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Normas Fundamentais do Processo Civil

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Introdução ao Estudo do Direito Processual – 2022.2 
 Professora: Diana Perez Rios 
 Aluna: Ana Flora Lima 
Normas Fundamentais do Processo 
Civil 
Princípio do Devido Processo Legal 
• Princípio explícito/expresso; 
• O Devido Processo Legal é um “Princípio-Mãe”, porque todos os outros princípios dele decorrem; 
• Vida, Liberdade e Propriedade são institutos submetidos ao crivo do Devido Processo Legal; 
• No âmbito do Direito Processual, promover a dignidade da pessoa humana diz respeito a observar o 
Devido Processo Legal. 
• Art. 5º, LIV, CF/88 e Art. 8º/CPC: 
Art. 5º, LIV, CF/88: Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal; 
Art. 8º/CPC: Ao aplicar o Ordenamento Jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem 
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a 
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. 
• Origem: Magna Carta de João sem Terra (1215); 
• Cláusula Geral: 
Conceito extremamente aberto, configurando-se como uma cláusula geral; 
É justamente essa característica que viabiliza sua perduração, porque permitem adaptações moldáveis às 
especificidades de espaço e de tempo (Ex.: Devido Processo Legal eletrônico). 
• Relações Privadas: O respeito ao Princípio do Devido Processo deve ser observado tanto verticalmente 
quanto horizontalmente, o que abrange as relações privadas. 
• Dimensões: 
→ Formal/Procedimental: 
Dimensão puramente processual, porque se reporta ao conjunto de garantias processuais mínimas; 
Garantias Processuais mínimas: Contraditório, Ampla Defesa, Publicidade, Fundamentação da Decisão etc.; 
Confina os poderes estatais no que se refere à forma como os atos devem ser produzidos. 
→ Substancial/Material: 
Dimensão que promove o controle da razoabilidade e a proporcionalidade das normas; 
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Controla o conteúdo das decisões judiciais, afastando, assim, obstáculos desarrazoados. 
Princípio da Efetividade 
• Princípio implícito constitucionalmente; 
Art. 4º/CPC: As partes têm o direito de obter, em prazo razoável, a solução integral do mérito, incluída a 
atividade satisfativa; 
• Esse princípio prega que não basta o reconhecimento do direito, sendo necessária sua efetivação 
(produção dos resultados práticos almejados com a decisão); 
• Processo Devido é Processo Efetivo; 
• Direito Fundamental à Tutela Executiva: Os magistrados vêm dotando de meios para fazer valer suas 
decisões. 
Princípio da Eficiência 
• Previsto expresso na Constituição; 
• Art. 37 caput CF/88 e Art. 8º/CPC: 
Art. 37 CF/88: A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do 
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência e, também, ao seguinte: [...]; 
Art. 8º/CPC: Ao aplicar o Ordenamento Jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem 
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a 
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência. 
• Dimensões: 
→ Sobre a Administração Judiciária: Os órgãos responsáveis pela Administração da Justiça devem fazer 
com que ela se dê de forma eficiente (órgãos que compõem o Poder Judiciário); 
→ Sobre a Gestão do Processo: 
O condutor do processo é o magistrado. Logo, o órgão jurisdicional, personalizado na figura do juiz, tem o 
dever de conduzir o processo de maneira eficiente; 
Essa eficiência seria a versão contemporânea do Princípio da Economicidade Processual; 
O juiz, gerindo o processo, tem a preocupação de seguir relação vantajosa de custo-benefício. 
• Eficiência x Efetividade: 
Princípios que não se confundem; 
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É possível ser efetivo (satisfação do direito) sem ser eficiente, mas não é possível ser eficiente sem ser 
efetivo; 
A efetividade é pré-requisito da eficiência. 
Princípio da Duração Razoável do Processo / Tempestividade 
/ Processo sem Dilações Indevidas 
• Princípio expresso/explícito constitucionalmente; 
• Previsto originalmente no Pacto de São José da Costa Rica e incorporando como emenda constitucional; 
• Art. 5º, LXXVIII CF/88 e Art. 4º/CPC: 
Art. 5º, LXXVIII CF/88: Todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do 
processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação; 
Art. 4º/CPC: As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a 
atividade satisfativa. 
