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TCC- PSR e Seguridade Social

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Lucinéia Barbosa da Fonseca, Ricardo Lourenço dos Reis,
Valéria Aparecida de Oliveira Ferreira, Vanessa da Cruz Moreira.
POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA E O ACESSO AOS DIREITOS DA SEGURIDADE SOCIAL BRASILEIRA.
Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Serviço Social do Centro Universitário UNA.
Professor Orientador: Rosane Pilar Diegues. 
BELO HORIZONTE- MG
2021.
Ilustração Da Capa.
Imagem 1-Foto: Alan White, pessoas em situação de rua dormindo debaixo de um viaduto.
Imagem2-Foto: Jonathan Kho, pessoa em situação de rua.
Lista De Abreviaturas E Siglas.
PSR-População em Situação de Rua 
MNPR- Movimento Nacional da População em Situação de Rua
CFESS-Conselho Federal de Serviço Social 
SUS-Sistema Único de Saúde 
SUAS-Sistema Único de Assistência Social 
INSS-Instituto Nacional do Seguro Social 
LOAS-Lei Orgânica da Assistência Social 
Palavra-chave: Seguridade Social, Políticas Sociais, Direito, População Em Situação De Rua, Previdência Social, Saúde, Assistência Social, Estado.
	Sumário	
INTRODUÇÃO.	4
METODOLOGIA	5
1.A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL	6
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA E OS ASPECTOS DA VIVÊNCIA NAS RUAS E AS VIOLAÇÕES DE DIREITOS DA PSR.	6
2.A SEGURIDADE SOCIAL	12
2.1 ORIGEM, INFLUÊNCIA E IMPLEMENTAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL.	12
2.2 SEGURIDADE SOCIAL, PARA QUEM?	15
3. SEGURIDADE SOCIAL PARA A POPULAÇÃO DE RUA	18
3.1 O ACESSO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NA POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL BRASILEIRA.	18
3.2 O POSICIONAMENTO DO ESTADO E INTERVENÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL DIANTE DA GARANTIA DOS DIREITOS DA PSR NA SEGURIDADE SOCIAL.	24
CONCLUSÃO.	30
REFERENCIAS	32
ANEXO	34
INTRODUÇÃO. 
 É na observação das relações econômicas, políticas, sociais e culturais que rodeiam nosso cotidiano que percebemos grupos populacionais que não estão sob os mesmos acessos de condições de sobrevivência dentro das estruturas que formam a sociedade brasileira. A pessoa em situação de rua se torna parte de um grande grupo que está inserido em uma realidade perversa de desigualdade social , ocasionadas pelo neoliberalismo que norteia como a política, economia, cultura e interação social vão se estabelecer, expondo uma contradição entre as vivências dessa população e os dispostos em lei instituído pelo Estado como: 
A Constituição Federal (CF) elenca, em seu art. 1º, III, a dignidade da pessoa humana como fundamento da República Federativa do Brasil e, em seu artigo 3º, III, a erradicação da pobreza e da marginalização e a redução das desigualdades sociais e regionais como objetivos da República. Destes dois princípios decorre a noção de “mínimo existencial”, que reúne todo o conjunto de fatores e direitos que são condições para uma existência digna (CNPM, 2015 p.13) 
A População em Situação de Rua (PSR) tem sido estigmatizada pela aparência, higiene pessoal, condições de saúde ou por qualquer outra forma que reforce o preconceito e a discriminação, tem sido culpabilizada pelas condições de sobrevivência que é encontrada, sendo exigido da pessoa em situação de rua um rompimento, independente dos vínculos criados com a situação de rua, prejudicando o acesso a políticas públicas e a possibilidade de saída da rua quando é desejo do indivíduo (CNPM, 2015). 
A condição de rua é envolvida por múltiplas realidades, o que dificulta a formação de conceitos unidimensionais, mas expressa condições coincidentes de pobreza extrema, vínculos familiares interrompidos e falta de moradia convencional, considerando esses aspectos e outros que estão esmiuçados na decorrência desse texto, pode-se questionar o posicionamento do Estado na garantia do mínimo, a existência de determinados preceitos constitucionais e compreendido segundo ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNPM) como: 
“mínimo existencial”(CF, art. 1º, III, e art. 3º, III), compreende um complexo de prerrogativas cuja concretização revela-se capaz de garantir condições adequadas de existência digna, em ordem a assegurar, à pessoa, acesso efetivo ao direito geral de liberdade e, também, a prestações positivas originárias do Estado, viabilizadoras da plena fruição de direitos sociais básicos, tais como o direito à educação, o direito à proteção integral da criança e do adolescente, o direito à saúde, o direito à assistência social, o direito à moradia, o direito à alimentação e o direito à segurança(CNPM,2015 p.13). 
O mínimo necessário para a subsistência da População em Situação de Rua pode ser alcançado através dos direitos da Seguridade Social brasileira que propõe Previdência Social, Saúde e Assistência Social, sendo oferecida segundo a constituição do país a todo cidadão brasileiro, de acordo com as condicionalidades de acesso a esses direitos (CNPM, 2015). 
A proposta desse estudo é apresentar a População em Situação de Rua nas suas diversas condições de sobrevivência, mostrar as influências econômicas sobre a qual a Seguridade Social se formou e se estabeleceu no Brasil, expor quem tem e como se dá o acesso aos serviços e benefícios da mesma, falar sobre o posicionamento do Estado diante das necessidades e direitos da pessoa em situação de rua, mostrar a importância da Seguridade Social enquanto política pública e como via de acesso da PSR as políticas de seguridade. Este trabalho foi estruturado em três capítulos para facilitar o entendimento e a leitura. No primeiro capítulo apresentamos a definição da PSR, contextualização histórica, aspectos de suas vivências nas ruas e os impactos das violações de direitos que sofrem constantemente. O segundo capítulo traz uma explanação sobre a Seguridade Social, como foi implantada no Brasil sua origem e influências dos modelos internacionais. Enfim no terceiro capítulo abordaremos a Seguridade Social para a População em Situação de Rua, posicionamento do Estado, atuação e intervenção do Serviço Social no sentido de garantir o acesso dessa população às políticas da Seguridade Social Brasileira. 
 
METODOLOGIA
		Este estudo utilizou pesquisa bibliográfica como metodologia para o levantamento de dados sobre a População em Situação de Rua e o acesso aos direitos da Seguridade Social brasileira. A pesquisa bibliográfica caracteriza-se pela coleta de dados em documentos, escritos ou não, que abordem um fato ou fenômeno no momento em que ele ocorre ou após a ocorrência (GOMES; ELIAS,2016). 
Sobre a influência desse conceito, este estudo fundamentou-se em consultas a documentos oficiais publicados em endereço eletrônico do governo federal, em artigos que discutem o tema População em Situação de Rua e principalmente em trabalhos acadêmicos desenvolvidos no curso de Serviço Social do Centro Universitário UNA entre o período de 2018 a 2021 que abordaram temas como: A Violência Contra a População de Rua; A Saúde e suas Manifestações no Fenômeno População em Situação de Rua no Brasil; Movimento Nacional da População em Situação de Rua- MNPR; e a Pessoa Idosa no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos e a Atuação do Assistente Social, esses artigos foram desenvolvidos com o objetivo de conhecer a PSR e a Assistência Social como suporte no acesso a cidadania.
O estudo também apresenta uma entrevista com profissional especializado da política de Assistência Social, trabalha diretamente com a População em Situação de Rua, que pode caracterizar o cotidiano e os aspectos de vivencia da PSR e do profissional assistente social. A entrevista unida a pesquisa bibliográfica cria uma ideia ampliada sobre a temática abordada, proporcionando uma aproximação da realidade. 
1.A POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NO BRASIL
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA E OS ASPECTOS DA VIVÊNCIA NAS RUAS E AS VIOLAÇÕES DE DIREITOS DA PSR.
Não há documentos históricos que relatam fatos ou dados marcantes sobre a história da População em Situação de Rua no Brasil nos primórdios da sociedade brasileira, contudo pode-se dizer que com a abolição da escravatura e a chegada da industrialização, causando o êxodo rural, trouxe grande impactona estrutura da sociedade (MARQUES et.al.2018).
Após a abolição da escravatura o “ex-escravo” tornou-se igual perante a lei , mas isso não lhes deu garantias de que seriam aceitos na sociedade e nem de que seriam tratados como os não escravizados , por isso os recém libertos passaram dias difíceis mesmo com o fim da escravidão, onde foram abandonados à própria sorte. Nada foi feito pela classe dominante para inserir o “ex-escravizado” dentro da sociedade, dando-lhes condições mínimas para reconstruir e organizar suas vidas com direitos básicos. Muitos negros foram expulsos das fazendas e ficaram sem ter onde morar nem como sobreviver. Uma significativa parte da elite brasileira não queria que os negros assumissem os novos postos de trabalho que estavam surgindo no Brasil, a preocupação da elite era embranquecer o país com imigrantes vindos da Europa. Essa política de segregação racial fez com os negros vivessem às margens da sociedade (MARQUES et.al.2018). 
