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Farmacotécnica A história da farmácia Pré-História e Antiguidade O homem já utilizava plantas e minerais para a cura de enfermidades; Ao longo do tempo a cura de doenças foi associada a espíritos e coisas sobrenaturais; Durante a antiguidade foi encontrado o primeiro registro farmacêutico, Trata-se de uma tábua de argila com escritas suméricas contendo 15 fórmulas medicinais; Na Grécia: Papiros Papiro de kahun: O mais antigo de todos, o primeiro tratado médico da ginecologia, onde aborda uma serie de doenças ginecológicas e métodos de contracepção local. Papiro de Smith : Primeiro tratado médico cirúrgico do mundo descreve também a utilização de salicilato como anti-inflamatório e anestésico. Papiro de Ebers: Papiro mais importante na historia da farmácia, descreve mais de 700 substancias medicinais e mais de 800formulas farmacêuticas. Saindo da Grécia e vamos para Roma: As pessoas que dominavam o conhecimento dos medicamentos também associavam a função de sacerdote. Ainda assim, tratava-se de um conhecimento empírico e o sucesso ou o fracasso eram geralmente atribuídos à experiência, à mera coincidência, a um poder curativo natural, fatores psicológicos, ao invés de efeitos terapêuticos propriamente ditos. Um conhecimento mais científico e racional aparece justamente dentro da Medicina grega. Os medicamentos gregos eram em sua grande maioria preparados a partir de plantas e o primeiro grande pesquisador grego que desenvolve um estudo científico sobre plantas no Ocidente é Teofrasto, discípulo de Aristóteles, considerado um dos maiores filósofos gregos da Antiguidade A partir dos estudos botânicos de Teofrasto, os quais combinavam informações acadêmicas com parteiras, cavadores de raízes e médicos viajantes, Dioscórides, conforme figura 10 que seguiu seus estudos cerca de 300 anos depois e escreveu um resumo da utilização de plantas como medicamentos em suas diversas formas, denominado De Matéria Médica, passando a tratar a botânica como uma ciência aplicada a Farmácia. Além disso, Dioscórides (cerca de 65 d.C) o médico e botânico grego criador da Farmacognosia: Pharmakon – Farmaco; Gnosis – conhecimento, foi o primeiro a tratar a botânica como uma ciência aplicada à farmácia. O grande responsável pela racionalização da farmácia e da Medicina foi Hipócrates de Cós (460-377 a.C), considerado o Pai da Medicina, conforme figura 11. Além disso, racionalizou a medicina, sistematizou os conhecimentos médicos e colocou a Medicina prática no plano teórico. Seus trabalhos incluíram descrições de centenas de fármacos. Reintroduziu o termo “Pharmakon”. A partir da introdução de seus estudos relacionando o meio ambiente e a humanidade através de uma conexão dos quatro elementos da terra, ele revolucionou e sistematizou o conhecimento médico, colocando a prática da Medicina em um plano científico e de alto conceito ético. Esses estudos ficaram conhecidos com a Teoria dos 4 Humores, conforme figura 12. É possível que a Medicina da antiguidade tenha alcançado seu apogeu com os estudos de Galeno, uma vez que ele escreveu mais de 500 tratados sobre Medicina e pelo menos outros 250 sobre filosofia, leis e gramática. Introduziu os conceitos de polifármacos, descreveu uma série de substâncias de origem natural, assim como, fórmulas e métodos de preparação. Seus estudos e ensinamentos foram seguidos por mais de 1.500 anos e algumas de suas fórmulas são muito parecidas com as utilizadas ainda hoje, como o cold cream ou Cerato de Galeno. A área de manipulação farmacêutica, onde a Farmacotécnica está principalmente inserida é também conhecida como “Farmácia Galênica” em homenagem a esse grande médico, farmacêutico e filósofo greco- romano. Agora, destaca-se: Claudius Galenus, considerado o Pai da Farmácia. A Idade Média O período histórico compreendido entre os séculos V (476 d.C.) e XV (1453 d.C) é tradicionalmente denominado de Era Medieval Europeia ou Idade Média, segundo os autores Gennaro (2000), Allen, Popovich e Ansel (2013).] O papel da Igreja controladora do poder pode ser facilmente notado através das vestimentas extremamente recatadas e da repressão ao culto da higiene, chegando a afirmações do tipo que: “banho é coisa do demônio”, uma vez que o indivíduo precisava ficar nu para tomar banho. A mesma interpretação era dada no caso das doenças, levando as pessoas a acreditarem que doença estava relacionada ao pecado e a admirar santos curadores, como Cosme e Damião. O preço imposto pela ignorância e negligência por parte da Igreja Católica foi alto e veio na forma de uma grave doença chamada de peste bubônica. A Europa Ocidental e cristã sofreu por longos anos uma rotina de imundície e falta de higiene, que culminaram na expansão das doenças. Alguns relatos demonstram que nesta época era comum que os banhos só acontecessem 2 ou 3 vezes ao ano e somente nos períodos que antecedessem as festas religiosas como Natal e Páscoa. Paralelamente aos acontecimentos da Idade Média na Europa Ocidental, as civilizações nômades seguidoras dos ensinamentos de Maomé (570-632 d.C.) conquistaram as áreas do Oriente Médio e da África e expandiram-se a partir do século VI para a Espanha, Sicília e Europa Oriental. Essas civilizações respeitavam os escritos gregos e eram conhecidamente estudiosos do mundo das ciências. Muitos filósofos e cientistas gregos também migraram junto a essas civilizações para dar continuidade aos seus estudos no Período de Trevas pelo qual passou a Europa Ocidental. Os estudos gregos foram traduzidos para o árabe, principalmente, os de Dioscórides e Galeno e desenvolvidos por pesquisadores e médicos árabes, os quais apresentaram novos conceitos de medicamentos mais sofisticados, elegantes e palatáveis. Um desses médicos era Avicena (980-1063 d.C), conhecido como o Galeno Persa, conforme figura 14. javascript:void(0) Além disso, Avicena contribuiu para as Ciências Farmacêuticas, chegando a montar uma botica dentro da própria cada para ajudar os necessitados. Figura 14: Avicena, médico e farmacêutico persa. Finalmente, é através da cultura árabe que retorna à Europa Ocidental o conhecimento médico científico e clássico, inclusive, podendo-se afirmar que mais aperfeiçoado. No entanto, somente no século XIII, mais precisamente em 1240 d.C., que Frederico II, imperador do reino das Duas Sicílias (atualmente, Alemanha), separou pela primeira vez oficialmente, a Farmácia da Medicina. O decreto do monarca estabeleceu que a prática da Farmácia requeria conhecimentos e habilidades específicos para garantir o atendimento adequado às necessidades médicas do povo. Com isso, pode-se comparar o exposto, com o atual juramento da sua profissão, é possível observar as similaridades ao longo desses 800 anos. A Renascença e a Idade Moderna Após atravessarmos juntos a Era Pré-Histórica, a Antiguidade, passando por Egito, Grécia e Roma, e a Idade Média, seguindo o estudo dos autores, chegamos ao período histórico conhecido como Renascença. É considerada uma época de grandes ideias em vários segmentos, como na ciência, nas artes, na arquitetura. Grandes descobertas aconteceram nesse período como a descoberta do Novo Mundo por Cristóvão Colombo, o caminho das índias por Vasco da Gama e o desenvolvimento da impressão por tipo móvel por Johannes Gutenberg. Conforme Dias (2005), apesar de uma série de pesquisadores e especialistas terem se destacado no período Renascentista no desenvolvimento e preparação de novas drogas e medicamentos, ninguém obteve tanto destaque na área farmacêutica quanto um determinado médico e químico suíço que se auto intitulava Paracelso (1493-1541). Gennaro (2000), Allen, Popovich e Ansel (2013) mencionam Philippus Aureolus Theofratus Bombastus von Hohenheim, pesquisador revolucionário, nascido em 1493, como responsávelpela transformação da Farmácia. Essa, de início, baseada única e exclusivamente no uso das plantas, tornando-a uma profissão baseada num conceito químico. Paracelso era um rebelde, criticava os farmacêuticos que só se baseavam na botânica para a cura das doenças e escreveu suas obras em sua língua nativa recusando-se a usar o latim, linguagem universal para a época. Podemos afirmar que Paracelso é o grande responsável em separar a Farmácia da Química e a transformar a Química em uma verdadeira ciência a partir do século XVI. A idade moderna compreende o período entre os séculos XVII e XVIII e finaliza mais precisamente em 1789 com a Revolução Francesa. Nesse período o volume de descobertas químicas cresce e a utilização das drogas químicas para o tratamento de doenças já está consolidada. Os farmacêuticos percebem a necessidade de maiores conhecimentos nessa área buscando aprender novos métodos de preparação e a manipulação das novas drogas. Utilizam, muitas vezes, as dependências de suas próprias farmácias para conduzirem experimentos e descobertas de drogas medicinais com embasamento científico. Foi o caso de Karl Wilhelm Scheele (1742-1786), farmacêutico sueco, que em 1773 descobriu a molécula de oxigênio um ano antes de Priestley. Identificou a glicerina, inventou novos métodos para o preparo de calomelano e ácido benzoico. E descobriu ainda, os ácidos: Lático; Cítrico; Oxálico; Tartárico; Arsênico. javascript:void(0) javascript:void(0) A Idade Contemporânea A Revolução Francesa em 1789, traz uma forte mudança de pensamento com o desenvolvimento de um pensamento científico, da razão, do ceticismo, associado ao declínio das monarquias, de melhoria nas condições de vida e do triunfo do Iluminismo. Estas mudanças trazem maiores