• Conceito Aberto e Indeterminado: 
Há uma dificuldade na estipulação do tempo razoável do processo, porque cada processo é único e 
particular; 
Existem fatores e peculiaridades que fazem com que um processo se diferencie do outro, incluindo o 
tempo de sua durabilidade; 
A tentativa de mensurar um tempo razoável para cada processo não é eficaz na prática. 
• Critérios: 
→ 1º Critério - Estrutura do Poder Judiciário: O déficit de servidores ou da própria capacitação dos 
servidores existentes influencia diretamente na duração do processo; 
→ 2º Critério - Comportamento das Partes: A forma como as partes interagem no processo influencia 
diretamente na duração do processo; 
Ex: Recurso meramente protelatório. 
→ 3º Critério - A Complexidade da Causa: As causas mais simples tendem a transitar de forma mais rápida, 
o que não acontece com as causas mais complexas. 
• Duração Razoável x Celeridade: 
A celeridade dá uma ideia de corrida desenfreada; 
O processo não tem que ser célere, pois precisa de maturação; 
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O tempo é indispensável no processo, porque para que uma decisão seja justa, é preciso que se sigam 
determinadas etapas; 
O problema se constitui quando esse tempo vai além do que é razoável; 
Não se pode, em nome de uma pretensa celeridade do processo, passar por cima de garantias 
fundamentais. 
• Formas de Concretização: 
A fiscalização das corregedorias e do CNJ é importante para tentar garantir a duração razoável dos 
processos; 
Mudança da técnica legislativa (precedentes vinculantes); complexidade hermenêutica menor; 
Meios alternativos de resolução de conflitos; 
Coletivização dos processos. 
Princípio da Igualdade / Paridade de Armas 
• Princípio constitucionalmente explícito; 
• Art. 5º caput CF/88 e Art. 7º/CPC: 
Art. 5º CF/88: Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, 
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes [...]. 
Art. 7º/CPC: É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e 
faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, 
competindo ao juiz zelas pelo efetivo contraditório. 
• Igualdade Substancial x Igualdade Formal: 
A igualdade buscada nesse princípio é a igualdade substancial; 
Cabe ao juiz, diante do caso concreto, garantir a paridade de armas. 
• Inversão do Ônus da Prova (Art. 6º, VIII/CDC): 
Em regra, quem alega tem que provar; 
É possível que o juiz, no caso concreto, inverta o ônus da prova; 
No caso do Código de Defesa do Consumidor, essa inversão pode ocorrer, porque o consumidor é visto 
como a parte mais fraca da relação jurídica; 
Esse artigo do Código do Consumidor, de forma alguma, viola o Princípio da Igualdade, inclusive o ratifica. 
• Prazos diferenciados da Fazenda Pública (Art. 183/CPC): 
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O Estado tem o dobro de tempo de prazo em relação à intimação pessoal; 
Isso não viola o princípio da paridade de armas, pois a demanda da Fazendo Pública é infinitamente maior 
e o aparato que possui à sua disposição é proporcionalmente pequeno; 
Além disso, é grandioso o empecilho de entraves burocráticos para o Estado; 
Dessa forma, o Estado tem fundamento para possuir prazos em dobro, de forma que essa medida garante 
a paridade de armas entre o serviço público e o âmbito dos entes privados. 
• Remessa Necessária (Art. 496/CPC): 
No caso de uma sentença condenar o Estado, o processo tem que subir para instância superior com órgão 
colegiado para que ocorra nova apreciação do mérito; 
A remessa, por si só, não viola o princípio da paridade de armas, por conta do Princípio da Supremacia do 
Interesse Público sobre o Particular; 
Isso porque, quando o Estado é condenado, a coletividade é condenada, pois os recursos do Estado 
provêm do cidadão; 
A reforma para ampliar a condenação e prejudicar o Estado não acontece nos tribunais superiores, fato 
esse que vem a violar o princípio da paridade de armas, porque prejudica o ente privado em litígio contra a 
Fazenda Pública (instituto promotor de injustiça); 
Nesse sentido, se dá a importância do ente privado recorrer à decisão antes que o processo suba aos 
tribunais superiores. 
