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Medições de distâncias 44.. MMEEDDIIÇÇÕÕEESS DDEE DDIISSTTÂÂNNCCIIAASS GRAMOMETRIA é a parte da Mensuração que estuda os processos e instrumentos empregados na medição de distâncias dos alinhamentos entre pontos topográficos que se pretende representar no desenho. A medição da distância entre dois pontos é a operação mais básica de um levantamento topográfico e esta deve ser sempre entendida como a distância horizontal entre os pontos, uma vez que os levantamentos são representados em algum tipo de planta ou carta e as áreas serão obtidas a partir destes tipos de distâncias. Na Mensuração, o comprimento de um alinhamento pode ser obtido através de: Medições diretas: uma medida é considerada “direta” se o instrumento usado na medição apoiar-se no terreno ao longo do alinhamento, ou seja, se for aplicado no terreno ao longo do alinhamento; Medições indiretas: uma medida é considerada “indireta” no caso da obtenção do comprimento de um alinhamento através da medição de outras grandezas com ela relacionadas matematicamente; Medições eletrônicas: é o caso do comprimento de um alinhamento ser obtido através de instrumentos que utilizam o comprimento de onda do espectro eletromagnético ou através de dados emitidos por satélites. 4.1 MEDIÇÕES DIRETAS DE DISTÂNCIAS Os instrumentos normalmente utilizados para medições de distâncias diretas são chamados de “diastímetros” como, por exemplo, as trenas. Na Topografia de precisão usam-se instrumentos chamados de “basímetros”, como por exemplo: réguas metálicas e o fio de invar. Em Topografia, os alinhamentos são representados graficamente através de suas projeções num plano horizontal, uma vez que as medições dos comprimentos dos alinhamentos são feitas segundo um plano horizontal. Se as medições forem tomadas num terreno plano, o diastímetro poderá ser apoiado diretamente sobre o terreno ao longo do alinhamento. A seguir passaremos a descrever alguns métodos de medições de distâncias que podem ser utilizados para atender às necessidades dos trabalhos. Fundamentos de Geomática 4.1.1 Método expedito É um método de medição de baixa precisão e, portanto empregados em levantamentos rápidos (expeditos), em que se não se exige precisão, ou para se checar a distância medida por método mais preciso. As imprecisões deste método são resultantes das imprecisões dos equipamentos utilizados e por não exigirem cuidados especiais em seu uso. 1. Passo médio: é um meio prático e satisfatório de medir, com relativa rapidez e segurança o comprimento de um alinhamento. O valor do passo varia com a estatura, modo de caminhar, resistência física do operador e com o relevo do terreno. O passo médio de um homem de 1,70 metros de altura pode ser fixado em 80 centímetros, e para cada 5 centímetros de diferença de estatura, aumenta-se ou diminui-se de 1 centímetro, para se ter o valor do passo correspondente. O passo médio de uma pessoa pode ser facilmente conhecido medindo-se o número de passos necessários para caminhar uma distância previamente conhecida, dividindo- se a distância percorrida pelo número de passos dados. Para se estimar o comprimento de um alinhamento, basta multiplicar o número de passos dados entre os dois pontos pelo valor do passo médio. RZIHA propõe fórmulas práticas para se estimar o comprimento P do passo em rampa, em função do passo médio p em terreno horizontal, e do ângulo de inclinação (declividade) do terreno. aclive senpP 1 (4.1) declive 2 1 senpP (4.2) JORDAN (1961) confirmou a utilização das equações de RZIHA, através dos seguintes resultados: Rampa Subida Descida 0º 0,80 m 0,80 m 5º 0,73 m 0,77 m 10º 0,66 m 0,73 m 15º 0,59 m 0,70 m 20º 0,53 m 0,66 m Este método oferece a precisão que varia de 1/50 a 1/200 e esta variação é função das condições do relevo do terreno, da vegetação de cobertura e da anotação correta do número de passos executados. Medições de distâncias 2. Passômetro e podômetro: aparelhos que possuem um pêndulo interno, que de acordo com as oscilações correspondentes aos passos dados pelos operadores (ou também por animal) registram no mostrador automaticamente, o número de passos dados ou a distância percorrida pelos operadores. Estes instrumentos têm a forma de um cronômetro, com quatro círculos graduados e com ponteiros. O círculo maior tem 100 divisões enquanto que os outros três círculos têm apenas 10 divisões. 3. Hodômetro: é um aparelho adaptado à roda de um veículo qualquer e que mede o número de voltas efetuadas pelas mesmas; multiplicando-se este número pelo correspondente comprimento do desenvolvimento da roda, obtendo-se assim a distância percorrida. Estes equipamentos oferecem precisões da ordem de 1/200 quando o relevo do terreno é suave ao longo de uma estrada, porém esta precisão diminui quando a superfície medida é irregular. Estes tipos de equipamentos podem ser utilizados para levantamentos preliminares, como por exemplo, quando a medição de distâncias por meio de passo médio se torna muito demorada. 4. Pelo relógio: da Física, pode-se estimar a distância entre dois pontos sabendo-se o tempo gasto para percorrer estes pontos e a velocidade de marcha empregada. Quanto a velocidade, pode-se orientar pelos dados a seguir: a pé : 80 - 100 m/min 5 – 6 km/h a cavalo : 100 - 120 m/min 6 – 7 km/h a trote : 100 - 133 m/min 6 – 8 km/h a galope : 160 -250 m/min 10 – 15 km/h Para os valores acima, deve-se aplicar um fator de redução de 1/7 e 1/5 em regiões acidentadas e montanhosas, respectivamente. 5. Por réguas graduadas: consiste em se medir o comprimento de um alinhamento, utilizando réguas de 1, 2, 3 metros etc. É um método muito cansativo e pouco empregado. O seu uso é justificado apenas para pequenas distâncias. 4.1.2 Métodos com uso de diastímetros As operações normais de Mensuração empregam esta categoria de medição de distância entre dois pontos topográficos. Chamamos de diastímetros os padrões para medições diretas de distâncias. Apresentam-se a seguir alguns tipos de diastímetros flexíveis. 1. Trenas de pano ou de lona: É uma fita de lona graduada em centímetros enrolada no interior de uma caixa circular através de manivela; Seus comprimentos variam de 2, 10, 15, 20, 30 ou 50 metros. O tamanho mais utilizado nos trabalhos topográficos é normalmente o de 20m. A preferência de trenas deste tamanho é decorrente da redução do erro de Fundamentos de Geomática catenária em relação às de maior comprimento e do menor número de medidas parciais necessárias para a obtenção do comprimento total do alinhamento; A grande facilidade de manuseio a torna, porém, muito aconselhável para medidas secundárias de pouco responsabilidade, principalmente no levantamento e medições de detalhes; Grande facilidade em aumentar o seu comprimento quando puxada com força superior à indicada pelo fabricante; aumentos de 5 a 10 centímetros são comuns em trenas de 20 metros após algum tempo de uso. As trenas de pano ou de lona estão sendo substituídas por produtos sintéticos (fibra de vidro) com sensíveis melhoras na durabilidade e na precisão. 2. Trenas de aço: idêntica a trena de lona ou de material sintético. O erro ocasionado por uma extensão, através de uma tensão de tração superior a indicada pelo fabricante, são muito reduzidos, e isto só pode ser levado em consideração em operações especiais; Pode sofrer influência da variação da temperatura (dilatação ou contração do aço),existindo fórmula para sua correção, o que ocorre também só em casos especiais, quando ainda se corrigem os erros resultantes da catenária; Os comprimentos mais comuns são 20 e 30 metros; Os esforços aplicados nestas trenas podem medidos por dinamômetro colocado numa das extremidades (somente para medidas de precisão); Apesar de ter maior precisão, não é sempre usada pois, exige uma série de cuidados que a tornam pouco prática nos trabalhos corriqueiros. Podem enferrujar-se rapidamente, portanto a necessidade de limpá-las com querosene e a seguir, recomenda-se untá-las com vaselina ou óleo; Não pode ser arrastada no solo pois isto poderá danificar a gravação dos números da mesma. Portanto, ficam reservadas para medidas de grande precisão. O acidente mais comum com estas trenas, é ilustrado na Figura 4.1 Figura 4.1: Acidentes comuns que ocorrem com trenas de aço Devido a sua menor elasticidade, estes tipos de trenas são usadas em levantamento de precisão, embora as trenas de pano sejam confeccionadas com fios finos de aço para aumentar sua resistência. Medições de distâncias 3. Fio de invar: são feitas de uma liga de aço e níquel (36%); permitem precisão da ordem de 1 mm em 100 metros até 1 mm em 1000 metros. Seu uso dá-se apenas em bases geodésicas. 