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Avaliação de Impactos Ambientais Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. Edson Victor de Souza Revisão Textual: Maria Cecília Andreo Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso • Realizar um estudo de caso de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA), analisando seu Relató- rio de Impacto Ambiental (RIMA); • Visualizar na prática um pouco do processo de elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e procurar fazer o link com toda a teoria que já foi abordada nas unidades anteriores; • Pontuar alguns itens do projeto, para que você, futuro(a) profissional em meio ambiente, per- ceba a complexidade do trabalho e veja como é realizado na prática, contribuindo para sua formação do profissional. OBJETIVOS DE APRENDIZADO • Introdução; • Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso. UNIDADE Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso Introdução A partir dos conceitos apresentados nas unidades anteriores, para ampliar os co- nhecimentos acerca da Avaliação de Impactos Ambientais, apresenta-se na sequência um estudo de caso, a partir do qual será possível verificar a aplicação prática em uma situação real de um EIA/RIMA. O estudo apresentado refere-se ao EIA/RIMA do Prolongamento do Anel Viário – Rodovia José Roberto Magalhães Teixeira (SP-083) – no trecho compreendido entre a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) e a Rodovia Santos Dumont (SP-075), elaborado em janeiro de 2016 pela Concessionária Rota das Bandeiras, e que está disponível para con- sulta pública na página da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB). Como estrutura, o EIA/RIMA desse empreendimento teve a seguinte configuração: • Informações gerais do empreendimento; • Caracterização do empreendimento; • Estudo de alternativas; • Políticas públicas, planos, programas e projetos colocalizados; • Definição das áreas de influência (direta e indireta); • Diagnóstico ambiental (meio físico, meio biótico e meio socioeconômico); • Identificação e Avaliação de Impactos Ambientais; • Avaliação de Impactos Ambientais; • Programas ambientais; • Medidas mitigadoras, potencializadoras ou compensatórias a serem adotadas; • Avaliação ambiental; • Conclusões. Além desses itens, o EIA/RIMA elaborado para esse empreendimento disponibilizou para a análise dos órgãos ambientais: • Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) dos profissionais responsáveis pela elaboração do EIA/RIMA; • Análise da legislação incidente; • Síntese ambiental; • Projetos funcionais do trecho a ser executado; • Parecer de aprovação do Programa de Gerenciamento de Riscos (PGR) e do Plano de Ação de Emergências (PAE); • Resultado de análises de água na área de intervenção; • Estudo hidrogeológico da área de intervenção; • Relatório de avaliação de ruído; • Relatório de levantamento de fauna; • Inventário florestal; • Diagnóstico arqueológico interventivo. 8 9 No próximo capítulo desta unidade será apresentado de maneira sintética o EIA/ RIMA desse empreendimento, destacando-se os principais pontos de interesse na ela- boração desse tipo de relatório, proporcionando uma visão prática para montagem de um EIA/RIMA. Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso Resumo do Empreendimento Basicamente, o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu Relatório de Impacto Am- biental (RIMA) são documentos responsáveis por fornecer as informações necessárias para que todos os interessados (diretos e indiretos) conheçam o empreendimento, po- dendo verificar quais serão os benefícios de sua construção e de seu funcionamento. Para o presente Estudo de caso, tem-se o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) elabora- do com o objetivo de analisar a viabilidade ambiental da 2ª Etapa das obras de Prolonga- mento da Rodovia José Roberto Magalhães Teixeira (SP-083), no trecho compreendido entre a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) e a Rodovia Santos Dumont (SP-075), perto do Aeroporto de Viracopos. Destaca-se que a Rodovia