Princípio do Contraditório / Audiência Bilateral 
• No processo, todos devem ser ouvidos a respeito dos atos que se dão no decorrer do processo; 
• Princípio previsto na Constituição Federal de 1988; 
• Art. 5º, LV, CF/88 e Arts. 7º, 9º e 10/CPC: 
Art. 5º, LV, CF/88 – Aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são 
assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; 
Art. 7º/CPC: É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e 
faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, 
competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório; 
Art. 9º/CPC: Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida; 
Art. 10/CPC: O juiz pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base e fundamentos a respeito do qual 
não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual 
deva decidir de ofício. 
• Dimensões: 
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→ Formal: É a mera capacidade das partes participarem do ato processual; 
→ Substancial: 
Não basta garantir às partes o direito de participação nos atos processuais, é necessário o direito de 
influenciar da decisão do magistrado; 
Nesse sentido, há a proibição de prolação de decisões-surpresa com um conteúdo não manifestado 
anteriormente; 
Além disso, serve de fundamento para o direito de acompanhamento das partes por advogados (alguém 
com conhecimento técnico para concretamente influenciar na decisão do magistrado). 
• Liminar x Contraditório: 
Existem casos em que, pela urgência da situação, não é dado à parte contrária o direito de se manifestar 
(Ex.: Processos contra planos de saúde); 
A concessão dessas medidas liminares não viola, propriamente, o princípio do contraditório; 
O que acontece é a postergação desse direito, porque, diante da urgência do caso, não há como esperar a 
decisão; 
Por isso, as decisões proferidas em regime de urgência têm caráter precário. 
• Matérias que podem ser conhecidas de ofício: 
Existem algumas matérias, em Direito Processual, que podem ser conhecidas de ofício; 
O conhecimento de ofício é quando o magistrado reconhece a existência de determinada pauta 
independente de alegação das partes; 
Nesses casos, ainda existe a necessidade de obediência o princípio da audiência bilateral, devendo-se 
atribuir às partes o direito ao contraditório. 
Princípio da Ampla Defesa 
• Segundo a doutrina, a ampla defesa seria o conjunto de meios adequados e necessários para o exercício 
do contraditório; 
• Com a bifurcação das dimensões do contraditório, defende-se que o princípio da ampla funde-se com o 
princípio do contraditório; 
• Ou seja, o princípio da ampla defesa seria o princípio do contraditório em sua dimensão substancial. 
Princípio da Publicidade 
• Princípio previsto constitucionalmente, inclusive em vários artigos, indicando grande preocupação do 
legislador; 
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• Salvo as questões que tramitam em segredo de justiça, o processo deve ser publicizado, isto é, ser 
tornado público; 
• Arts. 5º, LX, e 93, IX e X, CF/88 e Arts. 8º e 11/CPC: 
Art. 5º, LX, CF/88: A lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da 
intimidade ou o interesse social o exigirem; 
Art. 93, IX, CF/88: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicas, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados os atos, às 
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à 
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à formação; 
Art. 93, X, CF/88: As decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as 
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; 
Art. 8°/CPC: Ao aplicar o Ordenamento Público, o juiz atenderá aos fins sociais e às exigências do bem 
comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a 
razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência; 
Art. 11/CPC: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas 
as decisões, sob pena de nulidade. 
• Funções e Dimensões: 
Em regra, os atos processuais são públicos; 
Essa característica possui as funções de proteger as partes do processo (dimensão interna) e permitir um 
controle externo dos atos processuais (dimensão externa). 
• Restrição: 
O juiz não pode impedir acesso às partes envolvidas no processo. Existem, contudo, casos, em que pessoas 
alheias ao processo não podem acessá-lo (processos tramitados em segredo de justiça); 
Nesses caos, como o Princípio da Publicidade não pode ser restringindo em sua dimensão interna, há 
possibilidade de existência de restrição para a dimensão externa (processos que tramitam em segredo de 
justiça); 
Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional 
• Art. 5º, XXXV, CF/88 e Art. 3º/CPC: 
Art. 5º, XXXV, CF/88: A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito; 
Art. 3º/CPC: Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. 
Apreciação jurisdicional é mais ampla que apreciação do Poder Judiciário; 
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Não é preciso esperar que se consolide uma lesão para recorrer ao Judiciário (tutela repressiva e tutela 
preventiva). 
