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Ética 02 1. Ética, Moral e Moralidade 5 Conceito de Ética 5 A Ética e a Moral 6 Reflexões sobre a Moralidade 9 Exercícios de Fixação 10 2. A Ética no Pensamento Ocidental, o Mundo do Trabalho e a Ética Empresarial 12 A Ética no Pensamento Ocidental 12 O Mundo do Trabalho e a Globalização 15 A Ética Empresarial 22 Capitalismo, Comércio, Indústria e a Ética do Interesse Particular e a Globalização 26 Exercícios de Fixação 29 3. A Ética Profissional em um Mundo Globalizado, Responsabilidade Social, a Atuação Profissional e os Dilemas Éticos 31 A Ética Profissional 31 Os Pilares do Relacionamento Profissional 32 Relacionamento Interpessoal Profissional 34 Relacionamento Interpessoal Pessoal 34 Relacionamento Interpessoal Virtual 35 Responsabilidade Social 35 Exercícios de Fixação 40 4. Ética e Moral 42 O Problema da Ação e dos Valores 42 Aristoteles 42 Distinção entre Moral e Ética 43 Moral e Direito 43 Moral e Liberdade 44 Liberdade e Responsabilidade 45 3 Transformações da Moral 45 Exercícios de Fixação 46 5. Gabaritos 49 Unidade I 49 Unidade II 49 Unidade III 50 Unidade IV 50 6. Referências Bibliográficas 52 04 5 APOSTILA DE ÉTICA 1. Ética, Moral e Moralidade Fonte: Integralidade1 Conceito de Ética Iniciaremos nossa jornada estudando o conceito de ética e sua evolução ao longo de nossa história. A origem da palavra é derivada do grego “ethos”, significando aquilo que pertence ao caráter, ou melhor, traduzido, o modo de ser da pessoa. Diversas são as suas conceituações. De início, SIMPLICIO (2.013) assim a conceitua: A ética pode ser conceituada como o estudo do senso, em que se 1 Retirado em http://www.integralidade.com.br/ refere à conduta humana, avaliando o ponto de vista do bem e do mal de uma determinada sociedade. De acordo com Srour (2005), a ética tem por objeto de estudo a moralidade; possui conhecimento sobre os fundamentos históricos da moral; torna adaptáveis os códigos morais divulgados pela coletividade; dá ênfase às escolhas realizadas em situações cotidianas, evitando que estas transgridam os padrões mo- rais, elaborando regras de análise aplicadas universalmente. 6 APOSTILA DE ÉTICA Segundo Sá (2010), o ser hu- mano vai construindo sua conduta, discernindo entre o certo e o errado por meio de respostas aos estímulos mentais comandados pelo cérebro. A ética teve sua origem na Antiguidade Grega através dos estu- dos de Sócrates, Platão e Aristóteles, que se preocuparam em refletir sobre as ideias do bem e da virtude ética. De acordo com Vázquez (20 06, p. 270), “Resumindo, para Só- crates, bondade, conhecimento e fe- licidade se entrelaçam estreitamen- te”. Para ele, a ética é a felicidade, mas para alguém ser feliz é neces- sário ser bom e para ser bom é pre- ciso ser sábio. Aristóteles mencionava que a virtude era o hábito do homem agir em conformidade com o dever e que se manifestava por meio do conhe- cimento, do amor e do esforço vo- luntário, adquiridos ao longo de sua existência. Não adiantava o homem ter virtudes se não as praticasse. Para agir de maneira virtuosa, deve-se conhecer o dever e o amar. Em outras palavras, respeitar, aca- tar de maneira incondicional, e, tal- vez o mais difícil, agir com esforço voluntário. A ética abrange uma vasta área, podendo ser aplicada à ver- tente profissional. Existem códigos de ética profissional que indicam como o indivíduo deve se comportar no âmbito da sua profissão. Na filosofia, a ética não se re- sume à moral, que geralmente é entendida como costume ou hábito, mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver. É a busca do melhor estilo de vida. O tema da ética no serviço público está diretamente relaciona- do com a conduta dos funcionários que ocupam os cargos públicos. Tais indivíduos devem agir conforme um padrão ético, exibindo valores morais como a boa fé, a honestidade, a transparência, a hu- manidade, legalidade, a impessoa- lidade, a razoabilidade, a eficiência, a educação e outros princípios ne- cessários para uma vida saudável no seio da sociedade. Feitas essas con- siderações iniciais, vamos agora à distinção entre ética e moral. A Ética e a Moral Vistos alguns conceitos sobre ética, vamos ampliar um pouco mais a nossa visão. Os valores morais de uma sociedade vão sofrendo alterações ao longo dos anos. O que em épocas passadas era um comportamento reprovável, por exemplo o uso de uma minissaia na década de 30, hoje é visto de maneira natural. Um beijo 7 APOSTILA DE ÉTICA em público entre um casal apaixo- nado, naquela mesma época, era também considerado uma conduta inaceitável. Notem que não estamos tra- tando de condutas delituosas. Um homicídio sempre foi tratado como crime, ou seja, uma conduta delitiva e antissocial, sempre reprovável. SIMPLÍCIO (2.013) menciona que na filosofia existem algumas diferenças entre a ética e a moral em seus conceitos. A ética é a parte da filosofia que extrai do comporta- mento humano o conhecimento so- bre as noções e princípios que fun- damentam a vida moral. A moral é o conjunto de regras de conduta que são estabelecidas dentro dos precei- tos de cada sociedade. Ambas são muito importantes e têm a respon- sabilidade de conduzir e a ensinar a melhor maneira de agir e de se com- portar em sociedade. Muitos mencionam que, ao longo dos anos, perdemos valores morais em nossa sociedade, como o respeito pelos professores, pelas au- toridades, pelos idosos e pelos pró- prios pais. Esses valores são essen- ciais na formação e no comporta- mento do ser humano. A noção do certo e do errado vão formando o caráter de uma pessoa. O respeito às normas, as leis, ao meio ambiente são aspectos relevantes da vida em sociedade. É interessante mencionar que alguns valores ainda são mantidos de forma rígida em nossa sociedade. Um advogado ao participar de uma audiência no âmbito do poder ju-di- ciário deve estar trajado socialmen- te, com terno e gravata. Um desem- bargador em audiência está com a sua famosa toga. O próprio indivíduo tem os seus limites definidos em princípios legais e morais. A lei deve refletir o valor moral da sociedade. Nesse viés, pode-se citar que uma pessoa não pode andar nua pelas ruas, não pode urinar nos espaços públicos, não pode cortar árvores plantadas nas ruas da cidade, nem tampouco jogar lixo em rodovias, ruas e es- tradas. Por outro lado, notem que interessante, em praias de natura- listas, as pessoas, naquele local, po- dem ficar nuas. Bernardes (2.019) menciona que a ética é uma reflexão siste- mática sobre o comportamento mo- ral. Ela investiga, analisa e explica a moral de uma determinada so- ciedade. Ética = Caráter/Reflexão; Moral = Costume. Define a moral como o con- junto de normas, princípios e cos- tumes que orientam o comporta- mento humano, tendo como base os valores próprios de uma comu- 8 APOSTILA DE ÉTICA nidade ou grupo social. A moral é normativa, isto é, um conjunto de regras, valores, proibições e tabus que provêm de fora do ser humano, ou seja, que são cultivados ou im- postos pela política, costumes so- ciais, religiões ou ideologias. Como as comunidades ou gru- pos sociais são distintos entre si, in- clusive no tempo, os valores também podem ser distintos, dando origem a códigos morais bastante diferentes. A moral é mutável e está diretamen- te relacionada com práticas cultu- rais. Por exemplo: o homem ter mais de uma esposa é moral em algumas sociedades, mas em outras não. A ética é um estudo reflexivo das diversas morais, no sentido de explicitaros seus pressupostos, ou seja, as concepções sobre o ser hu- mano e a existência humana que sustentam uma determinada moral. Desse modo, a ética pensa a moral. A ética é uma reflexão siste- mática sobre o comportamento mo- ral, pois investiga, analisa e explica a moral de uma determinada so- ciedade. Para o professor Mário Sergio Cortella: “Ética é o conjunto de valores e princípios que nós usamos para decidir as três grandes questões da vida: ‘Quero?’, ‘Devo?’, “Pos- so?”