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ÉTICA-FABRAS (1)

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Ética 
 
 02 
 
 
 
1. Ética, Moral e Moralidade 5 
Conceito de Ética 5 
A Ética e a Moral 6 
Reflexões sobre a Moralidade 9 
Exercícios de Fixação 10 
 
2. A Ética no Pensamento Ocidental, o Mundo 
do Trabalho e a Ética Empresarial 12 
A Ética no Pensamento Ocidental 12 
O Mundo do Trabalho e a Globalização 15 
A Ética Empresarial 22 
Capitalismo, Comércio, Indústria e a Ética 
do Interesse Particular e a Globalização 26 
Exercícios de Fixação 29 
 
3. A Ética Profissional em um Mundo Globalizado, 
Responsabilidade Social, a Atuação Profissional 
e os Dilemas Éticos 31 
A Ética Profissional 31 
Os Pilares do Relacionamento Profissional 32 
Relacionamento Interpessoal Profissional 34 
Relacionamento Interpessoal Pessoal 34 
Relacionamento Interpessoal Virtual 35 
Responsabilidade Social 35 
Exercícios de Fixação 40 
 
4. Ética e Moral 42 
O Problema da Ação e dos Valores 42 
Aristoteles 42 
Distinção entre Moral e Ética 43 
Moral e Direito 43 
Moral e Liberdade 44 
Liberdade e Responsabilidade 45 
 
 
 
 3 
 
 
 
Transformações da Moral 45 
Exercícios de Fixação 46 
 
5. Gabaritos 49 
Unidade I 49 
Unidade II 49 
Unidade III 50 
Unidade IV 50 
 
6. Referências Bibliográficas 52 
 
 
 04 
 
 
 
 
 
 5 
APOSTILA DE ÉTICA 
1. Ética, Moral e Moralidade 
 
 
Fonte: Integralidade1 
 
Conceito de Ética 
 
Iniciaremos nossa jornada 
estudando o conceito de ética e sua 
evolução ao longo de nossa história. 
A origem da palavra é derivada do 
grego “ethos”, significando aquilo 
que pertence ao caráter, ou melhor, 
traduzido, o modo de ser da pessoa. 
Diversas são as suas conceituações. 
De início, SIMPLICIO (2.013) 
assim a conceitua: 
A ética pode ser conceituada 
como o estudo do senso, em que se 
 
 
1 Retirado em http://www.integralidade.com.br/ 
refere à conduta humana, avaliando 
o ponto de vista do bem e do mal de 
uma determinada sociedade. 
De acordo com Srour (2005), a 
ética tem por objeto de estudo a 
moralidade; possui conhecimento 
sobre os fundamentos históricos da 
moral; torna adaptáveis os códigos 
morais divulgados pela coletividade; 
dá ênfase às escolhas realizadas em 
situações cotidianas, evitando que 
estas transgridam os padrões mo-
rais, elaborando regras de análise 
aplicadas universalmente. 
 
 
 
6 
APOSTILA DE ÉTICA 
Segundo Sá (2010), o ser hu-
mano vai construindo sua conduta, 
discernindo entre o certo e o errado 
por meio de respostas aos estímulos 
mentais comandados pelo cérebro. 
A ética teve sua origem na 
Antiguidade Grega através dos estu-
dos de Sócrates, Platão e Aristóteles, 
que se preocuparam em refletir 
sobre as ideias do bem e da virtude 
ética. 
De acordo com Vázquez (20 
06, p. 270), “Resumindo, para Só-
crates, bondade, conhecimento e fe-
licidade se entrelaçam estreitamen-
te”. Para ele, a ética é a felicidade, 
mas para alguém ser feliz é neces-
sário ser bom e para ser bom é pre-
ciso ser sábio. 
Aristóteles mencionava que a 
virtude era o hábito do homem agir 
em conformidade com o dever e que 
se manifestava por meio do conhe-
cimento, do amor e do esforço vo-
luntário, adquiridos ao longo de sua 
existência. Não adiantava o homem 
ter virtudes se não as praticasse. 
Para agir de maneira virtuosa, 
deve-se conhecer o dever e o amar. 
Em outras palavras, respeitar, aca-
tar de maneira incondicional, e, tal-
vez o mais difícil, agir com esforço 
voluntário. 
A ética abrange uma vasta 
área, podendo ser aplicada à ver-
tente profissional. Existem códigos 
de ética profissional que indicam 
como o indivíduo deve se comportar 
no âmbito da sua profissão. 
Na filosofia, a ética não se re-
sume à moral, que geralmente é 
entendida como costume ou hábito, 
mas busca a fundamentação teórica 
para encontrar o melhor modo de 
viver. É a busca do melhor estilo de 
vida. O tema da ética no serviço 
público está diretamente relaciona-
do com a conduta dos funcionários 
que ocupam os cargos públicos. 
Tais indivíduos devem agir 
conforme um padrão ético, exibindo 
valores morais como a boa fé, a 
honestidade, a transparência, a hu-
manidade, legalidade, a impessoa-
lidade, a razoabilidade, a eficiência, 
a educação e outros princípios ne-
cessários para uma vida saudável no 
seio da sociedade. Feitas essas con-
siderações iniciais, vamos agora à 
distinção entre ética e moral. 
 
A Ética e a Moral 
 
Vistos alguns conceitos sobre 
ética, vamos ampliar um pouco mais 
a nossa visão. 
Os valores morais de uma 
sociedade vão sofrendo alterações 
ao longo dos anos. O que em épocas 
passadas era um comportamento 
reprovável, por exemplo o uso de 
uma minissaia na década de 30, hoje 
é visto de maneira natural. Um beijo 
 
 
 
7 
APOSTILA DE ÉTICA 
em público entre um casal apaixo-
nado, naquela mesma época, era 
também considerado uma conduta 
inaceitável. 
Notem que não estamos tra-
tando de condutas delituosas. Um 
homicídio sempre foi tratado como 
crime, ou seja, uma conduta delitiva 
e antissocial, sempre reprovável. 
SIMPLÍCIO (2.013) menciona 
que na filosofia existem algumas 
diferenças entre a ética e a moral em 
seus conceitos. A ética é a parte da 
filosofia que extrai do comporta-
mento humano o conhecimento so-
bre as noções e princípios que fun-
damentam a vida moral. A moral é o 
conjunto de regras de conduta que 
são estabelecidas dentro dos precei-
tos de cada sociedade. Ambas são 
muito importantes e têm a respon-
sabilidade de conduzir e a ensinar a 
melhor maneira de agir e de se com-
portar em sociedade. 
Muitos mencionam que, ao 
longo dos anos, perdemos valores 
morais em nossa sociedade, como o 
respeito pelos professores, pelas au-
toridades, pelos idosos e pelos pró-
prios pais. Esses valores são essen-
ciais na formação e no comporta-
mento do ser humano. A noção do 
certo e do errado vão formando o 
caráter de uma pessoa. O respeito às 
normas, as leis, ao meio ambiente 
são aspectos relevantes da vida em 
sociedade. 
É interessante mencionar que 
alguns valores ainda são mantidos 
de forma rígida em nossa sociedade. 
Um advogado ao participar de uma 
audiência no âmbito do poder ju-di-
ciário deve estar trajado socialmen-
te, com terno e gravata. Um desem-
bargador em audiência está com a 
sua famosa toga. 
O próprio indivíduo tem os 
seus limites definidos em princípios 
legais e morais. A lei deve refletir o 
valor moral da sociedade. Nesse 
viés, pode-se citar que uma pessoa 
não pode andar nua pelas ruas, não 
pode urinar nos espaços públicos, 
não pode cortar árvores plantadas 
nas ruas da cidade, nem tampouco 
jogar lixo em rodovias, ruas e es-
tradas. Por outro lado, notem que 
interessante, em praias de natura-
listas, as pessoas, naquele local, po-
dem ficar nuas. 
Bernardes (2.019) menciona 
que a ética é uma reflexão siste-
mática sobre o comportamento mo-
ral. Ela investiga, analisa e explica a 
moral de uma determinada so-
ciedade. 
 Ética = Caráter/Reflexão; 
 Moral = Costume. 
 
Define a moral como o con-
junto de normas, princípios e cos-
tumes que orientam o comporta-
mento humano, tendo como base os 
valores próprios de uma comu-
 
 
8 
APOSTILA DE ÉTICA 
nidade ou grupo social. A moral é 
normativa, isto é, um conjunto de 
regras, valores, proibições e tabus 
que provêm de fora do ser humano, 
ou seja, que são cultivados ou im-
postos pela política, costumes so-
ciais, religiões ou ideologias. 
Como as comunidades ou gru-
pos sociais são distintos entre si, in-
clusive no tempo, os valores também 
podem ser distintos, dando origem a 
códigos morais bastante diferentes. 
A moral é mutável e está diretamen-
te relacionada com práticas cultu-
rais. Por exemplo: o homem ter mais 
de uma esposa é moral em algumas 
sociedades, mas em outras não. 
A ética é um estudo reflexivo 
das diversas morais, no sentido de 
explicitaros seus pressupostos, ou 
seja, as concepções sobre o ser hu-
mano e a existência humana que 
sustentam uma determinada moral. 
Desse modo, a ética pensa a moral. 
A ética é uma reflexão siste-
mática sobre o comportamento mo-
ral, pois investiga, analisa e explica a 
moral de uma determinada so-
ciedade. 
Para o professor Mário Sergio 
Cortella: 
 
“Ética é o conjunto de valores e 
princípios que nós usamos para 
decidir as três grandes questões 
da vida: ‘Quero?’, ‘Devo?’, “Pos-
so?”. Tem coisa que eu quero, 
mas não devo, tem coisa que eu 
 
devo, mas não posso e tem coisa 
que eu posso, mas não quero.” 
 
