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Resumo Este artigo tem como intuito compreender as relações existentes entre educação e comunicação. Para isso, serão discutidos alguns aspectos sobre o ensino formal instituído nas escolas, a alfabetização crítica do sujeito e as tecnologias de informação e comunicação como mediadoras do processo educativo, tendo como foco a televisão. Sua elaboração tem por objetivo apresentar uma discussão teórica embasada nos principais autores que tratam sobre comunicação, educação e meios de comunicação e informação, de forma a contribuir academicamente para a compreensão do estado atual de pesquisa e estudos nesse campo. Para a elaboração deste trabalho, utilizou-se a bibliografia indicada no segundo módulo do curso de especialização lato sensu Gestão da Comunicação: Políticas, Educação e Cultura, além do conteúdo apresentado em sala de aula. No decorrer deste artigo foi possível verificar que é preciso repensar a educação a partir dos próprios educandos, de forma a aprofundar a relação entre a escola e os meios de comunicação, e formar sujeitos capazes de realizar uma leitura crítica das mensagens veiculadas pelas mídias. Palavras-chave: Comunicação. Educação. Meios de Informação e Comunicação. Televisão. Sumário Introdução........................................................................................................................................ 4 Ensino tradicional versus alfabetização crítica................................................................................ 5 Tecnologia e meios de comunicação: novos mediadores na educação ........................................... 7 O caso específico da TV.................................................................................................................. 9 Algumas considerações ................................................................................................................. 12 Referências .................................................................................................................................... 14 4 Introdução A educação formal escolar sempre manteve seus princípios voltados à preparação do indivíduo para que este tivesse um melhor desempenho no mercado de trabalho. Moldada de forma linear, hierarquizada, excludente; essas são ainda características da educação instituída nas escolas, a qual tem como principal objetivo introduzir os indivíduos numa ordem moral. Com a globalização e o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação, a escola passa a não ser mais a única mediadora dos processos educativos. As mídias transmitem uma quantidade significativa de informações e os indivíduos tendem a processar cada vez mais estas informações que circulam, filtrando-as, discriminando-as, pesando-as, valorando-as, retendo-as, combinando-as e esquecendo-as (TEDESCO, 2004, p. 36). A crescente circulação de informações é facilitada pelos Meios de Comunicação de Massa (MCM) e são eles também os responsáveis pela criação e disseminação de informações, editadas de variadas formas, de acordo com os interesses de cada meio. É nesse sentido que podemos afirmar que as transformações nos modos como circula o saber constituam uma das mais profundas mutações que uma sociedade pode sofrer. (BARBERO, 2001, p.59). Portanto, o grande dilema não se delimita em onde podemos encontrar as informações, mas sim em como disponibilizá-las democraticamente e como apreendê-las (aprender, ensinar, avaliar etc). Ou melhor, como a escola deve se apropriar desses meios de comunicação e informação para tornar mais efetiva as suas práticas de ensino. Com o intuito de compreender as relações existentes entre educação e comunicação, este artigo discutirá alguns aspectos sobre o ensino formal instituído nas escolas, a alfabetização crítica do sujeito e as tecnologias de informação e comunicação como mediadoras do processo educativo, tendo como foco a mídia televisiva. 