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Aula-31-a-40-Educação-Músical

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FACULDADE DOM ALBERTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EDUCAÇÃO MUSICAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
SANTA CRUZ DO SUL – RS 
 
1 
 
1 A IMPORTÂNCIA DA MÚSICA 
É difícil pensar na história da humanidade sem música, pois esta sempre 
esteve presente de alguma forma influenciando e fluindo do homem, como 
fenômeno físico e psicológico. Hoje já se têm à disposição avançadas pesquisas 
científicas que consideram a música como uma força fisiopsicológica, uma 
ferramenta auxiliar da educação, de tratamentos recuperativos, integrando 
programas de desenvolvimento de condições físicas e mentais do indivíduo. 
Papiros médicos egípcios datados de 1500 anos a.C., já se referiam acerca 
da ação da música sobre o homem, retratando o encantamento da música sobre 
as mulheres, estimulando sua fertilidade. 
A Bíblia relata sua aplicação terapêutica, quando narra, no livro de Samuel, 
a história do rei Saul que quando atormentado por um espírito mal, chamava o 
músico Davi, que tocando sua harpa, afastava o tal espírito de Saul, acalmando-
o. 
 A arte musical era muito valorizada na cultura grega, filósofos como Platão 
e outros pensadores, foram os primeiros a ter uma “visão científica”, pesquisando 
a música sem um caráter místico. 
Para a cultura grega a música “era ordem, equilíbrio, harmonia, fruto da 
razão e da ordem intelectual que procuravam encontrar no mundo, usando entre 
outras coisas, para a catarse de emoções, contribuindo para o bem estar do 
indivíduo” (SEKEFF, 2002, p.93). 
 Acreditavam que a música desempenhava papel importantíssimo na 
recuperação do indivíduo, para curar, para prevenir doenças físicas e mentais, 
para educar e também para aquietar o erotismo das mulheres cujos maridos 
estivessem na guerra. 
Com o Renascimento, o estudo da música como um recurso de saúde e 
comunicação toma um caráter racional, e desde então muito se tem descoberto 
sobre ela. 
No decorrer dos séculos, filósofos, médicos, psicólogos, teóricos, tentaram 
explicar o mecanismo de nossas respostas à música, constatando-se sempre 
quão difícil é dissociar, nessas respostas, os efeitos fisiológicos dos psicológicos 
AULAS 31 A 40 
 
2 
 
(e vice-versa).Os pesquisadores oscilam entre duas teorias: a primeira afirma que 
a música afeta primordialmente as emoções e desperta estados de ânimo que 
acabam atuando sobre o corpo; ou seja, o movimento vai do psicológico ao 
fisiológico. 
 A segunda defende o processo inverso, em que o movimento vai do 
fisiológico ao psicológico. Esta segunda teoria é compartilhada pela filósofa 
contemporânea Susan Langer, para quem a excitação nervosa origina a emoção. 
(SEKEFF, 2002, p.108) O que nos interessa, no entanto, é compreender que a 
música exerce uma influência no ser humano tanto por sua condição de vibração 
sonora (fisiológica), quanto por seu caráter de influência no estado de ânimo das 
pessoas. 
O som e o ritmo movem o ser humano desde sua fase intrauterina. Vários 
pesquisadores comprovaram que a música atua em nossas funções orgânicas, 
influenciando o nosso metabolismo. 
Seus ENSAIOS PEDAGÓGICOS Revista Eletrônica do Curso de 
Pedagogia das Faculdades OPET ISSN 2175-1773 – Junho de 2014 estímulos 
conseguem interferir na respiração, circulação, digestão, oxigenação, dinamismo 
nervoso e humoral, marcha das operações mentais; induz a reações positivas e 
negativas e cria a consciência do movimento (como Dalcroze assinala). 
Tem ação em nossa capacidade de trabalho, estimula ou enfraquece nossa 
energia muscular, reduz e retarda a fadiga, favorece o tônus muscular (como 
pesquisou a fisiologista Fere). 
 Segundo Susan Langer, há relações entre música e ritmo humano, pulso 
e tempo musical. Ouvindo música pode-se experimentar a sensação de estar 
executando movimentos rítmicos, ou seja, a música pode estimular em nossa 
mente imagens sinestésicas, imagens de movimentos que parecem reais. 
 A música alimenta nosso poder de atenção e também se constitui num 
recurso contra o medo e a ansiedade. Ela abaixa nosso limiar à dor e à tensão 
pré-operatória, assunto discutido no II Simpósio Internacional sobre o uso da 
Música na Medicina, em Lüdenscheid, quando aproximadamente duzentos 
especialistas apresentaram trabalhos mostrando as vantagens da música na 
minoração de dores, angústias e em seu uso em salas de operação, quando 
penetrando fundo nos centros inferiores do cérebro, acaba por tranqüilizar os 
pacientes. 
 
