma das propostas do MEC que podem contribuir com a gestão democrática da educação escolar nacional, como veremos a seguir. O Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), é um conjunto de estratégias e atos normativos para a implementação de ações articuladas entre os entes federados e a União. O PDE é considerado o plano executivo das políticas do MEC. A proposta do MEC é que os programas de transferência voluntária passem a ter acesso por meio do Plano de Ações Articuladas (PAR), instrumento de planejamento educacional integrante da principal ação do PDE: o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. Para saber sobre o Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/ diretrizes_compromisso.pdf>. Acesso em: 20 jun. 2012. As dimensões educacionais integrantes do PAR são: a) gestão educacional; b) formação de professores e dos profissionais de serviço e apoio escolar; c) práticas pedagógicas e avaliação; d) infraestrutura física e recursos pedagógicos http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/diretrizes_compromisso.pdf http://portal.mec.gov.br/arquivos/pdf/diretrizes_compromisso.pdf 34 Organização e Desafios da Gestão Escolar Para saber mais sobre o PAR ver site. Disponível em: <http:// simec.mec.gov.br/cte/relatóriospublico/principal.php>. Acesso em: 20 jun. 2012. Para conhecer as 20 Metas do PNE para a educação brasileira até 2020, visite o site do MEC. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/ plano-nacional-de-educaao-2011-2020>. Acesso em: 20 jun. 2012. Também Programas como: Transporte Escolar, Gestão Escolar, Mais Educação, Escola Aberta, Saúde Escolar, Escola de Gestores da Educação Básica, PRADIME - Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação, Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares, Programa Nacional de Capacitação dos Conselheiros Municipais de Educação, Pró- Letramento, Pró-Infantil, PNBE- Programa Nacional de Bibliotecas Escolares, Gestar II, PNLD - Programa Nacional do Livro Didático, PROINFO entre outros têm contribuído para o desenvolvimento da gestão democrática e precisam ser constantemente avaliados e replanejados. Para saber mais sobre os Programas desenvolvidos pelo Governo Federal. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br>. Acesso em: 20 jun. 2012. O Regime de Colaboração e a Legislação da Educação Brasileira O modelo vigente de organização de ensino no Brasil, com o movimento dos anos 1990 de democratização da educação, concretizada na LDB 9.394/96, que tem nos princípios de descentralização, da autonomia e participação suas principais características, redefine o modelo de escola exigindo mudanças expressivas no âmbito estrutural e cultural da educação escolar, principalmente da sua gestão. Segundo a professora Lucia Helena Gonçalvez Teixeira (s.d.), esse movimento, provoca mudanças http://simec.mec.gov.br/cte/relatóriospublico/principal.php http://simec.mec.gov.br/cte/relatóriospublico/principal.php http://portal.mec.gov.br/plano-nacional-de-educaao-2011-2020 http://portal.mec.gov.br/plano-nacional-de-educaao-2011-2020 http://portal.mec.gov.br/ 35 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 [...] no papel do Estado em matéria de ensino e enfatiza-se o papel da escola como espaço de concretização das mudanças pretendidas. Trata-se de um novo paradigma que rompe com a estrutura burocrática instalada e preceitua a reorganização dos sistemas de ensino e da unidade escolar do país. Esta perspectiva atual, de educação se torna mais significativa quando ela expressa um movimento histórico onde as pessoas passam a exigir esse novo modo de ser nas relações de poder existentes no sistema educacional questionando e exigindo a garantia de seus direitos enquanto cidadãos. Prezado Pós-Graduando! Para você entender o ordenamento jurídico da educação brasileira um pouco mais, vamos refletir e conceituar as terminologias atualmente utilizadas: Órgão Colegiado, Conselhos, Conselho Escolar, tendo em vista o sistema de colaboração. Sistemade Colaboração O Brasil como país, assim como outros (Canadá, Austrália, Rússia), com uma grande dimensão geográfica de regime tendem a se