. Tem coisa que eu quero, mas não devo, tem coisa que eu devo, mas não posso e tem coisa que eu posso, mas não quero.” Compete à ética, por exemplo, o estudo da origem da moral, da distinção entre comportamento mo- ral e outras formas de agir, da liber- dade e da responsabilidade e de questões tais como a prática do aborto, eutanásia e da pena de morte. A ética não diz o que deve e o que não deve ser feito em cada caso concreto, pois isso é da competência da moral, de modo que, a partir dos fatos morais, a ética tira conclusões, elaborando princípios sobre o com- portamento moral. Cita ainda, a referida autora, dez exemplos de ética e moral. São exemplos de debates éticos na atualidade: Reflexões sobre a legalidade do aborto Estudos sobre o uso de cé- lulas-tronco na Medicina, Observações sobre o ato da eutanásia Pena de morte São exemplos de conduta mo- ral no nosso cotidiano: Não jogar lixo na rua Ajudar ao próximo Não maltratar animais Não cometer atos ilícitos Não ser corrupto Não usar drogas 9 APOSTILA DE ÉTICA Reflexões sobre a Morali- dade Fonte: https://chronus.tur.br/ COSTA (2.019) destaca que, atualmente, moralidade indica um fenômeno social e ética designa uma disciplina filosófica. Nesse sentido, a ética apresenta-se como uma re- flexão sobre a moralidade, o que faz com que ela também receba o nome de filosofia moral. Segue o referido autor que, por exemplo, falamos de ética profissional e nunca de moral profissional para nos referirmos aos códigos de conduta de cada pro- fissão. De toda forma, um processo de moralização da política parece melhor descrito como um incre- mento da ética na política e não da moral na política. Essas diferenças apontam pa- ra um uso preferível do termo ética para questões da vida pública e mo- ral para questões das relações pri- vadas. Tal linha demarcatória não funciona bem, pois faz sentido falar tanto de uma moralidade pública quanto de uma moralidade privada. Cada cultura ou grupo social tem uma moralidade, que envolve uma série de padrões morais, que são um dos principais elementos in- tegradores da vida social. Continua o referido autor, ci- tando que esses elementos são cria- dos dentro da história e, portanto, não existe no mundo um único mo- delo abstrato de moralidade, mas uma série de padrões de moralidade socialmente definidos. O Bem, a Virtude e a Moral não existem em abstrato, mas ape- nas como elementos de reali-dades culturais concretas. Apesar disso, fa- lamos da Virtude, da Moral e do Bem como se eles tivessem uma existência em si, como se fossem algo além de conceitos abstratos que inventamos para dar sentido às nossas próprias experiências. Dessa forma, a moral antecede a ética. A pergunta sobre o que devo fazer é um questionamento moral relevante e presente em todas as culturas. Porém, a resposta a essa questão normalmente é dada por meio de um discurso interno, que esclarece os padrões de compor- tamento obrigatórios dentro da tradição. Somente quando a moralidade é posta em questão é que a ética encontra seu espaço. Isso ocorre normalmente em momentos de crise, quando a recusa dos critérios 10 APOSTILA DE ÉTICA tradicionais impele os homens e mulheres com pendores filosóficos a inventar novos conceitos, mais ca- pazes de mediar suas relações con- sigo mesmos e com o mundo que os cerca. Assim, a ética não envolve ti- picamente a afirmação de uma rela- tividade absoluta, mas sim a elabo- ração de critérios objetivos de vali- dade, que podem ser utilizados para avaliar os padrões morais existentes. Para a filosofia ocidental, o critério fundamental de objetividade é a razão. Somos herdeiros do logos grego, dessa capacidade que os ho- mens têm de diferenciar o verda- deiro do falso. Assim, se somos ca- pazes de criticar as tradições cultu- rais que nos envolvem, é porque existe em nós esse elemento racional que nos iguala e nos permite escapar da caverna de sombras para obser- var o mundo como ele realmente é. Como vimos, podemos definir moralidade como “princípios que nos fazem distinguir, diferenciar entre o certo e o errado, o bom e o mau comportamento, o justo e o injusto, o verdadeiro e falso, o legal do ilegal”. Exercícios de Fixação 1. Conceitue ética. ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ 2. Conceitue moral. ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ 3. Cite três exemplos de conduta moral do cotidiano. ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ 1 1 12 APOSTILA DE ÉTICA 2. A Ética no Pensamento Ocidental, o Mundo do Trabalho e a Ética Empresarial Fonte: Medium2 A Ética no Pensamento Ocidental omo citado, os princípios éticos só podem ser compreendidos no seio de uma comunidade, na complexidade de suas relações, de suas aspirações etc. A história revela que as discussões sobre a ética re- montam o chamado período clás- sico. O berço da civilização ociden- tal, isto é, o modo de compreender a 2 Retirado em https://medium.com/ realidade que cerca o homem, é a Grécia. Foram os gregos que cunha- ram e moldaram os termos, os con- ceitos e as palavras nos seus signifi- cados, aos quais fazem referência os estudos do mundo ocidental. A vida é um exemplo, e hoje a preocupação com a sua proteção vai até os limites da experiência intra uterina, de modo que uma gestante pode pedir em juízo uma pensão para o filho que está gerando a um pai que lhe tem negado amparo. C 13 APOSTILA DE ÉTICA A concepção ética do mundo ocidental tem origem na Grécia. A ética é uma orientação interna que se preocupa com a harmonia das re- lações humanas. A ética penetra a ordem moral, mas dela independe, a fim de regê-la com padrões seguros e autenticamente humanos. A ética se materializa no diálogo entre o pú- blico e o privado. BARBOSA (2.015) afirma que nem sempre paramos para pensar de onde vieram nossos costumes, nossos hábitos e a nossa moral. Ao contrário de pensarmos a morali- dade, bradamos que nosso tempo é de uma inversão moral, de falta de valores, tempos de decadência. Por vezes, somos saudosistas por áureos tempos em que a vida era mais, di- gamos, “moralmente correta”, e des- consideramos veementemente os avanços dos últimos séculos. Os defensores da moral e dos bons e velhos costumes, como se diz popularmente, são os mais exímios seguidores dela. Desse modo, o que pode ser moral, pode ao mesmo tempo passar longe da ética, enten- dida como o bem viver em socie- dade. Os moralistas, defensores da moral, nem sempre são pessoas com virtudes éticas, tais como a gene- rosidade, a confiança, a bondade e a compaixão. Contudo, esta mesma verdade que nos vinculamos e, por vezes, usamos como abrigo da moralidade já, outrora, ou não existia ou não fazia sentido algum. As verdades que nosabrigam podem ter sido cons- truídas, criadas, inventadas desdo- brando-se de princípios diversos. É neste sentido que o filósofo alemão Friedrich Nietzsche escreveu um livro chamado Genealogia da Moral. A genealogia quer contar uma história sobre diversos valores que acreditamos ser moralmente corretos. Nietzsche, ao nos contar tais histórias, nos faz rever nossas estruturas ao descobrirmos surpre- endentemente que nossa moral nem sempre surge das virtudes que pre- gamos, mas podem ser frutos do res- sentimento, da inveja, da falta de confiança em si. Sócrates leva o sujeito a en- contrar a verdade que habita no seu interior, dissipando-os das contradi- ções que envolvem suas crenças. Nietzsche leva seu interlocutor a uma revisão profunda de seus valo- res morais, buscando uma hipótese que explique o modo pelo qual nossa consciência foi formada. BARBOSA (2.015) diz que, enquanto Sócrates encaminha o indivíduo para uma coerência valorativa, Nietzsche pro- voca uma conversão de afetos. Agora mencionaremos como os valores legais e morais vão um- dando ao longo dos séculos. SAHÃO (2.014) cita que, há mais ou menos 14 APOSTILA DE ÉTICA 5.000 anos, na Mesopotâmia (então considerado o berço da civilização no Ocidente), havia em suas leis que se uma criança dissesse a seu pai ou a sua mãe que eles não eram seus pais, eles poderiam fazer da criança uma escrava, vendê-la por dinheiro ou levá-la para longe de casa. Por- tanto, uma rebelião do filho contra os pais poderia colocá-lo à escravi- dão. Por outro lado, se um pai dis- sesse ao seu filho que ele não era seu filho, a lei dizia que mesmo assim o filho deveria sofrer e deixar a casa. Na mesma cultura, se uma mulher fosse infiel ao marido e dis- sesse: “Você não é meu marido”, ela poderia ser jogada no rio. Se um ma- rido dissesse para a esposa: “Você não é minha esposa”, ele deveria pa- gar uma multa. Então, se você fosse uma mulher traída nesse período de tempo, era legal (implicando ética) que você pudesse ser jogada no rio – para ser morta. Se você fosse um homem, você teria apenas que pagar uma multa. Se alguém fosse acusado de algo ilegal naquela época, teria sido dada a opção de pular no rio e, se a pessoa não se afogasse, ela seria declarada livre – não culpada. Apa- rentemente, a natação não era uma grande habilidade naquela época, ou talvez os rios fossem muito assusta- dores. Os gregos antigos (3.000 anos atrás ou mais) não eram muito me- lhores quando se trata de derrama- mento de sangue. A maneira como eles lidavam com o assassinato era deixando a família da vítima fazer sua própria justiça, o que levava a vendetas sangrentas. Inicialmente, eles não tinham leis escritas, mas confiavam em “re- gras” passadas oralmente que po- diam ser inventadas a qualquer ho- ra. Eventualmente eles começaram um sistema de leis escritas e um no- tável conjunto de leis foi criado por Draco (um legislador). As leis escritas de Draco fica- ram conhecidas por sua rigidez, e seu nome se tornou o adjetivo “dra- coniano”, que significa “severo” ou “rigoroso”. Suas leis eram tão drás- ticas que você poderia ter sido morto ao ser pego roubando apenas um único repolho. O mundo antigo está cheio de leis semelhantes, que consideramos cruéis e grotescas hoje. Algumas coi- sas que se destacam a partir desta época são os castigos físicos (cortar a orelha, enforcar, decapitar, tor- tura), castigos materiais (multas e impostos, tais como pagamentos em moeda e/ou materiais raros, como ouro ou prata) e o fato das leis serem aplicadas de forma diferente pelas classes sociais (mulheres e escravos 15 APOSTILA DE ÉTICA eram mais drasticamente punidos, por exemplo). Essas leis banaliza- ram os códigos morais da época. Era algo absolutamente moral possuir um escravo (ou muitos) ou matar al- guém que tinha roubado um repo- lho. A pena de morte, ou de execu- ção, tem sido uma normalidade en- tre todas as tribos (países) nos últi- mos 2.000 anos, quando se trata de conceito da justiça. Para ficar ainda mais grotesco, a maioria das execu- ções eram públicas. Em 1820, na