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REFORMA SANITÁRIA
GLOSSÁRIO: 
ATENÇÃO À SAÚDE: Ações que envolvem o cuidado com a saúde 
do ser humano, incluindo ações de proteção, prevenção, 
recuperação e tratamento de doenças e de promoção da saúde 
ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA: é o processo de planejamento, 
aquisição, distribuição, controle da qualidade e uso de 
medicamentos voltados para proteção e recuperação da saúde. 
DETERMINANTES SOCIAIS EM SAÚDE: São fatores sociais, 
econômicos, culturais, étnico-raciais, psicológicos, 
comportamentais e ambientais que influenciam o processo 
saúde-doença. Por exemplo: habitação, saneamento, condições 
de trabalho, serviços de saúde e educação, incluindo também a 
trama de redes sociais e comunitárias. 
GESTÃO DO TRABALHO: é a organização das relações de trabalho 
baseada na participação do trabalhador de saúde como sujeito e 
agente transformador do seu ambiente. 
GESTÃO PARTICIPATIVA: atuação efetiva de cidadãos, 
conselheiros, gestores, profissionais e entidades civis na 
formulação de políticas, na avaliação e na fiscalização de ações 
de saúde. 
MODELO CAMPANHISTA: baseou-se em campanhas sanitárias 
para combater as epidemias de febre amarela, peste bubônica e 
varíola, implementando programas de vacinação obrigatória, 
desinfecção dos espaços públicos e domiciliares e outras ações 
de medicalização do espaço urbano, que atingiram, em sua 
maioria, as camadas menos favorecidas da população. Esse 
modelo predominou no cenário das políticas de saúde brasileiras 
até o início da década de 1960. 
MUNICIPALIZAÇÃO: é parte de um processo de descentralização 
política, técnica e administrativa do sistema de saúde, que no 
limite, inverte a relação nível central (federal) e nível local 
(municipal), no que diz respeito a formulação e implementação 
de políticas, organização e gestão dos processos de trabalho e 
manejo de recursos (financeiros, humanos, fiscais, materiais). 
PROMOÇÃO DA SAÚDE: Uma das estratégias de produção de 
saúde que, articulada às demais estratégias e políticas do Sistema 
Único de Saúde, contribui para a construção de ações 
transversais que possibilitem atender às necessidades sociais em 
saúde. 
REFORMA SANITÁRIA: O termo foi usado pela primeira vez no 
país em função da reforma sanitária italiana. A expressão ficou 
esquecida por um tempo até ser recuperada nos debates prévios 
à 8ª Conferência Nacional de Saúde, quando foi usada para se 
referir ao conjunto de ideias que se tinha em relação às 
mudanças e transformações necessárias na área da saúde. 
SAÚDE: é um estado de completo bem-estar físico, mental e 
social, e não, simplesmente, a ausência de doenças ou 
enfermidades. 
VIGILÂNCIA EM SAÚDE: Conjunto de atividades que 
proporcionam conhecimento, detecção, análise e 
monitoramento de doenças decorrentes, inclusive, de fatores 
ambientais, com a finalidade de controlar e prevenir problemas 
na saúde humana. 
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA: Conjunto de ações que 
proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de 
qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes 
de saúde individual ou coletiva, com a finalidade de recomendar 
e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou 
agravos. 
VIGILÂNCIA SANITÁRIA: Ações de controle, pesquisa, registro e 
fiscalização de medicamentos, cosméticos, produtos de higiene 
pessoal, perfumes, saneantes, equipamentos, insumos, serviços 
e alimentos, entre outros. Atua para garantir segurança e 
qualidade, prevenir e controlar os fatores de risco à saúde e ao 
meio ambiente. 
MODELO FLEXNERIANO OU BIOMÉDICO: é um modelo com visão 
predominante sobre a doença. Destaca-se a ênfase na atenção 
médica individual, com organização da assistência médica em 
especialidades, com valorização da alta complexidade (ambiente 
hospitalar) e com uma base de formação médica pautada na 
separação por disciplinas (anatomia, fisiologia, bioquímica...). é 
um modelo fortemente associado ao diagnóstico e à terapêutica. 
De acordo com o modelo, a saúde constitui a liberdade de 
doença, dor, ou defeito, o que torna a condição humana normal 
"saudável", não leva em conta o papel dos fatores sociais ou 
subjetividade individual. 
SAÚDE SUPLEMENTAR : é o sistema privado de assistência à 
saúde das operadoras de planos de saúde e prestadores de 
serviços aos beneficiários, sob a regulação da Agência Nacional 
de Saúde Suplementar (ANS). 
SANEAMENTO: Conjunto de ações, obras e serviços que 
envolvem abastecimento e qualidade da água para consumo 
humano, serviço de esgoto e limpeza urbana, entre outros, 
visando à prevenção de doenças, à redução de danos e à 
melhoria da qualidade de vida do cidadão. 
SISTEMA ÚNICO DE ASSISTÊNCIA SOCIAL – SUAS: é um sistema 
público que organiza os serviços de assistência social no Brasil. 
Com um modelo de gestão participativa, ele articula os esforços 
e os recursos dos três níveis de governo, isto é, municípios, 
estados e a União, para a execução e o financiamento da Política 
Nacional de Assistência Social (PNAS), envolvendo diretamente 
estruturas e marcos regulatórios nacionais, estaduais, municipais 
e do Distrito Federal. 
 
 
1. BREVE PERCURSO HISTÓRICO DA SAÚDE NO BRASIL 
Para entender a política de saúde do Brasil é necessária uma retrospectiva de alguns eventos ocorridos no país: 
▪ Antes da chegada de europeus no Brasil, os indígenas já habitavam o território. Estes já tinham suas enfermidades, mas com a 
colonização piorou. Doenças comuns na Europa, foram trazidas e os indígenas não tinham imunidade para elas causando a 
morte de milhares. 
RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
Aula 01 
 
 
 
▪ Durante a Colônia e Império, quase nada foi feito pela saúde. Não haviam políticas públicas estruturadas nem centros de 
atendimentos para a população 
▪ Com a chegada da Família Real portuguesa, 1808, com o intuito de desenvolver o Brasil, foram fundados cursos universitários 
como Medicina, Cirurgia, Química. 
▪ Com o avanço da colonização e aumento das “pragas e surtos” como a varíola, foi lançada a estratégia de controle, na época, 
em que se baseava no afastamento ou no confinamento dos doentes nas Santas Casas de Misericórdia. Estas destinaram-se a 
prestar assistência médica às pessoas e por décadas, foram a única opção de acolhimento e tratamento de saúde para quem 
não tinha dinheiro. Fundadas por religiosos, num primeiro momento, conectadas com a ideia de caridade – entre o século XVIII 
e o ano de 1837, desempenharam em suma, uma função mais assistencialista do que curativa. 
▪ Antes da Constituição de 1824, algumas das Santas Casas no Brasil eram: as Santas Casas de Santos (1543), Salvador (1549), Rio 
de Janeiro (1567), Vitória (1818), São Paulo (1599), João Pessoa (1602), Belém (1619), entre diversas outras. 
 
✓ Importante: No Brasil Colônia há uma disputa pela hegemonia das ações voltadas ao cuidado em saúde, os padres jesuítas 
buscam sobrepor a influência das práticas em saúde da pajelança, físicos e cirurgiões barbeiros. 
 
▪ No início do século XX, durante o período da República Velha (1889 a 1930) haviam epidemias de doenças infectocontagiosas, 
como malária, varíola, febre amarela, peste bubônica, cólera, tuberculose, hanseníase, parasitoses, etc. 
▪ Medidas higienista passaram a ter destaque neste período ao passo que determinavam o planejamento urbano da época assim 
como garantiam uma melhor visibilidade do Brasil no exterior, pois, medidas de saneamento possibilitaram a chegada de mais 
comerciantes estrangeiros que antes tinham receios de desembarcar no Brasil. 
▪ Assim, era necessária uma política de saneamento dos espaços onde circulavam mercadorias, erradicar e controlar doenças 
que prejudicariam a exportação, a economia do período, com exploração de Cana-de-açúcar e café. 
▪ É o início da vigilância em saúde nos portos, aeroportos e fronteiras baseada em medidas de controle para doenças contagiosas. 
▪ Com a declaração do fim da escravidão em 1888, o país ficou dependente de mão de obra imigrante para continuar nocultivo 
de insumos que eram a base da economia brasileira, principalmente o café. 
▪ Entre 1900 e 1920, o Brasil ainda era refém dos problemas sanitários e das epidemias. Portanto, para a recepção dos imigrantes 
europeus, houve diversas reformas urbanas e sanitárias nas grandes cidades, como o Rio de Janeiro, em que houve atenção 
especial às suas áreas portuárias. Para o governo, o crescimento do país dependia de uma população saudável e com 
capacidade produtiva, portanto era de seu interesse que sua saúde estivesse em bom estado. 
▪ Os sanitaristas comandaram esse período com campanhas de saúde (Modelo Campanhista), sendo um dos destaques o médico 
Oswaldo Cruz, que enfrentou revoltas populares na defesa da vacina obrigatória contra a varíola (1904) – na época, a população 
revoltou-se com a medida (Revolta da Vacina), pois não foram explicados os objetivos da campanha e do que se tratavam as 
vacinas. As ações dos sanitaristas chegaram até o Sertão Nordestino, divulgando a importância dos cuidados com a saúde no 
meio rural. Lá, porém, as pessoas eram muito pobres e continuavam em moradias precárias, vitimadas por doenças mesmo 
com a disseminação de vacinas. 
 
✓ Importante: podemos destacar no Brasil Império (1822 – 1889) que as ações voltadas para a saúde, com a chegada da Família 
Real Portuguesa, receberam grandes estímulos à formação médica e principalmente no controle e combate às doenças 
transmissíveis. 
 
