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DIREITO DO TRABALHO "Todo o Homem que trabalha tem direito a uma remuneração justa e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana, e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social". Declaração Universal dos Direitos do Homem - 10 de dezembro 1948. CONCEITO CLASSICO: Direito do Trabalho é o conjunto de princípios e normas, legais e extralegais, que regem tanto as relações jurídicas individuais e coletivas, oriundas do contrato de trabalho subordinado e, sob certos aspectos, da relação de trabalho profissional autônomo, como diversas questões conexas de índole social, pertinentes ao bem- estar do trabalhador - SUSSEKIND, Arnaldo. Curso de direito do trabalho. 2ª ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2004. p. 81, CONCEITO MODERNO: Conjunto de princípios e regras jurídicas aplicáveis as relações individuais e coletivas de trabalho, de caráter eminentemente social, destinado a melhoria das condições de emprego - ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direito do Trabalho. 16ª ed. Rio de Janeiro: Riddel, 2017. p. 31. EMPREGO NÃO SINÔNIMO E DE TRABALHO! TRABALHO NÃO É SINÔNIMO DE EMPREGO! MAS OS DOIS SÃO SINÔNIMOS DE DIREITO DO TRABALHO. As fontes materiais são consideradas uma etapa anterior ao surgimento das fontes formais. A fonte do direito do trabalho do tipo material é a antecipação da elaboração da norma jurídica positivada nas fontes formais. As fontes materiais são o complexo de fatores que ocasionam o surgimento de normas, compreendendo fatos e valores. São estudados os fatores sociais, psicológicos, econômicos, históricos, dentre outros, sendo realizada uma análise de fatos reais que influenciarão na edição da norma jurídica. (MARTINS, Sérgio Pinto. 2012 p. 37). A fonte do Direito do Trabalho, do tipo materiais, são aquelas que se baseiam em acontecimentos ou fatos sociais, econômicos, filosóficos e políticos, nos quais o legislador se inspira para elaborar as norma jurídicas. As fontes do Direito do Trabalho, do tipo formais, nada mais são do que a exteriorização das normas jurídicas trabalhistas É A POSITIVIDADE DA NORMA. A fonte formal surge quando o valor criado pelas fontes materiais se torna uma norma jurídica. As fontes do direito do trabalho (formais) podem ser elaboradas: ➢ pelo Estado (OBRIGAÇÃO PARA TODA SOCIEDADE) ➢ pelos destinatários das normas (classe operária e classe empresarial),SOMENTE as partes afetadas pelo acordo ou convenção é que serão impactadas pela norma jurídica. NORMAS TRABALHISTAS As normas jurídicas são de observância obrigatória pela sociedade. Deverão ser cumpridas por todas as pessoas, quem quer que sejam. São obrigatórias pois possuem caráter imperativo. HIERARQUIA CLASSICA DE PRINCÍPIOS 1. Princípio da Proteção Este princípio parte da premissa que como o empregador e detentor do poder econômico, assim ficando em uma situação privilegiada, o empregado será conferido de uma vantagem jurídica que buscará equalizar esta diferença. Este princípio ainda se desdobra em outros três que veremos a seguir. 1.1 - “in dúbio pro operário” Nos casos de dúvida o aplicador da lei devera aplicá-la de maneira mais favorável ao empregado. 1.2- Princípio da condição mais benéfica. Este princípio e uma aplicação do princípio constitucional do direito adquirido: Art. 5ª , XXXVI CF/88 – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada ;(grifo nosso). Assim o trabalhador que já conquistou um direito não poderá ter seu direito atingido mesmo que sobrevenha uma norma nova que não lhe e favorável. A súmula 51 do TST diz o seguinte: Súmula-51 – Norma Regulamentar. Vantagens e opção pelo novo regulamento. Art. 468 da CLT. I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento. (ex-Súmula nº 51 – RA 41/1973, DJ 14.06.1973) II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro. (ex-OJ nº 163 – Inserida em 26.03.1999) 1.3 – Princípio da aplicação da norma mais favorável Este princípio foi desdobrado em: A – Princípio da elaboração de normas mais favoráveis Legislador, ao elaborar uma lei , deve analisar seus reflexos e visar melhorias para as condições sociais e de trabalho do empregado. B – Princípio da hierarquia das normas jurídicas Independentemente da