regular por regimes federativos. A colaboração recíproca foi o melhor modelo encontrado para dar conta de normas gerais, diretrizes, bases e autonomia federativa, pois os municípios passaram a ser entes federativos e titulares de seus sistemas de ensino. A Constituição Federal de 1988, estabelece no art. 211, que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão seus sistemas de ensino, em regime de colaboração, garantindo a autonomia constitucional de cada uma das esferas do Poder Público. Sistema de Colaboração entre os entes Federados Você certamente já leu ou ouviu falar que a responsabilidade da educação no Brasil é feita em sistema de colaboração entre os entes federados. Mas o que isso significa? Educação se torna mais significativa quando ela expressa um movimento histórico onde as pessoas passam a exigir esse novo modo de ser nas relações de poder existentes no sistema educacional questionando e exigindo a garantia de seus direitos enquanto cidadãos. 36 Organização e Desafios da Gestão Escolar Quais são as responsabilidades do município em relação à educação? Quais são as responsabilidades dos estados e do governo federal? No quadro abaixo você poderá entender esta questão. O Brasil é organizado de forma federativa, por isso é preciso saber a que governo cabe a oferta de cada nível de ensino. Essa forma de organização é importante, pois possibilita que seja considerada as características de cada região e ao mesmo tempo há o envolvimento de todos no processo educacional. Conforme define a Constituição Federal de 1988, a responsabilidade está assim definida: a) Os Municípios têm como responsabilidade a oferta da EDUCAÇÃO INFANTIL, em creches e pré-escolas. b) O ENSINO FUNDAMENTAL é competência comum, ou seja, responsabilidade compartilhada entre ESTADOS e MUNICÍPIOS. Estados e Municípios devem estabelecer “formas de colaboração” para assegurar o ensino fundamental obrigatório para todos. Para isso, devem acertar uma “distribuição proporcional de responsabilidades”, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros que cada governo tem para aplicar na educação. c) Aos Estados brasileiros compete o ENSINO MÉDIO. d) Governo Federal Embora a União não tenha responsabilidade pelo provimento direto de Educação Básica, ainda assim a Lei determina que esta tenha a responsabilidade pela coordenação da política nacional de educação, exercendo as seguintes funções: a) redistributiva e supletiva - assistência financeira e cooperação técnica, como Fundef e outros programas do FNDE; b) normativa - leis, decretos, portarias federais e pareceres e resoluções do Conselho Nacional de Educação; 37 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 c) organização de informações e avaliação educacional- Censo Escolar, SAEB, ENEM, Prova Brasil, e outros. Atividade de Estudos: 1) Caro Pós-Graduando! Após a leitura do texto sobre o sistema de colaboração, reflita e escreva em poucas palavras por que esta é considerada a melhor forma de organizar o ensino nacional? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ a) Órgão Colegiado Na administração pública, órgão colegiado, dentro da sua atribuição definida por lei, decide um assunto ligado ao exercício de uma função pública. É um órgão dirigente, com pessoas dedicadas a mesma função. Participam de um órgão colegiado, várias pessoas, com poderes idênticos e com funções compartilhadas, pois o presidente do órgão tem a função de coordenar sessões, representar o conselho e cumprir o regimento ou estatuto. Segundo Cury (2004) o debate, diálogo e a decisão coletiva são próprios do órgão colegiado. Além da igualdade de funções entre seus membros, e a decisão coletiva, a periodicidade - sessão programada é característica desse colegiado. É importante ressaltar que ao se encerrar a sessão acaba a competência dos participantes sobre os assuntos da pauta programada. É um órgão dirigente, com pessoas dedicadas a mesma função. Participam de um órgão colegiado, várias pessoas, com poderes idênticos e com funções compartilhadas, pois o presidente do órgão tem a função de coordenar sessões, representar o conselho e cumprir o regimento ou estatuto. 