Chegada da família real ao Brasil em 1808
Política de formação médica
Intervenção na condição de vida e saúde da população 
Vigiar/controlar o aparecimento de epidemias
Ações de combate às doenças transmissíveis
Doenças são explicadas Provação Divina ou Castigo 
Pajelança, Físicos e 
Cirurgiões Barbeiros
 
 
 
✓ Importante: as campanhas destinadas a higiene urbana caracterizavam-se por 
medidas jurídicas impositivas à população, com foco na manutenção da 
comercialização internacional por via dos portos brasileiros. Não passavam de 
medidas imediatistas de problemas agudos. 
MEDIDAS JURIDICAS IMPOSITIVAS 
Notificação 
Obrigatória 
de Doenças 
Vacinação 
Obrigatória 
Vigilância 
Sanitária 
 
2. ASSISTÊNCIA MÉDICA (PREVIDENCIÁRIA) X SAÚDE PÚBLICA 
▪ Até a década de 20, quem necessitava de assistência médica era obrigado a comprar serviços dos profissionais liberais. 
▪ Haviam duas alternativas: A medicina popular (leigos, curadores, práticos, benzedeiros, etc.) ou auxílio das Santas Casas de 
Misericórdias, para tratamento e amparo aos indigentes e pobres. 
▪ Em 1920, realizadas ações de Saúde Pública com o Ministério da Justiça, para reforma promovida por Carlos Chagas, sendo 
responsabilidade do Estado, para controle de endemias e epidemias, fiscalização de alimentos e controle de portos e fronteiras. 
▪ Em 1923, celebrada o estabelecimento de convênio entre o governo brasileiro e a Fundação Rockefeller garantiu a cooperação 
médico-sanitária e educacional para a implementação de programas de erradicação das endemias, sobretudo nas regiões do 
interior e foi promulgada a Lei Eloy Chaves marco do início da Previdência Social no Brasil com a criação das Caixas de 
Aposentadorias e Pensões (CAP), momento conhecido pelas ações de assistência médico-previdenciárias restritas aos 
trabalhadores de determinadas empresas (contribuintes). As CAP’S eram organizadas por empresas e administradas e 
financiadas por empresários (1% da renda) e trabalhadores (3%). 
▪ Durante a Era Vargas (1930 a 1964), a criação do Ministério da Saúde e Educação (MESP) em 1930, possibilitou a implantação 
de um Sistema Nacional de Saúde, voltado para as ações de saúde pública, embora fosse limitado e de baixa qualidade. A saúde 
pública foi anexada ao Ministério da Educação, pelo Departamento Nacional de Saúde Pública. 
▪ Em 1933, com orientação de economia dos gastos, a Previdência Social se consolidou, por meio da criação dos Institutos de 
Aposentadoria e Pensão (IAPs), responsável pela assistência médica aos trabalhadores de determinadas categorias 
profissionais, representou também a substituição das CAPs. Os recursos dos IAP's tinham fonte tripartite (Estado, empresa e 
trabalhadores), e também foram utilizados para o desenvolvimento da indústria de base (industrialização e capitalismo no 
Brasil). 
▪ Em 1953, criado o Ministério da Saúde, justificado pelo crescimento das ações de saúde pública. Primeira vez em que houve 
um ministério dedicado exclusivamente à criação de políticas de saúde, com foco principalmente no atendimento em zonas 
rurais, já que nas cidades a saúde era privilégio de quem tinha carteira assinada. Pode-se dizer que antes do SUS, a atuação do 
Ministério da Saúde era restrita as atividades de promoção de saúde e prevenção de doenças (por exemplo, imunização). 
 
 
 
 
 
 
 
▪ Durante o período do Autoritarismo (1964-1985), a saúde pública era insipiente e de responsabilidade do MS, era direcionada 
prioritariamente aos setores mais pobres e de zonas rurais, com ações de caráter mais preventivos. No que tange a assistência 
previdenciária, ações dirigidas à saúde individual dos trabalhadores formais e voltava-se prioritariamente para as zonas 
urbanas. Houve forte investimento no setor privado com a compra de serviços de assistência médica focados na doença e em 
procedimentos de valores elevados, ou seja, investiram de forma maciça em criação e expansão de serviços de saúde privados. 
▪ A capitalização da Previdência tornou-se em sócia privilegiada do Estado, empresas estatais e privadas que destas dependiam. 
A Industrialização acelerada e a migração da população (campo-cidade), resultou em maior demanda de assistência médica. 
Cada vez mais adotava-se o modelo de saúde americano, visão hospitalocêntrica e alto custo, fortalecendo a indústria de 
medicamentos e equipamentos hospitalares. 
▪ O sanitarismo campanhista não respondia mais às necessidades da economia industrializada. Durante a ditadura militar a saúde 
sofreu com o corte de verbas e doenças como dengue, meningite e malária se intensificaram. Houve aumento das epidemias 
e da mortalidade infantil. 
▪ Ao final da década de 1950, a saúde passou por um processo de modernização como os demais setores à época, devido à 
perspectiva capitalista avançar na lógica de eficiência da produção de bens e serviços. 
▪ Em 1960 foi aprovada a Lei Orgânica da Previdência, que garantiu a uniformização dos benefícios. As condições concretas para 
Assistência à saúde no período da 
medicina previdenciária
Saúde pública
MESP e posteriormente pelo MS 
para todos.
Ações campanhistas e de combate 
às endemias
Assistência médica Restrita aos trabalhadores
 
 
 
um novo modelo surgir com a Ditadura Militar. O Estado passou a ter papel regulador, com direito à expulsão de trabalhadores 
do controle da Previdência Social. 
▪ O governo militar criou em 1966 o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS), que foi a união de todos os órgãos 
previdenciários que funcionavam desde 1930, uniformizando os benefícios de seus contribuintes. Este fato provocou uma 
progressiva exclusão da participação social na gestão da previdência. Neste ínterim o INPS passou a priorizar a contratação de 
serviços privados para o atendimento de seus beneficiários. 
 
 
 
 
 
 
 
 
▪ Ampliava-se a cobertura, e o caráter discriminatório da Política de Saúde, pois eram nítidas as desigualdades ao acesso, 
qualidade e quantidade de serviços para a população urbana e rural, e entre clientelas de cada corporação. 
▪ Em 1974, fim do período do milagre econômico, inicia a abertura política, questionando a política social do governo e efeitos 
do modelo econômico adotado para saúde. Houve separação da área do trabalho (antes responsável pela assistência médica 
no país) da previdência. Sendo criado o Ministério da Previdência Social. 
▪ Criado o Fundo de Apoio e Desenvolvimento Social (FAS), para financiar a expansão do parque hospitalar privado (de alta 
complexidade e tecnologia) com recursos daprevidência e de forma subsidiada. 
▪ Surgem as modalidades supletivas de prestação de serviços, como o convênio-empresa (que assume a responsabilidade sobre 
a assistência médica em troca de subsídios da Previdência) e a Medicina de Grupo. 
▪ No ano de 1975, foram estabelecidas as competências da iniciativa privada e setor estatal na saúde, com divisão de competência 
para as ações de saúde pública (não rentáveis) e atenção médica (rentáveis), com a intermediação pela Previdência Social. 
Ainda em 1975, foi promulgada a Lei n. 6.229, que dispõe sobre a organização do Sistema Nacional de Saúde (SNS), em uma 
tentativa de institucionalização e racionalização do modelo vigente, sem, entretanto, enfrentar as contradições fundamentais 
do sistema. 
▪ O INPS administrava tanto os serviços de assistência médica quanto os de previdência social. No intuito de melhorar a 
administração, em 1977, por meio da Lei nº 6439/77, o governo desdobrou o INPS e desmembrou suas ações com a criação 
do Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS) responsável pela assistência médica e direcionou 
a responsabilidade pela previdência social ao INPS e Instituto de Administração da Previdência Social (IAPS). 
▪ O INAMPS era ligado ao Ministério da Previdência e Assistência Social (MPAS), e fornecia atendimento com uma ressalva: 
Somente era atendida a população formadas por empregados formais e que contribuíam com a Previdência Social. Pessoas 
que não tinham empregos formais não tinham acesso à saúde. Mais uma vez a assistência era restrita ao contribuinte. Em 
1977, foi criado o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS), vinculando–se a ele o INAMPS. 
▪ O sistema foi baseado no Estado (financiador da saúde pela Previdência Social), no setor privado nacional (serviços de atenção 
médica) e no setor privado internacional (equipamentos biomédicos e medicamentos). Um sistema que caminhou para a 
falência ao passo que ofertava serviços de baixa qualidade e altos custos aos contribuintes, gerando desconforto e insatisfação. 
▪ Durante o período do Autoritarismo, houve grandes desvios de recursos do INPS/INMAPS para a iniciativa privada, o que fez 
despertar o olhar sobre alguns fatos, tais como: 
 
 
 
 
 
Crise financeira, pelas fraudes 
no sistema de pagamento e 
faturamento, desvios de verbas 
da previdência para 
megaprojetos do governo. 
Piora do quadro 
econômico pós-
milagre e os 
custos crescentes 
do modelo 
adotado; 
Abertura política e o 
reaparecimento de 
atores dispostos a lutar 
pelo resgate da dívida 
social acumulada pela 
ditadura. 
Modelo de saúde: 
médico
assistencial-
privatista de alto 
custo. 
Criação do INPS (1966) 
Extensão de cobertura previdenciária para a quase totalidade da 
população urbana e rural 
Privilegiamento da prática médica curativa individual, 
assistencialista, em detrimento da saúde pública; 
Criação de um complexo médico-industrial; 
Organização do sistema de saúde orientado pela lucratividade e 
privilégios para o produtor privado de serviços de saúde; 
 
 
 
▪ Na década de 70, setores da sociedade, indignados pelo quadro caótico na saúde e previdência social, iniciaram o movimento 
formado por técnicos, intelectuais, partidos políticos, diferentes correntes e tendências e movimentos sociais em defesa de 
um conjunto de transformações sociais e políticas, em que a saúde é um “direito de todos e dever do Estado”. Eis a gênese do 
Movimento pela Reforma Sanitária. 
 