• Arbitragem: A arbitragem não viola o Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional 
(entendimento do STF); 
• Vedação ao Non Liquet (Art. 140/CPC): 
Art. 140/CPC: O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do Ordenamento 
Jurídico; 
O juiz, portanto, não pode simplesmente deixar de decidir. 
• Jurisdição Condicionada/Instância Administrativa Forçada (Art. 217 §1º, CF/88): 
Não é necessário o esgotamento das instâncias administrativas para arguir nas instâncias jurisdicionais; 
No Brasil, não se permite a jurisdição condicionada ou instância administrativa forçada. A única exceção 
constitucional se refere ao âmbito da justiça desportiva (art. 217, § 1º, CF/88). 
 
Princípio do Juiz Natural 
• Não há dispositivo que trate expressamente desse princípio, sendo encontrado implicitamente em 
variados dispositivos legais; 
• Art. 5º, XXXVII e LIII, CF/88: 
Art. 5º, XXXVII, CF/88: Não haverá juízo ou tribunal de exceção; 
Art. 5º, LIII, CF/88: Ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. 
• Dimensões: 
→ Formal/Objetiva: Refere-se à competência (há, também, a vedação da criação de tribunais de exceção); 
→ Substancial/Subjetiva: 
 
Remete à imparcialidade/independência do juiz, ou seja, o magistrado deve ser imparcial - não deve ter 
interesse direto na solução da causa (imparcialidade objetiva), mantendo-se equidistante das partes 
envolvidas; 
 
Imparcialidade não se confunde com neutralidade; 
 
É impossível um ser humano ser neutro, porque não há como se desvencilhar totalmente da carga trazida; 
 
Logo, o juiz precisa ser imparcial, mas é impossível que ele seja neutro. 
 
◦ Impedimento e Suspeição (Arts. 144 e 145/CPC): 
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Hipóteses Objetivas → Art. 144/CPC: Há impedimento do juiz, sendo-lhe vedado exercer suas funções no 
processo: 
I – em que interveio como mandatário da parte, oficiou como perito, funcionou como membro do 
Ministério Público ou prestou depoimento como testemunha; 
II – de que conheceu em outro grau de jurisdição, tendo proferido decisão; 
III – quando nele estiver postulado, como defensor público, advogado ou membro do Ministério Público, seu 
cônjuge ou companheiro, ou qualquer parente, consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o 
terceiro grau, inclusive; 
IV – quando for parte no processo ele próprio, seu cônjuge ou companheiro ou parente, consanguíneo ou 
afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive; 
V - quando for sócio ou membro de direção ou de administração de pessoa jurídica parte no processo; 
VI - quando for herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de qualquer das partes; 
VII - em que figure como parte instituição de ensino com a qual tenha relação de emprego ou decorrente de 
contrato de prestação de serviços; 
VIII - em que figure como parte cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente, 
consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, mesmo que patrocinado 
por advogado de outro escritório; 
IX - quando promover ação contra a parte ou seu advogado. 
§1º: Na hipótese do inciso III, o impedimento só se verifica quando o defensor público, o advogado ou o 
membro do Ministério Público já integrava o processo antes do início da atividade judicante do juiz. 
§2º: É vedada a criação de fato superveniente a fim de caracterizar impedimento do juiz. 
§3º: O impedimento previsto no inciso III também se verifica no caso de mandato conferido a membro de 
escritório de advocacia que tenha em seus quadros advogado que individualmente ostente a condição nele 
prevista, mesmo que não intervenha diretamente no processo. 
Hipóteses Subjetivas → Art. 145/CPC: Há suspeição do juiz: 
I – Amigo íntimo ou inimigo de qualquer das partes ou de seus advogados; 
II – Que receber presentes de pessoas que tiverem interesse na sua causa antes ou depois de iniciadoo 
processo, que aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa ou que subministrar meios para 
atender às despesas do litígio; 
III – Quando qualquer das partes for da sua credora ou devedora, de seu cônjuge ou companheiro ou de 
parentes destes, em linha reta até o terceiro grau, inclusive; 
IV – Interessado no julgamento do processo em favor de qualquer das partes. 
§1º: Poderá o juiz declarar-se suspeito por motivo de foro íntimo, sem necessidade de declarar suas razões. 
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§2º: Será ilegítima a alegação de suspeição quando: 
I – Houver sido provocada por quem a alega; 
II – A parte que a alega houver praticado ato que signifique manifesta aceitação do arguido. 