possibilidade na descoberta e no desenvolvimento de novas drogas. No início do século XIX, uma descoberta extraordinária mudou de vez as questões relacionadas ao conhecimento químico e origem das drogas medicinais. Friedrich Serturner (1783-1841), um farmacêutico alemão, isolou em 1805 a morfina a partir do ópio em estado bruto. Essa descoberta levou a uma série de isolamentos de outros compostos químicos a partir das plantas medicinais, e algumas dessas substâncias ficaram conhecidas como alcaloides. Os farmacêuticos franceses Joseph Caventou (1795-1877) e Joseph Pelletier (1788- 1842), isolaram a: 1 - Quinina da casca da cinchona; 2 - Cinchonina da estriquinina; 3 - Brucina da noz vômica. Segundo Gennaro (2000), o conhecimento no isolamento de substâncias químicas com atividades farmacológicas a partir de plantas medicinais continuou ao longo dos séculos. Os farmacêuticos continuaram esse trabalho na descoberta de novas substâncias químicas e novas drogas medicamentosas. Confirmam os autores Allen, Popovich e Ansel (2013) que, atualmente, este conhecimento ainda permanece e é justamente através das descobertas desses antigos estudiosos que nossas pesquisas, nos dias de hoje, ainda se desenvolvem. Vocês podem observar isso na descoberta de drogas mais recentes, como o paclitaxel e a vincaleucoblastina, entre outros. Muitos dos fármacos hoje sintéticos têm sua estrutura molecular baseada na molécula de drogas de origem natural. Vocês entenderão isso ainda melhor quando associarem as 4 disciplinas principais dentro das Ciências Farmacêuticas, que são: Farmacologia; Farmacognosia; Química Medicinal; Farmacotécnica. As farmacopeias Em nossa viagem pelo tempo, conhecendo a História da Farmácia é possível observar três fases distintas: Etapa 01 1ª: Voltada para um conhecimento empírico associado ao misticismo e ao sobrenatural; Etapa 02 2ª: Voltada para um maior conhecimento das plantas medicinais; e Etapa 03 3ª: Voltada para um conhecimento químico com o uso dos elementos químicos e do isolamento das substâncias químicas a partir das plantas medicinais. De acordo com Gennaro (2000), na fase de transição entre o uso das plantas medicinais e a implementação do conhecimento da Química junto à Farmácia, houve um período de certos conflitos entre os farmacêuticos da época, levando à necessidade de padronização das drogas e das preparações farmacêuticas. Com o avanço científico e o desenvolvimento de novos fármacos e medicamentos, os médicos da época queriam garantir que suas prescrições fossem preparadas de maneira uniforme e confiável. Observou-se, portanto, a necessidade de se criar padrões uniformes que garantissem a qualidade das preparações. Apesar disso esse documento foi criado pela Associação dos Médicos e Farmacêuticos e mesmo sendo considerado um documento técnico-científico não possuía valor legal. Assim sendo, na verdade, para muitos, a primeira farmacopeia do mundo é o Dispensatorium de Valerius Cordus de 1546, adotado pelo governo de Nuremberg como o documento padrão de todos os farmacêuticos daquela região. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Você sabe quantas Farmacopeias o Brasil possui? 1. 1794 A primeira Farmacopeia utilizada no Brasil foi a Farmacopeia Geral para o Reino e os Domínios de Portugal, ainda nos tempos do Brasil Colônia, sancionada em 1794 e obrigatória em todo o território nacional a partir de 1809. Ocorreu logo após a chegada de D. João VI ao país em 1808. 2. 1822 Após a independência em 1822, a utilização da Farmacopeia Geral para o Reino e os Domínios de Portugal foi mantida, mas introduzido também o Codex Medicamentarius Gallicus francês e o Código Farmacêutico Lusitano, considerando-se hoje, como a 2ª edição da Farmacopeia Portuguesa. 3. 1882 Em 1882, um decreto estabeleceu que a partir dessa data deveria ser utilizada a Farmacopeia Francesa até que uma Farmacopeia Brasileira fosse desenvolvida. 4. 1926 Em 1926, um jovem professor e farmacêutico militar, conhecido como Rodolpho Albino Dias da Silva, apresentou às autoridades sanitárias o Código Farmacêutico Brasileiro. 5. 1929 Após aprovado, esse Código foi oficializado em 1929, tornando-se a Primeira Farmacopeia Brasileira. 6. 1959/1976 Sua segunda edição foi publicada em 1959; e a terceira, saiu em 1976. 7. 1988/2005 Já a quarta edição foi publicada em 1988, tendo sido atualizada por vários fascículos até 2005. 8. 2010 Em 2010, agora já sob a responsabilidade da ANVISA, a quinta edição foi lançada, revogando todas as edições anteriores. 9. 2019 Em 2019, foi publicada a Sexta Edição da Farmacopeia Brasileira, nossa versão mais recente até o momento, conforme figura 15. Princioais conceitos e definições de farmacotécnica As Ciências Farmacêuticas são o conjunto das disciplinas que compõem o curso de Farmácia, no qual estão inseridas 4 disciplinas aplicadas: Clique nas barras para ver as informações. FARMACOGNOSIA estuda a conservac a o e identificac a o de substa ncias originadas do reino vegetal. FARMACOLOGIA estuda a ac a o dos fa rmacos no organismo. MICA FARMACE UTICA estuda as substa ncias qui micas de emprego na a rea de sau de. F CNICA e a parte das Cie ncias Farmace uticas que trata da preparac a o dos medicamentos, ou seja, da transformac a o de drogas mate rias-primas) em medicamentos. Estuda o preparo, a purificac a o, as incompatibilidades fi sicas e qui micas, e a escolha da forma farmace utica. De acordo com Ferreira (2010), a Farmacotécnica pode ser conhecida também por outras definições, por exemplo, Farmácia Galênica ou Farmácia Magistral. Todos esses tipos de farmácia, porém, envolvem um princípio fundamental: a manipulação de drogas e sua transformação em medicamentos, ou seja, formas farmacêuticas definidas. Nesse contexto, a seguir, destacam-se algumas das principais definições da Farmacotécnica. Todas as definições estão baseadas nas legislações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do Conselho Federal de Farmácia (CFF), comfoco na Lei nº 5991/73. Vejamos, na tabela a seguir, algumas dessas definições: Droga Matéria-prima de origem animal, vegetal ou mineral de uso farmacêutico ou não, utilizado na fabricação de medicamentos. Fármaco ou IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) Droga utilizada para fabricação de medicamentos dotados de atividade farmacológica. Medicamento Toda preparação farmacêutica contendo um ou mais fármacos, destinada ao diagnóstico, prevenção ou tratamento das doenças e seus sintomas. Remédio Emprego mais amplo e geral, sendo aplicado para todos os meios usados com o fim de prevenir ou de curar doenças. Preparação Magistral É aquela preparada na farmácia para ser dispensada atendendo a uma prescrição médica que estabelece sua composição, sua forma farmacêutica, sua posologia e seu modo de usar. Preparação Oficinal É aquela preparada na farmácia cuja fórmula esteja escrita nas Farmacopeias, Compêndios ou Formulários reconhecidos pelo Ministério da Saúde. Forma Farmacêutica É a apresentação de um medicamento. Está relacionada com a via de administração. As formas farmacêuticas foram desenvolvidas para facilitar a administração dos medicamentos. Deve assegurar ao medicamento o máximo de efeito terapêutico com o mínimo de efeitos colaterais de acordo com o tipo de paciente. Fórmula Farmacêutica É a relação dos componentes que entram na composição dos medicamentos, com seu peso e volume definidos, ou quando possível por g, mL UI, relação sal/base. Receita Médica ou Prescrição É uma ordem expressa pelo médico ao paciente. Deve ser preservada, pois esta tem implicação legal. Deve ser em papel timbrado, contendo cabeçalho, nome, fármacos e/ou excipientes, quantidade, assinatura e CRM. Manipulação A manipulação de medicamentos é o método tradicional de preparo de medicamentos personalizados, visando o atendimento de necessidades específicas e, às vezes, únicas do profissional (médico, dentista ou veterinário) e do paciente. É o conjunto de operações com a finalidade de elaborar preparações magistrais e oficinais, e fracionar produtos industrializados para uso humano. Dispensação Ato de fornecer e orientar o consumidor de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, a título remunerado ou não. Farmácia Estabelecimento de manipulação de fórmulas magistrais e oficinais, de comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos, compreendendo o de dispensação e o de atendimento privativo de unidade hospitalar ou de qualquer outra equivalente de assistência médica. Drogaria Estabelecimento de dispensação e comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos em suas embalagens originais. Veículo Diz respeito à parte líquida não ativa de uma formulação, na qual estão dissolvidos os demais componentes. Excipiente Componente inerte, sólido, que, misturado ao princípio ativo, serve para dar volume, peso ou outras atividades ao medicamento. Matéria-Prima Substância ativa ou inativa com especificação definida que se emprega na preparação dos medicamentos e demais produtos. Droga Matéria-prima de origem animal, vegetal ou mineral de uso farmacêutico ou não, utilizado na fabricação de medicamentos. Fármaco ou IFA (Insumo Farmacêutico Ativo) Droga utilizada para fabricação de medicamentos dotados de atividade farmacológica. Medicamento Toda preparação farmacêutica contendo um ou mais fármacos, destinada ao diagnóstico, prevenção ou tratamento das doenças e seus sintomas. Remédio Emprego mais amplo e geral, sendo aplicado para todos os meios usados com o fim de prevenir ou de curar doenças. Ainda no contexto apresentado, destaca-se na