Acontecimentos importantes: 
Em 1978, ocorreu a Conferência Internacional sobre Cuidados Primários de Saúde, realizada pela Organização Mundial da Saúde 
(OMS) em Alma-Ata, que dentre ricos debates internacionais, fomentou a discussão sobre um novo modelo de saúde no Brasil. O 
documento expedido das ricas discussões contribui para nortear e inspirar o movimento sanitarista no Brasil. 
 
 
3. MOVIMENTO DA REFORMA SANITÁRIA 
▪ Os elevados investimentos no setor privado provocaram falência do sistema médico-previdenciário e gerou forte insatisfação 
por parte das camadas populares o que gerou forte oposição a este sistema. 
▪ O crescimento da assistência médica da previdência e o esvaziamento da saúde pública, esgotou o modelo vigente e abriu 
janelas para experiências inovadoras em locais em que a iniciativa privada não tinha interesse. 
▪ Sob a Ditadura Militar, surgiram em vários municípios experiências de implantação de redes de atenção básica à saúde, com 
ação de profissionais da área de saúde coletiva que ocupam importantes espaços institucionais abertos por novos prefeitos 
municipais eleitos pelo MDB a partir de 1975/76. Surgem os primeiros projetos de medicina de comunidade e experiencias de 
municipalização da saúde. 
▪ Em 1976, Programa de Interiorização das Ações de Saúde (PIASS) caracterizava-se como uma iniciativa de investimentos que 
tinha em vista a expansão da rede de atenção primária de saúde em municípios do interior. 
▪ Essas experiencias proporcionaram amplos debates sobre a saúde entre diversos atores sociais, e a partir da realização da 8ª. 
Conferência Nacional de Saúde (8ª. CNS) em 1986, “reforma sanitária” foi a denominação que deu identidade ao movimento 
da democratização da saúde. Esta expressão foi usada para se referir ao conjunto de ideias em relação às mudanças e 
transformações necessárias na saúde. Essas mudanças não abarcavam apenas o sistema, mas vários setores do Estado e da 
sociedade em busca da melhoria das condições de vida da população. 
▪ Em 1978, trabalhou-se a proposta internacional de priorização da atenção e dos cuidados primários de saúde, acordada na 
Conferência Mundial de Saúde de Alma-Ata, OMS. Era necessário expandir a atenção médica com modelo de baixo custo para 
populações excluídas, das periferias das cidades e zonas rurais. 
▪ Desenvolvia-se a proposta de atenção primária seletiva, com recursos marginais, para populações marginais, com tecnologias 
baratas e simples, pessoal com baixa qualificação e desarticulada de um sistema hierarquizado e resolutivo, distante da 
proposta de atenção primária à saúde. Possibilitaria maior eficiência, satisfação e impacto nas condições de vida e de saúde. 
▪ Em 1979, com a extensão da rede ambulatorial pública, principalmente no Nordeste. Surgiram outros fatores importantes para 
estabelecimento de um movimento com nova proposta. 
▪ Entre esses atores, destacamos: 
✓ Comunidades eclesiásticas de base da Igreja Católica 
✓ Movimentos de trabalhadores de saúde/ Organizações sindicais dos médicos; 
 
 
 
✓ Centro Brasileiro de Estudos da Saúde; 
✓ CEBES (1976) e Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva 
✓ ABRASCO (debates, simpósios, publicações que sistematizavam proposta alternativa ao modelo privatista); 
✓ Movimento municipalista, através de Encontros de Secretários Municipais de Saúde (1978), entidades estaduais e nacional 
de secretários (Associação Sebastião de Moraes- SP, COSEMS e o CONASEMS), nutridos por experiências municipais bem 
sucedidas, onde foi possível conciliar o acúmulo teórico e a prática na implantação de sistemas municipais de saúde, como 
Campinas, Niterói, Londrina, Piracicaba, Bauru, etc.); 
✓ Parlamentares de diferentes níveis do poder legislativo; 
✓ Movimento popular de saúde, (comunidades eclesiais da igreja católica e militantes de esquerda na periferia das grandes 
cidades (Zona Leste de São Paulo, principalmente) o fim do bipartidarismo, a democratização e ressurgimento do debate 
político e de propostas partidárias; 
✓ Forte influência da experiência italiana. 
✓ Novo movimento sindical, autônomo, a partir das greves do ABC no final dos anos 70, e com destaque e importância para 
a Central Única dos Trabalhadores (CUT). 
▪ Caminhava-se para a consolidação do processo de "universalização excludente das políticas de saúde". 
▪ O ideário reformista objetivava estender a saúde a todos os brasileiros, além de postular que a almejada melhoria das condiçõessanitárias estava diretamente relacionada à ampliação do direito à cidadania, ou seja, à democratização da sociedade. 
▪ As propostas da Reforma Sanitária resultaram, finalmente, na universalidade do direito à saúde, oficializado com a Constituição 
Federal de 1988 e a criação do Sistema Único de Saúde (SUS). 
 
4. A SAÚDE NA NOVA REPÚBLICA (1985-1988) 
▪ Nesta fase da história do Brasil, a saúde estava sob o contexto de profunda crise econômica, estagnação do crescimento, 
descontrole inflacionário e recessão com rompimento do estado desenvolvimentista, apoiado com empresas e interesses 
privados. Vivenciava a Redemocratização do país, acelerado pela derrota eleitoral 1982, Movimento das Diretas Já e 
mobilização popular e sindical, resulta num incremento das forças de oposição. Na ordem política, buscou-se um novo 
arcabouço jurídico-institucional, com a convocação da Assembleia Nacional Constituinte eleita em 1986. 
▪ No que tange a saúde pública, no início da década de 80, eclodiu a crise anunciada da Previdência Social. É possível identificar 
três diferentes níveis de crise: 
 A) Financeira: Motivada pelos fatores anteriormente relacionados e resultado da política econômica recessiva imposta ao país 
em 1981-82. 
 B) Ideológica (representada pelo PREV-SAÚDE): 
▪ Em 1980 o projeto PREVSAÚDE - Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde foi lançado com o objetivo da universalização 
dos cuidados primários de saúde, em todo o país, com articulação de entidades públicas e privadas, maior cobertura com 
regionalização, hierarquização e integralização das ações, técnicas simplificadas, pessoal auxiliar e inclusão do setor privado 
no sistema. Representou oficialmente o entendimento de que havia da necessidade de reformulação das prioridades e 
alteração de uma política de saúde que se encontrava em um verdadeiro caos. 
 C) Político-institucional (CONASP): 
▪ Uma medida para controle da crise financeira da Previdência Social foi criar uma instância reguladora da saúde previdenciária, 
o Conselho Consultivo da Administração de Saúde Previdenciária, para estudar e propor normas mais adequadas para a 
prestação de serviços de assistência, utilização dos recursos financeiros e medidas de avaliação e controle do sistema. 
▪ O Decreto n.º 86.329, de 1981 criou o CONASP, também propõe o Plano de Reorientação da Assistência à Saúde (aumento da 
produtividade, melhoria da qualidade, equalização dos serviços prestados à população urbana e rural, montagem de um 
sistema de auditoria, revisão do financiamento do FAS, hierarquização de equipamentos, etc). 
▪ Propunha, modelo assistencial regionalizado e hierarquizado com base em convênios estabelecidos entre o MPAS/Ministério 
da Saúde/Secretarias Estaduais de Saúde. Resultou no fim do pagamento por unidades de serviços, disciplinando os gastos e 
diminuindo as internações hospitalares. 
▪ A racionalização ambulatorial foi tímida e utilizada para amenizar o problema das filas. Foi usado para credenciamento dos 
médicos e contratação de serviços públicos, pagos de acordo com a produção potencial da capacidade instalada da rede. 
▪ Em 1981, instituição do Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária e posteriormente em 1983 foram 
criadas as Ações Integradas de Saúde (AIS). As AIS foram as primeiras experiências com um sistema de saúde mais integrado e 
articulado, uma estratégia de reorganização do sistema de saúde com base em mecanismos de regionalização e hierarquização, 
procurou interligar a rede pública nas esferas federal, estadual e municipal. Estas iniciativas começaram a alterar a lógica do 
sistema vigente, antecipando as propostas institucionais da reforma sanitária do fim dos anos 1980. 
▪ Em 1982, a oposição ganha as eleições para governos estaduais, abrindo a possibilidade de técnicos comprometidos com a 
Reforma Sanitária ocuparem espaços políticos e técnicos importantes. Em 1983, a oposição ganha as eleições para prefeituras 
e secretarias municipais de saúde, iniciando experiências inovadoras e exitosas de gestão municipal da saúde representando 
 
 
 
avanços na municipalização da saúde. 
▪ Com o financiamento utilizado para as atividades médicas da rede pública, transformou estas unidades em prestadoras de 
serviços para o INAMPS (a semelhança das privadas). Criou as primeiras instâncias colegiadas (CIPLAN, CIS, CRIS, CIMS, CIL, nos 
níveis federal, estadual, regional, municipal e local, respectivamente), precursoras dos futuros Conselhos de Saúde. 
▪ Em 1982 o MPAS e o INAMPS, ocupados, e dirigidos por sanitaristas e técnicos comprometidos com o movimento da Reforma 
Sanitária dão início a um processo de transformações institucionais. Passa-se ao discurso da defesa do direito universal à saúde 
e do dever do Estado em propiciá-la, do estabelecimento de um comando único para a saúde e da convocação de uma 
Conferência Nacional de Saúde para subsidiar a Assembleia Nacional Constituinte. 
▪ Este processo foi alavancado pelo INAMPS, que estabeleceu convênio privilegiado com entidades filantrópicas, incremento dos 
gastos com o setor público, apoio aos grupos de alta tecnologia e manteve-se a prática clientelista oriunda do sistema político. 
▪ Alguns avanços foram estabelecidos: 
✓ Planejamento descentralizado e integrado através da Programação Orçamentária Integrada (POI) 
✓ Financiamento de ações preventivas 
✓ Participação social através das CIMS, etc. 
▪ Tensão entre Ministério da Saúde e o MPAS acentuava-se, pela maior agilidade, aporte de recursos e recusa a unificação por 
parte do INAMPS. 
▪ Resultado: INAMPS passa de prestador a financiador e gestor do sistema de saúde, ficando a prestação delegada aos estados 
e, destes, aos municípios. 
 