A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou qualquer outra instituição assumisse encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho, (...). Essas facetas da situação (...) imprimiram à abolição o caráter de uma espoliação extrema e cruel (MARQUES et.al. 2018 apoud FLORESTAN, 2008, p.29). 
 O processo de urbanização no Brasil teve início no século XX, a partir do processo de industrialização, que funcionou como um dos principais fatores para o deslocamento da população da área rural em direção à área urbana. Esse deslocamento é chamado de êxodo rural. No Brasil foi causado pelo crescimento da indústria e da vida urbana. Esse fenômeno resulta em diversos problemas no campo, ocasiona a diminuição da população rural no país, a escassez de mão-de-obra e automaticamente diminui a produção de alimentos e de matérias-primas, dessa forma, impulsiona a inflação e aumenta o custo de vida (MARQUES et.al.2018). 
 Historicamente, a própria evolução do capitalismo possibilitou deslocamentos migratórios em função da busca de emprego e renda. Nas áreas urbanas o êxodo rural evidencia as contradições do capital, demonstrando problemas de ordem estrutural e social, os principais conforme FRANCISCO (2014, p.27) são: “aumento do desemprego, aumento do subemprego, crescimento de favelas e marginalização”. 
Para ESCOREL,1999 a População em Situação de Rua (PSR) apresenta uma história profissional segmentada pois grande parte desse grupo estava em condição de rua exercendo trabalhos informais ou em espera de empregabilidade o que possibilita caracterizá-la como exército industrial de reserva. Mas, também, como população excedente, supranumerários, massa marginal, inúteis ao mundo ou lúmpens. As duas camadas sociais estão representadas entre os moradores de rua, mas pode estar expressando também a constituição de uma terceira camada, uma especificidade contemporânea de desvinculação. 
A população de rua, conceitualmente, faz parte do chamado lumpem proletariado e, no limite, do exército industrial de reserva. Se ela tem aspectos de identidade semelhante aos trabalhadores em geral, ela tem sua identidade própria, sua especificidade (WANDERLEY, 1995 apud ESCOREL, 1999, p. 207).
 Percebe-se que a contextualização histórica da PSR, no Brasil se desencadeia no período pós abolição da escravatura, principalmente com a expansão do capitalismo industrial, pois se trata de uma organização econômica que determina os processos de exclusão social e pobreza. O Sistema Capitalista instituiu a sociedade de classes e um novo modo de produção nas relações sociais mediatizadas pela posse privada de bens (MARQUES et.al.2018).
O capitalismo gera o mundo da cisão, da ruptura, da exploração da maioria pela minoria, o mundo em que a luta de classes se transforma na luta pela vida, na luta pela superação da sociedade burguesa (MARTINELLI, 2005, p.54). 
Diante desse contexto histórico, do capitalismo excludente que gera a desigualdade social, temos como substrato a População em Situação de Rua. Este público passa por uma série de situações de extrema vulnerabilidade social, sem ter a garantia do mínimo para sua subsistência, além de uma série de direitos violados através das políticas econômicas. 
 O fenômeno social população em situação de rua constitui uma síntese de múltiplas determinações, cujas características, mesmo com variações históricas, o tornam um elemento de extraordinária relevância na composição da pobreza nas sociedades capitalistas (SILVA, 2011, p. 91). 
De acordo com o Decreto 7.053, de 23 de dezembro de 2009, que institui a Política Nacional para a População em Situação de Rua, esse grupo social tem a seguinte definição: 
Considera-se população em situação de rua o grupo populacional heterogêneo que possui em comum a pobreza extrema, os vínculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexistência de moradia convencional regular, e que utiliza os logradouros públicos e as áreas degradadas como espaço de moradia e de sustento ,de forma temporária ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pernoite temporário ou como moradia provisória (BRASIL, 2009). 
MARQUES et.al.2018, conceitua a PSR da seguinte maneira: 
A população de rua constitui um grupo populacional heterogêneo, mas têm em comum três aspectos gerais. O primeiro seria a pobreza extrema, a qual concorre para que os vínculos familiares se vejam fragilizados ou interrompidos em algumas situações. Um grande diferencial é a inexistência, de forma regular, de moradia convencional, o que faz com que essas pessoas procurem as ruas e os logradouros públicos como espaço de moradia e sobrevivência. Isso não significa que elas não os utilize por um período apenas temporário, do mesmo modo que podem também utilizar por um período mais longo e permanente as casas de abrigo temporário, os albergues, os abrigos, as moradias provisórias – instrumentos, espaços ou referências para sair dessa condição de rua (MARQUES et.al.2018 apoud SILVA, 2011, p. 206). 
A ENTREVISTADA, 2021 descreve a PSR como: 
A PSR é heterogênea, possuindo várias questões de vulnerabilidade e risco social (uso e abuso de substância etílica/entorpecentes, conflito familiar, vínculos familiares rompidos, desemprego/sem vínculo empregatício, adoecimento mental, exclusão, ausência de habilitação, recorrente migração...dentre outros). 
Segundo a Pesquisa Nacional, realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário (MDS) entre os anos de 2007 e 2008 indicaram uma população predominantemente formada por homens (82%), sendo a proporção de negros e pardos de (67%11) neste grupo substancialmente maior do que a observada no conjunto da população brasileira (44,6% no Censo Demográfico de 2010). Caracterizada, em grande parte, como uma população composta por trabalhadores no mercado informal (52,6%) que recebiam entre R$ 20,00 e R$ 80,00 semanais, atuando como catadores de material reciclável (27,5%), flanelinhas (14,1%), em setores da construção civil (6,3%) e limpeza (4,2%), como carregadores e estivadores (3,1%). A grande maioria (47,7%) nunca teve carteira assinada ou não trabalhava formalmente há muito tempo (MARQUES et.al. 2018 apoud MDS, 2011, p.26).
O perfil da PSR que atendo é predominante masculina, com relação forte com os objetos que carregam, vínculos afetivos com os companheiros de convivência nas ruas, mas há os que escolhem o isolamento, os que expressam se pela pintura nas paredes, os que deslocam se de outros estados, municípios estabelecem se no município que os acolhe ou seguem para outra localidade (ENTREVISTADA,2021). 
De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2015), a ausência de dados oficiais sobre a População em Situação de Ruano Brasil, prejudica a implementação de políticas públicas voltadas para este contingente. Estima-se, segundo o IPEA, que existiam, em 2015, 101.854 pessoas em situação de rua no Brasil, mas é perceptível aos olhos, que esse número é maior e está em crescente aumento (VALLI et.al.2018 apoud NATALINO, 2016, p. 
25). 
Considera que o fenômeno “situação de rua” é consequência de diversos condicionantes, como: fatores estruturais – ausência de moradia, trabalho e renda; fatores biográficos relacionados à vida particular do indivíduo – por exemplo, a quebra de vínculos familiares, doenças mentais e uso abusivo de álcool ou drogas; e fatos da natureza – como terremotos ou inundações. 
A vida na rua pode ser abordada como causa ou consequência de problemas de saúde. Há quem vá viver na rua e, por isso, adoeça e há quem adoeça e, por isso, vá viver na rua (BRASIL, 2012, P. 51). 
Segundo Brasil (2012, p. 51) observa-se que essa população se encontra exposta a riscos, agravos e doenças que comprometem a sua saúde, em virtude da precariedade das condições em que vivem, pela exclusão socioeconômica e pelo estigma cultural de que são vítimas. Estas condições podem ser ampliadas por fatores políticos, culturais, ambientais, étnico-raciais, psicológicos e comportamentais, além do grau de acesso a serviços de saneamento, saúde e educação, que influenciam a qualidade de vida das pessoas. São fatores de riscos como: 
· Violências: A perpetuação da pressão exercida sobre essas pessoas pode levar a diversas manifestações clínicas. 
· Alimentação incerta e em baixas condições de higiene: O uso de restos ou dietas exclusivamente à base de alimentos doados faz com que o consumo de nutrientes necessários, seja irregular, levando a um estado nutricional inadequado 
· Água de baixa qualidade e pouco disponível: boa parte das pessoas que vivem nas ruas relatam ingestão de água não potável em bicas, chafariz, torneiras de estabelecimentos comerciais e outros; 
· Privação do sono: medo da violência durante a noite, desconforto gerado pelo frio e pela dureza do chão; 
· Privação de afeição: a invisibilidade, e indiferença; 
· Variações climáticas: chuvas, ventos e principalmente o frio são fatores que precipitam problemas de saúde; 
· Cobertura limitada pelas equipes de Saúde da Família: em muitas cidades, ainda não há equipes específicas para atender esse grupo social; 
· Falta de tempo para buscar atendimento à saúde: Na lógica de ganhar a cada dia o recurso que assegura sua sobrevivência, torna-se mais difícil deixar o trabalho para buscar atendimento de cuidado à saúde; 
· Vergonha: algumas pessoas em situação de rua relatam vergonha de buscar atendimento na Unidade Básica de Saúde por conta de sua condição de higiene ou vestimentas mal cuidadas. 