Compete à ética, por exemplo, 
o estudo da origem da moral, da 
distinção entre comportamento mo-
ral e outras formas de agir, da liber-
dade e da responsabilidade e de 
questões tais como a prática do 
aborto, eutanásia e da pena de 
morte. 
A ética não diz o que deve e o 
que não deve ser feito em cada caso 
concreto, pois isso é da competência 
da moral, de modo que, a partir dos 
fatos morais, a ética tira conclusões, 
elaborando princípios sobre o com-
portamento moral. 
Cita ainda, a referida autora, 
dez exemplos de ética e moral. 
São exemplos de debates éticos 
na atualidade: 
 Reflexões sobre a legalidade 
do aborto 
 Estudos sobre o uso de cé-
lulas-tronco na Medicina, 
 Observações sobre o ato da 
eutanásia 
 Pena de morte 
 
São exemplos de conduta mo-
ral no nosso cotidiano: 
 Não jogar lixo na rua 
 Ajudar ao próximo 
 Não maltratar animais 
 Não cometer atos ilícitos 
 Não ser corrupto 
 Não usar drogas 
 
 
 
9 
APOSTILA DE ÉTICA 
Reflexões sobre a Morali-
dade 
 
 
Fonte: https://chronus.tur.br/ 
 
COSTA (2.019) destaca que, 
atualmente, moralidade indica um 
fenômeno social e ética designa uma 
disciplina filosófica. Nesse sentido, a 
ética apresenta-se como uma re-
flexão sobre a moralidade, o que faz 
com que ela também receba o nome 
de filosofia moral. Segue o referido 
autor que, por exemplo, falamos de 
ética profissional e nunca de moral 
profissional para nos referirmos aos 
códigos de conduta de cada pro-
fissão. De toda forma, um processo 
de moralização da política parece 
melhor descrito como um incre-
mento da ética na política e não da 
moral na política. 
Essas diferenças apontam pa-
ra um uso preferível do termo ética 
para questões da vida pública e mo-
ral para questões das relações pri-
vadas. Tal linha demarcatória não 
funciona bem, pois faz sentido falar 
tanto de uma moralidade pública 
quanto de uma moralidade privada. 
Cada cultura ou grupo social 
tem uma moralidade, que envolve 
uma série de padrões morais, que 
são um dos principais elementos in-
tegradores da vida social. 
Continua o referido autor, ci-
tando que esses elementos são cria-
dos dentro da história e, portanto, 
não existe no mundo um único mo-
delo abstrato de moralidade, mas 
uma série de padrões de moralidade 
socialmente definidos. 
O Bem, a Virtude e a Moral 
não existem em abstrato, mas ape-
nas como elementos de reali-dades 
culturais concretas. Apesar disso, fa-
lamos da Virtude, da Moral e do 
Bem como se eles tivessem uma 
existência em si, como se fossem 
algo além de conceitos abstratos que 
inventamos para dar sentido às 
nossas próprias experiências. 
Dessa forma, a moral antecede 
a ética. A pergunta sobre o que devo 
fazer é um questionamento moral 
relevante e presente em todas as 
culturas. Porém, a resposta a essa 
questão normalmente é dada por 
meio de um discurso interno, que 
esclarece os padrões de compor-
tamento obrigatórios dentro da 
tradição. 
Somente quando a moralidade 
é posta em questão é que a ética 
encontra seu espaço. Isso ocorre 
normalmente em momentos de 
crise, quando a recusa dos critérios 
 
 
10 
APOSTILA DE ÉTICA 
tradicionais impele os homens e 
mulheres com pendores filosóficos a 
inventar novos conceitos, mais ca-
pazes de mediar suas relações con-
sigo mesmos e com o mundo que os 
cerca. 
Assim, a ética não envolve ti-
picamente a afirmação de uma rela-
tividade absoluta, mas sim a elabo-
ração de critérios objetivos de vali-
dade, que podem ser utilizados para 
avaliar os padrões morais existentes. 
Para a filosofia ocidental, o 
critério fundamental de objetividade 
é a razão. Somos herdeiros do logos 
grego, dessa capacidade que os ho-
mens têm de diferenciar o verda-
deiro do falso. Assim, se somos ca-
pazes de criticar as tradições cultu-
rais que nos envolvem, é porque 
existe em nós esse elemento racional 
que nos iguala e nos permite escapar 
da caverna de sombras para obser-
var o mundo como ele realmente é. 
Como vimos, podemos definir 
moralidade como “princípios que 
nos fazem distinguir, diferenciar 
entre o certo e o errado, o bom e o 
mau comportamento, o justo e o 
injusto, o verdadeiro e falso, o legal 
do ilegal”. 
 
Exercícios de Fixação 
 
1. Conceitue ética. 
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________ 
____________________ 
 
2. Conceitue moral. 
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________ 
____________________ 
 
3. Cite três exemplos de conduta 
moral do cotidiano. 
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________ 
____________________ 
 
 
 
 
 1
1
 
 
 
 
 12 
APOSTILA DE ÉTICA 
2. A Ética no Pensamento Ocidental, o Mundo do 
Trabalho e a Ética Empresarial 
 
 
Fonte: Medium2 
 
A Ética no Pensamento 
Ocidental 
 
omo citado, os princípios éticos 
só podem ser compreendidos 
no seio de uma comunidade, na 
complexidade de suas relações, de 
suas aspirações etc. A história revela 
que as discussões sobre a ética re-
montam o chamado período clás-
sico. 
O berço da civilização ociden-
tal, isto é, o modo de compreender a 
 
2 Retirado em https://medium.com/ 
realidade que cerca o homem, é a 
Grécia. Foram os gregos que cunha-
ram e moldaram os termos, os con-
ceitos e as palavras nos seus signifi-
cados, aos quais fazem referência os 
estudos do mundo ocidental. 
A vida é um exemplo, e hoje a 
preocupação com a sua proteção vai 
até os limites da experiência intra 
uterina, de modo que uma gestante 
pode pedir em juízo uma pensão 
para o filho que está gerando a um 
pai que lhe tem negado amparo. 
C 
 
 13 
APOSTILA DE ÉTICA 
A concepção ética do mundo 
ocidental tem origem na Grécia. A 
ética é uma orientação interna que 
se preocupa com a harmonia das re-
lações humanas. A ética penetra a 
ordem moral, mas dela independe, a 
fim de regê-la com padrões seguros 
e autenticamente humanos. A ética 
se materializa no diálogo entre o pú-
blico e o privado. 
BARBOSA (2.015) afirma que 
nem sempre paramos para pensar 
de onde vieram nossos costumes, 
nossos hábitos e a nossa moral. Ao 
contrário de pensarmos a morali-
dade, bradamos que nosso tempo é 
de uma inversão moral, de falta de 
valores, tempos de decadência. Por 
vezes, somos saudosistas por áureos 
tempos em que a vida era mais, di-
gamos, “moralmente correta”, e des-
consideramos veementemente os 
avanços dos últimos séculos. 
Os defensores da moral e dos 
bons e velhos costumes, como se diz 
popularmente, são os mais exímios 
seguidores dela. Desse modo, o que 
pode ser moral, pode ao mesmo 
tempo passar longe da ética, enten-
dida como o bem viver em socie-
dade. Os moralistas, defensores da 
moral, nem sempre são pessoas com 
virtudes éticas, tais como a gene-
rosidade, a confiança, a bondade e a 
compaixão. 
Contudo, esta mesma verdade 
que nos vinculamos e, por vezes, 
usamos como abrigo da moralidade 
já, outrora, ou não existia ou não 
fazia sentido algum. As verdades que 
nosabrigam podem ter sido cons-
truídas, criadas, inventadas desdo-
brando-se de princípios diversos. 
É neste sentido que o filósofo 
alemão Friedrich Nietzsche escreveu 
um livro chamado Genealogia da 
Moral. A genealogia quer contar 
uma história sobre diversos valores 
que acreditamos ser moralmente 
corretos. Nietzsche, ao nos contar 
tais histórias, nos faz rever nossas 
estruturas ao descobrirmos surpre-
endentemente que nossa moral nem 
sempre surge das virtudes que pre-
gamos, mas podem ser frutos do res-
sentimento, da inveja, da falta de 
confiança em si. 
Sócrates leva o sujeito a en-
contrar a verdade que habita no seu 
interior, dissipando-os das contradi-
ções que envolvem suas crenças. 
Nietzsche leva seu interlocutor a 
uma revisão profunda de seus valo-
res morais, buscando uma hipótese 
que explique o modo pelo qual nossa 
consciência foi formada. BARBOSA 
(2.015) diz que, enquanto Sócrates 
encaminha o indivíduo para uma 
coerência valorativa, Nietzsche pro-
voca uma conversão de afetos. 
Agora mencionaremos como 
os valores legais e morais vão um-
dando ao longo dos séculos. SAHÃO 
(2.014) cita que, há mais ou menos 
 
 14 
APOSTILA DE ÉTICA 
5.000 anos, na Mesopotâmia (então 
considerado o berço da civilização 
no Ocidente), havia em suas leis que 
se uma criança dissesse a seu pai ou 
a sua mãe que eles não eram seus 
pais, eles poderiam fazer da criança 
uma escrava, vendê-la por dinheiro 
ou levá-la para longe de casa. Por-
tanto, uma rebelião do filho contra 
os pais poderia colocá-lo à escravi-
dão. Por outro lado, se um pai dis-
sesse ao seu filho que ele não era seu 
filho, a lei dizia que mesmo assim o 
filho deveria sofrer e deixar a casa. 
Na mesma cultura, se uma 
mulher fosse infiel ao marido e dis-
sesse: “Você não é meu marido”, ela 
poderia ser jogada no rio. Se um ma-
rido dissesse para a esposa: “Você 
não é minha esposa”, ele deveria pa-
gar uma multa. Então, se você fosse 
uma mulher traída nesse período de 
tempo, era legal (implicando ética) 
que você pudesse ser jogada no rio – 
para ser morta. Se você fosse um 
homem, você teria apenas que pagar 
uma multa. 
Se alguém fosse acusado de 
algo ilegal naquela época, teria sido 
dada a opção de pular no rio e, se a 
pessoa não se afogasse, ela seria 
declarada livre – não culpada. Apa-
rentemente, a natação não era uma 
grande habilidade naquela época, ou 
talvez os rios fossem muito assusta-
dores. 
 