5. VIII CONFERÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE 
▪ No ano de 1986 em Brasília acontecera a VIII Conferência Nacional de Saúde (CNS), um evento político-sanitário de caráter 
democrático (essa Conferência, pela primeira vez, permitiu a participação da sociedade civil na elaboração e construção de um 
novo ideário para a saúde). Estiveram presentes milhares de delegados representando usuários, trabalhadores da saúde, 
partidos políticos, os diferentes níveis de governo, universidade, parlamentares, ONG, etc.). 
▪ Norteada pelo princípio da “Saúde como direito de todos e dever do Estado”, sustentando a necessidade do o conceito ampliado 
de saúde, também obteve como deliberação a base da institucionalização do SUS pela Constituição de 1988. Foi possível 
estabelecer um consenso político que permitiu a criação do projeto da Reforma Sanitária. 
▪ Em seus grupos e assembleias foram discutidas e aprovadas as principais demandas do movimento sanitarista: fortalecer o 
setor público de saúde, expandir a cobertura a todos os cidadãos e integrar a medicina previdenciária à saúde pública, 
constituindo assim um sistema único. 
▪ Seus desdobramentos práticos no que tange o desenvolvimento de trabalhos técnicos a cargo da Comissão Nacional de Reforma 
Sanitária, influenciou dois processos iniciados em 1987: 
✓ A implantação do Sistema Único Descentralizado de Saúde (SUDS), pelo poder executivo; 
✓ A elaboração da nova constituição brasileira, pelo legislativo. 
▪ O SUDS tentou incorporar, em seu desenho, alguns dos elementos centrais da proposta da reforma sanitária: a 
universalização, a descentralização pela via da estadualização e a democratização das instâncias gestoras. O SUDS pode 
ser então comparado à um protótipo do SUS. 
 
6. O SISTEMA ÚNICO DESCENTRALIZADO DE SAÚDE 
▪ Em 1986, tomam posse governadores eleitos pelo PMDB, criando condições políticas favoráveis à unificação do MS/MPAS, 
comandada pelo INAMPS e buscando integração com os governos estaduais. 
▪ Com a fragilidade política do MS e falta de base jurídica para o INAMPS estabelecer esse papel, foi criado o SUDS, em julho de 
1987, com o fim das AIS's que não conseguiram constituir de fato uma mudança no Sistema Nacional de Saúde, nem o papel 
de política social compensatória.Enquanto se aprofundavam as discussões sobre o financiamento e operacionalização para a 
constituição do SUS, este modelo atuou seguindo os princípios da reforma sanitária: 
▪ O SUDS passou por dois momentos distintos: 
✓ Até o final da gestão de Hésio Cordeiro (87-88), quando se observa a tentativa de preparar a transição para o Sistema 
Único de Saúde (desconcentração para estados e municípios, fortalecendo o setor público; desestabilização do INAMPS; 
enfraquecimento do setor privado e privilegiamento do filantrópico). 
✓ Até o final do governo Sarney (89-90), com ação contrária, estabelecendo-se intensa disputa dentro do governo (MS x 
MPAS) e entre os defensores da reforma sanitária e seus opositores. 
PRINCÍPIOS DO SUDS
Universalização Integralidade Regionalização Hierarquização Descentralização Democratização das 
instâncias gestoras
 
 
 
▪ Segundo momento não conseguiu desmontar o processo de estadualização e o movimento de municipalização da saúde, nem 
restaurar o INAMPS. Entretanto, o SUDS apresentou efeitos inesperados e erros estratégicos, consistindo em mais uma 
reforma administrativa que não conseguiu transformar positivamente o sistema nacional de saúde. 
▪ A partir da criação do SUDS, a política de saúde ganhou maior visibilidade no cenário político social do país sendo possível 
observar os avanços alcançados com a Carta Constitucional de 1988, que criou um sistema de seguridade social. 
 
7. A CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A REGULAMENTAÇÃO DO SUS 
▪ Com enfoque claro sobre a Seguridade Social, a Constituição de 88 banhou-se no referencial da saúde no conteúdo amplamente 
discutido na 8ª Conferência Nacional da Saúde, por reivindicação de grupos da sociedade civil organizada. 
▪ O texto da Assembleia Nacional Constituinte resultou dos acordos possíveis dentro do Congresso Nacional, entre diferentes 
atores. Defendido por um grupo de parlamentares apoiados pelo movimento da Reforma Sanitária. 
▪ Os fundamentos do SUS estão expressos na seção II (da Saúde) do capítulo II (da Seguridade Social) do título VIII (da Ordem 
Social) da Constituição Federal. 
▪ A Constituição de 1988 incorpora conceitos, princípios e uma nova lógica de organização da saúde da reforma sanitária, 
expressos nos artigos de 196 a 200: Conceito de saúde entendido numa perspectiva de articulação de políticas econômicas e 
sociais; Saúde como direito social universal derivado do exercício da cidadania plena e não mais como direito previdenciário; 
Caracterização dos serviços e ações de saúde como de relevância pública; Criação de um Sistema Único de Saúde 
(descentralizado, com comando único em cada esfera de governo, atendimento integral e participação da comunidade); 
Integração da saúde a Seguridade Social. 
▪ Reconhecida internacionalmente como referência em termos de política de saúde e base jurídico-constitucional. 
▪ Em 1989/90, foi elaborada a Lei 8.080 e a Lei 8.142, a chamada Lei Orgânica da Saúde, que dispõe sobre as condições para a 
promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços de saúde, regulamentando o 
capítulo da saúde na Constituição. 
▪ Criadas as Constituições Estaduais e as Leis Orgânicas dos Municípios, adaptando-se a legislação em âmbito regional e municipal 
e repetindo-se o processo de envolvimento da sociedade e pactuação entre as diferentes forças políticas observado na 
Assembleia Nacional Constituinte. 
▪ As Leis Orgânicas municipais, promulgadas em 1990, incorporam os princípios constitucionais federal e estadual e trazem para 
os municípios um novo papel frente ao Sistema Único de Saúde. 
▪ Presidente Collor efetuou um conjunto de vetos na proposta aprovada pelo Congresso Nacional, concentradas em dois grandes 
eixos, prejudicando sobremaneira a implantação do SUS: 
✓ Nos artigos referentes a regulamentação da participação e controle social (Conselhos e Conferências); 
✓ Na regulamentação do financiamento do Sistema Único de Saúde (transferência direta e automática de recursos a estados 
e municípios, eliminação de convênios e definição dos critérios de repasse). 
▪ A Lei 8.080/90 expressa parte das conquistas da Constituição de 1988. Não consegue incluir a regulação do setor privado, 
atenção médica supletiva e setor de alta tecnologia. 
▪ Houve intensa reação do movimento de saúde, coordenado pela Plenária Nacional de Saúde, forçando um acordo entre as 
lideranças partidárias no Congresso e o Governo, que resultou na Lei 8.142, de 90, que resgatou a regulamentação da 
participação social (assegurando os Conselhos e Conferências com caráter deliberativo) e transferência intergovernamental 
de recursos financeiros na saúde (Fundo Nacional de Saúde, repasses automáticos e condições para que os municípios e 
estados possam receber recursos federais: fundo de saúde, conselho de saúde, plano de saúde, relatórios de gestão, 
contrapartida de recursos e planos de cargos e salários). 
▪ Início do governo Collor, coincidindo com implantação do Sistema Único de Saúde e de novo arcabouço jurídico: 
✓ Constituição Federal de 1988, as Constituições Estaduais, as Leis Orgânicas Municipais, a Lei 8.080/90 e a Lei 
8.142/90. 
▪ Com esse diagnóstico e experiências da década de 80, baseando-se nas propostas da VIII Conferência Nacional de Saúde, 
realizada em 1986, a Constituição de 1988 estabeleceu pela primeira vez, de forma relevante, uma seção sobre a saúde que 
trata de três aspectos principais: 
1) Em primeiro lugar, incorpora o conceito mais abrangente de que a saúde tem como fatores determinantes e 
condicionantes o meio físico (condições geográficas, água, alimentação, habitação, etc.); o meio socioeconômico e cultural 
(educação, renda, ocupação, etc.), e a oportunidade de acesso aos serviços que visem a promoção, proteção e a 
recuperação da saúde. 
2) Em segundo lugar, a Constituição também legitima o direito de todos, sem qualquer discriminação, às ações de saúde em 
todos os níveis, assim como explicita que o dever de prover o pleno gozo desse direito é responsabilidade do Estado, isto 
é, do poder público. Isto significa que, a partir da nova Constituição, a única condição necessária para se ter direito de 
acesso aos serviços e ações de saúde é ser cidadão. 
3) Por último, a Constituição estabelece o Sistema Único de Saúde - SUS, de caráter público, formado por uma rede 
regionalizada, hierarquizada e descentralizada, com direção única em cada esfera de governo, e sob controle da sociedade. 
 
 
 
▪ Serviços privados, conveniados e contratados, passam a ser COMPLEMENTARES e subordinados às diretrizes do Sistema Único 
de Saúde. 
 