38 Organização e Desafios da Gestão Escolar b) Conselhos Na perspectiva da gestão escolar democrática, o conselho escolar é uma das estratégias para efetivação de um projeto de educação que contribua para a formação humana tanto dos alunos quanto dos educadores. É um espaço de diálogo permanente onde as pessoas possam falar de si, dos seus anseios e convicções e ao mesmo tempo aprendam a ‘ouvir’ o outro, na busca de uma educação de qualidade para todos. Por isso, é preciso levar em conta que em cada instituição escolar existem indivíduos diferentes, concepções de vida diversas, diversidade cultural e ao mesmo tempo se pensar num projeto coletivo de educação. Contudo, “[...] é importante ressaltar que essa perspectiva só ganha essa dimensão quando é coordenada pelo poder público e legitimada por um acordo entre governo local e sociedade civil organizada” (CEFISA, 2009, p. 15). Mas, para entendermos o momento atual faz-se necessário, como veremos a seguir, conhecermos a constituição histórica dos conselhos, seus aspectos legais e sua estrutura organizacional no Brasil. • História dos Conselhos A origem dos conselhos é muito divergente. O que sabemos é que as instituições de cunho social se constituem historicamente. Escolhemos trazer Genuíno Bordignon (2004), que em seu texto, faz uma retrospectiva da constituição dos conselhos desde os primórdios da civilização, dizendo Os registros históricos indicam que já existiam, há quase três milênios, no povo hebreu, nos clãs visigodos e nas cidades- Estado do mundo grego-romano, conselhos como formas primitivas e originais de gestão dos grupos sociais. A Bíblia registra que a prudência aconselhara Moisés a reunir 70 “anciãos ou sábios” para ajudá-lo no governo de seu povo, dando origem ao Sinédrio, o “Conselho de Anciãos” do povo hebreu (BORDIGNON, 2004, p. 13). Segundo o autor acima citado, a constituição histórica dos conselhos passa pela “Comuna Italiana”, com as experiências dos conselhos dos operários no âmbito das fábricas; com os sovietes russos - de São Petersburgo e os conselhos da Revolução Russa; na Alemanha o conselho das fábricas e/ou de operários (1918-1923); na Espanha (1934-1937); na Hungria (1950) e na Polônia (1969- [...] é importante ressaltar que essa perspectiva só ganha essa dimensão quando é coordenada pelo poder público e legitimada por um acordo entre governo local e sociedade civil organizada (CEFISA, 2009, p. 15). 39 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 1970) se constituíram antes mesmo da organização do Estado, dando origem aos atuais Poderes Legislativo e Judiciário. [...] exerciam a democracia direta e/ou representativa como estratégia para resolver tensões e conflitos resultantes dos diferentes interessese, ao contrário dos conselhos de notáveis das cortes, eram a voz das classes que constituíam as comunidades locais, seja nas cidades-Estados grego- romanas, nas comunas italianas e de Paris, ou nas fábricas da era industrial (BORDIGNON, 2004, p. 16). Figura 7 - Soviete de Petrogrado Fonte: Disponível em: <http://www.pstu.org.br/teoria_materia. asp?id=7302&ida=61>. Acesso em: 20 ago. 2012. Dentro dessa configuração e com uma representação social e histórica, os conselhos situaram-se quase sempre, no interesse da sociedade na manutenção do “statu quo” da elite. Atualmente, os conselhos organizados legalmente, têm participação garantida, interferindo ativamente, na gestão das políticas públicas brasileiras. No Brasil, os conselhos, na perspectiva da configuração do cenário educativo atual aparecem na década de 1980 no movimento de reorganização da sociedade civil que buscava novos espaços de organização e participação. A administração da educação e das escolas públicas, especificamente ganha um novo perfil acompanhando o movimento de redemocratização do Estado brasileiro. Etimologicamente a palavra ‘conselho’ vem do latim “concilian” que provém do verbo “consulo/consulere” que significa ouvir alguém, debater, apresentar sugestões sobre determinado assunto para depois decidir sobre este (CURY, 2004, p. 12). No Brasil, os conselhos, na perspectiva da configuração do cenário educativo atual aparecem na década