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Órgãos vegetais. (Raiz) 
RAIZ. 
Na maioria das plantas vasculares, as raízes constituem a porção subterrânea do 
esporófito e são especializadas parafixação e absorção. As duas outras funções 
desempenhadas pelas raízes são o armazenamento e a condução. 
As raízes, em sua maioria, constituem importantes órgãos de armazenamento, e 
algumas, como as da cenoura, beterrabae batata-doce, são especialmente 
adaptadas para armazenar substâncias alimentares. As substâncias 
orgânicassintetizadas nas porções aéreas e fotossintetizantes da planta são 
transportadas, através do floema, para os tecidos de reserva da raiz. Uma grande 
parte deste alimento pode ser utilizada subseqüentemente pela própria raiz, 
mas, normalmente, o alimento armazenado é digerido e transportado novamente, 
através do floema, para as partes aéreas. 
Nas plantas bienais (vegetais que completam seu ciclo de vida num período de 2 
anos), como a beterraba, grandes reservas de alimento são acumuladas nas 
regiões de armazenamento da raiz durante o primeiro ano e, a seguir, 
utilizadas durante o segundo ano para produzir flores, frutos e sementes. 
A água e minerais absorvidos pelas raízes são transportados, através do xilema, para 
as partes aéreas da planta. 
Os sistemas radiculares e sua extensão. 
A primeira raiz da planta se origina no embrião e é geralmente denominada raiz 
primária. 
Nas gimnospermas e dicotiledôneas, esta raiz, também chamada de raiz 
axial (pivotante ou principal), cresce em direção ao solo, originando raízes 
secundárias, também denominadas raízes laterais, ao longo de seu eixo. As 
raízes mais velhas são encontradas próximas ao colo da raiz (região de 
transição entre a raiz e o caule), e as mais jovens, próximas ao ápice da raiz. 
Este tipo de sistema radicular – isto é, aquele que desenvolve uma raiz principal 
e suas ramificações - é denominadsistema axial. 
 
Nas monocotiledôneas, a raiz primária tem geralmente vida curta, e o sistema radicular 
se desenvolve a partir de raízes adventícias que se originam do caule. Estas raízes 
adventícias e suas ramificações, ou raízes laterais, dão origem a um sistema 
fasciculado, no qual não existe predomínio de uma raiz sobre as outras. 
 
Os sistemas de raiz axial penetram geralmente mais no solo que os sistemas de raiz 
fasciculada. A pouca profundidade dos sistemas fasciculados e a firmeza com a qual 
se aderem às partículas do solo as tornam especialmente bem adaptadas para a 
prevenção da erosão do solo. 
 
A extensão de um sistema radicular - isto é,a profundidade com a qual penetra no 
solo e se estende lateralmente - depende de vários fatores, incluindo umidade, 
temperatura e composição do solo. A maior parte das raízes absorventes(raízes 
ativamente envolvidas na absorção de água e minerais) localiza-se no primeiro 
metro de solo, e a massa das raízes absorventes da maioria das árvores ocorre nos 
primeiros 15 centímetros de solo, a região do solo normalmente mais rica em 
matéria orgânica. 
Algumas árvores, como os carvalhos e muitos pinheiros, produzem 
comumente raízes axiais relativamente profundas, tornando estas árvores bastante 
difíceis de ser removidas. A mais profunda raiz conhecida foi a de 
um pinheiro que crescia em solo arenoso, altamente poroso; penetrou no solo 
até cerca de 6,5 metros. De modo geral, a extensão lateral das raízes das árvores é 
maior que a extensão da copa. Os sistemas radiculares do milho (Zea mays) alcançam 
freqüentemente uma profundidade de 1,5 metro e uma extensão lateral de 
cerca de um metro em todas as direções do vegetal. As raízes 
daalfafa (Medicago sativa) podem atingir profundidades de até 6 metros ou mais. 
À medida que a planta cresce, ela precisa manter um equilíbrio entre 
a superfície total que fabrica alimentos(fotossintetizante) e a superfície total que 
absorve água e minerais. O equilíbrio entre o caule e a raiz é invariavelmente 
alterado quando as plantas são removidas. A maioria das raízes finas, 
absorventes, perde-se quando a planta é removida do solo; a poda do sistema 
caulinar ajuda a restabelecer o equilíbrio entre este e o sistema radicular. Os fungos e 
insetos que atacam os caules e as raízes das plantas provocam freqüentemente um 
desequilíbrio na razão caule-raiz. 
Raízes aéreas. 
As raízes aéreas são raízes adventícias produzidas pelas partes aéreas. As raízes 
aéreas de algumas plantas servem deraízes-escora para a sustentação, como, 
por exemplo, no milho. Quando entram em contato com o solo ramificam-se e 
funcionam também na absorção de água e minerais. 
As raízes-escora são produzidas pelos caules e ramos de muitas plantas tropicais, 
como o mangue-vermelho(Rhizophora mangle), a figueira-de-bengala (Ficus 
bengalensis) e algumas palmeiras. Outras raízes aéreas, como nahera (Hereda 
helix), aderem à superfície de objetos e fornecem sustentação para o caule 
trepador. 
 
