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apostila de EPIDEMIOLOGIA-E-SAÚDE-PÚBLICA-2

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1 
 
 
EPIDEMIOLOGIA E SAÚDE PÚBLICA 
1 
 
 
Sumário 
 
CONCEITO DE EPIDEMIOLOGIA, PRINCÍPIOS, MÉTODOS E 
PROCEDIMENTOS BASICOS DE INVESTIGAÇAO ................................................ 3 
Aplicações da Epidemiologia ......................................................................... 3 
QUANDO INVESTIGAR UM SURTO E QUAIS PROCEDIMENTOS USAR ..... 6 
AVALIANDO A EFICÁCIA DAS MEDIDAS DE CONTROLE ........................... 14 
REFERÊNCIAS ............................................................................................... 18 
 
PLANEJAMENTOS E AÇÕES USADOS NA SAÚDE PARA EPIDEMIOLOGIA 
 ............................................................................................................................... 10 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
A NOSSA HISTÓRIA, inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender a crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e 
Pós-Graduação. Com isso foi criado a INSTITUIÇÃO, como entidade oferecendo 
serviços educacionais em nível superior. 
A INSTITUIÇÃO tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no 
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além 
de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que 
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de 
publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
CONCEITO DE EPIDEMIOLOGIA, PRINCÍPIOS, 
MÉTODOS E PROCEDIMENTOS BÁSICOS DE 
INVESTIGAÇAO 
 
“Epidemiologia é o estudo da frequência, da distribuição e dos determinantes 
dos problemas de saúde em populações humanas, bem como a aplicação desses 
estudos no controle dos eventos relacionados com saúde. É a principal ciência de 
informação de saúde, sendo a ciência básica para a saúde coletiva.” 
A epidemiologia descritiva estuda o comportamento das doenças em uma 
comunidade, em função de variáveis ligadas ao tempo (quando), ao espaço físico ou 
lugar (onde) e à pessoa (quem). 
O seu objetivo é responder onde, quando e sobre quem ocorre determinado problema 
de saúde, fornecendo elementos importantes para se decidir quais medidas de 
prevenção e controle são mais indicadas, além de avaliar se as estratégias utilizadas 
diminuíram ou controlaram a ocorrência de determinada doença. 
O objetivo geral da epidemiologia é reduzir os problemas de saúde na população. 
Na prática, ela estuda principalmente a ausência de saúde sob as formas de doenças 
e agravos. 
Aplicações da Epidemiologia 
1. Informar a situação de saúde da população: Determinar as frequências, o estudo 
da distribuição dos eventos e o diagnóstico consequente dos principais problemas de 
saúde verificados, identificando também as partes da população que foram afetadas, 
em maior ou menor proporção; 
2. Investigar os fatores determinantes da situação de saúde: Realizar estudo 
científico das determinantes do aparecimento e manutenção dos danos à saúde na 
população; 
3. Avaliar o impacto das ações para alterar a situação encontrada: Determinar a 
utilidade e a segurança das ações isoladas dos programas de serviço de saúde. 
4 
 
 
O objetivo geral da epidemiologia é reduzir os problemas de saúde na população. 
Na prática, ela estuda principalmente a ausência de saúde sob as formas de doenças 
e agravos. 
Quanto aos estudos de campo pode ser definida como a aplicação dos 
princípios e métodos da pesquisa epidemiológica para o estudo de problemas de 
saúde inesperados, para os quais é demandadas uma resposta imediata e uma 
intervenção oportuna na população. A demanda por uma resposta imediata significa 
que o estudo opera no terreno onde ocorre o problema; o imperativo pela intervenção 
oportuna significa que essa investigação tem duração e extensão limitadas no tempo. 
A investigação epidemiológica de campo utiliza uma variedade de princípios, 
métodos e aplicações das ciências básicas, clínicas, sociais, estatísticas e 
epidemiológicas. Entre estas últimas, a investigação de campo, incluindo a 
investigação de surtos, costuma aplicar um desenho descritivo (estudo de caso e série 
de casos, estudo de prevalência, ou ambos), seguido de um desenho analítico (em 
geral um estudo caso-controle), habitualmente de caráter exploratório. 
Portanto a investigação epidemiológica de campo, pelo seu procedimento ágil, 
rigoroso, eficaz e tecnicamente simples, está estruturada para oferecer respostas 
urgentes que são requeridas pelos tomadores de decisão, especialmente os de nível 
local, perante situações de surto ou epidemia. 
 