de 1980 no movimento de reorganização da sociedade civil que buscava novos espaços de organização e participação. http://www.pstu.org.br/teoria_materia.asp?id=7302&ida=61 http://www.pstu.org.br/teoria_materia.asp?id=7302&ida=61 40 Organização e Desafios da Gestão Escolar Cury (2002) em seu texto “Gestão Democrática da Educação: exigência e desafios”, discute esses conceitos, determinados na Lei Maior, que regem a administração pública e que dizem respeito às ações e atos que envolvem a comunidade, como é o caso dos conselhos. Os conselhos de educação são órgãos administrativos existentes na estrutura da organização da educação no Brasil, e exercem funções normativas, deliberativas, fiscalizadoras e de planejamento. Organização dos Conselhos de Educação no Brasil No Brasil, os espaços colegiados, da educação ocorrem em diferentes instâncias de poder. Temos assim os seguintes conselhos: • Conselho Nacional • Conselhos Estaduais • Conselhos Municipais • Conselhos Escolares a) Conselho Nacional O Conselho Nacional de Educação segundo o art. 9, § 1º da LDB 9394/96, tem funções normativas, deliberativas e de supervisão. É um órgão administrativo da estrutura educacional e colabora com o MEC na função consultiva e deliberativa. Tem como atribuição formular, avaliar a política nacional de educação e assegurar a participação da sociedade para o aprimoramento da mesma. Órgão Normativo - Interpreta campos específicos da legislação e aplica as normas a situações específicas. Interpreta somente as leis, mas não as cria. 41 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 Foi criado em 1931 e permaneceu até 1961 com o nome de Conselho Nacional de Educação. De 1962 a 1994, passou a ser denominado Conselho Federal de Educação, sendo recriado pela Lei 9131 de 24 de dezembro de 1995, com o nome de Conselho Nacional de Educação (CNE), tendo a participação da sociedade civil em sua composição. O CNE é composto por 24 (vinte e quatro) membros, sendo 12 (doze) indicados por associações científicas e de profissionais da educação e 2 (dois) nomeados pelo Presidente da República. Divididos em duas Câmaras autônomas, a Câmara de Educação Superior e a Câmara de Educação Básica, se reúnem mensalmente. O CNE tem o papel de articulador dos demais sistemas de ensino (Federal, Estadual e Municipal), com o compromisso da participação da sociedade civil nos destinos da educação brasileira. Os conselhos de educação estaduais, municipais e do Distrito Federal, junto com o Conselho Nacional de Educação, são órgãos de deliberação coletiva, com caráter normativo e consultivo, que segundo suas competências, interpretam e deliberam a aplicação da legislação da educação. Os conselhos também dão sugestões para o aperfeiçoamento da educação dos sistemas de ensino (CURY, 2004). b) Conselho Estadual Segundo Bordignon (2004, p. 55), os conselhos de educação dos estados e do Distrito Federal foram criados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, nº 4.024 de 1961 e foi “[...] a estratégia para a descentralização da gestão do ensino”. Conforme, previsto na Constituição Federal de 1988, vão legislar sobre a educação, a cultura, o ensino e o desporto dos estados (art. 24 alínea IX). A esse respeito, trata o art. 10, inciso I e III da LDB nº 9394/96. O Conselho Estadual de Educação é da competência do Conselho Nacional da Educação e caracteriza-se enquanto órgão normativo e deliberativo do sistema de ensino estadual. As atribuições do Conselho Estadual de Educação, determinadas pela LDB nº 4024/61 são semelhantes as do Conselho Federal, mas relacionadas ao âmbito estadual. De 1962 a 1994, passou a ser denominado Conselho Federal de Educação, sendo recriado pela Lei 9131 de 24 de dezembro de 1995, com o nome de Conselho Nacional de Educação (CNE), tendo a participação da sociedade civil em sua composição. 