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Introdução ao Estudo do Direito Processual 2022.2 Professora: Diana Perez Aluna: Ana Flora Lima Norma Processual Aspectos Gerais • Norma: Norma de conduta; norma de atribuição de bens; normas religiosas; normas morais; • Norma Jurídica: Normas dotadas de impositividade e hiperatividade → Normas de Natureza Material: Estipulam o dever-ser, a conduta que deve ser seguida pelo cidadão (Ex.: Regras de um contrato de locação). Se cumpridas voluntariamente, não há necessidade de processo. → Norma Processual: Não traz a solução do conflito, traz a técnica para resolução daquele conflito, como se desenvolve a atividade jurisdicional e o direito de ação. Tem por objeto disciplinar o exercício da jurisdição, o direito de ação e as atividades processuais (Jurisdição, Ação e Processo). Objeto • Institutos Bifrontes: São institutos jurídicos que possuem dupla regência, sendo regidos tanto pelo Direito Material quanto pelo Direito Processual. Ex.: Legitimidade; Capacidade; Penhora; Provas. • Normas Processuais Heterotópicas: Para uma parte da Doutrina, essas são as normas Processuais que estão inseridas dentro de dispositivos materiais e não perdem o caráter processual puro; • Normas Híbridas ou Mistas: Para outra parte da Doutrina, são normas tanto Materiais quanto Processuais, não sendo normas processuais puras e sim processuais- materiais. Apesar de terem natureza processual, também têm natureza material (dupla natureza). Espécies • Normas de Organização Judiciária: - São aquelas que tratam da criação e estrutura dos órgãos judiciários e seus auxiliares; - Tanto a União quanto os estados-membros podem legislar sobre essas normas; Introdução ao Estudo do Direito Processual 2022.2 Professora: Diana Perez Aluna: Ana Flora Lima - Ex.: Vara especializada de Defesa da Mulher. • Normas Processuais em Sentido Estrito e Normas Procediementais: - Doutrina Majoritária: Processo = Procedimento + Relação Jurídica - Procedimento está contido em Processo, então tudo que é procedimental necessariamente é processual; - A necessidade de diferenciação se dá porque o legislador traz competências legislativas distintas para ambas as espécies. Norma Processual x Norma Procedimental • Norma Processual: Art. 22, I CF/88: Compete privativamente à União legislar sobre: I – Direito Civil, Comercial, Penal, Processual, Eleitoral, Agrário, Marítimo, Aeronáutico, Espacial e do Trabalho. • Norma Procedimental: Art. 24, X e XI da CF/88: Compete à União, aos Estamos e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: X – Criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas coisas; XI – Procedimentos em matéria processual. • Doutrina: → Cândido Rangel Dinamarco: - Processo = Procedimento + Relação Jurídica - Procedimento é a concatenação de atos que se prolongam e protraem no ato, logo, tudo que diz respeito à forma, ao lugar, ao tempo, ao modo como os atos são praticados é norma procedimental. Em sendo norma procedimental, a competência é concorrente (União + Estados-membros); - Relação Jurídica Processual é a relação entre os sujeitos do processo, logo, tudo que diz respeito a direitos, deveres, obrigações, ônus, faculdades, estado de sujeição é Norma Processual (em Sentido Estrido, a competência é privativa da União). → Marcelo Abelha Rodrigues: Introdução ao Estudo do Direito Processual 2022.2 Professora: Diana Perez Aluna: Ana Flora Lima - Tudo que exige uniformidade no território nacional e que implica violação ou não ao Princípio da Isonomia é norma processual (competência privativa da União); - Se não exigir essa uniformidade é norma procedimental (competência concorrente). → Rosemiro Pereira Leal: - Sempre que a norma se reportar a garantias processuais fundamentais (devido processo legal, contraditório, ampla defesa etc.) é norma processual (competência privativa da União); - Se não se reportar a essas garantias processuais fundamentais é norma procedimental (competência recorrente). • Campo Prático: Na prática, muitas vezes, é impossível fazer essa distinção. De atos nascem relações, de forma que é extremamente difícil e complicado diferenciar o ato da relação que ele gera, beirando a impossibilidade. → Intimação Pessoal do Delegado de Polícia (ADI n° 882/MT); → Acordo na Ação de Alimentos com Participação da Defensoria Pública (ADI n° 2922/RJ); → Sistema de Gerenciamento de Depósitos Judiciais (ADI n° 2909/RS); → Interrogatório por Videoconferência (Lei n° 11.819/2005 de