• Varas Especializadas: 
É possível que os processos sejam remetidos às varas especializadas; 
Não viola o Princípio do Juiz Natural, porque são utilizados critérios objetivos e não subjetivos. 
• Promotor Natural: 
Princípio do Promotor Natural existe? Segundo o STF, não existe. 
Princípio da Motivação das Decisões Judiciais e Livre 
Convencimento Motivado / Persuasão Racional do Juiz 
• Art. 93, IX, CF/88 e Art. 11/CPC: 
Art. 93, IX, CF/88: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas 
todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, as 
próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à 
intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; 
Art. 11/CPC: Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas as 
decisões, sob pena de nulidade. 
O magistrado é obrigado a motivar e fundamentar suas decisões, dizendo os motivos pelos quais a 
sentença é esta e não outra; 
Decisão que não é fundamentada é decisão nula. 
• Liminares: 
Liminar é momento processual; 
Para conceder uma liminar, o juiz precisa dizer porquê a está concedendo. 
• Dimensões: 
→ Dimensão Interna: 
Do ponto de vista interno, é importante para que as partes envolvidas saibam o porquê do magistrado não 
ter acatado suas alegações e para que possam ser formuladas suas razões de recurso; 
Além disso, é importante também para que o órgão que aprecie o recurso possa decretar o erro ou o 
acerto da decisão. 
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→ Dimensão Externa: Do ponto de vista externo, é importante para o controle do povo, aferindo a 
legalidade da decisão judicial. 
• Sistema do Livre Convencimento Motivado do Juiz: 
O juiz pode afastar uma prova pericial (técnica) e levar em conta outras provas que constam nos autos, 
fazendo isso de forma motivada; 
Art. 371/CPC: O juiz apreciará a prova constante dos autos independentemente do sujeito que a tiver 
promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento; 
Esse sistema é um meio-termo entre o Sistema de Prova Tarifada e o Sistema de Íntima Convicção (nem 
oito nem oitenta); 
Pelo Sistema de Prova Tarifada tem um valor pré-definido (hierarquia entre prova pericial e testemunhal, 
por exemplo); 
No Sistema da Íntima Convicção o magistrado julga de acordo com a sua convicção, independente das 
provas que estão nos autos. 
Princípio da Adequação / da Elasticidade / da Flexibilidade 
Princípio implícito, decorrente de outros princípios; 
Esse princípio prega que o processo e o procedimento devem se adequar ao Direito Material que está 
sendo levado a juízo, em respeito à tutela jurisdicional; 
• Dimensões: 
→ Legislativa: 
Essa dimensão se reporta ao legislador, no momento da elaboração da norma processual; 
Dimensão prévia e abstrata. 
→ Jurisdicional: 
Essa dimensão se reporta ao juiz e se dá diante do caso concreto; 
O magistrado pode promover adequações no procedimento diante das características daquele caso em 
específico (ex.: inversão do ônus da prova). 
→ Negocial: 
Essa dimensão também se dá diante do caso concreto; 
Deriva dos negócios jurídicos processuais; 
As partes podem celebrar um negócio jurídico processual e promover as adequações necessárias no caso 
concreto. 
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• Critérios/Aspectos: 
Todas as dimensões se aplicam a todos os critérios; 
→ Subjetivo: O processo deve se adequar aos sujeitos do processo, ou seja, àqueles que nele estão 
envolvidos (ex.: processos em que idosos figuram como parte têm prioridade de tramitação); 
→ Teleológico: O processo deve se adequar aos fins sociais almejados e aos valores que devem ser 
alcançados (ex.: lei de criação dos juizados especiais – causas de menor complexidade mais céleres); 
→ Objetivo: O processo deve se adequar à natureza do Direito Material que está sendo discutido, à 
situação de evidência (alta probabilidade do direito discutido) e à situação de urgência (perigo da demora 
do direito discutido) (ex.: alimentos e liminares). 