Grã-Bretanha, havia 160 crimes puníveis com mor- te, incluindo furtos, roubos, roubar gado ou, ainda, o corte de árvores em um lugar público. O século XX também foi um período violento. Dezenas de milhões foram mortos em guerras entre Estados-nação, bem como em genocídios perpetra- dos por Estados-nação contra adver- sários políticos (tanto percebidos quanto reais), minorias étnicas e re- ligiosas: o ataque turco aos Armê- nios, a tentativa de Hitler de exter- minar os judeus europeus, dentre outros. Vimos, de forma sucinta, que, ao longo dos últimos séculos, o sis- tema penal e jurídico foi sofrendo profundas alterações. Importante frisar e deixar bem sedimentado que no Brasil o que vigora é o estado de- mocrático de direito. Existe o Código Penal e outras legislações que defi- nem as condutas delituosas. A po- lícia, o ministério público e o poder judiciário têm o dever de investigar e propiciar ao acusado um julga- mento justo, contemplado com a ampla defesa e o contraditório e ao sistema prisional de punir e re- cuperar. O Mundo do Trabalho e a Globalização Fonte: https://www.applango.com/ Sem dúvida a globalização e o uso das tecnologias de comunicação aproximaram as pessoas e as organizações que, outrora, estavam distantes geograficamente. ALBUQUERQUE (2.019) as- sim trata tão importante questão: “O fenômeno da globalização é um processo em curso, comple- xo e desafiador, no qual esta- mos imersos e, que, portanto, torna árdua a tarefa de deli- mitá-lo.” 16 APOSTILA DE ÉTICA O discurso da globalização, nessa esteira, promete romper fro- nteiras em prol do desenvolvimento de todos os povos com base na auto regulação do mercado. Na perspectiva de Faria, a crise do padrão monetário mundial e os choques do petróleo na década de 1970 levaram ao esgotamento do potencial de expansão do modelo produtivo, industrial e comercial até então vigente, exigindo respostas extremamente rápidas e eficazes para contorná-la e que definem hoje as peculiaridades da globalização. Dentre as respostas está a des- regulamentação dos mercados fi- nanceiros, a revogação dos mono- pólios estatais, a abertura do comér- cio mundial de serviços e informa- ções, que acarretou a rápida integra- ção mundial do sistema financeiro; a ênfase à racionalização das organi- zações produtivas, criando as corpo- rações transnacionais; e, por fim, a conversão das ciências em técnicas produtivas. A globalização, entre- tanto, não é fruto imediato de um fato isolado, e sim o resultado de uma longa evolução da sociedade ca- pitalista moderna. O fenômeno, portanto, não é estanque: é um processo dinâmico e multidimensional. A globalização não encerra um conceito unívoco. As diversas linhas teóricas procuram explicá-la sob perspectivas distintas, o que acarreta a insuficiência de conceitos mais abrangentes. Beck expressa bem a complexidade do fe- nômeno e a dificuldade de sua apre- ensão quando refere que globaliza- ção é, com certeza, a palavra mais usada e a menos definida nos últi- mos tempos. Desde o advento do capitalis- mo, com a separação da proprieda- de dos meios de produção e da força de trabalho, que engendrou uma verdadeira revolução econômica, o processo de acumulação do capital vem forjando novas técnicas cada vez mais eficientes, a fim de maximi- zar os lucros e minimizar os custos. Alguns anos após a Revolução Francesa, formam-se as condições necessárias para a Primeira Revolu- ção Industrial, que incorpora ao pro- cesso produtivo as primeiras máqui- nas capazes de executar tarefas an- tes atribuídas exclusiva-mente aohomem, acarretando, como conse- quência, o aumento da produtivi- dade. Com esta revolução, a apro- priação da força de trabalho se com- pleta com a transferência do domí- nio humano sobre os processos pro- dutivos para as máquinas. A utilização da ciência como técnica produtiva sustentou a Se- gunda Revolução Industrial no iní- cio do século XX. Ao contrário da primeira – caracterizada pela ado- ção da máquina a vapor –, desta vez 17 APOSTILA DE ÉTICA não houve a adoção de uma nova tecnologia, mas um conjunto de alterações técnico-científicas decor- rentes da cooptação do conhecimen- to científico pelo capital. Nesse contexto, Frederick Taylor, no final do século XIX, con- cebeu a denominada organização científica do trabalho, ou seja, a ra- cionalização do trabalho baseada na separação entre concepção – enge- nheiros e técnicos – e execução – operários. Ele propunha a racio- nalização das tarefas dos operários, combatendo o desperdício de tem- po. Uma das formas de racionaliza- ção, com o objetivo de eliminar os movimentos inúteis e diminuir o tempo na execução das tarefas, é o parcelamento das tarefas: cada ope- rário faz apenas um determinado número, diga-se limitado, de gestos iguais, repetidos durante sua jorna- da de trabalho. Com isso, torna-se responsável apenas por uma peque- na parte do processo produtivo, não necessitando de qualificação especí- fica. Henry Ford, por sua vez, pro- prietário da indústria automobilís- tica que leva seu nome, criou uma nova estratégia de organização da produção utilizando os métodos tay- loristas de gerencia-mento. O fordis- mo – nova organização da produção concebida por Ford – para respon- der ao aumento da demanda, utiliza a produção em massa, o que reduz o custo de produção e, em decor- rência, o preço de venda do automó- vel. Enquanto o taylorismo decom- põe as tarefas, o fordismo as recom- põe através da linha de montagem. Ford ainda padroniza as peças, com a intenção de reduzir o tempo de adaptação dos componentes ao automóvel, combatendo o desper- dício. Feitas estas transformações no plano organizacional, Ford intro- duz novas tecnologias. Com as li- nhas automatizadas o tempo de pro- dução do veículo é reduzido ainda mais, obtendo ganhos inimagináveis com os novos métodos de produção. Nesse contexto, as empresas concorrentes são obrigadas a seguir o novo modelo, sob pena de serem expulsas do mercado. O fordismo torna-se domi- nante. Mas quando todas as em- presas o adotam, já não há vanta- gens essenciais no nível da organi- zação. A competição torna-se mais acirrada e as empresas já não podem destinar recursos à melhoria das condições de trabalho. Ao contrário, conquista maiores fatias do mercado quem impõe custos mais baixos de produção, incluindo a remuneração dos trabalhadores. Os operários, destarte, são submetidos a condi- ções degradan-tes, desencadeando, nos anos 70, a crise do fordismo. 18 APOSTILA DE ÉTICA A partir da década de 80, al- guns fatores de ordem política e eco- nômica alteraram a cena mundial: o advento da “sociedade informacio- nal” como decorrência dos avanços na microeletrônica, na robótica, na telemática; a globalização econômi- ca; a disseminação do neoliberalis- mo, impulsionado pelas mudanças políticas internacionais desencadea- das com o desaparecimento, no fi- nal dos anos 80, do bloco comunista, solapando a ameaça socialista. Tais fatores contribuíram para desencadear a Terceira Revolução Industrial que, novamente, acar-re- tará mudanças no mundo do traba- lho. Esta, sob diversos aspectos, di- fere das anteriores. Além da subs- tituição do trabalho humano pelo computador, parece provável a cres- cente transferência de uma série de operações das mãos de funcioná- rios que atendem ao público para o próprio usuário, muitas atividades desconectadas do grande capital monopolista passam a ser exercidas por pequenos empresários, traba- lhadores autônomos, cooperativas de produção etc., o que transforma certo número de postos de trabalho de “empregos” formais em ocupa- ções que deixam de oferecer as ga- rantias e os direitos habituais e de carregar os custos correspondentes. O que dá para admitir com razoável segurança é que ela afeta profunda- mente os processos de trabalho e, com toda certeza, expulsa do em- rego milhões de pessoas que cum- prem tarefas rotineiras, que exigem um repertório limitado de conheci- mentos e, sobretudo, nenhuma ne- cessidade de improvisar em face de situações imprevistas. Com o emprego da ciência como técnica produtiva, novas for- mas de organização produtiva sur- gem. Dentre as experiências mais expressivas, pode-se citar o “toyo- tismo” ou “modelo japonês” ou “pós- fordismo”. O toyotismo, modelo forjado no Japão, foi implantado progres- sivamente na Toyota nas décadas de 1950 a 1970 e se disseminou pelo mundo na década de 1980. Neste novo modelo produtivo, a “produção é puxada pela demanda e o cres- cimento, pelo fluxo.”