José Roberto Magalhães Teixeira (SP-083) tem o trecho existente e já operante entre a Rodovia Dom Pedro I (SP-065) e a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348). Quanto à sua localização, esse empreendimento, também conhecido como Pro- longamento do Anel Viário, encontra-se junto à divisa dos municípios de Campinas e Indaiatuba, situados a noroeste da capital do Estado de São Paulo. A figura a seguir mostra a localização do prolongamento da Rodovia José Roberto Magalhães Teixeira (SP-083), no trecho compreendido entre a Rodovia dos Bandeiran- tes (SP-348) e a Rodovia Santos Dumont (SP-075) (destaque na cor “magenta”: Prolon- gamento do Anel Viário), escopo do presente EIA/RIMA. Figura 1 – Localização do empreendimento Fonte: Reprodução | GoogleEarth 9 UNIDADE Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso Caracterização do Empreendimento A Rodovia José Roberto Magalhães Teixeira, oficialmente denominada SP-083, foi pro- jetada na década de 1970, com o objetivo de melhorar a fluidez no trânsito da cidade de Campinas. Nessa época, essa rodovia ficou conhecida como Rodovia do Contorno, onde se previa a ligação da Rodovia Anhanguera (km 87) com a Rodovia Dom Pedro I (SP-065). Anos mais tarde, após a concessão da Rodovia Dom Pedro I, a partir de 2008, planejou-se também o prolongamento da Rodovia José Roberto Magalhães Teixeira, da Rodovia Anhanguera em direção à Rodovia Santos Dumont. Conforme descrito ante- riormente, essa rodovia também é conhecida como Anel Viário de Campinas. O licenciamento ambiental desse prolongamento iniciou-se em novembro de 2012, com o protocolo na CETESB do EIA/RIMA, por parte da Concessionário Rota das Bandeiras, contemplando: trecho entre a Rodovia Anhanguera (SP-330) e a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348); e trecho entre a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) e a Ro- dovia Eng. Miguel Melhado Campos (SP-324). Em março de 2013, após manifestação da Concessionária Rota das Bandeiras, ficou definido que o objeto do licenciamento ambiental seria apenas para o trecho de prolongamento entre as rodovias Anhanguera e Bandeirantes. A Licença Prévia desse trecho foi emitida em abril de 2013, e a Licença de Instalação, em fevereiro de 2014. A Licença de Operação foi emitida em janeiro de 2016, liberando, dessa maneira, a abertura da rodovia para seu funcionamento. Após essa liberação, iniciou-se o processo de licenciamento ambiental do prolonga- mento do Anel Viário de Campinas (Rodovia José Roberto Magalhães Teixeira, SP-083), desde o entroncamento com a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) até a Rodovia Santos Dumont (SP-075), proporcionando a interligação com o futuro acesso ao Aeroporto. O Prolongamento da Rodovia SP-083 será executado em uma região com relevo ondulado, tendo propriedades rurais em quase todo o trecho. A extensão total desse prolongamento será de 8,5 km, iniciando no km 18+320 (entroncamento com a Rodo- via dos Bandeirantes) e finalizando no km 26+869 (dispositivo de chegada na Rodovia Santos Dumont), com acesso à área de expansão do Aeroporto de Viracopos. Esse prolongamento, desde a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) até a Rodovia Santos Dumont (SP-075). tem, resumidamente, as seguintes justificativas: • Alguns trechos do sistema viário que compõem a SP-330 e a SP-075 apresentam aumento significativo do fluxo de veículos, próximos da saturação de sua capaci- dade, representando nova opção ao fluxo de veículos nessas rodovias; • Existe a expectativa de expressivo crescimento no movimento do Aeroporto de Viracopos, com respectiva saturação da capacidade da SP-075 nos próximos anos; • Diminuição de riscos de acidentes e tempos de acesso, com maior segurança e fluidez do trânsito; • Melhoria das condições de deslocamento dos veículos do transporte urbano e interurbano. Esse novo trecho da Rodovia SP-083 terá o mesmo padrão dos demais, ou seja, sendo duplicada e com duas faixas por sentido, tendo a separação por canteiro central. 