· Anamnese e semiologia: colher informações clínicas de quem vive nas ruas tem desafios específicos. 
· Autocuidado: a dificuldade recorrente ao sistema de saúde e para buscar ajuda e a luta diária pela sobrevivência faz com que muitas pessoas em situação de rua, mesmo visivelmente adoecidas, neguem estar com qualquer problema de saúde. 
· Internação e alta em serviços de saúde: O percurso de uma pessoa em situação de rua num equipamento de urgência e emergência requer especial atenção. A depender do serviço, pode haver tendência de menor atenção ao usuário pelo fato de ser egresso da rua. 
· Adesão ao tratamento e acompanhamento: A lógica de sobrevivência de se planejar um dia de cada vez atrapalha o retorno agendado à unidade de saúde. Outro ponto é que a perda, a apreensão pela polícia ou o roubo dos pertences de quem vive nas ruas com frequência inclui remédios e prescrições. (BRASIL, 2012, p. 51) 
De acordo com dados do Ministério da Saúde publicados em 2012 no Manual Sobre o Cuidado à Saúde Junto à População em Situação de Rua, os problemas de saúde mais recorrentes entre a PSR são: problemas nos pés; infestações; DST/ HIV/AIDS; gravidez de alto risco; doenças crônicas; consumo de álcool e drogas; saúde bucal; tuberculose. Principais causas de internação: uso de substâncias psicoativas (álcool, crack e outras drogas); problemas respiratórios e causas externas (acidentes e violência). 
Segundo a Pesquisa Nacional sobre a Saúde da População em Situação de Rua realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), em 2008, em 71 cidades e que ouviu cerca de 32 mil pessoas adultas em situação de rua, revelou que: 
· 18,4% já passaram por experiências de impedimento de receber atendimento na rede de saúde; 
· 29,7% dos entrevistados afirmaram ter algum problema de saúde; 
· Os problemas mais prevalentes foram: hipertensão (10,1%), problemas psiquiátricos/ mental (6,1%), HIV/ aids (5,1%), e problemas de visão/cegueira (4,6%); 
· 18,7% dos entrevistados afirmaram que fazem uso de algum medicamento, os Postos/Centros de Saúde são os principais meios de acesso a eles; 
· 43,8% dos entrevistados afirmaram que procuram primeiramente o hospital/emergência quando estão doentes, e 27,4% procuram o posto de saúde; 
· Os locais mais usados pelas Pessoas em Situação de Rua para tomar banho são a rua (32,6%), os albergues/ abrigos (31,4%), os banheiros públicos (14,2%) e a casa de parentes ou amigos (5,2%); 
· Os locais mais usados pelas pessoas em situação de rua para fazer suas necessidades fisiológicas são a rua (32,5%), os albergues/abrigos (25,2%), os banheiros públicos (21,3%), os estabelecimentos comerciais (9,4%) e a casa de parentes ou amigos (2,7%) (VALLI et.al.2018). 
De acordo com o Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) Manifesta (2012) o abandono, à fome, a exposição ao frio, ao calor, as chuvas e às enchentes, ao uso de álcool e outras drogas, como estratégia de sobrevivência, são formas de provocar a morte lenta e silenciosa dessas pessoas, como algo “natural”. Da mesma forma, também são indícios desse genocídio o não acesso aos serviços públicos voltados para atender às necessidades básicas de locomoção, saúde, alimentação, abrigo, segurança à integridade física, educação, lazer, trabalho, renda e conforto; as constantes violações de direitos; a exposição à intolerância e ao preconceito que conduzem aos crimes de ódio, favorecidos pela ausência de segurança pública apropriada e falta de conhecimento das reais causas dessa condição desumana do viver nas ruas. Ou seja, a omissão do Estado e a naturalização da sociedade em relação à População em Situação de Rua são fatores que contribuem para que o afastamento da Seguridade Social avance a passos largos, como um processo natural de violação de direitos. Urge reação dos movimentos sociais e dos defensores da justiça social. Conforme Marx (1975, p.432), “o capital não tem (...) a mínima consideração pela saúde e duração da vida do trabalhador, a menos que seja forçado pela sociedade a ter essa consideração” (VALLI et.al.2018). 
2.A SEGURIDADE SOCIAL
2.1 ORIGEM, INFLUÊNCIA E IMPLEMENTAÇÃO DA SEGURIDADE SOCIAL NO BRASIL.
A Seguridade Social é uma política de alcance e proteção de direitos que tem como objetivo uma sociedade livre, justa, solidária, reduzir as desigualdades sociais e promover o bem de todos, as ações dentro da Seguridade Social influenciam diretamente na organização social que estão manifestas nas esferas do trabalho, da política, economia e cultura. As origens da Seguridade Social no mundo têm alguns países e modelos econômicos como destaque, que influenciaram na criação da proteção social brasileira. 
A Alemanha no fim do século XIX sob o governo de Chanceler Otto Von Bismarck instituiu o chamado modelo bismarckiano que se caracteriza como um seguro social de contribuição financeira do trabalhador e empregador, propondo direitos como o acesso à saúde, onde o cidadão usufrui de serviços médicos, sendo esses benefícios direcionados principalmente ou exclusivamente para trabalhadores que contribuem de forma direta, proporcional e anterior ao uso do serviço, tendo o Estado como gestor das contribuições. Esse modelo sustenta muitos benefícios da Seguridade Social e orientouo formato de benefícios previdenciários, o modelo bismarckiano é vigente na Alemanha e em outros países até os dias de hoje. Em contraponto ao modelo bismarckiano tem se o Plano Beveridgiano, criado durante a Segunda Guerra Mundial pela Inglaterra que propõe a instituição do Welfare State, o famoso Estado de Bem Estar Social, onde os direitos de proteção social têm uma característica de universalidade sendo destinados a todos os cidadãos incondicionalmente ou sob a condições de recursos, dentro deste plano todos os cidadãos obtêm a garantia de mínimos acessos as condições de necessidade básicas. O plano beveridgiano se sustenta financeiramente através dos impostos fiscais, estando sob a gestão pública e estatal (BOSCHETTI.2009). 
Os direitos da seguridade social, sejam aqueles baseados no modelo alemão bismarckiano, como aqueles influenciados pelo modelo beveridgiano inglês, têm como parâmetro os direitos do trabalho, visto que desde sua origem, esses assumem a função de garantir benefícios derivados do exercício do trabalho para os trabalhadores que perderam, momentânea ou permanentemente, sua capacidade laborativa. Historicamente, o acesso ao trabalho sempre foi condição para garantir o acesso à seguridade social (BOSCHETTI.2009). 
Em países capitalistas, a influência e as diferenças dos modelos bismarckiano e beveridgiano criaram variações nas normas e condições de proteção social, condicionadas as relações entre o Estado e a classe social, formando uma mistura dos dois modelos, como se é visto no Brasil. 
Sob a influência dos dois modelos internacionais, os principais aspectos da proteção social brasileira, estão manifestados na Previdência, Saúde e Assistência Social. A Previdência Social brasileira tem a lógica do sistema bismarckiano, tendo como marco de sua criação o Decreto Legislativo n. 4.682, de 24 .1.1923 conhecido como Lei Eloy Chaves, que criou as caixas de aposentadoria e pensão nas empresas de estradas de ferro onde se propunha a contribuição dos trabalhadores, empresa e Estado, assegurando aposentadoria, pensão para os dependentes dos segurados em caso de morte, assistência médica e diminuição de custos em medicamentos. A partir da lei Eloy Chaves foi surgindo outras caixas de aposentadoria e pensão por categorias profissionais, evoluindo até chegar-se ao formato que temos hoje, o chamado Instituto Nacional do Seguro Social (INSS),órgão público que gerencia a arrecadação previdenciária dos trabalhadores contribuintes e os distribui em beneficio que são: aposentadoria especial, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição, auxílio-acidente, auxílio-doença, benefício assistencial, pensão por morte, salário-maternidade (BOSCHETTI.2009). 
