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História da Farmácia na Antiguidade e Idade Média

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Farmacotécnica
A história da farmácia 
Pré-História e Antiguidade 
 O homem já utilizava plantas e minerais para a 
cura de enfermidades; 
 Ao longo do tempo a cura de doenças foi 
associada a espíritos e coisas sobrenaturais; 
 Durante a antiguidade foi encontrado o 
primeiro registro farmacêutico, Trata-se de 
uma tábua de argila com escritas suméricas 
contendo 15 fórmulas medicinais; 
Na Grécia: 
Papiros 
 
Papiro de kahun: 
O mais antigo de todos, o primeiro tratado 
médico da ginecologia, onde aborda uma serie 
de doenças ginecológicas e métodos de 
contracepção local. 
 
Papiro de Smith : 
Primeiro tratado médico cirúrgico do mundo 
descreve também a utilização de salicilato 
como anti-inflamatório e anestésico. 
 
Papiro de Ebers: 
Papiro mais importante na historia da farmácia, 
descreve mais de 700 substancias medicinais e 
mais de 800formulas farmacêuticas. 
Saindo da Grécia e vamos para Roma: 
As pessoas que dominavam o conhecimento dos 
medicamentos também associavam a função de 
sacerdote. Ainda assim, tratava-se de um conhecimento 
empírico e o sucesso ou o fracasso eram geralmente 
atribuídos à experiência, à mera coincidência, a um 
poder curativo natural, fatores psicológicos, ao invés de 
efeitos terapêuticos propriamente ditos. 
 
Um conhecimento mais científico e racional aparece 
justamente dentro da Medicina grega. Os 
medicamentos gregos eram em sua grande maioria 
preparados a partir de plantas e o primeiro grande 
pesquisador grego que desenvolve um estudo científico 
sobre plantas no Ocidente é Teofrasto, discípulo de 
Aristóteles, considerado um dos maiores filósofos 
gregos da Antiguidade 
A partir dos estudos botânicos de Teofrasto, os 
quais combinavam informações acadêmicas com 
parteiras, cavadores de raízes e médicos viajantes, 
Dioscórides, conforme figura 10 que seguiu seus estudos 
cerca de 300 anos depois e escreveu um resumo da 
utilização de plantas como medicamentos em suas 
diversas formas, denominado De Matéria Médica, 
passando a tratar a botânica como uma ciência aplicada 
a Farmácia. 
Além disso, Dioscórides (cerca de 65 d.C) o 
médico e botânico grego criador da Farmacognosia: 
Pharmakon – Farmaco; Gnosis – conhecimento, foi o 
primeiro a tratar a botânica como uma ciência aplicada 
à farmácia. 
 O grande responsável pela racionalização da 
farmácia e da Medicina foi Hipócrates de Cós (460-377 
a.C), considerado o Pai da Medicina, conforme figura 11. 
Além disso, racionalizou a medicina, sistematizou os 
conhecimentos médicos e colocou a Medicina prática 
no plano teórico. Seus trabalhos incluíram descrições de 
centenas de fármacos. Reintroduziu o termo 
“Pharmakon”. 
A partir da introdução de seus estudos 
relacionando o meio ambiente e a humanidade através 
de uma conexão dos quatro elementos da terra, ele 
revolucionou e sistematizou o conhecimento médico, 
colocando a prática da Medicina em um plano científico 
e de alto conceito ético. Esses estudos ficaram 
conhecidos com a Teoria dos 4 Humores, conforme 
figura 12. 
 
 
É possível que a Medicina da antiguidade tenha 
alcançado seu apogeu com os estudos de Galeno, uma 
vez que ele escreveu mais de 500 tratados sobre 
Medicina e pelo menos outros 250 sobre filosofia, leis e 
gramática. Introduziu os conceitos de polifármacos, 
descreveu uma série de substâncias de origem natural, 
assim como, fórmulas e métodos de preparação. Seus 
estudos e ensinamentos foram seguidos por mais de 
1.500 anos e algumas de suas fórmulas são muito 
parecidas com as utilizadas ainda hoje, como o cold 
cream ou Cerato de Galeno. 
A área de manipulação farmacêutica, onde a 
Farmacotécnica está principalmente inserida é também 
conhecida como “Farmácia Galênica” em homenagem a 
esse grande médico, farmacêutico e filósofo greco-
romano. 
Agora, destaca-se: Claudius Galenus, considerado o Pai 
da Farmácia. 
 
 
A Idade Média 
O período histórico compreendido entre os séculos V 
(476 d.C.) e XV (1453 d.C) é tradicionalmente 
denominado de Era Medieval Europeia ou Idade Média, 
segundo os autores Gennaro (2000), Allen, Popovich e 
Ansel (2013).] 
O papel da Igreja controladora do poder pode ser 
facilmente notado através das vestimentas 
extremamente recatadas e da repressão ao culto da 
higiene, chegando a afirmações do tipo que: “banho é 
coisa do demônio”, uma vez que o indivíduo precisava 
ficar nu para tomar banho. 
A mesma interpretação era dada no caso das doenças, 
levando as pessoas a acreditarem que doença estava 
relacionada ao pecado e a admirar santos curadores, 
como Cosme e Damião. O preço imposto pela 
ignorância e negligência por parte da Igreja Católica foi 
alto e veio na forma de uma grave doença chamada de 
peste bubônica. 
 
A Europa Ocidental e cristã sofreu por longos anos 
uma rotina de imundície e falta de higiene, que 
culminaram na expansão das doenças. Alguns relatos 
demonstram que nesta época era comum que 
os banhos só acontecessem 2 ou 3 vezes ao ano e 
somente nos períodos que antecedessem as festas 
religiosas como Natal e Páscoa. 
Paralelamente aos acontecimentos da Idade Média na 
Europa Ocidental, as civilizações nômades seguidoras 
dos ensinamentos de Maomé (570-632 d.C.) 
conquistaram as áreas do Oriente Médio e da África e 
expandiram-se a partir do século VI para a Espanha, 
Sicília e Europa Oriental. Essas civilizações respeitavam 
os escritos gregos e eram conhecidamente estudiosos 
do mundo das ciências. Muitos filósofos e cientistas 
gregos também migraram junto a essas civilizações 
para dar continuidade aos seus estudos no Período de 
Trevas pelo qual passou a Europa Ocidental. 
Os estudos gregos foram traduzidos para o árabe, 
principalmente, os de Dioscórides e Galeno e 
desenvolvidos por pesquisadores e médicos árabes, os 
quais apresentaram novos conceitos de medicamentos 
mais sofisticados, elegantes e palatáveis. Um desses 
médicos era Avicena (980-1063 d.C), conhecido como o 
Galeno Persa, conforme figura 14. 
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Além disso, Avicena contribuiu para as Ciências 
Farmacêuticas, chegando a montar uma botica dentro 
da própria cada para ajudar os necessitados. 
 Figura 14: Avicena, médico e farmacêutico persa. 
Finalmente, é através da cultura árabe que retorna à 
Europa Ocidental o conhecimento médico científico e 
clássico, inclusive, podendo-se afirmar que mais 
aperfeiçoado. No entanto, somente no século XIII, mais 
precisamente em 1240 d.C., que Frederico II, imperador 
do reino das Duas Sicílias (atualmente, Alemanha), 
separou pela primeira vez oficialmente, a Farmácia da 
Medicina. O decreto do monarca estabeleceu que a 
prática da Farmácia requeria conhecimentos e 
habilidades específicos para garantir o atendimento 
adequado às necessidades médicas do povo. 
Com isso, pode-se comparar o exposto, com o atual 
juramento da sua profissão, é possível observar as 
similaridades ao longo desses 800 anos. 
A Renascença e a Idade Moderna 
Após atravessarmos juntos a Era Pré-Histórica, a 
Antiguidade, passando por Egito, Grécia e Roma, e a 
Idade Média, seguindo o estudo dos autores, chegamos 
ao período histórico conhecido como Renascença. 
É considerada uma época de grandes ideias em vários 
segmentos, como na ciência, nas artes, na arquitetura. 
Grandes descobertas aconteceram nesse período 
como a descoberta do Novo Mundo por Cristóvão 
Colombo, o caminho das índias por Vasco da Gama e o 
desenvolvimento da impressão por tipo móvel por 
Johannes Gutenberg. 
Conforme Dias (2005), apesar de uma série de 
pesquisadores e especialistas terem se destacado no 
período Renascentista no desenvolvimento e 
preparação de novas drogas e medicamentos, ninguém 
obteve tanto destaque na área farmacêutica quanto um 
determinado médico e químico suíço que se auto 
intitulava Paracelso (1493-1541). 
Gennaro (2000), Allen, Popovich e Ansel (2013) 
mencionam Philippus Aureolus Theofratus Bombastus 
von Hohenheim, pesquisador revolucionário, nascido em 
1493, como responsávelpela transformação da 
Farmácia. Essa, de início, baseada única e 
exclusivamente no uso das plantas, tornando-a uma 
profissão baseada num conceito químico. 
 
Paracelso era um rebelde, criticava os farmacêuticos 
que só se baseavam na botânica para a cura das 
doenças e escreveu suas obras em sua língua nativa 
recusando-se a usar o latim, linguagem universal para a 
época. Podemos afirmar que Paracelso é o grande 
responsável em separar a Farmácia da Química e a 
transformar a Química em uma verdadeira ciência a 
partir do século XVI. 
A idade moderna compreende o período entre os 
séculos XVII e XVIII e finaliza mais precisamente em 1789 
com a Revolução Francesa. Nesse período o volume de 
descobertas químicas cresce e a utilização das drogas 
químicas para o tratamento de doenças já está 
consolidada. 
Os farmacêuticos percebem a necessidade de maiores 
conhecimentos nessa área buscando aprender novos 
métodos de preparação e a manipulação das novas 
drogas. Utilizam, muitas vezes, as dependências de suas 
próprias farmácias para conduzirem experimentos e 
descobertas de drogas medicinais com embasamento 
científico. 
Foi o caso de Karl Wilhelm Scheele (1742-1786), 
farmacêutico sueco, que em 1773 descobriu a molécula 
de oxigênio um ano antes de Priestley. Identificou a 
glicerina, inventou novos métodos para o preparo de 
calomelano e ácido benzoico. E descobriu ainda, os 
ácidos: 
 Lático; 
 Cítrico; 
 Oxálico; 
 Tartárico; 
 Arsênico. 
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A Idade Contemporânea 
A Revolução Francesa em 1789, traz uma forte 
mudança de pensamento com o desenvolvimento de 
um pensamento científico, da razão, do ceticismo, 
associado ao declínio das monarquias, de melhoria nas 
condições de vida e do triunfo do Iluminismo. Estas 
mudanças trazem maiores possibilidade na descoberta e 
no desenvolvimento de novas drogas. 
 