tabela 1, as principais abreviações da prática farmacêutica. ABREVI ATURA TERMO EM GREGO OU LATIM SIGNIFICADO ãa, ãã Aná (grego) Partes iguais, repetição. Usada nas fórmulas para designar que as substâncias receitadas numa só fórmula são prescritas em doses iguais. q.s. Quantum suffict ou quantum satis (latim) Quantidade suficiente. Usada nas fórmulas para indicar que não há uma dose definida, apenas uma pequena quantidade. q.s.p Quantum satis para (latim) Quantidade suficiente para. Utilizada no fechamento da quantidade final de uma formulação com seu veículo ou excipiente. Rx Recipe (latim) Tome, receba. Frequentemente empregado no início de uma prescrição. Instrução destinada ao farmacêutico para que receba os itens listados na receita para o preparo do medicamento. f.s.a. Fiat secundum artem (latim) Faça segundo a arte. A partir da adaptação do quadro de Ferreira (2010), busca-se ilustrar melhor esses conceitos, explorando de forma detalhada o conteúdo. O profissional que escolhe a área magistral para se aprofundar e trabalhar precisa compreender que existe uma certa diferença entre a farmácia de manipulação, que utiliza um processo artesanal para o preparo dos medicamentos do processo de produção industrial, que utiliza alta tecnologia e equipamentos sofisticados. No quadro abaixo você pode observar algumas diferenças básicas entre os medicamentos industrializados e os medicamentos manipulados. Medicamentos Industrializados Medicamentos manipulados Formulação padronizadas para atender as necessidades gerais de uma provável população de pacientes. Formulação personalizada para atender as necessidades específicas de uma paciente. O prescritor precisa adequar o paciente à apresentação comercial disponível. O prescritor pode adequar a formulação a cada paciente. A comercialização em larga escala, inviabiliza economicamente e às vezes tecnicamente por questões de estabilidade, a possibilidade da produção de diversas formas farmacêuticas em Permite a prescrição de formas farmacêuticas diferenciadas das disponíveis comercialmente, bem como, o emprego de dosagem específica para um determinado paciente. várias dosagens. Mediante os autores Le Hire (1997) e Ferreira (2019), é possível compreender que uma das maiores diferenças entre os dois processos está justamente no papel do farmacêutico, uma vez que, na indústria farmacêutica, ele está responsável apenas na fabricação e na qualidade do produto. Na manipulação em pequena escala e individualizada, ele participa de perto do tratamento do paciente, formando uma tríade importante entre médico-farmacêutico-paciente, conhecida como tríade da saúde e demonstrando a união multiprofissional em prol da saúde, conforme figura 16. Ainda assim, Ferreira (2010) apresenta em seu Guia Prático da Farmácia Magistral, algumas vantagens interessantes dos medicamentos manipulados frente aos medicamentos industrializados. Isso pode ser observado de forma resumida, a seguir, onde destaca- se as vantagens dos medicamentos manipulados frente aos industrializados. VERSATILIDADE POSOLÓGICA OU SEGUNDO USO Ajuste das doses ou concentração do fármaco para pacientes com necessidades específicas ou pacientes pediátricos. Manipulação de fármacos com segundo uso, que são aqueles utilizados com propósitos diferentes dos originais, os quais necessitam muitas de vezes de alteração em suas doses e posologia. ASSOCIAÇÃO DE FÁRMACOS A manipulação magistral permite a associação de fármacos que muitas vezes não estão disponíveis no mercado comercial. ESCOLHA DA FORMA FARMACÊUTICA Tanto o paciente, quanto o prescritor podem optar pela forma farmacêutica que melhor se adeque ao tratamento, não dependendo somente das formas disponíveis comercialmente. RESGATE DE MEDICAMENTOS É possível resgatar medicamentos que tenham sido descontinuados e não estejam mais disponíveis no mercado. MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS ÓRFÃOS Medicamentos órfãos são aqueles que, geralmente, tratam as doenças negligenciáveis; aqueles que não têm interesse econômico pelas grandes indústrias, apresentam interesse no contexto da saúde pública. ECONOMIA O medicamentomanipulado, geralmente, apresenta custo menor que o industrializado por apresentar menos etapas intermediárias em sua cadeia de produção. PERSONALIZAÇÃO DA TERAPÊUTICA Formulação individualizada para o tratamento do paciente, e não da doença. Aumento da adesão do paciente ao tratamento. DIFICULDADE DE AUTOMEDICAÇÃO Toda a formulação depende de uma prescrição, essa situação evita o abuso e o risco inerentes da automedicação. UNIÃO MULTIPROFISSIONAL União multiprofissional em prol da saúde. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS E FORMAS FARMACÊUTICAS Os fármacos ou princípios ativos não podem ser administrados no seu estado puro ou natural diretamente aos pacientes, mas sim, como parte de uma formulação, ao lado de uma ou mais substâncias, denominadas adjuvantes farmacêuticos, veículos ou excipientes. Essas matérias-primas devem ser inertes e inócuas. Apesar disso, apresentam funções auxiliares na formulação, por exemplo: facilitando o fluxo dos pós ou a solubilização do fármaco. Este é o fundamento básico da Farmacotécnica, transformar esse fármaco em uma forma farmacêutica definida, utilizando as operações farmacêuticas a partir de uma formulação que contenha a descrição dos fármacos e dos excipientes. Figura 17: Esquema representativo das vias de administração de medicamentos. A escolha da forma farmacêutica depende da via de administração e a escolha da via de administração dos fármacos depende de uma série de fatores, tais como: Efeito local ou sistêmico; Biodisponibilidade do fármaco: solubilidade e estabilidade; Duração do tratamento e posologia; Tipo e situação do paciente: idade, sexo, internado, em coma. A via de administração mais comum é a oral. Acredita- se que cerca de 75% das prescrições médicas sejam realizadas dessa forma. Isso se deve, principalmente, à facilidade de administração e transporte, à estabilidade do medicamento e à maior facilidade e adesão ao tratamento. Pode-se observar, portanto, que a biodisponibilidade dos fármacos diminui quando eles são metabolizados pelo fígado e sofrem o efeito de primeira passagem, principalmente quando administrados via oral. A tabela a seguir apresenta, de forma resumida, as vias de administração de medicamentos e as principais formas farmacêuticas existentes. Uma vez já tendo entendido que, para o desenvolvimento de uma forma farmacêutica, é necessário antes determinar a via de administração do medicamento, vamos agora conhecer um pouco melhor as principais vias de administração de medicamentos: a via oral, via parenteral, via retal, via tópica e percutânea, e vias ocular, nasal e auricular. Via oral A via oral é a via de administração de medicamentos mais frequentemente usada, e considerada uma via sistêmica. É também aquela que apresenta o maior número de formas farmacêuticas, podendo tanto ser líquidas, como sólidas. Dentre as formas líquidas, destacam-se as soluções orais ou gotas, as suspensões, os xaropes e elixires; entre as formas farmacêuticas sólidas, destacam-se os comprimidos, as cápsulas, os pós e granulados. Clique nas barras para ver as informações. COMPRIMIDOS são formas farmacêuticas sólidas de forma e tamanho definidos, constituídos por um ou mais princípios ativos e excipientes e obtidas por um processo de compressão. CÁPSULAS são formas farmacêuticas sólidas, de tamanho e forma definidos, constituídas por um invólucro gelatinoso, no qual está inserido um ou mais princípios ativos e excipientes. PÓS são formas farmacêuticas sólidas obtidas a partir de uma mistura de um ou mais princípios ativos com excipientes, geralmente, apresentadas na forma de sachês. GRANULADOS são formas farmacêuticas sólidas obtidas a partir de um processo de granulação seca ou úmida, constituído de um ou mais fármacos e excipientes. SOLUÇÕES ORAIS OU GOTAS são formas farmacêuticas líquidas obtidas a partir da dissolução de um ou mais princípios ativos e excipientes, que auxiliam a solubilização dos fármacos e garantam uma melhor estabilidade e conservação do medicamento. SUSPENSÕES são formas farmacêuticas líquidas obtidas por dispersão mecânica e constituída por um ou mais princípios ativos e excipientes que garantam a estabilidade e a conservação do medicamento. XAROPES são formas farmacêuticas líquidas e açucaradas obtidas por dissolução simples e constituídas por um ou mais princípios ativos e excipientes que auxiliam na solubilização dos fármacos e garantam uma melhor estabilidade e conservação do medicamento. ELIXIRES são formas farmacêuticas líquidas e açucaradas, contendo álcool como veículo, obtidas por dissolução simples e constituídas por um ou mais princípios ativos e excipientes que auxiliam na solubilização dos fármacos e garantam uma melhor estabilidade e conservação do medicamento. É importante destacarmos que a via de administração oral apresenta algumas desvantagens do ponto de vista de absorção do fármaco quando comparadas a outras vias. A primeira delas diz respeito à biodisponibilidade do fármaco, que, quando administrado por via oral, tem, usualmente, sua biodisponibilidade diminuída. javascript:void(0) Figura 18: Via de administração oral. Uma vez que o medicamento é administrado por via oral, parte dele é metabolizado pelo fígado, etapa esta conhecida como efeito de primeira passagem. Consequentemente, a fração biodisponível e que alcança a corrente sanguínea é diminuída. Ainda assim, a via oral é considerada a mais importante, devido a sua