Os gregos antigos (3.000 anos 
atrás ou mais) não eram muito me-
lhores quando se trata de derrama-
mento de sangue. A maneira como 
eles lidavam com o assassinato era 
deixando a família da vítima fazer 
sua própria justiça, o que levava a 
vendetas sangrentas. 
Inicialmente, eles não tinham 
leis escritas, mas confiavam em “re-
gras” passadas oralmente que po-
diam ser inventadas a qualquer ho-
ra. Eventualmente eles começaram 
um sistema de leis escritas e um no-
tável conjunto de leis foi criado por 
Draco (um legislador). 
As leis escritas de Draco fica-
ram conhecidas por sua rigidez, e 
seu nome se tornou o adjetivo “dra-
coniano”, que significa “severo” ou 
“rigoroso”. Suas leis eram tão drás-
ticas que você poderia ter sido morto 
ao ser pego roubando apenas um 
único repolho. 
O mundo antigo está cheio de 
leis semelhantes, que consideramos 
cruéis e grotescas hoje. Algumas coi-
sas que se destacam a partir desta 
época são os castigos físicos (cortar 
a orelha, enforcar, decapitar, tor-
tura), castigos materiais (multas e 
impostos, tais como pagamentos em 
moeda e/ou materiais raros, como 
ouro ou prata) e o fato das leis serem 
aplicadas de forma diferente pelas 
classes sociais (mulheres e escravos 
 
 
 15 
APOSTILA DE ÉTICA 
eram mais drasticamente punidos, 
por exemplo). Essas leis banaliza-
ram os códigos morais da época. Era 
algo absolutamente moral possuir 
um escravo (ou muitos) ou matar al-
guém que tinha roubado um repo-
lho. A pena de morte, ou de execu-
ção, tem sido uma normalidade en-
tre todas as tribos (países) nos últi-
mos 2.000 anos, quando se trata de 
conceito da justiça. Para ficar ainda 
mais grotesco, a maioria das execu-
ções eram públicas. 
Em 1820, na Grã-Bretanha, 
havia 160 crimes puníveis com mor-
te, incluindo furtos, roubos, roubar 
gado ou, ainda, o corte de árvores 
em um lugar público. O século XX 
também foi um período violento. 
Dezenas de milhões foram mortos 
em guerras entre Estados-nação, 
bem como em genocídios perpetra-
dos por Estados-nação contra adver-
sários políticos (tanto percebidos 
quanto reais), minorias étnicas e re-
ligiosas: o ataque turco aos Armê-
nios, a tentativa de Hitler de exter-
minar os judeus europeus, dentre 
outros. 
Vimos, de forma sucinta, que, 
ao longo dos últimos séculos, o sis-
tema penal e jurídico foi sofrendo 
profundas alterações. Importante 
frisar e deixar bem sedimentado que 
no Brasil o que vigora é o estado de-
mocrático de direito. Existe o Código 
Penal e outras legislações que defi-
nem as condutas delituosas. A po-
lícia, o ministério público e o poder 
judiciário têm o dever de investigar 
e propiciar ao acusado um julga-
mento justo, contemplado com a 
ampla defesa e o contraditório e ao 
sistema prisional de punir e re-
cuperar. 
 
O Mundo do Trabalho e a 
Globalização 
 
 
Fonte: 
https://www.applango.com/ 
 
Sem dúvida a globalização e o 
uso das tecnologias de comunicação 
aproximaram as pessoas e as 
organizações que, outrora, estavam 
distantes geograficamente. 
ALBUQUERQUE (2.019) as-
sim trata tão importante questão: 
 
“O fenômeno da globalização é 
um processo em curso, comple-
xo e desafiador, no qual esta-
mos imersos e, que, portanto, 
torna árdua a tarefa de deli-
mitá-lo.” 
 
 
 16 
APOSTILA DE ÉTICA 
O discurso da globalização, 
nessa esteira, promete romper fro-
nteiras em prol do desenvolvimento 
de todos os povos com base na auto 
regulação do mercado. 
Na perspectiva de Faria, a 
crise do padrão monetário mundial 
e os choques do petróleo na década 
de 1970 levaram ao esgotamento do 
potencial de expansão do modelo 
produtivo, industrial e comercial até 
então vigente, exigindo respostas 
extremamente rápidas e eficazes 
para contorná-la e que definem hoje 
as peculiaridades da globalização. 
Dentre as respostas está a des-
regulamentação dos mercados fi-
nanceiros, a revogação dos mono-
pólios estatais, a abertura do comér-
cio mundial de serviços e informa-
ções, que acarretou a rápida integra-
ção mundial do sistema financeiro; a 
ênfase à racionalização das organi-
zações produtivas, criando as corpo-
rações transnacionais; e, por fim, a 
conversão das ciências em técnicas 
produtivas. A globalização, entre-
tanto, não é fruto imediato de um 
fato isolado, e sim o resultado de 
uma longa evolução da sociedade ca-
pitalista moderna. 
O fenômeno, portanto, não é 
estanque: é um processo dinâmico e 
multidimensional. A globalização 
não encerra um conceito unívoco. As 
diversas linhas teóricas procuram 
explicá-la sob perspectivas distintas, 
o que acarreta a insuficiência de 
conceitos mais abrangentes. Beck 
expressa bem a complexidade do fe-
nômeno e a dificuldade de sua apre-
ensão quando refere que globaliza-
ção é, com certeza, a palavra mais 
usada e a menos definida nos últi-
mos tempos. 
Desde o advento do capitalis-
mo, com a separação da proprieda-
de dos meios de produção e da força 
de trabalho, que engendrou uma 
verdadeira revolução econômica, o 
processo de acumulação do capital 
vem forjando novas técnicas cada 
vez mais eficientes, a fim de maximi-
zar os lucros e minimizar os custos. 
Alguns anos após a Revolução 
Francesa, formam-se as condições 
necessárias para a Primeira Revolu-
ção Industrial, que incorpora ao pro-
cesso produtivo as primeiras máqui-
nas capazes de executar tarefas an-
tes atribuídas exclusiva-mente aohomem, acarretando, como conse-
quência, o aumento da produtivi-
dade. Com esta revolução, a apro-
priação da força de trabalho se com-
pleta com a transferência do domí-
nio humano sobre os processos pro-
dutivos para as máquinas. 
A utilização da ciência como 
técnica produtiva sustentou a Se-
gunda Revolução Industrial no iní-
cio do século XX. Ao contrário da 
primeira – caracterizada pela ado-
ção da máquina a vapor –, desta vez 
 
 17 
APOSTILA DE ÉTICA 
não houve a adoção de uma nova 
tecnologia, mas um conjunto de 
alterações técnico-científicas decor-
rentes da cooptação do conhecimen-
to científico pelo capital. 
Nesse contexto, Frederick 
Taylor, no final do século XIX, con-
cebeu a denominada organização 
científica do trabalho, ou seja, a ra-
cionalização do trabalho baseada na 
separação entre concepção – enge-
nheiros e técnicos – e execução – 
operários. Ele propunha a racio-
nalização das tarefas dos operários, 
combatendo o desperdício de tem-
po. Uma das formas de racionaliza-
ção, com o objetivo de eliminar os 
movimentos inúteis e diminuir o 
tempo na execução das tarefas, é o 
parcelamento das tarefas: cada ope-
rário faz apenas um determinado 
número, diga-se limitado, de gestos 
iguais, repetidos durante sua jorna-
da de trabalho. Com isso, torna-se 
responsável apenas por uma peque-
na parte do processo produtivo, não 
necessitando de qualificação especí-
fica. 
Henry Ford, por sua vez, pro-
prietário da indústria automobilís-
tica que leva seu nome, criou uma 
nova estratégia de organização da 
produção utilizando os métodos tay-
loristas de gerencia-mento. O fordis-
mo – nova organização da produção 
concebida por Ford – para respon-
der ao aumento da demanda, utiliza 
a produção em massa, o que reduz o 
custo de produção e, em decor-
rência, o preço de venda do automó-
vel. Enquanto o taylorismo decom-
põe as tarefas, o fordismo as recom-
põe através da linha de montagem. 
Ford ainda padroniza as peças, 
com a intenção de reduzir o tempo 
de adaptação dos componentes ao 
automóvel, combatendo o desper-
dício. Feitas estas transformações 
no plano organizacional, Ford intro-
duz novas tecnologias. Com as li-
nhas automatizadas o tempo de pro-
dução do veículo é reduzido ainda 
mais, obtendo ganhos inimagináveis 
com os novos métodos de produção. 
Nesse contexto, as empresas 
concorrentes são obrigadas a seguir 
o novo modelo, sob pena de serem 
expulsas do mercado. 
O fordismo torna-se domi-
nante. Mas quando todas as em-
presas o adotam, já não há vanta-
gens essenciais no nível da organi-
zação. A competição torna-se mais 
acirrada e as empresas já não podem 
destinar recursos à melhoria das 
condições de trabalho. Ao contrário, 
conquista maiores fatias do mercado 
quem impõe custos mais baixos de 
produção, incluindo a remuneração 
dos trabalhadores. Os operários, 
destarte, são submetidos a condi-
ções degradan-tes, desencadeando, 
nos anos 70, a crise do fordismo. 
 
 
 18 
APOSTILA DE ÉTICA 
A partir da década de 80, al-
guns fatores de ordem política e eco-
nômica alteraram a cena mundial: o 
advento da “sociedade informacio-
nal” como decorrência dos avanços 
na microeletrônica, na robótica, na 
telemática; a globalização econômi-
ca; a disseminação do neoliberalis-
mo, impulsionado pelas mudanças 
políticas internacionais desencadea-
das com o desaparecimento, no fi-
nal dos anos 80, do bloco comunista, 
solapando a ameaça socialista. 
Tais fatores contribuíram para 
desencadear a Terceira Revolução 
Industrial que, novamente, acar-re-
tará mudanças no mundo do traba-
lho. Esta, sob diversos aspectos, di-
fere das anteriores. Além da subs-
tituição do trabalho humano pelo 
computador, parece provável a cres-
cente transferência de uma série de 
operações das mãos de funcioná-
rios que atendem ao público para o 
próprio usuário, muitas atividades 
desconectadas do grande capital 
monopolista passam a ser exercidas 
por pequenos empresários, traba-
lhadores autônomos, cooperativas 
de produção etc., o que transforma 
certo número de postos de trabalho 
de “empregos” formais em ocupa-
ções que deixam de oferecer as ga-
rantias e os direitos habituais e de 
carregar os custos correspondentes. 
O que dá para admitir com razoável 
segurança é que ela afeta profunda-
mente os processos de trabalho e, 
com toda certeza, expulsa do em-
rego milhões de pessoas que cum-
prem tarefas rotineiras, que exigem 
um repertório limitado de conheci-
mentos e, sobretudo, nenhuma ne-
cessidade de improvisar em face de 
situações imprevistas. 
Com o emprego da ciência 
como técnica produtiva, novas for-
mas de organização produtiva sur-
gem. Dentre as experiências mais 
expressivas, pode-se citar o “toyo-
tismo” ou “modelo japonês” ou “pós-
fordismo”. 
O toyotismo, modelo forjado 
no Japão, foi implantado progres-
sivamente na Toyota nas décadas de 
1950 a 1970 e se disseminou pelo 
mundo na década de 1980. Neste 
novo modelo produtivo, a “produção 
é puxada pela demanda e o cres-
cimento, pelo fluxo.”. Nessa esteira, 
a “empresa só produz o que é ven-
dido e o consumo condiciona toda a 
organização da produção”. Em razão 
disso, os estoques são mínimos. To-
do o desperdício é combatido na To-
yota. Nesse contexto, a flexibilidade 
do aparato produtivo, de forma a 
atender às exigências mais indivi-
dualizadas do mercado no menor 
tempo e com maior qualidade pos-
síveis, acarreta a flexibilização da 
organização do trabalho. Os traba-
lhadores atuam em equipe e está 
 