Investigação de surtos 
A investigação de surtos e epidemias é o exemplo típico e mais frequente de 
uma pesquisa epidemiológica de campo. A investigação de um surto em curso é, em 
geral, um trabalho que demanda uma atuação rápida e uma resposta correta da equipe 
local de saúde, a fim de mitigar e suprimir oportunamente os efeitos do mesmo sobre 
a população. 
A capacidade local de atuar perante um surto, incluindo a investigação do 
mesmo está relacionada diretamente a dois aspectos gerais da equipe local de saúde, 
que compõe se: 
5 
 
 
• Sua capacidade de identificar um alerta epidemiológico, em função do nível 
de desenvolvimento do sistema local de vigilância em saúde pública (quando 
investigar?) 
• Sua capacidade de resposta epidemiológica, em função do nível de 
organização da equipe local para aplicar uma abordagem sistemática do problema 
(como investigar?) 
A exemplo desse Módulo, vamos revisar com detalhe os elementos básicos 
requeridos para responder apropriadamente às perguntas de quando e como 
investigar, no contexto dos serviços locais de saúde. É importante ter em mente que 
qualquer suspeita surgida no nível local sobre a possível ocorrência de um surto na 
comunidade deveria ser comunicada sem atraso ao nível sanitário imediatamente 
superior, seja esse o nível local de vigilância em saúde pública ou o próprio nível 
intermediário do sistema de saúde. Tal precaução justifica-se diante do risco para a 
saúde da comunidade. 
Mais concretamente, a comunicação de toda suspeita de surto é importante, 
dado que: 
• O possível surto diante do qual nos encontramos poderia ser a primeira 
manifestação de uma epidemia de amplas dimensões que supere o nível local. • O 
possível surto diante do qual nos encontramos poderia ser a primeira manifestação em 
nossa comunidade de um surto que está efetivamente ocorrendo em outro lugar. 
• É possível que as medidas de controle já estejam disponíveis e já tenham 
sido tomadas por um nível superior ao local e seja necessária sua implementação na 
nossa comunidade 
. • É possível receber assessoramento epidemiológico dos níveis superiores 
incluindo recursos para a investigação epidemiológica de campo. Sua simplicidade 
técnica não implica que a mesma seja simplória; pelo contrário. O cumprimento 
sistemático de suas diferentes etapas requer a aplicação racional dos princípios de 
epidemiologia para o controle de doenças. A investigação de surtos representa uma 
das atividades básicas do trabalho epidemiológico de campo em qualquer sistema 
6 
 
 
local de saúde e trata-se de um excelente modelo para estimular e exercitar o 
desempenho das equipes locais de saúde. 
 
QUANDO INVESTIGAR UM SURTO E QUAIS 
PROCEDIMENTOS USAR 
 
Na ocorrênciade um surto ante a situação epidêmica limitada a um espaço 
localizado, torna se o um aumento não esperado na incidência de uma doença. Como 
situação limitada, um surto implica a ocorrência num espaço especificamente 
localizado e geograficamente restrito, como por exemplo, uma comunidade, um 
povoado, um barco, uma instituição fechada (escola, hospital, quartel, mosteiro). 
 Um surto baseia-se em evidência sistematicamente coletada, em geral, a partir 
dos dados de vigilância em saúde pública e eventualmente seguida de uma 
investigação epidemiológica que sugere uma relação causal comum entre os casos. 
Em teoria, um surto seria a expressão inicial de uma epidemia e, portanto, a 
identificação oportuna de um surto seria a maneira mais precoce de prevenir uma 
epidemia subsequente. 
Colocando em prática, a identificação de surtos é uma atividade básica dos 
sistemas de vigilância e a investigação de surtos, um requisito importante para a 
implementação de medidas de prevenção e controle oportunas e efetivas no nível 
local. Um surto é uma situação epidêmica limitada a um espaço localizado. 
 Concluindo a situação epidêmica, porém, um surto é o aparecimento súbito e 
representa um aumento não esperado na incidência de uma doença. Como situação 
limitada, um surto implica a ocorrência num espaço especificamente localizado e 
geograficamente restrito, como por exemplo, uma comunidade, um povoado, um 
barco, uma instituição fechada (escola, hospital, quartel, mosteiro). 
 Portanto um surto baseia-se em evidência sistematicamente coletada, em 
geral, a partir dos dados de vigilância em saúde pública e eventualmente seguida de 
uma investigação epidemiológica que sugere uma relação causal comum entre os 
7 
 