3 
 
 A música satisfaz algumas necessidades, permitindo ao indivíduo viver 
uma experiência que envolve fantasia e realidade, como é o caso da identificação 
do adolescente com o rock. 
Ela é também um ótimo recurso de catarse, favorecendo a liberação de 
emoções e sentimentos que são difíceis de expressar verbalmente, e ao mesmo 
tempo ela age como facilitadora de comunicação, por meio do qual o indivíduo 
consegue falar de si e de suas emoções. 
 A música estimula a criatividade, e nas pessoas criativas a sinestesia 
tende a ser mais intensa. Ao mesmo tempo, acredita-se que um elevado potencial 
sinestésico parece desenvolver maior capacidade de memorização. 
 A música estimula a inteligência de nosso “cérebro emocional”, do “cérebro 
racional” (neocórtex) e do “cérebro sentimental” (sistema límbico), todos 
integrantes do córtex, com funções diferentes. Além disso, sua prática estimula 
nosso equilíbrio afetivo emocional, propiciando um sentimento de bem estar, de 
calma e relaxamento. O indivíduo que faz, escuta, canta, vivencia a música, é 
sempre beneficiado. A CRIANÇA E A MÚSICA É muito difícil, quase impossível, 
uma criança não gostar 
2 BREVE HISTÓRICO SOBRE O ENSINO DE MÚSICA 
Conforme Houaiss apud Bréscia (2003), a música apresentada “como a 
arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, 
a civilização etc.”, está presente em todo o meio social desde a antiguidade e em 
diversos povos. 
Através do tempo histórico, nota-se que a mesma vem desempenhando um 
papel importante no desenvolvimento moral, social e cognitivo, contribuindo para 
a aquisição de hábitos e valores indispensáveis ao exercício da cidadania. Aponta 
Ferreira (2017, p.24) que “Assim, não é descabido, mesmo que improvável, 
considerarmos mesmo que, já nos primórdios da humanidade, a música tenha 
servido de subsídio para as primeiras manifestações verbais orais da 
humanidade”. 
A palavra música vem do grego “Mousiki” que significa a ciência de compor 
melodia, sendo os gregos os responsáveis por difundir a linguagem musical na 
 