5 Ensino tradicional versus alfabetização crítica Dentro do discurso utilizado pela escola, a linguagem é hierarquizada no que diz respeito aos valores, conteúdos e conceitos apresentados. Utiliza-se a parafrase, como é possível verificar nos livros didáticos, e há forte presença de ações coercitivas, como a aplicação de provas surpresas, e excludentes, exemplificadas no fato de os livros didáticos apresentarem aspectos que fogem da realidade da maioria das crianças que os utilizam. Esta educação tem o objetivo de introduzir os indivíduos numa ordem moral; possui uma linearidade que pode ser visualizada na utilização da idade como critério do desenvolvimento escolar; e incentiva a leitura passiva pela transmissão de conteúdos memorizáveis e reconstituíveis. Neste método formal de ensino nas escolas, os livros didáticos são os principais instrumentos utilizados, os quais segundo Citelli são organizados em torno de temas como religião, riqueza, pobreza, amizade, felicidade etc. É um procedimento que visa a ensinar as primeiras letras: alfabetização, leitura; particularmente, pretende formar os “bons hábitos”, despertar a criança para “os valores mais caros à sociedade”, o respeito às leis,às tradições, enfim, aquele corpo de preceitos ditados como expressivos e determinantes para a vida futura do educando. São, portanto, textos de “forja”, de artesanato da alma, de inculcação dos modelos que as classes dominantes determinaram como padrão de conduta. (CITELLI, 1999, p.53) O conteúdo desses livros expõe, portanto, uma realidade bastante diferente da vivida pela maioria dos estudantes. Não explora a experiência de vida desses indivíduos, fator essencial no processo de alfabetização. Para Freire (1992), as palavras utilizadas na organização do programa de alfabetização deveriam vir do universo vocabular dos grupos populares, expressando a sua real linguagem, os seus anseios, as suas inquietações, as suas reivindicações, os seus sonhos. A alfabetização deve partir da experiência do sujeito e não só do educador e dos exemplos citados nos livros, diminuindo o caráter excludente do ensino formal. Segundo o autor, a leitura da palavra se faz a partir da leitura do mundo particular de cada indivíduo, o que permite a este apreender a sua significação profunda e, consequentemente, memorizá-la. Portanto, “a compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto” (FREIRE, 1992, p.12). 6 Decerto, o discurso escolar é limitador e está bem distante do que Freire considera como alfabetização. Inicialmente me parece interessante reafirmar que sempre vi a alfabetização de adultos como um ato político e um ato de conhecimento, por isso mesmo, como um ato criador. [...] Enquanto ato de conhecimento e ato criador, o processo de alfabetização tem, no alfabetizando, o seu sujeito. O fato de ele necessitar da ajuda do educador, como ocorre em qualquer relação pedagógica, não significa dever a ajuda do educador anular a sua criatividade e a sua responsabilidade na construção de sua linguagem escrita e na leitura dessa linguagem. (FREIRE, 1992, p.21) A alfabetização, nesse sentido, deve tornar os sujeitos capazes de realizar práticas conscientes. É essa leitura da “palavramundo” que permitirá ultrapassar o ensino formal instituído nas escolas, transformando indivíduos em sujeitos capazes de interpretar e de ter uma percepção crítica das informações mediáticas recebidas. E, visualizando mais além, essa “leitura crítica da realidade, dando-se num processo de alfabetização ou não e associada sobretudo a certas práticas claramente políticas de mobilização e de organização, pode constituir-se num instrumento para o que Gramsci chamaria de ação contra-hegemônica” (FREIRE, 1992, p.23-24). Como advento dos meios de informação e comunicação, a dimensão tomada pelas experiências dos alunos se torna mais ampla, pois estas se configuram em torno das mídias e das informações por elas disseminadas. Nesse contexto, as escolas deixam de ser a exclusiva agência de promoção educacional, pois os meios de comunicação passam a funcionar como mediadores dos processos educativos. (CITELLI, 2000). Mas esses novos recursos tecnológicos devem ser utilizados com objetivo inovador, com o intuito de transcender esse discurso veiculado pela escola. Não que os livros didáticos, por