Princípio da Boa-fé Processual 
Art. 5º/CPC: Aquele que, de qualquer forma, participa do processo deve comportar-se de acordo com a 
boa-fé; 
• Boa-fé Objetiva: 
A boa-fé objetiva é a norma de conduta; um padrão mínimo de eticidade; 
O Princípio da Boa-fé Processual é um marco forte do novo Código de Processo Civil, que se dá à luz da fase 
metodológica do neoprocessualismo (revisitação de institutos antigos sob novos paradigmas); 
Processo tem que ser pautado na eticidade, tanto na relação com o juiz quanto na relação com o 
adversário (parte contrária); 
A boa-fé objetiva deve ser respeitada por todos e entre todos. 
• Cláusula Geral: Esse princípio é uma cláusula geral, pois é extremamente amplo e dele decorrem 
inúmeras regras (ex.: litigância de má-fé); 
• Deveres de Cooperação. 
Princípio da Cooperação 
• Princípio expresso no Código de Processo Civil; 
Art. 6º/CPC: Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre para que se obtenha, em tempo razoável, 
decisão de mérito justa e efetiva. 
• Princípio Dispositivo x Princípio Inquisitivo: 
→ Princípio Dispositivo: O processo era coisa das partes, então,a elas cabiam o papel de protagonismo; as 
partes conduziam o processo e o magistrado ocupava o papel de mero coadjuvante (Processo Civil); 
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→ Princípio Inquisitivo: O processo era coisa do Estado, de forma que o juiz funcionava como protagonista 
(Processo Penal); 
Com o passar do tempo e com a reaproximação do Processo Civil e do Processo Penal, essa dicotomia foi 
superada e prevalece o Princípio da Cooperação; 
Literalmente todos os sujeitos que, de alguma forma, atuam no processo são dele protagonistas. 
• Deveres das Partes (esclarecimento, lealdade e proteção) e Deveres do Órgão Jurisdicional 
(esclarecimento, consulta, prevenção e auxílio): 
→ Dever de Esclarecimento (partes): As partes têm o dever de serem claras quanto as suas postulações; 
→ Dever de Lealdade: As partes não podem litigar de má-fé, sob pena de multa; 
→ Dever de Proteção: As partes têm o dever de não causar danos ao processo; 
→ Dever de Esclarecimento (órgão jurisdicional): 
Assim como as partes, o magistrado tem o dever de ser claro na prática de seus atos; 
Quando o juiz não é claro, as partes podem solicitar esclarecimento. 
→ Dever de Consulta: 
O magistrado tem o dever de consultar as partes sobre qualquer questão a respeito da qual elas não 
tenham tido a oportunidade de se manifestar; 
Esse dever é a concretização do Princípio do Contraditório. 
→ Dever de Prevenção: O magistrado tem o dever de apontar eventuais defeitos que existam no processo, 
bem como a consequência do não cumprimento dos ônus processuais. 
→ Dever de Auxílio: O magistrado tem o dever de ajudar as partes a superarem eventuais obstáculos que 
existam no processo. 
Princípio da Proteção da Confiança 
• Subprincípio do Princípio da Proteção da Segurança Jurídica; 
• Impõe a proteção da confiança de determinado sujeito na prática de uma conduta com base em um ato 
normativo revestido de legalidade; 
• Se é praticada uma conduta respaldado em um ato normativo ao longo do tempo, é gerada uma 
confiança, de forma que devem ser preservados os efeitos já gerados por esse ato. 
Princípio do Autorregramento da Vontade 
• Direito Fundamental à Liberdade: 
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Não tem previsão legal expressa especificamente, estando inserido no direito fundamental à liberdade; 
Direito à liberdade é o direito à regulação de interesses pelos sujeitos. 
• Negócios Jurídicos Processuais: Com os negócios jurídicos processuais atípicos são manifestações do 
princípio do autorregramento. 
• Estímulo à Resolução Consensual de Conflitos (Art. 3º/CPC): 
Política de incentivo do legislador, que também funciona como manifestação forte do novo CPC em relação 
ao princípio do autorregramento; 
Alguns doutrinadores tratam esse tópico como um princípio autônomo; 
Conciliação, por exemplo, deve ser estimulada pelo juiz antes de instaurado o processo judicial. 
• Arbitragem: 
No Código de Processo Civil de 1973 não havia menção à arbitragem; 
No Código de PC de 2015, permite explicitamente a arbitragem na forma da lei; 
A arbitragem não pode ser imposta, advinda diretamente da manifestação do autorregramento da 
vontade. 
