Buscar

JERZY GROTOWSKI

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

JERZY GROTOWSKI (1933-1999) 
 
 
 
“Suprimam-se os cenários e figurinos, iluminação e música. Suprimam-se até o 
texto e o público, os acessórios e os figurantes. Basta conservar o cara-a-cara 
entre um único ator e um único espectador para que o fenômeno teatro se 
produza” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VIDA 
Grotowski nasceu em Rzeszów, Polônia, em 11 de agosto de 1933 e foi um 
diretor de teatro polaco e figura central no teatro do século XX, principalmente 
no teatro experimental ou de vanguarda. Viveu até a idade de sessenta e seis 
anos, falecendo em14 de janeiro de 1999. Durante a Segunda Guerra Mundial a 
família se separa. Sua mãe muda-se com ele para Nienadówka. Seu pai serviu 
como oficial no exército polonês indo para a Inglaterra. Grotowski, sua mãe e 
seu irmão conseguiram fugir dos nazistas e se refugiaram numa fazenda de seu 
tio. Este era arcebispo em Cracóvia e foi nesta época que Grotowski despertou 
para a vida espiritual que orientaria toda sua vida artística. O trabalho de 
Grotowski no teatro se torna uma espécie de busca espiritual, uma confrontação 
entre o homem e a mitologia. É central em seus escritos e em sua prática a figura 
do ator “santo”. 
Em 1955 Grotowski se formou em interpretação na escola técnica de teatro de 
Kracóvia. Logo depois ele vai para Moscou para estudar direção no (GITIS) 
Instituto Lunacharsky de Artes Teatrais. Ele fica em Moscou até 1956, 
aprendendo os caminhos trilhados pelos grandes artistas russos como 
Stanislavski, Vakhtangov, Meyerhold e Tairov. Depois ele retorna a Polônia e se 
especializa em direção, se formando em (1956–1960). 
Montagens (1957-1969) 
Em 1958 ele dirigiu sua primeira peça “Deuses da Chuva” adaptada de um 
romance de Jerzy Krzyszton. Anunciando a notoriedade que ele teria, esta foi 
uma montagem que causou muita controvérsia pela forma que ele adaptou o 
texto. Grotowski anunciava, “Em respeito a minha atitude com o texto dramático, 
eu penso que o diretor deve tratá-lo apenas como um tema em cima do qual ele 
constrói um novo trabalho artístico que é o espetáculo teatral ” (em R. Konieczna, 
“Przed premiera ‘Pechowcow’. Rozmowa z rezyserem” / “Antes da estreia de ‘O 
Infeliz’ – Uma conversa com o diretor”). Esta abordagem ele iria incorporar em 
toda sua carreira, influenciando muitos artistas que o sucederam. Ainda no 
mesmo ano Grotowski mudou-se para Opole onde ele assumiu a direção do 
Teatro das 13 Fileiras. Local onde ele organizou um conjunto de atores e 
colaboradores artísticos que iriam ajudá-lo no desenvolvimento de sua visão 
artística. 
Entre as muitas produções as mais famosas foram “Orfeu” de Jean Cocteau, 
“Shakuntala” inspirado no texto de Kalidasa, “Dziady” de Adam Mickiewicz e 
“Akropolis” de Stanislaw Wyspianski. Esta última foi a primeira realização 
completa de sua formulação de ‘teatro pobre’. Nela a companhia de atores, 
representando Resultado de imagem para jerzy grotowskiprisioneiros de um 
campo de concentração, construíam a estrutura de um crematório em volta da 
plateia, enquanto representavam histórias da bíblia. Esta concepção teve 
particular ressonância para o público de Opole, já que o campo de concentração 
de Auschwitz se localiza apenas a cerca de cem quilômetros de distância. 
“Akropolis” foi uma peça que chamou muito a atenção e praticamente o lançou 
internacionalmente. 
Em 1964 ele deu sequência a seu sucesso com a estreia de “A Trágica História 
de Doutor Faustus” adaptada de um importante autor do teatro elizabetano 
Christopher Marlowe. Além do uso de poucos objetos na cena, Grotowski 
orientou os atores a representarem diferentes objetos. Numa cena, onde o papa 
está presente num jantar, um ator representava a sua cadeira e outro a comida. 
Estes dois atores também assumiam o papel de Mephistopheles em outra parte 
da peça, demonstrando o caminho que Grotowski desenvolveu colocando 
diferentes camadas de significados em suas produções. 
Em 1965 ele muda sua companhia para Wrocław com o novo nome de “Teatr 
Laboratorium” (Teatro Laboratório), em parte para evitar a pesada censura a que 
os teatros profissionais tinham que se submeter na Polônia daquele tempo. 
“O Príncipe Constante ” foi sua primeira grande encenação, em 1967, 
considerada uma das mais importantes encenações do século XX, com 
descrição detalhada em seu livro “Em Busca…”. A interpretação de Ryzsard 
Cieslak’s, no papel título, é considerada o melhor exemplo da técnica de 
interpretação buscada por Grotowski’s. Em fase posterior Grotowski assume um 
estilo parateatral, explorando o significado do ritual e da performance fora do 
contexto da obra de arte. 
1969 viu a última produção profissional de Grotowski como diretor. “Apocalypsis 
Cum Figuris” é também mundialmente reconhecida como uma da melhores 
produções teatrais do século XX. Novamente utilizando textos da biblia, esta 
produção é reconhecida pelos membros da companhia como uma exemplo típico 
da interpretação total por ele almejada. Durante o processo de ensaio, que durou 
três anos, Grotowski abandona as convenções do teatro tradicional e se 
envereda pelos caminhos de investigação do ritual. 
Grotowski revolucionou o teatro e, junto com seu primeiro aprendiz, Eugenio 
Barba, líder e fundador do Odin Teatret e mentor do teatro antropológico, é 
considerado um dos mentores do teatro contemporâneo e de vanguarda. Barba 
foi fundamental na divulgação do trabalho de Grotowski ao mundo no ocidente, 
rompendo a barreira da burocracia comunista. Barba é editor de Em busca de 
um Teatro Pobre (1968), no qual Grotowski afirma que o teatro não deveria, 
porque não poderia, competir contra o espetáculo cinematográfico e deveria se 
concentrar em sua principal qualidade, os atores que se apresentam a frente dos 
espectadores. 
MÉTODO 
 