 19 
APOSTILA DE ÉTICA 
substitui o parcelamento das tare-
fas, típico do fordismo. A relação um 
homem/uma máquina é rompida: 
em média, um trabalhador na To-
yota opera cinco máquinas. Para po-
der operar várias máquinas dife-
rentes, o trabalhador tem de tornar-
se polivalente, que mais do que 
maior qualificação, significa a exe-
cução de várias tarefas simplificadas 
no decorrer de sua jornada, ensejan-
do maior exploração do trabalho. 
A equipe de operários, por 
outro lado, substitui a figura da au-
toridade típica da hierarquia vertical 
fordista. Agora, a falha de um mem-
bro prejudica toda a equipe, que 
controla, portanto, a atuação de seus 
membros, criando uma forma de 
controle invisível e extremamente 
eficiente. 
Diferentemente do modelo 
fordista, onde ocorre uma integ-
ração vertical na linha de produção, 
com a aquisição das empresas que 
fabricam as peças, no toyotismo há 
uma integração horizontal, com re-
dução do âmbito de produção da 
montadora, repassando às sub-con-
tratadas a produção das peças ne-
cessárias à confecção do produto 
final. 
No novo sistema de organiza-
ção da produção intensifica a explo-
ração do trabalho: ele exige bem 
mais do trabalhador que o sistema 
fordista. Além da exigência de que os 
operários trabalhem simultanea-
mente com várias máquinas, há o 
“gerenciamento por tensão” através 
do sistema de luzes. Os sinais lu-
minosos são implantados em toda a 
cadeia de produção: o verde indica 
que está tudo em ordem; o laranja 
aponta intensidade máxima; e o ver-
melho indica que há um problema e 
é necessário parar a produção para 
resolvê-lo. As luzes devem alternar 
sempre entre o verde e o laranja para 
atingir uma elevação constante do 
ritmo de produção, pois, oscilando 
os sinais entre estas cores, a direção 
pode, antecipadamente, descobrir 
os problemas e acelerar o ritmo até 
que o próximo apareça. 
Além disso, assim como o apa-
rato produtivo, as relações de traba-
lho também precisam ser flexibiliza-
das. A força de trabalho é explorada 
em razão da demanda. Evita-se, a 
todo custo, a ociosidade da força de 
trabalho. Há um número mínimo de 
empregados “estáveis”. Se o merca-
do melhora, contratam-se trabalha-
dores temporários ou os operários 
são obrigados a fazer horas extras. 
Todavia, “a política básicaé usar o 
mínimo de operários e o máximo de 
horas extras.” 
As empresas automobilísticas, 
“que adquiriram uma sólida lideran-
ça no setor, impulsionaram esse for-
midável aceleramento da rotação de 
capital graças a uma reestruturação 
 
 20 
APOSTILA DE ÉTICA 
completa da organização da pro-
dução”. Não resta alternativa às em-
presas concorrentes, nesse contexto, 
senão adotar os métodos de produ-
ção da empresa líder. 
Estas novas formas de organi-
zação do trabalho, não se pode dei-
xar de enfatizar, estão plenamente 
ligadas ao neoliberalismo e à globa-
lização. A Terceira Revolução Indus-
trial, nesse contexto, provocou drás-
ticas mudanças no universo do tra-
balho. Todas as revoluções indus-
triais desencadearam o aumento da 
produtividade, trazendo, como con-
sequência, o desemprego tecnoló-
gico. Todavia, a Terceira Revolução 
Industrial foi mais além: desenca-
deou, além do desemprego tecnoló-
gico, o que Singer denomina de “des-
centralização do capital”. 
Com os avanços na telemática, 
as grandes empresas verticalmente 
integradas têm sido forçadas pelo 
mercado, em nome da diminuição 
dos custos e aumento da produtivi-
dade, a desintegrarem-se, terceiri-
zando diversos setores produtivos, 
formando uma espécie de rede. Com 
isso, atividades antes desempenha-
das por empregados dessas empre-
sas agora passam a ser exercidas por 
trabalhadores autônomos, temporá-
rios, pequenos empresários, sem as 
garantias e os direitos sociais e tra-
balhistas que antes possuíam, dimi- 
 
nuindo os postos de emprego for-
mais. 
A Terceira Revolução Indus-
trial também opera mudanças pro-
tagonizadas pelo Estado, no sentido 
de flexibilizar direitos, desregula-
mentar a economia, privatizar em-
presas estatais. O que se verifica, 
pois, no capitalismo contemporâ-
neo, é a precarização das relações de 
trabalho. Os novos postos de tra-
balho que surgem em virtude da di-
visão internacional do trabalho e das 
inovações tecnológicas não mais 
oferecem, na sua grande maioria, as 
garantias sociais e trabalhistas con-
quistadas pelos trabalhadores ao 
longo de anos de luta operária. Isto 
porque, decorrente da estratégia 
empresarial de eliminar o ócio do 
trabalhador, introduziu-se a flexi-
bilidade da organização produtiva e, 
por consequência, do próprio tra-
balhador. 
Outrora, a empresa contratava 
o empregado. Hoje, ela contrata a 
prestação de serviços, forçando os 
antigos operários a jogarem-se na 
arriscada tarefa de constituírem pe-
quenas empresas prestadoras de 
serviços. Com esta estratégia, as em-
presas diminuem o custo do traba-
lho, porquanto não têm de pagar o 
tempo morto e, ao mesmo tempo, 
aumentam a produtividade, pois os 
 
 
 
 21 
APOSTILA DE ÉTICA 
prestadores de serviço, em razão da 
competitividade, trabalham à exaus-
tão para atrair a clientela. 
Todas estas transformações 
afetam a “forma de ser” da classe 
trabalhadora. A desconcentração da 
classe operária, com o abismo exis-
tente entre o núcleo “estável” e a pe-
riferia precarizada e descartável, re-
duz drasticamente o poder sindical, 
historicamente ligado aos emprega-
dos estáveis, que hoje é incapaz de 
aglutinar o exército de trabalhado-
res a tempo parcial temporários, 
subcontratados, precários, perten-
centes à economia informal. Os 
trabalhadores já não se identificam 
mais como classe. Perdem a sua 
consciência de classe, dada à extre-
ma heterogeneidade e fragmentação 
existente no mundo do trabalho. 
Surge uma nova pobreza, a 
new poor, formada por indivíduos 
que pertenciam à classe média e que 
perderam seus empregos em razão 
da automação ou da divisão inter-
nacional do trabalho. Como decor-
rência desse quadro, emerge uma 
crescente desigualdade e polariza-
ção social levando um número cada 
vez maior de indivíduos à exclusão 
social. 
Postos de trabalho foram des-
truídos com a Terceira Revolução in-
dustrial em decorrência do desem-
prego tecnológico que incrementou 
 
a produtividade. Esta mão-de-obra 
excedente não foi reabsorvida por-
que os novos empregos exigem uma 
qualificação maior e são em menor 
número, se comparados com os que 
desapa-receram. Estes indivíduos 
descartados formam as vítimas da 
pobreza e da exclusão social. 
A Terceira Revolução Indus-
trial, com a introdução de novas tec-
nologias e a adoção de novas técni-
cas produtivas mais flexíveis, aliada 
à globalização e ao neoliberalismo, 
contribuiu para a queda nos níveis 
de emprego formal, elevando os ní-
veis de trabalho precário e informal. 
Como consequência, o indivíduo que 
é afastado do mercado de trabalho 
formal não consegue mais se rein-
serir. 
O acesso ao trabalho (em con-
dições dignas), nessa perspectiva, é 
condicionante dos demais direitos, 
visto que é capaz de assegurar ao tra-
balhador a manutenção do vínculo 
social, principalmente pelo acesso à 
rede de proteção social, o que resulta 
em o trabalho formal colocar-se co-
mo uma das principais formas de 
emancipação social. 
De forma brilhante, ALBU-
QUERQUE (2.019) tratou esse te-
ma, nos levando a uma série de re-
flexões. Ao ver que o Brasil conta 
atualmente com milhares de desem-
pregados, nota-se que esse fenôme-
 
 22 
APOSTILA DE ÉTICA 
no atingiu a grande maioria das or-
ganizações. É comum cada traba-
lhador comentar que nos últimos 
anos seu setor sofre rígidos cortes. 
Onde havia três funcionários, as ta-
refas, além de ampliadas, fica hoje 
sob a responsabilidade de apenas 
um. É cediço que os encargos traba-
lhistas e a crise que afeta boa parte 
dos países também colaboram para 
esse quadro. 
Além da perda salarial, muitos 
estão se aventurando em vendas 
pela internet, usando essa platafor-
ma como forma de se reinserir no 
mercado de trabalho. Em síntese, as 
pessoas também estão reinventan-
do-se para se adaptar à nova rea-
lidade. Empresas e funcionários 
buscam novos processos para sobre-
viverem, aguardando essa fase tur-
bulenta passar e vão adequando-se 
às regras impostas, procurando 
cumprir os princípios éticos e legais. 
 
A Ética Empresarial 
 
Feita essa breve exposição so-
bre o mercado de trabalho e a glo-
balização, vimos que o trabalhador, 
em especial, sofreu uma série de 
prejuízos no que se refere às con-
quistas trabalhistas. A própria legis-
lação trabalhista e a Justiça do Tra-
balho foram intensamente modi-
ficadas recentemente. Sem dúvida, 
 
homens e mulheres estão reade-
quando-se às novas exigências do 
mercado de trabalho e boa parte dos 
profissionais estão sendo contrata-
dos como pessoa jurídica, em face, 
principalmente, dos encargos tra-
balhistas. 
 
 
Fonte: 
https://grupoelithe.com.br/ 
 
A busca por concursos públi-
cos tornou-se o sonho de consumo 
de muitos profissionais. No ingresso 
à carreira de policiais, por exemplo, 
é muito comum ver candidatos que 
se inscrevem nos cursos de forma-
ção de soldados, com qualificação 
muito além da exigida, ou seja, com 
nível superior em diversas áreas: fi-
sioterapia, psicologia, letras, peda-
gogia, administração, dentre outras, 
com fluência em idiomas como in-
glês, alemão espanhol etc., por um 
salário em torno de R$ 1.900,00, 
para ter a estabilidade de emprego. 
Como o objetivo precípuo de 
nosso trabalho é a ética e o relacio- 
 
 
 23 
APOSTILA DE ÉTICA 
namento interpessoal, calha agora 
mencionar, no outro lado dessa rela-
ção, a ética empresarial. Em que pe- 
 
se todas essas mudanças no merca-
do de trabalho, que atingiu a classe 
trabalhadora, é impres-cindível para 
um relacionamento salutar a estrita 
observância dos preceitos morais e 
éticos no ambiente de trabalho. Va-
mos então aprender sobre o que vem 
a ser a ética empresarial. 
MARQUES (2.019), assim 
conceitua: 
 
“A ética empresarial envolve os 
valores de uma empresa e seus 
princípios morais dentro da so-
ciedade. Esseconceito é funda-
mental para uma organização 
que pretende construir uma 
boa imagem perante seus clien-
tes internos e externos, parcei-
ros e concorrentes.” 
 