4.1.3 Erros nas medições lineares diretas Os erros cometidos nas medições de distâncias horizontais com diastímetros e cadeia de agrimensor são resultantes do somatório de vários tipos de erros. A maioria destes erros pode ser evitada, ou reduzida, se o operador executar as medições de forma cuidadosa. A negligência, imperfeição dos instrumentos, dificuldade em percorrer o terreno etc, são algumas das diversas causas perturbadoras da imprecisão das medidas lineares de distâncias. Os erros cometidos podem ser grosseiros, sistemáticos ou acidentais. Erros grosseiros: são decorrentes de descuido, displicência ou incompetência do operador. Erros sistemáticos (cumulativos): são resultantes das falhas da própria aparelhagem, e reproduzem-se sempre no mesmo sentido. Seria um erro sistemático o que resultasse do emprego de uma trena realmente maior ou menor que o padrão. Erros acidentais (compensatórios): são aqueles provenientes de causas perturbadoras, que não dependem do operador, e que nem sempre agem da mesma maneira, ou seja, reproduzem-se ao acaso em um sentido ou no sentido oposto. Apresentam-se a seguir alguns erros cometidos em operações topográficas, seja por operadores ou devido aos diastímetros utilizados. 1. Engano no número de trenadas; 2. Erros de leituras propriamente ditos ou dificuldade de leitura na baliza devido a sua espessura; 3. Erro de aproximação na leitura da graduação do diastímetro; 4. Engano com respeito ao ponto zero do diastímetro, que poderá estar, conforme o tipo de fabricação, na extremidade da argola ou em um ponto marcado na fita (Figura 4.2). Fundamentos de Geomática O operador dever atentar no cuidado de colocar a manopla da corrente no eixo da baliza, para que o ponto inicial da marcação do diastímetro coincida, com o eixo da baliza. Figura 4.2: Ilustração do erro com respeito ao ponto zero do diastímetro. 5. erro cometido pelo próprio comprimento da unidade empregada, pois o diastímetro pode ser maior ou menor do que ele indica. É um erro sistemático e de relevante importância. Para corrigir este erro, em geral prefere-se a correção analítica através de uma simples regra de três reversa: n c n r Ccorrentedaocompriment Ccorrentedaocompriment Lmedidoocompriment Lrealocompriment nominal (4.3) A regra de três é inversa porque, quanto maior for o diastímetro, menor será o número de vezes que caberá dentro da linha. Exemplo aplicativo (4.1): Um alinhamento foi medido com uma trena, que depois de aferida media 19,96 metros e registrou 113,30 metros. Qual o comprimento real deste alinhamento? m20trenadanominalocompriment m113,30medidoocompriment m19,96correntedaocompriment n n c C L C Dados mL C CL L r n cn r 07,113 * 6. Erro devido à temperatura: sabe-se que os diastímetros (fitas de aço, trenas, corrente de agrimensor etc.) são feitos e aferidos a determinadas temperaturas. É nessa temperatura que indicarão o comprimento real do alinhamento. Ao submetê- los a uma temperatura diferente daquela de sua aferição, apresentará um erro que pode ser estimado pela seguinte expressão: Medições de distâncias tLCT *0 (4.4) Sendo : TC Correção do comprimento da trena; 0L Comprimento medido; Coeficiente de dilatação linear do material; t Diferença de temperatura entre a que se executa operação de medição, e a temperatura de aferição. Se 0t , o diastímetro apresentará um erro sistemático positivo, ou seja, terá um comprimento maior que o nominal (dado pelo fabricante do equipamento). Se 0t , o erro cometido será sistemático negativo, e o diastímetro terá um comprimento menor que o nominal fornecido pelo fabricante. 7. Erro de catenária: é ocasionado pelo peso próprio do diastímetro. Sempre que esticarmos um diastímetro para medir a distância entre dois pontos, ocorrerá a formação de uma curva, cuja concavidade será voltada para cima devido a ação do peso próprio. A esta curva denominamos de catenária ou flecha. O efeito da catenária pode ser compensado usando-se um dos seguintes métodos: Aumentar a tensão nas extremidades do diastímetro, ou seja, esticá-lo com a tensão recomendada pelo fabricante. Este processo é de resultado duvidoso. Erro provocado por catenária: devido o peso próprio do material do diastímetro, devemos prever que o mesmo, quando esticado, apresentará uma curvatura (catenária), cujo comprimento devidamente estudado é dado pela fórmula: Figura 4.3: Ilustração do erro devido a catenária. 0 2 3 8 L f CC (4.5) Fundamentos de Geomática Esta expressão é resultado do desenvolvimento de uma série, onde o primeiro termo tem valor significativo, Sendo, cC Erro provocado pela catenária; f Flecha central; 0L Vão-livre medido. Sendo: F LP f 8 * 20 (4.6) e, P Peso por metro linear do diastímetro; F Tensão aplicada na operação. Tem-se que: 2 3 0 2 24 * F LP CC (4.7) O erro devido a catenária é do tipo positivo e pode ser desprezível para pequenas cordas. Apoiar diretamente o diastímetro sobre os terrenos planos e limpos. Colocar uma série de suportes intermediários (que eliminam praticamente o efeito de catenária). 8. Erro correspondente a tensão: a trena tem o comprimento exato para uma tensão padrão. Caso seja aplicada uma força superior, ela se estenderá. O fabricante deverá fornecer a tensão padrão e o coeficiente de dilatação por metro linear e por quilograma-força de variação. Esta correção pode ser feita de modo analítico através da seguinte expressão: )(** 00 FFLcC fF (4.8) Sendo: FC Correção quanto a tensão; fc Coeficiente de dilatação devido a tensão; 0L Vão-livre medido; 0F Força padrão fornecida pelo fabricante; F Força aplicada na operação. Medições de distâncias 9. Erro por falta de horizontalidade do diastímetro: É um erro sistemáticopositivo, visto que, qualquer linha inclinada é sempre maior que a sua projeção horizontal. Figura 4.4: Ilustração do erro devido a falta de horizontalidade da trena. 10. Erro por desvio vertical da baliza: é um erro acidental que pode ser positivo (Figura 4.5-a e 4.5-b), ou negativo (Figura 4.5-c e 4.5-d). A fim de reduzir o erro de inclinação, sempre que possível deve-se fazer a medição com o diastímetro na parte mais baixa das balizas ou então se substituir as balizas por fios de prumo pesados. Fundamentos de Geomática (a) (b) (c) (d) Figura 4.5: Ilustração do erro devido a falta de verticalidade da baliza. 11. erro do desvio lateral: este é um erro positivo, proveniente de uma má orientação da baliza de ré. Neste caso, em vez de estarmos medindo uma linha reta (AB), estaremos medindo as linhas AC e CB (Figura 4.6). Figura 4.6: Ilustração do erro do desvio lateral. Medições de distâncias 4.1.4 Limites do erro provável médio O limite do erro admitido numa operação de medição direta de distância com diastímetro depende naturalmente do objetivo e conseqüentemente da precisão exigida para o levantamento topográfico. Estes limites são fixados em normas cadastrais. No curso, adotar-se-á os seguintes: DHe 015,0 - terrenos planos (4.9) DHe 020,0 - terrenos ligeiramente inclinados (4.10) DHe 025,0 - terrenos inclinados (4.11) 4.2 MEDIÇÕES INDIRETAS DE DISTÂNCIAS As medições indiretas de distâncias aplicam conceitos da Trigonometria e da Geometria, ou seja, baseiam-se na resolução de diferentes tipos de triângulos. Os processos de medições indiretas de distâncias são de utilização rápida onde a distância entre dois pontos topográficos é calculada através da medida de outras grandezas, não havendo, portanto, a necessidade de percorrer o alinhamento para compará-la com a grandeza padrão. Geralmente utilizam recursos ópticos para efetuar as medidas e oferecem a vantagem de seu uso em regiões de relevo acidentado. A parte da Mensuração que se ocupa das medições indiretas das distâncias e das diferenças de níveis é designada de TAQUEOMETRIA ou TAQUIMETRIA. Estes termos significam medições rápidas e são derivadas do grego takus (rápido) e metron (medição). O taqueômetro é um instrumento adequado para levantamento de precisão média e seus tipos principais são: de lunetas normais ou comuns, dotada de retículos estadimétricos, chamados de taqueômetros estadimétricos. Os retículos podem ser constituídos de três fios horizontais e/ou verticais, paralelos e eqüidistantes; de lunetas especiais, com