42 Organização e Desafios da Gestão Escolar Atividade de Estudos: 1) De acordo com o que você já estudou neste caderno de estudos e com a sua prática docente. Quais são as atribuições do Conselho Estadual de Educação, conforme nos dizem Oliveira, Moraes, Dourado (s.d): __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ Bordignon (2004, p. 56) alerta dizendo, que as mudanças que vem acontecendo desde a criação do Conselho Estadual de Educação, estão relacionadas às atribuições e a composição dos conselhos e “[...] quase sempre coincidentes com as transições de governo, o que fere a própria natureza dos mesmos”. c) Conselho Municipal Ao estabelecer o município como ente federativo autônomo, a Constituição de 1988, em seu art. 211, como já citado anteriormente, estabeleceu, que a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios “organizarão os seus sistemas de ensino”, definindo como competência desses últimos a atuação no ensino fundamental e pré-escolar. A LDB nº 9394/96, ao regulamentar tais preceitos no art. 8 reafirma essa organização explicitando o que é competência dos municípios, no seu art. 11. A descentralização do ensino público via A descentralização do ensino público via municipalização, dando atribuições de funções ao sistema municipal de ensino, sendo firmada a possibilidade, ainda dito no Parágrafo único, de optar entre compor com o estado um sistema único, ou manter-se integrado ao sistema estadual. 43 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 municipalização, dando atribuições de funções ao sistema municipal de ensino, sendo firmada a possibilidade, ainda dito no Parágrafo único, de optar entre compor com o estado um sistema único, ou manter-se integrado ao sistema estadual. • Composição: Fazem parte do Conselho Municipal de Educação representação das várias instituições e entidades municipais ligadas à área educacional, representantesindical, empresarial e de instituições privadas educacionais e pelo menos um representante da câmara de vereadores do município. • Finalidades: É finalidade do CME: buscar, fortalecer e institucionalizara participação da sociedade civil no processo de definição das políticas educacionais do município. Também consolidar planos municipais de educação, acompanhando, fiscalizando e avaliando sua aplicação. • Atribuições: Os Conselhos Municipais de Educação exercem as funções: consultiva, opinativa, deliberativa, normativa, fiscalizadora e de planejamento. • Competências: Conforme no texto: “Gestão escolar democrática: definições, princípios e mecanismos de implementação”, escrito por João Ferreira de Oliveira, Karine Nunes de Moraes e Luiz Fernandes Dourado (s.d., p. 12), a LDB nº 9394/96, determina a competência do Conselho Municipal na: a) Elaboração do plano municipal de educação com duração plurianual; b) Subsidiar a elaboração e acompanhar a execução do Plano Nacional de Educação; c) Manifestar-se sobre questões que abranjam mais de um nível ou modalidade de ensino; d) Assessorar o Ministério da Educação no diagnóstico dos problemas e deliberar sobre medidas para aperfeiçoar os sistemas de ensino, especialmente no que diz respeito à integração dos seus diferentes níveis e modalidades; e) Emitir parecer sobre assuntos da área educacional, por iniciativa de seus conselheiros ou quando solicitado pelo Ministro de Estado da Educação e do Desporto; 44 Organização e Desafios da Gestão Escolar f) Manter intercâmbio com os sistemas de ensino dos estados e do Distrito Federal; g) Analisar e emitir parecer sobre questões relativas à aplicação da legislação educacional, no que diz respeito à integração entre os diferentes níveis e modalidades de ensino; h) Analisar, anualmente, as estatísticas da educação, oferecendo subsídios ao Ministério da Educação e do Desporto; i) Promover seminários sobre os grandes temas da educação brasileira; j) Elaborar o seu regimento, a ser aprovado pelo Ministro de Estado da Educação; k) Emitir parecer sobre assuntos de natureza pedagógica e educacional que lhe forem submetidos pelo Governador do Estado, pelo Secretário da Educação, pela Assembleia Legislativa ou pelas unidades escolares; l) Interpretar, no âmbito de sua jurisdição, as disposições legais que fixem diretrizes e bases da educação; m) Manter intercâmbio com o Conselho Nacional de Educação e com os demais Conselhos Estaduais e Municipais, visando à consecução dos seus objetivos; n) Articular-se com órgãos e entidades federais, estaduais e municipais, para assegurar a coordenação, a divulgação e a execução de planos e programas educacionais. • Estrutura e funcionamento: O regimento interno é elaborado pelo Conselho Municipal estabelecendo a estrutura e funcionamento, possibilitando aos membros sempre que se faça necessário, alterações. 