4 
 
educação e promover o seu ensino entre os Romanos. Durante os primórdios da 
civilização grega, o ensino da música era obrigatório e de extrema importância 
para a formação dos cidadãos, iniciando durante a infância e se perpetuando ao 
longo da vida das pessoas. 
De acordo Loureiro (2003, p.34): 
A paixão dos gregos pela música fez com que, desde os primórdios da 
civilização, se tornasse para eles uma arte, uma maneira de pensar e de ser. 
Desde a infância eles aprendiam o canto como algo capaz de educar e civilizar. 
O músico era visto por eles como o guardião de uma ciência e de uma técnica e 
seu saber e seu talento precisava ser desenvolvido pelo estudo e pelo exercício. 
O reconhecimento do valor formativo da música fez com que surgissem, naquele 
país, as primeiras preocupações com a pedagogia da música. 
Todavia, durante a idade média, o ensino da música era restrito, e se 
apresentava de forma exclusiva aos mosteiros. Os registros que datam as 
primeiras escolas responsáveis pelo ensino do desenho, do canto e da tecelagem, 
remetem ao ano de 1770, nas escolas de origem Espanhola, demonstrando o 
gigantesco lapso temporal até que este método pudesse ser pensado e 
implementado em nosso pais (LOUREIRO, 2003). 
A música entre o século XVIII e XIX foi classificada como música clássica, 
sendo esta expressão utilizada para toda produção musical europeia, considerada 
agradávele produzida para aristocratas. O período musical clássico era complexo 
voltando à atenção dos compositores a qualidade das melodias. Nesse período, 
era padronizado o formato da orquestra sinfônica definindo a tonalidade (Frenda, 
Gusmão e Bozzano, 2013). 
Segundo Frenda, Gusmão e Bozzano (2013, p.269). “A expressão “música 
clássica” também é usada para se referir a toda produção musical tradicional de 
origem europeia, desde o final do renascimento até hoje, e que é diferente da 
música popular e regional”. 
Tanto é recente tal discussão, que a música erudita chegou ao Brasil 
através dos portugueses por intermédio dos jesuítas, cujo principal objetivo 
consistia em catequizar e conquistar novos servos para Deus, e para tanto, 
utilizavam-se das músicas, mas somente aquelas simples e singelas, de fácil 
compreensão (ELMERICH, 1977). 
 
5 
 
Por se tratar de elemento comum em ambas as culturas, a catequização 
dos indígenas tornou-se facilitada, todavia são quase inexistentes os registros da 
história brasileira neste período, temos alguns relatos que são descrições curtas, 
que nos permitem entrever esse cenário. 
Muito embora o Padre Anchieta tenha alcançado êxito com a aplicação de 
tal método, as tarefas não foram assim tão fáceis, existia na época uma 
considerável divergência entre a educação e a música no país, cabendo a ele a 
missão de se tornar um dos precursores da aplicação deste método de ensino no 
Brasil, utilizando a música como veículo de educação geral. 
Por possuir forma universal, e ser uma combinação harmoniosa e 
expressiva de sons, a música era o elemento comum, que poderia facilitar o 
ensino religioso que objetivava o Padre Anchieta, visto que se tratavam de 
diferentes povos, de diferentes culturas e de idiomas distintos, não havia outro 
recurso capaz de possibilitar a compreensão dos assuntos explanados pelos 
jesuítas, senão pela utilização da música, assim como acontece com diversas 
crianças que encontram na melodia e no ritmo a compreensão da mensagem que 
se busca transmitir (ELMERICH, 1977). 
A partir de então, a música foi se difundindo no meio social e educacional. 
Com a vinda de D. João para o Brasil (1808), as recepções de chegada para 
família Real estavam preparadas na Igreja Nossa Senhora do Monte do Carmo, 
lá havia um conjunto Musical dirigido pelo Padre José Mauricio, contudo, por um 
longo período a música ficou ofuscada no país, neste período apenas Francisco 
Manuel da Silva (compositor do Hino Nacional) zelou pela conservação da 
musicalidade (ibidem, 1977). 
Por outro lado, no reinado de D. Pedro II um decreto federal estabelecido 
por ele (Decreto Nº 630, de 17 de setembro de 1851) autoriza o governo para 
reformar o ensino primário e secundário do município da corte, entre as mudanças 
estabelecidas no decreto constava a inserção do ensino da música e exercícios 
de canto. Com o decorrer do tempo, este sistema educacional continuou 
evoluindo, e com a primeira república o país teve a oportunidade de permitir que 
cada estado desenvolvesse características próprias de acordo com cada região, 
cultura e costumes. 
Por volta do século XIX, foi incluído nos currículos escolares do ensino 
Público pelo Decreto Federal nº 331 A, de 17 de novembro de 1854. Designava 
 