exemplo, terão que ser excluídos do processo de alfabetização formal. Mas, segundo Barbero (2001), em vez de utilizar apenas esse recurso, poderão ser utilizadas múltiplas escrituras audiovisuais e da informática. Para isso, verifica-se a necessidade de repensar a educação. “Repensar a educação e repensá-la a partir dos próprios educandos e, a partir daí, pensar um novo desenho do processo educativo, ver o replanejamento desse processo e verificar para que pode servir a tecnologia” (GÓMEZ, 1998 apud CITELLI, 2000, p.23). É sobre essa relação entre a educação e a tecnologia que trataremos no próximo tópico. 7 Tecnologia e meios de comunicação: novos mediadores na educação Dentro de uma perspectiva ideal, a escola deveria promover um diálogo com as mídias. No entanto, ocorre por um lado que “o tecnológico aparece como um elemento alheio à educação” e por outro “como um fator externo que deve ser ‘trazido’ para a escola e que, nessas circunstâncias, é pensado de modo puramente instrumental [...]” (TEDESCO, 2004, p. 19) Para Barbero (2001, p.59), ao refletir a comunicação educativa nesse sentido puramente instrumental do uso das mídias, não é levado em consideração “a inserção da educação nos processos complexos de comunicação da sociedade atual, no ecossistema comunicativo que constitui o entorno educacional difuso e descentrado produzido pelas mídias”. Redefinir o processo educativo com o intuito de realizar esse diálogo entre mídia e educação, e acabar com a divisão social e a exclusão cultural e política produzida nesse ecossistema, constitui-se num grande desafio para o sistema educacional. Para Gómez, destaca-se o papel dos meios de comunicação como mediadores e facilitadores do processo educacional, pois “enquanto na escola queremos produzir uma situação propícia para o ensino-aprendizagem, os meios de comunicação estão reproduzindo situações reais, que se não têm muito que ver com o ensino, têm a ver e muito mais com a facilitação da aprendizagem”. (GÓMEZ, 1997, p.60) Dentre as “dificuldades” encontradas no emprego desses recursos tecnológicos pelas escolas citadas por Citelli (2000) estão, primeiramente, o desconhecimento desses recursos e conseqüente insegurança ao empregá-los; a falta de conhecimento sobre os mecanismos de funcionamento das linguagens institucionalmente não-escolares; a falta de estrutura nas escolas; e o despreparo dos professores. São problemas que permeiam desde a questão financeira da instituição, até questões de planejamento, gestão e, mais especificamente, capacitação dos profissionais que atuam nas escolas, em especial dos professores. A idéia é tornar o professor um “sujeito mediador”, servindo como “facilitador da aprendizagem, consciente de que a sala de aula disputa hoje espaços com verdadeiras ‘escolas paralelas’ formadas pelo amplo sistema de comunicação que circunda os alunos” (CITELLI, 2000, p.32-33). Nesse contexto, o professor “de mero retransmisor de saberes se convierte en formulador de problemas, provocador de interrogantes, 8 coordinador de equipos de trabajo, sistematizador de experiencias, memoria viva de la institución que hace relevo y posibilita el diálogo entre generaciones”. (BARBERO, 1996, p.20) É preciso enfatizar que o processo de aprendizagem se define no aluno e que o professor, embora tenha um papel muito importante como mediador, só em parte influencia o processo de aprendizagem. Nesse sentido, segundo Gómez (1997), nem sempre aquilo que é ensinado é o que os alunos aprendem, ocorrendo o mesmo com as mensagens emitidas pelos meios de comunicação de massa. Isso ocorre porque os discursos elaborados pelos sujeitos enunciadores – professor, meios de comunicação - são resultados de um ponto de vista, de uma ideologia formulados com base na experiência desses enunciadores. “Neste âmbito, o real disponibilizado por um autor é uma forma de relato, sobre o qual o leitor/ouvinte/interlocutor/co-enunciador estabelece os seus próprios procedimentos intelectivos, suas formas de ver e perceber os enunciados que lhes chegam”. (CITELLI, 2006, p.171) A orientação da aprendizagem dos alunos não deve ocorrer