Nesse sentido, uma empresa 
ética é aquela que pratica os precei-
tos coletivos e se preocupa com as 
demandas da população, tendo sua 
conduta orientada pela responsa-
bilidade social e ambiental. Prezar 
pela ética empresarial é importante 
para qualquer empresa, indepen-
dentemente do seu porte ou se é do 
setor público ou privado. 
Ao demonstrar que é uma or-
ganização transparente, esta será 
reconhecida por todos pela sua cr-
edibilidade e responsabilidade. As- 
 
sim, essa postura ajudará a com-
panhia a ser apontada como refe-
rência no mercado, atraindo clien-
tes, investidores e bons profissio-
nais. 
A ética empresarial deve estar 
presente nas atividades internas e 
externas de uma organização, sendo 
que as empresas devem prezar pela 
boa conduta de todos os seus funcio-
nários. Quando o relacionamento 
interpessoal é baseado em atitudes e 
valores positivos, há a construção de 
um ambiente de trabalho agradável 
para todos, já que os colaboradores 
passam a respeitar as regras e nor-
mas da organização e ficam mais 
abertos a cooperar uns com os ou-
tros. Todos esses fatores influen-
ciam no aumento da produtividade. 
Mas, em nenhum outro cam-
po, a ética empresarial está tão en-
volvida quanto na obtenção do lu-
cro. Ter uma boa rentabilidade é 
objetivo de praticamente todas as 
organizações, mas os ganhos devem 
ser baseados em um trabalho ho-
nesto e que satisfaça as necessidades 
dos clientes, sem prejudicar as pes-
soas ou o meio ambiente. 
Além das atitudes morais que 
devem nortear todas as suas ativi-
dades, a empresa pode demonstrar 
que é ética à sociedade por meio de 
ações que promovam o bem-estar da 
comunidade em que está inserida 
ou que ajudem a preservar o meio 
 
 24 
APOSTILA DE ÉTICA 
ambiente. Esse senso de respon-
sabilidade social e ambiental revela 
que a companhia não está alienada 
aos problemas que a rodeiam e se in-
teressa em contribuir para os 
combater. 
Em tempos em que os valores 
humanos estão cada vez mais sendo 
colocados de lado em nome de 
maiores lucros, a ética no ambiente 
corporativo tem se tornado um 
grande diferencial competitivo. Isso 
porque as empresas referências de 
boa conduta no mercado conseguem 
agregar valor à sua marca e imagem 
e usufruem de maior credibilidade 
ao pautar suas ações em princípios 
éticos e socioambientais, principal-
mente. Já os profissionais que têm 
uma conduta ética destacam-se por 
ajudarem a construir bom relacio-
namento interpessoal em seu am-
biente de trabalho, uma vez que 
sabem assumir seus erros e têm uma 
postura flexível, tolerante e humilde 
com seus colegas. 
Antes de tudo, é sempre bom 
compreender a ética empresarial e 
profissional como forma de manter 
a consciência positiva ao exercer 
suas atividades sem prejudicar os 
demais ao seu redor. Esse fator é 
indispensável para o nosso desen-
volvimento enquanto seres e em-
presas em constante evolução. Sen-
do assim, para que tenhamos resul- 
 
tados cada vez mais expressivos e 
alcancemos o sucesso tanto empre-
sarial quanto em nossas carreiras, é 
importante pensarmos e agirmos de 
forma ética antes de tudo. 
Há de se mencionar também a 
ética na administração pública que, 
além da observância dos preceitos 
aqui citados, deve ser dirigida pelos 
princípios constitucionais e legais 
que a norteiam. Nessa vertente des-
tacam-se os princípios da morali-
dade, da legalidade, da impessoali-
dade, razoabilidade, propo-rcionali-
dade, eficiência e publicidade. 
A responsabilidade social será 
tratada em um tópico à parte ainda 
no presente trabalho, mas de plano 
tanto a administração pública quan-
to a privada devem ter a preocupa-
ção nas questões ambientais. 
A preservação do meio 
ambiente é a responsabilidade desta 
geração, motivo pelo qual os pais 
devem educar seus filhos na coleta 
do lixo seletivo, no respeito à fauna 
e à flora, em manter as praias, rios, 
lagos e mananciais sempre limpos, 
em não jogar lixos nas ruas, dentre 
outros. Os empresários e adminis-
tradores públicos devem tomar as 
medidas necessárias para que sua 
empresa, seus funcionários e cola-
boradores também tenham essa 
consciência e adotem medidas práti-
cas como a coleta seletiva, a econo- 
 
 
 25 
APOSTILA DE ÉTICA 
mia de água e energia elétrica, a uti-
lização de equipamentos com o selo 
PROCEL, a economia na impressão 
de documentos etc. 
Outro aspecto a se mencionar 
é como deve ser a gestão de pessoas. 
Para atingir e alcançar esses objeti-
vos éticos e morais, inserindo-os na 
política empresarial, é importante 
mencionar que a Gestão de Pessoas 
auxilia nesse processo. 
Nesse viés, a gestão de pessoas 
compila todas as atividades da Ad-
ministração de Recursos Humanos 
em seis principais processos, que es-
tão interligados entre si. Esses pro-
cessos foram desenvolvidos por 
Chiavenato (1999). Vamos a eles: 
 Agregar pessoas: Esse pro-
cesso consiste em incluir no-
vas pessoas para a empresa, 
conforme a necessidade de 
mão de obra e o planejamento 
de RH. Aqui a Gestão de Pes-
soas incluiu as atividades de 
RH, como o recrutamento e a 
seleção para integrarem o qua-
dro de funcionários da em-
presa. 
 Aplicar Pessoas: Aqui se 
encontra o processo de ensinar 
o novo funcionário conforme o 
perfil esperado da empresa, 
acompanhando a sua integra-
ção e orientando o seu desem-
penho. Nesse processo foram 
compiladas as atividades da 
antiga administração de pes- 
 
 
soal desde a integração do no-
vo funcionário, análise de car-
gos e salários e avaliação de 
desempenho. 
 Recompensar Pessoas: 
Nesse processo, o principal 
objetivo é incentivar e motivar 
as pessoas, satisfazendo dessa 
forma as suas necessidades in-
dividuais. Aqui estão agrega-
das as atividades de remune-
ração de pessoal e a política de 
benefícios. 
 Desenvolver Pessoas: Os 
processos de desenvolver pes-
soas servem para capacitar os 
colaboradores, ou seja, treiná-
los para desenvolver as suas 
funções. Nesses processos uti-
lizam-se as rotinas de treina-
mento e de capacitação da ad-
ministração de recursos hu-
manos. 
 Manter Pessoas: O prin-
cipal objetivo desse processo é 
fornecer condições ambientais 
agradáveis e programas moti-
vacionais e psicológicos que 
estimulem os funcionários a 
dar o melhor de si e a alcan-
çarem os objetivos desejados. 
 Monitorar Pessoas: São 
processos que acompanham e 
controlam o desempenho dos 
funcionários, analisando re-
sultados. Também são utiliza-
dos processos de sistemas de 
informações gerenciais para a 
tomada de decisões e a con-
sulta ao banco de dados. 
 
 
 
 26 
APOSTILA DE ÉTICA 
Capitalismo, Comércio, In-
dústria e a Ética do Inte-
resse Particular e a Globa-
lização 
 
Como vimos, na ética em-pre-
sarial, as organizações, em que pese 
a busca pelo lucro nas atividades do 
comércio e da indústria, devem estar 
comprometidas com os legais e éti-
cos, buscando agregar valores a sua 
marca. Um funcionário ou um em-
presário, agindo de forma ética, com 
respeito aos ditames legais, com ho-
nestidade de propósitos e transpa-
rência, influencia inegavelmente no 
ambiente de trabalho de forma posi-
tiva, contagiando os outros a agirem 
da mesma maneira. 
O lucro não deve ser a meta 
principal de qualquer organização 
empresarial. Não se admite mais a 
máxima de se lucrar a qualquer pre-
ço ou a qualquer custo. Os valores 
morais e éticos devem permear as 
organizações e incentivar todos a fa-
zerem o certo pelo certo, afastando-
se de práticas costumeiras eivadas 
de vícios e ilegalidade. Mesmo em 
práticas desportivas, precisa ser 
rechaçada a hipótese de um torcedor 
ficar contente porque o seu time ga-
nhou com um gol aos 47 minutos do 
segundotempo, sendo que o jogador 
estava impedido. 
As licitações das empresas pú-
blicas devem ser regidas dentro da 
legalidade, impessoalidade, efi-ciên-
cia, razoabilidade, proporcionalida-
de, publicidade, observando-se rigo-
rosamente as condições estabeleci-
das no edital, sem favorecimento de 
quem quer que seja. 
MATOS (2.014) nos explica 
que o fenômeno da globalização 
trouxe o mundo para um estágio 
sem precedentes em sua história. 
Jamais foi presenciado um desen-
volvimento tão acelerado quanto 
esse iniciado na Revolução Indus-
trial e que perdura até os dias de 
hoje. O capitalismo, principal motor 
do avanço tecnológico e do fenô-
meno denominado globalização, é, 
também, o responsável pelas maio-
res crises já enfrentadas pela huma-
nidade, sejam elas ambientais, eco-
nômicas e, sobretudo, sociais. 
No mundo de hoje, onde pre-
domina a busca pelo poder, consu-
mo, desigualdade e individualismo, 
o indivíduo está envolto pela dúvida 
sobre como ser ético em um contex-
to com tantas desigualdades. Dessa 
forma, o bem e o mal, o certo e o er-
rado, a justiça e a injustiça, são sen-
timentos intrínsecos à humanidade 
e inevitáveis dentro de um corpo 
social. 
Uma leitura descritiva sobre o 
sentimento predominante nos indi-
víduos dos tempos modernos pode 
ser verificada na obra de Marx. O 
sociólogo alemão resume a lógica do 
 