facilidade de administração e transporte e a de maior facilidade posológica e adesão ao tratamento pelo paciente, conforme figura 18. Via parenteral A via parenteral é popularmente conhecida como via injetável. Existem 3 principais vias de administração parenteral, que são: Intravenosa (IV), Intramuscular (IM) e Subcutânea (SC). A Tabela 2 apresenta de forma mais detalhada todas as vias de administração parenteral. A grande vantagem da via parenteral frente às demais vias de administração de medicamentos, principalmente, a via oral, está no fato de o fármaco não passar pelo trato gastrointestinal (TGI) e, consequentemente, não sofrer efeito de primeira passagem. As preparações injetáveis encontram-se geralmente na forma de soluções, suspensões e, mais recentemente, em pós para reconstituição injetável, o que melhora a estabilidade do medicamento, conforme figura 19. Figura 19: Via de administração parenteral. Via retal A via de administração retal pode ser utilizada para ação local, sistêmica ou mecânica. Dentre as formas farmacêuticas mais utilizadas, estão os supositórios, mas existem também as pomadas e as soluções. Essas últimas, mais comumente conhecidas, como enemas. Escolha uma das Etapas a seguir. Etapa 01 Ação mecânica - Efeito laxativo. Exemplo: supositório de Glicerina; Etapa 02 Ação sistêmica - o fármaco passa à corrente sanguínea desenvolvendo efeitos sistêmicos como os anti- inflamatórios para o tratamento das vias hemorroidais; Etapa 03 Ação local - pode ser para um tratamento hemorroidal ou para o tratamento de parasitas, como por exemplo as pomadas como auxiliares ao tratamento hemorroidal. A via retal pode ser uma alternativa interessante para a administração de fármacos que sofrem ação ou inativação pelo suco gástrico ou para pacientes com episódios de vômitos e dificuldades de deglutição. Apesar disso, é importante lembrar que, mesmo sendo administrados no reto, esses fármacos também sofrem efeito de primeira passagem, conforme figura 20. Figura 20: Via retal. Via tópica e transdérmica A pele é o maior órgão do corpo humano e, por isso, é uma excelente via de administração de fármacos. No entanto, a pele é também um órgão de proteção e uma barreira física à entrada de substâncias estranhas ao nosso organismo, por esse mesmo, não é qualquer fármaco que consegue ultrapassar essa barreira. Dessa forma, a maioriados medicamentos utilizados para aplicação sobre a pele são de ação tópica ou local e não ultrapassam a epiderme a ponto de alcançar a https://stecine.azureedge.net/repositorio/introducao_a_farmacotecnica/index.html#collapse-steps1 https://stecine.azureedge.net/repositorio/introducao_a_farmacotecnica/index.html#collapse-steps2 https://stecine.azureedge.net/repositorio/introducao_a_farmacotecnica/index.html#collapse-steps3 corrente sanguínea e desempenhar um efeito sistêmico. Eles se apresentam, geralmente, na forma de cremes, pomadas, géis, pastas e emplastros. Alguns fatores são importantes para que um fármaco possa ser administrado por via transdérmica, como: a solubilidade do fármaco, o coeficiente de partição óleo/água e a capacidade de formar eletrólitos. Para tanto, os medicamentos se encontram na forma de adesivos ou patches e são conhecidos como um sistema de liberação transdérmico (SLT). Vias ocular, nasal e auricular Essas 3 vias de administração são consideradas vias tópicas e de ação local. Os medicamentos utilizados para essas vias encontram-se, geralmente, na forma de soluções, suspensões e pomadas. Para a administração ocular ou oftálmica, as preparações podem ser soluções ou suspensões aquosas, ou pomadas oftálmicas, mas devem ser sempre estéreis. Já as preparações para uso nasal, são administradas na forma de soluções aquosas, gotas ou de aerossóis, mas é preciso ressaltar que essas preparações são para tratamento local da mucosa nasal, e não para tratamento sistêmico. A via pulmonar ou respiratória é a adequada para tratamento sistêmico utilizando bombas de aerossóis por aspiração oral. Por último, as preparações otológicas são utilizadas para os tratamentos tópicos da via auricular, como infecções de ouvido, ou somente para auxiliar na remoção da cera. São formas farmacêuticas líquidas, geralmente, oleosas, com maior viscosidade, a fim de permanecer mais tempo em contato com o canal auditivo. Agora, assista ao vídeo em que apresentamos, mais detalhadamente, estudos de pré-formulação para o desenvolvimento de fórmulas farmacêuticas. Cálculos farmacêuticos Todo o procedimento de preparação de um medicamento inicia-se da mesma maneira, a partir de uma fórmula farmacêutica ou uma prescrição médica. Para iniciar este processo, o farmacêutico precisa conhecer e realizar os cálculos que envolvem a preparação daquela fórmula farmacêutica ou prescrição. É necessário que você, estudante de Farmácia, conheça o sistema de pesos e medidas, uma forma de padronização das prescrições no mundo todo. Sistema métrico e densidade O sistema de pesos e medidas internacional é conhecido como Sistema Métrico. Este sistema nada mais é do que um sistema decimal, no qual: Grama (g) é a unidade de massa; Litro (L) é a unidade de volume; Metro (m) é a unidade de comprimento. Assim, tendo uma base decimal como referência para alterar a unidade métrica, a vírgula deverá ser deslocada à direita para uma denominação menor referente à base; ou à esquerda, para uma denominação maior referente à base. Para que o farmacêutico avalie uma prescrição com perfeição, é preciso compreender bem o sistema métrico de medidas e suas respectivas conversões, uma vez que erros de cálculos podem levar a interpretação errada das dosagens da formulação, ocasionando doses menores e sem efeito terapêutico adequado, ou doses maiores com possibilidade de efeitos tóxicos. As tabelas abaixo visam auxiliá-los a compreender melhor a conversão dessas medidas, levando sempre em consideração as unidades de medidas principais, como grama (g) e litro (L). Uma vez que o sistema métrico de comprimento não é utilizado para a elaboração de prescrições, iremos apresentar somente os sistemas de peso e volume. Tabela de Pesos no Sistema Métrico 1 picograma (pg) 0,000000000001 ou 10-12 1 nanograma (ng) 0,000000001 ou 10-9 1 micrograma (µg) 0,000001 ou 10-6 1 miligrama (mg) 0,001 ou 10-3 1 centigrama (cg) 0,01 ou 10-2 1 decigrama (dg) 0,1 ou 10-1 1 grama (g) 1,0 1 decagrama (dag) 10 1 hectograma (hg) 100 1 kilograma (kg) 1000 Tabela de Pesos no Sistema Métrico 1 picograma (pg) 0,000000000001 ou 10-12 1 nanograma (ng) 0,000000001 ou 10-9 1 micrograma (µg) 0,000001 ou 10-6 1 miligrama (mg) 0,001 ou 10-3 1 centigrama (cg) 0,01 ou 10-2 1 decigrama (dg) 0,1 ou 10-1 1 grama (g) 1,0 1 decagrama (dag) 10 1 hectograma (hg) 100 1 kilograma (kg) 1000 Tabela de Volumes no Sistema Métrico 1 picolitro (pL) 0,000000000001 ou 10-12 1 nanolitro (nL) 0,000000001 ou 10-9 1 microlitro (µL) 0,000001 ou 10-6 1 mililitro (mL) 0,001 ou 10-3 1 centilitro (cL) 0,01 ou 10-2 1 decilitro (dL) 0,1 ou 10-1 1 Litro (L) 1,0 1 decalitro (daL) 10 1 hectolitro (hL) 100 1 kilolitro (kL) 1000 Vamos observar agora alguns exemplos de conversão de unidades para que você possa fixar melhor o conteúdo aprendido. Conversão Resultado 2,45 kg para g 2,45 Kg = 2.450g 4,25 g para kg 4,25 g = 0,00425g 3,56 mg para g 3,56 mg = 0,00356 g 0,25 mg para g 0,25 mg = 0,00025g 1,12 mg para g 1,12 mg = 0,00112 mg = 0,00000112 2,25 L para mL 2,25 L = 2.525 mL = 2.250.000 mL 10,25 mL para mL 10,25mL = 0,01025mL Agora, vamos exercitar um pouco o que aprendemos? Observe o exemplo abaixo para fixar o conteúdo: Clique nas barras para ver as informações. EXEMPLO 1 Se um comprimido de aspirina contém 500 mg de ácido acetilsalicílico, quantos comprimidos poderão ser fabricados utilizando 25 kg de ácido acetilsalicílico? Resolução: A primeira etapa deverá ter as unidades todas iguais, portanto vamos às conversões de unidades. 25 kg = 25.000 g = 25.000.000 mg 1 comprimido ___________ 500 mg X comprimido ___________ 25.000.000 mg X = 50.000 comprimidos As duas principais unidades do Sistema Métrico utilizadas para a realização de uma prescrição médica são as de peso e volume. Dessa forma, recordar a relação entre elas também é importante para o farmacêutico no preparo das formulações farmacêuticas. A melhor maneira que existe para expressar a relação entre massa e volume é através da densidade. Escrever Vejamos um exemplo de como a densidade pode ajudar ao farmacêutico a interpretar as formulações. Clique nas barras para ver as informações. EXEMPLO 2 Exemplo 2: Um farmacêutico pesou 2,25 kg de glicerina, a qual possuía uma densidade de 1,28 g/mL. Qual o volume de glicerina foi pesado? Resolução: Primeiro precisaremos realizar a conversão das unidades e em seguida, utilizaremos a fórmula da densidade acima. 