SP); → Assistência Judiciária em Investigação de Paternidade (ADI n° 3394/AM). • Tese da Professora Paula Sarno Braga: - Não há como distinguir processo de procedimento, porque procedimento está dentro de processo; - Pelos julgados do STF, ainda quando decidem por um lado ou outro, não há uma argumentação suficiente que fundamente satisfatoriamente essa distinção; - Existe uma tendência do STF para, na maioria dos casos, entender que se trata de norma processual, porque tira dos estados membros o poder para legislar sobre a matéria; - Ela propõe que cabe aferência do caso concreto, porque é o estado-membro que está mais próximo das partes, conhecendo suas realidades, sendo o estado-membro a autoridade mais adequada propriamente para legislar sobre a matéria na especialidade da região. Introdução ao Estudo do Direito Processual 2022.2 Professora: Diana Perez Aluna: Ana Flora Lima Normas Processuais Cogentes x Normas Processuais Dispositivas - Normas Processuais são normas de Direito Público; - Esse fato não significa que elas são necessariamente normas de ordem pública; - Normas cogentes são imperativas e impositivas, de forma que as partes não podem deliberar, enquanto que as dispositivas dão a possibilidade de negociação e resolução de conflitos entre as partes; - Desde o Código de Processo Civil de 1973, existe a corrente que defende que normas processuais são normas cogentes; - Outra corrente doutrinária defende que a maioria das normas processuais são cogentes, mas não são todas que possuem esse caráter; - O Código de Processo Civil de 2015 traz a novidade de existência de negócios jurídicos processuais atípicos (art. 190/CPC). As partes podem, dentro de certos parâmetros, negociar sobre o processo; - Logo, as normas processuais não são sempre cogentes. Fontes • ConstituiçãoFederal: A Constituição irradia os seus efeitos por todos os ramos do Direito. Tudo deve ser estudado e interpretado à luz da Constituição. Logo, a Constituição é sim fonte de normas processuais. Existem direitos fundamentais processuais; • Tratados Internacionais: Existem inúmeros tratados internacionais dos quais o Brasil é signatário que versam sobre normas processuais. As cartas rogatórias são muito importantes para o desenvolver de processos; • Leis Federais: As normas de caráter processual apenas a União pode legislar, então são leis necessariamente federais; • Constituição e Leis Estaduais: Os estados podem versar sobre e regulamentar as normas procedimentais; • Regimentos Internos dos Tribunais: No âmbito processual são extremamente importantes os regimentos internos dos tribunais. O regimento interno diz como se dá a divisão e a estrutura de cada tribunal; Introdução ao Estudo do Direito Processual 2022.2 Professora: Diana Perez Aluna: Ana Flora Lima • Jurisprudência: A Jurisprudência é indiscutivelmente fonte de Direito Processual, mesmo porque existem súmulas vinculantes processuais; • Negócios Jurídicos Processuais: É possível que as partes estimulem como se dará o processo, logo, é possível que as partes criem normas processuais; • Usos e Costumes: Usos e costumes de uma determinada comunidade podem sim determinar normas processuais (Ex.: Pedido de reconsideração dos advogados); • Resoluções: As resoluções possuem caráter normativo, porque preenchem lacunas e uniformizam o Ordenamento Jurídico. A questão envolvida são os seus limites, não se pode permitir que uma resolução vá de encontro ao Código de Processo; • Doutrina: Em casos que há um vazio conceitual, cabe à doutrina exercer esse papel para as normas processuais. Interpretação e Integração Todo texto legal precisa ser interpretado, o que contém as normas processuais. • Método Literal/Gramatical/Exegético: A interpretação se dá através da verificação do sentido literal das palavras usadas; • Método Lógico-Sistemático: A lei é analisada à luz do Ordenamento Jurídico como um todo; • Método Histórico: É feita uma evolução histórica daquele instituto comparando as normas atuais com as normas antigas; • Método Comparativo: Comparação das normas processuais com normas processuais de outros países; • Método Axiológico/Teleológico: Leva em consideração a razão de ser da norma; • Com base nesses métodos, chega-se a um resultado, que pode ser: → Resultado Declarativo: A lei significa justamente → Resultado Restritivo: Restringe-se o alcance da lei; → Resultado Extensivo: Estende-se o alcance da lei; → Resultado Abrogante: Afirma-se que determinada lei não se aplica mais Na