deslocamentos mecânicos por alavanca ou tambor, chamados de taqueômetros auto-redutores. Na determinação das distâncias indiretas, a Taqueometria pode lançar mão dos conceitos da Estadimetria, ou simplesmente utilizar aparelhos eletrônicos especiais (distanciômetros); a respeito destes últimos, voltar-se-á a falar mais adiante. A ESTADIMETRIA é a parte da Topografia que estuda os métodos e os aparelhos usados para a obtenção de medidas indiretas de distâncias. Fundamentos de Geomática 4.2.1 Princípio estadimétrico Na Estadimetria, a distância é geralmente obtida através de um triângulo retângulo ou um triângulo isósceles, utilizando-se da semelhança de triângulos. Figura 4.7: Princípio estadimétrico. Pela semelhança dos triângulos: CAB e CED: DE CF ABCG DE AB CF CG * (4.12) Portanto, conhecendo as distâncias AB, CF e DE, obtém-se o valor de CG, isto é, as distância entre o ponto C e o ponto G. Aplicando o princípio estadimétrico demonstrado acima, GREEN (1778) construiu um aparelho simples, composto por um tubo de 3 fios, a que deu o nome de estadia. Figura 4.8: Ilustração da visão dos fios estadimétricos. Estes aparelhos apresentavam o inconveniente de servirem apenas para visadas de pequenas distâncias. Com evolução, alguns fabricantes construíram taqueômetros de luneta estadimétrica. Hoje em dia, não há fabricantes de aparelhos que não construa teodolitos sem dotá-los de uma luneta estadimétrica, razão esta porque todos os teodolitos modernos são, também, taqueômetros estadimétricos. Portanto, por construção, as distâncias CF e DE são ditas constantes do aparelho, então: Medições de distâncias gCONSTANTE DE CF (4.13) logo, gABCG * (4.14) Sendo, CG : distância horizontal entre os pontos C e G; AB : diferença de leitura entre os fios estadimétricos superior (FS) e o inferior (FI); g : constante multiplicativa do aparelho estadimétrico. Os fabricantes fazem, geralmente, a constante multiplicativa do aparelho com o valor de g 100 . 4.2.2 Aplicação do princípio estadimétrico A seguir, aplicar-se-á o princípio estadimétrico no cálculo das distâncias horizontais e verticais. Tem-se 2 casos: 1o caso: ângulo vertical de altura igual a zero 00 luneta horizontal. 2o caso: ângulo vertical de altura diferente de zero 00 luneta inclinada. 4.2.2.1 Distância horizontal - visada horizontal 00 Seja a Figura 4.9 onde, bahab : distância entre os dois fios extremos estadimétricos, no anel do retículo; f : distância focal da objetiva; F : foco exterior da objetiva; c : distância do centro ótico do instrumento à objetiva; fcC : constante aditiva do aparelho ou REICHEMBACH, cujo valor vem sempre indicado nas caixas dos instrumentos; d : distância dos foco à mira; HAB : diferença entre as leituras dos fios reticulares extremos estadimétricos FIFS FM : leitura do fio médio estadimétrico; Fundamentos de Geomática dCDH : distância horizontal que se deseja obter,e que separa o ponto do estacionamento do aparelho até o qual está a mira. Figura 4.9: Esquema de visada horizontal 00 . Por semelhança dos triângulos: Fba e ABF , obtem-se: H h f d H d h f * (4.15) Da Figura 4.9 temos: fcCondedCDH (4.16) então, 100* g h f masH h f CDH (4.17) logo, CHDH *100 (4.18) Esta será a equação que permite obter a distância horizontal nos instrumentos ALÁTICOS, que são aqueles que apresentam um valor para a constante C. Nos instrumentos ANALÁTICOS (nestas lunetas o vértice do triângulo estadimétrico coincide com o centro do aparelho), a constante C é igual a zero, ou seja, 0C . Logo, a distância horizontal para estes tipos de aparelhos é dada pela seguinte expressão: HDH *100 (4.19) Medições de distâncias Exemplo aplicativo (4.2): Deseja-se medir um alinhamento AB. Para tanto, foi utilizado um teodolito (composto por uma luneta analática). O instrumento foi instalado em A, e a mira graduado foi instalada em B. Em seguida, foram realizadas as leituras dos fios estadimétricos superior e inferior, obtendo 1200FS , e 800FI . Qual o comprimento do alinhamento AB? mmFI mmFS Dados 839 1282 mDH HDH mmFIFSH 30,44 *100 443 Este é o princípio em que se baseia a medição indireta de distância horizontal por estadimetria. Fundamentos de Geomática Observações 1. Na Figura 4.16, o ângulo é denominadode diastimétrico e o seu valor é dado pela seguinte expressão: f h f h 2 2 2 tan (4.20) 2. O número gerador g pode ser expresso em função do ângulo diastimométrico, isto é: 2 tan2 1 g (4.21) Na prática, geralmente são dados os seguintes valores para g 50g para 544310 100g para 3243 150g para 5122 200g para 1171 3. Uma outra maneira de se determinar o número gerador g é: coloca-se a mira a uma distância conhecida DH do centro do instrumento, e procede-se às leituras dos fios estadimétricos sobre ela, e aplica-se a seguinte expressão: FIFS fcDH g (4.22) Uma determinação apenas para g não é suficiente para se obter o valor mais provável e seguro para esta constante, para tanto, deverão ser feitas novas operações, fazendo-se variar a distância DH da mira até o instrumento, com novas leituras dos fios estadimétricos, e tomando como valor do número gerador g, a média aritmética de todos os valores encontrados. 4.2.2.2 Distância horizontal - visada inclinada 00 Na maioria dos casos, devido a topografia do terreno, não existe condição de efetuar a leitura dos fios estadimétricos com a luneta na horizontal. Neste caso, o operador é levado a inclinar a luneta para que seja possível visar a mira. Na Figura 4.10, têm-se os mesmos valores do caso anteriormente estudado (visada horizontal), com a introdução de um fator novo, que é o ângulo vertical de inclinação da luneta em relação a horizontal, que é determinado com o auxílio do círculo vertical do instrumento. Medições de distâncias Figura 4.10: Esquema de visada inclinada 00 . Os raios visuais aqui incidem obliquamente sobre a mira atingindo-a nos pontos A, M e B. Traçando-se o segmento A' e B', perpendicular a OM no ponto M, de tal forma que A' se situe sobre o prolongamento de FA e B' sobre o segmento FB, ficam construídos os triângulos AA'M e BB'M. Nesses dois triângulos, os ângulos que têm como vértice o ponto M são iguais a , pois têm lados perpendiculares àqueles. Podem-se considerar, sem erro prejudicial, como retos os ângulos A' e B', visto serem muito pequenas as distâncias MA' e MB' na perpendicular OM, em relação às distâncias OA' e OB'. Assim sendo, tendo os lados MB' e MA' como sendo catetos, e MB e MA como hipotenusa, dos triângulos BB'M e AA'M, respectivamente, como se vê na Figura 4.11, em detalhe. Figura 4.11: Detalhe da ilustração da Figura 2.10 Nos triângulos AA'M e BB'M, tem-se: cos* cos* MBBM MAAM (4.23) Fundamentos de Geomática cos*MBMABMAM (4.24) cos*HBA HMBMA BABMAM (4.25) Reportando-se à Figura 4.10, vê-se que no triângulo OMR, retângulo em R, tem-se: cos*OMOR (4.26) CBAOM *100 (4.27) Substituindo-se BA pelo seu valor: CHOM cos**100 (4.28) cos*cos**100 CHOR (4.29) mas DHOR cos*cos**100 2 CHDH (4.30) Nos instrumentos analáticos, em que 0C , ter-se-á: 2cos**100 HDH (4.31) 4.2.3 Mira horizontal São diastímetros que são instalados sobre um tripé, podendo ser centralizado e nivelado num dos extremos da distância que se deseja medir. Acompanha o instrumento um prisma que deve ser acoplado à luneta do teodolito e uma estadia própria, destinada a trabalhar horizontalmente, Figura 4.12 (a). A leitura da mira é feita com o auxílio da luneta do taqueômetro dotado de fios estadimétricos que permitem executar as leituras, Figura 12 (b). Medições de distâncias (a) (b) Figura 4.12: (a) Mira horizontal; (b) exemplo de uma leitura estadimétrica na mira horizontal. Considere a condição topográfica de visada apresentada na Figura 13. Um taqueômetro é instalado num ponto E e a mira horizontal instalada num ponto P. Deseja-se determinar a distância horizontal entre estes pontos. Figura 13: Condição topográfica de visada de uma mira horizontal. Da Figura 13 temos que a distância horizontal entre os pontos E e P pode ser estimada através das seguintes expressões: (4.32) (4.33) (4.34) Sendo: G = diferença de leituras entre os fios estadimétricos da direita e da esquerda; g = constante estadimétrica; Fundamentos de Geomática α = ângulo vertical de altura; z = ângulo vertical zenital; n = ângulo vertical nadiral Exemplo aplicativo (4.3): Considerando os dados da Figura 12 (b), determine: Qual o comprimento do alinhamento AB? mmesquerdoestfio mmdireitoestfio Dados 1412. 