 
casos. Em teoria, um surto seria a expressão inicial de uma epidemia e, portanto, a 
identificação oportuna de um surto seria a maneira mais precoce de prevenir uma 
epidemia subsequente. Na prática, a identificação de surtos é uma atividade básica 
dos sistemas de vigilância e a investigação de surtos, um requisito importante para a 
implementação de medidas de prevenção e controle oportunas e efetivas no nível 
local. 
Geralmente a capacidade de identificar potenciais situações que requerem 
investigação de surtos, depende do nível de desenvolvimento do sistema local de 
vigilância em saúde pública, ou seja, da capacidade local de alerta epidemiológico. É 
importante identificar as circunstâncias gerais nas quais se recomenda realizar uma 
investigação epidemiológica de campo, especialmente, porque essa decisão acarreta 
o investimento de recursos e a dedicação da equipe local de saúde. 
Citamos uma lista quando as condições recomendam realizar a investigação: 
• Quando a doença é prioritária. 
• Quando a doença excede sua ocorrência usual. 
• Quando a doença parece ter uma fonte comum. 
• Quando a doença parece ter uma severidade maior do que a usual. 
• Quando a doença é nova, emergente ou “desconhecida” na área. Quando a 
doença é de interesse público. 
• Quando a doença está relacionada a emergências em situações de desastre. 
 
Um dos elementos fundamentais da vigilância da saúde é a intersetorialidade, 
pois busca uma unidade do fazer, e está associada à vinculação, reciprocidade e 
complementaridade na ação humana, pois a ação completa não ocorre num setor 
singular, mas exige a solidariedade de distintos setores 
A confirmação da ocorrência de um surto se faz com fundamento na 
comparação dos dados atuais de incidência de uma doença em questão com aqueles 
registrados nas semanas ou meses anteriores, ou mesmo, se disponível, com a 
incidência relativa ao período correspondente, nos anos anteriores, na população 
exposta ao risco. 
8 
 
 
A investigação implica no exame do doente e de seus contatos, com 
detalhamento da história clínica e de dados epidemiológicos, coleta de amostras para 
laboratório, busca de casos adicionais, identificação do(s) agente(s) infeccioso(s), 
determinação de seu modo de transmissão, busca de locais contaminados e o 
reconhecimento de fatores que tenham contribuído para a ocorrência do(s) casos(s). 
 O desenvolvimento de uma investigação de surto de determinada doença 
infecciosa implica no cumprimento das seguintes etapas (Goodman et al 1990; Kelsey 
et al 1996): 
1) Confirmar a existência de uma epidemia. 
2) Verificar o diagnóstico. 
3) Definir, identificar e contar os casos. 
4) Analisar os dados disponíveis. 
5) Desenvolver hipóteses. 
6) Testar hipóteses. 
7) Avaliar medidas de prevenção e/ou controle. 
8) Comunicar os resultados a todos os interessados. 
 Até que seja possível cumprir integralmente as etapas acima, a investigação 
epidemiológica de campo implica na repetição da seguinte sequência de 
procedimentos: 
• Consolidação e organização das informações disponíveis de forma que possam 
ser analisadas. 
• Análises preliminares a respeito dessas informações. 
• Apresentação das análises preliminares e formulação de hipóteses 
• . 4) Identificação das informações específicas necessárias à comprovação da 
hipótese. 
9 
 
 
• Obtenção das informações necessárias ao teste da(s) hipótese(s), retornando 
ao procedimento no, sempre que necessário. O exame cuidadoso do caso e de 
seus comunicantes é fundamental, pois, dependendo da moléstia, podemos 
encontrar pessoas com quadro inicial da doença e instituir rapidamente o 
tratamento com maior probabilidade de sucesso, ou proceder ao isolamento do 
paciente, evitando a progressão da doença entre os contatos. 
Concluídos todos os procedimentos de análise dos dados levantados durante a 
investigação, o próximo passo é a formulação de hipóteses. Estas devem estar 
voltadas a identificação da fonte de infecção, modos de transmissão e tipos de 
exposição associadas ao risco de adoecer. 
 
