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RAQUEL LEMOS DE MELO CARDOSO IED PROCESSUAL SALVADOR- BA 2021 AVALIAÇÃO INDIVIDUAL SEGUNDA ATIVIDADE DA UNIDADE Atividade solicitada pela docente da matéria de ied processual como requisito para obtenção de nota SALVADOR-BA 2021 QUESTÃO 01 Sobre o princípio da territorialidade, a carta precatória é um ato de cooperação entre os juízes dentro do mesmo país e existe com o propósito de permitir que o juiz possa exercer a jurisdição sobre atos produzidos fora dos limites territoriais de sua competência. Porém, como exceção do princípio, o Código Processual Civil, em seu artigo 255, prevê que nas comarcas que se situem na mesma região metropolitana o juiz poderá efetuar qualquer ato executivo, tornando a emissão da carta precatória prescindível. Desse modo, a decisão do magistrado em determinar a citação do réu por carta precatória no caso narrado é desnecessária, tendo em vista que Lauro de Freitas é uma região metropolitana de Salvador. Art. 255. Nas comarcas contíguas de fácil comunicação e nas que se situem na mesma região metropolitana, o oficial de justiça poderá efetuar, em qualquer delas, citações, intimações, notificações, penhoras e quaisquer outros atos executivos. QUESTÃO 02 A) Existem três elementos ao se referir a teoria da ação, as partes, o pedido e a causa de pedir. As partes processuais são aquelas que estão em uma relação jurídica processual, assumindo qualquer das situações jurídicas processuais e podendo sofrer consequências com a decisão. As partes processuais de demanda, as partes principais, são identificadas como autor e réu, nesse processo as partes são: Maria, a autora que pediu a prestação jurisdicional em nome do seu filho menor de idade, e João, o réu contra quem a autora formulou o pedido. São elementos objetivos da ação o pedido e a causa de pedir. O pedido, previsto no artigo 322 do CPC, é o item mais importante da petição inicial e distingue-se em pedido imediato, que corresponde à prestação jurisdicional requerida, a sentença condenatória, constitutiva e declaratória, e o pedido mediato, correspondente providência que traduz o bem jurídico pretendido na ação. O pedido do caso narrado se refere a um pedido determinado, previsto no art. 324 do CPC, indicado no caso como a solicitação pela investigação de paternidade cumulada com pedido de alimentos mensais em R$ 2000.00 , baseando-se na Lei nº 8.560, de 29 de dezembro de 1992 que prevê o direito de Maria (como mãe de um menor incapaz) em contestar a decisão de João não assumir a paternidade de Samuel. Código de Processo Civil. Art. 322. O pedido deve ser certo. § 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios. § 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé. Art. 324. O pedido deve ser determinado. § 1º É lícito, porém, formular pedido genérico: I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados; II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato; III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu. Já a causa de pedir, prevista no artigo 319 do Código de Processo Civil, visa explicar o motivo do pedido, é o fato que vai dar origem ao ingresso da ação, sendo então o conjunto de motivos que fez Maria requerer seu pedido diante o judiciário. No caso narrado, a causa de pedir é soma dos fundamentos fáticos com os fundamentos jurídicos. É preciso dizer qual é o fato jurídico – João não assumir a paternidade do menor e se recusar a pagar-lhe alimentos – sendo a causa de pedir remota e qual é a relação jurídica que nasce daquele fato – Maria ajuizar uma ação de investigação de paternidade cumulada com pedido de alimentos – sendo a causa de pedir próxima. Código de Processo Civil. Art. 319. A petição inicial indicará: I - o juízo a que é dirigida; II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu; III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido; IV - o pedido com as suas especificações; V - o valor da causa; VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados; VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação. B) Dispondo da teoria eclética da ação, adotada atualmente pelo direito, com o resultado do teste de DNA negativo e João não tendo previamente registrado Samuel, deveria o juízo decidir pela sua total isenção quanto à paternidade. Além disso, tendo em vista que foi na fase instrutória a constatação taxativa ao não vínculo biológico com o menor, o magistrado deve julgar o procedimento em relação à João como encerrado e arquivado. C) Tendo em vista que não existe vínculo biológico ou socioafetivo entre o réu e o menor, João não será responsável pelo pagamento de alimentos, consoante entendimento da jurisprudência pátria. Assim, seria possível instaurar um novo procedimento de averiguação de paternidade cumulada com pedido de alimentos em relação a Felipe, o suposto companheiro de Maria e possível pai de Samuel e, com a substituição do réu, a condenação da autora ao pagamento de despesas e custas da parte arrolada indevidamente, segundo os artigos 338 e 339 do Código de Processo Civil, mas não seria possível o magistrado continuar julgando o pedido de alimentos anteriormente realizado contra João. Código de Processo Civil. Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu. Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º . Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação. § 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338 . § 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu. QUESTÃO 03 A) Sobre a capacidade de ser parte, as partes da demanda possuem capacidade para ser autora e réu, tendo em vista que são aptos para ser sujeitos no processo, pois possuem personalidade judiciaria, já que todo aquele que tem interesse juridicamente tutelável tem capacidade de ser parte. Além disso, de acordo com o artigo 2º do Código Civil, todos que nascem com vida possuem personalidade civil, pois estão aptos a contrair direitos e deveres, portanto, todos que têm personalidade civil, tem capacidade de ser parte em um processo. Código Civil. Art. 2º A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Sobre a capacidade processual, a aptidão para praticar sozinho atos processuais, a jurisdição afirma que todo aquele que não precisa de um representante, de um assistido para litigarem juízo, possui capacidade processual. Assim, tanto a autora quanto o réu possuem legitimidade processual, como previsto no art. 70 do CPC. Porém, o menor (Samuel), que está requerendo alimentos de seu possível pai (João), tem capacidade de ser parte, mas por ser menor, não possui aptidão para o exercício pessoal de direitos e obrigações processuais, dessa forma, precisa de um representante (Maria) para realizar atos processuais, como previsto no art. 71, CPC. Código de Processo Civil. Art. 70. Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo. Art. 71. O incapaz será representado ou assistido por seus pais, por tutor ou por curador, na forma da lei. B) Os pressupostos processuais de validade são os requisitos que possibilitam o desenvolvimento regular do processo. Eles se dividem em dois, os subjetivos e os objetivos. Os pressupostos subjetivos, que se referem ao magistrado, se subdividem em competência e imparcialidade, enquanto os em relação as partes, se subdividem em capacidade para estar em juízo, capacidade postulatória e legitimidade Ad Causam. Já os pressupostos objetivos se subdividem em intrínsecos, com o obedecimento às formalidades legais, e em extrínsecos, com pressupostos objetivos extrínsecos negativos e positivos. A ausência de um desses pressupostos pode, mas não necessariamente, vai levar à extinção do processo sem resolução do mérito, como afirma o artigo 485, inciso IV, do CPC. Um ato defeituoso ou inválido não traz obrigatoriamente a invalidade para todo o procedimento, tendo em vista que, frequentemente, o magistrado confere um prazo para o ajuste desses pressupostos ausentes, com o intuito de não descartar processos extensos e trabalhosos. Código de Processo Civil. Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
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