RESUMINDO: 
 
 
Arts. 195 e 196 – Seguridade social. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8. SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE - SUS 
▪ Conforme artigo 4º da Lei Federal 8.080/90, o Sistema Único de Saúde "é o conjunto de ações e serviços de saúde prestados 
por órgãos e instituições Públicas Federais, Estaduais e Municipais, da Administração Direta e Indireta e das Fundações 
mantidas pelo Poder Público." e, complementarmente, "...pela iniciativa privada." 
▪ Nova formulação política e organizacional para o reordenamento dos serviços e ações de saúde estabelecida pela Constituição 
de 1988 e posteriormente às leis que a regulamentam. 
▪ Não é o sucessor do SUDS ou do INAMPS. É um novo sistema de saúde que está em construção. 
▪ Deve ser entendido em seus objetivos finais (dar assistência à população baseada no modelo da promoção, proteção e 
recuperação da saúde) para que assim, busquemos os meios (processos, estruturas e métodos) capazes de alcançar tais 
objetivos com eficiência e eficácia e, torna-lo efetivo em nosso país. 
▪ Estes meios, orientados pelos princípios organizativos da descentralização, regionalização, hierarquização, resolutividade 
(resolubilidade), participação social e complementaridade do setor privado, devem se constituir em objetivos estratégicos que 
deem concretude ao modelo de atenção à saúde desejado para o Sistema Único de Saúde.▪ Segue a mesma doutrina e os mesmos princípios organizativos em todo o território nacional, sob a responsabilidade das três 
esferas autônomas de governo: federal, estadual e municipal. 
▪ Não é um serviço ou uma instituição, mas um Sistema que significa um conjunto de unidades, de serviços e ações que interagem 
para um fim comum. Esses elementos integrantes do sistema referem-se, ao mesmo tempo, às atividades de promoção, 
proteção e recuperação da saúde. 
▪ Baseado nos preceitos Constitucionais, a construção do SUS se norteia pelos seguintes princípios doutrinários: 
Universalidade: Todas as pessoas têm direito à saúde, independente de cor, raça, religião, local de moradia, situação de emprego 
ou renda, etc. A saúde é direito de cidadania e dever dos governos municipal, estadual e federal. 
Equidade: Todo cidadão é igual perante o Sistema Único de Saúde e será atendido e acolhido conforme as suas necessidades. Os 
serviços de saúde devem considerar que em cada população existem grupos que vivem de forma diferente. O SUS não pode 
oferecer o mesmo atendimento a todas as pessoas, da mesma maneira, em todos os lugares. Se isto ocorrer, algumas pessoas vão 
ter o que não necessitam e outras não serão atendidas naquilo que necessitam. O SUS deve tratar desigualmente os desiguais. 
Saúde e CF 
de 1988
Arts. 
194-195
Seguridade Social*
Art. 196 Universalidade e conceito ampliado de saúde.
Art. 197
Saúde pelo Estado e iniciativa privada; ao poder público cabe a regulamentação, 
fiscalização e controle social.
Art. 198 Diretrizes do SUS; aspectos do financiamento específico.
Art. 199 Participação da iniciativa privada
Art. 200 Competências do SUS
Assistência Social 
SEGURIDADE SOCIAL 
Previdência Social Saúde 
INSS SUAS SUS 
Direito de todos e dever do estado; 
independe de contribuição. 
 
 
 
Integralidade: As ações de saúde devem ser combinadas e voltadas ao mesmo tempo para a prevenção, a promoção, a cura e a 
reabilitação. Os serviços de saúde devem funcionar atendendo o indivíduo como um ser humano integral submetido às mais 
diferentes situações de vida e trabalho, que o leva a adoecer e a morrer. O indivíduo não deve ser visto como um amontoado de 
partes (coração, fígado, etc.). 
▪ O indivíduo é um ser humano, social, cidadão que, biológica, psicológica e socialmente, está sujeito a riscos de vida. Desta forma 
o atendimento deve ser feito para a sua saúde e não somente para as suas doenças. Isto exige que o atendimento deva ser 
feito também para erradicar as causas e diminuir os riscos, além de tratar os danos. 
▪ É preciso garantir o acesso as ações de (para garantir a Integralidade): 
Promoção: através de ações que busquem eliminar ou controlar as causas das doenças e agravos, ou seja, o que determina ou 
condiciona o aparecimento de casos. Estas ações estão relacionadas a fatores: Biológicos (herança genética, tais como câncer, 
hipertensão, etc.), Psicológicos (estado emocional), Sociais (condições de vida, como na desnutrição, etc.). 
Ações: Saneamento básico, imunizações, ações coletivas e preventivas, vigilância à saúde e sanitária, etc. 
Proteção: através de ações específicas para prevenir riscos e exposições às doenças, ou seja, para manter o estado de saúde. 
Ações: tratamento da água para evitar a cólera e outras doenças; prevenção de complicação da gravidez, parto e do puerpério; 
imunizações; prevenção de doenças transmitidas pelo sexo - DST e AIDS; prevenção da cárie dental; prevenção de doenças 
contraídas no trabalho; prevenção de câncer de mama, de próstata, de pulmão (combate ao fumo); controle da qualidade do 
sangue, etc. 
Recuperação: desenvolvida através de ações que evitem as mortes das pessoas doentes e as sequelas; são as ações que já atuam 
sobre os danos. 
Ações: atendimento médico ambulatorial básico e especializado; atendimento às urgências e emergências; atendimento 
odontológico; internações hospitalares; reabilitação física. Estas ações de promoção, proteção e recuperação formam um todo 
indivisível. As unidades prestadoras de serviço, com seus diferentes graus de 24 complexidade, formam também um todo 
indivisível, configurando um sistema capaz de prestar atenção integral. 
 
9. PRINCÍPIOS DA ORGANIZAÇÃO DO SUS 
Regionalização e Hierarquização: A rede de serviços do SUS deve ser organizada de forma regionalizada e hierarquizada, permitindo 
um conhecimento maior dos problemas de saúde da população de uma área delimitada, favorecendo ações de vigilância 
epidemiológica e sanitária, controle de vetores, educação em saúde, além das ações de atenção ambulatorial e hospitalar em todos 
os níveis de complexidade. O acesso da população à rede deve se dar através dos serviços de nível primário de atenção, que devem 
estar qualificados para atender e resolver os principais problemas que demandam serviços de saúde. Os que não forem resolvidos 
neste nível deverão ser referenciados para os serviços de maior complexidade tecnológica. 
 
Hierarquização. 
Fonte: MENDES, 2010. 
 
Resolutividade: Esse sistema deve estar apto, dentro do limite de sua complexidade e capacidade tecnológica, a resolver os 
problemas de saúde que levem um paciente a procurar os serviços de saúde, em cada nível de assistência. Deve, ainda, enfrentar 
os problemas relacionados ao impacto coletivo sobre a saúde, a partir da ideia de que os serviços devem se responsabilizar pela 
vida dos cidadãos de sua área ou território de abrangência, resolvendo-os também até o nível de sua complexidade. 
Descentralização: É entendida como uma redistribuição das responsabilidades às ações e serviços de saúde entre os vários níveis 
de governo, a partir da ideia de que quanto mais perto do fato a decisão for tomada, mais chance haverá de acerto. Deverá haver 
uma profunda redefinição das atribuições dos vários níveis de governo, com um nítido reforço do poder municipal sobre a saúde 
(a este processo dá-se o nome de municipalização). Aos municípios cabe, portanto, a maior responsabilidade na implementação 
das ações de saúde diretamente voltados para os seus cidadãos. A Lei 8.080/90 e as NOBs (Norma Operacional Básica do Ministério 
da Saúde) que se seguiram definem precisamente o que é obrigação de cada esfera de governo. 
Participação dos Cidadãos: É a garantia constitucional de que a população através de suas entidades representativas, poderá 
participar do processo de formulação das políticas de saúde e do controle de sua execução, em todos os níveis, desde o federal até 
o local. Essa participação deve se dar nos conselhos de saúde (nacional, estadual, municipal e local), com representação paritária 
de usuários, governo, profissionais de saúde e prestadores de serviços, com poder deliberativo. As Conferências de Saúde nas três 
esferas de governo são as instâncias máximas de deliberação, devendo ocorrer periodicamente e definir as prioridades e linhas de 
 
 
 
ação sobre a saúde. É dever das instituições oferecer informações e conhecimentos necessários para que a população se posicione 
sobre as questões que dizem respeito à saúde. A representação dos conselhos de saúde que é definida pela Lei 8.142/90, determina 
que os mesmos deverão ser paritários e tripartites, em todas as esferas de governo, como esquematizado acima. 
Complementaridade do Setor Privado: A Constituição definiu que quando, por insuficiência do setor público, for necessário a 
contratação de serviços privados, isto se deve dar sob três condições: 
✓ A celebração do contrato conforme as normas de direito público; 
✓ A instituição privada deverá estar de acordo com os princípios básicos e normas técnicas do Sistema Único de Saúde; 
▪ A integração dos serviços privados deverá se dar na mesma lógica do SUS em termos de posição definida na rede regionalizada 
e hierarquizada dos serviços. Dentre os serviços privados, devem ter preferência os serviços não lucrativos (hospitais 
Filantrópicos - Santas Casas), conforme determina a Constituição. 
▪ Cada gestor deverá planejarprimeiro o setor público e, na sequência, complementar a rede assistencial com o setor privado 
não lucrativo, com os mesmos conceitos de regionalização, hierarquização e universalização. 
 