6 
 
“noções de música” e “exercícios de canto” em escolas primárias de 1º e 2º graus 
e normais (magistério). (JORDÃO, ALUUCCI, MOLINA, TERAHATA, 2012, p. 19) 
Conforme os mesmos autores, através da reforma de Rangel Pestana, 
homologada esta pela lei nº 81, de abril de 1887, ficou obrigatório em São Paulo, 
o canto coral nas escolas públicas. Sendo que através da reforma Benjamim 
Constant, regulamentou-se que o ensino de música passaria a ser ministrado por 
professores de música admitidos através de concursos e que fossem habilitados 
para tal ensino, sendo a Lei responsável por este decreto instituída em 8 de 
novembro de 1890, levando o número 981 (JORDÃO, ALUUCCI, MOLINA, 
TERAHATA, 2012). 
Mas foi durante a Segunda República, nas décadas de 1910 e 1920, que 
puderam ser notadas, no Brasil, as primeiras manifestações de um ensino mais 
organizado, caracterizado como canto orfeônico. Muitos acreditam que Heitor 
Villa-Lobos foi pioneiro nesta prática no Brasil. Mas foram os educadores João 
Gomes Júnior e Carlos Alberto Gomes Cardim, que atuaram na Escola Caetano 
de Campos, na capital paulista, e os irmãos Lázaro e Fabiano Lozano, com 
atividades junto à Escola Complementar (posteriormente, Escola Normal) em 
Piracicaba, os primeiros a estabelecerem o canto orfeônico no ensino. (JORDÃO, 
ALUUCCI, MOLINA, TERAHATA, 2012, p. 19) 
Em 1922, ocorreu a semana da arte moderna, que buscou nacionalizar as 
artes, dentre elas a música, ou nas palavras de Andrade (apud RIEGO, 2006): 
O que caracteriza esta realidade que o movimento modernista impôs é a 
fusão de três princípios fundamentais: o direito permanente à pesquisa estética; a 
atualização da inteligência artística brasileira; e a estabilização de uma 
consciência criadora nacional. (RIEGO, 2006, p. 69) 
Nas décadas de 1930 e 1940, foi implantado o ensino de música em âmbito 
nacional, sendo orientado e auxiliado em seu planejamento pela Superintendência 
de Educação Musical e Artística criada por Villa-Lobos (JUNIOR, 2011). 
Outro fator relevante ao ensino de música, voltado tanto para a área 
educacional como social, deu-se no ano de 1942, através do Decreto Lei nº 4545, 
datado este em 31 de julho, no qual ficou especificado em seu Capítulo VII, que: 
Art. 34º – É obrigatório o ensino do desenho da Bandeira Nacional e do 
canto do Hino Nacional em todos os estabelecimentos, públicos ou particulares, 
de ensino primário, normal, secundário e profissional. Art. 39° – Ninguém poderá 
 