2,25 kg = 2.250 g d=mv=> 1,28 =2.250v=> v=1.757,81mL Expressões de concentração Na prática farmacêutica, as substâncias constantes das prescrições são, geralmente, representadas por concentrações. Observe o exemplo da figura 21. Figura 21: Exemplo de receituário mo: porcentagem, molaridade, normalidade, g/L ou g/mL, razão e proporção, entre outras. Iniciaremos nossa abordagem das expressões em concentração com a forma mais usual: a porcentagem. Expressão de concentração em porcentagem A expressão de concentração em porcentagem significa partes por cem. Isso significa que: 10% de 1000 é igual a 10/100 x 1000, que é igual a 100. x 25% de 1500 que significa 25/100 x 1500, que é igual a 375. Contudo, a porcentagem não apresenta uma unidade definida, então 15% de 150 g são 22,5 g. Os cálculos que envolvem porcentagem são, frequentemente, usados na prática farmacêutica e podem ser representados da seguinte forma: javascript:void(0) Ooerações Farmacêuticas O preparo dos medicamentos envolve algumas técnicas denominadas de operações farmacêuticas. Elas são necessárias para transformar o fármaco em uma forma farmacêutica definida, garantindo a qualidade da preparação final e a eficácia do medicamento. Essas operações estão divididas em dois grandes grupos: Operações de uso geral, que incluem a pesagem e as medições de volumes. Operações propriamente ditas, que contemplam as operações mecânicas e as operações físicas. As operações mecânicas são ainda subdividas em outros dois grupos: as operações de separação e as operações de divisão. Essas operações consistem em mudar o aspecto do fármaco sem modificar o seu estado físico ou sua constituição química, como, por exemplo, a pulverização. As operações físicas são aquelas que alteram o estado físico do fármaco, como quando um fármaco na forma sólida é dissolvido em um veículo líquido. Essas operações também se subdividem em dois grupos, as que envolvem alteração com temperatura e as com a intervenção de um líquido (PRISTA, 1995). A Figura 1 apresenta um esquema com um breve resumo dessas operações. Figura 1: Esquema das principais operações farmacêuticas OPERAÇÕES DE USO GERAL Conforme já visto anteriormente, as operações de uso geral são de uso comum nos laboratórios mais diversos. Elas incluem as operações de pesagem e as medições de volume. PESAGEM A pesagem é uma operação muito simples e rotineira dentro de um laboratório de farmácia, mas, para que tudo funcione bem e as pesagens sejam corretas e precisas, uma série de cuidados e procedimentos técnicos devem ser respeitados e realizados diariamente, como a manutenção e a calibração dos instrumentos de medição. É fácil compreender que esta técnica depende exclusivamente de um instrumento de medida chamado balança. A sexta edição da Farmacopeia Brasileira (2019) apresenta, em seu Volume I, todas as observações, os cuidados e as normas técnicas para se efetuar uma determinação de massa com qualidade, precisão e exatidão (BRASIL, 2019). Relembrando Vamos recordar os conceitos de precisão e exatidão? Para os leigos, essas duas palavras acabam tendo o mesmo significado e são usadas com o mesmo objetivo. Porém, para profissionais das áreas técnicas como nós, farmacêuticos, engenheiros, químicos e cientistas, esse conceito é diferente, de acordo com o Inmetro, para a operação de pesagem e demais outras atividades científicas em laboratório. Precisão – parâmetro que analisa a proximidade ou concordância entre várias medidas efetuadas em equipamentos iguais ou similares, sob determinadas condições. Exatidão – parâmetro que analisa o grau de concordância entre determinado valor medido e o valor real de uma amostra. : Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) regulamenta as Boas Práticas de Fabricação de Medicamentos (BPF) e as Boas Práticas de Manipulação de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano. Com essas regulamentações, as balanças de precisão são consideradas equipamentos mínimos de exigência para os laboratórios das farmácias magistrais e de controle de qualidade (BRASIL, 2007). A pesagem é uma operação farmacêutica de uso geral para verificar a massa das matérias-primas que serão utilizadas na preparação de uma forma farmacêutica (Figura 2). Figura 2: Exemplo de pesagem A balança é um instrumento de medida utilizado para determinar as massas das mais diversas substâncias. Elas podem ser de vários tipos, classificadas de acordo com sua capacidade, sensibilidade e precisão. O quadro a seguir exemplifica um pouco melhor isso (PRISTA, 1995). Quadro 1: Classificação quanto aos tipos de balança Fonte: Anvisa, 2019 (adaptado) A balança de precisão (Figura 3) é um item indispensável para qualquer farmácia de manipulação ou laboratório de controle de qualidade. Deve também apresentar capacidade e sensibilidade de acordo com essa precisão e conter certificado de calibração atualizado anualmente, conforme a legislação vigente. De acordo com a capacidade e sensibilidade apresentadas, as balanças também podem ser definidas como analíticas e semianalíticas (Figura 4). Como regra geral, portanto, comercialmente, existem três tipos de balanças: de precisão, semianalíticas e analíticas. A diferença principal entre elas é justamente a faixa de precisão (LE HIR, 1997). Figura 3: Balança digital eletrônica de precisão Figura 4: Balança digital eletrônica semianalítica Ainda de acordo com a sexta edição da Farmacopeia Brasileia (2019), para pesagens que não exijam tanta precisão, pode-se usar as balanças mais comuns de precisão ou as semianalíticas, respeitando sempre as suas respectivas capacidades. Já para medidas mais exatas na determinação de massas iguais ou maiores a 50mg, deve-se utilizar balança analítica de 100 a 200g de capacidade e 0,1mg de sensibilidade. Agora, para quantidades inferiores a 50mg, deve-se utilizar balança analítica de 20g de capacidade e 0,01mg de sensibilidade (Figura 5). Figura 5: Balança digital eletrônica analítica Observe melhor na tabela a seguir: javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) Tabela 1: Determinação de massas e capacidade das balanças Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, as balanças digitais eletrônicas são as mais indicadas para uso em laboratórios de farmácia devido à facilidade de manuseio, ao menor custo e à precisão. No passado, este procedimento era muito mais complexo e dependia da técnica e do conhecimento do operador, uma vez que as balanças eram muito mais rudimentares e bem menos precisas, conhecidas como balanças de dois pratos (Figura 6). Figura 6: Balança antiga de dois pratos. Mesmo assim, uma série de cuidados deve ser observada em relação ao método de pesagem e à localização de instalação das balanças. Elas devem ser colocadas, preferencialmente, em salas específicas para a pesagem com controle de temperatura e umidade, livres de correntes de ar, em bancadas com sistema amortecedor que evitem a trepidação e niveladas (Figura 7) (BRASIL, 2019). Figura 7: Mesa antivibratória. MEDIDAS DE VOLUME DE LÍQUIDOS As medidas de volume nos laboratórios de farmácia, química e de controle de qualidade são operações de uso geral, muito utilizadas e comuns em suas rotinas diárias. Essas medidas podem ser divididas de duas formas, em grandes quantidades e pequenas quantidades. Os instrumentos e utensílios para essas atividades podem ser de vidro ou de plástico. Os instrumentos de vidro apresentam maior qualidade, precisão e exatidão frente aos de plástico, mas têm a desvantagem de quebrarem. Conheça, a seguir, os instrumentos mais utilizados para as medidas de volume em um laboratório. PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DE VOLUME Micropipetas Instrumento de alto rigor e alta precisão nas medidas de volume. Podem apresentar volume fixo ou variável. Utilizado para: pequenas quantidades Pipeta volumétrica Instrumento de maior rigor na medida. Volume fixo. Utilizado para: pequenas quantidades Pipeta graduada Instrumento de rigor na medida. Inferior à pipeta volumétrica. Volume variável. Utilizado para: pequenas quantidades Proveta Instrumento de medida de volume de menor rigor. Volume variável. Utilizado para: grandes quantidades Balões volumétricos Instrumento utilizado para o preparo de soluções com precisão. Volume fixo. Utilizado para: pequenas e grandes quantidades Apesar de ser uma vidraria muito comum nos laboratórios e apresentar, em alguns casos, até uma graduação impressa, o béquer não pode ser considerado um instrumento de medição de volume e só deve ser utilizado para atividades mais gerais dentro dos laboratórios, como pesagem e mistura de líquidos, por exemplo (PRISTA, 1995). MENISCO Nas medições de volume, uma técnica muito importante deve ser conhecida, que é a determinação do menisco (Figura 9). Todos os recipientes utilizados para as medicações de volume, de vidro ou plástico são graduados através da técnica do menisco (PRISTA, 1995). O menisco consiste na porção côncava formada na superfície de um líquido em um recipiente graduado por conta das forças de superfície que o líquido exerce. Identifiquemelhor essa situação na figura a seguir: Figura 9: Menisco Para as medidas de volume serem exatas, é preciso levar em consideração o ajuste correto do menisco, no qual a curva mais baixa deve tangenciar a borda superior da marca de volume. Os erros mais comuns podem ser observados na figura a seguir. Ooerações farmacêuticas propriamente ditas As operações farmacêuticas propriamente ditas são aquelas efetivamente utilizadas para a transformação de um fármaco em um medicamento. Geralmente, mais de uma operação é necessária para a finalização deste processo. Essas operações são divididas de acordo com a sua natureza em: preliminares, principais e acessórias (Figura 11). Figura 11: Esquema das operações farmacêuticas propriamente ditas De acordo com o processo de fabricação, uma mesma operação pode ser classificada de mais de uma maneira, como é o caso da tamisação, que pode ser uma operação principal ou acessória. Porém, vamos compreender isso melhor nos próximos itens. Iniciaremos com as operações mecânicas de separação. Operações mecânicas Anteriormente, verificamos que as operações mecânicas são aquelas que modificam o aspecto exterior das drogas sem alterar o seu estado físico ou a sua constituição química. Elas podem ser subdivididas em operações mecânicas de separação e