Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RAQUEL LEMOS DE MELO CARDOSO DIREITO DE FAMÍLIA SALVADOR- BA 2021 AVALIAÇÃO INDIVIDUAL SEGUNDA ATIVIDADE DA UNIDADE Atividade solicitada pelo docente da matéria de direito de família como requisito para obtenção de nota SALVADOR-BA 2021 2ª Avaliação – Direito de Família – Turma 4ª – 2021.1 1ª questão: • 1ª decisão: https://ibdfam.org.br/assets/img/upload/files/Ac%c3%b3rd%c3%a3o%20do%20Agra vo(1).pdf a) O caso em questão ocorreu após uma sentença de divórcio com decretação antecipada por decisão parcial de mérito e em seguida o não provimento de um recurso que alegava um possível risco de prejuízo patrimonial. A ex cônjuge sustentava em seu recurso que a decretação do divórcio antes da partilha de bens daria oportunidade ao seu ex marido de realizar manobras que resultassem em depreciação patrimonial, prejudicando a mesma. Desse modo, o recurso negado trata-se de um agravo de instrumento interposto que, segundo o desembargador do caso, não foi provido atentando para a ausência de fundamentação legal que justifique a manutenção de indesejado casamento e a existência de uma emenda constitucional que garante a dissolução do casamento civil pelo divórcio, bastando apenas a manifestação da vontade de um dos cônjuges. Além disso, segundo o jurista, existem outros instrumentos aptos à proteção patrimonial buscada pela autora, não apenas a extensão da decisão do divórcio. b) Autora: L.M.G. (esposa) – perdeu em 1º grau; Réu: C.A.G.J. C (marido) – ganhou em 1º grau; Agravante: L.M.G. (esposa) – perdeu em 2º grau; Agravado: C.A.G.J. C (marido) – ganhou em 2º grau. c) O pedido se trata de um agravo de instrumento interposto contra a decisão proferida anteriormente, seu recurso alegava que haveria risco de prejuízo patrimonial se o divórcio com decretação antecipada por decisão parcial de mérito fosse concretizado. Todavia, o argumento se tornou frágil pela falta de amparo legal, existindo assim uma ausência de fundamentação legal a justificar aguardar para decidir o divórcio em conjunto com outros pedidos. d) Tendo em vista o agravo em questão, concordo plenamente com a decisão do jurista, posto que, seguindo a lógica do Código Civil em seu artigo 1.581, não é necessária a partilha de bens previa para ser concedido o divórcio, assim, é adequada a continuidade da decretação antecipada por decisão parcial do mérito, tendo como base no processo os termos do artigo 356, inciso I do Código de Processo Civil (CPC). Outrossim, é afirmado pelos magistrados que https://ibdfam.org.br/assets/img/upload/files/Ac%c3%b3rd%c3%a3o%20do%20Agravo(1).pdf https://ibdfam.org.br/assets/img/upload/files/Ac%c3%b3rd%c3%a3o%20do%20Agravo(1).pdf existem meios próprios, que não a manutenção do próprio casamento, para garantir proteção patrimonial ao cônjuge em relação aos bens a serem partilhados, refutando assim os argumentos da agravante. Ademais, justificando corretamente a decisão, é ratificado no acordão que o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, bastando a manifestação da vontade de um dos cônjuges, como constatado na Emenda Constitucional 66/2010. Esse mesmo fundamento é comprovado na fala do desembargador relator do caso, Álvaro Passos, ao negar o provimento do agravo e revogar o efeito suspensivo anteriormente concedido: “...nos termos do artigo 226, §6º, da CF/88, com redação dada pela EC nº 66, publicada em 13 de julho de 2010, o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, não havendo a necessidade de preenchimento do requisito temporal anteriormente exigido para o divórcio direto, tampouco está sujeito qualquer condição ou termo, tratando-se de direito potestativo”. • 2ª decisão: https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1191563664/recurso- extraordinario-re-1045273-se/inteiro-teor-1191564488 a) O caso julgado sucedeu devido um homem que manteve, ao mesmo tempo, relação com uma mulher e outro homem, assim, o caso surgiu pois a outra parte desse último relacionamento queria ter direito à pensão por morte. Depois da morte do companheiro, a mulher acionou a Justiça para consagrar o reconhecimento de sua união estável e obteve sucesso. Contudo, o outro parceiro também apelou ao Judiciário, que concedeu a ele o reconhecimento da união, dessa forma, na primeira instância, os pedidos para possuir parte da pensão foram aceitos, porém, o Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE) reverteu uma das decisões após a parceira recorrer, favorecendo então a mulher. Destarte, o companheiro do de cujus entrou com um recurso extraordinário solicitando o reconhecimento da coexistência de duas uniões estáveis paralelas e, por conseguinte, a divisão equitativa da pensão por morte entre os companheiros sobreviventes, independendo da orientação sexual das relações. Desse modo, conferiu ao Supremo Tribunal Federal deliberar sobre o caso e, por fim, decidir impedir o reconhecimento de novo vínculo afetivo referente ao mesmo período e proibir o rateio da pensão, baseando-se na inconstitucionalidade de uniões paralelas, tendo em vista o princípio da monogamia no direito brasileiro. https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1191563664/recurso-extraordinario-re-1045273-se/inteiro-teor-1191564488 https://stf.