PLANEJAMENTOS E AÇÕES USADOS NA SAÚDE 
PARA EPIDEMIOLOGIA 
 
No decorrer da trajetória da evolução histórica do planejamento de saúde, 
desde o método Cendes-OPS (OPS, 1965), até o mais recente debate no âmbito do 
chamado "pensamento estratégico", a epidemiologia comparece como uma disciplina 
subsidiária, basicamente instrumental. Isto é, era utilizada na elaboração dos 
diagnósticos de saúde ao lado de outras disciplinas como a economia, a administração 
e as ciências políticas, bem como na formulação dos objetivos e metas, expressos em 
forma de redução de taxas e coeficientes de morbimortalidade, na programação de 
ações e nas propostas de acompanhamento e avaliação. 
No Brasil, a utilização da epidemiologia no processo de formulação de políticas e 
estratégias no plano de "macro-sistemas" vem, recentemente, se expressando no 
debate sobre a utilização de critérios epidemiológicos para repartição de recursos 
federais no âmbito do SUS (Ugá,1994). 
 No plano operacional, o desenvolvimento de experiências de reorganização de 
serviços e implantação de distritos sanitários vem contribuindo para uma reflexão 
crítica acerca dos "Modelos Assistenciais" do SUS (Gonçalves, 1986, Schraiber, 1990, 
10 
 
 
Mendes,1993, Paim,1994) colocando-se a possibilidade de construção de uma nova 
prática sanitária entendida como uma forma de organização e operacionalização do 
sistema que enfatize as ações intersetoriais de promoção da saúde e as ações e 
serviços de prevenção de riscos e agravos junto a grupos populacionais priorizados. 
Nesse perspectiva, vários avanços metodológicos e instrumentais vêm sendo 
propostos e aperfeiçoados, notadamente no que se refere aos Sistemas de Informação 
em Saúde (Tasca, 1993; Morais, 1994) aos processos de análise da situação 
(Castellanos,1991, 1991b, 1994) ao planejamento de ações da chamada vigilância da 
saúde (Teixeira, 1994; Sá & Artmann, 1994) 
Portanto a reorientação da gestão, do financiamento, da organização e, em última 
análise, do "modelo assistencial" do sistema são processos que não podem prescindirda epidemiologia, enquanto saber científico e prática instrumental que confere 
especificidade aos objetos de conhecimento e de intervenção no âmbito da saúde em 
sua dimensão populacional, ou seja, coletiva. 
 Se este pressuposto é válido para países que já atravessaram a chamada 
"transição epidemiológica" e enfrentam uma situação de saúde em que prevalecem 
problemas derivados das modernas condições de vida típicas das sociedades urbano-
industriais, é ainda mais pertinente em países como o Brasil, em que a situação de 
saúde reflete as extremas desigualdades sociais diante das condições de vida, 
definindo padrões heterogêneos no adoecer e morrer. 
 É colocada no âmbito deste trabalho como uma hipótese geral, a ser testada 
pelo confronto com o debate científico e com a prática social e histórica que vem sendo 
desenvolvida, principalmente no período mais recente, no qual, enquanto a 
implementação do SUS caminha para um cenário em que predominam as propostas 
basicamente racionalizadoras, aliás em consonância com os processos de "reforma 
da reforma" (Almeida, 1995) que se desenvolveram nos países centrais nos anos 80, 
a epidemiologia apresenta, enquanto campo de saber e práticas, um grande 
dinamismo, expresso no crescimento da produção científica na área (Teixeira, 1996). 
De acordo a perspectiva, a redefinição das funções e competências das três 
esferas de governo do SUS ganha transcendência, constituindo-se um espaço de 
11 
 
 
reflexão e experimentação política-organizacional em torno da nova "missão" do 
Ministério da Saúde, das SES e das SMS, por referência ao processo de 
descentralização e reorientação dos modelos assistenciais. 
 A nova missão das instâncias de governo do SUS deveria, como assinala 
Mendes (1996), contemplar o desenvolvimento da capacidade de análise da situação 
de saúde e da intervenção sobre problemas e grupos populacionais prioritários, em 
uma perspectiva territorializada, isto é, com ênfase na montagem de sistemas de 
vigilância da saúde cujas ações fossem operacionalizadas a partir do "mapeamento 
inteligente" de danos e riscos que afetam a população ao nível local, em regiões, 
municípios e distritos sanitários delimitados. 
Pode-se considerar, todavia, a possibilidade de articulação das distintas 
contribuições a um processo de recomposição política e operacional da prática de P&G 
no âmbito do SUS, que contemple, tanto os aspectos políticos quanto técnicos, 
voltados à construção de novas bases na definição do sujeito, do objeto, dos métodos, 
técnicas e instrumentos de planejamento, programação, organização e gestão, em 
todos os níveis do sistema de saúde. 
 A epidemiologia, nessa perspectiva, é um campo de saber e práticas 
necessário ao processo de formulação de políticas, definição de prioridades, 
organização de serviços e avaliação de ações, tanto ao nível de "macro-sistemas" 
quanto e principalmente, ao nível "micro", nos sistemas locais, especialmente no que 
diz respeito à redefinição dos "modelos assistenciais" do SUS e reorganização dos 
processos de trabalho em saúde. 
 
