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IMAGEM E CONSTRUÇÃO SOCIAL AULA 3 Prof.ª Sionelly Leite da Silva Lucena CONVERSA INICIAL Hoje, vamos discutir a evolução tecnológica – e social – da fotografia, além de alguns princípios técnicos que tornam a captura e o desenho pela luz possível. Para isso, você deverá se familiarizar com alguns nomes, como ISO, obturador e diafragma, o que chamamos de tríade básica da operação da câmera fotográfica. Sem os ajustes corretos desses recursos, sua fotografia poderá ficar superexposta “estourar” – como chamamos quando entra luz em excesso no sensor da câmera – ou subexposta – escura, ou seja, sem brilho e luz. Começaremos nossa aula apontando alguns aspectos da trajetória evolutiva da captura fotográfica, e os efeitos repercutidos no olhar do século XIX, tendo em vista a expansão e massificação do equipamento fotográfico. Em seguida, vamos analisar composição, enquadramento, a tríade básica e iluminação básica. Pronto para conhecer mais sobre fotografia? CONTEXTUALIZANDO Fotografia é ponte entre o passado e o presente e, nesse traço de construção, é importante o domínio técnico e a consciência das escolhas no momento do click. Os fundamentos básicos da fotografia estão baseados no controle da luz que pode ser feito por, no mínimo, três ajustes diferentes: ISO, diafragma e obturador – o que chamamos de tríade básica da fotografia. Vamos entender como esses processos somados são importantes para a construção da fotografia? Pesquisa Confira os temas que serão tratados nesta aula: 1. A idade da luz: a história da câmara escura 2. Técnica fotográfica 1: composição e enquadramento 3. Técnica fotográfica 2: ISO, obturador e diafragma 4. Técnica fotográfica 3: foco e white balance 5. Técnica fotográfica 4: iluminação TEMA 1 – A IDADE DA LUZ: A HISTÓRIA DA CÂMARA ESCURA Em plena era vitoriana (1838 a 1901), no século da expansão de diversos meios e auge das transformações da sociedade, vieram as máquinas a vapor, as estradas de ferro, o telégrafo, as comunicações e também nascia a fotografia. O primeiro registro fotográfico da história – a primeira fotografia permanente do mundo – foi um registro do francês Joseph Nicéphore Niépce (1765 – 1833), em 1826 ou 1827, em uma experiência batizada como heliografia, processo que faz gravação da imagem com a luz do sol. Foram exigidas cerca de oito horas de exposição para fixar a paisagem vista da janela da oficina de Niépce, e, como dá para ver na Figura 1, a qualidade era baixíssima. Figura 1 – Considerada a primeira fotografia da história, imagem fixa em processo de heliografia Crédito: Joseph Nicéphore Niépce/CC/DP. Sabemos que a fotografia, como invenção, não teve um único nome, nem surgiu do dia para a noite. Ela é uma síntese de descobertas físicas e químicas que vão da Antiguidade aos tempos contemporâneos, até a chegada a essa foto de Niépce. Para citar alguns nomes, temos: • Aristóteles (384-322 a.C.), que observou a qualidade de projeção da imagem do sol em um eclipse parcial, imagem que se projetava no chão, ao passar através de um furo em uma folha de árvore. Isso daria início aos estudos do diagrafma, componente importante para captura da luz. Em seus registros, há o primeiro apontamento para a câmara escura: uma caixa vedada à luz em que ele observou que, se for colocado algum objeto/cena em frente a ela, na parede oposta ao furo da caixa, será projetada uma imagem menor e invertida, refletindo o objeto. • Leonardo da Vinci (1452 – 1519) : além do filósofo grego, outro importante nome que utilizava a câmara escura para projeção em seus desenhos foi o pintor italiano. Há também apontamentos e notas do pintor sobre seus experimentos com a câmara escura. Figura 2 – Câmara escura: a imagem é observada menor e invertida Crédito: CC/DP. • William Henry Fox Talbot (1800 – 1877): em experimentações químicas, na tentativa de fixar