7 
 
ser admitido ao serviço público sem que demonstre conhecimento do Hino 
Nacional (BRASIL, apud JUNIOR, 2011, p. 39) 
Segundo o mesmo autor, no mesmo ano foi fundado o Conservatório 
Brasileiro de Canto Orfeônico com o objetivo de capacitar profissionais para 
ministrar aula de canto, diante do crescimento desse estilo musical nas escolas. 
A partir de 1945, os professores tinham que ter credenciamento no Conservatório 
para dar aula de canto orfeônico. 
Avançando-se no tempo histórico, contata-se que no ano de 1960, foi 
criado o curso de formação de professores de música, pela Comissão Estadual 
de Música e em 1961, A LDBEN (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, 
4024/61 iniciou uma substituição do canto orfeônico pela educação musical, se 
transformando em disciplina curricular (JUNIOR, 2011). 
As evoluções da música como disciplina integrante da base curricular, 
foram cada vez mais notórias, a música acompanhou todo o período histórico 
vivenciado pelo Brasil, inclusive durante a ditadura Militar (1964-1985) devido a 
censura aplicada pelo sistema, encontrou-se na música a forma de expressar a 
indignação do povo, de forma culta, minuciosamente elaborada e intelectualmente 
engajada, era a forma de muitas pessoas se expressarem e tantas outras serem 
conscientizadas e compreenderem que um golpe estava eclodindo. (ELMERICH, 
1977) 
Segundo Elmerich (1977), a música na Ditadura foi utilizada como 
instrumento para manifestar as opiniões e indignações das barbáries existentes. 
Como na música haviam censuras, os cantores protestavam através de 
metáforas, expressando suas insatisfações sobre a discriminação, gênero, etnia, 
religião, ética, entre outros. 
Em 1971, a nova LDBEN (5692/71) estabeleceu que o ensino música seria 
ministrado junto com artes plásticas, artes cênicas e desenho, compondo apenas 
uma disciplina chamada de Educação Artística, de matrícula obrigatória para os 
Ensinos Fundamental e Médio. O ensino superior subdividiu-se em licenciatura de 
Educação Artística, abrangendo música, artes plásticas, desenho e artes cênicas 
e bacharelado em Música, abrangendo canto, instrumentos, regência e 
composição.A secretaria da Educação de São Paulo, devido à falta de 
professores formados em Educação Artística, criou um guia curricular para estas 
aulas e convocaram professores que ministraram as aulas de desenho, música e 
 
8 
 
artes industriais, disciplinas estas que foram substituídas pela Educação Artística 
(BRASIL, 1971). 
Elaborada no ano de 1996, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional, Lei nº 9394/96, erroneamente, reforçou a importância e a 
obrigatoriedade das aulas de Educação Artística, mas não apontou tal importância 
para o ensino da música como componente curricular específico (BRASIL, 1996). 
Com a aprovação, em 18 de agosto de 2008, da Lei número 11.769, alterou-se 
esta falha, passando a ser obrigatório que as escolas ofereçam aulas de músicas 
com professores especializados na área, especificando ainda, que a música 
deveria ser conteúdo obrigatório do componente curricular da Educação Básica, 
devendo esta obrigatoriedade ser implementada no prazo de 3 (três) anos 
(BRASIL, 2008) 
Nos dias atuais a música tem ganho cada vez mais espaço, sendo aplicada 
nos diferentes contextos e culturas, se tornando algo inerente à sociedade e se 
difundindo de forma fugaz. 
Neste contexto Ferreira (2017, p.25), explica que: 
Hoje sabemos a relação íntima que a música tem, por exemplo, com 
disciplinas como a arte (em geral), a língua (portuguesa, inglesa, italiana, latina 
etc.), a história, a matemática, a física, a biologia, a psicologia, a sociologia, a 
religião etc., mas isso não a limita, pois ela mantém sempre alguma afinidade com 
outras tantas, mesmo que não estejam diretamente ligadas ao campo da 
sonoridade. 
Conforme Brito (2003, p. 9) “O Universo vibra em diferentes frequências, 
amplitudes, durações, timbres e densidades, que o ser humano percebe e 
identifica, conferindo-lhes sentidos e significados”. Desta forma a utilização da 
música em escolas passou a ser cada vez mais frequente, com o intuito de auxiliar 
os alunos no processo de aprendizagem. 
Em diversas áreas do conhecimento, a música se apresenta de forma 
enraizada, como forma de assimilação e fixação de conteúdos que por vezes 
apresentam-se complexos, como é o caso de cursinhos pré-vestibulares em que 
são criadas paródias, jingles e até mesmo novas composições para que o 
conteúdo em estudo possa ser memorizado, demonstrando que cada dia mais, a 
música desempenha um importante papel na educação, pois de geração em 
geração ela vem ganhando forças e garantindo a sua difundida aplicabilidade. 
 