45 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 Atividade de Estudos: 1) Chegou a hora de pesquisar a sua realidade. Entre em contato com a secretaria municipal de educação e verifique se existe um Conselho Municipal de Educação. Se não existir, procure saber os motivos da não existência do CME. Se existir o CME investigue como é a sua atuação e a forma organizacional do sistema municipal. __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ d) Conselho Escolar O Conselho Escolar é uma organização articuladora entre a escola e a comunidade. É composto por representantes de todos os segmentos da comunidade escolar e é um espaço de debates com caráter consultivo e deliberativo conforme Dourado (2007). É parte da escola e deve estar interligado aos outros conselhos entre eles: o Municipal, Estadual, Nacional, Conselho da Criança e do Adolescente, Conselho Tutelar, da Alimentação, do FUNDEB - Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica. Maria Cecília Luiz e Celso Conti (s.d.), no texto “Políticas Públicas Municipais: Os Conselhos Escolares como instrumento de gestão democrática e formação da cidadania”, apontam a necessidade da inter-relação entre a unidade escolar e o conselho escolar, pois O Conselho Escolar é uma organização articuladora entre a escola e a comunidade. 46 Organização e Desafios da Gestão Escolar conselho e escola não são entidades distintas, integrando uma única institucionalidade. Assim, o conselho escolar não atua complementarmente, nem é superestrutura, dotado de personalidade jurídica independente; insere-se na instituição e na própria estrutura de poder da escola (LUIZ; CONTI, s. d., p. 3). Este processo de construção coletiva não acontece de forma mecânica e nem sempre sem embates. É um movimento de avanços e recuos e precisa de uma avaliação constante dos pares e do suporte técnico de especialistas e das autoridades. Atividade de Estudos: 1) Complete as lacunas com as palavras abaixo: A Constituição Federal (1988) estabelece no art. 211, que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios ____________________ seus sistemas de ensino, em regime de _____________________ garantindo a ______________________ constitucional de cada uma das ______________________ do Poder Público. Para entender a natureza, finalidades e atribuições dos Conselhos de Educação, você aluno (a) precisa saber mais sobre sistemas de ensino preconizados na LDB nº 4024/61 e consolidados na Constituição Federal de 1988 e na LDB nº 9394 de 20 de dezembro de 1996, numa perspectiva de gestão democrática da educação brasileira. Esclarecendo, o conceito da Constituição Brasileira atual referente ao sistema federativo, trazemos a contribuição de Cury (2002), que diz: A insistência, na cooperação, na divisão atribuições, a assinalação de objetivos comuns com normas nacionais gerais, indicam que, nesta Constituição, a acepção de sistema se dá como sistema federativo por colaboração, tanto quanto de Estado Democrático de direito. Esta abertura, contudo, no campo de interpretação do texto legal, dada a complexidade da teia de relações que se estabelecem, é também fonte de incertezas (CURY, 2002, p. 170). Caro Pós-Graduando! A seguir vamos conhecer um pouco sobre os sistemas de ensino no Brasil e como ocorre o sistema de cooperação e entendimento mútuo entre os entes federativos. 47 A Gestão Pública Escolar Capítulo 2 Sistemas de Ensino Atividade de Estudos: 1) O que você sabe sobre sistemas de ensino? O que você sabe sobre os sistemas municipais de educação? __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ __________________________________________________ No site do MEC <http://portal.mec.gov.br/> em Publicações você encontra: Publicações dos Conselhos Escolares. A educação brasileira, seguindo os preceitos da Constituição
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