a imagem, o inglês desenvolveu o sistema positivo e negativo da fixação da imagem, batizado de calotipo, o que permitia a duplicação da imagem em larga escala. Outro grande nome é o do francês Louis Jacques Mandé Daguerre (1781 – 1851), que batizou sua invenção como daguerreótipo, embora os experimentos tivessem sido trabalhados junto a Niépce. Criado em 1837, o daguerreotipo, fabricado por Alphonse Giroux, foi o primeiro equipamento fotográfico produzido em escala comercial. Apresentado publicamente em 1839, na França, país que havia financiado Daguerre em seus experimentos. No mesmo ano, o governo francês declarou o invento como domínio público. Com o daguerreótipo, é acelerado o tempo de exposição, possibilitando a produção de retratos mais rápidos – antes, pela longa exposição, o fotografado precisava ficar imobilizado por minutos, às vezes com a ajuda de um aparato de ferro que o prendia na cintura, alinhava o tronco e segurava a cabeça, para não “borrar” a foto. Tudo para a fotografia não sair tremida, devido ao longo tempo de exposição. Para que toda essa estrutura não aparecesse, o cenário era disfarçado com cortinas, os modelos vestiam roupas volumosas, e outros elementos na composição da foto, para remeter à naturalidade. Já os olhos, que não ficam imóveis por muito tempo, precisavam ser retocados à mão, normalmente com lápis nanquim. Como os primeiros retratistas eram pintores, eles sabiam muito bem o trabalho a ser feito. No Brasil, o pioneiro da fotografia foi Antoine Hercule Romuald Florence (1804 – 1879). Em 1832, começou a investigar as possibilidades de fixação da imagem, por meio da câmara escura e experiências fotoquímicas, o que dá origem a imagens que ele batiza de photographie, em 1833. Foi com as objetivas desenvolvidas por Joseph Maximilian Petzval (1807 – 1891), 16 vezes mais luminosas, que o tempo de exposição cairia de 15 minutos para algo em torno de 30 segundos. Com o processo mais rápido, a partir de 1842, foram abertos os primeiros estúdios fotográficos especializados em retratos, que foram um sucesso. A sociedade posava para ser mostrada em suas organizações sociais e políticas, como já aconteciam com as pinturas, só que bem mais rápido do que posar para um quadro. Aliás, os primeiros retratos, pagos pela alta classe burguesa da França, quase sempre buscavam referências de pose, luz e composição na pintura – esta, que marca o início das artes visuais, assim como parte da linguagem da fotografia. A partir da câmera de filme 35mm (milímetros), lançada em 1888, desenvolvida por George Eastman, a fotografia se torna mais acessível, mais barata e de fácil manuseio. Surge também a fotografia instantânea, lançada em 1948 por Edwin Land. Esse tipo de fotografia/câmera ficou conhecida como Polaroid. A tecnologia digital, por sua vez, produziu as primeiras imagens em 1965 e foi comercializada a partir de 1981, sendo considerado um ponto de ascensão da fotografia, estando cada vez mais acessível, ágil e sofisticada. Cada vez menores, os equipamentos estão também cada vez mais rápidos, tanto no processo de captura quanto no de compartilhamento com outras pessoas. Acessível na palma das mãos, nos celulares, smartphones e tablets, o registro fotográfico – do ponto de vista técnico – está cada vez mais simples, bastando um toque do indicador na tela do aparelho, e a imagem está pronta para ser compartilhada em redes sociais que reúnem milhões de pessoas do mundo inteiro. Mas é preciso pensar também na evolução do olhar, numa busca pela compreensão e apreciação das cenas do mundo. O “velho” álbum fotográfico se transforma. Armazenando lembranças, antes, abertas em encontros familiares e/ou com amigos mais próximos, que se acomodavam à sala de estar, rodeando as fotos e suas respectivas histórias; atualmente, essesregistros vão parar facilmente em computadores e outros aparelhos, acessíveis a quase todos