apenas dentro da sala de aula, mas também fora dela, dando subsídios para uma leitura crítica desses meios de comunicação e aproveitando o que eles têm de positivo para oferecer. Los medios de comunicación y las tecnologias de información significan para la escuela en primer lugar eso: un reto cultural , que hace visible la brecha cada dia más ancha entre la cultura desde la que enseñan los maestros y aquella otra desde la que aprenden los alumnos. Pues los médios no solo descentran las formas de transmisión y circulación del saber sino que constituyen um decisivo âmbito de socialización, de dispositivos de identificación/proyección de pautas de comportamiento, estilos de vida y patrones de gustos. Es sólo a partir de la asunción de la tecnicidad mediática como dimension estratégica de la cultura que la escuela puede insertarse en los procesos de cambio que atraviesa nuestra sociedad. (BARBERO, 1996, p.19) Esse é, portanto, o grande desafio das escolas: utilizar de forma criativa e ao mesmo tempo crítica as mídias e tecnologias de informação. Para alcançar este objetivo, Citelli (2000, p.35) sugere que a escola amplie o seu conceito de leitura e aprendizagem “equipando-se para entender melhor os significados e os mecanismos de ação das novas linguagens, interferindo para tratar as mensagens veiculadas pelos meios de comunicação de massa à luz do conceito de produção dos sentidos [...]”, melhorando a infra-estrutura nas escolas, principalmente no que diz respeito a disponibilização de equipamentos de informática, multimídia, audiovisuais, e 9 capacitando os professores para que estes se transformem em mediadores desse encontro entre educação e meios de comunicação. O caso específico da TV A televisão é um meio de comunicação audiovisual que se destaca, por ser popular e acessível, tomando por base o seu custo, a facilidade de compra e instalação. Ela também veicula discursos diferenciados por meio das diversas emissoras disponíveis em canal aberto e seus programas. Atinge um público amplo, com gostos e interesses diversos, e caracteriza-se como uma das principais formas de entretenimento do país. A TV tornou-se uma das principais opções de desfrute do tempo livre da sociedade, “em parte porque certas expressões culturais acabam por monopolizar e se oferece ‘cada vez mais do mesmo’, mas sobretudo porque há uma crescente preferência social por aquelas opções de distração mais baratas e de maior acessibilidade para todos” (GÓMEZ, 1997, p.62). Mesmo sendo a TV um meio de comunicação audiovisual que se destaca, a escola não compreende esse veículo como “instância de mediação cultural dotada de linguagem própria”. (TEDESCO, 2004, p. 24), de forma a desenvolver estratégias para apreendê-lo. A TV ainda é vista pela escola como instrumento técnico que cumpre determinadas funções simbólicas, limitando o seu potencial de trabalho em sala de aula e fora dela. Para Citelli, (2000, p.24) “perde-se, neste movimento, a perspectiva da totalidade significantes em suas passagens do estético ao ideológico, por exemplo”. E dentro da sala de aula o seu potencial de exploração é ainda maiorse comparado com um livro, o qual ainda constitui-se em seu principal instrumento de ensino. O livro apresenta uma complexidade em seu vocabulário e nos temas tratados, o que não é encontrado na TV, que transmite imagens e possui conteúdo de fácil compreensão. A TV permeia o cotidiano da sociedade e constituí-se numa técnica social. Ianni (2002, p.61) explica que as tecnologias da mídia e “de suas articulações sistêmicas, tomadas em si, sem qualquer aplicação, podem ser tomadas como inocentes, neutras. Quando inseridas nas atividades 10 sociais, nas formas de sociabilidade, ou melhor, nos jogos das forças sociais, nesses casos transformam-se em técnicas sociais”. Podemos exemplificar como a TV está presente no cotidiano das pessoas a partir do seguinte trecho descrito por Gómez (1997 apud CITELLI, 2000, p.26-27) O fato mesmo de que as crianças trocam e comentam suas primeiras apropriações do que viram na tarde anterior na tv com seus companheiros de classe na manhã seguinte indica que o “largo” processo de recepção se estende até à escola, passando às vezes pela sobremesa depois do jantar, ou pelas conversas entre irmãos, antes de dormir. Em cada um desses momentos se trocam impressões e significados provisionais daquilo que foi visto na tela e se vão afinando as maneiras de compreender as mensagens. A recepção televisiva, então, não é um processo que só transcorre num lugar ou que se vive em família, ainda que aí certamente uma parte importante dele aconteça. É devido a esta abrangência da ação das mensagens televisivas no cotidiano, que há um interesse muito grande por parte dos educadores em aproveitar o potencial pedagógico desse meio. A intervenção pedagógica é essencial na formação de sujeitos capazes de realizar uma leitura crítica das mensagens veiculadas pela televisão, pois “não nascemos receptores, mas vamos nos fazendo em grande medida influenciados somente pelas mensagens dos MCM e sem a concorrência de outras influências efetivas que se contraponham à nossa formação como audiência. (GÓMEZ, 1997, p.67) Existem alguns estereótipos dos meios de comunicação, em especial a TV, estabelecidos pelas escolas os quais dificultam a relação entre os meios e os processos educativos. Dentre os estereótipos listados por Gómez podemos citar: que a TV não serve para fins educativos por ser uma “caixa idiota”; que a escola é a única instituição legítima para educar; que a educação é coisa séria; e “considerar que são as mensagens que estimulam a aprendizagem, que a influência dos meios é forte, monolítica, todo-poderosa; que os receptores ou membros da audiência são passivos, estão indefesos ante as diversas mensagens emanadas dos MCM”. (GÓMEZ, 1997, p.65) Este último item não contempla a questão de que os indivíduos apreendem as mensagens de formas diferentes, de acordo com sua história, suas ideologias dentre outros elementos que fazem dele “indivíduos” e não uma massa homogênea como foi concebido durante muito tempo nos estudos da comunicação. E como aproveitar o potencial educativo dos meios de comunicação, em especial a TV? 11 Gómez (1997) descreve como o estudante pode ser melhor preparado para receber as mensagens midiáticas por meio de pequenas intervenções em seu cotidiano se enquanto vê TV os adultos que o rodeiam vão orientando-o, se na escola recebe comentários de seus professores e vai formando juízos e opiniões diferentes, pelo menos mais pensadas, menos espontâneas, seguramente em algum momento poderá distinguir a programação de qualidade da que não o é. Se, além disso, a partir da escola lhe vamos dando instrumentos mais especializados, como uma educação na linguagem da imagem e a oportunidade de expressar-se e desenvolver suas capacidades comunicativas, seguramente formaremos um telespectador “melhor preparado”. (GÓMEZ, 1997, p.67) Na visão do autor, o aluno pode receber orientações em todos os espaços que permeiam sua vida cotidiana: em casa com a família ou outros adultos; na escola com os professores e com o apoio de instrumentos especializados. Barbero, no entanto, trata sobre vários pontos do uso criativo, pedagógico e crítico dos meios de comunicação. No entanto, destacaremos o que ele trata como os múltiplos modelos de TVs educativas, a qual ele descreve a seguir: De ahí que la televisión educativa se pluralice en una multiplicidad de modelos. La televisión escolar de “enriquecimiento” cuyo objetivo es proporcionar sensibilizaciones, ayudas o refuerzos, al trabajo del maestro en el aula. La televisión de “enseñanza directa” o “a distancia” que sustituye al aula y que, aunque organizada curricularmente en su estructura y contenidos, introduce la autonomía de la televisión como medio de instrucción y formación instituyendo una permanente interacción con los telealumnos. La televisión de “contexto” se inserta explícitamente en la televisión proyecto cultural que rebasa lo curricular en la diversidad y libertad de sus temas a la vez que expande su tecnicidad hacia la organización multimedia, experimentando y potenciando al máximo las formas de interactividad, no sólo como estrategia estrictamente pedagógica sino de educación ciudadana, esto es de participación y expresión de la comunidad, y de innovación cultural que busca en la experimentación del lenguaje audiovisual catalizar los nuevos modos de ver y oír, de leer y narrar. (BARBERO, 1996, p.21) Tanto os modelos de Tvs educativas e seu potencial de uso, quanto as pequenas intervenções na apreensão das mensagens das mídias no cotidiano tratados pelos autores, são práticas que envolvem a relação educação/comunicação, e buscam nesse processo a alfabetização mediática. 