 27 
APOSTILA DE ÉTICA 
capitalismo na busca pelo lucro e 
argumenta que à sociedade está 
imposta a obrigação de seguir as leis 
desse sistema. 
Na abordagem de Marx sobre 
o mundo moderno, é possível perce-
ber que a sociedade gira em torno do 
capitalismo. O objetivo dos indiví-
duos resume-se, exclusivamente, na 
busca pelo capital, com a sociedade 
dividida em duas classes, burguesia 
e proletariado, onde a primeira de-
tém o poder das ferramentas de pro-
dução e à outra resta unicamente 
sua força de trabalho para pôr à ven-
da: a desigualdade é predominante. 
Não há a reflexão sobre a moral ou, 
se há, é a de uma moral subordinada 
às relações de mercado, também 
chamada de “ética do mercado”. 
Acima de tudo, para os burgueses, 
está a busca insaciável pelo lucro, e, 
para os proletários, a luta pela so-
brevivência. 
Na concepção clássica, de Só-
crates e Aristóteles, o sujeito ético ou 
moral é regido apenas pela sua cons-
ciência e não se submete aos vícios e 
às vontades de outros. A ética é ob-
tida em ações que considerem o me-
lhor para o indivíduo e para o corpo 
social do qual ele faz parte. Entre-
tanto, na modernidade, esse concei-
to é cada vez mais difícil de ser apli-
cado. Dentro da sociedade capitalis-
ta, vestida pela liberdade de merca- 
 
do, as pessoas são escravas do con-
sumo. 
Jean-Paul Sartre, um dos ex-
poentes do Existencialismo, apre-
senta uma reflexão sobre a ética par-
tindo do princípio de que os homens 
são fadados a viver em liberdade. 
Dessa forma, não importa se as for-
ças externas são mais poderosas do 
que a vontade subjetiva, sempre há 
uma opção. Se, com efeito, a exis-
tência precede a essência, não será 
nunca possível referir uma explica-
ção a uma natureza humana dada e 
imutável; por outras palavras, não 
há determinismo, o homem é livre, o 
homem é liberdade. Essencialmente 
livres, segundo a concepção de Sar-
tre, os valores morais são sub-jetivos 
para os homens. Ser ético, para o fi-
lósofo, significa agir no mundo cons-
ciente de sua ação e das consequ-
ências proveniente delas, pois o ho-
mem tem liberdade para fazer todo 
tipo de escolhas. Nesse sentido, a 
ética é sempre uma possibilidade, 
depende de cada indivíduo. 
A reflexão de Sartre aponta 
para um cenário revelador sobre o 
conceito de liberdade e ética. No en-
tanto, de acordo com a perspectiva 
marxista, a emancipação humana e 
a realização plena da moral apenas 
serão possíveis quando a sociedade 
romper com o sistema vigente, e isso 
só será alcançado quando os homens 
 
 
 28 
APOSTILA DE ÉTICA 
conseguirem enxergar o mundo 
como ele realmente é e o quanto eles 
são explorados, ou seja, quando a 
sociedade deixar de ser alienada. 
Conclui a autora que, na era do 
capitalismo, a moral da história é a 
moral do sistema. PEQUENO (20 
19), outro autor que trata da ética e 
da cidadania, nos ensina que a ética 
trata do comportamento do homem, 
da relação entre a sua vontade e a 
obrigação de seguir uma norma, do 
bem e do mal, do que é justo e injus-
to, da liberdade e da necessidade de 
respeitar o próximo. É comum afir-
mar que ser cidadão significa pos-
suir direito ao voto, à liberdade de 
expressão, à saúde, à educação, ao 
trabalho, à locomoção, à alimenta-
ção, à habitação, à justiça, à paz, a 
um meio-ambiente saudável, à feli-
cidade, dentre outros. A cidadania é 
a condição social que confere a uma 
pessoa o usufruto de direitos que lhe 
permitem participar da vida política 
e social da comunidade no interior 
da qual está inserida. A esse indiví-
duo que pode vivenciar tais direitos 
chamamos de cidadão. Ser cidadão, 
nessa perspectiva, é respeitar e par-
ticipar das decisões coletivas, a fim 
de melhorar sua vida e a da sua co-
munidade. O desrespeito a tais direi-
tos, por parte do Estado, de Institui-
ções ou pessoas, gera exclusão. 
Nessa perspectiva, é somente 
quando cada homem tiver seus di-
reitos efetivados e sua dignidade re-
conhecida e protegida que podere-
mos dizer que vivemos numa socie-
dade justa. Até porque, sem o prin-
cípio de justiça, não pode haver so-
ciedade, pois nela deixariam de exis-
tir a confiança e o respeito mútuo 
entre os indivíduos. A justiça é a 
maneira de reconhecer que todos 
são iguais perante a lei (igualdade) e 
que todos devem receber de acordo 
com seus méritos, qualidades e rea-
lizações (equidade). A justiça é, des-
se modo, representada pelos prin-
cípios de igualdade e equidade. As-
sim, quando a sociedade revela-se 
justa, torna-se possível instituir um 
clima de confiança nas Instituições e 
de liberdade entre os indivíduos. A 
justiça é a condição de um viver soli-
dário, responsável, fraterno. Quan-
do a mesma deixa de ser praticada, 
os indivíduos ficam sujeitos ao arbí-
trio, à violência e à barbárie. A jus-
tiça é, antes de tudo, um valor moral, 
podendo ainda ser concebida como 
o principal fundamento da vida em 
sociedade. Portanto, é uma virtude 
que deve ser praticada por todo su-
jeito moral, já que sem ela torna-se 
impossível o exercício dos direitos 
fundamentais e de cidadania. 
Eis o grande desafio do ser hu-
mano, dos empresários e dos admi-
nistradores: buscar o lucro com res-
ponsabilidade social, dentro dos pa- 
 
 
 29 
APOSTILA DE ÉTICA 
drões éticos e morais, cumprindo os 
preceitos legais e as normas que 
regem a sociedade. Ou seja, fazer o 
certo pelo certo, cumprir a sua mis-
são, a sua tarefa da melhor maneira 
possível, se posicionando contrário 
quando algo se aproxima da ilega-
lidade, não concordando com práti-
cas ilícitas, que ferem os princípios 
morais e éticos. É o dizer simples de 
nossos antepassados: “Deitar e dor-
mir com a consciência tranquila”. 
 
Exercícios de Fixação 
 
1. O que é uma empresa ética? 
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________ 
____________________ 
 
2. Quais as mudanças protago-
nizadas pelo Estado na Tercei-
ra Revolução Industrial? 
____________________
____________________
____________________
____________________
__________________ 
____________________ 
 
 
 
 
3. Em que consiste o processo de 
agregar pessoas? 
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________
____________________ 
____________________ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 31 
APOSTILA DE ÉTICA 
3. A Ética Profissional em um Mundo Globalizado,Responsabilidade Social, a Atuação Profissional e 
os Dilemas Éticos 
 
 
Fonte: Tribuna3 
 
A Ética Profissional 
 
pós tão importante explanação 
sobre a parte conceitual e filo-
sófica da ética e da moral, abran-
gendo o mercado de trabalho, a glo-
balização e seus efeitos no mundo 
em que vivemos, vamos agora a uma 
parte mais prática de nosso estudo. 
A ética profissional, sem dú-
vida, é extremamente importante e 
 
 
3 Retirado em https://www.tribuna.com.mx/ 
afeta toda a sociedade. Além do có-
digo de conduta de cada profissão, 
há os valores éticos e morais que de-
vem ser observados por todos. 
A palavra profissão vem do la-
tim “professione” e possui diversos 
significados nesse idioma. Na atuali-
dade, profissão representa a prática 
constante de um ofício, de um labor 
(SÁ, 2009). De acordo com Masiero 
(2007, p. 455), “ética profissional 
 
A 
 
 32 
APOSTILA DE ÉTICA 
reúne um conjunto de normas de 
conduta, exigida no exercício de 
qualquer atividade econômica”. 
No papel de “reguladora” da 
ação, a ética age no desempenho das 
profissões, levando a respeitar os 
semelhantes no exercício de suas 
funções. Ela envolve o relaciona-
mento de profissionais, a fim de res-
gatar a dignidade humana e a cons-
trução do bem comum. 
A atuação profissional e conse-
quentemente as profissões possuem 
um grande valor para a sociedade, 
seja na área da saúde, lazer, habi-
tação, educação, administrativa, en-
tre outros. A seus profissionais são 
concedidas responsabilidades no 
campo social que trazem benefícios 
através de seus trabalhos, gerando 
satisfação para a comunidade e inte-
ragindo com essa. Para Camargo (20 
08, pp. 31-32), “ética profissional e a 
aplicação da ética geral no campo 
das atividades profissionais; a pes-
soa tem que estar imbuída de certos 
princípios para vivê-los nas suas ati-
vidades do trabalho”. Para que o 
profissional conduza seu trabalho 
com eficiência, eficácia e efetivida-
de, é preciso ter responsabilidade in-
dividual perante seu grupo. De acor-
do com Sá (2009, p. 163), “nem sem-
pre a escolha coincide com a voca-
ção, mas feita a eleição, inicia-se um 
compromisso entre o indivíduo e o 
trabalho que se propõe a realizar”. 
Quando o ser humano elege 
seu trabalho, ele compromete-se 
com todos os deveres éticos de ofere-
cer com satisfação e qualidade suas 
atividades. Sá (2009) relaciona uma 
série de virtudes chamadas de valo-
res necessários e compatíveis à prá-
tica dos serviços profissionais. Algu-
mas delas são: abnegação, atitude, 
benevolência, coerência, disciplina, 
eloquência, fidelidade, gratidão, ho-
nestidade, idealismo, respeito, edu-
cação, entre outras. Quando as vir-
tudes são realizadas com qualidade, 
é possível identificar o caráter do 
profissional e o exercício de sua pro-
fissão. Assim como as atitudes vir-
tuosas garantem o bem, a ética tem 
sido um caminho para o benefício de 
todos. 
 