1588. mDH GDH mmFEFDG 60,17 *100 176 4.2.4 Mira de Invar ou de base Uma barra com sinais marcados sobre ela é instalada sobre um tripé no ponto B - Figura 4.14, de modo a ficar horizontal, e perpendicular à linha de visada que vem do ponto A. Normalmente esta barra tem 2 metros de comprimento. O teodolito de alta precisão, colocado em A, mede o ângulo visando para a esquerda e para a direita os pontos C e D, respectivamente. A distância AB é dada pela cotangente do ângulo 2 , já que 1 BDCB metro. Figura 4.14: Mira horizontal de invar. Considerando a Figura 4.14, a distância horizontal entre os pontos A e B pode ser estimada através da seguinte expressão: (4.35) A prática do uso da miras horizontais aponta que para distâncias menores que 150 metros os erros nas medições de distâncias horizontais são considerados pequenos, proporcionando uma precisão da ordem de 1/1000 a 1/5000. Este método foi muito útil em medições que cruzavam rios, estradas com grande volume de tráfego e outras áreas de difícil acesso. A grande vantagem Medições de distâncias deste método é que o ângulo horizontal β/2 medido é independente da inclinação da linha de visada. Assim, a distância horizontal obtida diretamente e nenhuma correção de declividade do terreno é necessária. 4.2.5 Método das rampas Este método é executado instalando-se um teodolito numa estação A visando-se uma mira colocada num ponto B. Com uma inclinação da luneta, efetua-se a leitura do ângulo vertical 1 com sua respectiva leitura da mira 1L ; variando a inclinação da luneta obtêm-se a inclinação 2 com sua respectiva leitura 2L . Vide Figura 4.15. Figura 4.15: Ilustração do método das rampas. A distância horizontal entre os pontos em questão, é dada pela seguinte expressão: 12 12 tantan LL DH (4.36) Este método é indicado para os teodolitos que possuem apenas os fios axiais (vertical e horizontal). No caso de se utilizar aparelhos que possuem além dos fios axiais, fios estadimétricos, o operador deve utilizar sempre o mesmo fio como referência para as leituras na mira. O princípio estadimétrico é muito útil no dia a dia nas práticas de levantamentos e nas estimativas de alturas de prédios, árvores e outros objetos de interesse. Vide Figura 4.16. Figura 4.16: Estimativa da altura de uma árvore. Fundamentos de Geomática Da Figura 4.16, uma régua é segura na posição vertical a uma distância de 0,6 m (aproximadamente o comprimento deum braço estendido), na frente de um olho de um observador de maneira que o topo da régua coincida com o topo da árvore. O observador desloca o polegar sobre a régua até que se tenha uma leitura na régua que coincida com a base da árvore. Em seguida deve-se medir a distância horizontal entre a posição do observador e da árvore. Com estes dados pode-se facilmente determinar a altura da árvore, ou de qualquer outro objeto, por uma regra matemática simples. Este método de estimativa foi muito utilizado nas escolas militares de artilharia para se determinar distância entre alvos, através da avaliação de tamanho de objetos. 4.2.6 Medições eletrônicas Em anos passados, os aparelhos usados em Topografia e Geodésia para medições de distâncias, davam uma preferência as grandezas angulares em relação as grandezas lineares, dada a maior precisão conseguida pelas primeiras. Com os distanciômetros eletrônicos, esse princípio está sendo mudado; a medida de distância entre dois pontos topográficos está sendo conseguida com uma precisão bem maior. Os taqueômetros permitem leituras da ordem de decímetros, enquanto que os modernos distanciômetros eletrônicos oferecem uma precisão da ordem de 1cm para 1000m ou mais, dependendo da sofisticação oferecida pelo fabricante do equipamento. Devido a este e a outros fatores, consegue-se cobrir distâncias 10 vezes maiores com um menor número de estacionamentos do equipamento, menor número de lados da poligonal e conseqüentemente um menor tempo utilizado para as medidas. Mesmo que o preço destes equipamentos seja bem superior ao dos taqueômetros, a grande produção de serviços permite uma redução drástica nos custos de operação, o que justifica o investimento realizado para aquisição dos mesmos. Medições antes impossíveis ou sem alcance óptico, podem ser obtidas diretamente pelos medidores eletrônicos de distância (MED), tipo distanciômetros. Estes instrumentos utilizam o princípio da propagação das ondas eletromagnéticas no espaço, cuja velocidade é considerada constante. Durante a 2ª Guerra Mundial, desenvolveu-se o RADAR, que foi um dos primeiros sistemas de medição eletrônica de distâncias. Existem dos mais diversificados tipos de MEDs, aqueles que utilizam: microondas, laser, ondas de rádio etc. Em Mensuração, os mais comuns são aqueles que funcionam com infravermelho, por serem mais leves e de fácil manuseio. Na Figura 4.15 são apresentados exemplos de alguns tipos de estação total. É bom salientar que existem outros fabricantes de instrumentos além dos apresentados nesta Figura e indica-se ao leitor buscar maiores informações quanto aos modelos e características técnicas dos instrumentos junto aos representantes comerciais de sediados em nosso país. Medições de distâncias Estação Total Leica modelo TCA2003 Estação Total Pentax modelo PCS200 Estação total Trimble Spectra modelo 5600 Estação Total Sokkia modelo Série 30R Figura 4.15: Exemplos de estações total. 4.3 CLASSIFICAÇÃO DAS DISTÂNCIAS Num levantamento topográfico, a distância entre dois pontos pode ser obtida através das seguintes maneiras: Distância inclinada Distância horizontal Distância esférica Distância plana Fundamentos de Geomática 4.3.1 Distância inclinada e distância horizontal Sejam dois pontos A e B, sobre um terreno, conforme indicado na Figura 4.16. Figura 4.16: Distância inclinada entre dois pontos topográficos. Quando houver facilidade na obtenção da medida inclinada L‟, esta medida deverá ser acompanhada da medida do ângulo de inclinação ou da diferença de nível (de cota) DV entre os referidos pontos. Da Figura 4.16, tem-se: cos*cos LDH L DH (4.33) ou 22222 DVLDHDVDHL (4.34) A equação 4.33, entre as distâncias inclinadas e horizontal, é válida apenas para pontos suficientemente próximos para que se possa desconsiderar a curvatura terrestre. Exemplo aplicativo (4.3): Seja um alinhamento medido com a distância inclinada igual a 4356,246 metros. Considerando que o ângulo de inclinação entre os dois pontos seja igual a 352330 , qual a distância horizontal (DH) entre os dois pontos? 35233 246,4356 : 0 mL Dados Medições de distâncias mDH DHLDH 896,4347 )35233cos(*246,4356cos* 0 Em terrenos inclinados, onde não é possível a medida direta entre A e B, procede-se da forma indicada, em segmentos sucessivos, obtendo-se a distância horizontal DH pela soma dos valores parciais horizontais dos segmentos sucessivos (Vide Figura 4.17). Figura 4.17: Distância entre dois ponto s topográficos A e B, por segmentos sucessivos. Em Topografia, a distância DH entre dois pontos topográficos A e B será sempre a distância horizontal entre eles, mesmo que o terreno seja inclinado. 4.3.2 Distância esférica Considerando-se a curvatura terrestre e adotando-se a esfera como superfície de referência, pode-se analisar o caso apresentado na Figura 4.18. Fundamentos de Geomática Figura 4.18: Representação da determinação da distância esférica. Da Figura 4.18, sabe-se que as superfícies de nível são esferas concêntricas que permitem equacioná-las conforme a seguir. B B A A HR L HR L R L 0 (4.35) A partir da equação 4.35, pode-se generalizar: seja um ponto C com altitude CH , então, pode-se estimar a distância esférica ao nível deste ponto pela seguinte equação: 00 1* L R H L R HR L CCC (4.36) ou R H L L C C 1 0 (4.37) Na prática, opera-se com valores em ppm adotando-se na altitude média para a região que desenvolveu o levantamento. Então, a redução ao nível do mar (geóide) é dada por: ppm HR H d C C 610Re (4.38) dLLL CC Re*0 (4.39) Sendo: CH Altitude do ponto medido; R Raio médio da Terra para o ponto medido. Medições de distâncias Exemplo aplicativo (4.4): Seja um ponto, na cidade de São Carlos, de altitude mHC 850 . Foi medido um alinhamento de comprimento igual a 1563,897 metros. Considerando que para esta cidade o raio médio da Terra é igual a 6356,778 km, calcule o comprimento deste alinhamento reduzido ao geóide. mL mR mH Dados C C 897,1563 6356778 850 : ppmd ppmdppm HR H d C C 697662084,133Re 10* 897,1563850 850 Re10*Re 66 mL LdLLL CC 688,1563 841336976620,0*897,1563897,1563Re* 0 