que queiram ver e até participar de comentários e recados. Assim, seja um recorte de um fato noticioso, uma contemplação de uma paisagem, um registro documental, a fotografia narra uma parte da história e acomoda valores, participando da construção social e histórica, mediando conhecimento e informação, como também entretenimento e prazer, tragédias e ciência. TEMA 2 – TÉCNICA FOTOGRÁFICA 1: COMPOSIÇÃO E ENQUADRAMENTO Um dos atributos da técnica fotográfica é o recorte, ou seja, o espaço que será demarcado como a área fotográfica, cobrindo o assunto selecionado para compor a imagem. Nessa escolha, há dois aspectos a ser considerados: composição e enquadramento. Vamos começar relembrando esses aspectos, que foram citados nas possibilidades técnicas e estéticas da imagem. Relembrando, portanto: composição: é a forma como os elementos da imagem são dispostos, distribuídos dentro do frame; enquadramento: é o recorte do quadro, que pode ser na vertical, na horizontal ou na diagonal. Nas possibilidades de escolhas para esses pontos, a imagem surtirá efeitos diversos, já que a imagem tem sua linguagem, recepção, significação, contexto etc., que lhe são próprios. Vamos exemplificar isso fazendo algumas análises fotográficas. Figura 3 – Exemplo de composição Créditos: Orla/Shutterstock. Na Figura 3, vemos três velas acesas em um recipiente. O fundo e a superfície têm aspecto liso e brilhoso, trazendo o efeito de reflexo de patê de uma das velas. Sobre a composição da imagem, pode-se destacar o posicionamento dos elementos, que estão mais à direita da imagem; todos estão postos de forma harmônica e sem desproporções geométricas ou de textura. O enquadramento foi tomado em linha reta, ou seja, em frente aos elementos, na horizontal, para dar uma sensação de prolongamento dos objetos, principalmente ao recipiente onde se encontram as velas. Já na Figura 4, temos um buquê de flores no centro da imagem. A fotografia foi tomada, assim como a Figura 3, também na horizontal, dessa vez, aproveitando as laterais do ambiente, com as flores e cores, que se destacam ao contornar a imagem. A tomada foi de baixo, com a câmera posicionada quase no chão, para enfatizar o elemento principal no primeiro plano. Figura 4 – Exemplo de enquadramento Créditos: Photosite/Shutterstock. Uma boa dica para composição e enquadramento é a regra dos terços, que consiste em dividir a cena/elementos da imagem em duas linhas horizontais e duas linhas verticais. Os quatro pontos de interseção nessas quatro linhas são os pontos onde os nossos olhos concentram maior atenção. Em muitos casos, o ideal é manter o assunto principal em algum desses pontos, o que chamará mais a atenção, ou seja, centralizar o elemento da foto não significa uma foto mais equilibrada. Esse recurso não é privilégio das câmeras fotográficas, hoje em dia, celulares vêm com essas linhas no visor, para ajudar na hora do clique. Confira a figura 5 a seguir: Figura 5 – Exemplo do uso da regra dos terços Créditos: Preto Perola/Shutterstock. TEMA 3 – TÉCNICA FOTOGRÁFICA 2: ISO, OBTURADOR E DIAFRAGMA Para se trabalhar a técnica fotográfica no modo manual do equipamento, há que se entender o que pode ser chamado de tríade básica, que seria o controle de luz pelo uso do obturador, do diafragma e do ISO. O controle desses três pontos técnicos permite o controle da exposição do sensor/filme à luz, e assim, portanto, a quantidade necessária de luz para fixar a imagem na superfície exposta. Se exposta a muita luz, dizemos que a fotografia foi superexposta e, caso a exposição à luz seja insuficiente, dizemos que a imagem foi subexposta. Subexposta Superexposta ------------------------------------------ Luz ++++++++++++++++++++++++++ Mas para entender o controle e a dosagem de luz necessária para a formação da imagem no sensor/filme, partimos, então, para o estudo da tríade básica, que equilibra e dosa