Na lógica do modelo beveridgiano o sistema de proteção brasileira tem a Saúde e a Assistência Social. Na Saúde o direito e o acesso a ela é deferido para todos os cidadãos, independente de uma contribuição financeira, considerando os aspectos da universalidade estando assim manifesto hoje no Sistema Único de Saúde (SUS) que proporciona atendimento preventivo de doenças e seus agravos, tratamento clínico e hospitalar, promoção a saúde nos aspectos biopsicossocial, exerce função de vigilância sanitária, fiscalização e controle de qualidade nos setores alimentícios, o suporte financeiro do SUS vem de impostos fiscais. A Assistência Social é um direito seletivo, destinado aos que necessitam, representado pelo Sistema Único de Assistência Social (SUAS) que propõe serviços de assistência como o Benefício de Prestação Continuada (BPC), Bolsa Família e outros benefícios que são administrados pela Assistência Social, a medida de necessidade do indivíduo usuário do sistema, o acesso a essa política, é independente de uma contribuição financeira, mas dependente de uma condicionalidade social, o financiamento da Assistência Social também se sustenta nos impostos fiscais do país e de convênios com o terceiro setor que podem oferecer serviços assistencialistas (BOSCHETTI.2009). Segundo a entrevistada a Seguridade Social Brasileira pode ser resumida da seguinte forma: 
A Seguridade social (Saúde, Previdência Social, Assistência Social), conforme o regulamentado na Constituição Federal destina se ao povo brasileiro. Porém cada uma com os seus critérios: SUS com a universalidade destina se a todos; Previdência Social com o caráter contributivo, desta se a prever a manutenção financeira durante os contextos de doença, pós parto, envelhecimento/aposentadoria, benefício para família durante período de reclusão, dentre outros; e a Assistência Social que é anunciada como universal, mas com a linha de corte de destinar se a quem dela necessitar(ENTREVISTADA, 2021). 
Destaca-se que anterior às influências dos modelos internacionais, o Brasil experimentava mínimas formas de amparo social, fundamentados na ideia de benevolência do Estado, caridade religiosa e social. Sobre esses preceitos é que surgem as Santas Casas de Misericórdia ainda no período colonial , dando também espaço para organizações privadas de fundos de previdência e pensão, pois nesse momento o estado ainda não considerava o seu papel de provedor de políticas de Seguridade Social (BOSCHETTI.2009). 
Segundo BOSCHETTI, 2009 somente na Constituição de 1988 que as políticas de Previdência, Saúde e Assistência Social foram organizadas e implementadas com novos princípios que passaram a compor o sistema de Seguridade Social Brasileira e em 1991 sob a lei n°8.212 foram estabelecidas as forma de organização, plano de Custeio e outras providências que estruturam o formato de funcionamento que a seguridade se mantem hoje. Apesar da perspectiva inovadora da Constituição sobre o sistema de proteção social, a Seguridade Social se caracterizou como um sistema híbrido que unifica direitos dependentes de condições, como o trabalho que sustenta a Previdência, a Saúde que tem caráter universal e a Assistência Social que é um direito seletivo. Assim os aspectos de universalidade, uniformidade e equivalência de benefícios, irredutibilidade de valores em benefícios, igualdade nos custos beneficiários, diversidade no financiamento e caráter democrático e descentralizado na administração, não foram totalmente materializados como está exposto na Constituição, assim não se instituiu um padrão homogêneo, integrado e articulado de Seguridade Social. 
É reconhecível as conquistas da Constituição nos campos da Seguridade Social, pois em teoria é agravável para as necessidades sociais no campo da dignidade humana e se estivesse em prática seria responsável por grande parte da segurança social. Mas é impossível ignorar as limitações estruturais dentro da ordem neoliberalista, que de forma sucessiva e gradativa leva ao desmonte da Seguridade Social brasileira sob os discursos de medidas técnicas, economia de gastos ou desburocratização do sistema, sendo um caminho de contrarreformas que agrava e evidencia as expressões da Questão Social. 
2.2 SEGURIDADE SOCIAL, PARA QUEM?
Esperava-se que a Seguridade Social no Brasil se mantivesse sob uma lógica social, de consentimento de direitos independentes e abrangentes. Porém as diretrizes constitucionais como universalidade na cobertura, uniformidade e equivalência dos benefícios, seletividade e distributividade dos benefícios, irredutibilidade do valor, equidade no custeio, diversidade do financiamento e caráter democrático e descentralizado da administração, não foram efetivados impossibilitando a instituição de um padrão de Seguridade Social homogêneo, integrado e articulado. Essas barreiras podem ser atribuídas há uma onda neoliberalista que invadiu o Brasil na década de 1990 sob o governo de Fernando Collor de Mello, esse período foi determinante para o incentivo e desenvolvimento de uma economia voltada para a rentabilidade econômica, sendo oposta aos avanços sociais necessários para seguridade brasileira, o Estado não assume o compromisso de compor políticas de Seguridade Social de forma que ofereça direitos plenos (BOSCHETTI,2009). 
A seguridade social brasileira,desse modo, não avançou no sentido de fortalecer a lógica social. Ao contrário, caminhou na direção do fortalecimento da lógica do contrato, o que levou Vianna (1998) a caracterizá-la como “americanização perversa”, visto que, em sua análise, o sistema público foi se “‘especializando’ cada vez mais no (mau) atendimento dos muito pobres”, ao mesmo tempo em que “o mercado de serviços médicos, assim como o de previdência, conquista adeptos entre a classe média e o operariado” (BOSCHETTI,2009). 
 Os direitos adquiridos pela classe trabalhadora e incluídos na Constituição/88, ficaram submetidos aos ajustes fiscais, provocando um quadro de retrocesso de conquistas sociais, sendo ainda evidente a necessidade de benefícios e serviços que não foram considerados e distribuídos por não haver uma implantação da Seguridade Social que está sobre um processo de contenção, limitação e desintegração (BOSCHETTI,2009). 
[...] ao suprimir ou diminuir os direitos sociais de saúde e previdência, obrigam a classe trabalhadora a despender parte de seu salário com a compra de bens e serviços no mercado, operando a transformação dos direitos em mercadorias; [...] ao reduzir os direitos de aposentadoria, seguro-desemprego, seguro-saúde, reduzem a participação do Estado Social na reconstituição física da força de trabalho e obrigam a classe trabalhadora a oferecê-la no mercado a qualquer custo e em qualquer condição, ‘livres como os pássaros’ (BOSCHETTI, 2018, p. 159). 
A sociedade brasileira convive com um sistema de Seguridade Social possuinte de políticas públicas que estão sob o ordenado do capitalismo, que recolhe os lucros da exploração do trabalho e reforça as expressões da Questão Social como afirma IAMAMOTO,1988: 
(...) o conjunto das expressões das desigualdades da sociedade capitalista madura, que tem uma raiz comum: a produção social é cada vez mais coletiva, o trabalho torna-se mais amplamente social, enquanto a apropriação de seus frutos mantém-se privada, monopolizada por uma parte da sociedade (IAMAMOTO, 1998, p. 27 – grifos do autor). 
Os formatos das políticas públicas no Brasil, possibilita a exclusão de muitos, por não estar totalmente voltada ao atendimento de toda classe trabalhadora, e as minorias em risco de vulnerabilidade ou em situação de vulnerabilidade social como: trabalhadores informais, mulheres, mães solos, população negra, pessoas com deferência, idosos, população LGBTQIA+ e População em Situação de Rua (PSR). Esses grupos enfrentam violações de direitos, por não terem as especificidades de vida consideradas, por não serem incluídos nas formulações de leis, pela burocratização no acesso às políticas públicas, pela falta de segurança integral e ainda enfrentam o preconceito e discriminações social. 
O atual contexto social, econômico, político do país, que tem a frente um governo neoliberal, observa se o foco na destruição das políticas públicas, para atender ao capital, a privatização, a automação, a redução dos concursos públicos/servidores priorizando o uso de tecnologias (ENTREVISTADA, 2021) 
A situação de rua é uma expressão clara da não abrangência da Seguridade Social, é uma questão que vem sendo discutida por diferentes políticas públicas, tendo em vista a complexidade e a necessidade de intervenção dos diversos campos, como Saúde, Assistência Social, Previdência, Habitação, Educação, dentre outros. As pessoas em situação de rua convivem constantemente com a não garantia e acesso aos direitos sociais conquistados pela Constituição Federal de 1988, constituindo-se assim como sujeitos à margem de uma sociedade que exclui e estigmatiza. Morar na rua é consequência visível da divisão da sociedade em classes e apropriação desigual da riqueza socialmente produzida. Como analisa Iamamoto: 
A evolução da questão social apresenta duas faces indissociáveis: uma, configurada pela situação objetiva da classe trabalhadora, dada historicamente, face às mudanças no modo de produzir e de apropriar o trabalho excedente como frente à capacidade de organização e luta dos trabalhadores na defesa de seus interesses de classes (...); outra expressa pelas diferentes maneiras de interpretá-la, e agir sobre ela, propostas pelas diversas frações dominantes, apoiados no e pelo poder do Estado (1982, p.79). 