As raízes necessitam de oxigênio para a respiração, sendo este o motivo pelo qual 
as plantas são incapazes de viver em solos onde não existe drenagem adequada, 
carecendo, conseqüentemente, de espaços arejados. Algumas árvores que 
crescem em habitats pantanosos desenvolvem raízes que crescem para fora da água, 
servindo não apenas para fixar o vegetal, como também para arejá-lo. Por 
exemplo, o sistema radicular de Avicennia tomentosa desenvolve extensões de 
geotropismo negativo, denominadas pneumatóforos, que crescem para cima e 
para fora do lodo, fornecendo assim umaaeração adequada. 
 
O aguapé apresenta raízes aquáticas com muitas ramificações e uma coifa bem 
desenvolvida. 
Adaptações especiais. 
Muitas adaptações são encontradas entre as epífitas, plantas que crescem sobre 
outras plantas, contudo, sem parasitá-la. A epiderme da raiz da orquídea, por 
exemplo, é pluriestratificada e, em algumas espécies, constitui o único órgão 
fotossintético da planta. Estruturas especiais na epiderme proporcionam 
aparentemente o intercâmbio de gases quando a epiderme está saturada de 
água (velame). 
Dentre as epífitas, a Dischidia rafflesiana possui uma modificação extremamente 
notável. Algumas de suas folhas são estruturas achatadas e suculentas, ao 
passo que outras formam tubos que coletam detritos e água pluvial. 
 
Colônias de formigas vivem no interior das urnas e ajudam no suprimento de 
nitrogênio da planta. Raízes formadas no nó situado acima da folha modificada, 
crescem para baixo e penetram no interior da urna, onde absorvem água e sais 
minerais. 
As plantas verdadeiramente parasitas desenvolvem raízes sugadoras (haustórios) 
que crescem para o interior do caule da hospedeira, indo buscar no floema, a seiva 
elaborada com os alimentos orgânicos que necessita. Isso ocorre com o cipó-
chumbo. 
 
 
Cipó-chumbo (Cuscuta europaea, com as várias Cuscutas sul-americanas), 
parasitando Lúpulo; vista geral e corte transversal da hospedeira, mostrando a 
penetração dos haustórios. 
Adaptações para o armazenamento de alimentos. 
As raízes, em sua maioria, são órgãos de armazenamento e, em algumas plantas, 
são especializadas para esta função. Estas raízes tornam-se carnosas devido à 
grande quantidade de parênquima de reserva, no qual se acha o tecido vascular. 
Esse desenvolvimento de raízes de reserva (tuberosas) é evidente 
em cenoura (Daucus carota), batata-doce (Ipomoea batatas), beterraba (Beta sp). 
 
 
Crescimento e origem dos tecidos primários. 
Aparentemente, o crescimento de muitas raízes é um processo quase 
contínuo, que cessa apenas sob condições adversas, tais como seca e baixas 
temperaturas. As raízes, durante o crescimento através do solo, seguem o 
caminho de menor resistência e, freqüentemente, ocupam os espaços 
deixadospor raízes mais antigas que morreram e apodreceram. 
A extremidade da raiz encontra-se recoberta por uma coifa, uma massa de 
células semelhante a um capuz, que protege o meristema apical e auxilia a raiz na sua 
penetração através do solo. 
 
À medida que a raiz cresce em comprimento e a coifa é empurrada para diante, 
as células da periferia da coifa sofrem descamação. Esta células descamadas 
formam uma capa mucilaginosa ao redor da raiz e lubrificam sua passagem 
através do solo. As células descamadas da coifa são imediatamente 
substituídas por outras formadas pelo meristema apical. 
Regiões de crescimento da raiz. 
O meristema apical e a porção próxima da raiz onde ocorre a divisão celular são 
denominados região meristemática. 
 
Acima da região meristemática, mas não claramente delimitada a partir dela, 
encontra-se a região de crescimento, que mede geralmente apenas alguns 
milímetros de comprimento.O alongamento dascélulas desta região resulta na maior 
parte do crescimento longitudinal da raiz. Acima desta região, a raiz não aumenta 
de comprimento. 
Seguindo-se à região de crescimento, encontra-se a região de maturação, onde a 
maioria das células dos tecidos primários sofre maturação. Algumas células 
começam a se alongar e se diferenciar na região meristemática, ao passo que 
outras alcançam a maturidade na região de crescimento. Por exemplo, os 
primeiros elementos formados do floema e xilemasofrem maturação na região de 
crescimento, sendo freqüentemente distendidos e destruídos durante o 
alongamento da raiz. 
A protoderme, o procâmbio e o meristema fundamental podem ser distinguidos 
próximo ao meristema apical (vide figura anterior). Estes são os meristemas 
primários que se diferenciam na epiderme, nos tecidos vasculares primários e 
nocórtex, respectivamente. 
 