No início do século XIX, uma descoberta extraordinária 
mudou de vez as questões relacionadas ao 
conhecimento químico e origem das drogas medicinais. 
Friedrich Serturner (1783-1841), um farmacêutico alemão, 
isolou em 1805 a morfina a partir do ópio em estado 
bruto. 
Essa descoberta levou a uma série de isolamentos de 
outros compostos químicos a partir das plantas 
medicinais, e algumas dessas substâncias ficaram 
conhecidas como alcaloides. Os farmacêuticos franceses 
Joseph Caventou (1795-1877) e Joseph Pelletier (1788-
1842), isolaram a: 
1 - Quinina da casca da cinchona; 
2 - Cinchonina da estriquinina; 
3 - Brucina da noz vômica. 
Segundo Gennaro (2000), o conhecimento no 
isolamento de substâncias químicas com atividades 
farmacológicas a partir de plantas medicinais continuou 
ao longo dos séculos. Os farmacêuticos continuaram 
esse trabalho na descoberta de novas substâncias 
químicas e novas drogas medicamentosas. 
Confirmam os autores Allen, Popovich e Ansel (2013) 
que, atualmente, este conhecimento ainda permanece 
e é justamente através das descobertas desses antigos 
estudiosos que nossas pesquisas, nos dias de hoje, ainda 
se desenvolvem. 
Vocês podem observar isso na descoberta de drogas 
mais recentes, como o paclitaxel e a vincaleucoblastina, 
entre outros. 
Muitos dos fármacos hoje sintéticos têm sua estrutura 
molecular baseada na molécula de drogas de origem 
natural. Vocês entenderão isso ainda melhor quando 
associarem as 4 disciplinas principais dentro das Ciências 
Farmacêuticas, que são: 
 Farmacologia; 
 Farmacognosia; 
 Química Medicinal; 
 Farmacotécnica. 
As farmacopeias 
Em nossa viagem pelo tempo, conhecendo a História 
da Farmácia é possível observar três fases distintas: 
Etapa 01 
1ª: Voltada para um conhecimento empírico associado 
ao misticismo e ao sobrenatural; 
Etapa 02 
2ª: Voltada para um maior conhecimento das plantas 
medicinais; e 
Etapa 03 
3ª: Voltada para um conhecimento químico com o uso 
dos elementos químicos e do isolamento das 
substâncias químicas a partir das plantas medicinais. 
De acordo com Gennaro (2000), na fase de transição 
entre o uso das plantas medicinais e a implementação 
do conhecimento da Química junto à Farmácia, houve 
um período de certos conflitos entre os farmacêuticos 
da época, levando à necessidade de padronização das 
drogas e das preparações farmacêuticas. Com o avanço 
científico e o desenvolvimento de novos fármacos e 
medicamentos, os médicos da época queriam garantir 
que suas prescrições fossem preparadas de maneira 
uniforme e confiável. Observou-se, portanto, a 
necessidade de se criar padrões uniformes que 
garantissem a qualidade das preparações. 
Apesar disso esse documento foi criado pela 
Associação dos Médicos e Farmacêuticos e mesmo 
sendo considerado um documento técnico-científico 
não possuía valor legal. Assim sendo, na verdade, para 
muitos, a primeira farmacopeia do mundo é 
o Dispensatorium de Valerius Cordus de 1546, adotado 
pelo governo de Nuremberg como o documento 
padrão de todos os farmacêuticos daquela região. 
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Você sabe quantas Farmacopeias o Brasil possui? 
1. 1794 
A primeira Farmacopeia utilizada no Brasil foi a 
Farmacopeia Geral para o Reino e os Domínios 
de Portugal, ainda nos tempos do Brasil Colônia, 
sancionada em 1794 e obrigatória em todo o 
território nacional a partir de 1809. Ocorreu logo 
após a chegada de D. João VI ao país em 1808. 
2. 1822 
Após a independência em 1822, a utilização da 
Farmacopeia Geral para o Reino e os Domínios 
de Portugal foi mantida, mas introduzido também 
o Codex Medicamentarius Gallicus francês e o 
Código Farmacêutico Lusitano, considerando-se 
hoje, como a 2ª edição da Farmacopeia 
Portuguesa. 
3. 1882 
Em 1882, um decreto estabeleceu que a partir 
dessa data deveria ser utilizada a Farmacopeia 
Francesa até que uma Farmacopeia Brasileira 
fosse desenvolvida. 
4. 1926 
Em 1926, um jovem professor e farmacêutico 
militar, conhecido como Rodolpho Albino Dias da 
Silva, apresentou às autoridades sanitárias o 
Código Farmacêutico Brasileiro. 
5. 1929 
Após aprovado, esse Código foi oficializado em 
1929, tornando-se a Primeira Farmacopeia 
Brasileira. 
6. 1959/1976 
Sua segunda edição foi publicada em 1959; e a 
terceira, saiu em 1976. 
7. 1988/2005 
Já a quarta edição foi publicada em 1988, tendo 
sido atualizada por vários fascículos até 2005. 
8. 2010 
Em 2010, agora já sob a responsabilidade da 
ANVISA, a quinta edição foi lançada, revogando 
todas as edições anteriores. 
9. 2019 
Em 2019, foi publicada a Sexta Edição da 
Farmacopeia Brasileira, nossa versão mais recente 
até o momento, conforme figura 15. 
 
Princioais conceitos e definições de farmacotécnica 
As Ciências Farmacêuticas são o conjunto das 
disciplinas que compõem o curso de Farmácia, no qual 
estão inseridas 4 disciplinas aplicadas: 
Clique nas barras para ver as informações. 
FARMACOGNOSIA 
estuda a conservac a o e identificac a o de substa ncias 
originadas do reino vegetal. 
FARMACOLOGIA 
estuda a ac a o dos fa rmacos no organismo. 
 MICA FARMACE UTICA 
estuda as substa ncias qui micas de emprego na a rea de 
sau de. 
F CNICA 
e a parte das Cie ncias Farmace uticas que trata da 
preparac a o dos medicamentos, ou seja, da 
transformac a o de drogas mate rias-primas) em 
medicamentos. Estuda o preparo, a purificac a o, as 
incompatibilidades fi sicas e qui micas, e a escolha da 
forma farmace utica. De acordo com Ferreira (2010), a 
Farmacotécnica pode ser conhecida também por 
outras definições, por exemplo, Farmácia Galênica ou 
Farmácia Magistral. 
 
Todos esses tipos de farmácia, porém, envolvem um 
princípio fundamental: a manipulação de drogas e sua 
transformação em medicamentos, ou seja, formas 
farmacêuticas definidas. 
 
 
Nesse contexto, a seguir, destacam-se algumas das 
principais definições da Farmacotécnica. Todas as 
definições estão baseadas nas legislações da Agência 
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e do Conselho 
Federal de Farmácia (CFF), comfoco na Lei nº 
5991/73. Vejamos, na tabela a seguir, algumas dessas 
definições: 
Droga Matéria-prima de origem animal, vegetal 
ou mineral de uso farmacêutico ou não, 
utilizado na fabricação de medicamentos. 
Fármaco ou 
IFA (Insumo 
Farmacêutico 
Ativo) 
Droga utilizada para fabricação de 
medicamentos dotados de atividade 
farmacológica. 
Medicamento Toda preparação farmacêutica contendo 
um ou mais fármacos, destinada ao 
diagnóstico, prevenção ou tratamento das 
doenças e seus sintomas. 
Remédio Emprego mais amplo e geral, sendo 
aplicado para todos os meios usados com 
o fim de prevenir ou de curar doenças. 
Preparação 
Magistral 
É aquela preparada na farmácia para ser 
dispensada atendendo a uma prescrição 
médica que estabelece sua composição, 
sua forma farmacêutica, sua posologia e 
seu modo de usar. 
Preparação 
Oficinal 
É aquela preparada na farmácia cuja 
fórmula esteja escrita nas Farmacopeias, 
Compêndios ou Formulários reconhecidos 
pelo Ministério da Saúde. 
Forma 
Farmacêutica 
É a apresentação de um medicamento. 
Está relacionada com a via de 
administração. As formas farmacêuticas 
foram desenvolvidas para facilitar a 
administração dos medicamentos. Deve 
assegurar ao medicamento o máximo de 
efeito terapêutico com o mínimo de 
efeitos colaterais de acordo com o tipo de 
paciente. 
Fórmula 
Farmacêutica 
É a relação dos componentes que entram 
na composição dos medicamentos, com 
seu peso e volume definidos, ou quando 
possível por g, mL UI, relação sal/base. 
Receita 
Médica ou 
Prescrição 
É uma ordem expressa pelo médico ao 
paciente. Deve ser preservada, pois esta 
tem implicação legal. Deve ser em papel 
timbrado, contendo cabeçalho, nome, 
fármacos e/ou excipientes, quantidade, 
assinatura e CRM. 
Manipulação A manipulação de medicamentos é o 
método tradicional de preparo de 
medicamentos personalizados, visando o 
atendimento de necessidades específicas 
e, às vezes, únicas do profissional (médico, 
dentista ou veterinário) e do paciente. É o 
conjunto de operações com a finalidade de 
elaborar preparações magistrais e oficinais, 
e fracionar produtos industrializados para 
uso humano. 
Dispensação Ato de fornecer e orientar o consumidor 
de drogas, medicamentos, insumos 
farmacêuticos e correlatos, a título 
remunerado ou não. 
Farmácia Estabelecimento de manipulação de 
fórmulas magistrais e oficinais, de comércio 
de drogas, medicamentos, insumos 
farmacêuticos e correlatos, 
compreendendo o de dispensação e o de 
atendimento privativo de unidade hospitalar 
ou de qualquer outra equivalente de 
assistência médica. 
Drogaria Estabelecimento de dispensação e 
comércio de drogas, medicamentos, 
insumos farmacêuticos e correlatos em 
suas embalagens originais. 
Veículo Diz respeito à parte líquida não ativa de 
uma formulação, na qual estão dissolvidos 
os demais componentes. 
Excipiente Componente inerte, sólido, que, misturado 
ao princípio ativo, serve para dar volume, 
peso ou outras atividades ao medicamento. 
Matéria-Prima Substância ativa ou inativa com 
especificação definida que se emprega na 
preparação dos medicamentos e demais 
produtos. 
Droga Matéria-prima de origem animal, vegetal ou 
mineral de uso farmacêutico ou não, 
utilizado na fabricação de medicamentos. 
Fármaco ou 
IFA (Insumo 
Farmacêutico 
Ativo) 
Droga utilizada para fabricação de 
medicamentos dotados de atividade 
farmacológica. 
Medicamento Toda preparação farmacêutica contendo 
um ou mais fármacos, destinada ao 
diagnóstico, prevenção ou tratamento das 
doenças e seus sintomas. 
Remédio Emprego mais amplo e geral, sendo 
aplicado para todos os meios usados com 
o fim de prevenir ou de curar doenças. 
 