1011 Destaca-se também que todos os cruzamentos com o sistema viário local serão feitos em desnível, ou seja, a partir de viadutos ou pontes, mantendo, dessa maneira, os fluxos e deslocamentos locais de forma segura. Estudo de Alternativas Foram avaliados cenários e alternativas para a implantação desse prolongamento da Rodovia SP-083, tendo como premissa básica a melhoria na fluidez e segurança dos usuários e população circunvizinha. Primeiramente, foram formulados cenários que avaliaram a demanda de fluxo de veículos em razão da ampliação do transporte rodoviário na região do Aeroporto de Viracopos. A partir dessa análise, foi escolhido o cenário que definiu a execução do prolongamento da Rodovia SP-083, desde a Rodovia dos Bandeirantes (SP-348) até a Rodovia Santos Dumont (SP-075), além das seguintes intervenções: • Duplicação da Rodovia SP-324 e criação da interseção entre essa rodovia e a SP-348; • Ampliação do Aeroporto de Viracopos, considerando a abertura de novo acesso na Rodovia Santos Dumont. Com relação ao estudo de alternativas, foram feitas avalições do ponto de vista loca- cional e tecnológico. Foram levantadas duas alternativas locacionais, sendo a primeira em linha reta, li- gando as rodovias Bandeirantes e Santos Dumont, e a segunda em curva e um pouco mais extensa. Foi escolhida a segunda alternativa, pois a primeira cruzaria bairros urba- nizados (arredores do Jardim Campo Belo), enquanto que a outra alternativa, apesar de ser um pouco mais extensa, desvia da área urbana e também tem a vantagem de cruzar áreas vazias de características rurais. A partir do estudo de alternativas tecnológicas, foram indicadas as seguintes soluções para a alternativa locacional definida: • Subtrecho 1: Cruzamento do prolongamento da Rodovia SP-083 com a Rodovia Miguel Melhado (SP-324): para minimizar a necessidade de aterro e intervenções em curso d’água, indica-se como solução uma via passagem inferior à SP-324; • Subtrecho 2: Transposição de vale na chegada com a Rodovia Santos Dumont (SP-075): para minimizar o quantitativo do balanço de massa, assim como para pre- servar o fragmento florestal existente em estágio médio de regeneração, propõe-se a transposição do vale por meio de ponte. Políticas Públicas, Planos, Programas e Projetos Colocalizados De acordo com o inciso IV do artigo 5º da Resolução CONAMA 01/86, um Estudo de Impacto Ambiental deve considerar os planos e programas governamentais pro- postos e em implantação nas áreas de influência, avaliando a sua compatibilidade com o empreendimento. Assim, no presente EIA/RIMA foram descritos e analisados os planos, programas e projetos nos âmbitos nacional, estadual e municipal relacionados, de alguma maneira, com o tema (transporte) ou com a área de abrangência do empreendimento. 11 UNIDADE Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso A figura a seguir apresenta, resumidamente, os planos, programas e projetos considerados. Planos e Programas Governamentais no Âmbito Nacional Sistema Nacional de Viação Plano Plurianual do Estado de São Paulo Políticas Públicas Integradas Plano Diretor de Desenvolvimento dos Transportes (PDDT) Programa de Concessão Rodoviária Projeto de Duplicação da Rodovia Miguel Melhado Campos (SP–324) Projeto de Duplicação da Rodovia Lix da Cunha, conhecida como Estrada Velha de Indaiatuba Projeto de implantação de marginais em ambos os lados da Santos Dumont Programa Federal de Concessão de Rodovias Plano Plurianual (PPA) Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), contemplando: - Expansão do Sistema Rodoviário; - Manutenção e Segurança Rodoviária; - Estudos/ Projetos (aeroporto e bairros do entorno). Planos e Programas Governamentais no Âmbito Estadual Compatibilidade com os Planos Diretores: - Crescimento Urbano de Campinas; - Diretrizes Viárias do Município de Campinas. Planos e Programas Governamentais no Âmbito Municipal Figura 2 – Planos, programas e projetos nos âmbitos nacional, estadual e municipal relacionados com o empreendimento Além dos planos e programas citados na figura anterior, o presente EIA/RIMA con- siderou o Plano de Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Definição