 Dessa forma, a relação da População em Situação de Rua com as políticas sociais é uma relação de cobertura ínfima, de quase completa exclusão de acordo com SILVA, 2009: 
Não existem políticas sociais no País, na esfera federal, capazes de alcançá-las como grupo populacional. Os limites de abrangência e cobertura impostos pela natureza seletiva dessas políticas são o principal fator do não alcance à população em situação de rua. As marcas históricas impregnadas pela política de assistência social também contribuem para isso, uma vez que é a política que possui mais programas dirigidos a esse segmento, sobretudo programas de acolhida temporária (albergues, moradias provisórias, repúblicas, etc.). O preconceito e o estigma social que atingem a população em situação de rua constituem outro ângulo de explicação para essa completa vulnerabilidade e falta de proteção social. (SILVA, 2009, p. 186). 
Em conformidade com SILVA, 2009 a entrevistada afirma que: 
Apesar das políticas públicas da seguridade social ter como objetivo atender aos brasileiros, não conseguem atender as necessidades desse público - seja por causa da ausência de demanda da PSR, por não possuir profissionais suficientes e preparados para compreender e acolhe Los como sujeitos de direitos, por ausência de equipamentos, estrutura, infra estrutura, ausência de investimento nas políticas públicas, além da prioridade no sistema econômico, que valoriza o lucro, a produção, a exploração da mão de obra/mais valia e gera a massa sobrante. Atualmente observa se o aumento deste público, com a situação de famílias indo para as ruas por não ter como manter o aluguel. Além disso observa se a ausência de investimento na política pública de habitação que atenda a população mais pobre; e por outro lado a especulação da terra e de construções vazias (ENTREVISTADA, 2021). 
 	 A necessidade de pensar a Seguridade Social de forma abrangente, funcional e acessível para a População em Situação de Rua é urgente, mesmo diante de políticas, projetos, equipamentos e serviços na Assistência Social, Saúde e Previdência é preciso cobrar das figuras políticas ações de proteção e garantia de direitos, apoiar os movimentos sociais favoráveis à causa e se fazer prestativo as diversas violações de direitos que a População em Situação de Rua sofrem, podem ser ações mínimas , mas que feitas sob uma junção coletiva faz o Estado olhar para essa minoria e acelerar o alcance de direitos que visam a dignidade humana. 
3. SEGURIDADE SOCIAL PARA A POPULAÇÃO DE RUA
3.1 O ACESSO DA POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA NA POLÍTICA DE SEGURIDADE SOCIAL BRASILEIRA.
E sob a tentativa de se fazer acessível a Seguridade Social brasileira, que deve proporcionar políticas sociais que promovam a Previdência, Saúde e Assistência Social, cria-se em 2009 através do executivo federal o Decreto n. 7.053, instituindo a Política Nacional para a População em Situação de Rua. Embora a política nacional voltada para as pessoa em situação de rua não esteja prevista expressamente na Constituição Federal/88, ela exerce uma importante função na concretização dos direitos fundamentais previstos na Constituição, se dedicando a garantir a segurança de renda, convívio familiar e comunitário, autonomia e a acolhida, se propondo a reverter o quadro de vulnerabilidade para além do mínimo a existência (MDS, 2011). 
A Política Nacional para a População em Situação de Rua, segundo consta do art. 6º do Decreto n. 7.053, tem como diretrizes: 
(...) III - articulação das políticas públicas federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal; 
IV - Integração das políticas públicas em cada nível de governo; 
V - Integração dos esforços do poder público e da sociedade civil para sua execução;
VI - Participaçãoda sociedade civil, por meio de entidades, fóruns e organizações da população em situação de rua, na elaboração, acompanhamento e monitoramento das políticas públicas; 
VII - incentivo e apoio à organização da população em situação de rua e à sua participação nas diversas instâncias de formulação, controle social, monitoramento e avaliação das políticas públicas (MDS,2011. 10 p). 
 
A População em Situação de Rua aguarda, ainda, a conversão em lei desta política que está estabelecida por meio de decreto presidencial e que pode ser revogada por iniciativa exclusiva do Executivo a qualquer momento (MDS,2011). 
 
.	 Dentre os objetivos da Política Nacional para PSR está o de assegurar o acesso amplo, simplificado e seguro aos serviços e programas que integram as políticas públicas, o que inclui a de Saúde. A política de Saúde no Brasil está respaldada pela Lei 8.080 de 1990, que institui o Sistema Único de Saúde - SUS. Esta política faz parte do tripé da Seguridade Social. Os principais objetivos da Política de Saúde são: 
I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde; II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância do disposto no § 1º do art. 2º desta lei; 
 III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas (BRASIL, 1990, Art. 5º).
 	 
 O SUS é composto de ações e serviços de saúde executadas pelo Poder Público e demais instâncias, que visam a prevenção de doenças, a prática curativa, a reabilitação física, psicológica e moral, a educação sanitária, entre outros campos de atuação. Segundo Silva (2009), o trabalho com a saúde da População em Situação de Rua carece de um olhar interdisciplinar, pois as diversas expressões da Questão Social condicionam inúmeras particularidades para os mais diferentes setores da saúde como saúde mental, dependência química, danos causados por violência, saúde sexual, etc; tanto no âmbito da prevenção, como na reparação ou no tratamento (VALLI et.al.2018). 
Em 2013 as ações do Ministério da Saúde para promover a saúde da PSR passaram a ser orientadas pelo Plano Operativo de Ações para a Saúde da População em Situação de Rua publicado por meio da Resolução n° 2 da Comissão Inter gestores Tripartite, de 27 de fevereiro de 2013, que define as diretrizes e estratégias que orientam os governos federal, estadual e municipal na implantação de ações voltadas à População em Situação de Rua no âmbito do SUS, com foco no enfrentamento das desigualdades em saúde. Segundo o Ministério da Saúde, 2014 a partir desse Plano foram desenvolvidas diversas ações que visa a melhoria do acesso da PSR a rede de saúde, entre as quais destacam-se: 
· Implementação de Consultórios na Rua - Equipes que prestam atendimento itinerante, de acordo com as necessidades das pessoas em situação de rua; 
· Implantação do Comitê Técnico de Saúde da PSR - São espaços de participação e controle social que consistem num grupo consultivo e de monitoramento, avaliação e assessoramento para discussões técnicas e políticas voltadas para as políticas públicas da População em Situação de Rua, no âmbito do SUS; 
· Instituição de Comitês Técnicos de saúde da População em Situação de Rua nos estados e municípios; 
· Participação do Ministério da Saúde no Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para a População em Situação de Rua (CIAMP Rua); 
· Instrução Operacional Conjunta MS/MDS para Tuberculose - O Ministério da 
Saúde (MS) e do Desenvolvimento Social e Combate a Fome (MDS) e elaboraram a Instrução operacional Secretária Nacional de Assistência Social (SNAS) /MDS e Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) /MS nº 01/2014 - que estabelece orientações gerais sobre tuberculose e como os serviços socioassistenciais podem contribuir para o controle da doença; 
· Oficinas de Sensibilização para os Trabalhadores que atuam com a População em 
Situação de Rua - Realizadas pelo Departamento de Apoio à Gestão Participativa (DAGEP)/ Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP), com a parceria de outras áreas do Ministério da Saúde e do Movimento Nacional da População de Rua, o produto final dessas oficinas é a elaboração de um plano de ação que venha qualificar o atendimento de todos os setores envolvidos; 
· Curso de capacitação de profissionais para o cuidado da População em Situação de rua - Promovidos pelo Departamento de Atenção Básica o curso tem ênfase no Consultório na Rua. 
· Capacitação regional de Lideranças da População em Situação de Rua - O Ministério da Saúde apoia a capacitação de lideranças da População em Situação de Rua para atuarem na efetivação e monitoramento das políticas de saúde para esse público (VALLI et.al.2018 p.14 apoud MDS,2014). 