00 A título de exemplo, aplicando a equação (4.36), adotando-se: kmR 6378 e atribuindo-se valores de altitudes, obtém-se a Tabela 1. Tabela 1: Valores para a distância esférica considerando-se alguns valores de altitude. Valores de altitude H [m] Distância esférica [m] 1000 2000 5000 10 000 0 0 0 0 0 10 1000,002 2000,003 5000,008 10000,016 100 1000,016 2000,031 5000,078 10000,157 500 1000,078 2000,157 5000,392 10000,785 1000 1000,157 2000,314 5000,785 10001,570 4.3.2.1 Relação entre distância esférica e distância horizontal Conforme descrições anteriores pode-se afirmar que a distância horizontal entre dois pontos situa-se no plano horizontal que passa pelo ponto de origem do alinhamento. Em contrapartida, a distância esférica entreestes dois pontos situa-se na superfície esférica passando pelos pontos.: Fundamentos de Geomática Destes conceitos e analisando a Figura 4.19, podem-se estabelecer as seguintes relações. Figura 4.19: Representação esquemática da relação entre distância esférica e horizontal. Arco AB’ *AA HRL (4.40) Corda AB’ 2 2 senHRC AA (4.41) Tangente AB tanBHRL (4.39) A Tabela 2 apresenta uma comparação entre valores do arco, corda e a tangente, considerando- se 6378000R metros e mH A 0 . Tabela 2: Valores do arco Valores do arco LA [m] Valores da corda CA [m] Valores da tangente L [m] Diferença LA -CA [m] Diferença L-LA [m] 1’ 1855,285 1855,285 1855,285 6*10 -6 5,23*10 -5 2’ 3710,570 3710,570 3710,570 5,23*10 -5 4,71*10 -4 5’ 9276,425 9276,424 9276,431 8,17*10 -4 0,007 10’ 18552,850 18552,843 18552,902 0,006 0,059 30’ 55658,550 55658,373 55658,963 0,177 1,590 1º 111317,100 111315,687 111328,404 1,413 12,717 Analisando a Tabela 2, conclui-se: pode-se negligenciar a diferença entre a corda e o arco para distâncias inferiores a 10 km. Medições de distâncias 4.3.2.2 Redução de distâncias inclinadas Reduzir uma distância inclinada significa calcular, a partir do valor da distância inclinada, o valor da distância projetada sobre uma superfície de referência. 4.3.2.2.1 Redução partir da medida de um ângulo vertical Conforme visto anteriormente, a equação 4.33 exprime a redução da distância inclinada para o plano horizontal. Considerando a esfericidade terrestre, a distância horizontal pode ser assimilada a uma distância esférica, sendo suficiente o conhecimento do nível que esta distância se encontra. Da Figura 4.20, considere apenas ao quadrilátero formado por AB’A’B, vide Figura 4.21. Figura 4.21: Ampliação de parte da Figura 4.20. A Figura 4.20 ilustra a situação dos diferentes elementos concernentes. Figura 4.20: Redução partir da medida de um ângulo vertical. Fundamentos de Geomática Da Figura 4.21, tem-se: 2 . Considerando que o ângulo é muito pequeno, obtém-se: Distância AB reduzida ao nível A 2 cos 2 cos HLHsenLLA (4.43) Distância AB reduzida ao nível B 2 cos 2 cos HLHsenLLB (4.44) Distância AB reduzida ao nível médio entre A e B cosLLm (4.45) Para os cálculos dessas distâncias, é importante o conhecimento do ângulo . Entretanto, o ângulo medido com um teodolito é o ângulo de altura do alinhamento AB, que também não é o ângulo , indicado na Figura 4.20. Na realidade o que ocorre é que o efeito da refração atmosférica transforma a visada retilínea AB em uma visada curva, como indicado na Figura 4.22. Desta forma: Figura 4.22: Visada real entre dois pontos. Da Figura 4.22: é o ângulo de altura efetivamente medido com o teodolito e é o ângulo de refração. Pela teoria do nivelamento trigonométrico, admite-se que: 2 * K (4.46) Sendo 13,0K é o valor médio do coeficiente de refração. Assim, obtém-se a seguinte relação: 2 1 2 K (4.47) Medições de distâncias Tomando-se o ângulo de altura efetivamente medido, obtém-se uma distância denominada distância reduzida - rL - dada por: cos*LLr (4.48) Substituindo-se na equação (4.48) o valor de dado na equação (4.47), obtém-se: 2 1 2 coscos 2 1coscos 2 1cos KHLL KLLL KLL r r r (4.49) considerando que o ângulo seja suficientemente pequeno, pode-se adotar 1 2 cos . Daí, 2 1cos KHLLr (4.50) Do exposto, pode-se a partir deste momento calcular a diferença de distância entre o valor rL e os demais valores calculados. Sabendo-se que R L 22 , tem-se: R K HLLL KHLL HLKHLLL Ar Ar ArA 2 2 ** 2 2 2 cos 2 1cos: (4.51) R K LHLL HKLL HLKHLLL Br Br BrB 2 ** 2 2 cos 2 1cos (4.52) Fundamentos de Geomática R K LHLL KHLL LKHLLL mr mr mrm 2 1 ** 2 1 cos 2 1cos (4.53) Sendo 13,0K e kmR 6378 , obtém-se: LH LH LH m B A **10*682,0 **10*019,1 **10*466,1 7 7 7 (4.54) O resultado acima permite concluir: calculando-se a distância reduzida com o ângulo de altura medido, obtém-se a distância esférica próxima do ponto visado. A conclusão, citada acima, não é rigorosa. Isto exige o cálculo do nível exato em que se encontra efetivamente a distância rL . Analisando a equação (4.52), nota-se que: se 00 BH neste caso, a distância rL encontra-se a uma altitude inferior aquela visada. se 00 BH neste caso, a distância rL encontra-se a uma altitude superior aquela visada. A Figura 4.23 ilustra o caso em que 0 AB HHH , para a qual deseja- se calcular a altitude rH , da distância reduzida rL . Figura 4.23: Seja o caso de 0h . Então, pode-se relacionar: Medições de distâncias B B r B L R L hR (4.55) BB B B B L L R hR (4.56) B B B L R h (4.57) Considerando a equação (4.52), tem-se: R K HL L R h B B 2 (4.58) Admitindo que L R L R B B , obtém-se finalmente que: H K HHh Br 2 (4.59) Assim, considerando as relações apresentadas e que AB HHH , obtém-se: H K hH K HH ABr 2 2 2 (4.60) Introduzindo-se o valor 13,0K para o coeficiente de refração, pode-se escrever: HHHHH ABr 935,0065,0 (4.61) O leitor deve atentar-se ao fato de que todos os cálculos até então apresentados foram realizados levando-se em consideração a forma esférica para a Terra e não em relação ao elipsóide. As diferenças de valores são, entretanto desprezíveis e para os cálculos comuns da Mensuração são absolutamente aceitáveis. Os cálculos anteriores podem ser realizados em função do ângulo vertical corrigido , conforme a seguir: cos**11,14 kmL equação aproximada (4.62) logo, cosLLr (4.63) Fundamentos de Geomática HHH Am 2 1 (4.64) e senLH * (4.65) Exemplo aplicativo (4.5): A partir de um ponto A, de altitude igual a 870m, visou-se um ponto B, obtendo-se os seguintes dados: 92405 856,5643 0 mL Reduzir o alinhamento AB, ao nível do mar, considerandoque para a região deste alinhamento o raio médio da terra é igual a 6356,778km. Solução considerando o uso do ângulo vertical medido m,L cos*, cos*LL r r 7335621 924058565643 0 HH HHH r Ar 935,0870 935,0 o valor real de H pode ser dado por: senLHsen L H * 2 cos simplificadamente, pode-se adotar: mH senH senLH 226,499 92405*856,5643 * 0 mH H r r 777,1336 226,499*935,0870 Medições de distâncias md ppmd ppmppm HR H d r r 000210247,0Re 247,210Re 10 777,13366356778 777,1336 10Re 66 mL L dLLL rr 551,5620 210247,0*733,5621733,5621 Re* 0 0 0 Solução através do uso do ângulo vertical corrigido: 23,48505 92405cos*643856,5*11,1492405 cos**11,14 0 00 kmL mH senH senLH 388,501 23,48505*856,5643 * 0 mH H HHH m m Am 694,1120 388,501 2 1 870 2 1 redução da distância inclinada L ao nível médio mH mL L LL m m m 541,5621 23,48505cos*856,5643 cos 0 redução da distância Lm ao nível médio do mar Fundamentos de Geomática 000176268,0Re 268,176Re 10 694,11206356778 694,1120 Re 6 d ppmd d mL L dLLL mm 550,5620 000176268,0*541,5621541,5621 Re* 0 0 0 4.3.3 Distância plana Em Mensuração os cálculos relativos as determinações de pontos, bem como suas relações, realizam-se na maioria dos casos, segundo um plano de projeção, a partir do qual define-se o sistema de coordenadas XY. Opera-se, neste caso, com distâncias planas, as quais são evidentemente deformadas segundo o tipo de projeção adotada. As funções matemáticas do sistema adotado definem as relações entre as distâncias sobre a superfície de referência e as distâncias sobre o plano de projeção. Existe uma infinidade de sistemas de projeções que foram desenvolvidos ao longo dos anos. Cada país adota para si aquele que melhor se adapta às suas condições e dimensões. A França utiliza, por exemplo, o Sistema de Projeção Cônica Conforme de Lambert (1728-1777); a Suíça utiliza o Sistema de Projeção Conforme Cilíndrico a Eixo Oblíquo; os EUA, Brasil e muitos outros países, utilizam os Sistema de Projeção UTM. Os cálculos de transformação das distâncias esféricas para distâncias planas são complexos e não serão tratadas nestas notas de aulas. O leitor interessado deverá consultar outras fontes bibliográficas. 