das Áreas de Influência Conforme a Resolução CONAMA 01/86, a área de influência de um empreendi- mento abrange a área direta e indiretamente afetada pelos impactos gerados em suas fases de planejamento, implantação e operação. Nesse sentido, as áreas de influência do empreendimento podem ser divididas em três níveis, sendo: • Área de Influência Direta (AID): área sujeita a sofrer os impactos diretos de im- plantação e operação do empreendimento; • Área de Influência Indireta (AII): área potencialmente sujeita aos impactos indi- retos da implantação e operação do empreendimento; • Área Diretamente Afetada (ADA): área que sofrerá a ação direta da implantação e operação do empreendimento. A figura a seguir apresenta de maneira resumida as características principais desses três níveis de abrangência propostos. Área de In�uência Direta (AID) AID dos Meios Físicos e Biótico - Constituída por faixa correspondente a 500 metros de largura no entorno do empreendimento, totalizando área equivalente a 12,80 km2; AID do Meio Socioeconômico - Foram considerados os setores censitários em um raio de 500 metros do entorno do empreendimento. Assim, tem-se 50 setores, sendo 47 no município de Campinas e 3 em Indaiatuba, totalizando uma área de 47,38 km2. AII dos Meios Físico e Biótico - Zonas 28 e 30; - Municípios Campinas, Indaiatuba, Itupeva, Jundiaí, Louveira, Monte Mor, Valinhos e Vinhedo. AII do Meio Socioeconômico - Municípios de Campinas e Indaiatuba. Área de In�uência Indireta (AII) Área total: 130,88 hectares Essa área inclui a faixa de domínio da rodovia a ser executada em pista duplicada, os dispositivos de acesso e o retorno, as obras de arte especial, bem como as áreas adjacentes a serem utilizadas para a abertura de novos acessos Área Diretamente Afetada (ADA) Figura 3 – Áreas de influência direta, indireta e diretamente afetada 12 13 Diagnóstico Ambiental O diagnóstico ambiental das áreas de influência do empreendimento corresponde à ava- liação das condições atuais dos meios físico, biótico e socioeconômico, possibilitando identi- ficar e descrever as inter-relações entre esses componentes, proporcionando o entendimento da dinâmica dos processos nas diferentes áreas de influência desse empreendimento. A figura a seguir apresenta de maneira resumida os aspectos diagnosticados dentro do EIA/RIMA elaborado para o prolongamento da Rodovia SP-083 (trecho compreen- dido entre as Rodovias Bandeirantes e Santos Dumont). Meio Físico Meio Físico da Área de In�uência Indireta (AII) - Clima e meteorologia; - Quantidade do ar e emissões atmosféricas; - Geologia; - Patrimônio espeleológico; - Geomorfologia; - Pedologia; - Recursos hídricos; - Recursos hídricos subterrâneos. Meio Físico da Área de In�uência Direta (AID) - Geologia; - Recursos minerais; - Aspectos do relevo, geomorfologia e declividade; - Pedologia; - Geotecnia; - Recursos hídricos super�ciais; - Recursos hídricos subterrâneos; - Áreas contaminadas; - Passivos ambientais; - Análise de potencial de ruído. Meio Físico da Área Diretamente Afetada (ADA) - Geotecnia; - Relevo e declividade; - Recursos hídricos super�ciais; - Hidrogeologia local; - Áreas contaminadas. Meio Biótico na Área de In�uência Indireta (AII) - Flora; - Fauna; - Unidades de conversação; - Corredores Ecológicos. Meio Socioeconômico da Área de In�uência Indireta (AII) - Histórico de ocupação humana e econômica; - Aspectos demográ�cos; - Infraestrutura social e serviços; - Indicadores de qualidade de vida; - Atividades econômicas; - Trabalho e renda; - Uso e ocupação do solo; - Patrimônio histórico, cultural e arqueológico; - Interferências em territórios indígenas e quilombolas; - Projetos de assentamento dareforma agrária. Meio Socioeconômico da Área de In�uência Direta (AID) - Organização espacial da AID; - Aspectos demográ�cos; - Economia; - Uso e ocupação do solo; - Transporte. Meio Socioeconômico na Área Diretamente Afetada (ADA) - Composição da área diretamente afetada; - Composição com o Planejamento Municipal - Plano Diretor; - Índice Paulista de Vulnerabilidade Social – IPVS; - Caracterização