Considerando o nível "macro", o grande desafio, sem dúvida, é a formulação e 
implementação de políticas de financiamento e gestão do SUS que tenham como 
propósito a promoção da equidade, isto é, a redução das desigualdades sociais 
expressas em termos de indicadores epidemiológicos e sócio sanitários. 
Do ponto de vista político-institucional este seria uma movimento "contra 
hegemônico", na medida em que iria de encontro às tendências predominantes na 
atual política de saúde, que privilegia a reprodução de um sistema em que a 
12 
 
 
distribuição territorial da infraestrutura de recursos reforça as desigualdades no acesso 
aos serviços e na quantidade e qualidade da atenção recebida pela população. 
 
Conforme perspectiva, algumas propostas já vêm sendo elaboradas e 
discutidas, embora sem alcançarem grande repercussão a ponto de influenciar as 
decisões políticas dos gestores do sistema. Com relação à utilização de critérios 
epidemiológicos para repartição de recursos no SUS, por exemplo, chegou a ser 
realizada uma Oficina de Trabalho durante o Congresso da Abrasco, em julho de 1994, 
e outra semelhante durante o terceiro Congresso de Epidemiologia, sem que, 
entretanto, tivesse sido formulada uma proposta consensual entre os participantes. 
 Recentemente, com a implementação da Norma Operacional Básica 001/96, foi 
estabelecido o PAB - Piso Assistencial Básico, calculado a partir de um valor mínimo 
definido por habitante e transferido aos municípios que ingressam no processo de 
municipalização, que, entretanto, privilegia o aspecto demográfico 
Lembrando que, a formação de epidemiologistas privilegia, tendencialmente, a 
qualificação de "epidemiologistas do singular", especializados no campo da 
investigação causal ou na vigilância epidemiológica e controle de problemas 
singulares. Uma nova formação e capacitação, que implicasse em um outro perfil dos 
epidemiologistas, ao tempo em que enfatizaria o conteúdo da prática epidemiológica 
na formação de todo e qualquer profissional de saúde, implica em mudanças no 
processo formal de ensino universitário, técnico e, principalmente, no curto prazo, nos 
programas de educação continuada ou permanente dos profissionais e trabalhadores 
de saúde. 
Em relação à redefinição das funções e competências de cada esfera de 
governo do SUS, algumas Secretarias de Estado, a exemplo da do Paraná, Minas 
Gerais, Ceará e outras, vem avançando na reorientação de sua estrutura 
políticoorganizacional e da sua missão estratégica. 
Enquanto isso, o próprio MS não se reatualizou, pelo contrário, fortaleceu um 
processo de centralização das decisões de caráter financeiro na atual Secretaria de 
Assistência à Saúde, responsável pelos pagamentos dos serviços prestados através 
13 
 
