DEFINIÇÃO Ética em compras. Categorias de classificação delas. Comprador. Entendimento sobre o mercado fornecedor. Decisão de compra, custo total e gestão da demanda. PROPÓSITO Compreender os conceitos fundamentais da gestão de compras por meio de seus principais métodos de classificação, além do processo de compras e dos conceitos de custo total e ferramentas de alavancagem delas. OBJETIVOS MÓDULO 1 Definir a organização e a estruturação da função Compras MÓDULO 2 Identificar o processo de compras MÓDULO 3 Descrever as diversas alavancas de otimização de compras INTRODUÇÃO A busca por ganhos para a empresa deve ser a prioridade do setor de compras. Como seus compradores precisam agir como os verdadeiros guardiões do custo dela, esse setor vem aumentando sua importância. Isso se deve ao fato de ele ter deixado de ser um mero consumidor de recursos para se tornar o gestor de uma grande soma do capital da organização, tendo sob sua responsabilidade a maior parte do capital de giro. Proporcionada pelo desenvolvimento de novas tecnologias, tal realidade tem estimulado uma utilização cada vez mais escassa da mão de obra como insumo da produção. Esse fenômeno deslocou a importância dos custos de produção do setor de recursos humanos (RH) das empresas para o de compras, tornando-o o grande responsável por controlar e proporcionar ganhos de custos para a empresa. Para que a nova missão do setor de compras seja atingida, é preciso haver uma boa gestão das compras com os seguintes predicados: Bons métodos de classificação dos insumos que serão comprados; Boas práticas em todo o processo de compras; Utilização e aplicação de alavancas de otimização em todo esse processo. O objetivo principal deste tema é proporcionar conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias para que você consiga alcançar a excelência no domínio desse conteúdo. MÓDULO 1 Definir a organização e a estruturação da função Compras. A ÉTICA EM COMPRAS ÉTICA EM COMPRAS A questão ética perpassa a vida de todos os seres humanos. Desde a Antiguidade, ela é debatida por grandes filósofos. Aristóteles foi um dos primeiros a escrever um tratado sobre a ética: Ética a Nicômaco (que, aliás, era seu filho). javascript:void(0) Fonte: Desconhecida Aristóteles ARISTÓTELES Nascido na cidade de Estagira, na Grécia Antiga, o filósofo Aristóteles (384-322 a.C.) foi o fundador da escola peripatética. Suas investigações envolviam um vasto campo de estudo, incluindo, entre outros assuntos, lógica, física, química, psicologia e ética. Além de ter sido aluno de Platão, Aristóteles foi professor de Alexandre, o Grande. Antes de Aristóteles, a Bíblia Sagrada já tratava desse tema de forma espaçada em seus livros, principalmente em Provérbios. Um provérbio deste livro atesta que “a balança enganosa é abominação [...], mas o peso justo é prazeroso”. Fonte: (BÍBLIA ONLINE, 2020) Isso significa que a justiça e a equidade nas compras podem gerar uma satisfação permanente. Fonte: Desconhecida Immanuel Kant Outros grandes filósofos também trataram da ética. Kant, por exemplo, dizia que a satisfação é fruto do julgamento de nossas ações como se elas fossem regras universais, ou seja, valendo como regra geral para javascript:void(0) o comportamento das pessoas. Ele dava a essa ação idealizada o nome de imperativo categórico. KANT Conhecido como o principal filósofo da Modernidade, Immanuel Kant (1724-1804) nasceu no antigo Reino da Prússia (extinto em 1947). Seus estudos mais significativos foram feitos no campo da epistemologia. Kant é reconhecido principalmente pela elaboração do idealismo transcendental, cujos preceitos atestam a existência de formas e conceitos a priori, ou seja, que não advêm da experiência. Com isso, a satisfação não está mais ligada à obtenção do prazer, que é uma satisfação hedonista, e sim advém da conformação entre a ação a ser tomada e a idealização dela definida pela aplicação do conceito de