9 
 
 
MÚSICA E DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA: 
 
A música é uma linguagem com características próprias, e a atuação do 
adulto deve vir a ser no sentido de aproximar a criança desta linguagem. A 
inserção da criança no mundo musical começa antes mesmo de seu nascimento: 
O envolvimento das crianças com o universo sonoro começa ainda antes 
do nascimento, pois na fase intrauterina os bebês já convivem com um ambiente 
de sons provocados pelo corpo da mãe, como o sangue que flui nas veias, a 
respiração e a movimentação dos intestinos. A voz materna também constitui 
material sonoro especial e referência afetiva para eles. (BRITO,2003, p.35) 
Neste contexto, conforme Salles e Faria: 
Dependendo da forma como o adulto atua nesse processo de reinvenção 
do mundo, as crianças podem apenas se apropriar mecanicamente das 
conquistas culturais da humanidade, como se tudo já tivesse pronto, ou podem 
ser autoras, redescobrindo e transformando esse mundo, à sua maneira e de 
acordo com as possibilidades de seu momento de desenvolvimento, guiadas pela 
curiosidade e pelo desejo de aprender. (SALLES, FARIA, 2012, p. 108). 
Diferentemente de outrora, onde a criança era vista como uma miniatura 
do adulto, onde não havia “[…] respeito às características e peculiaridades 
infantis”, em que “caracterizava-se infância como um vir a ser” (BRUSCATO, 
2006), em nossa contemporaneidade consideram-se as crianças como novas 
construções socioculturais na transformação do mundo, pois: 
As diversas mudanças ocorridas nos últimos 50 anos levam-nos a observar 
grandes transformações nos modos como às crianças vivem as suas infâncias, 
sendo essas entendidas como construções socioculturais que diferem 
profundamente a partir do modo como as crianças se inserem no mundo. 
(BARBOSA, HORN, 2008, p.8).Desta maneira; é mudada a posição da criança de 
um ser que precisava de proteção para assumir um papel principal na construção 
do seu desenvolvimento. 
Passou-se de uma concepção segundo a qual as crianças eram vistas 
como seres em falta, incompletos, apenas a serem protegidos, para uma 
concepção das crianças como protagonistas do seu desenvolvimento, realizada 
por meio de uma interlocução, ativa com seus pais, com os adultos que as 
 
10 
 
rodeiam, com os ambientes ao qual estão inseridas. (BARBOSA, HORN, 2008, p. 
28). 
Assim, a criança assume uma postura ativa na sociedade em que está 
inserida, sendo a protagonista do seu desenvolvimento. Ao passo que o processo 
de musicalização dos bebês e crianças começa por meio dos sons cotidianos, 
apresentados pelos adultos que apresentam a música. “As crianças também têm 
contato, desde pequenas, com diferentes expressões do mundo da dança em 
festas da cultura popular (carnaval, festas folclóricas, bailes), através da televisão, 
do cinema e do teatro”. (CHIOCHETA, REIS, 2016, p. 12) 
Pode-se dizer que o processo de musicalização dos bebês e crianças 
começa espontaneamente, de forma intuitiva, por meio do contato com toda a 
variedade de sons do cotidiano, incluindo aí a presença da música. Nesse sentido, 
as cantigas de ninar, as canções de roda, as parlendas e todo tipo de jogo musical 
têm grande importância, pois é por meio das interações que se estabelecem que 
os bebês desenvolvam um repertório que lhes permitirá comunicar-se pelos sons; 
os momentos de troca e comunicação sonoro-musicais favorecem o 
desenvolvimento afetivo e cognitivo, bem como a criação de vínculos fortes tanto 
com os adultos quanto a música. (CHIOCHETA, REIS, 2016, p. 11) 
A partir daí a música de forma lúdica traz diversos desenvolvimentos na 
educação infantil. Segundo a revista Pais& Filhos (2014), há benefícios que a 
música proporciona à criança: musicalização, expressão corporal, coordenação 
motora, foco, contato com outras culturas, criatividade, memória e 
desenvolvimento da linguagem. Assim, a música também, além no sentido 
artístico, desenvolve habilidades no criativo: 
A criança consegue perceber os variados tipos de sons existentes no seu 
ambiente, desperta emoções podendo ser trabalhados a expressão, ritmos e os 
diferentes sons, habilidades não só no sentido artístico, mas também criativo 
estimulando a construção do seu conhecimento. Assim como se utiliza da palavra 
ou gestos para manifestar suas ideias, terá como meio de expressão mais uma 
forte ferramenta na construção de seus argumentos – a música. (MULLER, 
TAFNER, 2007, p. 102). 
Assim, são trabalhados as emoções, a expressão e o ritmo. “A Rítmica, 
sistema de educação musical criado por Jaques-Dalcroze, que visa a 
musicalização do corpo, é uma disciplina na qual os elementos da música são 
 