Ainda no contexto apresentado, destaca-se na tabela 1, 
as principais abreviações da prática farmacêutica. 
ABREVI
ATURA 
TERMO EM 
GREGO OU LATIM 
SIGNIFICADO 
ãa, ãã Aná (grego) Partes iguais, repetição. Usada 
nas fórmulas para designar que 
as substâncias receitadas numa 
só fórmula são prescritas em 
doses iguais. 
q.s. Quantum 
suffict ou quantum 
satis (latim) 
Quantidade suficiente. Usada 
nas fórmulas para indicar que 
não há uma dose definida, 
apenas uma pequena 
quantidade. 
q.s.p Quantum satis 
para (latim) 
Quantidade suficiente para. 
Utilizada no fechamento da 
quantidade final de uma 
formulação com seu veículo 
ou excipiente. 
Rx Recipe (latim) Tome, receba. 
Frequentemente empregado 
no início de uma prescrição. 
Instrução destinada ao 
farmacêutico para que receba 
os itens listados na receita para 
o preparo do medicamento. 
f.s.a. Fiat secundum 
artem (latim) 
Faça segundo a arte. 
 
A partir da adaptação do quadro de Ferreira (2010), 
busca-se ilustrar melhor esses conceitos, explorando de 
forma detalhada o conteúdo. O profissional que escolhe 
a área magistral para se aprofundar e trabalhar precisa 
compreender que existe uma certa diferença entre a 
farmácia de manipulação, que utiliza um processo 
artesanal para o preparo dos medicamentos do 
processo de produção industrial, que utiliza alta 
tecnologia e equipamentos sofisticados. No quadro 
abaixo você pode observar algumas diferenças básicas 
entre os medicamentos industrializados e os 
medicamentos manipulados. 
Medicamentos 
Industrializados 
Medicamentos manipulados 
Formulação padronizadas 
para atender as 
necessidades gerais de 
uma provável população 
de pacientes. 
Formulação personalizada 
para atender as necessidades 
específicas de uma paciente. 
O prescritor precisa 
adequar o paciente à 
apresentação comercial 
disponível. 
O prescritor pode adequar a 
formulação a cada paciente. 
A comercialização em 
larga escala, inviabiliza 
economicamente e às 
vezes tecnicamente por 
questões de estabilidade, 
a possibilidade da 
produção de diversas 
formas farmacêuticas em 
Permite a prescrição de 
formas farmacêuticas 
diferenciadas das disponíveis 
comercialmente, bem como, 
o emprego de dosagem 
específica para um 
determinado paciente. 
várias dosagens. 
 
Mediante os autores Le Hire (1997) e Ferreira (2019), é 
possível compreender que uma das maiores diferenças 
entre os dois processos está justamente no papel do 
farmacêutico, uma vez que, na indústria farmacêutica, 
ele está responsável apenas na fabricação e na 
qualidade do produto. Na manipulação em pequena 
escala e individualizada, ele participa de perto do 
tratamento do paciente, formando uma tríade 
importante entre médico-farmacêutico-paciente, 
conhecida como tríade da saúde e demonstrando a 
união multiprofissional em prol da saúde, conforme 
figura 16. 
 
Ainda assim, Ferreira (2010) apresenta em seu Guia 
Prático da Farmácia Magistral, algumas vantagens 
interessantes dos medicamentos manipulados frente 
aos medicamentos industrializados. Isso pode ser 
observado de forma resumida, a seguir, onde destaca-
se as vantagens dos medicamentos manipulados frente 
aos industrializados. 
 
VERSATILIDADE POSOLÓGICA OU SEGUNDO USO 
Ajuste das doses ou concentração do fármaco para 
pacientes com necessidades específicas ou pacientes 
pediátricos. Manipulação de fármacos com segundo 
uso, que são aqueles utilizados com propósitos 
diferentes dos originais, os quais necessitam muitas de 
vezes de alteração em suas doses e posologia. 
ASSOCIAÇÃO DE FÁRMACOS 
A manipulação magistral permite a associação de 
fármacos que muitas vezes não estão disponíveis no 
mercado comercial. 
ESCOLHA DA FORMA FARMACÊUTICA 
Tanto o paciente, quanto o prescritor podem optar 
pela forma farmacêutica que melhor se adeque ao 
tratamento, não dependendo somente das formas 
disponíveis comercialmente. 
RESGATE DE MEDICAMENTOS 
É possível resgatar medicamentos que tenham sido 
descontinuados e não estejam mais disponíveis no 
mercado. 
MANIPULAÇÃO DE MEDICAMENTOS ÓRFÃOS 
Medicamentos órfãos são aqueles que, geralmente, 
tratam as doenças negligenciáveis; aqueles que não 
têm interesse econômico pelas grandes indústrias, 
apresentam interesse no contexto da saúde pública. 
ECONOMIA 
O medicamentomanipulado, geralmente, apresenta 
custo menor que o industrializado por apresentar 
menos etapas intermediárias em sua cadeia de 
produção. 
PERSONALIZAÇÃO DA TERAPÊUTICA 
Formulação individualizada para o tratamento do 
paciente, e não da doença. Aumento da adesão do 
paciente ao tratamento. 
DIFICULDADE DE AUTOMEDICAÇÃO 
Toda a formulação depende de uma prescrição, essa 
situação evita o abuso e o risco inerentes da 
automedicação. 
UNIÃO MULTIPROFISSIONAL 
União multiprofissional em prol da saúde. 
VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS E 
FORMAS FARMACÊUTICAS 
Os fármacos ou princípios ativos não podem ser 
administrados no seu estado puro ou natural 
diretamente aos pacientes, mas sim, como parte de 
uma formulação, ao lado de uma ou mais substâncias, 
denominadas adjuvantes farmacêuticos, veículos ou 
excipientes. Essas matérias-primas devem ser inertes e 
inócuas. Apesar disso, apresentam funções auxiliares na 
formulação, por exemplo: facilitando o fluxo dos pós ou 
a solubilização do fármaco. Este é o fundamento básico 
da Farmacotécnica, transformar esse fármaco em uma 
forma farmacêutica definida, utilizando as operações 
farmacêuticas a partir de uma formulação que contenha 
a descrição dos fármacos e dos excipientes. 
 
Figura 17: Esquema representativo das vias de 
administração de medicamentos. 
A escolha da forma farmacêutica depende da via de 
administração e a escolha da via de administração dos 
fármacos depende de uma série de fatores, tais como: 
 Efeito local ou sistêmico; 
 Biodisponibilidade do fármaco: solubilidade e 
estabilidade; 
 Duração do tratamento e posologia; 
 Tipo e situação do paciente: idade, sexo, 
internado, em coma. 
A via de administração mais comum é a oral. Acredita-
se que cerca de 75% das prescrições médicas sejam 
realizadas dessa forma. Isso se deve, principalmente, à 
facilidade de administração e transporte, à estabilidade 
do medicamento e à maior facilidade e adesão ao 
tratamento. 
Pode-se observar, portanto, que a biodisponibilidade dos 
fármacos diminui quando eles são metabolizados pelo 
fígado e sofrem o efeito de primeira passagem, 
principalmente quando administrados via oral. 
A tabela a seguir apresenta, de forma resumida, as vias 
de administração de medicamentos e as principais 
formas farmacêuticas existentes. 
Uma vez já tendo entendido que, para o 
desenvolvimento de uma forma farmacêutica, é 
necessário antes determinar a via de administração do 
medicamento, vamos agora conhecer um pouco 
melhor as principais vias de administração de 
medicamentos: a via oral, via parenteral, via retal, via 
tópica e percutânea, e vias ocular, nasal e auricular. 
Via oral 
A via oral é a via de administração de medicamentos 
mais frequentemente usada, e considerada uma via 
sistêmica. É também aquela que apresenta o maior 
número de formas farmacêuticas, podendo tanto ser 
líquidas, como sólidas. Dentre as formas líquidas, 
destacam-se as soluções orais ou gotas, as suspensões, 
os xaropes e elixires; entre as formas farmacêuticas 
sólidas, destacam-se os comprimidos, as cápsulas, os 
pós e granulados. 
Clique nas barras para ver as informações. 
COMPRIMIDOS 
são formas farmacêuticas sólidas de forma e tamanho 
definidos, constituídos por um ou mais princípios ativos 
e excipientes e obtidas por um processo de 
compressão. 
CÁPSULAS 
são formas farmacêuticas sólidas, de tamanho e forma 
definidos, constituídas por um invólucro gelatinoso, no 
qual está inserido um ou mais princípios ativos e 
excipientes. 
PÓS 
são formas farmacêuticas sólidas obtidas a partir de 
uma mistura de um ou mais princípios ativos com 
excipientes, geralmente, apresentadas na forma de 
sachês. 
GRANULADOS 
são formas farmacêuticas sólidas obtidas a partir de um 
processo de granulação seca ou úmida, constituído de 
um ou mais fármacos e excipientes. 
SOLUÇÕES ORAIS OU GOTAS 
são formas farmacêuticas líquidas obtidas a partir da 
dissolução de um ou mais princípios ativos e 
excipientes, que auxiliam a solubilização dos fármacos e 
garantam uma melhor estabilidade e conservação do 
medicamento. 
SUSPENSÕES 
são formas farmacêuticas líquidas obtidas por dispersão 
mecânica e constituída por um ou mais princípios ativos 
e excipientes que garantam a estabilidade e a 
conservação do medicamento. 
XAROPES 
são formas farmacêuticas líquidas e açucaradas obtidas 
por dissolução simples e constituídas por um ou mais 
princípios ativos e excipientes que auxiliam na 
solubilização dos fármacos e garantam uma melhor 
estabilidade e conservação do medicamento. 
ELIXIRES 
são formas farmacêuticas líquidas e açucaradas, 
contendo álcool como veículo, obtidas por dissolução 
simples e constituídas por um ou mais princípios ativos 
e excipientes que auxiliam na solubilização dos fármacos 
e garantam uma melhor estabilidade e conservação do 
medicamento. 
É importante destacarmos que a via de administração 
oral apresenta algumas desvantagens do ponto de vista 
de absorção do fármaco quando comparadas a outras 
vias. A primeira delas diz respeito à biodisponibilidade do 
fármaco, que, quando administrado por via oral, tem, 
usualmente, sua biodisponibilidade diminuída. 
 