4.3.4 Distância vertical ou diferença de nível 4.3.4.1 Visada ascendente Na Figura 4.24, tem-se: Medições de distâncias Figura 4.24: Esquema de visada ascendente. Sendo: i = altura do instrumento = RS m = leitura do retículo médio = MQ OR = distância horizontal QS = diferença de nível MQRMRSQS (4.66) No triângulo OMR obtem-se o valor de RM: tan*ORRM (4.67) tan*DHRM (4.68) cos *cos*cos**100 2 sen CHRM (4.69) CsensenHRM cos***100 (4.70) Como o ângulo é muito pequeno, seu valor é quase sempre muito próximo de zero e sem erro apreciável pode-se desprezar a segunda parcela senC * . 2 2 cos* sensen (4.71) 2 2 **100 sen HRM (4.72) Fundamentos de Geomática Reportando-se novamente a equação inicial (4.66) sendo: MQRMRSQS e substituindo- se cada parcela pelo seu valor: im sen HDN 2 2 **100 (4.73) Ao empregar-se a equação (4.73), o resultado será sempre positivo quando a visada for ascendente, e o ponto onde está a mira for mais alto do aquele onde está estacionado o teodolito. Caso contrário (visada ascendente e ponto seguinte mais baixo), ter-se-á um resultado negativo para a diferença de nível. 4.3.4.2 Visada descendente Seja a Figura 4.25: Figura 4.25: Esquema de visada descendente. Sendo: i : altura do instrumento = RS m : leitura do retículo médio = QM OR : distância horizontal QS : diferença de nível RSMRQMQS (4.74) 2 2 **100 sen HMR veja dedução anterior (4.75) im sen HDV 2 2 **100 (4.76) Medições de distâncias Do emprego desta equação resultará um valor negativo para a diferença de nível sempre que a visada for descendente e o ponto onde está a mira for mais baixo que aquele onde está estacionado o instrumento. Em caso contrário (ponto seguinte mais alto que o da estação), ter- se-á um resultado positivo. Quando a visada for horizontal 00 o valor de 2 2 **100 sen H fica anulado. Para fórmulas (ascendente ou descendente), e as suas respectivas convenções (sinais positivo ou negativo) para se determinar se o terreno está em aclive ou em declive. Fundamentos de Geomática 55.. MMEEDDIIÇÇÕÕEESS DDEE ÂÂNNGGUULLOOSS 5.1 TIPOS DE ÂNGULOS No estudo dos alinhamentos, a Mensuração analisa dois tipos de ângulos: 1. Ângulos horizontais: são ângulos obtidos a partir da projeção ortogonal de duas direções num plano horizontal, em outras palavras é o ângulo diedro entre dois planos verticais. Vide Figura 5.1; Figura 5.1: Esquema de um ângulo horizontal. 2. Ângulos verticais: são ângulos obtidos a partir de uma direção com a horizontal ou com a vertical, em outras palavras é o ângulo situado em um plano vertical. 5.1.1 Ângulos horizontais Os ângulos horizontais, de acordo com a sua direção, podem ser classificados em: Azimutais: são ângulos gerados entre a direção do norte-sul magnético e a direção do alinhamento visado. Estes ângulos podem ser designados a partir do norte ou do sul magnético. A amplitude destes ângulos varia de 0º a 360º. Quando os ângulos azimutais são medidos no sentido horário, são também conhecidos como azimutes diretos; quando medidos no sentido anti-horário são também conhecidos como ângulos retrógrados. Vide Figura 5.2; Cálculo analítico de coordenadas e de áreas Figura 5.2: Azimute de um alinhamento. Rumos: são ângulos gerados entre a direção norte ou sul magnético e a direção do alinhamento, ou seja, os rumos têm por origem a direção norte ou sul. A leitura dos rumos dá-se na direção Este ou Oeste. Os ângulos obtidos a partir dos rumos, apresentam como característica principal o seu conhecimento pelo quadrante em que se situa, ou seja, pelas letras NE ou SE ou SO ou NO. A amplitude dos rumos varia de 0º a 90º, de acordo com o quadrante que se encontra.Vide Figura 5.3; Figura 5.3: Rumo de um alinhamento. Goniométrico: são ângulos obtidos a partir de um alinhamento qualquer, tomado como alinhamento de referência. Devido ao fato dos rumos e azimutes serem referidos a mesma direção (norte-sul magnética), pode-se fazer umarelação entre eles da seguinte forma: AZ < 90º R (NE) = AZ 90º < AZ < 180º R (SE) = 180º - AZ 180º < AZ < 270º R (SO) = AZ - 180º 270º < AZ < 360º R (NO) = 360º - AZ Fundamentos de Geomática 5.1.2 Ângulos verticais 5.1.2.1 Ângulo de inclinação ou de altura (declividade) É o ângulo formado entre o plano horizontal local e a direção do alinhamento visado. A amplitude deste ângulo varia de 0º a 90º na direção ascendente ou descendente. Vide Figura 5.4. Figura 5.4: Ângulo de inclinação ou de altura. 5.1.2.2 Ângulo vertical zenital É o ângulo formado entre o alinhamento visado e a vertical do lugar, tomado a partir da direção zenital. Vide Figura 5.5. Figura 5.5: Ângulo vertical zenital. Cálculo analítico de coordenadas e de áreas 5.1.2.3 Ângulo vertical nadiral É o ângulo formado entre o alinhamento visado e a vertical do lugar, tomado a partir da direção nadiral. Vide Figura 5.6. Figura 5.6: Ângulo vertical nadiral. Normalmente, os ângulos verticais são considerados positivos quando o ponto visado é ascendente em relação à estação, e negativo quando o ponto visado for descendente. Os valores dos ângulos verticais não são muito grandes, sendo no máximo da ordem de 30º. Isto se justifica pelo desconforto ao operador para leituras maiores que este valor, uma vez que a luneta se posicionaria numa posição muito inclinada, afastando-se ou aproximando-se do circulo horizontal. Isto com certeza gera desconforto na operação de campo. 5.1.3 Ângulos entre alinhamentos Define-se como alinhamento topográfico a reta que une dois pontos de visada. O ângulo entre dois alinhamentos é, normalmente, o ângulo horário variável de 0º a 360º. Alguns instrumentos antigos possuem círculo horizontal com graduação de 0º a 360º, que possibilitem leituras de ângulos diretos e retrógrados. 5.1.3.1 Deflexão É definido como sendo o ângulo gerado pelo prolongamento do alinhamento de ré com o alinhamento de vante, no sentido do caminhamento. A amplitude da deflexão é de 0º a 180º, podendo ser medida para a esquerda ou para a direita. Portanto, para caracterizar a deflexão, deve-se sempre anotar o sentido da deflexão medida, ou seja, o valor do ângulo seguido pelas letras “d” (direita) ou “e” (esquerda). Vide Figura 5.7. Fundamentos de Geomática Figura 5.7: Deflexão entre alinhamentos 5.1.3.2 Ângulo horário Define-se com ângulo horário o ângulo gerado a partir da visada do alinhamento de ré com o alinhamento de vante, no sentido do caminhamento do levantamento. Se o sentido do caminhamento for horário, o ângulo obtido é um ângulo horário externo a poligonal. Se o sentido do caminhamento for anti-horário, o ângulo obtido é um ângulo horário interno a poligonal do levantamento. Vide Figura 5.8. Figura 5.8: Ângulos horários. 5.2 ERROS NAS MEDIÇÕES ANGULARES Os erros cometidos nas medições angulares podem ser: Erros acidentais: são erros provenientes da imprecisão no manejo dos operadores no campo. Estes tipos de erros não podem ser determinados, mas sim minimizados com a adoção de um procedimento de trabalho cuidadoso e criterioso. A seguir, Cálculo analítico de coordenadas e de áreas alguns cuidados que podem ser tomados para reduzir a ocorrência destes tipos de erros: 1. Erro de estacionamento do aparelho: é decorrente da imprecisão entre a falta de coincidência entre o eixo principal do instrumento e a vertical do lugar. Os aparelhos dotados de prumo ótico têm como características de reduzir estes tipos de erros. 2. Erro de posicionamento da baliza: ocorre quando o operador coloca a baliza fora do ponto topográfico 1 demarcado sobre o piquete, ou quando o operador do instrumento não visa o centro da baliza. 3. Erro de verticalidade da baliza: ocorre quando o operador não observa se a baliza está na posição vertical. Este tipo de erro pode ser reduzido com o uso de um nível cantoneira de bolha que pode ser usado acoplado junto a baliza. Uma alternativa para reduzir este erro é usar o critério de visar sempre pontos mais baixos da baliza, evitando visadas acima do terço médio inferior da baliza; 4. Erro de paralaxe reticular: é decorrente quando o retículo não está devidamente focalizado. Este erro pode ser reduzido realizando uma focagem com nitidez da imagem; 5. Erro de leitura: é função da habilidade do operador. Erros sistemáticos: são resultantes de imperfeições residuais na retificação ou, inclusive, oriundas da própria construção do instrumento. 