Estrutura primária. 
A estrutura primária da raiz é relativamente simples quando comparada com a do 
caule, o que é devido, em grande parte, à ausência de folhas na raiz e à 
ausência correspondente de nós e entrenós. 
A epiderme (sistema de tecido de revestimento), o córtex (sistema de tecido 
fundamental) e os tecidos vasculares (sistema de tecidos vasculares) estão 
claramente separados uns dos outros. Na maioria das raízes, os tecidos 
vasculares formam um cilindro sólido. 
Epiderme. 
A função da epiderme das raízes jovens é de absorver água e minerais, sendo facilitada 
por pêlos absorventes, que são extensões tubulares das células epidérmicas. 
 
Os pêlos absorventes possuem uma vida relativamente curta e estão limitados, 
em grande parte, à região de maturação da raiz. A produção de novos pêlos 
absorventes ocorre logo acima da região de crescimento. 
Córtex. 
O córtex ocupa, sem dúvida alguma, a maior área do corpo primário da maioria das 
raízes. As células do córtex armazenam amilo e outras substâncias, mas comumente, 
não possuem cloroplastos. As raízes que sofrem crescimento secundário – que 
incluem as raízes das gimnospermas e da maioria das dicotiledôneas – perdem seu 
córtex precocemente. Nestas raízes, as células corticais permanecem 
parenquimatosas. 
Nas monocotiledôneas, o córtex é mantido durante toda a vida da raiz, e 
muitas células corticais desenvolvem paredes secundárias e tornam-se lignificadas. 
Independente do grau de diferenciação, o tecido cortical possui numerosos 
espaços intercelulares – espaços cheios de ar, essenciais para a aeração das células 
da raiz. 
 
As células corticais têm numerosos contatos entre si e seus protoplasmas encontram-
se ligados por plasmodesmos. Em conseqüência disso, as substâncias que 
transitam pelo córtex podem atravessar as células por intermédio do 
protoplasma e dos plasmodesmos ou das paredes celulares. 
Ao contrário do resto do córtex, a camada mais interna deste se encontra disposta de 
modo compacto e carece de espaços aeríferos. Esta camada, a endoderme, se 
caracteriza pela presença das fitas de Caspary em suas paredes anticlinais (isto é, 
as paredes perpendiculares à superfície da raiz). 
 
 
A fita de Caspary é uma porção filamentosa da parede primária, impregnada de uma 
substância gordurosa denominada suberina, e, algumas vezes, lignificada. O 
protoplasma das células endodérmicas está firmemente fixado às fitas de 
Caspary e adere muito a elas. Tendo em vista que a endoderme é compacta e 
que as fitas de Caspary são impermeáveis à água, todas as substâncias que 
penetram e abandonam o cilindro vascular através da endoderme devem 
atravessar o protoplasma vivo das células endodérmicas. 
 
Muitas células endodérmicas não sofrem estas modificações, permanecendo com 
paredes delgadas e retendo as fitas de Caspary. Estas células são 
denominadas células de passagem. 
Veja a figura abaixo, que visualiza o processo, comparativamente, nas raízes de 
monocotiledôneas e dicotiledôneas: 
 
 
Cilindro central. 
O cilindro central da raiz é formado pelos tecidos vasculares e por uma ou mais 
camadas de células, o periciclo, que circunda totalmente os tecidos vasculares. 
 
 
O periciclo desempenha vários papéis importantes. Na maioria 
das fanerógamas (plantas com flor), as raízes se originam no periciclo. Nas plantas 
que sofrem crescimento secundário, o periciclo contribui para o câmbio vascular e, 
geralmente, origina o primeiro câmbio da casca. Além disso, o periciclo prolifera 
freqüentemente, isto é, origina mais periciclo. 
O centro do cilindro central da maioria das raízes é ocupado por uma medula sólida de 
xilema primário, a partir da qual se estendem projeções semelhantes a estrias 
em direção ao periciclo. 
 
 
Os primeiros elementos do (proto) xilema a sofrer maturação nas raízes 
localizam-se próximos ao periciclo, e as extremidades das séries são 
comumente denominadas de protoxilema. O metaxilema (meta, depois) ocupa as 
porções internas das séries e o centro do cilindro central, diferenciando-se 
depois do protoxilema. As raízes de algumas monocotiledôneas (por exemplo, 
centeio) possuem uma medula, que é interpretada por alguns botânicos como 
um tecido vascular potencial.