javascript:void(0)
Figura 18: Via de administração oral. 
Uma vez que o medicamento é administrado por via 
oral, parte dele é metabolizado pelo fígado, etapa esta 
conhecida como efeito de primeira passagem. 
Consequentemente, a fração biodisponível e que 
alcança a corrente sanguínea é diminuída. 
Ainda assim, a via oral é considerada a mais importante, 
devido a sua facilidade de administração e transporte e 
a de maior facilidade posológica e adesão ao tratamento 
pelo paciente, conforme figura 18. 
Via parenteral 
A via parenteral é popularmente conhecida como via 
injetável. Existem 3 principais vias de administração 
parenteral, que são: 
 Intravenosa (IV), 
 Intramuscular (IM) e 
 Subcutânea (SC). 
A Tabela 2 apresenta de forma mais detalhada todas as 
vias de administração parenteral. A grande vantagem da 
via parenteral frente às demais vias de administração de 
medicamentos, principalmente, a via oral, está no fato 
de o fármaco não passar pelo trato gastrointestinal 
(TGI) e, consequentemente, não sofrer efeito de 
primeira passagem. 
As preparações injetáveis encontram-se geralmente na 
forma de soluções, suspensões e, mais recentemente, 
em pós para reconstituição injetável, o que melhora a 
estabilidade do medicamento, conforme figura 19. 
 Figura 19: Via de administração parenteral. 
Via retal 
A via de administração retal pode ser utilizada para 
ação local, sistêmica ou mecânica. Dentre as formas 
farmacêuticas mais utilizadas, estão os supositórios, mas 
existem também as pomadas e as soluções. Essas 
últimas, mais comumente conhecidas, como enemas. 
Escolha uma das Etapas a seguir. 
Etapa 01 
Ação mecânica - Efeito laxativo. Exemplo: supositório 
de Glicerina; 
Etapa 02 
Ação sistêmica - o fármaco passa à corrente sanguínea 
desenvolvendo efeitos sistêmicos como os anti-
inflamatórios para o tratamento das vias hemorroidais; 
Etapa 03 
Ação local - pode ser para um tratamento hemorroidal 
ou para o tratamento de parasitas, como por exemplo 
as pomadas como auxiliares ao tratamento hemorroidal. 
A via retal pode ser uma alternativa interessante para a 
administração de fármacos que sofrem ação ou 
inativação pelo suco gástrico ou para pacientes com 
episódios de vômitos e dificuldades de deglutição. 
Apesar disso, é importante lembrar que, mesmo sendo 
administrados no reto, esses fármacos também sofrem 
efeito de primeira passagem, conforme figura 20. 
 
Figura 20: Via retal. 
Via tópica e transdérmica 
A pele é o maior órgão do corpo humano e, por isso, 
é uma excelente via de administração de fármacos. No 
entanto, a pele é também um órgão de proteção e 
uma barreira física à entrada de substâncias estranhas 
ao nosso organismo, por esse mesmo, não é qualquer 
fármaco que consegue ultrapassar essa barreira. Dessa 
forma, a maioriados medicamentos utilizados para 
aplicação sobre a pele são de ação tópica ou local e 
não ultrapassam a epiderme a ponto de alcançar a 
https://stecine.azureedge.net/repositorio/introducao_a_farmacotecnica/index.html#collapse-steps1
https://stecine.azureedge.net/repositorio/introducao_a_farmacotecnica/index.html#collapse-steps2
https://stecine.azureedge.net/repositorio/introducao_a_farmacotecnica/index.html#collapse-steps3
corrente sanguínea e desempenhar um efeito 
sistêmico. Eles se apresentam, geralmente, na forma de 
cremes, pomadas, géis, pastas e emplastros. 
Alguns fatores são importantes para que um fármaco 
possa ser administrado por via transdérmica, como: a 
solubilidade do fármaco, o coeficiente de partição 
óleo/água e a capacidade de formar eletrólitos. Para 
tanto, os medicamentos se encontram na forma de 
adesivos ou patches e são conhecidos como um 
sistema de liberação transdérmico (SLT). 
Vias ocular, nasal e auricular 
Essas 3 vias de administração são consideradas vias 
tópicas e de ação local. Os medicamentos utilizados para 
essas vias encontram-se, geralmente, na forma de 
soluções, suspensões e pomadas. 
 
Para a administração ocular ou oftálmica, as 
preparações podem ser soluções ou suspensões 
aquosas, ou pomadas oftálmicas, mas devem ser 
sempre estéreis. 
Já as preparações para uso nasal, são administradas na 
forma de soluções aquosas, gotas ou de aerossóis, mas 
é preciso ressaltar que essas preparações são para 
tratamento local da mucosa nasal, e não para 
tratamento sistêmico. A via pulmonar ou respiratória é a 
adequada para tratamento sistêmico utilizando bombas 
de aerossóis por aspiração oral. 
Por último, as preparações otológicas são utilizadas para 
os tratamentos tópicos da via auricular, como infecções 
de ouvido, ou somente para auxiliar na remoção da 
cera. São formas farmacêuticas líquidas, geralmente, 
oleosas, com maior viscosidade, a fim de permanecer 
mais tempo em contato com o canal auditivo. 
Agora, assista ao vídeo em que apresentamos, mais 
detalhadamente, estudos de pré-formulação para o 
desenvolvimento de fórmulas farmacêuticas. 
 
Cálculos farmacêuticos 
Todo o procedimento de preparação de um 
medicamento inicia-se da mesma maneira, a partir de 
uma fórmula farmacêutica ou uma prescrição médica. 
Para iniciar este processo, o farmacêutico precisa 
conhecer e realizar os cálculos que envolvem a 
preparação daquela fórmula farmacêutica ou prescrição. 
É necessário que você, estudante de Farmácia, 
conheça o sistema de pesos e medidas, uma forma de 
padronização das prescrições no mundo todo. 
Sistema métrico e densidade 
O sistema de pesos e medidas internacional é 
conhecido como Sistema Métrico. Este sistema nada 
mais é do que um sistema decimal, no qual: 
 Grama (g) é a unidade de massa; 
 Litro (L) é a unidade de volume; 
 Metro (m) é a unidade de comprimento. 
 
Assim, tendo uma base decimal como referência para 
alterar a unidade métrica, a vírgula deverá ser 
deslocada à direita para uma denominação menor 
referente à base; ou à esquerda, para uma 
denominação maior referente à base. 
Para que o farmacêutico avalie uma prescrição com 
perfeição, é preciso compreender bem o sistema 
métrico de medidas e suas respectivas conversões, 
uma vez que erros de cálculos podem levar a 
interpretação errada das dosagens da formulação, 
ocasionando doses menores e sem efeito terapêutico 
adequado, ou doses maiores com possibilidade de 
efeitos tóxicos. 
As tabelas abaixo visam auxiliá-los a compreender 
melhor a conversão dessas medidas, levando sempre 
em consideração as unidades de medidas principais, 
como grama (g) e litro (L). Uma vez que o sistema 
métrico de comprimento não é utilizado para a 
elaboração de prescrições, iremos apresentar somente 
os sistemas de peso e volume. 
Tabela de Pesos no 
Sistema Métrico 
 
1 picograma (pg) 0,000000000001 ou 10-12 
1 nanograma (ng) 0,000000001 ou 10-9 
1 micrograma (µg) 0,000001 ou 10-6 
1 miligrama (mg) 0,001 ou 10-3 
1 centigrama (cg) 0,01 ou 10-2 
1 decigrama (dg) 0,1 ou 10-1 
1 grama (g) 1,0 
1 decagrama (dag) 10 
1 hectograma (hg) 100 
1 kilograma (kg) 1000 
Tabela de Pesos no 
Sistema Métrico 
 
1 picograma (pg) 0,000000000001 ou 10-12 
1 nanograma (ng) 0,000000001 ou 10-9 
1 micrograma (µg) 0,000001 ou 10-6 
1 miligrama (mg) 0,001 ou 10-3 
1 centigrama (cg) 0,01 ou 10-2 
1 decigrama (dg) 0,1 ou 10-1 
1 grama (g) 1,0 
1 decagrama (dag) 10 
1 hectograma (hg) 100 
1 kilograma (kg) 1000 
 
Tabela de Volumes no 
Sistema Métrico 
 
1 picolitro (pL) 0,000000000001 ou 10-12 
1 nanolitro (nL) 0,000000001 ou 10-9 
1 microlitro (µL) 0,000001 ou 10-6 
1 mililitro (mL) 0,001 ou 10-3 
1 centilitro (cL) 0,01 ou 10-2 
1 decilitro (dL) 0,1 ou 10-1 
1 Litro (L) 1,0 
1 decalitro (daL) 10 
1 hectolitro (hL) 100 
1 kilolitro (kL) 1000 
 
Vamos observar agora alguns exemplos de conversão 
de unidades para que você possa fixar melhor o 
conteúdo aprendido. 
Conversão Resultado 
2,45 kg para g 2,45 Kg = 2.450g 
4,25 g para kg 4,25 g = 0,00425g 
3,56 mg para g 3,56 mg = 0,00356 g 
0,25 mg para g 0,25 mg = 0,00025g 
1,12 mg para g 1,12 mg = 0,00112 mg = 
0,00000112 
2,25 L para mL 2,25 L = 2.525 mL = 
2.250.000 mL 
10,25 mL para mL 10,25mL = 0,01025mL 
 
Agora, vamos exercitar um pouco o que aprendemos? 
Observe o exemplo abaixo para fixar o conteúdo: 
Clique nas barras para ver as informações. 
EXEMPLO 1 
Se um comprimido de aspirina contém 500 mg de 
ácido acetilsalicílico, quantos comprimidos poderão ser 
fabricados utilizando 25 kg de ácido acetilsalicílico? 
Resolução: A primeira etapa deverá ter as unidades 
todas iguais, portanto vamos às conversões de 
unidades. 
25 kg = 25.000 g = 25.000.000 mg 
1 comprimido ___________ 500 mg 
X comprimido ___________ 25.000.000 mg 
X = 50.000 comprimidos 
As duas principais unidades do Sistema Métrico 
utilizadas para a realização de uma prescrição médica 
são as de peso e volume. Dessa forma, recordar a 
relação entre elas também é importante para o 
farmacêutico no preparo das formulações 
farmacêuticas. A melhor maneira que existe para 
expressar a relação entre massa e volume é através 
da densidade. 
Escrever 
 
 
Vejamos um exemplo de como a densidade pode 
ajudar ao farmacêutico a interpretar as formulações. 
Clique nas barras para ver as informações. 
EXEMPLO 2 
Exemplo 2: Um farmacêutico pesou 2,25 kg de 
glicerina, a qual possuía uma densidade de 1,28 g/mL. 
Qual o volume de glicerina foi pesado? 
Resolução: Primeiro precisaremos realizar a conversão 
das unidades e em seguida, utilizaremos a fórmula da 
densidade acima. 
2,25 kg = 2.250 g 
d=mv=> 1,28 =2.250v=> v=1.757,81mL 
Expressões de concentração 
Na prática farmacêutica, as substâncias constantes das 
prescrições são, geralmente, representadas por 
concentrações. Observe o exemplo da figura 21. 
 