. Nessa esteira, a “empresa só produz o que é ven- dido e o consumo condiciona toda a organização da produção”. Em razão disso, os estoques são mínimos. To- do o desperdício é combatido na To- yota. Nesse contexto, a flexibilidade do aparato produtivo, de forma a atender às exigências mais indivi- dualizadas do mercado no menor tempo e com maior qualidade pos- síveis, acarreta a flexibilização da organização do trabalho. Os traba- lhadores atuam em equipe e está 19 APOSTILA DE ÉTICA substitui o parcelamento das tare- fas, típico do fordismo. A relação um homem/uma máquina é rompida: em média, um trabalhador na To- yota opera cinco máquinas. Para po- der operar várias máquinas dife- rentes, o trabalhador tem de tornar- se polivalente, que mais do que maior qualificação, significa a exe- cução de várias tarefas simplificadas no decorrer de sua jornada, ensejan- do maior exploração do trabalho. A equipe de operários, por outro lado, substitui a figura da au- toridade típica da hierarquia vertical fordista. Agora, a falha de um mem- bro prejudica toda a equipe, que controla, portanto, a atuação de seus membros, criando uma forma de controle invisível e extremamente eficiente. Diferentemente do modelo fordista, onde ocorre uma integ- ração vertical na linha de produção, com a aquisição das empresas que fabricam as peças, no toyotismo há uma integração horizontal, com re- dução do âmbito de produção da montadora, repassando às sub-con- tratadas a produção das peças ne- cessárias à confecção do produto final. No novo sistema de organiza- ção da produção intensifica a explo- ração do trabalho: ele exige bem mais do trabalhador que o sistema fordista. Além da exigência de que os operários trabalhem simultanea- mente com várias máquinas, há o “gerenciamento por tensão” através do sistema de luzes. Os sinais lu- minosos são implantados em toda a cadeia de produção: o verde indica que está tudo em ordem; o laranja aponta intensidade máxima; e o ver- melho indica que há um problema e é necessário parar a produção para resolvê-lo. As luzes devem alternar sempre entre o verde e o laranja para atingir uma elevação constante do ritmo de produção, pois, oscilando os sinais entre estas cores, a direção pode, antecipadamente, descobrir os problemas e acelerar o ritmo até que o próximo apareça. Além disso, assim como o apa- rato produtivo, as relações de traba- lho também precisam ser flexibiliza- das. A força de trabalho é explorada em razão da demanda. Evita-se, a todo custo, a ociosidade da força de trabalho. Há um número mínimo de empregados “estáveis”. Se o merca- do melhora, contratam-se trabalha- dores temporários ou os operários são obrigados a fazer horas extras. Todavia, “a política básicaé usar o mínimo de operários e o máximo de horas extras.” As empresas automobilísticas, “que adquiriram uma sólida lideran- ça no setor, impulsionaram esse for- midável aceleramento da rotação de capital graças a uma reestruturação 20 APOSTILA DE ÉTICA completa da organização da pro- dução”. Não resta alternativa às em- presas concorrentes, nesse contexto, senão adotar os métodos de produ- ção da empresa líder. Estas novas formas de organi- zação do trabalho, não se pode dei- xar de enfatizar, estão plenamente ligadas ao neoliberalismo e à globa- lização. A Terceira Revolução Indus- trial, nesse contexto, provocou drás- ticas mudanças no universo do tra- balho. Todas as revoluções indus- triais desencadearam o aumento da produtividade, trazendo, como con- sequência, o desemprego tecnoló- gico. Todavia, a Terceira Revolução Industrial foi mais além: desenca- deou, além do desemprego tecnoló- gico, o que Singer denomina de “des- centralização do capital”. Com os avanços na telemática, as grandes empresas verticalmente integradas têm sido forçadas pelo mercado, em nome da diminuição dos custos e aumento da produtivi- dade, a desintegrarem-se, terceiri- zando diversos setores produtivos, formando uma espécie de rede. Com isso, atividades antes desempenha- das por empregados dessas empre- sas agora passam a ser exercidas por trabalhadores autônomos, temporá- rios, pequenos empresários, sem as garantias e os direitos sociais e tra- balhistas que antes possuíam, dimi- nuindo os postos de emprego for- mais. A Terceira Revolução Indus- trial também opera mudanças pro- tagonizadas pelo Estado, no sentido de flexibilizar direitos, desregula- mentar a economia, privatizar em- presas estatais. O que se verifica, pois, no capitalismo contemporâ- neo, é a precarização das relações de trabalho. Os novos postos de tra- balho que surgem em virtude da di- visão internacional do trabalho e das inovações tecnológicas não mais oferecem, na sua grande maioria, as garantias sociais e trabalhistas con- quistadas pelos trabalhadores ao longo de anos de luta operária. Isto porque, decorrente da estratégia empresarial de eliminar o ócio do trabalhador, introduziu-se a flexi- bilidade da organização produtiva e, por consequência, do próprio tra- balhador. Outrora, a empresa contratava o empregado. Hoje, ela contrata a prestação de serviços, forçando os antigos operários a jogarem-se na arriscada tarefa de constituírem pe- quenas empresas prestadoras de serviços. Com esta estratégia, as em- presas diminuem o custo do traba- lho, porquanto não têm de pagar o tempo morto e, ao mesmo tempo, aumentam a produtividade, pois os 21 APOSTILA DE ÉTICA prestadores de serviço, em razão da competitividade, trabalham à exaus- tão para atrair a clientela. Todas estas transformações afetam a “forma de ser” da classe trabalhadora. A desconcentração da classe operária, com o abismo exis- tente entre o núcleo “estável” e a pe- riferia precarizada e descartável, re- duz drasticamente o poder sindical, historicamente ligado aos emprega- dos estáveis, que hoje é incapaz de aglutinar o exército de trabalhado- res a tempo parcial temporários, subcontratados, precários, perten- centes à economia informal. Os trabalhadores já não se identificam mais como classe. Perdem a sua consciência de classe, dada à extre- ma heterogeneidade e fragmentação existente no mundo do trabalho. Surge uma nova pobreza, a new poor, formada por indivíduos que pertenciam à classe média e que perderam seus empregos em razão da automação ou da divisão inter- nacional do trabalho. Como decor- rência desse quadro, emerge uma crescente desigualdade e polariza- ção social levando um número cada vez maior de indivíduos à exclusão social. Postos de trabalho foram des- truídos com a Terceira Revolução in- dustrial em decorrência do desem- prego tecnológico que incrementou a produtividade. Esta mão-de-obra excedente não foi reabsorvida por- que os novos empregos exigem uma qualificação maior e são em menor número, se comparados com os que desapa-receram. Estes indivíduos descartados formam as vítimas da pobreza e da exclusão social. A Terceira Revolução Indus- trial, com a introdução de novas tec- nologias e a adoção de novas técni- cas produtivas mais flexíveis, aliada à globalização e ao neoliberalismo, contribuiu para a queda nos níveis de emprego formal, elevando os ní- veis de trabalho precário e informal. Como consequência, o indivíduo que é afastado do mercado de trabalho formal não consegue mais se rein- serir. O acesso ao trabalho (em con- dições dignas), nessa perspectiva, é condicionante dos demais direitos, visto que é capaz de assegurar ao tra- balhador a manutenção do vínculo social, principalmente pelo acesso à rede de proteção social, o que resulta em o trabalho formal colocar-se co- mo uma das principais formas de emancipação social. De forma brilhante, ALBU- QUERQUE (2.019) tratou esse te- ma, nos levando a uma série de re- flexões. Ao ver que o Brasil conta atualmente com milhares de desem- pregados, nota-se que esse fenôme- 22 APOSTILA DE ÉTICA no atingiu a grande maioria das or- ganizações. É comum cada traba- lhador comentar que nos últimos anos seu setor sofre rígidos cortes. Onde havia três funcionários, as ta- refas, além de ampliadas, fica hoje sob a responsabilidade de apenas um. É cediço que os encargos traba- lhistas e a crise que afeta boa parte dos países também colaboram para esse quadro. Além da perda salarial, muitos estão se aventurando em vendas pela internet, usando essa platafor- ma como forma de se reinserir no mercado de trabalho. Em síntese, as pessoas também estão reinventan- do-se para se adaptar à nova rea- lidade. Empresas e funcionários buscam novos processos para sobre- viverem, aguardando essa fase tur- bulenta passar e vão adequando-se às regras impostas, procurando cumprir os princípios éticos e legais. A Ética Empresarial Feita essa breve exposição so- bre o mercado de trabalho e a glo- balização, vimos que o trabalhador, em especial, sofreu uma série de prejuízos no que se refere às con- quistas trabalhistas. A própria legis- lação trabalhista e a Justiça do Tra- balho foram intensamente modi- ficadas recentemente. Sem dúvida, homens e mulheres estão reade- quando-se às novas exigências do mercado de trabalho e boa parte dos profissionais estão sendo contrata- dos como pessoa jurídica, em face, principalmente, dos encargos tra- balhistas. Fonte: https://grupoelithe.com.br/ A busca por concursos públi- cos tornou-se o sonho de consumo de muitos profissionais. No ingresso à carreira de policiais, por exemplo, é muito comum ver candidatos que se inscrevem nos cursos de forma- ção de soldados, com qualificação muito além da exigida, ou seja, com nível superior em diversas áreas: fi- sioterapia, psicologia, letras, peda- gogia, administração, dentre outras, com fluência em idiomas como in- glês, alemão espanhol etc., por um salário em torno de R$ 1.900,00, para ter a estabilidade de emprego. Como o objetivo precípuo de nosso trabalho é a ética e o relacio- 23 APOSTILA DE ÉTICA namento interpessoal, calha agora mencionar, no outro lado dessa rela- ção, a ética empresarial. Em que pe- se todas essas mudanças no merca- do de trabalho, que atingiu a classe trabalhadora, é impres-cindível para um relacionamento salutar a estrita observância dos preceitos morais e éticos no ambiente de trabalho. Va- mos então aprender sobre o que vem a ser a ética empresarial. MARQUES (2.019), assim conceitua: “A ética empresarial