hierarquia das normas jurídicas, deverá ser aplicada sempre a mais benéfica ao trabalhador. (Ex: se em uma convenção ficar decidido férias de 45 dias, assim ocorrerá mesmo que na CF esteja dispostos 30 dias). C– Princípio da interpretação mais favorável Quando existir uma obscuridade no texto legal, deverá se aplicar a lei de forma que melhor acomode os interesses do trabalhador. Jurisprudência 2- Princípio da irrenunciabilidade dos direitos trabalhistas Este princípio está bem claro no art. 9º da CLT, combinado com o art. 7º VI da CF/88 que aliás traz a única ressalva a este princípio: Art. 9º CLT – Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação. Art. 7.º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social. (…) VI – irredutibilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo; 3 – Princípio da Primazia da Realidade Este princípio faz referência ao princípio da verdade real que está no direito processual penal. Sua aplicação no direito do trabalho vem demonstrar a maior valoração que possui o fato real do que aquilo que consta em documentos formais. Em matéria de trabalho importa o que ocorre na prática, mais do que aquilo que as partes hajam pactuado de forma mais ou menos solene, ou expressa, ou aquilo que conste em documentos, formulários e instrumentos de controle. TRIBUNAL: TST DECISÃO: 03 12 2003 PROC: RR NUM: 807797 ANO: 2001 (…) No caso concreto, o TRT converteu o rito da demanda de ordinário para sumaríssimo, ignorando o teor do inciso I do art. 852-B da CLT, em clara violação aos termos do preceito, bem como ao princípio da primazia da realidade, que norteia o Direito do Trabalho, segundo o qual o aspecto formal não pode prevalecer sobre a realidade fática.Recurso de Revista conhecido por violação e provido.DECISÃO Por unanimidade, conhecer do recurso de revista por violação do inciso I do art. 852-B da CLT e do princípio da primazia da realidade e,no mérito, dar-lhe provimento para, anulando as decisões expressas na certidão de fl. 43, e no despacho de fl. 56, determinar o retorno dos autos ao TRT de origem, para que outra decisão seja proferida, obedecido o rito ordinário. Prejudicado o exame dos demais temas do recurso de revista 4- Princípio da continuidade da relação de emprego: Este princípio determina que salvo em prova em contrário, presume-se que o trabalho terá validade por tempo indeterminado. A quebra de contrato é uma aberração jurídica trabalhista. As exceções serão os contratos por prazo determinado e os trabalhos temporários. Súmula 212 TST: Despedimento. Ônus da prova – O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. (Res. 14/1985, DJ 19.09.1985) Como consequência deste princípio temos o princípio da proibição da despedida arbitrária ou sem causa conforme dispõe art. 7º , I da CF/ 88: Art. 7.º São direitos dostrabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: I – relação de emprego protegida contra despedida arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei complementar, que preverá indenização compensatória, dentre outros direitos; 5- Principio da boa-fé: Artigo 8ª. CLT c/c artigo 422 do CC. Boa fé no contrato de trabalho significa os bons propósitos de ambos os contratantes, ou seja, as partes devem agir com ética, dentro daquilo que prevê as normas e ter sua vontade respeitada. Aplicação pratica I Reclamatória foi ajuizada para pleitear o pagamento de adicional de horas extras. Na análise dos documentos instrutórios, notou-se que, no período em que se baseou o pedido, existia convenção coletiva da categoria fixando o referido adicional em 52% sobre a hora normal, contrato de trabalho entre as partes indicando adicional de 60% sobre a hora normal e regulamento da empresa determinando adicional de 65% sobre a hora normal. Considerando-se que a Constituição Federal de 1988 (CF) prevê que o referido adicional deve ser pago no patamar mínimo de 50% sobre a hora normal, à luz da hierarquia das fontes de direitos na seara trabalhista, caso o pedido seja deferido, deve ser aplicado o adicional previsto a. no contrato de trabalho. b. na CF. c. na convenção coletiva da categoria d. no regulamento da empresa. RESPOSTA: D (Princípio da aplicação da norma mais favorável)
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