operações mecânicas de divisão. O esquema a seguir apresenta um resumo para que você possa verificar as operações mecânicas (Figura 12). Começaremos a estudar agora as operações mecânicas de separação. Figura 12: Esquema das operações farmacêuticas mecânicas Operações mecânicas de separação SEPARAÇÃO DE CORPOS SÓLIDOS O objetivo da operação mecânica de separação de corpos sólidos é afastar partes inertes ou alteradas que acompanham as drogas, principalmente as de origem vegetal, ou para eliminar substâncias estranhas. PRISTA, 1995. TRIAGEM OU MONDA Trata-se de uma operação preliminar mais comum para drogas de origem vegetal. Tem por objetivo eliminar todos os materiais contaminantes e as substâncias estranhas que possam alterar ou interferir na qualidade da droga. Pode ser realizada de quatro formas distintas (PRISTA, 1995): Clique nas barras para ver as informações. À MÃO Limpeza e retirada de resíduos e tegumentos de forma manual. Por exemplo, as amêndoas utilizadas para o preparo do óleo de amêndoas doce. Os tegumentos (pele) que envolvem as amêndoas precisam ser retirados, pois são ricos em taninos, que causam o efeito de adstringência sobre a pele. POR CRIVO OU TAMIS Técnica de peneiração manual, com o objetivo de retirar, por exemplo, partículas de terra presentes nas raízes de uma droga vegetal. POR VENTILAÇÃO Utilizada para separar poeira e resíduos leves presentes, por exemplo, em sementes. Essas partículas se soltam facilmente sob ventilação. POR LAVAGEM Processo mais específico, no qual se utiliza água ou álcool para proceder as lavagens. Por exemplo, no caso do sulfato ferroso, para manter a qualidade do produto, deve ser lavado com álcool, a fim de eliminar o excesso de sesquióxido de ferro e sulfato férrico formados em contato com o ar. TAMISAÇÃO A tamisação, utilizando um instrumento chamado tamis (Figura 13), tem por objetivo separar partículas sólidas de diferentes tamanhos. javascript:void(0) Na prática farmacêutica, a tamisação pode ter duas finalidades importantes (AULTON, 2005). Ela pode ser considerada: Uma operação principal, como na separação geral de corpos sólidos; Uma operação acessória, para se estabelecer as dimensões de partículas de drogas ou fármacos, garantido maior uniformidade no tamanho dessas partículas. Esta última finalidade se torna mais importante, pois o tamanho das partículas influencia diretamente em propriedades significativas na fabricação de medicamentos, como a fluidez dos pós, o grau de solubilidade e até a biodisponibilidade do fármaco. Vamos entender agora a razão de os tamises não serem considerados simples peneiras. Figura 13: Tamises Classificação dos tamises Os tamises são classificados de acordo com o número de malhas por unidade de superfície existente, independentemente do seu diâmetro. A definição de malha pode ser considerada um pouco complexa, mas veja a Figura 14; assim, você compreenderá bem como essas medidas são estabelecidas. A representação esquemática demonstra que a malha é igual à soma do diâmetro dos fios e a distância que separa dois fios consecutivos, que é conhecida como lúmen (PRISTA, 1995). Isso é importante, pois, de acordo com a Figura 15, caso isso não seja levado em consideração, uma variação significativa seria encontrada entre o tamanho nas malhas. Observem, na Figura 15, que existem dois quadrados A e B, os quais possuem exatamente o mesmo número de lúmens, mas com malhas distintas, em função da diferença entre os diâmetros dos fios. Isso acarretará tamanhos diferentes das partículas, e A terá tamanhos maiores do que B (Figura 15) (PRISTA, 1995). Figura 15: Esquema comparativo do tamanho da malha Dessa forma, é possível compreender a necessidade de padronização do tamanho das malhas dos tamises. Uma vez que a globalização e o avanço tecnológico interferiram também no segmento farmacêutico, essa necessidade evoluiu para uma padronização internacional (Figura 16). Figura 16: Esquema comparativo do tamanho da malha Os tamises são, portanto, classificados internacionalmente através do número de malhas numa unidade denominada MESH. E o que são MESH? MESH = número de malhas por polegada linear Polegada linear = 2,54cm ou 25,4mm Portanto, um tamis que tenha a classificação de 20 MESH, apresenta 20 malhas em uma polegada linear ou 20 malhas em 2,54cm. Nesse caso, cada malha possui 0,850mm ou 850µm. A Figura 17 exemplifica isso, e você pode observar um tamis de 400 MESH com abertura de malha de 38µm ou 0,038mm (Figura 17). Figura 17: Tamis 400 MESH LEVIGAÇÃO Esta operação bastante antiga também é conhecida como elutriação. Neste processo, um sólido insolúvel é suspenso em um líquido, geralmente a água, e as partículas são separadas por sedimentação pela diferença de densidades. As partículas mais pesadas apresentarão uma velocidade de sedimentação maior que a velocidade ascendente do líquido e se depositarão no fundo do recipiente, enquanto as partículas mais leves tenderão a subir para a superfície. A melhor forma de se exemplificar esta técnica é a extração do ouro, que utiliza justamente este método para separar as pepitas da areia e dos demais resíduos sólidos (Figura 18). Figura 18: Técnica de levigação no garimpo de ouro SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO OU DE LÍQUIDO IMISCÍVEIS Estas operações têm como objetivo principal separar as substâncias sólidas das líquidas ou separar duas substâncias líquidas imiscíveis entre si. Podem estar divididas em cinco tipos, conforme foi observado no esquema da Figura 12. São eles: decantação, expressão, centrifugação, filtração e clarificação. DECANTAÇÃO A operação de decantação é uma técnica utilizada para separar um sólido de um líquido ou para a separação de dois líquidos imiscíveis. É bastante comum em laboratórios de química e farmácia, mas é menos aplicada para escalas industriais, sendo utilizada, nesses últimos casos, somente através de sifões. A separação de um sólido de um líquido por decantação ocorre usualmente por escoamento ou por auxílio de pipeta, conforme representado na Figura 19. Para que a decantação possa ser realizada, o sólido deve estar completamente depositado no fundo do recipiente e o líquido deve ser o mais transparente possível. É comum as pessoas confundirem sedimentação com decantação, mas são duas etapas distintas, primeiro o sólido deve sedimentar para, em seguida, ser decantado. Figura 19: Decantação Para a separação de dois líquidos imiscíveis, utiliza-se o funil de decantação. Os líquidos são separados por diferença dedensidade, ou seja, o de maior densidade encontra-se no fundo e o de menor densidade acima dele. Dessa forma, eles podem ser separados por escoamento, conforme representado na Figura 20. javascript:void(0) Figura 20: Funil de decantação EXPRESSÃO A operação de expressão tem como objetivo separar os líquidos presentes em um corpo sólido ou de consistência mole. É muito utilizada na indústria de alimentos para a fabricação de sucos. Figura 21: Prensa hidráulica Figura 14: Determinação do tamanho da malha Clarificação A clarificação é um processo que envolve a separação ou remoção de um sólido a partir de um fluido ou de um fluido a partir de outro fluido. Entende-se como fluidos tanto substâncias líquidas como gasosas. Algumas técnicas são descritas na literatura científica para auxiliar o processo de filtração; elas estão resumidas no Quadro 3. Entretanto, atualmente, as duas técnicas mais importantes para alcançar a clarificação de um produto são a filtração e a centrifugação (Figura 21) (PRISTA,1995). MÉTODOS AUXILIARES DE CLARIFICAÇÃO Clique nas barras para ver as informações. POR AÇÃO DO CALOR Método mais utilizado para líquidos viscosos ou que contenham substâncias proteicas. O calor reduz a viscosidade do líquido, facilitando a sedimentação das partículas sólidas. No caso das proteínas, o calor desnatura essas substâncias, formando um coagulado que sedimenta mais rapidamente. POR AÇÃO DO CALOR APÓS A ADIÇÃO DE SUBSTÂNCIAS PROTEICAS A adição da albumina ou da clara de ovo auxilia o processo, pois, seguida da ação do calor, funciona como a primeira alternativa, coagulando a albumina e levando as demais substâncias a se depositarem no fundo do recipiente, o que facilita a separação. PELA AÇÃO DA GELATINA Muito utilizada nas concentrações de 1 a 2% em preparações ricas em taninos, a gelatina reage com essas substâncias, auxiliando sua precipitação. POR COAGULANTES SINTÉTICOS Funcionam como agentes floculantes. PELA AÇÃO DO LEITE O leite contém caseína, uma proteína que funciona com o mesmo princípio da albumina. Fonte: Prista, 1995 (adaptado) amos estudar, a seguir, os principais métodos de clarificação. Figura 22: Principais métodos de clarificação CENTRIFUGAÇÃO A centrifugação é uma operação farmacêutica de separação de sólidos de líquidos ou de líquidos imiscíveis, baseada na força centrífuga de substâncias de diferentes densidades, na qual uma delas deve obrigatoriamente ser um líquido. Esta técnica é muito útil nos casos em que não se pode utilizar a decantação, por exemplo, com coloides ou partículas de tamanho muito pequeno, menores que 1µm, em que a velocidade de sedimentação é muito lenta ou ausente (AULTON, 2005). Existem vários tipos de centrífugas, mas todos eles utilizam o mesmo princípio: substituir a força gravitacional pela força centrífuga para acelerar o processo de sedimentação (Figura 23). Essa força centrífuga é gerada por um rotor e depende de alguns fatores, tais como: Raio; Densidade do material; Velocidade de rotação; Tamanho das partículas; Viscosidade. Figura 23: Tipos de centrífuga