 
do sistema SIA-SUS e AIH. Sendo assim, consolidou a utilização de uma lógica de 
mercado ao interior do próprio sistema público, que passou a se reger pelas mesmas 
regras da relação do SUS com o setor privado contratado e conveniado, reproduzindo 
o modelo médico assistencial de alto custo e baixa eficácia, no qual aproximadamente 
70% dos recursos são gastos com atenção hospitalar (Buss, 1995). 
Relatando a relação à redefinição das funções e competências de cada esfera 
de governo do SUS, algumas Secretarias de Estado, a exemplo da do Paraná, Minas 
Gerais, Ceará e outras, vem avançando na reorientação de sua estrutura político-
organizacional e da sua missão estratégica. Enquanto isso, o próprio MS não se 
reatualizou, pelo contrário, fortaleceu um processo de centralização das decisões de 
caráter financeiro na atual Secretaria de Assistência à Saúde, responsável pelos 
pagamentos dos serviços prestados através do sistema SIA-SUS e AIH. Ou seja, 
consolidou a utilização de uma lógica de mercado ao interior do próprio sistema 
público, que passou a se reger pelas mesmas regras da relação do SUS com o setor 
privado contratado e conveniado, reproduzindo o modelo médico assistencial de alto 
custo e baixa eficácia, no qual aproximadamente 70% dos recursos são gastos com 
atenção hospitalar (Buss, 1995). 
À medida que ocorra a expansão e consolidação de um processo com estas 
características pode vir a acontecer a redefinição das práticas de vigilância 
epidemiológica e sanitária, numa perspectiva renovada. Isto pressupõe a ampliação e 
capacitação das equipes profissionais e a reorganização do processo de trabalho em 
si, com o desenvolvimento de métodos e técnicas adequados à especificidade dos 
problemas e dos grupos populacionais sobre os quais se exercerá o trabalho de 
vigilância4. 
 Necessária também seria a institucionalização da prática de avaliação de 
tecnologias, programas e serviços, tanto visando a melhoria da qualidade da atenção 
médica assistencial ambulatorial e hospitalar, quanto e principalmentecomo subsídios 
ao aperfeiçoamento permanente das ações de vigilância da saúde sobre problemas e 
grupos populacionais prioritários. 
 
https://www.scielosp.org/article/csc/1999.v4n2/287-303/#back4
https://www.scielosp.org/article/csc/1999.v4n2/287-303/#back4
14 
 
 
 
AVALIANDO A EFICÁCIA DAS MEDIDAS DE CONTROLE 
 
No Brasil, a década de 90 avança na descentralização das ações, tomando o 
saber epidemiológico na orientação dos investimentos na promoção da saúde e 
prevenção das doenças. 
Visualizando os princípios epidemiologia, é importante distinguir os enfoques 
estratégicos básicos para a prevenção e o controle de doenças: o enfoque de nível 
individual e o enfoque de nível populacional. Essa distinção fundamental em saúde 
pública, originalmente proposta por Rose (1981), ganha importância sob o modelo de 
determinantes da saúde, no qual, como vimos, a doença na população é um produto 
de uma complexa interação de fatores proximais e distais ao indivíduo, em 
interdependência com seu contexto biológico, físico, social, econômico, ambiental e 
histórico. 
 Como o próprio nome indica, o enfoque individual enfatiza a prevenção e o 
controle das causas da doença nas pessoas, em particular, naquelas com alto risco 
de adoecer, enquanto o enfoque populacional enfatiza as causas das doenças na 
população. Ou seja reconhecer que um fator que seja causa importante de doença nas 
pessoas, não é necessariamente o mesmo fator que determina primariamente a taxa 
de doença na população. 
 Rose fez a distinção entre as “causas dos casos” e as “causas da incidência” 
de uma doença na população. No enfoque individual, a intervenção de controle está 
voltada a esse grupo de alto risco e seu sucesso total envolve o truncamento 
distribuição de risco. A frequência de exposição e o risco de adoecer do resto da 
população, que é a grande maioria, não se modificam. 
 No enfoque individual, a intervenção de controle está voltada a esse grupo de 
alto risco e seu sucesso total envolve o truncamento da distribuição de risco em seu 
extremo, conforme ilustrado esquematicamente no Gráfico 6.1A. A frequência de 
15 
 
 
exposição e o risco de adoecer do resto da população, que é a grande maioria, não se 
modificam. 
Por outro lado, no enfoque populacional, a intervenção de controle está voltada 
a toda a população e seu sucesso total envolve o deslocamento para a esquerda da 
distribuição em conjunto, conforme ilustrado esquematicamente no Gráfico 6.1B. A 
frequência de exposição e o risco de adoecer do resto da população diminuem 
coletivamente. Gráfico 6.1 Enfoques estratégicos de prevenção e controle prevalência 
nível de exposição A. intervenção em grupos de alto risco B. intervenção populacional 
risco nível de exposição prevalência Adaptado de Rose G, 1992. 
 