envolve os valores de uma empresa e seus princípios morais dentro da so- ciedade. Esseconceito é funda- mental para uma organização que pretende construir uma boa imagem perante seus clien- tes internos e externos, parcei- ros e concorrentes.” Nesse sentido, uma empresa ética é aquela que pratica os precei- tos coletivos e se preocupa com as demandas da população, tendo sua conduta orientada pela responsa- bilidade social e ambiental. Prezar pela ética empresarial é importante para qualquer empresa, indepen- dentemente do seu porte ou se é do setor público ou privado. Ao demonstrar que é uma or- ganização transparente, esta será reconhecida por todos pela sua cr- edibilidade e responsabilidade. As- sim, essa postura ajudará a com- panhia a ser apontada como refe- rência no mercado, atraindo clien- tes, investidores e bons profissio- nais. A ética empresarial deve estar presente nas atividades internas e externas de uma organização, sendo que as empresas devem prezar pela boa conduta de todos os seus funcio- nários. Quando o relacionamento interpessoal é baseado em atitudes e valores positivos, há a construção de um ambiente de trabalho agradável para todos, já que os colaboradores passam a respeitar as regras e nor- mas da organização e ficam mais abertos a cooperar uns com os ou- tros. Todos esses fatores influen- ciam no aumento da produtividade. Mas, em nenhum outro cam- po, a ética empresarial está tão en- volvida quanto na obtenção do lu- cro. Ter uma boa rentabilidade é objetivo de praticamente todas as organizações, mas os ganhos devem ser baseados em um trabalho ho- nesto e que satisfaça as necessidades dos clientes, sem prejudicar as pes- soas ou o meio ambiente. Além das atitudes morais que devem nortear todas as suas ativi- dades, a empresa pode demonstrar que é ética à sociedade por meio de ações que promovam o bem-estar da comunidade em que está inserida ou que ajudem a preservar o meio 24 APOSTILA DE ÉTICA ambiente. Esse senso de respon- sabilidade social e ambiental revela que a companhia não está alienada aos problemas que a rodeiam e se in- teressa em contribuir para os combater. Em tempos em que os valores humanos estão cada vez mais sendo colocados de lado em nome de maiores lucros, a ética no ambiente corporativo tem se tornado um grande diferencial competitivo. Isso porque as empresas referências de boa conduta no mercado conseguem agregar valor à sua marca e imagem e usufruem de maior credibilidade ao pautar suas ações em princípios éticos e socioambientais, principal- mente. Já os profissionais que têm uma conduta ética destacam-se por ajudarem a construir bom relacio- namento interpessoal em seu am- biente de trabalho, uma vez que sabem assumir seus erros e têm uma postura flexível, tolerante e humilde com seus colegas. Antes de tudo, é sempre bom compreender a ética empresarial e profissional como forma de manter a consciência positiva ao exercer suas atividades sem prejudicar os demais ao seu redor. Esse fator é indispensável para o nosso desen- volvimento enquanto seres e em- presas em constante evolução. Sen- do assim, para que tenhamos resul- tados cada vez mais expressivos e alcancemos o sucesso tanto empre- sarial quanto em nossas carreiras, é importante pensarmos e agirmos de forma ética antes de tudo. Há de se mencionar também a ética na administração pública que, além da observância dos preceitos aqui citados, deve ser dirigida pelos princípios constitucionais e legais que a norteiam. Nessa vertente des- tacam-se os princípios da morali- dade, da legalidade, da impessoali- dade, razoabilidade, propo-rcionali- dade, eficiência e publicidade. A responsabilidade social será tratada em um tópico à parte ainda no presente trabalho, mas de plano tanto a administração pública quan- to a privada devem ter a preocupa- ção nas questões ambientais. A preservação do meio ambiente é a responsabilidade desta geração, motivo pelo qual os pais devem educar seus filhos na coleta do lixo seletivo, no respeito à fauna e à flora, em manter as praias, rios, lagos e mananciais sempre limpos, em não jogar lixos nas ruas, dentre outros. Os empresários e adminis- tradores públicos devem tomar as medidas necessárias para que sua empresa, seus funcionários e cola- boradores também tenham essa consciência e adotem medidas práti- cas como a coleta seletiva, a econo- 25 APOSTILA DE ÉTICA mia de água e energia elétrica, a uti- lização de equipamentos com o selo PROCEL, a economia na impressão de documentos etc. Outro aspecto a se mencionar é como deve ser a gestão de pessoas. Para atingir e alcançar esses objeti- vos éticos e morais, inserindo-os na política empresarial, é importante mencionar que a Gestão de Pessoas auxilia nesse processo. Nesse viés, a gestão de pessoas compila todas as atividades da Ad- ministração de Recursos Humanos em seis principais processos, que es- tão interligados entre si. Esses pro- cessos foram desenvolvidos por Chiavenato (1999). Vamos a eles: Agregar pessoas: Esse pro- cesso consiste em incluir no- vas pessoas para a empresa, conforme a necessidade de mão de obra e o planejamento de RH. Aqui a Gestão de Pes- soas incluiu as atividades de RH, como o recrutamento e a seleção para integrarem o qua- dro de funcionários da em- presa. Aplicar Pessoas: Aqui se encontra o processo de ensinar o novo funcionário conforme o perfil esperado da empresa, acompanhando a sua integra- ção e orientando o seu desem- penho. Nesse processo foram compiladas as atividades da antiga administração de pes- soal desde a integração do no- vo funcionário, análise de car- gos e salários e avaliação de desempenho. Recompensar Pessoas: Nesse processo, o principal objetivo é incentivar e motivar as pessoas, satisfazendo dessa forma as suas necessidades in- dividuais. Aqui estão agrega- das as atividades de remune- ração de pessoal e a política de benefícios. Desenvolver Pessoas: Os processos de desenvolver pes- soas servem para capacitar os colaboradores, ou seja, treiná- los para desenvolver as suas funções. Nesses processos uti- lizam-se as rotinas de treina- mento e de capacitação da ad- ministração de recursos hu- manos. Manter Pessoas: O prin- cipal objetivo desse processo é fornecer condições ambientais agradáveis e programas moti- vacionais e psicológicos que estimulem os funcionários a dar o melhor de si e a alcan- çarem os objetivos desejados. Monitorar Pessoas: São processos que acompanham e controlam o desempenho dos funcionários, analisando re- sultados. Também são utiliza- dos processos de sistemas de informações gerenciais para a tomada de decisões e a con- sulta ao banco de dados. 26 APOSTILA DE ÉTICA Capitalismo, Comércio, In- dústria e a Ética do Inte- resse Particular e a Globa- lização Como vimos, na ética em-pre- sarial, as organizações, em que pese a busca pelo lucro nas atividades do comércio e da indústria, devem estar comprometidas com os legais e éti- cos, buscando agregar valores a sua marca. Um funcionário ou um em- presário, agindo de forma ética, com respeito aos ditames legais, com ho- nestidade de propósitos e transpa- rência, influencia inegavelmente no ambiente de trabalho de forma posi- tiva, contagiando os outros a agirem da mesma maneira. O lucro não deve ser a meta principal de qualquer organização empresarial. Não se admite mais a máxima de se lucrar a qualquer pre- ço ou a qualquer custo. Os valores morais e éticos devem permear as organizações e incentivar todos a fa- zerem o certo pelo certo, afastando- se de práticas costumeiras eivadas de vícios e ilegalidade. Mesmo em práticas desportivas, precisa ser rechaçada a hipótese de um torcedor ficar contente porque o seu time ga- nhou com um gol aos 47 minutos do segundotempo, sendo que o jogador estava impedido. As licitações das empresas pú- blicas devem ser regidas dentro da legalidade, impessoalidade, efi-ciên- cia, razoabilidade, proporcionalida- de, publicidade, observando-se rigo- rosamente as condições estabeleci- das no edital, sem favorecimento de quem quer que seja. MATOS (2.014) nos explica que o fenômeno da globalização trouxe o mundo para um estágio sem precedentes em sua história. Jamais foi presenciado um desen- volvimento tão acelerado quanto esse iniciado na Revolução Indus- trial e que perdura até os dias de hoje. O capitalismo, principal motor do avanço tecnológico e do fenô- meno denominado globalização, é, também, o responsável pelas maio- res crises já enfrentadas pela huma- nidade, sejam elas ambientais, eco- nômicas e, sobretudo, sociais. No mundo de hoje, onde pre- domina a busca pelo poder, consu- mo, desigualdade e individualismo, o indivíduo está envolto pela dúvida sobre como ser ético em um contex- to com tantas desigualdades. Dessa forma, o bem e o mal, o certo e o er- rado, a justiça e a injustiça, são sen- timentos intrínsecos à humanidade e inevitáveis dentro de um corpo social. Uma leitura descritiva sobre o sentimento predominante nos indi- víduos dos tempos modernos pode ser verificada na obra de Marx. O sociólogo alemão resume a lógica do 27 APOSTILA DE ÉTICA capitalismo na busca pelo lucro e argumenta que à sociedade está imposta a obrigação de seguir as leis desse sistema. Na abordagem de Marx sobre o mundo moderno, é possível perce- ber que a sociedade gira em torno do capitalismo. O objetivo dos indiví- duos resume-se, exclusivamente, na busca pelo