FILTRAÇÃO De todas as operações farmacêuticas estudadas até agora, é possível que a filtração seja a mais conhecida. É uma técnica muito utilizada não somente nos laboratórios de farmácia, mas também no dia a dia na casa das pessoas. Afinal, todos os dias, quando preparamos o nosso cafezinho, utilizamos a técnica de filtração. Trata-se de uma técnica bastante simples em escala pequena, mas que pode se tornar altamente complexa em escala industrial. A filtração é uma operação de separação de sólidos insolúveis em determinado fluido, que pode ser um líquido ou um gás, por meio da utilização de um material poroso com capacidade de reter o sólido e permitir a passagem do fluido. Existem algumas variações nos tipos de filtração; usaremos aqui o conceito de Aulton (2005), que utiliza dois tipos de filtração: 1. Filtração sólido-fluido; 2. Filtração fluido-fluido. FILTRAÇÃO SÓLIDO-FLUIDO Este tipo de filtração pode ainda ser divido em dois subtipos: filtração sólido-líquido e filtração sólido-gás. Filtração sólido-líquido: esta é a técnica mais utilizada na prática farmacêutica e apresenta inúmeras aplicações no setor. Veja, a seguir, as principais: Clarificação do produto – melhoria da aparência das soluções, aspecto mais límpido; Remoção das partículas que possam causar irritação; Recuperação de um fármaco – recristalização; Remoção de substâncias coloidais durante a extração de drogas vegetais; Esterilização de produtos líquidos e semissólidos; Detecção de microrganismos presentes em líquidos – estimar a eficiência dos conservantes. Figura 24: Filtração simples Filtração sólido-gás: esta técnica de filtração consiste na separação de poeira ou outros materiais particulados presentes em um fluido gasoso, ou seja, o ar (Figura 24). Existem duas principais aplicações da filtração sólido/gás com maior interesse na indústria farmacêutica. São elas: Remoção das partículas sólidas do ar para garantir o suprimento de ar com padrões de qualidade requeridos, tanto para equipamentos de processamento quanto para as áreas de produção; Remoção de material particulado gerado durante o processo de produção para evitar o lançamento destes materiais na atmosfera. Figura 25: Filtros de ar utilizados para a filtração sólido- gás FILTRAÇÃO FLUIDO-FLUIDO Esta técnica consiste na separação de duas substâncias líquidas, compostas por macropartículas, a partir da exclusão por tamanho ou adsorção. Pode ser líquido- líquido ou líquido-gás. As filtrações líquido-gás já citadas têm a mesma finalidade das filtrações sólido-gás no caso de equipamentos que precisam garantir a qualidade do ar, livre de partículas sólidas e de gotículas de óleo ou água que possam contaminar a qualidade do ar que entra nesses equipamentos. FATORES QUE AFETAM A RAZÃO DE FILTRAÇÃO O processo de filtração de pequenos volumes é relativamente mais simples que um processo de filtração de grandes volumes. Mesmo assim, em ambos os métodos, uma velocidade de filtração suficientemente rápida e relativamente econômica para a escala industrial é o objetivo principal para a eficiência da filtração (AULTON, 2005). Alguns fatores interferem na velocidade de filtração e, para que possamos compreendê-los e discuti-los melhor, usaremos a equação de Darcy (Figura 26). A razão de filtração é o volume de material filtrado (V em m³) obtido por unidade de tempo (t em s): Portanto: Onde: A = Área disponível para filtração (A, m2) AP = Diferença de pressão (∆P, Pa) η = Viscosidade do fluido (η, Pas) L = Espessura do meio filtrante e qualquer depósito de material (L, m) K = constante de proporcionalidade (permeabilidade do material e do meio filtrante) Figura 26: Equação de Darcy VEJA MAIS DETALHADAMENTE OS FATORES QUE AFETAM A VELOCIDADE DE FILTRAÇÃO OU RAZÃO DE FILTRAÇÃO. 1 A velocidade de filtração é a relação entre o volume a ser filtrado, em metros cúbicos, por unidade de tempo em segundos. 2 A velocidade de filtração é diretamente proporcional à área de filtração, ou seja, um aumento na superfície efetiva de filtração aumentará a velocidade de filtração. 3 A diferença de pressão entre o meio filtrante e o material a ser filtrado pode ser aumentada mediante a aplicação de vácuo. Um exemplo disso é o funil de Büchner associado a um frasco a vácuo. 4 A viscosidade do material a ser filtrado é inversamente proporcional à velocidade de filtração. Assim, quanto maior for a viscosidade, menor será a velocidade de filtração. Uma alternativa para este inconveniente é o aquecimento brando do material, quando possível, a fim de reduzir a viscosidade do filtrado. 5 A espessura do meio filtrante afetará a velocidade de filtração, uma vez que, quanto maiorfor a quantidade de material filtrado retido no meio filtrante, maior será a espessura do meio filtrante, o que reduzirá a velocidade de filtração. 6 A constante de proporcionalidade poderá ser aumentada através do crescimento da porosidade do meio filtrante ao material filtrado. FATORES QUE INTERFEREM NA SELEÇÃO DO FILTRO A velocidade de filtração é certamente o fator mais importante ao longo do processo de filtração. O segundo fator é a escolha correta do tipo de filtro. Vimos que um dos fatores que interferem na velocidade de filtração é a constante de proporcionalidade, que está relacionada à permeabilidade do material a ser filtrado com o meio filtrante. Um crescimento nessa relação afeta a constante e pode aumentar a velocidade de filtração. A ESCOLHA DO MEIO FILTRANTE É, PORTANTO, UM FATOR DECISIVO PARA O PROCESSO DE FILTRAÇÃO E DEVE OBSERVAR ALGUNS FATORES LISTADOS ABAIXO (AULTON, 2005). Escolha uma dos fatores a seguir. Fator 01 A natureza química do produto, evitando interações agressivas entre o material filtrado e o meio filtrante; Fator 02 O volume a ser filtrado e a velocidade de filtração necessária; Fator 03 A pressão de operação necessária interfere na velocidade de filtração; Fator 04 A quantidade de material a ser removido, podendo haver necessidade de utilizar pré-filtros; Fator 05 O grau de filtração que determinará a porosidade do filtro; Etapa 06 A viscosidade do produto e a temperatura de filtração. OPERAÇÕES MECÂNICAS DE DIVISÃO As operações mecânicas de divisão têm por objetivo reduzir, mecanicamente, os corpos sólidos a partículas ou fragmentos menores. De forma mais simples, sua finalidade é diminuir o tamanho das partículas. A principal técnica utilizada para isto é a pulverização (PRISTA, 1995). Ao longo do estudo da Farmacotécnica, você conseguirá perceber a importância de conhecer e controlar o tamanho da partícula dos sólidos que compõem um medicamento e como isso interfere diretamente na eficácia de um medicamento. A Figura 27 apresenta o esquema completo das operações farmacêuticas de divisão mecânica de sólidos e líquidos. Vamos conhecer um pouco melhor as mais importantes. Figura 27: Esquema das operações mecânicas de divisão javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) OPERAÇÕES DE DIVISÃO DE LÍQUIDOS As operações mecânicas de divisão servem para sólidos e líquidos. Como a grande maioria das preparações farmacêuticas encontra-se na forma sólida, esta apresentação tem maior importância. As formas líquidas, todavia, podem ter suas gotículas reduzidas, formando o que chamamos de um sistema disperso. Esses sistemas podem apresentar-se de três formas: Sistema sólido-líquido. Exemplo: suspensões; Sistema líquido-líquido. Exemplo: emulsões; Sistema sólido-gás ou líquido-gás. Exemplo: aerossóis. Conforme visto, a operação de divisão de líquidos pode gerar dois tipos de sistemas dispersos representados no setor farmacêuticos: as emulsões e os aerossóis (PRISTA, 1995). OPERAÇÕES DE DIVISÃO DE SÓLIDOS A principal operação de divisão de sólidos é a pulverização. Entretanto, nem sempre as matérias- primas que dão origem aos fármacos podem passar diretamente por esse processo. Uma série de técnicas preliminares são necessárias a fim de preparar a matéria-prima para o processo de pulverização propriamente dito. Essas técnicas geralmente são mais aplicadas em matérias-primas de origem vegetal (PRISTA, 1995). Estudaremos algumas delas a seguir. Clique nas barras para ver as informações. TRIAGEM OU MONDA Toda a droga deve passar por uma triagem. Esta operação destina-se à separação das partes inúteis ou estranhas da droga. DIVISÃO GROSSEIRA Trata-se de uma técnica preliminar de fragmentação das drogas com o objetivo de auxiliar o processo de pulverização. Exemplos: secção, contusão, rasuração, granulação e ex tinção. Conheça mais algumas das técnicas que podemos utilizar: Clique nas barras para ver as informações. SECAGEM Corresponde a uma das operações preliminares de divisão mais importante, que deve ser executada em substâncias com certo grau de umidade. Isso se faz necessário porque a umidade presente dificulta o processo de pulverização, gerando aderência dos materiais aos equipamentos. Esta operação será mais bem estudada nas operações físicas de transferência de calor. Exemplo: estufas de secagem e dessecadores. AMOLECIMENTO Esta técnica é utilizada para substâncias muito compactas ou com alta resistência. Deixa-se o material em contato com vapor d’água ou água por longo período e, em seguida, o material é seco. Exemplo: noz-vômica. ESTABILIZAÇÃO É uma operação que visa manter inalterável a composição química das drogas vegetais, melhorando sua conservação e estabilidade. Utiliza-se geralmente um processo de desnaturação enzimática, como o Método Bourquelot. Uma vez que a matéria-prima passou pelas etapas preliminares que auxiliam no processo principal, o material encontra-se pronto para a