Princípio da Primazia da Decisão do Mérito 
O processo pode chegar ao fim com ou sem a análise do mérito; 
A forma mais saudável e indicada de finalização de um processo judicial é com a análise do mérito (mérito 
como procedente ou improcedente); 
Existe a possibilidade de extinção anômala e não saudável do processo, em que o juiz não põe fim à 
controvérsia, não analisando o pedido especificamente (não se forma a coisa julgada material e o impasse 
não é solucionado, podendo gerar a repropositura da ação); 
Com isso, é priorizada a decisão de mérito sempre que possível, para que as demandas sejam analisadas. 
• Arts. 4º e 6º/CPC: 
Art. 4º/CPC: As partes têm o direito de obter, em prazo razoável, a solução integral do mérito, incluída a 
atividade satisfativa; 
Art. 6º/CPC: Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo 
razoável, decisão de mérito justa e efetiva. 
Princípio do Duplo Grau de Jurisdição 
• Garantia Constitucional? 
 Introdução ao Estudo do Direito Processual – 2022.2 
 Professora: Diana Perez Rios 
 Aluna: Ana Flora Lima 
Celeuma doutrinária: Garantia constitucional ou garantia do sistema recursal? 
• Ligado ao Sistema Recursal: 
Consiste na possibilidade de o litigante vencido ter a matéria que está sendo objeto de discussão no 
processo reapreciado dentro do mesmo processo por um órgão superior; 
Existem causas em que essa reapreciação do mérito não é possível, como sentenças do Supremo Tribunal 
Federal, que são veredito em última instância; 
Essa hipótese existe porque esse princípio é analisado como uma garantia do sistema recursal. 
• Críticas ao Princípio do Duplo Grau de Jurisdição: 
Muitos atribuem a morosidade dos processos ao princípio do duplo grau de jurisdição; 
Muitos defendem a ideia de que esse princípio contribui para o desprestígio da primeira instância; 
Muitos afirmam que esse princípio é responsável por quebrar a unidade da prestação jurisdicional; 
Muitos criticam esse instituto baseados no argumento de que o juiz de primeira instância possui uma 
sensibilidade muito maior quanto ao processo em comparação aos juízes de outras instâncias, porque o 
primeiro participou ativamente da fase instrutória do processo e teve contato direto com as partes. 
Instauração do Processo por Iniciativa da Parte e 
Desenvolvimento por Impulso Oficial 
• Norma-regra fundamental do Direito Processual Civil; 
Art. 2º/CPC: O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as 
exceções previstas em lei; 
• A jurisdição, em regra, é inerte. Nesse sentido, é preciso que a parte exerça o seu direito de ação para 
que se instaure o processo, para que a atividade jurisdicional seja desenvolvida pelo impulso oficial; 
Geração da falsa ideia de que a inércia só precisa ser rompida no momento da propositura da ação; 
Se a parte não recorre à sentença de um magistrado, considera-seque ela a aceita. Caso ela não concorde, 
para que o mérito seja analisado novamente, é preciso que a inércia seja rompida mais uma vez; 
A obrigação de fazer também pode ser iniciada por impulso oficial (ação de ofício do magistrado). 
• Exceções 
Obediência à Ordem Cronológica de Conclusão 
• Norma-regra fundamental do Direito Processual Civil; 
 Introdução ao Estudo do Direito Processual – 2022.2 
 Professora: Diana Perez Rios 
 Aluna: Ana Flora Lima 
Art. 12/CPC: Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para 
proferir sentença ou acórdão; 
• Essa norma visa a concretização dos princípios da igualdade e da duração razoável do processo; 
• A ordem cronológica trata das decisões finais para proferir sentença ou acórdão (não se aplica às 
decisões no curso do processo, como as liminares); 
• Exceções: 
Art. 12, §2º/CPC: Estão excluídos da regra do caput: 
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido; 
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos 
repetitivos; 
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas; 
IV - as decisões proferidas com base nos Arts. 485 e 932; 
V - o julgamento de embargos de declaração; 
VI - o julgamento de agravo interno; 
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça; 
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal; 
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada. 
• Processos Prioritários: 
Art. 12, §6º/CPC: Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º, o 
processo que: 
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou 
de complementação da instrução; 
II - se enquadrar na hipótese do Art. 1.040, inciso II. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art485
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art1040

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