12 Algumas considerações No decorrer deste artigo apresentamos, primeiramente, que a educação sempre foi vista como uma forma de capacitar o indivíduo para que este exercesse devidamente o seu trabalho. Tal fato é compreensível devido a forma como se estrutura a sociedade no sistema capitalista. A escola mantém há anos um modelo linear, onde a faixa etária e o conteúdo disciplinar seguem a risca uma cronologia, e um discurso hierarquizado, excludente, parafraseado. Mas, com o avanço das tecnologias de informação e comunicação, as escolas passam a não serem as únicas mediadoras do processo educativo. Nesse contexto, há uma grande disseminação de informação, desencadeada pela globalização e acelerada pelos meios de comunicação de massa. Meios esses, que veiculam suas mensagens, adentram a casa, a escola, os meios sociais, e que começam a exercer um papel preponderante no cotidiano da sociedade, transformando-se em técnicas sociais. Dentre esses meios, a televisão se destaca por seu fácil acesso, custo baixo e por se configurar como um dos principais meios de entretenimento da sociedade atual. Os MCM tornam-se mediadores do processo educacional, dividindo o espaço com o ensino formal. No entanto, ao invés de manter uma relação construtiva, criativa e transformadora com os meios de comunicação de massa, as instituições de ensino formal subutilizam esses meios apenas como instrumentos técnicos, limitando o seu aproveitamento em sala de aula e fora dela. Esse subaproveitamento é resultado dos estereótipos aplicados aos meios como a televisão, dentro da instituição escolar. É preciso transcender esses estereótipos para que a escola insira efetivamente os meios de comunicação no processo de ensino-aprendizagem; remodele seus processos educacionais, focando os educandos e suas experiências; capacite os professores como mediadores dessa relação entre os processos de ensino e os meios de comunicação de massa; implante a infra- estrutura necessária nas escolas para tentar democratizar o acesso às informações e tecnologias e diminuir a exclusão existente dentro do meio escolar; enfim, crie os instrumentos e proporcione a estrutura adequada para estabelecer uma relaçãoeficiente entre os meios de comunicação e os processos educacionais, de forma a tornar os alunos capazes de realizar uma leitura crítica das mensagens veiculadas pelas mídias. Essas mídias que inseridas no cotidiano dos estudantes 13 passam a fazer parte de seu mundo e, portanto, nas palavras de Paulo Freire, devemos alfabetizá- lo para a leitura dessa “palavramundo”. 14 Referências BARBERO, Jesús Martin. Herendo el futuro. Pensar la educación desde la comunicación. In: Revista Nómadas. s/d. BARBERO, Jesús Martin e GERMAN, Rey. Os execícios de ver. São Paulo: Senac, 2001. CITELLI, Adilson.. Educação e Mudanças: novos modos de conhecer. In: CITELLI, Adilson (org). Outras linguagens na escola, São Paulo: Cortez, 2000. ________. No discurso do livro didático. In: Linguagem e persuasão. São Paulo: Ática, 1999. _______ . Palavras, meios de comunicação e educação. São Paulo: Cortez, 2006. FREIRE, Paulo. A Importância do ato de ler. In: A importância do ato de ler. São Paulo: Cortez, 1992. GOMEZ, Guillermo Orozco. Professores e meios de comunicação: desafios e estereótipos. In: Revista comunicação e educação. n 10. São Paulo: Moderna/CCA, 1997. IANNI, Octavio. O princípe eletrônico. In: BACCEGA, Maria A. (org). Gestão de processos comunicacionais. São Paulo: Atlas, 2002. TEDESCO, Juan Carlos. Educação e novas tecnologias: esperança ou incerteza? São Paulo: Cortez, 2004.
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