11 
 
estudos através do movimento corporal”. (MATEIRA, ILARI, 2011, p. 27). O ritmo 
envolve a questão do movimento. “O ritmo é trabalhado na orientação temporal, 
que é um dos elementos básicos da psicomotricidade. ” (MULLER, TAFNER, 
2007, p. 102). 
Desenvolver o ritmo contribui, também, para a aquisição do sentido rítmico, 
adaptação do ouvido a compassos e ritmos diferentes; conservação de um 
determinado ritmo com o corpo e a voz; memorização e reprodução de um 
determinado som; identificação dos tempos fortes e fracos; verbalização do ritmo 
mediante palavras; e promoção do controle dos movimentos, regularizando o 
gesto impulsivo e coordenando-o. (MULLER, TAFNER, 2007, p. 102). 
Perante o aqui exposto, verifica-se a importânciada Música ser inserida no 
processo educacional, no processo de ensino e aprendizagem, visto que uma das 
melhores metodologias de ensino a ser utilizada vem ao encontro com o aprender 
de maneira prazerosa. 
3 A INSERÇÃO DA MÚSICA ENQUANTO AUXILIADOR DO PROCESSO 
DE ENSINO E APRENDIZAGEM 
Um dos maiores problemas no tocante a utilização de música no contexto 
educacional, vem a ser que a mesma não é utilizada como meio auxiliador de 
metodologias, mas surge como costumes folclóricos, na escola como formação 
de hábitos ou para contemplar datas comemorativas, conforme constata-se em 
BRASIL (2013): 
Sendo assim, a presença da música nas escolas tem, em muitos casos, 
sido reduzida à realização de atividades pontuais, projetos complementares ou 
extracurriculares, destinados a apenas alguns estudantes; relegada a uma 
ferramenta de apoio ao desenvolvimento de outras disciplinas; utilizada muitas 
vezes como rituais pedagógicos de rotinização do cotidiano escolar, tais como 
marcação dos tempos de entrada, saída, recreio, bem como das festas e 
comemorações do calendário escolar. (BRASIL, 2013, p. 5). 
Faz-se necessário destacar ainda, outro fator errôneo, tratando-se da 
utilização da música, fator este, que vem a ser quando se utiliza a mesma somente 
para “acalmar” as crianças. Esta visão também não é adequada, visto que a 
 