Figura 21: Exemplo de receituário 
mo: porcentagem, molaridade, normalidade, g/L ou 
g/mL, razão e proporção, entre outras. 
Iniciaremos nossa abordagem das expressões em 
concentração com a forma mais usual: a porcentagem. 
Expressão de concentração em porcentagem 
A expressão de concentração em porcentagem 
significa partes por cem. Isso significa que: 
10% de 1000 é igual a 10/100 x 1000, que é igual a 100. 
x 
25% de 1500 que significa 25/100 x 1500, que é igual a 
375. 
Contudo, a porcentagem não apresenta uma unidade 
definida, então 15% de 150 g são 22,5 g. 
Os cálculos que envolvem porcentagem são, 
frequentemente, usados na prática farmacêutica e 
podem ser representados da seguinte forma: 
 
javascript:void(0)
Ooerações Farmacêuticas 
 
O preparo dos medicamentos envolve algumas técnicas 
denominadas de operações farmacêuticas. Elas são 
necessárias para transformar o fármaco em uma forma 
farmacêutica definida, garantindo a qualidade da 
preparação final e a eficácia do medicamento. 
Essas operações estão divididas em dois grandes 
grupos: 
 Operações de uso geral, que incluem a 
pesagem e as medições de volumes. Operações propriamente ditas, que 
contemplam as operações mecânicas e as 
operações físicas. 
As operações mecânicas são ainda subdividas em 
outros dois grupos: as operações de separação e 
as operações de divisão. Essas operações consistem 
em mudar o aspecto do fármaco sem modificar o seu 
estado físico ou sua constituição química, como, por 
exemplo, a pulverização. 
As operações físicas são aquelas que alteram o estado 
físico do fármaco, como quando um fármaco na forma 
sólida é dissolvido em um veículo líquido. Essas 
operações também se subdividem em dois grupos, as 
que envolvem alteração com temperatura e as com a 
intervenção de um líquido (PRISTA, 1995). 
A Figura 1 apresenta um esquema com um breve 
resumo dessas operações. 
 
Figura 1: Esquema das principais operações 
farmacêuticas 
OPERAÇÕES DE USO GERAL 
Conforme já visto anteriormente, as operações de uso 
geral são de uso comum nos laboratórios mais diversos. 
Elas incluem as operações de pesagem e as medições 
de volume. 
PESAGEM 
A pesagem é uma operação muito simples e rotineira 
dentro de um laboratório de farmácia, mas, para que 
tudo funcione bem e as pesagens sejam corretas e 
precisas, uma série de cuidados e procedimentos 
técnicos devem ser respeitados e realizados 
diariamente, como a manutenção e a calibração dos 
instrumentos de medição. É fácil compreender que 
esta técnica depende exclusivamente de um 
instrumento de medida chamado balança. 
A sexta edição da Farmacopeia Brasileira (2019) 
apresenta, em seu Volume I, todas as observações, os 
cuidados e as normas técnicas para se efetuar uma 
determinação de massa 
com qualidade, precisão e exatidão (BRASIL, 2019). 
Relembrando 
Vamos recordar os conceitos de precisão e exatidão? 
Para os leigos, essas duas palavras acabam tendo o 
mesmo significado e são usadas com o mesmo 
objetivo. Porém, para profissionais das áreas técnicas 
como nós, farmacêuticos, engenheiros, químicos e 
cientistas, esse conceito é diferente, de acordo com o 
Inmetro, para a operação de pesagem e demais outras 
atividades científicas em laboratório. 
 Precisão – parâmetro que analisa a proximidade 
ou concordância entre várias medidas 
efetuadas em equipamentos iguais ou similares, 
sob determinadas condições. 
 Exatidão – parâmetro que analisa o grau de 
concordância entre determinado valor medido 
e o valor real de uma amostra. 
:
 
Além disso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária 
(Anvisa) regulamenta as Boas Práticas de Fabricação de 
Medicamentos (BPF) e as Boas Práticas de Manipulação 
de Preparações Magistrais e Oficinais para Uso Humano. 
Com essas regulamentações, as balanças de precisão 
são consideradas equipamentos mínimos de exigência 
para os laboratórios das farmácias magistrais e de 
controle de qualidade (BRASIL, 2007). 
A pesagem é uma operação farmacêutica de uso geral 
para verificar a massa das matérias-primas que serão 
utilizadas na preparação de uma forma farmacêutica 
(Figura 2). 
 
Figura 2: Exemplo de pesagem 
A balança é um instrumento de medida utilizado para 
determinar as massas das mais diversas substâncias. Elas 
podem ser de vários tipos, classificadas de acordo com 
sua capacidade, sensibilidade e precisão. O quadro a 
seguir exemplifica um pouco melhor isso (PRISTA, 1995). 
Quadro 1: Classificação quanto aos tipos de balança 
 
 
 
 
 
 
Fonte: Anvisa, 2019 (adaptado) 
A balança de precisão (Figura 3) é um item 
indispensável para qualquer farmácia de manipulação ou 
laboratório de controle de qualidade. Deve também 
apresentar capacidade e sensibilidade de acordo com 
essa precisão e conter certificado de calibração 
atualizado anualmente, conforme a legislação vigente. 
De acordo com a capacidade e sensibilidade 
apresentadas, as balanças também podem ser definidas 
como analíticas e semianalíticas (Figura 4). Como regra 
geral, portanto, comercialmente, existem três tipos de 
balanças: de precisão, semianalíticas e analíticas. A 
diferença principal entre elas é justamente a faixa de 
precisão (LE HIR, 1997). 
Figura 3: 
Balança digital eletrônica de precisão 
 
Figura 4: Balança digital eletrônica semianalítica 
Ainda de acordo com a sexta edição da Farmacopeia 
Brasileia (2019), para pesagens que não exijam tanta 
precisão, pode-se usar as balanças mais comuns de 
precisão ou as semianalíticas, respeitando sempre as 
suas respectivas capacidades. Já para medidas mais 
exatas na determinação de massas iguais ou maiores a 
50mg, deve-se utilizar balança analítica de 100 a 200g 
de capacidade e 0,1mg de sensibilidade. Agora, para 
quantidades inferiores a 50mg, deve-se utilizar balança 
analítica de 20g de capacidade e 0,01mg de sensibilidade 
(Figura 5). 
 
Figura 5: Balança digital eletrônica analítica 
Observe melhor na tabela a seguir: 
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Tabela 1: Determinação de massas e capacidade das 
balanças 
 
 
 
 
 
Atualmente, com o desenvolvimento tecnológico, as 
balanças digitais eletrônicas são as mais indicadas para 
uso em laboratórios de farmácia devido à facilidade de 
manuseio, ao menor custo e à precisão. No passado, 
este procedimento era muito mais complexo e 
dependia da técnica e do conhecimento do operador, 
uma vez que as balanças eram muito mais 
rudimentares e bem menos precisas, conhecidas como 
balanças de dois pratos (Figura 6). 
 
Figura 6: Balança antiga de dois pratos. 
Mesmo assim, uma série de cuidados deve ser 
observada em relação ao método de pesagem e à 
localização de instalação das balanças. Elas devem ser 
colocadas, preferencialmente, em salas específicas para 
a pesagem com controle de temperatura e umidade, 
livres de correntes de ar, em bancadas com sistema 
amortecedor que evitem a trepidação e niveladas 
(Figura 7) (BRASIL, 2019). 
 
Figura 7: Mesa antivibratória. 
MEDIDAS DE VOLUME DE LÍQUIDOS 
As medidas de volume nos laboratórios de farmácia, 
química e de controle de qualidade são operações de 
uso geral, muito utilizadas e comuns em suas rotinas 
diárias. Essas medidas podem ser divididas de duas 
formas, em grandes quantidades e pequenas 
quantidades. Os instrumentos e utensílios para essas 
atividades podem ser de vidro ou de plástico. 
Os instrumentos de vidro apresentam maior qualidade, 
precisão e exatidão frente aos de plástico, mas têm a 
desvantagem de quebrarem. Conheça, a seguir, os 
instrumentos mais utilizados para as medidas de volume 
em um laboratório. 
PRINCIPAIS INSTRUMENTOS DE MEDIÇÃO DE 
VOLUME 
 
Micropipetas 
 
Instrumento de alto rigor e alta precisão nas medidas 
de volume. Podem apresentar volume fixo ou variável. 
Utilizado para: pequenas quantidades 
 
Pipeta volumétrica 
Instrumento de maior rigor na medida. Volume fixo. 
Utilizado para: pequenas quantidades 
 
 
 
Pipeta graduada 
 
Instrumento de rigor na medida. Inferior à pipeta 
volumétrica. Volume variável. 
Utilizado para: pequenas quantidades 
 
Proveta 
Instrumento de medida de volume de menor rigor. 
Volume variável. 
Utilizado para: grandes quantidades 
 
 
Balões volumétricos 
 
Instrumento utilizado para o preparo de soluções com 
precisão. Volume fixo. 
Utilizado para: pequenas e grandes quantidades 
Apesar de ser uma vidraria muito comum nos 
laboratórios e apresentar, em alguns casos, até uma 
graduação impressa, o béquer não pode ser 
considerado um instrumento de medição de volume e 
só deve ser utilizado para atividades mais gerais dentro 
dos laboratórios, como pesagem e mistura de líquidos, 
por exemplo (PRISTA, 1995). 
MENISCO 
Nas medições de volume, uma técnica muito 
importante deve ser conhecida, que é a determinação 
do menisco (Figura 9). Todos os recipientes utilizados 
para as medicações de volume, de vidro ou plástico são 
graduados através da técnica do menisco (PRISTA, 
1995). 
O menisco consiste na porção côncava formada na 
superfície de um líquido em um recipiente graduado 
por conta das forças de superfície que o líquido exerce. 
Identifiquemelhor essa situação na figura a seguir: 
Figura 9: Menisco 
Para as medidas de volume serem exatas, é preciso 
levar em consideração o ajuste correto do menisco, no 
qual a curva mais baixa deve tangenciar a borda 
superior da marca de volume. Os erros mais comuns 
podem ser observados na figura a seguir. 
 
 
Ooerações farmacêuticas propriamente ditas 
As operações farmacêuticas propriamente ditas são 
aquelas efetivamente utilizadas para a transformação de 
um fármaco em um medicamento. Geralmente, mais 
de uma operação é necessária para a finalização deste 
processo. Essas operações são divididas de acordo com 
a sua natureza em: preliminares, principais e acessórias 
(Figura 11). 
 