Os Pilares do Relaciona-
mento Profissional 
 
 
Fonte: 
https://br.pinterest.com/ 
 
No desempenho de suas fun-
ções, seja na esfera pública ou priva-
 
 33 
APOSTILA DE ÉTICA 
da, todo o profissional se relaciona 
com pessoas. 
Para nos ajudar melhor a en-
tender como deve se desenvolver os 
nossos relacionamentos profissio-
nais dentro dessa visão ética, vamos 
mencionar os cinco pilares, segundo 
a consultora GIANETE (2014): 
 Autoconhecimento: A di-
versidade comportamental no 
ambiente de trabalho é muito 
rica, e antes de conhecer os de-
mais, você precisa saber como 
você mesmo funciona. A partir 
do momento que conhece as 
suas características positivas, 
você vai ter boas referências na 
hora de buscar que os colegas 
também as tenham. “Além dis-
so, o autoconhecimento ajuda 
a elaborar estratégias para mi-
nimizar conflitos na hora do 
relacionamento com os co-
legas”. 
 Cordialidade: A caracterís-
tica que foi mais recentemente 
adicionada à lista, aparente-
mente, trata de algo óbvio: é 
preciso ser cordial na hora de 
se relacionar. “É simples e ób-
via a necessidade de ser cor-
dial, mas nem sempre estamos 
atentos a isso. A cordialidade 
se revela em pequenos gestos 
que vão nos fazer ser vistos co-
mo simpáticos”, alerta a edu-
cadora. Segundo ela, porém, é 
comum deixar de lado a cor-
dialidade em situações corri-
queiras, como o envio de men- 
 
sagens de trabalho. “Ao enviar 
um e-mail, por exemplo, mui-
tas vezes as pessoas deixam de 
desejar ‘bom dia’ ou ‘boa tar-
de’”. Pela forma como o e-mail 
é usado como ferramenta de 
trabalho, muitas vezes são en-
viadas mensagens secas, sem 
mesmo um “por favor” ou um 
“obrigado”. 
 Empatia: “Esta é a habilidade 
de colocar-se no lugar dos ou-
tros”, afirma Regina. Segundo 
a educadora, é preciso consi-
derar as opiniões e sentimen-
tos dos colegas. Caso contrá-
rio, não é possível um relacio-
namento realmente proveitoso 
para os dois lados. “É preciso 
se colocar no lugar do outro 
para entender o ponto de vista 
dele”. Ouvir, entender o cole-
ga. Situações de trabalho nos 
colocam juntos, e se não tiver 
consciência disso, tudo fica 
mais difícil. 
 Assertividade: Para o suces-
so de um relacionamento, as-
ber ouvir é essencial, mas tam-
bém é preciso saber falar. Por 
isso, um dos pilares listados 
pela educadora é a assertivida-
de. “Ser assertivo é se expres-
sar, dizer o que pensa, mostrar 
o ponto de vista, sentimento”. 
Algumas pessoas têm tendên-
cia a ser mais retraídas, isso é 
natural. 
 Ética: De nada adianta se co-
nhecer bem, ser cordial, ter 
empatia e ser assertivo se fal- 
 
 
 34 
APOSTILA DE ÉTICA 
tar um dos pilares: a ética. “Se 
você não é ético, não consegui-
rá ter bons relacionamentos. 
Em algum momento vai ter 
problemas. Essa máscara vai 
cair”. 
 
Cabe, também, citar os três ti-
pos de relacionamento interpessoal, 
segundo a mesma autora: 
 
Relacionamento Interpessoal 
Profissional 
 
As habilidades de relaciona-
mento interpessoal geralmente cos-
tumam ser trabalhadas e exigidas no 
ambiente profissional, ou seja, no 
conceito do relacionamento inter-
pessoal profissional. 
Esta habilidade no mundo 
business é cada vez mais relevante, 
por isso vem crescendo o número de 
empresas e organizações que inves-
tem em palestras sobre esse assunto 
para os seus colaboradores. 
Prezar pela forma como os 
funcionários reagem às conexões 
estabelecidas com os colegas de tra-
balho mais próximos ou como eles 
lidam com os clientes traz lucro tan-
to para a instituição como para o 
funcionário. Isso acontece porque 
em um ambiente de trabalho mais 
harmonioso e fluído, onde os funcio-
nários têm uma boa comunicação, 
há menores chances de erros e maio-
res chances de crescimento. 
Este tipo de relacionamento 
também está muito ligado à cultura 
organizacional que a empresa pos-
sui. Normalmente, o setor de recur-
sos humanos cria critérios de com-
patibilidade entre a empresa e o fun-
cionário antes dele ser contratado. 
Se a empresa valoriza o dina-
mismo entre hierarquias de traba-
lho, preza pelo lado criativo de seus 
colaboradores, novidade e empreen-
dedorismo, as pessoas que serão 
contratadas terão perfis semelhan-
tes: serão eficazes, práticas, dinâmi-
cas e procurarão esta-belecer um 
ambiente mais competitivo. 
Conhecendo o perfil predomi-
nante entre seus colaboradores, fica 
mais fácil de gerir e estabelecer prá-
ticas que facilitem o convívio entre 
eles. Se há um consenso entre a 
equipe de como lidar com essas co-
nexões, o processo de como o em-
pregador irá lidar com seu time é 
facilitado. 
 
Relacionamento Interpessoal 
Pessoal 
 
O relacionamento interpessoal 
pessoal envolve a forma como lida-
mos com as pessoas mais próximas 
a nós. Familiares, cônjuges, amigos, 
namorado ou namorada, enfim, co-
mo encaramos as situações que se 
revelam nessas relações. 
 
 
 
 35 
APOSTILA DE ÉTICARelacionamento Interpessoal 
Virtual 
 
 
Fonte: https://medium.com/ 
 
Já o relacionamento interpes-
soal virtual é visto como algo mais 
recente. Mesmo que não estejamos 
presentes fisicamente, diretamente 
ao lado das pessoas, no momento de 
criar uma conexão virtual com al-
guém precisamos lembrar que, ain-
da assim, devemos seguir algumas 
regras das normas comportamen-
tais que rege nossa sociedade. 
No ambiente de trabalho ou 
pessoalmente, as consequências de 
utilizarmos mal uma ferramenta di-
gital pode ser altamente prejudicial, 
por isso ainda devem predominar o 
uso do respeito, empatia, responsa-
bilidade, dentre outras diversas ca-
racterísticas morais que conduzi-
riam a uma relação agradável e 
coerente. 
Nesse sentido, procure ser 
simpático também nos meios digi-
tais e sempre leia o que escreveu 
antes de enviar. 
 
Responsabilidade Social 
 
A importância da Responsabi-
lidade Social nas empresas é uma 
das maiores preocupações, inclusi-
ve, pelo impacto que tem na socie-
dade em geral e nas comunidades 
mais necessitadas. 
Após a Segunda Guerra Mun-
dial, tiveram início manifestações de 
preocupação com questões sociais, 
ambientais e o futuro das organiza-
ções no mundo. 
No Brasil, o discurso sobre as 
questões sociais cresceu a partir da 
reforma do Estado, no final dos anos 
80, descentralizando ao mercado a 
responsabilidade pelo crescimento 
econômico e atendimento às neces-
sidades sociais (ESTIGARA, 2009). 
O processo econômico decor-
rente da globalização, as transfor-
mações políticas e sociais mundiais, 
a inovação tecnológica e científica e 
os impactos das mudanças climáti-
cas têm ressaltado a necessidade de 
 
 36 
APOSTILA DE ÉTICA 
revisão dos atuais padrões insus-
tentáveis de produção e consumo e 
dos modelos econômicos adotados 
pelos países desenvolvidos e econo-
mias emergentes, como é o caso do 
Brasil. 
Este cenário tem conduzido 
Inúmeros debates sobre o papel dos 
indivíduos, das empresas e das ins-
tituições na promoção de práticas e 
atitudes que conduzam ao desenvol-
vimento sustentável. 
No âmbito das instituições 
(públicas, privadas ou do terceiro 
setor), o conceito utilizado é o de 
responsabilidade social ou respon-
sabilidade socioambiental, visando 
a identificar e estruturar ações para 
atender as demandas da sociedade 
(TAVARES, 2012). 
As questões relacionadas à 
responsabilidade socioambiental 
são globais e, dependendo do con-
texto, sua compreensão por parte 
das empresas e demais instituições 
pode acontecer de formas diferen-
tes, levando-se em consideração os 
impactos e influências dos desafios 
econômicos, sociais e ambientais a 
serem enfrentados, e dos padrões in-
ternacionais e nacionais adotados 
como referência para o desenvolvi-
mento nos diferentes países (BRA-
SIL, 2009). 
Empresas que investem em 
práticas de responsabilidade socio- 
 
ambiental elevam os níveis de de-
senvolvimento social, proteção ao 
meio ambiente e respeito aos direi-
tos humanos, os quais se traduzem 
em uma gestão responsável. 
As cooperativas, assim como 
todas as organizações, se caracteri-
zam como sistemas abertos, que in-
teragem com o meio onde estão in-
seridas e que, com o decorrer do 
tempo, adotam práticas para se 
adaptar à realidade e manter a com-
petitividade no mercado. 
 
 
Fonte: https://parsol.pai.pt/ 
 
A responsabilidade social e a 
ética estão presentes nos negócios 
desde o século XIX, mas foi a partir 
de 1919 que esses conceitos ganha-
ram maior atenção como o caso 
Dodge versus Ford. O pre-sidente e 
acionista majoritário da Ford, Hen-
ry Ford, contrariou os interesses dos 
demais acionistas John e Dodge, ale-
gando objetivos sociais. Ele defendia 
a não distribuição de uma parte dos 
dividendos, os quais reverteriam pa- 
 
 
 37 
APOSTILA DE ÉTICA 
ra uma série de ações, como inves-
timentos na produção e aumentos 
de salários. No entanto, o julgamen-
to foi favorável a Dodge, justificado 
pelo fato de que a organização exis-
tia para beneficiar os acionistas, e 
que o lucro não deveria ser utilizado 
para outros fins que não fosse em 
benefício dos mesmos. Nesse caso, o 
investimento em filantropia e na 
imagem da organização só poderia 
ser feito se beneficiasse o lucro dos 
acionistas. 
Barbieri (2011) menciona que 
as primeiras manifestações de ges-
tão ambiental foram estimuladas 
pelo esgotamento de recursos, como 
a escassez de madeira para a cons-
trução de moradias, fortificações, 
móveis, instrumentos ecombustível, 
cuja exploração havia se tornada in-
tensa desde a era medieval. 
Nos anos de 1980, as indús-
trias começaram a ter uma mudança 
de pensamento e com isso entendeu 
que era preciso uma mudança nos 
seus processos de produção. Um dos 
pontos principais estava na minimi-
zação de resíduos e na reciclagem. 
Pode-se dizer que naquela década o 
empresariado começava a ver o 
tema Meio Ambiente com outros 
olhos. 
Nos anos de 1990, uma nova 
onda veio para mudar o cenário am-
biental no mundo. Os códigos volun- 
 
tários de conduta da família ISO 
14000 tornava-se um diferencial pa-
ra as empresas, não só no cenário 
nacional, mas também no interna-
cional, além da responsabilidade 
com uma produção mais limpa. Para 
minimizar os impactos, procuravam 
identificar as falhas e trabalhar pela 
melhoria contínua. 
O termo sustentabilidade ou 
desenvolvimento sustentável trata, 
basicamente, de algo que devemos 
preservar aqui e agora, para garantir 
um futuro de qualidade às gerações 
que estão por vir. Nesse sentido, ve-
jam algumas providências que são 
sugeridas pelo autor Marques, dis-
poníveis em http: 
//marcusmarques.com.br/estrategi
as-de-negocio/10-praticas-
sustentaveis-empresas/, para mini-
mizar os impactos no meio am-
biente: 
 Nada de copos descartá-
veis: Empresas sustentáveis 
incentivam seus colaborado-
res a eliminarem o uso de co-
pos ou qualquer tipo de ma-
terial descartável, pois, quanto 
mais eles são utilizados, mais 
lixo eles geram. 
 Economize papel, água e 
energia: Lembre-os de sem-
pre pensarem duas vezes antes 
de fazerem uma impressão, de 
fecharem a torneira quando 
não estiverem usando a água e 
de desligarem as luzes e os 
 