capital, com a sociedade dividida em duas classes, burguesia e proletariado, onde a primeira de- tém o poder das ferramentas de pro- dução e à outra resta unicamente sua força de trabalho para pôr à ven- da: a desigualdade é predominante. Não há a reflexão sobre a moral ou, se há, é a de uma moral subordinada às relações de mercado, também chamada de “ética do mercado”. Acima de tudo, para os burgueses, está a busca insaciável pelo lucro, e, para os proletários, a luta pela so- brevivência. Na concepção clássica, de Só- crates e Aristóteles, o sujeito ético ou moral é regido apenas pela sua cons- ciência e não se submete aos vícios e às vontades de outros. A ética é ob- tida em ações que considerem o me- lhor para o indivíduo e para o corpo social do qual ele faz parte. Entre- tanto, na modernidade, esse concei- to é cada vez mais difícil de ser apli- cado. Dentro da sociedade capitalis- ta, vestida pela liberdade de merca- do, as pessoas são escravas do con- sumo. Jean-Paul Sartre, um dos ex- poentes do Existencialismo, apre- senta uma reflexão sobre a ética par- tindo do princípio de que os homens são fadados a viver em liberdade. Dessa forma, não importa se as for- ças externas são mais poderosas do que a vontade subjetiva, sempre há uma opção. Se, com efeito, a exis- tência precede a essência, não será nunca possível referir uma explica- ção a uma natureza humana dada e imutável; por outras palavras, não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Essencialmente livres, segundo a concepção de Sar- tre, os valores morais são sub-jetivos para os homens. Ser ético, para o fi- lósofo, significa agir no mundo cons- ciente de sua ação e das consequ- ências proveniente delas, pois o ho- mem tem liberdade para fazer todo tipo de escolhas. Nesse sentido, a ética é sempre uma possibilidade, depende de cada indivíduo. A reflexão de Sartre aponta para um cenário revelador sobre o conceito de liberdade e ética. No en- tanto, de acordo com a perspectiva marxista, a emancipação humana e a realização plena da moral apenas serão possíveis quando a sociedade romper com o sistema vigente, e isso só será alcançado quando os homens 28 APOSTILA DE ÉTICA conseguirem enxergar o mundo como ele realmente é e o quanto eles são explorados, ou seja, quando a sociedade deixar de ser alienada. Conclui a autora que, na era do capitalismo, a moral da história é a moral do sistema. PEQUENO (20 19), outro autor que trata da ética e da cidadania, nos ensina que a ética trata do comportamento do homem, da relação entre a sua vontade e a obrigação de seguir uma norma, do bem e do mal, do que é justo e injus- to, da liberdade e da necessidade de respeitar o próximo. É comum afir- mar que ser cidadão significa pos- suir direito ao voto, à liberdade de expressão, à saúde, à educação, ao trabalho, à locomoção, à alimenta- ção, à habitação, à justiça, à paz, a um meio-ambiente saudável, à feli- cidade, dentre outros. A cidadania é a condição social que confere a uma pessoa o usufruto de direitos que lhe permitem participar da vida política e social da comunidade no interior da qual está inserida. A esse indiví- duo que pode vivenciar tais direitos chamamos de cidadão. Ser cidadão, nessa perspectiva, é respeitar e par- ticipar das decisões coletivas, a fim de melhorar sua vida e a da sua co- munidade. O desrespeito a tais direi- tos, por parte do Estado, de Institui- ções ou pessoas, gera exclusão. Nessa perspectiva, é somente quando cada homem tiver seus di- reitos efetivados e sua dignidade re- conhecida e protegida que podere- mos dizer que vivemos numa socie- dade justa. Até porque, sem o prin- cípio de justiça, não pode haver so- ciedade, pois nela deixariam de exis- tir a confiança e o respeito mútuo entre os indivíduos. A justiça é a maneira de reconhecer que todos são iguais perante a lei (igualdade) e que todos devem receber de acordo com seus méritos, qualidades e rea- lizações (equidade). A justiça é, des- se modo, representada pelos prin- cípios de igualdade e equidade. As- sim, quando a sociedade revela-se justa, torna-se possível instituir um clima de confiança nas Instituições e de liberdade entre os indivíduos. A justiça é a condição de um viver soli- dário, responsável, fraterno. Quan- do a mesma deixa de ser praticada, os indivíduos ficam sujeitos ao arbí- trio, à violência e à barbárie. A jus- tiça é, antes de tudo, um valor moral, podendo ainda ser concebida como o principal fundamento da vida em sociedade. Portanto, é uma virtude que deve ser praticada por todo su- jeito moral, já que sem ela torna-se impossível o exercício dos direitos fundamentais e de cidadania. Eis o grande desafio do ser hu- mano, dos empresários e dos admi- nistradores: buscar o lucro com res- ponsabilidade social, dentro dos pa- 29 APOSTILA DE ÉTICA drões éticos e morais, cumprindo os preceitos legais e as normas que regem a sociedade. Ou seja, fazer o certo pelo certo, cumprir a sua mis- são, a sua tarefa da melhor maneira possível, se posicionando contrário quando algo se aproxima da ilega- lidade, não concordando com práti- cas ilícitas, que ferem os princípios morais e éticos. É o dizer simples de nossos antepassados: “Deitar e dor- mir com a consciência tranquila”. Exercícios de Fixação 1. O que é uma empresa ética? ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ 2. Quais as mudanças protago- nizadas pelo Estado na Tercei- ra Revolução Industrial? ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ __________________ ____________________ 3. Em que consiste o processo de agregar pessoas? ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ 31 APOSTILA DE ÉTICA 3. A Ética Profissional em um Mundo Globalizado,Responsabilidade Social, a Atuação Profissional e os Dilemas Éticos Fonte: Tribuna3 A Ética Profissional pós tão importante explanação sobre a parte conceitual e filo- sófica da ética e da moral, abran- gendo o mercado de trabalho, a glo- balização e seus efeitos no mundo em que vivemos, vamos agora a uma parte mais prática de nosso estudo. A ética profissional, sem dú- vida, é extremamente importante e 3 Retirado em https://www.tribuna.com.mx/ afeta toda a sociedade. Além do có- digo de conduta de cada profissão, há os valores éticos e morais que de- vem ser observados por todos. A palavra profissão vem do la- tim “professione” e possui diversos significados nesse idioma. Na atuali- dade, profissão representa a prática constante de um ofício, de um labor (SÁ, 2009). De acordo com Masiero (2007, p. 455), “ética profissional A 32 APOSTILA DE ÉTICA reúne um conjunto de normas de conduta, exigida no exercício de qualquer atividade econômica”. No papel de “reguladora” da ação, a ética age no desempenho das profissões, levando a respeitar os semelhantes no exercício de suas funções. Ela envolve o relaciona- mento de profissionais, a fim de res- gatar a dignidade humana e a cons- trução do bem comum. A atuação profissional e conse- quentemente as profissões possuem um grande valor para a sociedade, seja na área da saúde, lazer, habi- tação, educação, administrativa, en- tre outros. A seus profissionais são concedidas responsabilidades no campo social que trazem benefícios através de seus trabalhos, gerando satisfação para a comunidade e inte- ragindo com essa. Para Camargo (20 08, pp. 31-32), “ética profissional e a aplicação da ética geral no campo das atividades profissionais; a pes- soa tem que estar imbuída de certos princípios para vivê-los nas suas ati- vidades do trabalho”. Para que o profissional conduza seu trabalho com eficiência, eficácia e efetivida- de, é preciso ter responsabilidade in- dividual perante seu grupo. De acor- do com Sá (2009, p. 163), “nem sem- pre a escolha coincide com a voca- ção, mas feita a eleição, inicia-se um compromisso entre o indivíduo e o trabalho que se propõe a realizar”. Quando o ser humano elege seu trabalho, ele compromete-se com todos os deveres éticos de ofere- cer com satisfação e qualidade suas atividades. Sá (2009) relaciona uma série de virtudes chamadas de valo- res necessários e compatíveis à prá- tica dos serviços profissionais. Algu- mas delas são: abnegação, atitude, benevolência, coerência, disciplina, eloquência, fidelidade, gratidão, ho- nestidade, idealismo, respeito, edu- cação, entre outras. Quando as vir- tudes são realizadas com qualidade, é possível identificar o caráter do profissional e o exercício de sua pro- fissão. Assim como as atitudes vir- tuosas garantem o bem, a ética tem sido um caminho para o benefício de todos. Os Pilares do Relaciona- mento Profissional Fonte: https://br.pinterest.com/ No desempenho de suas fun- ções, seja na esfera pública ou priva- 33 APOSTILA DE ÉTICA da, todo o profissional se relaciona com pessoas. Para nos ajudar melhor a en- tender como deve se desenvolver os nossos relacionamentos profissio- nais dentro dessa visão ética, vamos mencionar os cinco pilares, segundo a consultora GIANETE (2014): Autoconhecimento: A di- versidade comportamental no ambiente de trabalho é muito rica, e antes de conhecer os de- mais, você precisa saber como você mesmo funciona. A partir do momento que conhece as suas características positivas, você vai ter boas referências na hora de buscar que os colegas também as tenham. “Além dis- so, o autoconhecimento ajuda a elaborar estratégias para mi- nimizar conflitos na hora do relacionamento