da população e atividades econômicas afetadas; - Uso e ocupação do solo. Meio Biótico na Área de In�uência Direta (AID) - Flora; - Fauna; - Áreas de Preservação Permanentes (APP); - Unidades de conservação e outros espaços protegidos. Meio Biótico na Área Diretamente Afetada (ADA) - Flora; - Fauna; - Áreas de Preservação; Permanentes (APP); - Unidades de conservação e outros espaços protegidos. Meio Biótico Meio Socioeconômico Figura 4 – Resumo do diagnóstico ambiental Identificação e Avaliação de Impactos Ambientais A partir do estudo das características físicas, bióticas e socioeconômicas da área de influência, foram identificados os principais impactos (positivos ou negativos) relacionados à construção e operação dessa rodovia. De maneira resumida, a figura a seguir apresenta os principais impactos positivos e negativos associados ao empreendimento. 13 UNIDADE Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso Impactos Positivos Aumento da atratividade com relação às atividades econômicas, tendo novos investimentos públicos e privados Desapropriações Desconforto para a população do entorno Intervenções em APP, inclusive em áreas de várzea, tendo também travessias de rios de pequeno porte Mudanças no relevo e na paisagem Relocação de população diretamente afetada Supressão de vegetação nativa Geração de novos empregos diretos e indiretos Melhoria na circulação de veículos Valorização imobiliária Impactos Negativos Figura 5 – Impactos positivos e negativos para a implantação do empreendimento Destaca-se que não está prevista a instalação de nova praça de pedágio, o que carac- teriza um impacto positivo. Com relação aos impactos positivos, o estudo prevê como medidas potencializadoras a adoção de formas de divulgação e ampliação desses impactos. Já para os impactos negativos, serão adotadas medidas preventivas, corretivas e com- pensatórias. Como resultado dessa AIA, foram identificados 41 Impactos Potenciais decorrentes da implantação desse empreendimento. O quadro a seguir apresenta a listagem desses impactos distribuídos em cada fase de implantação do empreendimento. Quadro 1 Planejamento • Desapropriação; • Alterações urbanísticas na AID. Construção • Alteração da estabilidade das encostas; • Aumento da susceptibilidade à erosão por terraplenagem; • Aumento das áreas impermeabilizadas; • Aumento do risco de contaminação de solo por combustíveis e lubri- ficantes durante a construção; • Alterações no regime fluviométrico de cursos d’água; • Alteração dos níveis de turbidez dos corpos hídricos durante a construção; • Assoreamento de cursos d’água durante a construção; • Alteração da qualidade da água durante a construção; 14 15 Construção • Alteração no regime de fluxo das águas subterrâneas; • Risco de contaminação do lençol freático durante a construção; • Impactos na qualidade do ar durante a construção; • Redução da cobertura vegetal da área diretamente afetada; • Ampliação do grau de fragmentação florestal e instalação do efeito de borda; • Aumento dos riscos de atropelamento e da pressão de caça durante a implantação; • Impactos na fauna aquática dos cursos d’água a serem desvia- dos/canalizados; • Interferências com Unidades de Conservação e demais áreas protegidas; • Aumento na circulação de veículos pesados na malha viária local du- rante a construção; • Interferências com redes de utilidades públicas; • Aumento dos níveis de ruído próximo a receptores sensíveis; • Incômodos à população lindeira na construção; • Interrupções de tráfego local durante a construção; • Interrupções de serviços públicos durante a construção; • Alterações na paisagem; • Aumento nas receitas fiscais durante a construção; • Aumento das demandas por infraestrutura física e social durante a construção; • Interferências com o patrimônio arqueológico e cultural; • Alteração do risco de contaminação de solo por vazamento de produ- tos perigosos durante a operação. Operação • Risco de contaminação dos corpos hídricos durante a operação; • Impactos na qualidade do ar durante a operação; • Alteração do nível de risco da ocorrência de incêndios