MEDIDAS DE PREVENÇÃO 
À luz dos princípios da epidemiologia revisados nos módulos anteriores, é 
importante distinguir os enfoques estratégicos básicos para a prevenção e o controle 
de doenças: o enfoque de nível individual e o enfoque de nível populacional. Essa 
distinção fundamental em saúde pública, originalmente proposta por Rose (1981), 
ganha importância sob o modelo de determinantes da saúde, no qual, como vimos, a 
doença na população é um produto de uma complexa interação de fatores proximais 
e distais ao indivíduo, em interdependência com seu contexto biológico, físico, social, 
econômico, ambiental e histórico. Como o próprio nome indica, o enfoque individual 
enfatiza a prevenção e o controle das causas da doença nas pessoas, em particular, 
naquelas com alto risco de adoecer, enquanto o enfoque populacional enfatiza as 
causas das doenças na população. 
 Isso implica em reconhecer que um fator que seja causa importante de doença 
nas pessoas, não é necessariamente o mesmo fator que determina primariamente a 
taxa de doença na população. Rose fez a distinção entre as “causas dos casos” e as 
“causas da incidência” de uma doença na população. No enfoque individual, a 
intervenção de controle está voltada a esse grupo de alto risco e seu sucesso total 
envolve o truncamento da distribuição de risco em seu extremo, conforme ilustrado 
esquematicamente no Gráfico 6.1A. 
 A frequência de exposição e o risco de adoecer do resto da população, que é 
a grande maioria, não se modificam. Por outro lado, no enfoque populacional, a 
16 
 
 
intervenção de controle está voltada a toda a população e seu sucesso total envolve o 
deslocamento para a esquerda da distribuição em conjunto, conforme ilustrado 
esquematicamente no Gráfico 6.1B. A frequência de exposição e o risco de adoecer 
do resto da população diminuem coletivamente. 
 
 
 
De acordo as estratégias de prevenção e controle têm vantagens e 
desvantagens e seus enfoques são complementares. Em geral, se o risco de adoecer 
ou apresentar um dano à saúde se concentrar em um grupo específico e identificável 
da população, como costuma ocorrer numa situação de epidemia, o enfoque individual 
é o mais apropriado. Se, pelo contrário, o risco está amplamente distribuído entre toda 
a população, é necessário aplicar um enfoque populacional. 
 De fato, a resposta sanitária desejável significa que os indivíduos em maior 
risco possam se beneficiar de intervenções intensivas, no marco de aplicação de uma 
estratégia populacional que beneficie a população em seu conjunto. 
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Tendo como ponto de vista estratégico, a operação das ações de saúde pública 
é realizada através de ações estratégicas ou campanhas específicas, com foco na 
população como um todo. Como exemplo de programas habitualmente executados 
nos níveis locais de saúde, temos o programa de imunizações e o programa de saúde 
da família. 
Há ocasiões nas quais a ocorrência de uma epidemia, ou uma situação de 
emergência, obriga a concentrar a utilização de recursos humanos e materiais de 
forma intensa e por um período limitado de tempo. Isso é o que caracteriza uma 
campanha. A campanha é, portanto, uma medida temporal com fim determinado e 
específico, como por exemplo, uma campanha de vacinação. Em geral, as campanhas 
são executadas ou para prevenir um possível surto (por exemplo, quando a cobertura 
vacinal está em níveis que não garantem a imunidade de grupo), ou para tentar 
controlar rapidamente um surto quando é tecnicamente indicado. 
Tradicionalmente, tanto os programas, como as campanhas, foram executados 
de modo isolado e independente entre si. A tendência atual é buscar integração, 
principalmente em nível local, de tal forma que se facilite a utilização comum e a 
potencialização dos recursos disponíveis. Um aspecto de particular relevância é a 
adequada coordenação com o sistema local de vigilância em saúde pública. 
 
 
 
 
 
 
 
18 
 
 
REFERÊNCIAS 
- Centers for Disease Control and Prevention. Principles of epidemiology. An 
introduction to applied epidemiology and biostatistics (self-study programme). 2 nd 
edition,1992 
 Goodman RA, Buehler JW, Koplan JP. The epidemiologic field investigation: science 
and judgement in public health practice. American Journal of Epidemiology 
1990;132(1):9-16. 
Buss P, Labra E 1995. Sistemas de Saúde: Continuidades e Mudanças. Hucitec/Fiocruz, 
São Paulo, Rio de Janeiro. 
Rose G. Individuos enfermos y poblaciones enfermas. En: El Desafío de la 
Epidemiología. Problemas y lecturas seleccionadas. Organización Panamericana de 
la Salud; Washington DC, 1988

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