a luz: Obturador: é equivalente a uma janela que abre e fecha, a partir do comando em que se programa o tempo de abertura dessa janela. Pode-se expor o sensor/filme a um tempo mais longo ou mais curto de exposição, alternando a dosagem de luz e a velocidade com que o registro será capturado. Junto ao diafragma, o obturador compõe os olhos da câmera. Conforme visto nas possibilidades técnicas e estéticas da imagem, podemos ter: a) velocidade alta, o que congela os elementos que estão em movimento diante da câmera; e b) velocidade baixa, que, por sua vez, borra os elementos que se movem. Diafragma: é uma estrutura da lente formada por várias lâminas metálicas que regulam a entrada de luz, assim como se comporta a íris do olho humano. A abertura é medida em um valor numérico, o f/stop, sempre antecedido por um “f/” (f/2, f/5.6, f/16, por exemplo). A abertura se refere à profundidade de campo e à nitidez da imagem, no que se concentra a abertura do diagrama, que são hastes que se fecham em formato de espiral. Quando se ajusta o f/stop, está se aplicando o tamanho da abertura dele, que pode variar entre a abertura máxima, que é 1, e a mínima, que varia de equipamento para equipamento, mas geralmente vai de 22 a 44. Fonte: <http://www.rupestreweb.info/fotografiaarterupestre.html>. ISO: o ISO, antes chamado de ASA, por sua vez, refere-se à sensibilidade da exposição do sensor/filme. Quanto maior a sensibilidade, mais luz será recebida pelo sensor/filme. Para esse ajuste, é indicado para lugares que possuam pouca luminosidade, como algumas ruas à noite, ou ambientes fechados. Já a menor sensibilidade é indicada para lugares muito luminosos, ou para que a imagem não possua seu “grão” ampliado. Para entender esses três conceitos técnicos aplicados, vamos analisar as imagens a seguir: Figura 6 – Exemplo de uso da luz do sol Créditos: VRstudio/Shutterstock. Na Figura 6, temos uma cena de praia – há identificação pelo mar, pela areia e pelo céu. Percebe-se que a imagem foi registrada no pôr do sol, portanto, a luz é quase escassa. Para que a foto saia nos ajustes perfeitos (o que é relativo, claro), é necessário que a exposição se dê no controle do diafragma e a velocidade mais alta do obturador. Aqui, a prioridade técnica foi aplicada no obturador e no diafragma, o que se nota pelas nuvens que não perderam seu formato, e no movimento do mar, congelado, com ondas estáticas e nítidas. E mais: houve equilíbrio do diafragma, que está mais fechado, como se vê pela profundidade de campo e a não granulação, mostrando que o ISO está baixo, ou a câmera não granula em condições altas do ISO. Figura 7 – Exemplo de efeito a partir do controle de luz Créditos: Kirayonak Yuliya/Shutterstock. Já na Figura 7, temos uma cena urbana: dezenas de pessoas andando numa rua e no centro da imagem um corredor, ou parte da rua/calçada. A técnica utilizada aqui é oposta à da Figura 6. O diafragma está aberto, provocando desfoque em grande parte da imagem. Já o obturador está com velocidade alta, garantindo o congelamento das pessoas que andam na rua. O ISO não pode ser calculado a olho nu, sem os dados da imagem. Saiba mais Aprenda mais sobre esses assuntos lendo o artigo indicado “A insustentável leveza do clique fotográfico”. Acesse o link: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/view File/1465/1211>. Acesso em: 11 dez. 2019. TEMA 4 – TÉCNICA FOTOGRÁFICA 3: FOCO E WHITE BALANCE Outros dois pontos importantes da técnica fotográfica são o controle do foco e do balanço de branco (white balance). O ajuste do foco se refere basicamenteà profundidade de campo, ou seja, a medida que o foco pode alcançar o objeto, pode ser parcial ou completo. Por exemplo, como visto em outra aula, se o fotógrafo quiser restringir o foco a uma pequena parte do elemento, ele vai utilizar uma técnica específica para transmitir tal sensação, nos ajustes do foco e do