 
Segundo o art. 203 da Constituição Federal/88 a Assistência Social será efetivada por meio de políticas públicas de promoção da cidadania e será prestada a todos os que dela necessitarem, especificando cinco objetivos referentes à garantia de direitos essenciais: 
 Art. 203. A assistência social será prestada a quem dela necessitar, independentemente de contribuição à seguridade social, e tem por objetivos: I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; II - o amparo às crianças e adolescentes carentes; III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; IV - a habilitação e reabilitação das pessoas portadoras de deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; V - a garantia de um salário mínimo de benefício mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover à própria manutenção ou de tê-la provida por sua família, conforme dispuser a lei(CNPM, 2015 p.14) 
 A Política Nacional de Assistência Social reafirma a necessidade de articulação entre as demais políticas, como forma de enfrentamento das expressões da Questão Social, estabelecendo objetivos que delineiam a construção do novo modelo de atendimento, o Sistema Único de Assistência Social- SUAS, aprovado em julho de 2005, pelo CNAS, por meio da NOB130, de 15 de julho de 2005. Neste aspecto, o foco da atenção da Política passa a ser prover serviços, programas e projetos nos dois níveis, baseado na lógica de proteção social – Proteção Social Básica e Proteção Social Especial (Média e Alta Complexidade) para a família, indivíduos e grupos que dele necessitem; ampliação do acesso a bens e serviços, contribuindo para inclusão e equidade dos usuários da política; centralidade na família, promovendo o fortalecimento dos vínculos sociais e comunitários. Destaca-se também, a Lei N° 11.258, de 30 de dezembro de 2005, que alterou a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) acrescentando a obrigação de criar programas de amparo às pessoas em situação de rua na organização dos serviços da assistência social (MDS/PNAS, 2004, p.27) 
O SUAS busca superar a fragmentação presente na abordagem por segmentos (crianças, idosos, a população em situação de rua, etc....), e trabalhar com: 
(...) cidadãos e grupos que se encontram em situações de vulnerabilidades e riscos, tais como: famílias e indivíduos com perda ou fragilidade de vínculos de afetividade, pertencimento e sociabilidade; ciclos de vida; identidades estigmatizadas em termos étnicos, cultural e sexual; desvantagem pessoal resultante de deficiência; exclusão pela pobreza e/ou no acesso às demais políticas públicas; uso de substância psicoativas; diferentes formas de violência advindas do núcleo familiar, grupos e indivíduos; inserção precária ou não inserção no mercado de trabalho formal e informal; estratégias e alternativas diferenciadas de sobrevivência que podem representar risco pessoal ou social (PNAS, 2004, p.27). 
A População em Situação de Rua fica à mercê da intervenção do Estado como meio de subsistência. De acordo com o artigo 1º da Lei Orgânica de Assistência Social: 
A assistência social,direito do cidadão e dever do Estado é política de seguridade social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado, de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas da população usuária (BRASIL, 1993, p.1). 
Segundo a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais a Assistência Social, de acordo com a Política Nacional para Inclusão Social da População em Situação de Rua, deve atender a esse grupo social no âmbito da média e alta complexidade. No primeiro caso, média complexidade o profissional do Serviço Social irá atuar com o Serviço Especializado em Abordagem Social, Serviço de Proteção e Atendimento Especializado a Famílias e Indivíduos (PAEFI), Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, operado no CREAS. No âmbito da alta complexidade, são disponibilizados o serviços de transferência de renda que visa a distribuição de recursos a indivíduos para os cadastrados no CadÚnico e que preencham os requisitos necessários para a transferência de renda, Serviço Especializado para Pessoas em Situação de Rua, realizado no Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (CREPOP ou Centro POP), serviço de acolhimento institucional direcionados a repúblicas, abrigos, casa de passagem todos ofertando o acolhimento fixo e provisório contra o abandono e a perda de moradia e rompimento de vínculos familiares, de acordo com o perfil de cada grupo atendido (MARQUES et.al.2018 apoud BRASIL, 2009c). 
As demandas da PSR são para acesso a certidões civis, carteira de identidade, regularização de CPF, inscrição no CADUNICO, acesso ao antigo Bolsa Família, local para higienização, alimentar, pernoitar e guardar seus objetos pessoais. Alguns demandam contato com familiares, outros alegam que não os quer ver, devido ao rompimento de vínculo, gerado pelos conflitos familiares, a prática de violência, o uso e abuso de álcool e drogas, adoecimento mental, o retorno do sistema prisional (ENTREVISTADA,2021). 
A Previdência Social, respaldada pela lei n° 8.213 de 24 de julho de 1991, é a parte do tripé da Seguridade Social brasileira que limita a acessibilidade para trabalhadores que possuem vínculos empregatícios ou contribuem financeiramente de forma autônoma para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Uma entidade administrativa do governo brasileiro vinculada ao Ministério da Economia que recebe as contribuições para a manutenção do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), proporcionando aposentadorias, seguros e auxílios como: aposentadoria especial, aposentadoria por idade, aposentadoria por tempo de contribuição, auxílio-acidente, auxílio-doença, benefício assistencial, pensão por morte, salário-maternidade. 
O INSS define critérios no acesso aos benefícios exemplo a aposentadoria por tempo de contribuição que estabelece o tempo de trinta anos de contribuição para mulheres e trinta e cinco anos de contribuição para homens; aposentadoria por idade que determina a idade de sessenta anos completos para mulheres e sessenta e cinco anos completos para homens; o regime geral do INSS também estabelece regras diferentes de aposentadorias e seguros de acordo com as categorias de trabalho como o de servidores públicos. Os auxílios e seguros oferecidos pelo INSS também estão sujeitos a regas de tempo de contribuição e condicionantes físicos exemplo auxilio de incapacidade temporária que disponibiliza um benefício no valor de um salário mínimo durante o tempo determinado por médicos do INSS (BRASIL, 2021). 
O Regime Geral da Previdência Social está sob essas e outras diferentes regras de aplicação que determinam o acesso ao benefício previdenciário, além de estar sujeito a constantes reformas administrativas que visam poupar gastos e redistribuir os benefícios para os contribuintes. Segundo CARVALHO, 2021 a PSR fica incluída no regime previdenciário dentro do benefício de aposentadoria para pessoas de baixa renda, instituído na lei n.°12.470 de 2011 que tem como critério a contribuição de 5% do salário mínimo, para pessoas sem renda própria ou que fazem parte de família com renda mensal de até dois salários mínimos e estejam cadastradas no cadastro único nacional(CadÚnico). Mas considerando as adversas condições de vivencia nas ruas, os benefícios previdenciários para as pessoas de baixa renda ainda não foram pensados de maneira abrangente de forma a atender esse segmento populacional, 
Dentre as três políticas mencionadas considero que a Previdência Social é a mais excludente, visto que a PSR é uma das classes, responsáveis pela oferta de limpeza de nossas ruas, com a reciclagem e comercialização destes produtos, todavia não contribuem para previdência social - valor insuficiente, foco na sobrevivência, desconhecimento sobre a importância de uma previsão, diante de tantas vulnerabilidades e risco social tende a focar o hoje (ENTREVISTADA,2021). 
 
A População em Situação de Rua no Brasil sofre com políticas sociais burocráticas que exigem condicionalidades, “exigências formais”, por exemplo documentos e endereço de um grupo que majoritariamente não dispõem desses recursos. 
A esses entraves “burocráticos” de acesso às políticas sociais pela população em situação de rua somam-se: a falta de articulação entre as políticas sociais, as metodologias inadequadas dos programas, a falta de habilidade e capacitação dos servidores públicos para lidarem com esse grupo populacional, além do preconceito social que estigmatiza essas pessoas como “vagabundos, “desordeiros”, 
“preguiçosos” e “bandidos”, fazendo com que sejam consideradas não merecedoras do acesso aos direitos sociais (SILVA, 2009, p.176) 
A ENTREVISTA, 2021 também aponta exemplos atuais de barreiras que afastam e muitas vezes impedem a PSR de alcançar as políticas que asseguram os direitos de Seguridade Social devido a burocratização: 
 
Priorização do uso da tecnologia para acesso a requerimento de benefícios e auxílio (a minoria da PSR não possuí celular/e ou outro aparelho de informática, dados móveis, wi-fi que lhes assegure acesso aos seus direitos).Outra questão é a perda recorrente de documentos civis que os impede de acessar benefícios. Ex. Para agendamento da carteira de identidade é necessário o cadastro no gov.br exigindo o uso de (celular/computador) também o Meu INSS - para acesso a Previdência Social. Observo que também o tamanho dos municípios determina a possibilidade de acesso aos direitos (centralização de serviços das políticas públicas nas metrópoles, além de receberem uma fatia maior do financiamento) Ex: em metrópoles pode ocorrer, mesmo que precariamente o consultório de rua, entretanto nos municípios com grande vulnerabilidade nas disponibilizará este serviço, nem tão pouco república, albergue, centro POP, restaurante popular, etc 
 
O questionamento acerca da configuração perversa das políticas sociais contemporâneas, gira em torno da restrição e da pequena abrangência na cobertura das demandas da População em Situação de Rua, resumidas a práticas conservadoras, focalizadas, de caráter emergencial e espontâneo. Assim, esse grupo fica à mercê de programas compensatórios, criados com o simples objetivo de minimizar os efeitos da extrema pobreza (MARQUES et.al.2018) 
3.2 O POSICIONAMENTO DO ESTADO E INTERVENÇÕES DO SERVIÇO SOCIAL DIANTE DA GARANTIA DOS DIREITOS DA PSR NA SEGURIDADE SOCIAL.