com os co- legas”. Cordialidade: A caracterís- tica que foi mais recentemente adicionada à lista, aparente- mente, trata de algo óbvio: é preciso ser cordial na hora de se relacionar. “É simples e ób- via a necessidade de ser cor- dial, mas nem sempre estamos atentos a isso. A cordialidade se revela em pequenos gestos que vão nos fazer ser vistos co- mo simpáticos”, alerta a edu- cadora. Segundo ela, porém, é comum deixar de lado a cor- dialidade em situações corri- queiras, como o envio de men- sagens de trabalho. “Ao enviar um e-mail, por exemplo, mui- tas vezes as pessoas deixam de desejar ‘bom dia’ ou ‘boa tar- de’”. Pela forma como o e-mail é usado como ferramenta de trabalho, muitas vezes são en- viadas mensagens secas, sem mesmo um “por favor” ou um “obrigado”. Empatia: “Esta é a habilidade de colocar-se no lugar dos ou- tros”, afirma Regina. Segundo a educadora, é preciso consi- derar as opiniões e sentimen- tos dos colegas. Caso contrá- rio, não é possível um relacio- namento realmente proveitoso para os dois lados. “É preciso se colocar no lugar do outro para entender o ponto de vista dele”. Ouvir, entender o cole- ga. Situações de trabalho nos colocam juntos, e se não tiver consciência disso, tudo fica mais difícil. Assertividade: Para o suces- so de um relacionamento, as- ber ouvir é essencial, mas tam- bém é preciso saber falar. Por isso, um dos pilares listados pela educadora é a assertivida- de. “Ser assertivo é se expres- sar, dizer o que pensa, mostrar o ponto de vista, sentimento”. Algumas pessoas têm tendên- cia a ser mais retraídas, isso é natural. Ética: De nada adianta se co- nhecer bem, ser cordial, ter empatia e ser assertivo se fal- 34 APOSTILA DE ÉTICA tar um dos pilares: a ética. “Se você não é ético, não consegui- rá ter bons relacionamentos. Em algum momento vai ter problemas. Essa máscara vai cair”. Cabe, também, citar os três ti- pos de relacionamento interpessoal, segundo a mesma autora: Relacionamento Interpessoal Profissional As habilidades de relaciona- mento interpessoal geralmente cos- tumam ser trabalhadas e exigidas no ambiente profissional, ou seja, no conceito do relacionamento inter- pessoal profissional. Esta habilidade no mundo business é cada vez mais relevante, por isso vem crescendo o número de empresas e organizações que inves- tem em palestras sobre esse assunto para os seus colaboradores. Prezar pela forma como os funcionários reagem às conexões estabelecidas com os colegas de tra- balho mais próximos ou como eles lidam com os clientes traz lucro tan- to para a instituição como para o funcionário. Isso acontece porque em um ambiente de trabalho mais harmonioso e fluído, onde os funcio- nários têm uma boa comunicação, há menores chances de erros e maio- res chances de crescimento. Este tipo de relacionamento também está muito ligado à cultura organizacional que a empresa pos- sui. Normalmente, o setor de recur- sos humanos cria critérios de com- patibilidade entre a empresa e o fun- cionário antes dele ser contratado. Se a empresa valoriza o dina- mismo entre hierarquias de traba- lho, preza pelo lado criativo de seus colaboradores, novidade e empreen- dedorismo, as pessoas que serão contratadas terão perfis semelhan- tes: serão eficazes, práticas, dinâmi- cas e procurarão esta-belecer um ambiente mais competitivo. Conhecendo o perfil predomi- nante entre seus colaboradores, fica mais fácil de gerir e estabelecer prá- ticas que facilitem o convívio entre eles. Se há um consenso entre a equipe de como lidar com essas co- nexões, o processo de como o em- pregador irá lidar com seu time é facilitado. Relacionamento Interpessoal Pessoal O relacionamento interpessoal pessoal envolve a forma como lida- mos com as pessoas mais próximas a nós. Familiares, cônjuges, amigos, namorado ou namorada, enfim, co- mo encaramos as situações que se revelam nessas relações. 35 APOSTILA DE ÉTICARelacionamento Interpessoal Virtual Fonte: https://medium.com/ Já o relacionamento interpes- soal virtual é visto como algo mais recente. Mesmo que não estejamos presentes fisicamente, diretamente ao lado das pessoas, no momento de criar uma conexão virtual com al- guém precisamos lembrar que, ain- da assim, devemos seguir algumas regras das normas comportamen- tais que rege nossa sociedade. No ambiente de trabalho ou pessoalmente, as consequências de utilizarmos mal uma ferramenta di- gital pode ser altamente prejudicial, por isso ainda devem predominar o uso do respeito, empatia, responsa- bilidade, dentre outras diversas ca- racterísticas morais que conduzi- riam a uma relação agradável e coerente. Nesse sentido, procure ser simpático também nos meios digi- tais e sempre leia o que escreveu antes de enviar. Responsabilidade Social A importância da Responsabi- lidade Social nas empresas é uma das maiores preocupações, inclusi- ve, pelo impacto que tem na socie- dade em geral e nas comunidades mais necessitadas. Após a Segunda Guerra Mun- dial, tiveram início manifestações de preocupação com questões sociais, ambientais e o futuro das organiza- ções no mundo. No Brasil, o discurso sobre as questões sociais cresceu a partir da reforma do Estado, no final dos anos 80, descentralizando ao mercado a responsabilidade pelo crescimento econômico e atendimento às neces- sidades sociais (ESTIGARA, 2009). O processo econômico decor- rente da globalização, as transfor- mações políticas e sociais mundiais, a inovação tecnológica e científica e os impactos das mudanças climáti- cas têm ressaltado a necessidade de 36 APOSTILA DE ÉTICA revisão dos atuais padrões insus- tentáveis de produção e consumo e dos modelos econômicos adotados pelos países desenvolvidos e econo- mias emergentes, como é o caso do Brasil. Este cenário tem conduzido Inúmeros debates sobre o papel dos indivíduos, das empresas e das ins- tituições na promoção de práticas e atitudes que conduzam ao desenvol- vimento sustentável. No âmbito das instituições (públicas, privadas ou do terceiro setor), o conceito utilizado é o de responsabilidade social ou respon- sabilidade socioambiental, visando a identificar e estruturar ações para atender as demandas da sociedade (TAVARES, 2012). As questões relacionadas à responsabilidade socioambiental são globais e, dependendo do con- texto, sua compreensão por parte das empresas e demais instituições pode acontecer de formas diferen- tes, levando-se em consideração os impactos e influências dos desafios econômicos, sociais e ambientais a serem enfrentados, e dos padrões in- ternacionais e nacionais adotados como referência para o desenvolvi- mento nos diferentes países (BRA- SIL, 2009). Empresas que investem em práticas de responsabilidade socio- ambiental elevam os níveis de de- senvolvimento social, proteção ao meio ambiente e respeito aos direi- tos humanos, os quais se traduzem em uma gestão responsável. As cooperativas, assim como todas as organizações, se caracteri- zam como sistemas abertos, que in- teragem com o meio onde estão in- seridas e que, com o decorrer do tempo, adotam práticas para se adaptar à realidade e manter a com- petitividade no mercado. Fonte: https://parsol.pai.pt/ A responsabilidade social e a ética estão presentes nos negócios desde o século XIX, mas foi a partir de 1919 que esses conceitos ganha- ram maior atenção como o caso Dodge versus Ford. O pre-sidente e acionista majoritário da Ford, Hen- ry Ford, contrariou os interesses dos demais acionistas John e Dodge, ale- gando objetivos sociais. Ele defendia a não distribuição de uma parte dos dividendos, os quais reverteriam pa- 37 APOSTILA DE ÉTICA ra uma série de ações, como inves- timentos na produção e aumentos de salários. No entanto, o julgamen- to foi favorável a Dodge, justificado pelo fato de que a organização exis- tia para beneficiar os acionistas, e que o lucro não deveria ser utilizado para outros fins que não fosse em benefício dos mesmos. Nesse caso, o investimento em filantropia e na imagem da organização só poderia ser feito se beneficiasse o lucro dos acionistas. Barbieri (2011) menciona que as primeiras manifestações de ges- tão ambiental foram estimuladas pelo esgotamento de recursos, como a escassez de madeira para a cons- trução de moradias, fortificações, móveis, instrumentos ecombustível, cuja exploração havia se tornada in- tensa desde a era medieval. Nos anos de 1980, as indús- trias começaram a ter uma mudança de pensamento e com isso entendeu que era preciso uma mudança nos seus processos de produção. Um dos pontos principais estava na minimi- zação de resíduos e na reciclagem. Pode-se dizer que naquela década o empresariado começava a ver o tema Meio Ambiente com outros olhos. Nos anos de 1990, uma nova onda veio para mudar o cenário am- biental no mundo. Os códigos volun- tários de conduta da família ISO 14000 tornava-se um diferencial pa- ra as empresas, não só no cenário nacional, mas também no interna- cional, além da responsabilidade com uma produção mais limpa. Para minimizar os impactos, procuravam identificar as falhas e trabalhar pela melhoria contínua. O termo sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável trata, basicamente, de algo que devemos preservar aqui e agora, para garantir um futuro de qualidade às gerações que estão por vir. Nesse sentido, ve- jam algumas providências que são sugeridas pelo autor Marques, dis- poníveis em http: //marcusmarques.com.br/estrategi as-de-negocio/10-praticas- sustentaveis-empresas/, para mini- mizar os impactos no meio am- biente: Nada de copos descartá- veis: Empresas sustentáveis incentivam seus colaborado- res a eliminarem o uso de co- pos ou qualquer tipo de ma- terial descartável, pois, quanto mais eles são utilizados, mais lixo eles geram. Economize papel, água e energia: Lembre-os de sem- pre pensarem duas vezes antes de fazerem uma impressão, de fecharem a torneira quando não estiverem usando a água e de desligarem as luzes e os 38 APOSTILA DE ÉTICA equipamentos todos os dias ao final do expediente. Invista na reciclagem: Es- palhar pela empresa lixeiras para facilitar a separação do lixo orgânico do reciclável. Utilize equipamentos eco- nômicos: Ar condicionado, geladeira, impressora, compu- tadores, entre outros equipa- mentos, podem ajudá-lo a eco- nomizar energia e tornar a sua empresa ainda mais suste- ntável. Incentive o uso de trans- portes alternativos: Incen- tive o uso de transporte coleti- vo ou a irem trabalhar de bici- cleta, caso seja possível. Invista em treinamentos sobre sustentabilidade: Promova treinamentos sobre sustentabilidade para todas as suas equipes de trabalho, mos- trando a elas a importância de adotar práticas sustentáveis, não só no ambiente empresa- rial, mas também em casa e nas ruas das cidades onde cada um reside. Crie projetos de preser- vação do meio ambiente: Crie dentro de sua empresa, com a ajuda de seus colabo- radores, projetos de preserva- ção do meio ambiente. Esta é uma maneira eficiente de ser ainda mais sustentável e de agregar valor diante de seus clientes e stakeholders. Respeite as leis ambien- tais: Muitos países têm leis ambientais que precisam ser cumpridas não só por empre- sas, mas também pela socie- dade como um todo. Neste sentido, é primordial que você conheça a lei, como ela fun- ciona, bem como quais são suas obrigações enquanto em- presário e empreendedor, para não ferir qualquer uma de suas normas. Não polua: Essa é uma das formas que mais degrada o meio ambiente e que impacta diretamente no nosso modo de viver, pois, a partir do momen- toque uma empresa lança produtos químicos nos rios, por exemplo, ela está poluindo o lugar em que muitos animais vivem e, consequentemente, tiram o sustento de muitas famílias. Utilize fontes de energia renováveis: Nos processos de produção da sua empresa, verifique a possibilidade de utilizar fontes de energia reno- vável, como energia solar, por exemplo, que já é uma reali- dade em muitas organizações ao redor do mundo, e sua ins- talação deixou de ter um alto custo para a empresa que ado- ta esta medida. Deve se mencionar também as cores representativas da coleta seletiva de lixos: a. Azul: Papel E Papelão b. Vermelho: Plástico c. Verde: Vidro 39 APOSTILA DE ÉTICA d. Amarelo: Metal e. Preto: Madeira f. Laranja: Resíduos Pe- rigosos g. Branco: Resíduos Am- bulatoriais E De Serviços De Saúde h. Roxo: Resíduos Ra- dioativos Para melhor compreensão, se- gue uma figura ilustrativa contendo as lixeiras recicláveis: Fonte: https://www.carrefour.com.br/ Cabe ressaltar que na relação entre a ética privada e a ética pú- blica, a organização não deve admi- tir comportamentos ilegais ou antié- ticos, primando por um am-biente onde deve permanecer a ordem ju- rídica e o tratamento com urbanida- de a todos. A responsabilidade social dos empregadores perante os em- pregados deve ser permeada por um tratamento digno, remunerando bem e cumprindo com todas as obri- gações trabalhistas. As empresas, na medida do possível, devem apoiar as artes, os museus, a ópera, a orquestra sinfô- nica, os desportos, dentre outras, além de contribuir, financeiramen- te, com as causas filantrópicas e co- munitárias. A afirmação mais radical da responsabilidade social das empre- sas talvez tenha sido a do prefeito da cidade de Nova Iorque, John Lin- dsay, na década de sessenta. Ele exortou as maiores empresas da ci- dade de Nova Iorque a adotar um gueto negro, garantindo aos habi- tantes da área condições mínimas para satisfazer as necessidades bá- sicas, a educação e a conseguir em- prego aquela comunidade. É importante ressaltar o Siste- ma de Gestão Integrado, também conhecido como SGI, que é básica- mente um software que organiza as operações da empresa, tornando possível a execução de tarefas e pro- cessos internos. (Fonte: www.magistech.com.br) É aplicado a organizações de todos os portes e não carece de certificação, tendo aplicabilidade no mais amplo es- pectro setorial, indo desde o setor 40 APOSTILA DE ÉTICA governamental até ONG’s e empre- sas privadas. Tem os seguintes ob- jetivos: Redução de custos. Controle das informações de dados. Redução do trabalho fun- cional. Informações mais confiáveis. Aumento de produção. Controle à distância. Total segurança. Melhor comunicação interna. Exercícios de Fixação 1. Cite três pilares do relaciona- mento interpessoal. ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ 2. Conceitue relacionamento in- terpessoal virtual. ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ 3. A lixeira de cor vermelha deve coletar que tipo de resíduos? ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ ____________________ 41 42 APOSTILA DE ÉTICA 4. Ética e Moral Fonte: Medium4 O Problema da Ação e dos Valores a vida diária, nos deparamos com situações em que temos de fazer escolhas e tomar decisões. Geralmente elas dependem daquilo que consideramos bom, justo ou correto. Quando isto acontece esta- mos diante de uma decisão que en- volve um julgamento moral, a partir do qual vamos orientar nossa ação ou ações de outras pessoas. 4 Retirado em https://medium.com/ Aristoteles A característica especifica do homem em comparação com os ou- tros animais é que somente ele tem o sentimento do bem e do mal, do justo e do injusto e de outras quali- dades morais. (Política, p.15) Sendo assim, o ser humano age no mundo de acordo com valo- res, isto é, a partir daquilo que tem maior importância ou é prioridade para ele segundo certos códigos morais. N 43 APOSTILA DE ÉTICA Isto significa que as coisas e as ações que um individuo realiza podem ser hierarquizadas conforme as noções de bem e de justo com- partilhadas por um grupo de pessoas em determinado momento histó- rico. Em outras palavras, o ser hu- mano é um ser moral: um ser capaz de avaliar sua conduta a partir de valores morais. Distinção entre Moral e Ética Embora os termos moral e ética por vezes sejam usados como sinônimos, é possível fazer uma dis- tinção entre eles. A palavra moral vem do latim mos, mor, “costumes”, e refere-se ao conjunto de normas que orientam o comportamento humano tendo co- mo base os valores próprios a uma comunidade ou cultura. Como as comunidades huma- nas são distintas entre si, tanto no espaço quanto no tempo, os valores também podem ser distintos de uma comunidade para outra, o que origina códigos morais diferentes. A palavra ética por sua vez, vem do grego ethikos, “modo de ser”, “comportamento”. Portanto, etimologicamente os dois termos querem dizer quase a mesma coisa. No entanto, ética designa mais especificamente disciplina filosófica que investiga o que é a moral, como ela se fundamenta e se aplica, ou seja, a ética ou filosofia moral estuda os diversos sistemas morais elabora- dos pelos seres humanos. Busca compreender a funda- mentação das normas e interdições (proibições) próprias a cada um e explicitar seus pressupostos, isto é, as concepções sobre o ser humano e a existência humana que os sus- tentam. Moral e Direito Fonte: https://direitodiario.com.br/ Eis uma pergunta que talvez você esteja se fazendo: “normas mo- rais e normas jurídicas são a mesma coisa? Há diferença entre elas? Sabemos que as normas mo- rais e jurídicas são estabelecidas pe- los membros da sociedade e que am- bas se destina a regulamentar as re- lações nesse grupo de pessoas. Há, então, vários aspectos co- muns entre normas morais e jurí- dicas: 44 APOSTILA DE ÉTICA São imperativas, ou seja, de- vem ser seguidas por todos; Buscam promover um convi- vência melhor entre os indi- víduos; Orientam-se por valores cultu- rais próprios de uma socie- dade; Tem caráter histórico, isto é, se modificam de acordo com as transformações historico- sociais. Existem, no entanto, diferen- ças fundamentais entre a moral e o direito: Normas morais são seguidas a partir de convicções indivi- duais e grupais enquanto nor- mas jurídicas são cumpridas sob pena de punição. Punição no campo do direito esta prevista na legislação en- quanto no campo moral a eventual sanção varia por que depende da consciência moral do sujeito que infringe o códi- go moral vigente da sociedade em que vive. A esfera da moral é mais ampla e abrange diversos aspectos da vida humana, enquanto a esfera do direito restringe-se a questões es- pecificas nascidas da interferência de condutas sociais. O direito costu- ma ser regido pelo principio de que tudo é permitido, exceto aquilo que a lei expressamente proíbe. A moral não se traduz em um código formal, enquanto o direito sim. O direito mantém um relação estreita com o Estado, enquanto a moral não apresenta necessaria- mente essa vinculação. Moral e Liberdade Fonte: https://police2peace.com/ Parece estranho vincular a ideia de norma moral com liberda- de.
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