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/1191563664/recurso-extraordinario-re-1045273-se/inteiro-teor-1191564488 b) Autora: M.J.O.S. (“companheira do de cujus”) – ganhou em 1º grau; Réu: C.L.S. (“companheiro do de cujus”) – perdeu em 1º grau; Agravante/reclamante: C.L.S. (“companheiro do de cujus”) – perdeu em 2º grau; Agravada/recorrida: M.J.O.S. (“companheira do de cujus”) – ganhou em 2º grau. c) O autor, em seu recurso extraordinário, pediu o reconhecimento da coexistência de duas uniões estáveis paralelas e consequentemente o rateio da pensão por morte entre os dois companheiros do de cujus. Como amparo, utilizou o artigo 1.561 do Código Civil, afirmando que se o casamento anulável nulo produz todos os efeitos até o dia da sentença que o invalida, na situação dos autos, por causa da morte, cessariam as relações jurídicas mas, no mínimo, os efeitos de boa-fé deveriam ser preservados. d) Sobre o caso em questão, discordo parcialmente da decisão, visto que, mesmo concluindo pela impossibilidade de reconhecimento de uma união estável em que um dos conviventes estivesse paralelamente envolvido em outra união ainda válida – enquadrando o art. 1.727 do Código Civil, que se reporta à figura da relação concubinária no caso – o tribunal também observou em seu andamento a possibilidade do reconhecimento de efeitos post mortem previdenciários a uniões estáveis concomitantes. Reconhecimento esse que tem como única condição estar presente o requisito da boa-fé objetiva, como foi afirmado pelo voto do ministro Edson Fachin: “Uma vez não comprovado que ambos os companheiros concomitantes do segurado instituidor, na hipótese dos autos, estavam de má-fé, ou seja, ignoravam a concomitância das relações de união estável por ele travadas, deve ser reconhecida a proteção jurídica para os efeitos previdenciários decorrentes. Assim, o caso é de provimento do recurso extraordinário, possibilitando o rateio da pensão por morte entre os conviventes”. Outrossim, observou-se também que o de cujus efetivamente manteve as duas famílias de forma pública e contínua durante cerca de 12 anos, seguindo o prescrito no artigo art. 226, § 3º da Constituição Federal, que define o reconhecimento da união estável, e foi comprovado que o companheiro e a companheira poderiam ser definidos como beneficiários do Regime Geral de Previdência Social, na condição de dependentes do segurado, nos termos do art. 16, I, da Lei nº. 8.213/1991. Dessarte, o tribunal deveria dispor de um parecer propício ao rateio da pensão, pois o formalismolegal não deveria preceder sobre situação fática há anos consolidada, devendo então prevalecer a dignidade da pessoa humana, a liberdade, a afetividade e a igualdade. 2ª questão: Trata-se de comentário crítico a texto enviado pelo professor, onde o aluno deverá: a) O assunto teórico principal do texto é o reconhecimento e a investigação de paternidade nos casos de reprodução humana assistida heteróloga. As normas pertinentes ao assunto são o artigo 1.597, inciso V, do CC/02 e a CFM nº 2.121/2015. b) Tendo em vista o conteúdo do texto, é incontestável que de um lado existe o direito ao anonimato do doador para justificar a recusa da investigação de paternidade, e do outro existe o direito à identidade genética. Porém, não há conflito na hora de determinar qual dos pais irá assumir as responsabilidades paternais quando se fala em reprodução assistida heteróloga, pois apenas um é pai, o outro é apenas o doador. Atualmente, o Código Civil nega essa ideia de que quem forneceu o material genético é o pai, em seu art. 1.597, assim a filiação socioafetiva tem garantia legal de que pais e filhos desenvolvam um vínculo afetivo. Além disso, a Resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM nº 2.121/2015) reforça a proteção do anonimato do doador pelo sistema jurídico, sua identidade civil é omitida, excluindo as responsabilidades em relação à paternidade e substanciando então o entendimento da indispensabilidade do anonimato do doador. Todavia, segundo o ordenamento jurídico, é possível ingressar com ação de investigação de paternidade, mas apenas por necessidade psicológica, para assegurar os impedimentos do casamento e para preservar a saúde. Portanto, o filho tem direito de saber, nesses casos específicos, sua origem genética, no entanto, o fato de ter direito ao conhecimento da ascendência biológica não deveria possibilitar que exista um vínculo afetivo de natureza pai e filho, visando sempre pela proteção da criança de possíveis conflitos psicológicos e a garantia total de inserção da família.
Compartilhar