 	O posicionamento do Estado em relação a PSR é marcada historicamente pela repressão, controle, práticas higienistas e segregadas, recorrentes sob prerrogativas legislativas como a lei da vadiagem de 1832 parágrafos 2° e 3° do artigo 12 do Código de Processo Criminal que previa: 
Art. 12. Aos Juízes de Paz compete: 
§ 2° Obrigar a assinar termo de bem viver aos vadios, mendigos, bêbados por hábito, prostitutas que perturbam o sossego público, aos turbulentos que por palavras ou ações ofendem os bons costumes, a tranquilidade pública e a paz das famílias. 
 § 3° Obrigar a assinar termo de segurança aos legalmente suspeitos depretensãode cometer algum crime, podendo cominar neste caso, assim como aos compreendidos no parágrafo antecedente, multa até trinta mil réis, prisão até trinta dias e três meses de casa de correção ou oficinas públicas (BRASIL, 1832). 
A postura repressiva do Estado perdurou durante todo o século XX com enrijecimento de leis como o Decreto n° 847 de 11 de outubro de 1890 do Código Penal que estabelece a vadiagem como contravenção, esse código definia que os indivíduos que não exercessem uma ocupação honesta, trabalho regular e não tivessem meios de subsistência , domicílio certo fossem presos por quinze a trinta dias, os aprisionamentos aconteciam no objetivo de punir e obrigar à procura por qualquer trabalho dito como honesto da época. No governo de Getúlio Vargas a perseguição dos “vadios” foi intensificada através de investimento no aparato policial com mais contratações na finalidade de controlar esses indivíduos nesse período, no ano de 1935 o município de São Paulo obtinha uma taxa de 229, 2 a cada 100 mil habitantes presos pela lei da vadiagem, as ações policiais eram focalizada e com o designo de identificar os mendigos verdadeiros e falsos pois motivados pela a igreja católica, havia uma certa tolerância a mendicância (BARBOSA, 2018). Barbosa, 2018 caracteriza mendigo como: 
Quem pedia esmolas, não podendo trabalhar e passando então a usar desse expediente para a obtenção de proventos, o qual não encontra sanção naquela sociedade, embora seja tolerado e controlado. Para a ideologia liberal, então vigente, o mendigo tem certos direitos reconhecidos, como o de ser mendigo, enquanto sua cidadania é extremamente limitada, quando não negada. É claro que não se enquadra na primeira situação o problema da falsa mendicância, isto é, daqueles que não trabalham porque não querem e não porque não podem (vadiagem), tornando-se, portanto, ilícita sua “função” de esmolar (BARBOSA, 2018 apoud LAPA, 2008 p.30) 
Destaca-se que nesse período o Estado era ausente no que se refere a serviços de Assistência Social, práticas assistencialistas eram realizadas pela igreja católica e instituições privadas na perspectiva da caridade e cultura de correção e ajustamento social, afastando a ideia de sujeitos dignos de acessar direitos. 
Mesmo com a Constituição de 1988 que prevê uma sociedade livre, igualitária com direitos e deveres para todos, a PSR ficou à margem dos direitos constitucionais. Vindo experimentar a partir de 1990 algumas ações de prefeituras como o Consultório de Rua na cidade de Salvador- BA, que tinha como proposta atender pessoas que estivessem em situação de rua sob o uso de drogas, outra iniciativa municipal foi a criação do Centro de Referência da População de Rua em 1996 em Belo Horizonte- MG. Um espaço para que pessoas em situação de rua pudessem tomar banho, lavar roupas, guardar pertences e receber orientações de regularização de documentos e vaga de emprego. Essas iniciativas da sociedade civil dentro desses municípios, estimularam outros municípios a replicarem essas práticas a partir de 2004, em 2011 tem-se o Consultório de rua como programa do governo federal. A metodologia adotada no Centro de Referência da População em Situação de Rua, levou inspiração para a criação dos Centros POP que atualmente e a principal referência de atendimento para a PSR (BARBOSA,2018). 
Apesar das experiências municipais de atendimento a PSR, esse público permaneceu na invisibilidade para o Estado até meados dos anos 2000, a partir daí deu início a um processo de ruptura no modo em que o Estado se relaciona com a PSR, tendo então a formulação das primeiras políticas públicas nacionais, com a perspectiva de inclusão social para esse público (BARBOSA, 2018). Mas ainda assim, o Estado se isenta de assumir por completo sua responsabilidade com a PSR usando de estratégias que provocam situações de vulnerabilidade para toda sociedade, principalmente a PSR, como afirma a ENTREVISTADA: 
Cito o congelamento do financiamento das políticas públicas sociais por 20 anos com a Emenda Constitucional 95, que estabeleceu novo regime fiscal. Política econômica que contribui para o aumento da inflação, período pandêmico, desemprego e aumento do número de pessoas em situação de rua, precarização das políticas públicas, congelamento dos salários dos servidores públicos que estão na linha de frente. Apesar do histórico compartilhado são as políticas públicas, os seus trabalhadores, os Conselhos deliberativos, Ministérios Públicos que têm acolhido, e assegurado (dentro do possível) o acesso aos direitos a PSR é também denunciado esse processo excludente (ENTREVISTADA, 2021). 
 
 O processo de reconhecimento da PSR por parte do Estado, como sujeitos de direitos necessitados do amparo de políticas públicas que visam a Seguridade Social, não aconteceria sem a participação da sociedade civil, que reivindica, articula e exige a participação do poder público. O grande protagonismo dessa luta por direitos está na participação da pessoa em situação rua e na organização dessa população como movimento social que buscam a implementação e aperfeiçoamento das políticas, principalmente no âmbito da assistência social e saúde (BARBOSA, 2018). 
A PSR tem se organizado como movimento social através do Movimento Nacional da População de Rua- MNPR, formado por homens e mulheres em situação ou trajetória de rua, foi lançado publicamente no 4º Festival do Lixo e Cidadania, realizado em setembro de 2005, em Belo Horizonte. A aproximação com o conjunto dos catadores de materiais recicláveis, cuja organização social se materializa através do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, possibilitou o encaminhamento de reivindicações muito semelhantes, já que o concreto vivido por esses sujeitos está conectado por inúmeros processos sociais. O MNPR tem como bandeira de luta: I) Resgate da cidadania por meio do trabalho digno; II) Salários suficiente para o sustento; III) Moradia digna; e IV) Atendimento à saúde. O movimento tem sido uma importante representação da sociedade civil organizada, estando presente em comitês intersetoriais, em conselhos distritais, estaduais, municipais e nacionais, dando visibilidade a PSR e colocando em pauta as reivindicações, na tentativa de forçar o poder público e sociedade a promover políticas públicas adequadas a PSR (BARBOSA et.al, 2020 apond BRASIL, 2013, P. 89). 
O Serviço Social se posiciona a favor da classe trabalhadora e movimentos sociais como o MNPR na busca da validade prática da Seguridade Social, é uma profissão de caráter sociopolítico, crítico, interventivo e que se, se utiliza de instrumental científico para atuar nas diversas manifestações da Questão Social, resultado da relação entre a exploração do trabalho e acúmulo de capital que estão expostas em todos os aspectos da vida humana, desde a infância até o envelhecimento, dentro de uma sociedade capitalista. A prática do Serviço Social dentro da Seguridade Social Brasileira tem como propósito a promoção, defesa e atendimento das necessidades básicas através dos direitos estabelecidos em políticas públicas, estando inserido em diversas áreas, atuando em diferentes políticas sociais. O Projeto Ético-Político da profissão tem a perspectiva da totalidade social, de romper com a intervenção conservadora, expressando o compromisso da categoria com a construção de uma nova ordem societária, democrática, promotora e garantidora de direitos. Todas as características do Serviço Social tornam-se importantes para a PSR pois através da perspectiva de atuação profissional é possível considerar, tratar, cuidar e proteger a pessoa em situação de rua por meio dos serviços sócio assistenciais (FERNANDES et.al, 2021). 
A Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais identifica as necessidades dos usuários de acordo com cada uma das seguranças afiançadas pela PNAS, promovendo o respeito aos direitos de todo cidadão, tendo suas demandas e necessidades acolhidas, ouvidas e respeitadas, recebendo as devidas informações e os encaminhamentos apropriados,a segurança do desenvolvimento da autonomia individual, familiar e social que significa compreender a necessidade de desenvolver-se de forma independente, com respeito e liberdade de escolha, poder de decisão e condições de exercício da cidadania, segurança do convívio ou vivência familiar, comunitária e social (FERNANDES et.al, 2021apoud MDS, 2012). 