12 
 
mesma deve vir a proporcionar a criança uma escuta ativa, e ao cantar o educador 
deve demonstrar toda a sua empolgação, para que as crianças sintam prazer ao 
cantar, pois, se o professor não gosta, não tem o hábito de cantar ou não tem 
relação com a música, ele acaba desmotivando a criança, acaba ainda, retirando 
o encantamento da música. 
A atual educação precisa de novos transformadores para facilitar e 
melhorar o contexto educacional em novas linguagens: 
A sociedade contemporânea globalizada está organizada em rede, 
constituindo-se em um sistema aberto, capaz de expandir-se de maneira ilimitada 
integrando novos nós que permitem a comunicação dentro dessa malha, ou seja, 
formam-se elos que compartilham os mesmos códigos de comunicação. Para 
poder participar dessa rede, é preciso que os atores se apropriem desses códigos 
e é nesse espaço, na oferta de diferentes linguagens simbólicas, que reside o 
importante papel da instituição educacional na sociedade contemporânea, a qual 
assim construída, precisa de novos tipos de agentes. (BARBOSA, HORN, 2008, 
p. 28) 
Neste caso, os agentes transformadores são os professores que precisam 
inovar, utilizando novas linguagens simbólicas para o ensino dentro das escolas. 
“Assim, a escola deve sair da sua função de transmissora de conhecimentos a 
serem acumulados para assumir a capacidade de atuar e organizar os 
conhecimentos em função das questões que se levantem. ” (BARBOSA, HORN, 
2008, p. 28). 
Diante do exposto, vale acrescentar que as escolas devem se reorganizar 
e perder a postura de só transmitir conhecimentos e reutilizar os conhecimentos 
para novas abordagens da educação que vão surgindo, fugindo de paradigmas. 
Desse modo a criança também pode assumir o papel de transformação, guiadas 
pelo desejo de aprender. 
Portanto, a música é inserida na criação de hábitos de modo cantado e 
dançado.Assim, na educação infantil, a música traz as funcionalidades para o 
desenvolvimento da criança: 
Existem várias possibilidades para trabalhar com linguagem musical 
podemos destacar: estímulo ao desenvolvimento do instinto rítmico (com ordens 
para andar, correr, rolar, balançar); marcação da pulsação com palmas e com os 
pés, dramatizações simples como imitação de animais (seus movimentos e sons); 
 
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relacionamento do pulso musical à pulsação do coração, fazendo a criança ouvir 
o coração do amigo, em repouso e depois de correr; apresentação de canções 
que sugiram movimentos de acordo com a pulsação da música. (KREUSCH, 
2014, p.02). 
Então, pode-se dizer que por meio do ritmo, sons, movimentos, é 
estimulado o desenvolvimento infantil. No modo tradicional, crianças cantam 
músicas populares, como cantigas de roda, cantos folclóricos e representam em 
forma de gestos e movimentos: 
A música na educação alia-se com o brincar, a vivência com a música 
desenvolve expressões de gestos e movimentos, o canto, a dança e em especial 
apreciação musical. O que favorece o processo de socialização, a aproximação 
com o saber artístico, o lazer, prazer em interagir e experimentar, encontrar 
significados para suas necessidades emocionais, socioculturais, físicas e 
intelectuais, a música favorece na respiração, pois quando canta a criança 
desenvolve a linguagem verbal. (KREUSCH, 2014, p.02). 
Desta forma a música no contexto escolar da educação infantil ajuda a 
criança no seu aprendizado.Entretanto, há diversas representações musicais na 
escola que favorece a socialização da criança e o saber artístico, que produz 
benefícios culturais e habituais, mas observa-se a pouca utilização de 
instrumentos de ensino, resgatando a origem da música e a utilização no 
planejamento escolar, ou seja, criação de projetos voltados para a música e 
cultura. 
É de conhecimento que o educador, quando de sua formação acadêmica, 
vem a ter em sua grade curricular o ensino de artes, mas não especificamente o 
ensino de música. Segundo Iavelberg: 
As disciplinas de Arte oferecidas nos cursos de Pedagogia precisam formar 
o futuro profissional para saber dar aulas de arte, conhecer arte e os processos 
de ensino e aprendizagem. É importante também que cada pedagogo em 
formação inicial possa ter experiências de criação artística para saber orientar os 
processos criativos dos alunos. Isto requer para a Arte uma carga didática 
substantiva nos cursos de Pedagogia. (IAVELBERG apud BOJUNGA, 2015, p.1) 
Diante do exposto, salienta-se que o educador, enquanto não especialista 
para o ensino específico de música, deve vir a ser um sujeito aprendiz, inserido 
 
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em uma constante busca de novos conhecimentos, intuindo práxis pedagógica, 
capaz de auxiliar e mediar o processo de ensino e aprendizagem de seus alunos.

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