10. A ERA PÓS CONSTITUINTE 
▪ A base política social vivenciava a disputa de dois projetos antagônicos: 
Hegemônico (projeto neoliberal): representado pela proposta conservadora de reciclagem do modelo médico-assistencial 
privatista; 
Contra-hegemônico: representado pela reforma sanitária e a implementação de fato do SUS. 
▪ Por baixo do sucesso da reforma sanitária, o projeto neoliberal foi se consolidando, enraizado no conservador modelo médico-
assistencial privatista hegemônico na década de 80. Foram crescentes os enfrentamentos aos grupos corporativistas e 
empresariais que são contrários aos SUS. 
▪ O projeto neoliberal criou um sistema privado forte e com baixa regulação pelo Estado: 
✓ Da atenção médica supletiva - Se consolidou pelo tipo de financiamento (sem recursos e dependência direta do Estado) e 
por sua expansão as custas da perda de qualidade do setor público, fazendo com que este último passe a ser considerado 
o sistema dos grupos "de baixo" e o da atenção médica supletiva (privada) o do grupo dos "de cima". 
▪ Favorece a expulsão, dos setores de trabalhadores mais organizados para o modelo de atenção médico-supletivo, diminuindo 
a pressão e mobilização social pela implementação de fato do Sistema Único de Saúde. 
▪ As Centrais Sindicais e grandes sindicatos, mesmo que comprometidos com a reforma sanitária. Além disso, a política salarial e 
de recursos humanos praticada, desencadeou inúmeras greves do setor público, contribuindo para o descrédito da população. 
▪ Passa a prevalecer um sistema privado com forte apelo ideológico, compatível com o modelo de formação médica (flexneriano), 
sustentado por uma política deliberada de desmonte do setor público (voltado a atenção apenas das populações pobres e 
excluídas), com uma parte sofisticada e eficiente do setor público de alta tecnologia (INCOR, por exemplo) dando-lhe 
retaguarda, e sustentado por uma forma de financiamento injusta "com ou sem recibo" e através da dedução no imposto de 
renda dos gastos com o setor privado de saúde). 
 
A caminhada da saúde pública no Brasil foi longa, e quanto ao atual sistema vigente pode mencionar um percurso claro que vem 
desde o SUDS (1987); a incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde e por fim a Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080, de 19 de 
setembro de 1990) que estabeleceu efetivamente as diretrizes para a organização do SUS. Poucos meses após a publicação da 
8.080 foi publicada também a Lei nº 8.142, em 28 de dezembro de 1990, que imprimiu ao SUS uma de suas principais 
características: o controle social, ou seja, a inclusão de trabalhadores e usuários na gestão do sistema e de seus serviços. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS: 
CUNHA, C. L. F. Guia de trabalho para enfermeiro na atenção primaria à saúde. Curitiba: CRV, 2017. 
MENDES, E. V. Os Desafios do SUS. Brasília, DF: CONASS, 2019. 
OLIVEIRA, A.; OLIVEIRA, A. P. SUS p/ concursos de Saúde. 2018. 
PASSOS, R. S. Legislação do SUS, Saúde Pública e Epidemiologia para concursos e Residências. João Pessoa: ed. Brasileiro, 2018. 
 
 
 
 
 
 
LEI 8080/1990 
Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o 
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. 
 
 
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR 
Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e 
serviços de saúde, executados isolada ou conjuntamente, em 
caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou 
jurídicas de direito Público ou privado. 
 
DISPOSIÇÕES GERAIS 
A saúde é um direito fundamental do ser humano, e dever do 
Estado prover as condições indispensáveis ao seu pleno 
exercício. 
▪ O dever do Estado: formulação e execução de políticas 
econômicas e sociais para reduzir riscos de doenças e 
agravos e criar condições para acesso universal e 
igualitário às ações e serviços para promoção, proteção e 
recuperação. 
▪ O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das 
empresas e da sociedade. 
Os níveis de saúde refletem a organização social e econômica 
do País. A saúde tem determinantes e condicionantes: 
 
Parágrafo único: Ações que garantem às pessoas e à 
coletividade condições de bem-estar físico, mental e social, 
também estão inseridas em saúde. 
 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
O conjunto de ações e serviços de saúde, por órgãos e 
instituições públicas federais, estaduais e municipais, da 
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo 
Poder Público 
▪ Incluídos: instituições públicas federais, estaduais e 
municipais de controle de qualidade, pesquisa e 
produção de insumos, medicamentos, inclusive de 
sangue e hemoderivados, e de equipamentos para saúde. 
▪ A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de 
Saúde (SUS), em caráter COMPLEMENTAR. 
OBJETIVOS DO SUS: 
▪ Identificar e divulgar fatores determinantes e 
condicionantes de saúde. 
▪ Formular política de saúde para promover nos campos 
social e econômico o § 1º do art. 2º desta lei; 
▪ Prestar assistência de promoção, proteção e recuperação 
de saúde à pessoas, com ações assistenciais e 
preventivas. 
▪ Formular e executar política de ações de saneamento 
básico; 
▪ Formação de recursos humanos na área de saúde; 
▪ Vigilância nutricional e a orientação alimentar; 
▪ Proteção do meio ambiente, ambiente de trabalho; 
▪ Política de medicamentos, equipamentos, 
imunobiológicos e outros insumos de saúde e sua 
produção; 
▪ Controle e a fiscalização de serviços, produtos e 
substâncias de interesse para a saúde; 
▪ Fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas 
para consumo humano; 
▪ Participação no controle e fiscalização da produção, 
transporte, guarda e utilização de substâncias e produtos 
psicoativos, tóxicos e radioativos; 
▪ Incremento do desenvolvimento científico e tecnológico 
em saúde; 
▪ Formulação e execução da política de sangue e seus 
derivados. 
▪ Executar ações: I) Vigilância Sanitária; II) Vigilância 
Epidemiológica; III) Saúde do Trabalhador. 
 
I) VIGILÂNCIA SANITÁRIA - ações para eliminar, diminuir ou 
prevenir riscos à saúde, intervir em problemas sanitários no 
meio ambiente, circulação de bens e serviços de saúde: 
✓ Controle de bens de consumo relacionados à saúde, todas 
as etapas e processos, da produção ao consumo; 
✓ Controle de serviços relacionados à saúde. 
 
 
 
RESIDÊNCIA MULTIPROFISSIONAL EM SAÚDE 
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE 
Aula 02 
 
 
 
 
II) VIGILÂNCIA EPIDEMIOLOGICA - Conjunto de ações que 
proporcionam o conhecimento, a detecção ou prevenção de 
qualquer mudança nos fatores determinantes e 
condicionantes de saúde individual ou coletiva, com a 
finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção 
e controle das doenças ou agravos. 
 
 
III) SAÚDE DO TRABALHADOR - Atividades que através de 
vigilância epidemiológica e sanitária, promovem, protegem e 
recuperação a saúde do trabalhador submetido a riscos e 
agravos das condições de trabalho: 
✓ Assistência à vítima de acidentes de trabalho ou doença do 
trabalho; 
✓ Participação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), em 
estudos, pesquisas, avaliação e controle dos riscos e 
agravos de saúde no trabalho; 
✓ Participação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), da 
normatização, fiscalização e controle das condições de 
produção, extração, armazenamento, transporte, 
distribuição e manuseio de substâncias, de produtos, de 
máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à 
saúde do trabalhador; 
✓ Avaliação do impacto das tecnologias à saúde; 
✓ Informação ao trabalhador, entidade sindical e às 
empresas sobre os riscos de acidentes de trabalho, 
doença profissional, resultados de fiscalizações, 
avaliações ambientais e exames de saúde, de admissão, 
periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da 
ética profissional; 
✓ Normatização, fiscalizaçãoe controle dos serviços de 
saúde do trabalhador nas instituições e empresas; 
✓ Revisão periódica da listagem oficial de doenças de 
trabalho. Entidades sindicais elaboram e colaboram; 
✓ Garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao 
órgão competente a interdição de máquina, de setor de 
serviço ou de todo ambiente de trabalho, se exposição a 
risco iminente para a vida ou saúde dos trabalhadores. 
 
PRINCÍPIOS E DIRETRIZES 
As ações e serviços públicos e privados de saúde, contratados 
ou do SUS, se desenvolvem segundo diretrizes do art. 198 da 
Constituição Federal, seguindo princípios: 
✓ Universalidade no acesso aos serviços em todos os níveis. 
✓ Integralidade de assistência, sendo ações e serviços 
preventivos e curativos, para cada e em todos os níveis. 
✓ Autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física 
e moral; 
✓ Igualdade na assistência, sem preconceitos ou privilégios; 
✓ Informação de saúde, às pessoas assistidas; 
✓ Informações de serviços, seu potencial e utilização pelo 
usuário; 
✓ Prioridades, através da epidemiologia para alocação de 
recursos e a orientação programática; 
✓ Participação da comunidade; 
✓ Descentralização político-administrativa, com direção 
única em cada esfera de governo: 
a) ênfase na descentralização dos serviços para os 
municípios; 
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços 
de saúde; 
▪ Ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico 
integradas a nível executivo; 
▪ Conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, 
materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios na prestação de serviços de 
assistência à saúde da população; 
▪ Capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis 
de assistência; 
▪ Organização dos serviços para evitar duplicidade de meios 
para fins idênticos. 
▪ Atendimento público específico e especializado para 
mulheres e vítimas de violência doméstica garantindo 
atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias 
plásticas reparadoras. 
 
ORGANIZAÇÃO, DIREÇÃO E GESTÃO 
▪ As ações e serviços do SUS, diretamente ou complementar 
da iniciativa privada, terão organização regionalizada e 
hierarquizada em níveis de complexidade crescente. 
▪ A direção do SUS é única, exercida em cada esfera de 
governo pelos seguintes órgãos: 
 
▪ Os municípios poderão constituir consórcios: Ações e 
serviços de saúde em conjuntos; 
§ 1º Consórcios administrativos intermunicipais - direção 
única, e atos constitutivos disporão sobre sua observância. 
§ 2º SUS Municipal, poderá organizar-se em distritos para 
integrar e articular recursos, técnicas e práticas para 
cobertura total das ações de saúde. 
▪ Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, 
subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, com 
Ministérios e órgãos competentes e entidades 
representando a sociedade civil. Finalidade de articular 
políticas e programas para a saúde, e execução com áreas 
não compreendidas no SUS. 
▪ Políticas e programas, das comissões intersetoriais, 
abrangerão atividades: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#cfart198
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm#cfart198
 
 
 
 
 
▪ Serão criadas Comissões Permanentes de integração entre 
serviços de saúde e instituições de ensino profissional e 
superior. 
 