ausência, lacuna ou obscuridade das leis, o magistrado não pode se furtar de julgar, tendo que achar uma maneira integrar o Ordenamento Jurídico. Introdução ao Estudo do Direito Processual 2022.2 Professora: Diana Perez Aluna: Ana Flora Lima Lei Processual no Espaço • A Jurisdição é uma função soberana do Estado, então a norma processual versa sobre a jurisdição. Logo, nada mais comum que se aplique no âmbito do Direito Processual o Princípio da Territorialidade; • Rege-se, no Direito Processual, a territorialidade estrita (rígida), na qual é vedada a aplicação de uma norma estrangeira diretamente em um processo que está tramitando aqui, pois seria uma violação à soberania estatal; • Art. 13/LINDB: Fato ocorre lá, porém o processo ocorre aqui. Nesse caso, é possível que a lei aplicada seja a estrangeira para a prova. Alguns doutrinadores dizem que este artigo se trata de uma exceção à territorialidade rígida, outros doutrinadores, pelo contrário, afirmam que a rigidez só se aplica às normas processuais puras, então não há exceção elaborada no artigo citado, levando em consideração que este é um instituto bifronte. Lei Processual no Tempo - Na lei processual no tempo, aplica-se, em regra, o Princípio da Irretroatividade. Dessa forma, a eficácia da lei nova é imediata (dali em diante); - No âmbito do Direito Processual há uma peculiaridade, o processo não começa e termina no mesmo contexto temporal, porque processo é uma série de atos que se prolongam no tempo; - Nesse sentido, não é incomum que surjam leis novas no decorrer de um processo. • Processos Findos: São aqueles processos que já acabaram, de forma que uma lei processual nova não vai retroagir para atingi-los; • Processos Futuros: São aqueles processos que ainda não começaram, de forma que a lei nova se aplica sem maiores problemas; • Processos Pendentes: → Teoria da Unidade Processual: O processo é um todo, uno e indivisível, de forma que só pode usar uma lei durante todo o seu decorrer. Desse modo, teria que ser escolhido entre a lei nova e a lei velha qual das duas seria aplicada (ultratividade ou retroatividade); → Teoria das Fases Processuais: O processo é agrupado em fases (postulatória, saneamento, instrutória, decisória); Esse sistema prega que se surgir uma lei processual nova no decorrer de um processo, ela se aplica á fase seguinte do processo; Introdução ao Estudo do Direito Processual 2022.2 Professora: Diana Perez Aluna: Ana Flora Lima → Teoria do Isolamento dos Atos Processuais: Dentro de uma mesma fase processual existem vários atos. Se surge uma lei processual nova, ela já se aplica ao ato subsequente, mesmo que esteja dentro de uma mesma fase (o tempo rege o ato). É preciso ter cuidado, porque existem atos que se prolongam no tempo. • Questões atinentes à aplicação da lei penal no tempo (Cândido Rangel Dinamarco): - Em relação a essas regras, os institutos bifrontes devem ser vistos de maneira mais flexível (ex.: legitimidade); - Em casos que a lei nova inviabiliza o acesso à justiça, o Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição é afetado, de forma que deve ser aplicada a lei antiga; - A penhora é um exemplo de instituto bifronte, de forma que não deve aplicar-se a ela a rigidez da lei processual no tempo, para que não inviabilize o direito a bem de família (tese que não vingou); → Art. 1.046 caput/CPC: Ao entrar em vigor este Código, suas disposições se aplicarão desde logo aos processos pendentes, ficando revogada a Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973; - A partir do início do ato, se adquire o direito, então não se aplica a lei nova na eventualidade desta; → Pressuposto de Admissibilidade: - Demonstração de existência de repercussão geral para recursos extraordinários. Entretanto, existem exceções ao tempo rege o ato trazidas pelo legislador: - Art. 1.046 §1º CPC/2015 (ultratividade do CPC/1973); - Art. 1.047 CPC/2015:Ação requerida durante a égide do CPC/1973 (ultratividade do CPC/1973); - Execução contra devedor insolvente (ultratividade do CPC/1973); - Art. 1.054 CPC/2015: A mudança do novo CPC referente à Ação Declaratória Incidental não se aplica aos processos iniciados anteriormente a sua vigência; - Art. 1.057 CPC/2015: A contagem da data do prazo da Ação Recisória (ação excepcional que visa desconstituir a coisa julgada) continua sendo aplicada sob a égide do CPC de 1973 para decisões judiciais proferidas antes do início da vigência do novo CPC.
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