Figura 11: Esquema das operações farmacêuticas 
propriamente ditas 
De acordo com o processo de fabricação, uma mesma 
operação pode ser classificada de mais de uma 
maneira, como é o caso da tamisação, que pode ser 
uma operação principal ou acessória. Porém, vamos 
compreender isso melhor nos próximos itens. 
Iniciaremos com as operações mecânicas de separação. 
Operações mecânicas 
Anteriormente, verificamos que as operações 
mecânicas são aquelas que modificam o aspecto 
exterior das drogas sem alterar o seu estado físico ou a 
sua constituição química. Elas podem ser subdivididas 
em operações mecânicas de separação e operações 
mecânicas de divisão. O esquema a seguir apresenta 
um resumo para que você possa verificar as operações 
mecânicas (Figura 12). Começaremos a estudar agora as 
operações mecânicas de separação. 
Figura 
12: Esquema das operações farmacêuticas mecânicas 
Operações mecânicas de separação 
SEPARAÇÃO DE CORPOS SÓLIDOS 
O objetivo da operação mecânica de separação de 
corpos sólidos é afastar partes inertes ou alteradas que 
acompanham as drogas, principalmente as de origem 
vegetal, ou para eliminar substâncias estranhas. 
PRISTA, 1995. 
TRIAGEM OU MONDA 
Trata-se de uma operação preliminar mais comum para 
drogas de origem vegetal. Tem por objetivo eliminar 
todos os materiais contaminantes e as substâncias 
estranhas que possam alterar ou interferir na qualidade 
da droga. Pode ser realizada de quatro formas distintas 
(PRISTA, 1995): 
Clique nas barras para ver as informações. 
À MÃO 
Limpeza e retirada de resíduos e tegumentos de forma 
manual. Por exemplo, as amêndoas utilizadas para o 
preparo do óleo de amêndoas doce. Os tegumentos 
(pele) que envolvem as amêndoas precisam ser 
retirados, pois são ricos em taninos, que causam o 
efeito de adstringência sobre a pele. 
POR CRIVO OU TAMIS 
Técnica de peneiração manual, com o objetivo de 
retirar, por exemplo, partículas de terra presentes nas 
raízes de uma droga vegetal. 
POR VENTILAÇÃO 
Utilizada para separar poeira e resíduos leves presentes, 
por exemplo, em sementes. Essas partículas se soltam 
facilmente sob ventilação. 
POR LAVAGEM 
Processo mais específico, no qual se utiliza água ou 
álcool para proceder as lavagens. Por exemplo, no caso 
do sulfato ferroso, para manter a qualidade do produto, 
deve ser lavado com álcool, a fim de eliminar o excesso 
de sesquióxido de ferro e sulfato férrico formados em 
contato com o ar. 
TAMISAÇÃO 
A tamisação, utilizando um instrumento 
chamado tamis (Figura 13), tem por objetivo separar 
partículas sólidas de diferentes tamanhos. 
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Na prática farmacêutica, a tamisação pode ter duas 
finalidades importantes (AULTON, 2005). Ela pode ser 
considerada: 
 Uma operação principal, como na separação 
geral de corpos sólidos; 
 Uma operação acessória, para se estabelecer 
as dimensões de partículas de drogas ou 
fármacos, garantido maior uniformidade no 
tamanho dessas partículas. 
Esta última finalidade se torna mais importante, pois o 
tamanho das partículas influencia diretamente em 
propriedades significativas na fabricação de 
medicamentos, como a fluidez dos pós, o grau de 
solubilidade e até a biodisponibilidade do fármaco. 
Vamos entender agora a razão de os tamises não 
serem considerados simples peneiras. 
 
Figura 13: Tamises 
Classificação dos tamises 
Os tamises são classificados de acordo com o número 
de malhas por unidade de superfície existente, 
independentemente do seu diâmetro. A definição de 
malha pode ser considerada um pouco complexa, mas 
veja a Figura 14; assim, você compreenderá bem como 
essas medidas são estabelecidas. A representação 
esquemática demonstra que a malha é igual à soma do 
diâmetro dos fios e a distância que separa dois fios 
consecutivos, que é conhecida como lúmen (PRISTA, 
1995). 
Isso é importante, pois, de acordo com a Figura 15, caso 
isso não seja levado em consideração, uma variação 
significativa seria encontrada entre o tamanho nas 
malhas. Observem, na Figura 15, que existem dois 
quadrados A e B, os quais possuem exatamente o 
mesmo número de lúmens, mas com malhas distintas, 
em função da diferença entre os diâmetros dos fios. 
Isso acarretará tamanhos diferentes das partículas, e A 
terá tamanhos maiores do que B (Figura 15) (PRISTA, 
1995). 
Figura 15: Esquema comparativo do tamanho da malha 
Dessa forma, é possível compreender a necessidade de 
padronização do tamanho das malhas dos tamises. Uma 
vez que a globalização e o avanço tecnológico 
interferiram também no segmento farmacêutico, essa 
necessidade evoluiu para uma padronização 
internacional (Figura 16). 
Figura 16: Esquema comparativo do tamanho da malha 
Os tamises são, portanto, classificados 
internacionalmente através do número de malhas numa 
unidade denominada MESH. 
E o que são MESH? 
 MESH = número de malhas por polegada linear 
 Polegada linear = 2,54cm ou 25,4mm 
Portanto, um tamis que tenha a classificação de 20 
MESH, apresenta 20 malhas em uma polegada linear ou 
20 malhas em 2,54cm. Nesse caso, cada malha possui 
0,850mm ou 850µm. 
A Figura 17 exemplifica isso, e você pode observar um 
tamis de 400 MESH com abertura de malha de 38µm 
ou 0,038mm (Figura 17). 
Figura 17: Tamis 400 MESH 
LEVIGAÇÃO 
Esta operação bastante antiga também é conhecida 
como elutriação. Neste processo, um sólido insolúvel é 
suspenso em um líquido, geralmente a água, e as 
partículas são separadas por sedimentação pela 
diferença de densidades. As partículas mais pesadas 
apresentarão uma velocidade de sedimentação maior 
que a velocidade ascendente do líquido e se 
depositarão no fundo do recipiente, enquanto as 
partículas mais leves tenderão a subir para a superfície. 
A melhor forma de se exemplificar esta técnica é a 
extração do ouro, que utiliza justamente este método 
para separar as pepitas da areia e dos demais resíduos 
sólidos (Figura 18). 
Figura 18: Técnica de levigação no garimpo de ouro 
SEPARAÇÃO DE SÓLIDO-LÍQUIDO OU DE LÍQUIDO 
IMISCÍVEIS 
Estas operações têm como objetivo principal separar as 
substâncias sólidas das líquidas ou separar duas 
substâncias líquidas imiscíveis entre si. Podem estar 
divididas em cinco tipos, conforme foi observado no 
esquema da Figura 12. São eles: decantação, expressão, 
centrifugação, filtração e clarificação. 
DECANTAÇÃO 
A operação de decantação é uma técnica utilizada para 
separar um sólido de um líquido ou para a separação 
de dois líquidos imiscíveis. É bastante comum em 
laboratórios de química e farmácia, mas é menos 
aplicada para escalas industriais, sendo utilizada, nesses 
últimos casos, somente através de sifões. A separação 
de um sólido de um líquido por decantação ocorre 
usualmente por escoamento ou por auxílio de pipeta, 
conforme representado na Figura 19. 
Para que a decantação possa ser realizada, o sólido 
deve estar completamente depositado no fundo do 
recipiente e o líquido deve ser o mais transparente 
possível. É comum as pessoas confundirem 
sedimentação com decantação, mas são duas etapas 
distintas, primeiro o sólido deve sedimentar para, em 
seguida, ser decantado. 
Figura 19: Decantação 
Para a separação de dois líquidos imiscíveis, utiliza-se o 
funil de decantação. Os líquidos são separados por 
diferença dedensidade, ou seja, o de maior densidade 
encontra-se no fundo e o de menor densidade acima 
dele. Dessa forma, eles podem ser separados por 
escoamento, conforme representado na Figura 20. 
 
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Figura 20: Funil de decantação 
EXPRESSÃO 
A operação de expressão tem como objetivo separar 
os líquidos presentes em um corpo sólido ou de 
consistência mole. É muito utilizada na indústria de 
alimentos para a fabricação de sucos. 
Figura 21: Prensa hidráulica 
 