Parágrafo único. Cada comissões terá que propor prioridades, 
métodos e estratégias para a formação e educação 
continuada dos recursos humanos do Sistema Único de Saúde 
(SUS), em sua esfera, e em relação à pesquisa e à cooperação 
técnica entre essas instituições. 
 
COMISSÕES INTERGESTORES BIPARTITE E TRIPARTITE: 
 Foros de negociação e pactuação entre gestores, quanto a 
aspectos operacionais do SUS. 
 OBJETIVO: 
▪ Decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e 
administrativos da gestão compartilhada do SUS, em 
conformidade com a definição da política 
consubstanciada em planos de saúde, aprovados pelos 
conselhos de saúde; 
▪ Definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e 
intermunicipal, a respeito da organização das redes de 
ações e serviços de saúde, principalmente no tocante à 
sua governança institucional e à integração das ações e 
serviços dos entes federados; 
▪ Fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito 
sanitário, integração de territórios, referência e 
contrarreferência e demais aspectos vinculados à 
integração das ações e serviços de saúde entre os entes 
federados. 
Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o 
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde 
(CONASEMS) Representam entes estaduais e municipais em 
matérias de saúde e utilidade pública e de relevante função 
social, na forma do regulamento. 
§ 1o CONASS e o CONASEMS receberão recursos da União por 
meio do Fundo Nacional de Saúde, para custeio de 
institucionais, podendo ainda celebrar convênios com a 
União. 
§ 2o Os CONASEMS são entidades que representam os entes 
municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias de 
saúde, desde que vinculados institucionalmente ao 
Conasems, na forma que dispuserem seus estatutos. 
 
 
 
COMPETÊNCIAS E ATRIBUIÇÕES COMUNS 
✓ Atribuições Comuns 
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios (âmbito 
administrativo): 
▪ Definir instâncias e mecanismos de controle, avaliar e de 
fiscalizar ações e serviços de saúde; 
▪ Administrar anualmente recursos orçamentários e 
financeiros destinados à saúde; 
▪ Acompanhar, avaliar e divulgar o nível de saúde da 
população e condições ambientais; 
▪ Organizar e coordenar o sistema de informação de saúde; 
▪ Elaborar normas técnicas, padrões de qualidade e 
parâmetros de custos para a assistência à saúde; 
▪ Elaborar normas técnicas, padrões de qualidade para 
promoção da saúde do trabalhador; 
▪ Participar de formulação da política e execução das ações 
de saneamento básico e colaboração na proteção e 
recuperação do meio ambiente; 
▪ Elaborar e atualizar periodicamente o plano de saúde; 
▪ Participar de formulação e execução da política de 
formação e desenvolvimento de recursos humanos para 
a saúde; 
▪ Elaborar proposta orçamentária do SUS conforme plano 
de saúde; 
▪ Elaborar normas que regulem atividades de serviços 
privados de saúde, e sua relevância pública; 
▪ Realizar operações financeiras externas de saúde, 
autorizadas pelo Senado Federal; 
▪ Para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e 
transitórias, decorrentes de situações de perigo 
iminente, de calamidade pública ou de irrupção de 
epidemias, a autoridade competente da esfera 
administrativa correspondente poderá requisitar bens e 
serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas, 
sendo-lhes assegurada justa indenização; 
▪ Implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes 
e Derivados; 
▪ Propor convênios, acordos e protocolos internacionais de 
saúde, saneamento e meio ambiente; 
▪ Elaborar normas técnico-científicas de promoção, 
proteção e recuperação da saúde; 
▪ Articular com os órgãos fiscalizadores do exercício 
profissional e outras entidades da sociedade civil para 
definir e controlar padrões éticos para pesquisa, ações e 
serviços de saúde; 
▪ Articular política e planos de saúde; 
▪ Realizar pesquisas e estudos na área de saúde; 
▪ Definir instâncias e mecanismos de controle e fiscalização 
inerentes ao poder de polícia sanitária; 
▪ Fomentar, coordenar e executar programas e projetos 
 
 
 
 
estratégicos e de atendimento emergencial. 
 
✓ Competências 
DIREÇÃO NACIONAL DO SUS: 
▪ Formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e 
nutrição; 
▪ Formulação e implementação de políticas: 
 
 
▪ Definir e coordenar os sistemas: 
 
▪ Definição de normas e mecanismos de controle de agravo 
no meio ambiente ou decorrentes, com repercussão na 
saúde humana; 
▪ Definição de normas, critérios e padrões de controle de 
condições e ambientes de trabalho e coordena política de 
saúdedo trabalhador; 
▪ Coordenar e participar na execução das ações de vigilância 
epidemiológica; 
▪ Estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de 
portos, aeroportos e fronteiras, podendo ser 
complementada pelos Estados, Distrito Federal e 
Municípios; 
▪ Estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o 
controle da qualidade sanitária de produtos, substâncias 
e serviços de consumo e uso humano; 
▪ Promover articulação com os órgãos educacionais e de 
fiscalização do exercício profissional, bem como com 
entidades representativas de formação de recursos 
humanos na área de saúde; 
▪ Formular, avaliar, elaborar normas e participar na 
execução da política nacional e produção de insumos e 
equipamentos para a saúde, em articulação com os 
demais órgãos governamentais; 
▪ Identificar os serviços estaduais e municipais de referência 
nacional para o estabelecimento de padrões técnicos de 
assistência à saúde; 
▪ Controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e 
substâncias de interesse para a saúde; 
▪ Prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao 
Distrito Federal e aos Municípios para o aperfeiçoamento 
da sua atuação institucional; 
▪ Elaborar normas para regular as relações entre o Sistema 
Único de Saúde (SUS) e os serviços privados contratados 
de assistência à saúde; 
▪ Promover a descentralização para as Unidades Federadas 
e para os Municípios, dos serviços e ações de saúde, 
respectivamente, de abrangência estadual e municipal; 
▪ Normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema 
Nacional de Sangue, Componentes e Derivados; 
▪ Acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de 
saúde, respeitadas as competências estaduais e 
municipais; 
▪ Elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito 
do SUS, em cooperação técnica com os Estados, 
Municípios e Distrito Federal; 
▪ Estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a 
avaliação técnica e financeira do SUS em todo o Território 
Nacional em cooperação técnica com os Estados, 
Municípios e Distrito Federal. 
Parágrafo único. A União poderá executar ações de vigilância 
epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais, como 
na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam 
escapar do controle da direção estadual do Sistema Único de 
Saúde (SUS) ou que representem risco de disseminação 
nacional. 
 
DIREÇÃO ESTADUAL DO SUS: 
▪ Descentralização de serviços e ações de saúde aos 
Municípios. 
▪ Acompanhar, controlar e avaliar redes hierarquizadas do 
SUS; 
▪ Apoio técnico e financeiro aos Municípios e executa 
supletivamente ações e serviços de saúde; 
▪ Coordenar e complementar com execução de ações e 
serviços: 
 
▪ Controle de agravos do meio ambiente com repercussão à 
saúde; 
▪ Formulação da política e da execução de ações de 
saneamento básico; 
▪ Ações de controle e avaliação das condições e dos 
ambientes de trabalho; 
▪ Formular, executar, acompanhar e avaliar, 
suplementarmente, política de insumos e equipamentos 
de saúde; 
▪ Identificar hospitais de referência e gerir sistemas 
públicos de alta complexidade, estadual e regional; 
▪ Coordenar rede estadual de laboratórios de saúde pública 
e hemocentros, gerir unidades com sua organização 
administrativa; 
▪ Estabelecer normas, em caráter suplementar, para 
controle e avaliação das ações e serviços de saúde; 
▪ Formular normas e padrões, em caráter suplementar, de 
procedimentos de controle de qualidade à produtos e 
substâncias de consumo humano; 
▪ Colaborar com a União na vigilância sanitária de portos, 
aeroportos e fronteiras; 
▪ Acompanhamento, avaliação e divulgação de indicadores 
de morbidade e mortalidade de unidade federada. 
 
 
 
 
 
 
DIREÇÃO MUNICIPAL DO SUS: 
▪ Planejar, organizar, controlar, avaliar, gerir, executar 
ações e serviços públicos de saúde; 
▪ Planejamento, programação e organização da rede 
regionalizada e hierarquizada do SUS, com articulação 
estadual; 
▪ Execução, controle e avaliação das ações referentes às 
condições e aos ambientes de trabalho; 
▪ Serviços: 
 
▪ Execução, no âmbito municipal, à política de insumos e 
equipamentos para a saúde; 
▪ Fiscalização de agressões ao meio ambiente com 
repercussão à saúde e atuar no controle, com órgãos 
municipais, estaduais e federais competentes; 
▪ Formar consórcios administrativos intermunicipais; 
▪ Gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros; 
▪ Execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e 
fronteiras, com a União e Estados; 
▪ Contratos e convênios com serviços privados de saúde, 
controlar e avaliar sua execução; 
▪ Controlar e fiscalizar procedimentos dos serviços privados 
de saúde; 
▪ Normatizar complementarmente as ações e serviços 
públicos de saúde no seu âmbito de atuação. 
 