etapa de pulverização. É possível observar na Figura 27 certa variedade nos métodos de pulverização, como a pulverização por almofariz e a pulverização por moinhos. PULVERIZAÇÃO POR ALMOFARIZ O almofariz é mais conhecido atualmente por gral e pistilo (Figura 28). Trata-se de um utensílio universalmente utilizado nos laboratórios para pequenas escalas que pode ser considerado praticamente um símbolo da farmácia de manipulação. Existem vários tipos de grais e pistilos que variam quanto à forma e ao material, porém o mais conhecido é o de porcelana. A técnica de pulverização em almofarizes pode ser feita por meio de contusão ou trituração (PRISTA, 1995). Figura 28: Gral e pistilo de porcelana PULVERIZAÇÃO POR MOINHOS Existem no mercado uma enorme variedade de tipos de moinhos, mas, nesses casos, alguns modelos tendem a ser mais utilizados na prática farmacêutica. Os tipos de moinhos baseiam-se em seus princípios de javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) funcionamento, que podem ser observados na tabela a seguir. Princípio de funcionamento Descrição Moinhos Atrito Também conhecido por fricção. Pulverizam as substâncias por atrito ou fricção entre duas superfícies. Moinhos de mós, constituídos de pedras ou aço. Laminagem Possuem uma peça rolante pesada para esmagar o material. Moinhos de rolo. Cilindros metálicos. Impacto Exercem sua ação por impacto através de barras, facas ou martelos, que fazem o material colidir entre si e contra as paredes dos equipamentos. Moinhos de facas, martelo e bolas. A Figura 29 apresenta alguns desses moinhos para que você possa conhecê-los melhor. a) b) c) Figura 29: Principais modelos de moinhos: (a) moinho de bolas, (b) moinho de martelos e (c) moinho de pedras. Apesar de os moinhos dos tipos facas ou martelos serem largamente utilizados na indústria farmacêutica e em áreas afins, a preocupação e a necessidade da redução do tamanho das partículas dos fármacos requerem dimensões cada vez menores. Paralelamente, a evolução tecnológica das formas farmacêuticas para administração de medicamentos desenvolveu-se de tal maneira que exige a necessidade de micronização das partículas dos fármacos. Desta forma, atualmente, a utilização de micronizadores por ar comprimido (Figura 30) tem se demonstrado mais eficiente em promover a divisão do fármaco e a calibração de suas partículas no tamanho desejado pela indústria farmacêutica (AULTON, 2005). Figura 30: Micronizadores industriais CLASSIFICAÇÃO DE PÓS – DETERMINAÇÃO DO GRAU DE TENUIDADE DOS PÓS Vimos, anteriormente, que a tamisação pode ser uma operação principal de separação, mas ela também pode ser uma operação acessóriaao processo de pulverização. Nesse caso, é conhecida como uma técnica de calibração de pós. Essa operação acessória é de grande importância para classificar o tamanho das partículas sólidas após o processo de pulverização (Figura 31) (PRISTA, 1995). Descrição dos pós Abertura nominal da malha do tamis Quantidade máxima retida Pó grosso 100% - 1,70mm 60% - 0,355mm Pó moderadamente grosso 100% - 0,71mm 60% - 0,25mm Pó semifino 100% - 0,355mm 60% - 0,180mm Pó fino 100% - 0,180mm --- Pó finíssimo 100% - 0,125mm --- Embora seja uma técnica simples, de fácil operação e relativamente barata, a tamisação tem uma limitação de uso quanto ao tamanho das partículas, uma vez que existe a dificuldade de se fabricar tamises com abertura de malhas menores que 75µm. Entretanto, você pode observar, na Tabela 3, que, segundo a sexta edição da Farmacopeia Brasileira (2019), existem tamises de até 20µm. Na prática, porém, não é bem isso que acontece. Uma vez que o interesse em utilizar fármacos com tamanho de partícula cada vez mais reduzido vem aumentando, a utilização da técnica de tamisação por distribuição acumulativa tem se tornado cada vez mais obsoleta e descartada. Atualmente, técnicas mais rápidas e modernas têm sido utilizadas para a classificação dos pós, principalmente para aqueles que precisem ser micronizados, com partículas muito finas (< 20µm), que não podem ser classificadas pelos tamises. Essas técnicas requerem equipamentos mais sofisticados, de alta tecnologia, que utilizam a dispersão dos pós para a determinação da granulometria. Esses métodos são mais conhecidos como caracterização de partículas sólidas por dispersão de luz. É possível encontrarmos equipamentos que realizem a determinação do grau de tenuidade dos pós por quatro técnicas distintas (Figura 32): Peneirador; Difração a laser; Análise dinâmica de imagem; Espalhamento dinâmico de luz; Figura 32: Principais técnicas de determinação da granulometria dos pós javascript:void(0) javascript:void(0) OPERAÇÕES FÍSICAS QUE ENVOLVAM TRANSFERÊNCIA DE FRIO OU CALOR Estudamos até o momento uma série de operações farmacêuticas que nos auxiliam na fabricação dos medicamentos. Todavia, essas técnicas abordadas não interferiam nem modificavam o estado físico das substâncias. A partir de agora, iniciaremos o estudo das operações farmacêuticas físicas que alteram de forma transitória ou permanente o estado físico das substâncias, sem modificarem, porém, a sua composição química (Figura 33). Uma vez que essas operações podem se tornar bastante complexas e são aplicadas nas mais diversas áreas da engenharia, envolvendo muitos parâmetros físicos, citaremos todas elas, mas nos aprofundaremos apenas naquelas que possuem maior importância no segmento farmacêutico. Essas operações, geralmente, exigem a intervenção ou transferência de frio ou calor (Quadro 4) (PRISTA, 1995). Figura 33: Esquema das operações físicas por transferências de frio ou calor Observe ainda, no quadro 4, as operações físicas de transferência de frio ou calor. Quadro 4: Operações físicas de transferência de frio ou calor 1. Refrigeração 2. Evaporação 3. Secagem 4. Liofilização 5. Sublimação 6. Torrefação 7. Carbonização 8. Calcinação 9. Cristalização 10. Fusão 11. Destilação REFRIGERAÇÃO Esta técnica consiste em diminuir a temperatura de uma substância ou um produto e é largamente difundida nos mais diversos laboratórios (PRISTA, 1995). Pode ser utilizada para diversas aplicações, tais como: Conservação de medicamentos ou agentes biológicos (geladeira ou refrigerador); Condensação de vapores (condensadores simples ou fracionados); Secagem pelo frio (liofilização); Resfriamento de reações exotérmicas (banho de gelo); Aumento da solubilidade dos gases na água (banho de gelo ou geladeira). Existem muitas técnicas para o processo de refrigeração que podem utilizar água, ar ou gelo ou ainda as misturas frigoríficas. EVAPORAÇÃO Esta técnica é utilizada, principalmente, quando se deseja concentrar uma solução, como ocorre com a obtenção de extratos de origem vegetal. Uma alternativa interessante é utilizar pressão reduzida no sistema, pois, dessa forma, o líquido entrará em ebulição em uma temperatura menor, protegendo drogas mais sensíveis à temperatura (Figura 34). Figura 34: Rota-evaporador SECAGEM Dentre as operações físicas por transferência de calor, a secagem é, provavelmente, a mais utilizada para as preparações sólidas. Esta técnica consiste na retirada da umidade presente nas partículas sólidas de pós e grânulos. Isso se faz necessário, pois esta umidade interfere diretamente no fluxo e na compactação dos pós durante a fabricação de cápsulas e comprimidos, por exemplo. Observe alguns dos métodos de secagem mais utilizados: DESSECADOR Para pequenas escalas, é comum proceder a secagem em temperatura ambiente seguida de armazenamento em dessecadores, os quais utilizam substâncias higroscópicas, como a sílica, para absorver a umidade (Figura 35). Figura 35: Dessecador SECAGEM POR AR QUENTE Este é o tipo de processo mais comum. A secagem por ar quente utiliza dois princípios diferentes: as estufas de secagem e os leitos fluidizados. A grande diferença entre eles está na movimentação do ar quente pelo equipamento (Figura 36). Enquanto na estufa a troca de calor ocorre por convecção estática e o ar quente circula entre as prateleiras nas quais estão distribuídos o material a ser seco, nos secadores do tipo leitos fluidizados, essa troca de calor ocorre por convecção dinâmica através da fluidização dos pós. Esta última, portanto, é uma técnica muito mais rápida que a primeira, embora dependa de alto investimento para a obtenção dos equipamentos (AULTON, 2005). Existem ainda outras técnicas de secagem, como por radiação e por aspersão, porém menos aplicadas nos processos farmacêuticos. Figura 36: Estufas de secagem LIOFILIZAÇÃO O processo de liofilização consiste em uma técnica de secagem por congelamento que visa a secagem de substâncias sensíveis ao calor, como, por exemplo, proteínas, enzimas e substâncias biológicas. Nesta técnica, a secagem ocorre, em primeiro lugar, através do congelamento da água presente no material, seguida por sua sublimação, sem que ela retorne ao seu estado líquido (AULTON, 2005). É muito utilizada pela indústria alimentícia. A grande desvantagem do uso da liofilização é o alto custo operacional e seu baixo rendimento, o que faz com que sua aplicação seja restrita às grandes indústrias farmacêuticas (Figura 37). Figura 37: Liofilizadores. CRISTALIZAÇÃO Esta técnica é mais utilizada na indústria farmoquímica para a síntese de fármacos. A cristalização tem como principal objetivo a purificação das substâncias. Está baseada na diferença de solubilidade entre os solventes. Trata-se de um processo relativamente complexo e que depende das características físico-químicas entre sólidos e líquidos (PRISTA, 1995).
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