imperativo categórico. Para Kant, uma ação só pode trazer satisfação se for ética, ou seja, moralmente defensável. Observando a questão ética especificamente em relação à vida profissional, identificamos que ela constitui uma condição presente em todas as profissões, principalmente em funções como a de médicos, engenheiros e compradores. COMENTÁRIO Trata-se de um assunto extremamente profundo e complexo quando é estudado de forma mais teórica; todavia, faremos neste tema uma abordagem mais prática e procedimental, o que nos guiará pela seara de uma prática cotidiana ética. Nessa vertente, o que se espera das empresas é que elas construam códigos de ética para que seus funcionários possam segui-los, listando, dessa maneira, os comportamentos que podem (ou não) ser considerados lícitos. Fonte: Panchenko Vladimir / Shutterstock ATENÇÃO O Código Penal já classifica alguns comportamentos diretamente como crime. Naturalmente, eles são proibidos a qualquer cidadão brasileiro. No entanto, existe uma zona cinzenta que, a despeito de não estar especificada como crime, revela-se moralmente reprovável – e é nessa área que a ética entra a fim de moldar o comportamento das pessoas. Afinal, certas atitudes e ações, mesmo não sendo um crime, não devem ser praticadas. O recebimento de vantagem pessoal para a escolha de determinado fornecedor em detrimento de outro é um exemplo disso. Trata-se da chamada “bola”. Fonte: UfaBizPhoto / Shutterstock Dentro do departamento de compras de uma empresa, a questão ética surge de forma clara e com muita força, tendo em vista o volume de transações e a soma de valores envolvidos nelas. Existe o apelo (até certo ponto) natural por uma busca de vantagem pessoal dentro das negociações, pois um comprador habilidoso pode gerar grandes economias para a empresa. POR QUE NÃO É POSSÍVEL DIVIDIR ESSES GANHOS COM QUEM OS PROPORCIONOU? Deve-se ter em mente que, quando se é contratado em uma empresa como comprador, a função é exatamente esta: buscar a melhor vantagem para ela. Já houve, portanto, um recebimento por se provocar essa economia à empresa. Esta é a função básica de um comprador. Por isso, não deve haver mais nenhuma vantagem com o ganho auferido para a empresa nas negociações. Algumas até podem proporcionar vantagens pela produtividade dos funcionários, mas, nesses casos, os valores pagos são considerados salários e ocorrem a partir de métricas preestabelecidas. Quando um fornecedor oferece suborno ao comprador, ou seja, uma vantagem com a intenção de obter outra, deve ser tratado como desleal e, de alguma forma, punido dentro do processo de compras – até mesmo com a exclusão de sua proposta nesse processo. Dentro de um setor de compras, entender até que ponto uma decisão foi tomada de forma rigorosa e ética é bastante difícil. Saber se o comprador considerou a melhor opção de forma estritamente técnica ou se a escolha foi a melhor para a empresa é uma tarefa quase impossível em alguns casos, pois nem sempre o menor preço é o melhor para ela. EXEMPLO Identificar se uma escolha atendia ao interesse de terceiros, ou seja, pessoas fora da empresa. Muitas vezes, mesmo tomando decisões de compra sem nenhum interesse pessoal – ou mesmo de outras pessoas estranhas à empresa –, acabamos não escolhendo a proposta mais vantajosa. Isso acontece pelo fato de nem sempre termos todas as informações necessárias para a melhor decisão. Essa situação é denominada assimetria de informações. Ela acontece quando falta, a um dos lados da negociação, alguma informação importante para a melhor tomada de decisão. Para suprir essa zona cinzenta, as empresas produzem seus códigos de ética. Uma empresa precisa ter o mesmo código de ética para toda a linha de produção, abarcando não só as compras, mas também as vendas, pois isso lhe traz credibilidade. Se ela exigir dos seus compradores uma conduta ética e for leniente com os vendedores dela, cairá em descrédito e seu