 
 
ATRIBUIÇÕES DO DISTRITO FEDERAL SÃO OS MESMO DE 
ESTADO E MUNICÍPIOS. 
Subsistema de Atenção à Saúde Indígena 
▪ As ações e serviços de saúde às populações indígenas, em 
território nacional, coletiva ou individualmente, 
obedecerão a esta Lei. 
▪ Componente do SUS, criado e definido por esta Lei, e 
pela Lei no 8.142, de 1990, e funcionará integrado 
▪ União, com recursos próprios, financiará o Subsistema de 
Atenção à Saúde Indígena. 
▪ O SUS articulará o Subsistema com os órgãos responsáveis 
pela Política Indígena do País. 
▪ Estados, Municípios, outras instituições governamentais e 
não-governamentais poderão atuar 
complementarmente no custeio e execução das 
ações. 
▪ Considerar realidade local e especificidades da cultura dos 
povos indígenas e modelo adotado para saúde indígena, 
com abordagem diferenciada e global, seus aspectos de 
assistência à saúde, saneamento básico, nutrição, 
habitação, meio ambiente, demarcação de terras, 
educação sanitária e integração institucional. 
▪ O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá ser 
descentralizado, hierarquizado e regionalizado. 
§ 1o Terá base nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas 
(DSEI). 
§ 2o O SUS será retaguarda e referência ao Subsistema com 
adaptações na estrutura e organização nas regiões onde 
residem as populações indígenas, para promover integração e 
atendimento necessário em todos os níveis, sem 
discriminações. 
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao 
SUS, em âmbito local, regional e de centros especializados, de 
acordo com suas necessidades, compreendendo a atenção 
primária, secundária e terciária à saúde. 
▪ Direito a participar dos organismos colegiados de 
formulação, acompanhamento e avaliação das políticas 
de saúde, tais como o Conselho Nacional de Saúde e os 
Conselhos Estaduais e Municipais de Saúde, quando for o 
caso. 
Subsistema e Atendimento e Internação Domiciliar 
▪ SUS estabelece atendimento domiciliar e a internação 
domiciliar. 
▪ Incluem-se, principalmente, procedimentos médicos, 
enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e assistência 
social, e outros para cuidado integral. 
▪ Realizados por equipes multidisciplinares em medicina 
preventiva, terapêutica e reabilitadora. 
▪ Somente realizados por indicação médica, e concordância 
do paciente e família. 
Acompanhamento no Pré-Parto, Parto e Pós-Parto Imediato 
▪ Os serviços do SUS, rede própria ou conveniada, têm 
obrigação de permitir presença de 1 (um) acompanhante 
em todo o período de trabalho de parto, parto e pós-
parto imediato. 
▪ O acompanhante será indicado pela parturiente. 
▪ As ações para viabilizar o pleno exercício dos direitos deste 
artigo constarão do regulamento da lei, a ser elaborado 
pelo órgão competente do Poder Executivo. 
▪ Hospitais de todo o País devem manter em local visível, 
aviso sobre este direito. 
 
Assistência Terapêutica E Da Incorporação De Tecnologia Em 
Saúde 
▪ A assistência terapêutica integral a que se refere a 
alínea d do inciso I do art. 6o consiste em: 
✓ Dispensa de medicamentos e produtos de saúde, comprescrição em conformidade com diretrizes 
terapêuticas de protocolo clínico de doença ou o 
agravo à saúde. Na falta do protocolo, conforme o art. 
19-P; 
✓ Procedimentos terapêuticos, em regime domiciliar, 
ambulatorial e hospitalar, de tabelas elaboradas por 
gestor federal do SUS, no território nacional em 
serviço próprio, conveniado ou contratado. 
▪ Definições do art. 19-M: 
Produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas 
coletoras e equipamentos médicos; 
Protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento com 
critérios de diagnóstico de doença ou agravo à saúde; 
tratamento, medicamentos e produtos apropriados, quando 
couber; posologias; mecanismos de controle clínico; 
acompanhamento e verificação de resultados, para gestores 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8142.htm
 
 
 
 
do SUS seguirem. 
 Deverão estabelecer medicamentos ou produtos para 
fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde e os 
indicados em casos de perda de eficácia e intolerância ou 
reação adversa, do medicamento, produto ou procedimento 
de primeira escolha. 
Parágrafo único. Medicamentos ou produtos serão aqueles 
avaliados quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e 
custo-efetividade para as diferentes fases evolutivas da 
doença ou do agravo à saúde do protocolo. 
▪ Dispensa na ausência de protocolo ou diretriz: 
✓ A responsabilidade de fornecimento de 
medicamentos listados pelo gestor de SUS será 
pactuada na Comissão Intergestores Tripartite; 
✓ Cada Estado e Distrito Federal, de forma suplementar, 
tem responsabilidade pelo fornecimento dos 
medicamentos listados pelos gestores do SUS e será 
pactuada na Comissão Intergestores Bipartite; 
✓ Cada Município, de forma suplementar, tem 
responsabilidade pelo fornecimento de 
medicamentos instituídas pelos gestores e será 
pactuada no Conselho Municipal de Saúde. 
▪ A incorporação, exclusão ou alteração pelo SUS de novos 
medicamentos, produtos e procedimentos, constituição 
ou alteração de protocolo clínico ou de diretriz 
terapêutica, são atribuições do Ministério da Saúde, com 
Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no 
SUS. 
▪ A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias 
no SUS, com composição e regimento definidos em 
regulamento, contará com de 1 (um) representante 
do Conselho Nacional de Saúde e de 1 (um) 
representante, especialista na área, do Conselho 
Federal de Medicina. 
▪ O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de 
Tecnologias no SUS considerará: 
✓ Evidências científicas de eficácia, acurácia, efetividade 
e segurança do medicamento, produto ou 
procedimento, acatadas pelo órgão competente para 
o registro ou a autorização de uso; 
✓ Avaliação econômica comparativa de benefícios e 
custos em relação às tecnologias já incorporadas, 
inclusive no que se refere aos atendimentos 
domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, quando 
cabível. 
✓ A incorporação, exclusão e alteração serão efetuadas 
através de processo administrativo, em até 180 
(cento e oitenta) dias, contado da data de pedido 
protocolado, com prorrogação de 90 (noventa) dias 
corridos, quando as circunstâncias exigirem. 
§ 1o O processo observará, no que couber, a Lei no 9.784/99, 
e as determinações especiais: 
▪ Apresentação pelo interessado dos documentos e 
amostras de produtos, com informações necessárias para 
o atendimento do disposto no § 2o do art. 19-Q; 
▪ Consulta pública com divulgação do parecer da Comissão 
Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS; 
▪ Audiência pública, antes da decisão, se a relevância da 
matéria justificar o evento. 
▪ São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: 
✓ Pagamento, ressarcimento ou reembolso de 
medicamento, produto e procedimento clínico ou 
cirúrgico experimental, ou de uso não autorizado pela 
Agência Nacional de Vigilância Sanitária - 
ANVISA; 
✓ Dispensação, pagamento, ressarcimento ou 
reembolso de medicamento e produto, nacional ou 
importado, sem registro na Anvisa.” 
▪ O financiamento do fornecimento de medicamentos, 
produtos de saúde ou procedimentos de que trata este 
Capítulo será pactuada na Comissão Intergestores 
Tripartite. 
 
SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE 
FUNCIONAMENTO 
▪ Atuam, por iniciativa própria, com profissionais liberais, 
legalmente habilitados, pessoas jurídicas de direito 
privado na promoção, proteção e recuperação da saúde. 
▪ A assistência à saúde é livre à iniciativa privada. 
▪ Serão observados princípios éticos e do órgão de direção 
do SUS quanto ao funcionamento. 
✓ É permitida a participação direta ou indireta, inclusive 
controle, de empresas ou de capital estrangeiro na 
assistência à saúde nos seguintes casos: 
▪ Doações de organismos internacionais vinculados à 
Organização das Nações Unidas, entidades de 
cooperação técnica, financiamento e empréstimos; 
▪ Pessoas jurídicas para instalar, operacionalizar ou 
explorar: 
✓ Hospital geral, filantrópico, especializado, policlínica, 
clínica geral e clínica especializada; 
✓ Ações e pesquisas de planejamento familiar; 
✓ Serviços de saúde sem finalidade lucrativa, por 
empresas, para atender empregados e dependentes, 
sem ônus para a seguridade social; 
✓ Demais casos previstos em legislação específica. 
 
PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR 
▪ Quando insuficientes para garantir a cobertura 
assistencial à população, o SUS poderá recorrer aos 
serviços da iniciativa privada. 
Parágrafo único. Participação formalizada por contrato ou 
convênio, observadas, a respeito, as normas de direito 
público. 
▪ As entidades filantrópicas e sem fins lucrativos terão 
preferência para participar do SUS. 
▪ Critérios e valores para remuneração de serviços e 
parâmetros de cobertura assistencial serão estabelecidos 
pela direção nacional do SUS, aprovados no Conselho 
Nacional de Saúde. 
✓ Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e 
de pagamento da remuneração, a direção nacional do 
SUS deverá fundamentar demonstrativo econômico-
financeiro para garantir qualidade dos serviços 
contratados. 
✓ Os serviços submeter-se-ão às normas técnicas e 
administrativas e princípios e diretrizes do SUS, 
mantido o equilíbrio econômico e financeiro do 
 
 
 
 
contrato. 
✓ Aos proprietários, administradores e dirigentes de 
entidades ou serviços contratados não exercerão 
cargo de chefia ou de confiança no SUS. 
 
RECURSOS HUMANOS 
▪ A política será formalizada e executada pelas esferas 
de governo articuladas, cumprindo os seguintes 
objetivos: 
✓ Organização de sistema de formação de recursos 
humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de 
pós-graduação, elaboração de programas de 
permanente aperfeiçoamento de pessoal; 
✓ Valorização da dedicação exclusiva aos serviços do 
SUS. 
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o SUS, 
constituem campo de prática para ensino e pesquisa, 
mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente com 
o sistema educacional. 
▪ Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramento, 
no SUS, só poderão ser exercidas em regime de tempo 
integral. 
▪ Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou 
empregos poderão exercer suas atividades em mais de 
um estabelecimento do SUS. 
▪ Aplica-se também aos servidores em regime de tempo 
integral, com exceção dos ocupantes de cargos ou função 
de chefia, direção ou assessoramento. 
▪ As especializações como treinamento em serviço sob 
supervisão serão regulamentadas por Comissão Nacional, 
instituída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a 
participação das entidades profissionais 
correspondentes. 
 
FINANCIAMENTO 
Recursos 
▪ O orçamento da seguridade social destinará ao SUS, 
recursos necessários à suas finalidades, previstos em 
proposta da direção nacional, com órgãos da Previdência 
Social e da Assistência Social, tendo em vista metas e

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