diafragma. Observe as seguintes imagens: Figura 8 – Exemplo de pouca prpfundidade de campo Créditos: Dark Moon Pictures/Shutterstock. A captura, sendo registrada com pouca profundidade de campo trará um efeito de desfoque, como na Figura 8. Figura 9 – Exemplo de muita profundidade de campo Créditos: Filip Fuxa/Shutterstock. Se o fotógrafo quiser capturar um elemento completamente focado, ele deverá articular uma grande profundidade de campo. É o caso da Figura 9. Figura 10 – Exemplo de pouca profundidade de campo Créditos: Taras-studio/Shutterstock. Nos retratos, para destacar a pessoa, foque nos olhos e utilize uma grande abertura para diminuir a profundidade de campo e obter o efeito “fundo desfocado”, como na Figura 10. Note que a pessoa em primeiro plano está nítida na imagem, graças ao foco. Figura 11 – Exemplo de muita profundidade de campo Créditos: Gaspar Janos/Shutterstock. Para trazer a sensação de profundidade, deve-se optar pelo diafragma mais fechado, caso a condição de luz seja favorável, como é o caso da Figura 11. Com isso, deve-se compensar a pouca entrada de luz do diafragma com a velocidade média de tempo de abertura do obturador, ou ainda da elevação da sensibilidade ISO. Lembrando que, é claro, tudo depende da condição de luz do ambiente. Saiba mais Foco infinito: com esse foco, garantimos que todos os elementos da composição da imagem fiquem nítidos, a partir de uma distância mínima, indicada no manual do equipamento. Recomenda-se o foco infinito para fotografar a lua, fogos de artifício, estrelas e outras cenas noturnas difíceis de focar manualmente. Já o balanço de branco ou white balance (WB) seria um processo de remoção de cores não reais e se refere a um ajuste que a câmera interpreta a luz do ambiente. O WB age de modo a tornar brancos os objetos que aparentam ser brancos para os nossos olhos, já que eles são muito bem treinados para julgar o que é branco em diferentes situações de luz, o que normalmente não acontece nas câmeras digitais. O balanço de branco correto deve calcular a "temperatura de cor" de uma fonte de luz. Para entender esse processo, precisamos analisar as diferentes temperaturas (medidas em Kelvin) e cores da luz. Veja na tabela a seguir. Basicamente, as cores são divididas em frias e quentes, sendo as primeiras mais azuladas e as segundas mais puxadas para o vermelho. Quando se fala em “bater o branco”, quer dizer que estamos mostrando para a câmera qual é o objeto branco naquela cena, para que, com esse cálculo, ela possa dosar as demais cores corretamente. Desta maneira, podemos deixar as cores da imagem o mais próximo possível do que vemos a olho nu. Caso se opte pelo balanço de branco automático, a câmera faz esse cálculo sozinha. Isso pode ser uma desvantagem quando acaba ocasionando um cálculo errado da temperatura da cor, e assim a imagem fica muito amarelada ou muito azulada, deixando a imagem muito fria ou muito quente. As cores da imagem podem ficar tão diferentes do real que acabarão com, vamos dizer assim, a magia do realismo fotográfico. A não ser que a intenção do fotógrafo seja mesmo a de provocar a distorção das cores do ambiente. Vamos analisar as imagens a seguir para entender esse processo. Figura 12 – Fotografia com temperatura quente, mais avermelhada Créditos: Canadastock/Shutterstock. Figura 13 – Fotografia com temperatura fria, mais azulada Créditos: Vgstockstudio/Shutterstock. TEMA 5 – TÉCNICA FOTOGRÁFICA 4: ILUMINAÇÃO A luz é a principal fonte de criação técnica da fotografia, pois sem luz não há estímulo visual nem fixação da imagem. A iluminação pode evidenciar um elemento, destacando-o dos demais, como também pode alterar sua conotação. A princípio, quando se pensa na iluminação, a fotografia desperta beleza e realismo quando a luz está bem dosada, seja ao conduzir a luz de forma que lembre o objeto/a cena de forma natural a olho nu, sem aberrações