Figura 14: Determinação do tamanho da malha 
Clarificação 
A clarificação é um processo que envolve a separação 
ou remoção de um sólido a partir de um fluido ou de 
um fluido a partir de outro fluido. Entende-se como 
fluidos tanto substâncias líquidas como gasosas. 
Algumas técnicas são descritas na literatura científica 
para auxiliar o processo de filtração; elas estão 
resumidas no Quadro 3. Entretanto, atualmente, as duas 
técnicas mais importantes para alcançar a clarificação de 
um produto são a filtração e a centrifugação (Figura 21) 
(PRISTA,1995). 
MÉTODOS AUXILIARES DE CLARIFICAÇÃO 
Clique nas barras para ver as informações. 
POR AÇÃO DO CALOR 
Método mais utilizado para líquidos viscosos ou que 
contenham substâncias proteicas. O calor reduz a 
viscosidade do líquido, facilitando a sedimentação das 
partículas sólidas. No caso das proteínas, o calor 
desnatura essas substâncias, formando um coagulado 
que sedimenta mais rapidamente. 
POR AÇÃO DO CALOR APÓS A ADIÇÃO DE 
SUBSTÂNCIAS PROTEICAS 
A adição da albumina ou da clara de ovo auxilia o 
processo, pois, seguida da ação do calor, funciona 
como a primeira alternativa, coagulando a albumina e 
levando as demais substâncias a se depositarem no 
fundo do recipiente, o que facilita a separação. 
PELA AÇÃO DA GELATINA 
Muito utilizada nas concentrações de 1 a 2% em 
preparações ricas em taninos, a gelatina reage com 
essas substâncias, auxiliando sua precipitação. 
POR COAGULANTES SINTÉTICOS 
Funcionam como agentes floculantes. 
PELA AÇÃO DO LEITE 
O leite contém caseína, uma proteína que funciona 
com o mesmo princípio da albumina. 
Fonte: Prista, 1995 (adaptado) 
amos estudar, a seguir, os principais métodos de 
clarificação. 
Figura 22: Principais métodos de clarificação 
CENTRIFUGAÇÃO 
A centrifugação é uma operação farmacêutica de 
separação de sólidos de líquidos ou de líquidos 
imiscíveis, baseada na força centrífuga de substâncias 
de diferentes densidades, na qual uma delas deve 
obrigatoriamente ser um líquido. Esta técnica é muito 
útil nos casos em que não se pode utilizar a 
decantação, por exemplo, com coloides ou partículas 
de tamanho muito pequeno, menores que 1µm, em que 
a velocidade de sedimentação é muito lenta ou ausente 
(AULTON, 2005). 
Existem vários tipos de centrífugas, mas todos eles 
utilizam o mesmo princípio: substituir a força 
gravitacional pela força centrífuga para acelerar o 
processo de sedimentação (Figura 23). 
Essa força centrífuga é gerada por um rotor e 
depende de alguns fatores, tais como: 
 Raio; 
 Densidade do material; 
 Velocidade de rotação; 
 Tamanho das partículas; 
 Viscosidade. 
Figura 23: Tipos de centrífuga 
FILTRAÇÃO 
De todas as operações farmacêuticas estudadas até 
agora, é possível que a filtração seja a mais conhecida. 
É uma técnica muito utilizada não somente nos 
laboratórios de farmácia, mas também no dia a dia na 
casa das pessoas. Afinal, todos os dias, quando 
preparamos o nosso cafezinho, utilizamos a técnica de 
filtração. 
Trata-se de uma técnica bastante simples em escala 
pequena, mas que pode se tornar altamente complexa 
em escala industrial. 
A filtração é uma operação de separação de sólidos 
insolúveis em determinado fluido, que pode ser um 
líquido ou um gás, por meio da utilização de um 
material poroso com capacidade de reter o sólido e 
permitir a passagem do fluido. 
Existem algumas variações nos tipos de filtração; 
usaremos aqui o conceito de Aulton (2005), que utiliza 
dois tipos de filtração: 
1. Filtração sólido-fluido; 
2. Filtração fluido-fluido. 
FILTRAÇÃO SÓLIDO-FLUIDO 
Este tipo de filtração pode ainda ser divido em dois 
subtipos: filtração sólido-líquido e filtração sólido-gás. 
Filtração sólido-líquido: esta é a técnica mais utilizada na 
prática farmacêutica e apresenta inúmeras aplicações 
no setor. Veja, a seguir, as principais: 
 Clarificação do produto – melhoria da aparência 
das soluções, aspecto mais límpido; 
 Remoção das partículas que possam causar 
irritação; 
 Recuperação de um fármaco – recristalização; 
 Remoção de substâncias coloidais durante a 
extração de drogas vegetais; 
 Esterilização de produtos líquidos e 
semissólidos; 
 Detecção de microrganismos presentes em 
líquidos – estimar a eficiência dos conservantes. 
Figura 24: Filtração simples 
Filtração sólido-gás: esta técnica de filtração consiste na 
separação de poeira ou outros materiais particulados 
presentes em um fluido gasoso, ou seja, o ar (Figura 
24). Existem duas principais aplicações da filtração 
sólido/gás com maior interesse na indústria 
farmacêutica. São elas: 
 Remoção das partículas sólidas do ar para 
garantir o suprimento de ar com padrões de 
qualidade requeridos, tanto para equipamentos 
de processamento quanto para as áreas de 
produção; 
 Remoção de material particulado gerado 
durante o processo de produção para evitar o 
lançamento destes materiais na atmosfera. 
Figura 25: Filtros de ar utilizados para a filtração sólido-
gás 
FILTRAÇÃO FLUIDO-FLUIDO 
Esta técnica consiste na separação de duas substâncias 
líquidas, compostas por macropartículas, a partir da 
exclusão por tamanho ou adsorção. Pode ser líquido-
líquido ou líquido-gás. 
As filtrações líquido-gás já citadas têm a mesma 
finalidade das filtrações sólido-gás no caso de 
equipamentos que precisam garantir a qualidade do ar, 
livre de partículas sólidas e de gotículas de óleo ou água 
que possam contaminar a qualidade do ar que entra 
nesses equipamentos. 
FATORES QUE AFETAM A RAZÃO DE 
FILTRAÇÃO 
O processo de filtração de pequenos volumes é 
relativamente mais simples que um processo de 
filtração de grandes volumes. Mesmo assim, em ambos 
os métodos, uma velocidade de filtração 
suficientemente rápida e relativamente econômica para 
a escala industrial é o objetivo principal para a eficiência 
da filtração (AULTON, 2005). 
Alguns fatores interferem na velocidade de filtração e, 
para que possamos compreendê-los e discuti-los 
melhor, usaremos a equação de Darcy (Figura 26). 
A razão de filtração é o volume de material filtrado (V 
em m³) obtido por unidade de tempo (t em s): 
 
Portanto: 
 
Onde: 
 A = Área disponível para filtração (A, m2) 
 AP = Diferença de pressão (∆P, Pa) 
 η = Viscosidade do fluido (η, Pas) 
 L = Espessura do meio filtrante e qualquer 
depósito de material (L, m) 
 K = constante de proporcionalidade 
(permeabilidade do material e do meio filtrante) 
Figura 26: Equação de Darcy 
VEJA MAIS DETALHADAMENTE OS FATORES QUE 
AFETAM A VELOCIDADE DE FILTRAÇÃO OU RAZÃO 
DE FILTRAÇÃO. 
1 
A velocidade de filtração é a relação entre o volume a 
ser filtrado, em metros cúbicos, por unidade de tempo 
em segundos. 
 
2 
A velocidade de filtração é diretamente proporcional à 
área de filtração, ou seja, um aumento na superfície 
efetiva de filtração aumentará a velocidade de filtração. 
 
3 
A diferença de pressão entre o meio filtrante e o 
material a ser filtrado pode ser aumentada mediante a 
aplicação de vácuo. Um exemplo disso é o funil de 
Büchner associado a um frasco a vácuo. 
 
4 
A viscosidade do material a ser filtrado é inversamente 
proporcional à velocidade de filtração. Assim, quanto 
maior for a viscosidade, menor será a velocidade de 
filtração. Uma alternativa para este inconveniente é o 
aquecimento brando do material, quando possível, a fim 
de reduzir a viscosidade do filtrado. 
 
5 
A espessura do meio filtrante afetará a velocidade de 
filtração, uma vez que, quanto maiorfor a quantidade 
de material filtrado retido no meio filtrante, maior será a 
espessura do meio filtrante, o que reduzirá a velocidade 
de filtração. 
 
6 
A constante de proporcionalidade poderá ser 
aumentada através do crescimento da porosidade do 
meio filtrante ao material filtrado. 
 
FATORES QUE INTERFEREM NA SELEÇÃO DO 
FILTRO 
A velocidade de filtração é certamente o fator mais 
importante ao longo do processo de filtração. O 
segundo fator é a escolha correta do tipo de filtro. 
Vimos que um dos fatores que interferem na 
velocidade de filtração é a constante de 
proporcionalidade, que está relacionada à 
permeabilidade do material a ser filtrado com o meio 
filtrante. Um crescimento nessa relação afeta a 
constante e pode aumentar a velocidade de filtração. 
A ESCOLHA DO MEIO FILTRANTE É, PORTANTO, 
UM FATOR DECISIVO PARA O PROCESSO DE 
FILTRAÇÃO E DEVE OBSERVAR ALGUNS FATORES 
LISTADOS ABAIXO (AULTON, 2005). 
Escolha uma dos fatores a seguir. 
Fator 01 
A natureza química do produto, evitando interações 
agressivas entre o material filtrado e o meio filtrante; 
Fator 02 
O volume a ser filtrado e a velocidade de filtração 
necessária; 
Fator 03 
A pressão de operação necessária interfere na 
velocidade de filtração; 
Fator 04 
A quantidade de material a ser removido, podendo 
haver necessidade de utilizar pré-filtros; 
Fator 05 
O grau de filtração que determinará a porosidade do 
filtro; 
Etapa 06 
A viscosidade do produto e a temperatura de filtração. 
OPERAÇÕES MECÂNICAS DE DIVISÃO 
As operações mecânicas de divisão têm por objetivo 
reduzir, mecanicamente, os corpos sólidos a partículas 
ou fragmentos menores. De forma mais simples, sua 
finalidade é diminuir o tamanho das partículas. A principal 
técnica utilizada para isto é a pulverização (PRISTA, 
1995). 
Ao longo do estudo da Farmacotécnica, você 
conseguirá perceber a importância de conhecer e 
controlar o tamanho da partícula dos sólidos que 
compõem um medicamento e como isso interfere 
diretamente na eficácia de um medicamento. 
A Figura 27 apresenta o esquema completo das 
operações farmacêuticas de divisão mecânica de sólidos 
e líquidos. Vamos conhecer um pouco melhor as mais 
importantes. 
Figura 27: Esquema das operações mecânicas de 
divisão 
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OPERAÇÕES DE DIVISÃO DE LÍQUIDOS 
As operações mecânicas de divisão servem para sólidos 
e líquidos. Como a grande maioria das preparações 
farmacêuticas encontra-se na forma sólida, esta 
apresentação tem maior importância. As formas 
líquidas, todavia, podem ter suas gotículas reduzidas, 
formando o que chamamos de um sistema disperso. 
Esses sistemas podem apresentar-se de três formas: 
 Sistema sólido-líquido. Exemplo: suspensões; 
 Sistema líquido-líquido. Exemplo: emulsões; 
 Sistema sólido-gás ou líquido-gás. Exemplo: 
aerossóis. 
Conforme visto, a operação de divisão de líquidos pode 
gerar dois tipos de sistemas dispersos representados no 
setor farmacêuticos: as emulsões e os aerossóis 
(PRISTA, 1995). 
OPERAÇÕES DE DIVISÃO DE SÓLIDOS 
A principal operação de divisão de sólidos é 
a pulverização. Entretanto, nem sempre as matérias-
primas que dão origem aos fármacos podem passar 
diretamente por esse processo. Uma série de técnicas 
preliminares são necessárias a fim de preparar a 
matéria-prima para o processo de pulverização 
propriamente dito. Essas técnicas geralmente são mais 
aplicadas em matérias-primas de origem vegetal 
(PRISTA, 1995). 
Estudaremos algumas delas a seguir. 
Clique nas barras para ver as informações. 
TRIAGEM OU MONDA 
Toda a droga deve passar por uma triagem. Esta 
operação destina-se à separação das partes inúteis ou 
estranhas da droga. 
DIVISÃO GROSSEIRA 
Trata-se de uma técnica preliminar de fragmentação 
das drogas com o objetivo de auxiliar o processo de 
pulverização. 
Exemplos: secção, contusão, rasuração, granulação e ex
tinção. 
Conheça mais algumas das técnicas que podemos 
utilizar: 
Clique nas barras para ver as informações. 
SECAGEM 
Corresponde a uma das operações preliminares de 
divisão mais importante, que deve ser executada em 
substâncias com certo grau de umidade. Isso se faz 
necessário porque a umidade presente dificulta o 
processo de pulverização, gerando aderência dos 
materiais aos equipamentos. Esta operação será mais 
bem estudada nas operações físicas de transferência de 
calor. Exemplo: estufas de secagem e dessecadores. 
AMOLECIMENTO 
Esta técnica é utilizada para substâncias muito 
compactas ou com alta resistência. Deixa-se o material 
em contato com vapor d’água ou água por longo 
período e, em seguida, o material é seco. Exemplo: 
noz-vômica. 
ESTABILIZAÇÃO 
É uma operação que visa manter inalterável a 
composição química das drogas vegetais, melhorando 
sua conservação e estabilidade. Utiliza-se geralmente um 
processo de desnaturação enzimática, como o Método 
Bourquelot. 
Uma vez que a matéria-prima passou pelas etapas 
preliminares que auxiliam no processo principal, o 
material encontra-se pronto para a etapa de 
pulverização. É possível observar na Figura 27 certa 
variedade nos métodos de pulverização, como a 
pulverização por almofariz e a pulverização por 
moinhos. 
PULVERIZAÇÃO POR ALMOFARIZ 
O almofariz é mais conhecido atualmente por gral e 
pistilo (Figura 28). Trata-se de um utensílio 
universalmente utilizado nos laboratórios para pequenas 
escalas que pode ser considerado praticamente um 
símbolo da farmácia de manipulação. Existem vários 
tipos de grais e pistilos que variam quanto à forma e ao 
material, porém o mais conhecido é o de porcelana. A 
técnica de pulverização em almofarizes pode ser feita 
por meio de contusão ou trituração (PRISTA, 1995). 
Figura 28: Gral e pistilo de porcelana 
PULVERIZAÇÃO POR MOINHOS 
Existem no mercado uma enorme variedade de tipos 
de moinhos, mas, nesses casos, alguns modelos tendem 
a ser mais utilizados na prática farmacêutica. Os tipos de 
moinhos baseiam-se em seus princípios de 
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funcionamento, que podem ser observados na tabela a 
seguir. 
Princípio de 
funcionamento 
Descrição Moinhos 
Atrito Também 
conhecido 
por fricção. 
Pulverizam as 
substâncias 
por atrito ou 
fricção entre 
duas 
superfícies. 
Moinhos de 
mós, 
constituídos 
de pedras 
ou aço. 
Laminagem Possuem uma 
peça rolante 
pesada para 
esmagar o 
material. 
Moinhos de 
rolo. Cilindros 
metálicos. 
Impacto Exercem sua 
ação por 
impacto 
através de 
barras, facas 
ou martelos, 
que fazem o 
material colidir 
entre si e 
contra as 
paredes dos 
equipamentos. 
Moinhos de 
facas, 
martelo e 
bolas. 
 