nas florestas remanescentes no entorno da rodovia; • Alteração no nível e distribuição espacial do risco de contaminação da fauna aquática e edáfica por acidentes com cargas tóxicas; • Melhoria da acessibilidade entre rodovias da Região; • Melhoria na circulação de veículos na AID; • Alterações urbanísticas na AII; • Alterações dos valores imobiliários; • Aumento do grau de atratividade para atividades econômicas; • Geração de empregos diretos e indiretos; • Melhoria no padrão de acesso ao Aeroporto Internacional de Viracopos; • Impactos nas Receitas Fiscais durante a Operação. Programas e Medidas Ambientais Qualquer implantação e operação de empreendimentos pode gerar impactos nega- tivos e positivos, sendo, portanto, necessária a implementação de medidas preventivas, mitigadoras e compensatórias. As medidas preventivas equivalem a toda ação planejada prevista para garantir que os impactos potenciais, previamente identificados, possam ser evitados. As medidas mitigadoras são aquelas que minimizam a intensidade dos impactos identificados. Já as medidas compensatórias são implementadas para compensar os impactos negativos considerados irreversíveis, como a supressão vegetal executada e que é necessária para a implantação da rodovia. 15 UNIDADE Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso Após o estudo das características ambientais da região em que será implantado esse prolongamento da rodovia e do diagnóstico ambiental, onde foram analisadas as áreas de sensibilidade ambiental e também tendo sido definidos os potenciais impactos ambientais relacionados às fases de implantação e de manutenção/operação da rodovia, a fim de ga- rantir a integral implementação das medidas preventivas, mitigadoras e compensatórias, foram propostos os seguintes Programas Ambientais a serem implementados: • Programa de comunicação social: tem como objetivo principal disponibilizar in- formação a toda comunidade a respeito do desenvolvimento do projeto, das etapas de licenciamento, das atividades de desapropriações, da execução das obras e es- clarecer qualquer dúvida relacionada ao empreendimento; • Programa de desapropriação e apoio à população e aos negócios: esse pro- grama é destinado a assegurar que as indenizações sejam calculadas de maneira justa e pagas a toda população afetada, preferencialmente por meio de negociações feitas de maneira amigável. O programa também prevê que a população afetada será informada em tempo hábil a respeito dos prazos de desocupação dos imóveis; • Programa de monitoramento da água: o monitoramento tem foco principal na qualidade do Rio Capivari-Mirim, que está inserido na área de intervenção e é utili- zado para abastecimento público de parte de um bairro do município de Indaiatuba; • Programa de conservação da fauna e da flora (durante a execução das obras): » Fauna: o monitoramento tem como objetivo principal: ações de preservação e manejo da fauna durante a execução das obras e dar assistência médica à fauna silvestre acidentada; » Flora: a partir do inventário da vegetação existente e da análise das condições atuais da vegetação ciliar dos rios, foi elaborado um plano contendo: ações para evitar intervenções desnecessárias, procedimentos para o controle de erosão e as- soreamento em áreas com supressão vegetal, ações para a proteção da vegetação remanescente e treinamento de equipes. • Programa de conservação da fauna(durante a operação do empreendimento): o monitoramento tem como objetivo principal: dar assistência médica à fauna silvestre acidentada e proporcionar que a fauna consiga transpor a rodovia de maneira minima- mente segura nos trechos considerados mais críticos; • Programa de compensação ambiental: esse programa tem o objetivo de recom- por e manter a biodiversidade a partir da implementação de dois subprogramas: » Subprograma de reposição florestal; » Subprograma de aplicação de recursos financeiros sem unidades de conservação. • Programa de controle ambiental das obras (PCA): esse programa tem como objetivos principais: » Estabelecer diretrizes e medidas a serem empregadas durante