e efeitos especiais de luz; ou, ao contrário, com uma luz especial, diferente, como se fosse um flagrante poético, como na imagem a seguir. Figura 14 – Exemplo de fotografia com desfoque em primeiro plano Créditos: Nina Buday/Shutterstock. Na imagem acima (Figura 14), identificamos o lugar e a cena. Se trata de uma mulher em um restaurante, em almoço ou jantar. A luz do lugar é soft, ou seja, é suave, sem trazer uma sombra muito dura ou marcante aos elementos de cena ou à personagem. A luz parece ser de janela, natural, mas pode ser uma simulação de luz de janela, para causar tal sensação, apenas. Todos os elementos estão bem iluminados, do guardanapo ao lado inferior esquerdo, ao rosto da personagem, que tem uma sombra mais ao lado esquerdo do rosto (direito da imagem), o que nos leva a crer que há luz vindo apenas do lado oposto, o esquerdo. Ao entrar em cena, a luz conduz a fixação da imagem ao sensor/filme. Como visto na aula passada, se dosada excessivamente, a fotografia ficará superexposta e, se for escassa, a fotografia estará subexposta. Isso não quer dizer que só exista uma única possibilidade de luz para uma cena. Há diferentes formas, gostos e estilos de se “fazer a luz”, como diz o jargão fotográfico. Isso varia do olhar de um profissional para outro. Há quem, inclusive, faça trabalhos que revelem um cuidado especial com a luz, como parte de sua linguagem, de forma a exaltá-la como elemento diferencial. É o que vemos na figura 15, onde há pouca luz, mas o contorno do corpo realça devido ao fundo escuro. Figura 15 – Exemplo de fotografia com pouca luz Créditos: Aleksander Hunta/Shutterstock. A luz pode ser natural, com o sol brilhante, céu limpo; soar diferenças quando o sol está alto ou está baixo; a sensível luz do céu, da luz, as estrelas; o aproveitamento do céu nublado; as especificidades do nevoeiro, neblina e poeira etc. A luz pode ser também artificial, com os postes das ruas, a iluminação de estádios, casas, hospitais, interiores, elemento de decoração, a luz destaca e faz ver no escuro. Evidencia, forma e informa. A luz é a matéria-prima e pode ser usada não apenas como fonte de criação, mas também como diferencial criativo. Um exemplo do uso de luz artificial são as fotografias em estúdio que permitem um maior controle da qualidade, da precisão e duração da luz. Há diversos equipamentos e acessórios, entre eles, luzes contínuas e flashes, em diferentes dosagens, possíveis de serem posicionados em diferentes ângulos e medidas, surtindo efeitos controláveis e esperados. TROCANDO IDEIAS Percebeu como a construção fotográfica tem seus caprichos? Não é apenas um click, ou um simples recorte tomado no automático. Uma mesma cena pode ser revelada de diversas formas, a depender dos ajustes e gosto do fotógrafo, além, é claro, das condições de luz do ambiente fotográfico. Agora, que tal testar esses ajustes em uma câmera? NA PRÁTICA Agora que você conhece um pouco mais do funcionamento da câmera, que tal fotografar? Busque uma câmera (muitos celulares também permitem tais comandos) que permita manuseio em modo manual e faça fotografias do que preferir, buscando o ajuste correto e as compensações do ISO, do obturador e do diafragma. FINALIZANDO Vimos nestaaula que a história da fotografia é longa e possui diversos nomes que contribuíram para que conhecêssemos a imagem tal como ela é. A técnica e sua evolução, por sua vez, trouxeram agilidade do manuseio e captura, além do que permitiram que cada vez mais imagens fossem registradas, mostrando e revelando recortes do mundo. REFERÊNCIAS HEDGECOE, J. O novo manual de fotografia. São Paulo: SENAC, 2005. PERSICHETTI, S. Imagens da fotografia brasileira. 2. ed. São Paulo: Estação Liberdade: SENAC São Paulo, 2000. v. 1. TRIGO, T. Equipamento fotográfico: teoria e prática. São Paulo: SENAC São Paulo, 2005.
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