A Figura 29 apresenta alguns desses moinhos para que 
você possa conhecê-los melhor. 
a) 
b) 
c) 
Figura 29: Principais modelos de moinhos: (a) moinho de 
bolas, (b) moinho de martelos e (c) moinho de pedras. 
Apesar de os moinhos dos tipos facas ou martelos 
serem largamente utilizados na indústria farmacêutica e 
em áreas afins, a preocupação e a necessidade da 
redução do tamanho das partículas dos fármacos 
requerem dimensões cada vez menores. Paralelamente, 
a evolução tecnológica das formas farmacêuticas para 
administração de medicamentos desenvolveu-se de tal 
maneira que exige a necessidade de micronização das 
partículas dos fármacos. Desta forma, atualmente, a 
utilização de micronizadores por ar comprimido (Figura 
30) tem se demonstrado mais eficiente em promover a 
divisão do fármaco e a calibração de suas partículas no 
tamanho desejado pela indústria farmacêutica 
(AULTON, 2005). 
Figura 30: Micronizadores industriais 
CLASSIFICAÇÃO DE PÓS – DETERMINAÇÃO DO 
GRAU DE TENUIDADE DOS PÓS 
Vimos, anteriormente, que a tamisação pode ser uma 
operação principal de separação, mas ela também 
pode ser uma operação acessóriaao processo de 
pulverização. 
Nesse caso, é conhecida como uma técnica de 
calibração de pós. Essa operação acessória é de grande 
importância para classificar o tamanho das partículas 
sólidas após o processo de pulverização (Figura 31) 
(PRISTA, 1995). 
Descrição dos pós Abertura 
nominal da 
malha do 
tamis 
Quantidade 
máxima retida 
Pó grosso 100% - 
1,70mm 
60% - 0,355mm 
Pó 
moderadamente 
grosso 
100% - 
0,71mm 
60% - 0,25mm 
Pó semifino 100% - 
0,355mm 
60% - 0,180mm 
Pó fino 100% - 
0,180mm 
--- 
Pó finíssimo 100% - 
0,125mm 
--- 
 
Embora seja uma técnica simples, de fácil operação e 
relativamente barata, a tamisação tem uma limitação de 
uso quanto ao tamanho das partículas, uma vez que 
existe a dificuldade de se fabricar tamises com abertura 
de malhas menores que 75µm. 
Entretanto, você pode observar, na Tabela 3, que, 
segundo a sexta edição da Farmacopeia Brasileira 
(2019), existem tamises de até 20µm. 
Na prática, porém, não é bem isso que acontece. 
Uma vez que o interesse em utilizar fármacos com 
tamanho de partícula cada vez mais reduzido vem 
aumentando, a utilização da técnica de tamisação por 
distribuição acumulativa tem se tornado cada vez mais 
obsoleta e descartada. 
Atualmente, técnicas mais rápidas e modernas têm sido 
utilizadas para a classificação dos pós, principalmente 
para aqueles que precisem ser micronizados, com 
partículas muito finas (< 20µm), que não podem ser 
classificadas pelos tamises. Essas técnicas requerem 
equipamentos mais sofisticados, de alta tecnologia, que 
utilizam a dispersão dos pós para a determinação da 
granulometria. Esses métodos são mais conhecidos 
como caracterização de partículas sólidas por dispersão 
de luz. 
É possível encontrarmos equipamentos que realizem a 
determinação do grau de tenuidade dos pós por quatro 
técnicas distintas (Figura 32): 
 Peneirador; 
 Difração a laser; 
 Análise dinâmica de imagem; 
 Espalhamento dinâmico de luz; 
Figura 32: Principais técnicas de determinação da 
granulometria dos pós 
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OPERAÇÕES FÍSICAS QUE ENVOLVAM 
TRANSFERÊNCIA DE FRIO OU CALOR 
Estudamos até o momento uma série de operações 
farmacêuticas que nos auxiliam na fabricação dos 
medicamentos. Todavia, essas técnicas abordadas não 
interferiam nem modificavam o estado físico das 
substâncias. 
A partir de agora, iniciaremos o estudo das operações 
farmacêuticas físicas que alteram de forma transitória 
ou permanente o estado físico das substâncias, sem 
modificarem, porém, a sua composição química (Figura 
33). 
Uma vez que essas operações podem se tornar 
bastante complexas e são aplicadas nas mais diversas 
áreas da engenharia, envolvendo muitos parâmetros 
físicos, citaremos todas elas, mas nos aprofundaremos 
apenas naquelas que possuem maior importância no 
segmento farmacêutico. Essas operações, geralmente, 
exigem a intervenção ou transferência de frio ou calor 
(Quadro 4) (PRISTA, 1995). 
Figura 33: Esquema das operações físicas por 
transferências de frio ou calor 
Observe ainda, no quadro 4, as operações físicas de 
transferência de frio ou calor. 
Quadro 4: Operações físicas de transferência de frio ou 
calor 
1. Refrigeração 
2. Evaporação 
3. Secagem 
4. Liofilização 
5. Sublimação 
6. Torrefação 
7. Carbonização 
8. Calcinação 
9. Cristalização 
10. Fusão 
11. Destilação 
REFRIGERAÇÃO 
Esta técnica consiste em diminuir a temperatura de 
uma substância ou um produto e é largamente 
difundida nos mais diversos laboratórios (PRISTA, 1995). 
Pode ser utilizada para diversas aplicações, tais como: 
 Conservação de medicamentos ou agentes 
biológicos (geladeira ou refrigerador); 
 Condensação de vapores (condensadores 
simples ou fracionados); 
 Secagem pelo frio (liofilização); 
 Resfriamento de reações exotérmicas (banho 
de gelo); 
 Aumento da solubilidade dos gases na água 
(banho de gelo ou geladeira). 
Existem muitas técnicas para o processo de 
refrigeração que podem utilizar água, ar ou gelo ou 
ainda as misturas frigoríficas. 
EVAPORAÇÃO 
Esta técnica é utilizada, principalmente, quando se 
deseja concentrar uma solução, como ocorre com a 
obtenção de extratos de origem vegetal. Uma 
alternativa interessante é utilizar pressão reduzida no 
sistema, pois, dessa forma, o líquido entrará em 
ebulição em uma temperatura menor, protegendo 
drogas mais sensíveis à temperatura (Figura 34). 
Figura 34: Rota-evaporador 
SECAGEM 
Dentre as operações físicas por transferência de calor, 
a secagem é, provavelmente, a mais utilizada para as 
preparações sólidas. Esta técnica consiste na retirada da 
umidade presente nas partículas sólidas de pós e 
grânulos. Isso se faz necessário, pois esta umidade 
interfere diretamente no fluxo e na compactação dos 
pós durante a fabricação de cápsulas e comprimidos, 
por exemplo. 
Observe alguns dos métodos de secagem mais 
utilizados: 
DESSECADOR 
Para pequenas escalas, é comum proceder a secagem 
em temperatura ambiente seguida de armazenamento 
em dessecadores, os quais utilizam substâncias 
higroscópicas, como a sílica, para absorver a umidade 
(Figura 35). 
Figura 35: Dessecador 
SECAGEM POR AR QUENTE 
Este é o tipo de processo mais comum. A secagem 
por ar quente utiliza dois princípios diferentes: as 
estufas de secagem e os leitos fluidizados. A grande 
diferença entre eles está na movimentação do ar 
quente pelo equipamento (Figura 36). 
Enquanto na estufa a troca de calor ocorre por 
convecção estática e o ar quente circula entre as 
prateleiras nas quais estão distribuídos o material a ser 
seco, nos secadores do tipo leitos fluidizados, essa troca 
de calor ocorre por convecção dinâmica através da 
fluidização dos pós. Esta última, portanto, é uma técnica 
muito mais rápida que a primeira, embora dependa de 
alto investimento para a obtenção dos equipamentos 
(AULTON, 2005). 
Existem ainda outras técnicas de secagem, como por 
radiação e por aspersão, porém menos aplicadas nos 
processos farmacêuticos. 
Figura 36: Estufas de secagem 
LIOFILIZAÇÃO 
O processo de liofilização consiste em uma técnica de 
secagem por congelamento que visa a secagem de 
substâncias sensíveis ao calor, como, por exemplo, 
proteínas, enzimas e substâncias biológicas. Nesta 
técnica, a secagem ocorre, em primeiro lugar, através 
do congelamento da água presente no material, seguida 
por sua sublimação, sem que ela retorne ao seu estado 
líquido (AULTON, 2005). É muito utilizada pela indústria 
alimentícia. A grande desvantagem do uso da liofilização 
é o alto custo operacional e seu baixo rendimento, o 
que faz com que sua aplicação seja restrita às grandes 
indústrias farmacêuticas (Figura 37). 
Figura 37: Liofilizadores. 
CRISTALIZAÇÃO 
Esta técnica é mais utilizada na indústria farmoquímica 
para a síntese de fármacos. A cristalização tem como 
principal objetivo a purificação das substâncias. Está 
baseada na diferença de solubilidade entre os solventes. 
Trata-se de um processo relativamente complexo e 
que depende das características físico-químicas entre 
sólidos e líquidos (PRISTA, 1995).

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