a implantação do empreendimento, assegurando o cumprimento das especificações técnicas e nor- mas ambientais relacionadas às obras; » Garantir que o local de intervenções, o canteiro de obras e as áreas de entorno tenham as condições ambientais adequadas. • Programa de monitoramento ambiental das obras: esse monitoramento am- biental visa garantir o cumprimento das práticas e ações previstas no PCA; 16 17 • Programa de patrimônio arqueológico, histórico e cultural: é previsto o moni- toramento do empreendimento, de modo a proteger o patrimônio arqueológico e pré-histórico que possa existir na área; • Programa de mobilização e desmobilização de mão de obra: prevê-se a contra- tação de pessoas residentes em Campinas e Indaiatuba, evitando, dessa maneira, a migração de funcionários e famílias de outras partes do país e a sobrecarga de serviços públicos já existentes na região; • Programas de gerenciamento de áreas contaminadas: o objetivo é identificar as possíveis alterações na qualidade dos solos e das águas subterrâneas, em con- sequência da implantação do empreendimento, propondo ações para que tanto as obras quanto a operação da rodovia não venham a oferecer riscos à saúde humana; • Programa de gerenciamento de risco e plano de ação emergencial: são descritos procedimentos que deverão ser implementados caso ocorram situações emergen- ciais, decorrentes de acidentes durante a execução das obras da rodovia, envolvendo risco ou impacto ambiental. Tais procedimentos preveem ações preventivas, treina- mentos e quais profissionais deverão ser acionados em situações emergenciais; • Programa de educação ambiental: nesse programa, o objetivo principal é o de- senvolvimento de ações educativas que visam capacitar e habilitar os funcionários da concessionária, os colaboradores de empresas terceirizadas e também a popu- lação circunvizinha para uma atuação efetiva na melhoria da qualidade ambiental. A partir desse programa, deve-se atentar para o manejo dos recursos naturais, res- peitando o modo de vida da população local, bem como suas atividades produtivas; • Programa de gestão ambiental da operação: reúne os procedimentos de gestão ambiental relacionados à operação da rodovia, garantindo a realização de todas as ações previstas no licenciamento ambiental do empreendimento e em conformida- de com a legislação vigente. Esse programa contém as seguintes medidas: » Gerenciamento de passivos ambientais; » Manutenção da cobertura vegetal da faixa de domínio; » Monitoramento ambiental da operação do empreendimento; » Plano de gestão de resíduos. Avaliação Ambiental Para a avaliação ambiental é feita a análise conjunta dos potenciais impactos am- bientais induzidos pelo empreendimento nos diferentes meios e em cada uma das fases. Essa avaliação considera as características do empreendimento, a legislação incidente e os aspectos analisados no diagnóstico ambiental. De acordo com o EIA/RIMA elaborado para a implantação do prolongamento da Rodovia SP-083, esse trecho da rodovia será executado em ambiente já antropizado, bem como o restante da SP-083. Conforme destacado anteriormente, foram identifica- dos 41 impactos potenciais decorrentes da construção e da operação do empreendimen- to. Para garantir a adequada implementação de medidas mitigadoras e compensatórias a esses impactos potenciais, foram formulados os 14 Programas Ambientais também descritos anteriormente. 17 UNIDADE Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso A partir dos impactos potenciais previstos e dos programas ambientais sugeridos, tem-se o seguinte cenário: • Fase de planejamento: o impacto mais relevante é a Desapropriação. Para dimi- nuir a magnitude do impacto, prevê-se o Programa de Desapropriação e Apoio à População e aos Negócios, tendo ação atenuante por meio de compensação finan- ceira aos proprietários; • Fase de implantação: » Impactos ambientais potenciais positivos: aumento das receitas fiscais duran- te a execução das obras, devido à movimentação de contratações, aquisição de equipamentos e materiais; » Impactos ambientais potenciais negativos: geração de ruídos, poeira, vaza- mento de óleos, ocorrência de erosões, escorregamentos e assoreamento, inter- ferências na qualidade das águas, na vegetação e na fauna, geração de resíduos, entre outros. Deve-se ter cuidados especiais com relação à contaminação de ma- nancial (abastecimento de Indaiatuba). Para a mitigação desses impactos, têm grande relevância os programas de Controle Ambiental de Obras, Monitoramen- to de Água, Monitoramento das Obras e Programa de Gerenciamento de Risco/ Plano de Ação Emergencial. Também deve haver atenção especial ao treinamen- to de todos os envolvidos na execução das obras, de modo a garantir a aplicação das ações previstas nos programas de implantação e monitoramento ambiental. • Fase de operação: » Impactos ambientais potenciais positivos: os principais estão voltados para a melhoria de acessibilidade ao Aeroporto de Viracopos, assim como a melhoria da acessibilidade entre as rodovias da região, proporcionando melhoria no tráfego das vias que cruzam o perímetro urbano de Campinas; » Impactos ambientais potenciais negativos: na fase operacional estão associados fundamentalmente ao risco de vazamentos de produtos e contaminação do solo e água. Para tanto, a Concessionária deve aplicar as ações já existente em seu Plano de Ação Emergencial (PAE), abrangente para todas as rodovias sob sua concessão. Destaca-se que, devido à magnitude do empreendimento, deve-se prever uma equipe ambiental permanente, de modo a mitigar impactos ambientais e também para as ações de monitoramento. Em Síntese A partir do Estudo de Caso apresentado, é possível verificar uma situação prática da elaboração de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e seu Relatório de Impacto Am- biental (RIMA) para a implantação de um empreendimento. Para maior aprofundamento a respeito do tema e poder verificar outras aplicações de EIA/RIMA, recomenda-se o estudo do Material Complementar. Dessa maneira, tem-se um fechamento da disciplina de Avaliação de Impacto Ambiental, na qual foi possível congregar os conceitos teóricos anteriormente estudados com o exemplo prá- tico apresentado nesta Unidade. 18 19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites CETESB – Licenciamento Ambiental – Roteiros E Informações – EIA/RIMA https://bit.ly/3thC1iJ Vídeos Live – Projeto de prolongamento do Anel Viário Magalhães Teixeira (SP-083) Projeto de prolongamento do Anel Viário Magalhães Teixeira (SP-083) – Conces- sionária Rota das Bandeiras . https://youtu.be/U1fCsla__A4 Leitura Melhoria do tráfego e ligação a Viracopos https://bit.ly/3csMnX4 EIA 25 CETESB – Estudo de Impacto Ambiental (EIA) – Prolongamento do Anel Viário de Campinas (SP-083), ENTRE A Rodovia dos Bandeirantes e a Santos Dumont – Jan. 2016. https://bit.ly/3cxLbl3 RIMA 25 CETESB – Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) – Prolongamento do Anel Viá- rio de Campinas (SP-083), entre a Rodovia dos Bandeirantes e a Santos Dumont – Jan. 2016. https://bit.ly/3cxLbl3 19 UNIDADE Estudo de Impacto Ambiental (EIA/RIMA) – Estudo de Caso Referências CETESB. Manual para elaboração de estudos para o licenciamentocom Avalia- ção de Diagnóstico Ambiental, 2014. Disponível em: <https://licenciamento.cetesb. sp.gov.br/cetesb/documentos/Manual-DD-217-14.pdf.> Acesso em: 28/01/2021. CREMONEZ, F. E.; CREMONEZ, P. A.; FEROLDI, M.; CAMARGO, M. P.; KLAJN, F. F.; FEIDEN, A. Avaliação de Impacto Ambiental: metodologias aplicadas no Brasil. Revista Monografias Ambientais – REMOA, Santa Maria, v. 13, n. 5, 2014. RODRIGUES, J. R. Roteiro básico para a elaboração de estudo de impacto am- biental. Texto retirado do Manual de Orientação da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Departamento de Avaliação de Impacto Ambiental. SÁNCHEZ, L. E. As etapas iniciais do processo de Avaliação de Impacto Ambiental. Avaliação de Impacto Ambiental. São Paulo: Secretaria do Meio Ambiente, 1998. ________. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. 2. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2013. 20
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