5.3 MEDIÇÃO DE ÂNGULOS ATRAVÉS DE INSTRUMENTOS TOPOGRÁFICOS O instrumento topográfico utilizado, na Mensuração, para a medição de ângulos é o teodolito. Através de um teodolito medem-se os ângulos horizontais e verticais. Atualmente, os teodolitos eletrônicos permitem ao usuário escolher o tipo de ângulo vertical a ser usado durante as medições e se a direção positiva do ângulo horizontal é para a direita ou para a esquerda. A precisão dos ângulos medidos varia entre 0.5”, 1”, 1.5”, 3”, 5”, 10” e 20”, embora a leitura mínima seja quase sempre igual a 1”. A resolução angular de um instrumento topográfico representa o menor valor que o instrumento pode ler. A precisão indica qual o desvio, em relação ao valor real de um ângulo, que se pode esperar, durante a medição desse ângulo. Essa precisão (desvio padrão) determina-se através de um procedimento conforme a Norma DIN 18.723 ou a Norma ISO 12857 de 1997. 1 NBR 14 166: “ponto de coordenadas planimétricas ou planialtimétricas, implantado e materializado no terreno, determinado por poligonal topográfica, apoiada em pontos geodésicos, ou por poligonal secundária de densificação da malha de pontos topográficos, classificadas como II P ou IPRC conforme a NBR 13 133.” Fundamentos de Geomática A figura apresentada a seguir mostra, esquematicamente, os principais componentes de um teodolito. Vista externa Vista interna Figura 5.9: Apresentação esquemática de um teodolito. A parte inferior do teodolito, que é fixada ao tripé, é denominada base do teodolito. A base suporta a parte superior, denominada alidade, a qual gira em torno de um eixo, denominado eixo principal do teodolito. A alidade possui dois montantes que suportam um outro eixo, perpendicular ao eixo principal, denominado eixo secundário, em torno do qual gira a luneta do teodolito. O eixo de visada da luneta é perpendicular ao eixo secundário. Os ângulos horizontais e verticais são lidos através dos círculos horizontal e vertical graduados, fixos na alidade e na luneta do instrumento. Os três eixos do teodolito são concorrentes em um único ponto, que é o vértice dos ângulos medidos com o instrumento. 5.3.1 Erros instrumentais de um teodolito As tolerâncias de fabricação de um teodolito são extremas e estão no limite das possibilidades da construção mecânica. Existem, entretanto, alguns erros inevitáveis de ajustagem do instrumento, que permanecem após a construção e que devem ser corrigidos, sempre que detectados. Os eixos de um teodolito devem satisfazer as seguintes condições: O eixo secundário deve ser perpendicular ao eixo principal; Cálculo analítico de coordenadas e de áreas O eixo de visada deve ser perpendicularao eixo secundário; O eixo principal deve estar vertical, após a calagem do instrumento sobre a base. Essas condições, entretanto, não são nunca preenchidas, o que acarreta a existência dos erros de eixos do teodolito, cujos efeitos nas medições angulares podem ser negligenciáveis. Além disso, os três eixos devem ser concorrentes em um único ponto. Quando, por exemplo, o eixo de visada, que é definido pelo centro do retículo e pelo centro da objetiva, está descentralizado em relação ao eixo principal, tem-se um erro denominado erro de excentricidade de eixo de visada. Para as medições angulares, os círculos graduados devem estar perfeitamente centralizados sobre os eixos correspondentes. O centro do círculo horizontal deve coincidir com o centro do eixo principal e o centro do círculo vertical deve coincidir com o centro do eixo secundário. Se, esse não for o caso, têm-se os erros denominados erros de excentricidade dos círculos. A seguir discutem-se, resumidamente, os detalhes de cada tipo de erro. 5.3.1.1 Erros de eixos Os erros de eixos de um teodolito são: O erro de perpendicularidade do eixo secundário em relação ao eixo principal, que se traduz por um erro de horizontalidade do eixo secundário; O erro de perpendicularidade do eixo de visada em relação ao eixo secundário, denominado erro de colimação horizontal. Erro de calagem do instrumento, ou seja, o erro de verticalidade do eixo principal. Os dois primeiros erros são erros residuais de ajustagem do instrumento e podem variar ao longo do tempo. Esses erros são elimináveis através de medições angulares em duas posições da luneta. O erro de calagem não é um erro de ajustagem, ele ocorre devido a má operação do instrumento ou devido a instabilidade da estação. 5.3.1.1.1 Erro de horizontalidade do eixo secundário ou erro do basculamento Se o eixo secundário do teodolito não for perpendicular ao eixo principal, quando o eixo principal estiver vertical o eixo secundário não estará horizontal e tem-se assim: i = erro de horizontalidade Nesse caso, o eixo de visada, perpendicular ao eixo de basculamento, descreverá um plano inclinado durante o basculamento da luneta, conforme representado na figura a seguir. Fundamentos de Geomática Figura 5.10: Ilustração do erro de horizontalidade do eixo secundário ou erro do basculamento. OZ eixo principal vertical; HH eixo secundário com inclinação i em relação ao horizonte; OP eixo de visada dirigido para o ponto P; ângulo de altura da visada OP; OZI plano vertical perpendicular a HH’; OZE plano vertical da direção OP; OTI plano inclinado de basculamento do eixo de visada. Considerando que os ângulos i e i são pequenos, prova-se que tan*ii . Dessa forma, O erro de leitura de ângulo horizontal, devido a um defeito de horizontalidade do eixo secundário, é proporcional a tangente do ângulo de altura. Esse erro possui sinal contrário conforme a luneta esteja em posição direta ou inversa. Ele é nulo para visadas horizontais. O erro na leitura do ângulo vertical é negligenciável. Cálculo analítico de coordenadas e de áreas Exemplo aplicativo (5.1): Para um erro de horizontalidade igual a 01 i , por exemplo, ter-se- iam os seguintes erros na leitura horizontal: i 0º 0” 5º 1” 10º 1,8” 15º 2,7” 20º 3,6” 30º 5,7” 45º 10” 5.3.1.1.2 Erro de colimação horizontal Se o eixo de visada do teodolito não for perpendicular ao eixo secundário, tem-se: c = erro de colimação Nesse caso, durante o basculamento da luneta, o eixo de visada descreverá um cone, em torno do eixo secundário, conforme representado na figura a seguir. Figura 5.11: Ilustração do erro de colimação horizontal. OZ eixo principal vertical; HH eixo secundário horizontal; OP eixo de visada dirigido para o ponto P; Fundamentos de Geomática ângulo de altura da visada OP; OZI plano vertical perpendicular a HH’; OZE plano vertical da direção OP. Quando e eixo de visada é horizontal, ele estará dirigido segundo a direção OF e fará um ângulo c com a perpendicular a HH’. Com o basculamento da luneta em torno de HH’, o eixo de visada descreverá um cone, cujo traço será FSU. Como os ângulo c e c são pequenos, mostra-se que cos 1 *cc Dessa forma, O erro de uma direção devido a um defeito de perpendicularidade do eixo de visada, em relação ao eixo secundário, aumenta com a inclinação da visada. Esse erro possui sinal contrário conforme a luneta esteja em posição direta ou inversa. Ele é igual a c para visadas horizontais. O erro na leitura do ângulo vertical é negligenciável. Exemplo aplicativo (5.2): Para um erro de colimação horizontal igual 01 c , por exemplo, os erros na leitura horizontal seria da ordem de: c 0º 10” 10º 10” 15º 10,5” 30º 12” 45º 14” 5.3.1.1.3 Erro de verticalidade do eixo principal Um defeito na calagem de um teodolito produz um erro de verticalidade do eixo principal e tem- se assim, v erro de verticalidade do eixo principal Cálculo analítico de coordenadas e de áreas Durante a operação de um teodolito, supõe-se que o eixo secundário HH é perpendicular ao eixo principal. Se isso não ocorre, quando a alidade é rotacionada, HH produzirá o plano inclinado LNNL . A inclinação do eixo secundário variará entre v e v , segundo a orientação da visada. Quando e eixo de visada estiver no plano vertical do eixo principal, ele será horizontal segundo LL . A figura, apresentada a seguir ilustra essa situação. Figura 5.12: Ilustração do erro de verticalidade do eixo principal. OZ vertical; ZO eixo principal não vertical; HH eixo secundário perpendicular ao eixo principal; OP eixo de visada dirigido para o ponto P; ângulo de altura da visada OP; IZO plano de basculamento do eixo de visada; OZE plano vertical da direção OP; ângulo entre o plano vertical da direção OP em relação ao plano vertical que contém o eixo principal OZ’. Como os ângulos v e v são pequenos, mostra-se que tan..senvv Dessa forma, Fundamentos de Geomática O erro de uma direção, devido a um defeito de verticalidade do eixo é proporcional a tangente do ângulo de altura. Esse erro possui o mesmo sinal para as posições direta ou inversa da luneta e é nulo para visadas horizontais. O erro de verticalidade não tem efeito na medição dos ângulos verticais. O erro de verticalidade do eixo principal depende, portanto, da precisão do nível de bolha usado para a calagem do instrumento. Usando um nível com uma indicação de 20” por 2 mm de graduação, a precisão do nivelamento do teodolito (i. e. a verticalidade do eixo principal), é igual a ± 0,5 mm ou ± 5”. Em conseqüência o erro do ângulo horizontal numa visada inclinada de 45 é de ordem de ± 5”. Nota - Os erros do eixo de basculamento e de colimação horizontal eliminam-se se medindo nas duas posições da luneta e calculando-se as médias das medidas. O erro de verticalidade do eixo principal não se elimina medindo-se nas duas direções da luneta. 