 
 38 
APOSTILA DE ÉTICA 
equipamentos todos os dias ao 
final do expediente. 
 Invista na reciclagem: Es-
palhar pela empresa lixeiras 
para facilitar a separação do 
lixo orgânico do reciclável. 
 Utilize equipamentos eco-
nômicos: Ar condicionado, 
geladeira, impressora, compu-
tadores, entre outros equipa-
mentos, podem ajudá-lo a eco-
nomizar energia e tornar a sua 
empresa ainda mais suste-
ntável. 
 Incentive o uso de trans-
portes alternativos: Incen-
tive o uso de transporte coleti-
vo ou a irem trabalhar de bici-
cleta, caso seja possível. 
 Invista em treinamentos 
sobre sustentabilidade: 
Promova treinamentos sobre 
sustentabilidade para todas as 
suas equipes de trabalho, mos-
trando a elas a importância de 
adotar práticas sustentáveis, 
não só no ambiente empresa-
rial, mas também em casa e 
nas ruas das cidades onde cada 
um reside. 
 Crie projetos de preser-
vação do meio ambiente: 
Crie dentro de sua empresa, 
com a ajuda de seus colabo-
radores, projetos de preserva-
ção do meio ambiente. Esta é 
uma maneira eficiente de ser 
ainda mais sustentável e de 
agregar valor diante de seus 
clientes e stakeholders. 
 Respeite as leis ambien-
tais: Muitos países têm leis 
ambientais que precisam ser 
cumpridas não só por empre-
sas, mas também pela socie-
dade como um todo. Neste 
sentido, é primordial que você 
conheça a lei, como ela fun-
ciona, bem como quais são 
suas obrigações enquanto em-
presário e empreendedor, para 
não ferir qualquer uma de suas 
normas. 
 Não polua: Essa é uma das 
formas que mais degrada o 
meio ambiente e que impacta 
diretamente no nosso modo de 
viver, pois, a partir do momen-
toque uma empresa lança 
produtos químicos nos rios, 
por exemplo, ela está poluindo 
o lugar em que muitos animais 
vivem e, consequentemente, 
tiram o sustento de muitas 
famílias. 
 Utilize fontes de energia 
renováveis: Nos processos 
de produção da sua empresa, 
verifique a possibilidade de 
utilizar fontes de energia reno-
vável, como energia solar, por 
exemplo, que já é uma reali-
dade em muitas organizações 
ao redor do mundo, e sua ins-
talação deixou de ter um alto 
custo para a empresa que ado-
ta esta medida. 
 Deve se mencionar também 
as cores representativas da 
coleta seletiva de lixos: 
a. Azul: Papel E Papelão 
b. Vermelho: Plástico 
c. Verde: Vidro 
 
 
 39 
APOSTILA DE ÉTICA 
d. Amarelo: Metal 
e. Preto: Madeira 
f. Laranja: Resíduos Pe-
rigosos 
g. Branco: Resíduos Am-
bulatoriais E De Serviços 
De Saúde 
h. Roxo: Resíduos Ra-
dioativos 
 
Para melhor compreensão, se-
gue uma figura ilustrativa contendo 
as lixeiras recicláveis: 
 
 
Fonte: 
https://www.carrefour.com.br/ 
 
Cabe ressaltar que na relação 
entre a ética privada e a ética pú-
blica, a organização não deve admi-
tir comportamentos ilegais ou antié-
ticos, primando por um am-biente 
onde deve permanecer a ordem ju-
rídica e o tratamento com urbanida-
de a todos. A responsabilidade social 
 
dos empregadores perante os em-
pregados deve ser permeada por um 
tratamento digno, remunerando 
bem e cumprindo com todas as obri-
gações trabalhistas. 
As empresas, na medida do 
possível, devem apoiar as artes, os 
museus, a ópera, a orquestra sinfô-
nica, os desportos, dentre outras, 
além de contribuir, financeiramen-
te, com as causas filantrópicas e co-
munitárias. 
A afirmação mais radical da 
responsabilidade social das empre-
sas talvez tenha sido a do prefeito da 
cidade de Nova Iorque, John Lin-
dsay, na década de sessenta. Ele 
exortou as maiores empresas da ci-
dade de Nova Iorque a adotar um 
gueto negro, garantindo aos habi-
tantes da área condições mínimas 
para satisfazer as necessidades bá-
sicas, a educação e a conseguir em-
prego aquela comunidade. 
É importante ressaltar o Siste-
ma de Gestão Integrado, também 
conhecido como SGI, que é básica-
mente um software que organiza as 
operações da empresa, tornando 
possível a execução de tarefas e pro-
cessos internos. (Fonte: 
www.magistech.com.br) É aplicado 
a organizações de todos os portes e 
não carece de certificação, tendo 
aplicabilidade no mais amplo es-
pectro setorial, indo desde o setor 
 
 
 40 
APOSTILA DE ÉTICA 
governamental até ONG’s e empre-
sas privadas. Tem os seguintes ob-
jetivos: 
 Redução de custos. 
 Controle das informações de 
dados. 
 Redução do trabalho fun-
cional. 
 Informações mais confiáveis. 
 Aumento de produção. 
 Controle à distância. 
 Total segurança. 
 Melhor comunicação interna. 
 
Exercícios de Fixação 
 
1. Cite três pilares do relaciona-
mento interpessoal. 
____________________
____________________
____________________
____________________
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2. Conceitue relacionamento in-
terpessoal virtual. 
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3. A lixeira de cor vermelha deve 
coletar que tipo de resíduos? 
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41 
 
 
 
 42 
APOSTILA DE ÉTICA 
4. Ética e Moral 
 
Fonte: Medium4 
 
O Problema da Ação e dos 
Valores 
 
a vida diária, nos deparamos 
com situações em que temos 
de fazer escolhas e tomar decisões. 
Geralmente elas dependem daquilo 
que consideramos bom, justo ou 
correto. Quando isto acontece esta-
mos diante de uma decisão que en-
volve um julgamento moral, a partir 
do qual vamos orientar nossa ação 
ou ações de outras pessoas. 
 
 
4 Retirado em https://medium.com/ 
Aristoteles 
 
A característica especifica do 
homem em comparação com os ou-
tros animais é que somente ele tem 
o sentimento do bem e do mal, do 
justo e do injusto e de outras quali-
dades morais. (Política, p.15) 
Sendo assim, o ser humano 
age no mundo de acordo com valo-
res, isto é, a partir daquilo que tem 
maior importância ou é prioridade 
para ele segundo certos códigos 
morais. 
N 
 
 43 
APOSTILA DE ÉTICA 
Isto significa que as coisas e as 
ações que um individuo realiza 
podem ser hierarquizadas conforme 
as noções de bem e de justo com-
partilhadas por um grupo de pessoas 
em determinado momento histó-
rico. Em outras palavras, o ser hu-
mano é um ser moral: um ser capaz 
de avaliar sua conduta a partir de 
valores morais. 
 
Distinção entre Moral e 
Ética 
 
Embora os termos moral e 
ética por vezes sejam usados como 
sinônimos, é possível fazer uma dis-
tinção entre eles. 
A palavra moral vem do latim 
mos, mor, “costumes”, e refere-se ao 
conjunto de normas que orientam o 
comportamento humano tendo co-
mo base os valores próprios a uma 
comunidade ou cultura. 
Como as comunidades huma-
nas são distintas entre si, tanto no 
espaço quanto no tempo, os valores 
também podem ser distintos de uma 
comunidade para outra, o que 
origina códigos morais diferentes. 
A palavra ética por sua vez, 
vem do grego ethikos, “modo de 
ser”, “comportamento”. Portanto, 
etimologicamente os dois termos 
querem dizer quase a mesma coisa. 
No entanto, ética designa mais 
especificamente disciplina filosófica 
que investiga o que é a moral, como 
ela se fundamenta e se aplica, ou 
seja, a ética ou filosofia moral estuda 
os diversos sistemas morais elabora-
dos pelos seres humanos. 
Busca compreender a funda-
mentação das normas e interdições 
(proibições) próprias a cada um e 
explicitar seus pressupostos, isto é, 
as concepções sobre o ser humano e 
a existência humana que os sus-
tentam. 
 
Moral e Direito 
 
 
Fonte: 
https://direitodiario.com.br/ 
 
Eis uma pergunta que talvez 
você esteja se fazendo: “normas mo-
rais e normas jurídicas são a mesma 
coisa? Há diferença entre elas? 
Sabemos que as normas mo-
rais e jurídicas são estabelecidas pe-
los membros da sociedade e que am-
bas se destina a regulamentar as re-
lações nesse grupo de pessoas. 
Há, então, vários aspectos co-
muns entre normas morais e jurí-
dicas: 
 
 44 
APOSTILA DE ÉTICA 
 São imperativas, ou seja, de-
vem ser seguidas por todos; 
 Buscam promover um convi-
vência melhor entre os indi-
víduos; 
 Orientam-se por valores cultu-
rais próprios de uma socie-
dade; 
 Tem caráter histórico, isto é, 
se modificam de acordo com 
as transformações historico-
sociais. 
 
Existem, no entanto, diferen-
ças fundamentais entre a moral e o 
direito: 
 Normas morais são seguidas a 
partir de convicções indivi-
duais e grupais enquanto nor-
mas jurídicas são cumpridas 
sob pena de punição. 
 Punição no campo do direito 
esta prevista na legislação en-
quanto no campo moral a 
eventual sanção varia por que 
depende da consciência moral 
do sujeito que infringe o códi-
go moral vigente da sociedade 
em que vive. 
 
A esfera da moral é mais 
ampla e abrange diversos aspectos 
da vida humana, enquanto a esfera 
do direito restringe-se a questões es-
pecificas nascidas da interferência 
de condutas sociais. O direito costu-
ma ser regido pelo principio de que 
tudo é permitido, exceto aquilo que 
a lei expressamente proíbe. 
 
A moral não se traduz em um 
código formal, enquanto o direito 
sim. O direito mantém um relação 
estreita com o Estado, enquanto a 
moral não apresenta necessaria-
mente essa vinculação. 
 
Moral e Liberdade 
 
 
Fonte: 
https://police2peace.com/ 
 
Parece estranho vincular a 
ideia de norma moral com liberda-
de.

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