 A atuação do profissional de Serviço Social, assistente social tem o objetivo de colocar em prática as estratégias de promoção de direitos e proteção social que a PNAS busca para pessoa em situação de rua, de forma técnica, desenvolvendo atribuições específicas do assistente social e práticas essenciais como: 
 Acolhida; orientação e encaminhamentos; grupos de convívio e fortalecimento de vínculos; informação, comunicação e defesa de direitos; fortalecimento da função protetiva da família; mobilização e fortalecimento de redes sociais de apoio; informação; banco de dados de usuários e organizações; elaboração de relatórios e/ou prontuários; desenvolvimento do convívio familiar e comunitário; mobilização para a cidadania (MDS, 2012 p. 38) 
A ENTREVISTADA reafirma a importância das práticas de trabalho do assistente social para PSR, expressando que: 
O Assistente Social tem como princípio a defesa intransigente dos direitos dos sujeitos, a recusa de ações autoritárias, o respeito à diversidade, dentre outros. Para o exercício profissional necessita da compreensão da relação do capital, geradoras das desigualdades sociais e da questão social. Deste modo, o acolhimento a PSR ocorre no CREAS/SUAS, nas circulações e abordagens sociais nas ruas, onde busco escutar a história de vida (origem, dados pessoais, familiares, demandas). Exige a criação de vínculo e confiança do cidadão, respeitando se o seu tempo e desejo, mas sempre avaliando os riscos aos quais esteja exposto. Para o atendimento a PSR busco o diálogo, a discussão do caso com a equipe do Serviço Especializado de Abordagem Social, os profissionais das políticas públicas, visando ações integradas para o fortalecimento daqueles que desejarem a construção de um projeto de vida; como também a escuta respeitosa, encaminhamentos a rede de serviços sócio assistencial visando a valorização e o menor dano (ENTREVISTADA,2021). 
Segundo MARQUES et.al.2018 o CFESS, no 1º Congresso Nacional do Movimento da População de Rua em 2012 manifestou o seu compromisso e conclamou a categoria de assistentes sociais a: 
Aprofundar o conhecimento sobre o fenômeno e o perfil das pessoas em situação de rua; conhecer e defender estratégias que possibilitem o atendimento das necessidades, interesses dessa população; reconhecer, valorizar, fortalecer e construir alianças com fóruns e movimentos da população em situação de rua, respeitando a autonomia dos mesmos; fortalecer a perspectiva da intersetorialidade e transversalidade na elaboração e implementação de políticas intergovernamentais voltadas para esse grupo populacional; defender a primazia de responsabilidade do Estado, com vistas à universalização das políticas públicas, de modo a torná-las acessíveis à população em situação de rua; denunciar as violências cometidas contra esta população e fortalecer a luta pela punição dos/as culpados/as, inclusive, quando isso ocorrer nos espaços ocupacionais; respeitar e defender a diversidade humana, combatendo as desigualdades sociais. 
Mas as múltiplas condições de vida que a PSR enfrenta ocasionadas pela expressão das contradições sociais, tornam as ações interventiva da Assistência Social um desafio pois as demandas postas à política de assistência e ao profissional assistente social, vem na imediaticidade cotidiana dos que necessitam de amparo social, exigindo que o profissional se apoie na instrumentalidade como arma que ultrapassa a urgência da demanda imediata, como afirma IAMAMOTO (1999, p.113): 
[...] um dos maiores desafios que o assistente social vive no presente é desenvolver sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalho criativas e capazes de preservar e efetivar direitos, a partir de demandas emergentes no cotidiano. 
A ENTREVISTADA, 2021 traz em sua fala um exemplo da pratica profissional criativa, o que entra em conformidade com IAMAMOTO citado acima: 
 Durante a abordagem social já acolhi sujeitos que demandaram o serviço e benefícios, e também cidadãos que se negaram a acessar os serviços, dizendo que não desejam, pois nada pediram (sujeitos com direito a escolha). Trago essa partilha, pois enquanto profissional de uma política pública, podemos achar que temos a solução, que o que o serviço oferta é melhor do que o cidadão possui, na tentação de decidir por, ao invés da busca de uma construção ou não de um projeto de vida. Existe um tempo, um sujeito com uma estrutura subjetiva, psicológica, objetiva para ser acolhida, respeitada, valorizada e potencializada. São pessoas com direitos e deveres, deste modo há o acolhimento respeitoso, mas também a reflexão sobre as consequências das opções/ações. 
 Assistência Social dentro da Seguridade Social, é a política capaz de interferir no processo de reprodução material e social da força de trabalho, atua sobre questões que diz respeito a sobrevivência social por meio dos serviços socias previstos em programas, projetos e políticas. 
A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado é política de seguridade social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado, de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas da população usuária (MARQUES et.al,2018 apud BRASIL, 1993, p.1). 
A Assistência Social tem tamanha importância que é inserida na Saúde e Previdência Social como parte da equipe multidisciplinar, visando a garantia de direitos e inclusão social. No SUS sobre a perspectiva que saúde se dá para além de tratamento médico, o Serviço Social se mantem com ações necessariamente articulada com outros segmentos que defendem o melhoramento SUS, formulando estratégias que busquem reforçar ou criar experiências nos serviços de saúde que efetivem o direito social à saúde (ORTIZ; LEVITTE, 2017). No sistema previdenciário a Assistência Social busca facilitar o acesso aos benefícios e serviços previdenciários, estabelecer processos de solução de problemas relacionados à Previdência Social no âmbito institucional e social, sempre promovendo proteção de direitos (GARLE; RENK,2015). 
 A Seguridade Social ainda não está em amplo acesso para a PSR, o Estado ainda se encontra distante dessa população, quanto ao que se refere a políticas sociais especializadas e investimentos financeiros para as políticas já existentes. O Serviço Social de mãos dadas com os movimentos sociais e orientado pelo Código de Ética da profissão, segue buscando apoiar, facilitar o acesso a benefícios, proteger direitos sociais, promover a inclusão social, romper com o preconceito e estigmas sociais sobre a População em Situação de Rua. 
CONCLUSÃO.
 	A Seguridade Social Brasileira tem medidas no seu aparato legislativo e teórico que incluem pessoas em vulnerabilidade social, sendo assim suposto que a População em Situação de Rua obterá amplo acesso Previdência Social, a Saúde, e Assistência Social. Mas é na efetivação desses direitos que percebemos critérios que afastam a PSR como aponta a ENTREVISTADA, 2021:
Congelamento do financiamento das políticas públicas sociais por 20 anos com a Emenda Constitucional 95, que estabeleceu novo regime fiscal. Política econômica que contribui para o aumento da inflação, período pandêmico, desemprego e aumento do número de pessoas em situação de rua, precarização das políticas públicas, congelamento dos salários dos servidores públicos que estão na linha de frente. Postura higienistas de exclusão do que é visto como diferente, inadequado, colaborando para as recorrentes demandas de retirá-los da via/espaço público. Déficit de serviços da saúde mental para toda a população do município, e mais ainda para as exigências e complexidades da PSR.
No discursode evolução tecnológica, modernização e praticidade para o cidadão que o Estado tem implementado recursos tecnológicos, que não estão pensados para PSR, o que burocratiza ainda mais as políticas públicas, tornando-se uma condição moderna de afastamento de direitos para esse público.
A exclusão tecnológica. Como obter a carteira de trabalho digital? Como manter o sigilo de senha que necessita de e-mail e ou celular pra recebimento de código para confirmação e liberação de acesso? Tais questões tem demandado atenção e sobrecarga para os trabalhadores do SUAS. Há também a exigência e consequências de estar irregular com os direitos políticos - TSE colaborando para o cancelamento do título eleitoral e suspensão do CPF. Para a regularização dos dois documentos há a necessidade do aplicativo título net e a regularização via site da Receita federal e economia. Critério enviar via e-mail self portando a carteira de identidade, mas para um público que a tem extraviada recorrentemente… Tais realidades denunciam a exclusão digital (ENTREVISTADA, 2021).
As pessoas em situação de rua são titulares de direitos e de deveres diante da sociedade e Estado, de modo que políticas públicas dentro da Seguridade Social voltadas ao atendimento das suas necessidades não é um ato de condescendência ou caridade, é sim direito constitucionalmente adquirido. Sendo precioso reconhecer a PSR como sujeitos capazes de direcionar sua própria existência, e para fortalecer e empoderar esse público, as ações políticas devem está sob a visão de inclusão social, construção de identidade positiva, elevação da autoestima, estimulo ao surgimento de consciência crítica, conscientização social, rompimento de preconceitos e proteção a discriminação (CNPM,2015).
A Seguridade Social com suas políticas, programas, projetos e serviços devem ser revestidos de atitude positiva, com profissionais amplamente capacitados, desvinculada de práticas higienistas e culpabilizadoras, para que a atenção ofertada não se torne mais um instrumento de discriminação e agravamento dessa condição de vida e sim um espaço de acesso a direitos e construção de um novo projeto de vida que inclua a possibilidade de saída das ruas (CNPM,2015).
REFERENCIAS 
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