Teatro Pobre 
Segundo Grotowski, o fundamental no teatro é o trabalho com a plateia, não os 
cenários e os figurinos, iluminação, etc. Estas são apenas armadilhas, se elas 
podem ajudar a experiência teatral são desnecessárias ao significado central 
que o teatro pode gerar. 
O pobre em seu teatro significa eliminar tudo que é desnecessário, deixando um 
ator ou atriz vulnerável e sem qualquer artifício. Na Polônia, seus espetáculos 
eram representados num espaço pequeno, com as paredes pintadas de preto, 
com atores apenas com vestimentas simples, muitas das vezes toda em preto. 
Seu processo de ensaio desenvolvia exercícios que levavam ao pleno controle 
de seus corpos para desenvolver um espetáculo que não deveria ter nada 
supérfluo, também sem luzes e efeitos de som, contrariando o cenário 
tradicional, sem uma área delimitada para a representação. 
A relação com os espectadores pretendia-se direta, no terreno da pura 
percepção e da comunhão. Se desafia assim a noção de que o teatro seria uma 
síntese de todas as artes, a literatura, a escultura, pintura, iluminação, etc… 
 
 
Declaração de Princípios 
 
O ritmo de vida na civilização moderna se caracteriza pela tensão, por um 
sentimento de condenação, pelo desejo de esconder nossas motivações 
pessoais, e por uma adoção da variedade de papéis e máscaras da vida 
(máscaras diferentes para a nossa família, o trabalho, entre amigos, na 
comunidade, etc.). Gostamos de ser “científicos”, querendo dizer com isto 
racionais e cerebrais, uma vez que esta atitude é ditada pelo curso da civilização. 
Mas também queremos pagar um tributo ao nosso lado biológico, o que 
poderíamos chamar de prazeres fisiológicos. Portanto, fazemos um jogo duplo 
de intelecto e instinto, pensamento e emoção; tentamos dividir-nos 
artificialmente em corpo e alma. Quando tentamos nos livrar disto tudo, 
começamos a gritar e a bater com o pé, nos convulsionando com o ritmo da 
música. Em nossa busca por liberação, atingimos o caos biológico. Sofremos 
mais com uma falta de totalidade, atirando-nos, dissipando-nos. (…) 
Por que sacrificamos tanta energia à nossa arte? Nãoé para ensinar aos outros, 
mas para aprender com eles o que nossa existência, nosso organismo, nossa 
experiência pessoal e ainda não treinada tem para nos ensinar; para aprender a 
romper os limites que nos aprisionam e a libertar-nos das cadeias que nos puxam 
para trás, da mentiras sobre nós mesmos que manufaturamos cotidianamente 
para nós e para os outros; para as limitações causadas pela nossa ignorância e 
falta de coragem; em resumo, para encher o vazio em nós, para nos realizarmos. 
A arte não é um estado da alma (no sentido de algum momento extraordinário e 
imprevisível de inspiração), nem um estado do homem (no sentido de uma 
profissão ou função social). A arte é um amadurecimento, uma evolução, uma 
ascensão que nos torna capazes de emergir da escuridão para a luz. 
O que devemos fazer é lutar, para então descobrir, experimentar a verdade sobre 
nós mesmos; rasgar as máscaras atrás das quais nos escondemos diariamente. 
(…) A arte não pode ser limitada pelas leis da moralidade comum ou de qualquer 
catecismo. (…) O ato de criação nada tem a ver com o conforto externo ou com 
a civilidade humana convencional; quer dizer, as condições de trabalho nas quais 
as pessoas se sentem seguras e felizes.

Mais conteúdos dessa disciplina