5.3.1.1.4 Erro de excentricidade dos círculos O círculo horizontal deve estar centrado sobre o eixo principal e o círculo vertical deve estar centrado sobre o eixosecundário. Caso isso não ocorra, tem-se uma excentricidade como mostrado na figura a seguir. Figura 5.13: Ilustração do erro de excentricidade dos círculos Cálculo analítico de coordenadas e de áreas C centro do círculo; r raio do círculo; A centro do ângulo a ser medido (eixo vertical - ângulo vertical) (eixo horizontal - ângulo horizontal); e excentricidade de C em relação a A ; ângulo correto entre as direções 1AP e 2AP ; 1l direção 1AP lida no círculo; 2l direção 2AP lida no círculo. Mostra-se que o erro de excentricidade é proporcional a excentricidade e inversamente proporcional ao raio da graduação. Esses valores, entretanto, não são conhecidos e a solução para o problema consiste em eliminar o erro de excentricidade, fazendo-se leituras em dois pontos diametralmente opostos do círculo e calculando-se a médias dos valores lidos. Nos teodolitos óticos de precisão (por exemplo, T2, T3 ou DKM2) essa média é obtida automaticamente através da coincidência ótica feita pelo instrumento. Dessa forma, O erro de excentricidade pode ser eliminado fazendo-se leituras com dois índex de leitura diametralmente opostos (microscópios) e calculando-se a média dos valores medidos. 5.3.1.1.5 Erro de índice do círculo vertical (colimação vertical) O erro de colimação do círculo vertical em relação ao horizonte ou ao zênite é denominado erro do índice do círculo vertical. Se o instrumento estiver isento do erro do índice do círculo vertical, a leitura do erro vertical (angulo zenital) deve ser igual a 90° 00‟ 00”, sempre que a luneta, na posição I, estiver orientada no horizonte. Essa condição pode ser verificada da seguinte maneira: Visar um ponto bem definido em posição I da luneta e ler o valor angular do círculo vertical. Repetir a mesma operação na posição II da luneta. A soma das duas leituras deve ser igual a 360° 00‟00”. Uma diferença eventual corresponderá ao duplo valor do erro do índice vertical. Nota - A média das duas leituras do círculo vertical nas duas posições da luneta está isenta do erro do índice vertical. Fundamentos de Geomática 5.3.2 Medições de ângulos com um teodolito eletrônico Atualmente, está aumentando-se o uso de teodolitos eletrônicos nas medições de ângulos. Por esse motivo, neste curso, serão tratadas apenas as medições de ângulos com teodolitos eletrônicos. Um teodolito eletrônico é um instrumento de alta precisão, composto de partes mecânicas e eletrônicas, que formam um conjunto estável e de grande conforto para o usuário. Os principais fatores que determinam a qualidade de um teodolito eletrônico são os seguintes: Estabilidade das partes mecânicas; Qualidade dos elementos óticos; Precisão da graduação dos círculos e dos dispositivos de leitura e de interpolação; Sensibilidade do sistema compensador para correção dos ângulos verticais e das direções horizontais; Confiabilidade dos circuitos eletrônicos; Capacidade do instrumento para trabalhar sem sofrer influências do meio ambiente (variação de temperatura, vibrações, etc.). 5.4 PROCESSOS DE MEDIÇÃO DOS ÂNGULOS HORIZONTAIS Para se medir ângulo horizontal, deve-se executar, no mínimo, as seguintes etapas: 1. Estacionar o instrumento topográfico no vértice de um ângulo a ser medido, tomando-se o cuidado de coincidir a projeção de seu eixo vertical, materializado através do prumo ótico ou pelo fio de prumo, com o ponto topográfico; 2. Estabelecer a vertical do eixo principal através do uso dos parafusos calantes e dos níveis de calagem; 3. Zerar o instrumento, ou seja, coincidir os zeros do limbo do vernier da alidade; o ajuste fino desta operação é dado pelo parafuso tangencial da alidade; Estas operações são básicas para quaisquer tipos de medição de ângulos entre alinhamentos. A seguir, apresentam-se os tipos de processos que são normalmente utilizados nas operações topográficas. 5.4.1 Medição de ângulo entre dois alinhamentos Devem-se executar as operações anteriores e em seguida operar da seguinte maneira: 1. Manter fechado o parafuso de bloqueio da alidade; abrir o parafuso de bloqueio geral (esta operação mantêm a coincidência entre os zeros do limbo e do vernier) observa-se a baliza que esta segura por outro operador e executa-se a colimação. Cálculo analítico de coordenadas e de áreas Prende-se o parafuso de bloqueio geral e faz-se a perfeita colimação com o eixo da baliza através do uso dos parafusos de movimento tangencial da alidade; 2. Soltar o parafuso de bloqueio da alidade e fazer uma aproximação com a outra baliza a ser visada. Fechar o parafuso da alidade e realizar a perfeita colimação com o parafuso tangencial da alidade; 3. Com o auxílio do vernier da alidade, faz-se a leitura do ângulo registrado no limbo e anotar o valor lido. 5.4.2 Medição de deflexão Após executar as operações básicas, podem-se obter deflexões da seguinte maneira: 1. Rotacionar a luneta de 180º em torno do eixo secundário. Visar a baliza estacionada sobre a estação tomada como ré. Prender o parafuso do bloqueio geral e fazer o ajustamento perfeito da colimação com o parafuso tangencial da alidade; 2. Retornar a luneta para a posição original com nova rotação de 180º, gerando assim um prolongamento do alinhamento de ré, onde o limbo registrará 0º; 3. Liberar o parafuso da alidade e visar o ponto desejado. Realizar o ajuste fino e a perfeita focagem do ponto; 4. Realizar a leitura do ângulo e anotar seu valor na caderneta de campo. Não esquecer de anotar o sentido da deflexão, ou seja, se o ângulo medido está na direção a „direita‟ ou a „esquerda‟ no sentido do caminhamento. 5.4.3 Medição de ângulo azimutal Primeiramente devem-se executar as operações preliminares e aí então proceder da seguinte maneira: 1. Liberar a agulha magnética da bússola (ou da declinatória). Após um curto período de tempo, a agulha da bússola ficará em equilíbrio (parada) indicando a direção norte-sul magnética. Fazer a coincidência da ponta norte da agulha e do zero da bússola e bloquear o movimento geral. Nesta posição, os zeros da bússola, do limbo do vernier e o eixo de colimação da luneta estarão na mesma linha indicando a direção norte-sul magnético; 2. Liberar o parafuso da alidade e visar o ponto desejado. Colimar e focar a baliza sobre o ponto visado; 3. Ler o ângulo e anotar na caderneta de campo. O ângulo medido será um ângulo azimutal se o limbo da bússola for graduado de 0º a 360º e será considerado um rumo se o limbo da bússola for graduado de 0º a 90º nos quadrantes de leitura. No caso de leituras de rumos, não esquecer de anotar o quadrante do ângulo lido. Fundamentos de Geomática 5.5 ORIENTAÇÃO DE UMA PLANTA A orientação de um alinhamento, trabalho topográfico ou planta, é feita por meio de azimutes ou rumos, que podem ser magnéticos ou verdadeiros, conforme sejam determinados com o auxílio de uma bússola, através do uso da tecnologia GPS ou por meio de observação astronômicas. Para que a orientação de um alinhamento fique bem definida, é imprescindível que a orientação seja registrada de modo a deixar bem claro de qual foi sentido que o alinhamento tenha sido determinado. NER ou ENR AB AB 221137 221137 0 0 Esta indicação deve ser feita por meio de letras ou números que caracterizam o alinhamento considerado. Seja, por exemplo, o rumo determinado do vértice A para o vértice B. Figura 5.14.
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