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OAB PROCESSO DO TRABALHO 2 EDIÇÃO

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PROCESSO DO TRABALHO PARA O EXAME DE ORDEM : 1ª e 2ª
FASES
LUIS CLAUDIO PEREIRA DA SILVA
2ª edição – revista, atualizada e ampliada
Brasília
Edição do autor
2018
“Teu nome é Yemanjah (Yemanjah)
E é Virgem Maria
É Glória e é Cecília
Na noite fria
Oh, minha mãe
Minha filha tu és qualquer mulher
Mulher em qualquer dia”
Raul Seixas
Agradeço a todos os meus alunos
que sempre me incentivaram
a continuar a produção de obras
destinadas a facilitar a vida dos
estudantes de Direito,
sobretudo daqueles que enfrentarão
o desgastante exame de ordem,
pelas constantes sugestões que
têm sido importantíssimas
para a melhoria desta obra.
A todos que puderem contribuir para a melhoria desta obra, deixo o meu e-
mail para receber críticas e sugestões: professorluisclaudio@gmail.com
Obs.: todas as críticas e sugestões serão muitíssimo bem bem-vindas, pois, no
fim, são elas que nos ajudam a melhorar.
mailto:professorluisclaudio@gmail.com
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO
1- ​TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
1.1- Conceito
1.2- Princípios do Direito Processual do Trabalho
1.3- Das Normas de Direito Processual do Trabalho
1.4- Da Aplicação Subsidiária das Normas de Direito Processual Comum
2- ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO TRABALHO
2.1– Detalhamento da Competência da Justiça do Trabalho
2.2- Competência da Justiça do Trabalho Consoante Critérios Adotados pelo art. 114, da
CF/88
2.3- Processos Anteriores à EC n. 45, de 2004
2.4- Competência Territorial da Justiça do Trabalho
2.5- Conflito de Competência
3- COMISSÃO DE CONCILIAÇÃO PRÉVIA
4- ATOS, TERMOS E PRAZOS PROCESSUAIS
4.1- Atos e Termos Processuais
4.2- Prazos processuais
4.3- Fac-simile
4.4- Suspensão e Interrupção de Prazo Processual
5- NULIDADES PROCESSUAIS
5.1- Atos Meramente Irregulares
5.2- Atos Inexistentes
5.3- Classificação das Nulidades
5.4- Regras e Princípios sobre as Nulidades no Processo do Trabalho
6- DISSÍDIOS INDIVIDUAIS DE TRABALHO
6.1- Dissídios Individuais - Procedimento “Ordinário”
6.2- Dissídios Individuais – Procedimento de Alçada Exclusiva da Vara do Trabalho –
Procedimento “Sumário”
6.3- Dissídios Individuais – Procedimento Sumaríssimo
6.4- Dissídios Individuais – Inquérito para Apuração de Falta Grave
6.5- Dissídios Individuais – Do Processo de Jurisdição Voluntária para Homologação de
Acordo Extrajudicial
7- DISSÍDIO COLETIVO DE TRABALHO
7.1- Da Decisão da Assembleia Geral de Trabalhadores - AGT
7.2- Da Instauração da Instância
7.3- Do Procedimento
7.4- Da Extensão das Decisões
7.5- Da Ação de Cumprimento
7.6- Da Revisão das Decisões
7.7- Dissídio Coletivo de Natureza Jurídica
7.8- Custas nos Dissídios Coletivos de Trabalho
8- PROCEDIMENTOS ESPECIAIS APLICÁVEIS AO PROCESSO DO TRABALHO
8.1- Ação de Consignação em Pagamento
8.2- Ação Rescisória
8.3- Mandado de Segurança
8.4- Ação Civil Pública
9- RECURSOS NO PROCESSO DO TRABALHO
9.1- Teoria Geral dos Recursos Trabalhistas
9.2- Embargos de Declaração
9.3– Recurso ordinário
9.4- Recurso Adesivo
9.5- Agravo de Instrumento
9.6- Agravo Regimental
9.7- Recurso de Revista
9.8- Embargos ao TST
9.9- Correição parcial ou reclamação correicional
10- EXECUÇÃO TRABALHISTA
10.1- Liquidação de Sentença
10.2- Os Trâmites da Execução Trabalhista
10.3- Da Exceção de Pré-executividade
10.4- Da Execução por Carta Precatória
10.5- Desconsideração da Personalidade Jurídica
10.6- Embargos de terceiro
10.7- Execução contra Massa Falida
10.8- Execução contra a Fazenda Pública
10.9- Agravo de Petição
11- AÇÃO MONITÓRIA
12- BANCO NACIONAL DE DEVEDORES TRABALHISTAS – BNDT E CERTIDÃO NEGATIVA
DE DÉBITOS TRABALHISTAS – CNDT
REFERÊNCIAS
APRESENTAÇÃO
Esta obra se destina aos estudantes do Curso de Direito e aos bacharéis
recém-formados que pretendem fazer o exame de ordem.
Para a construção de seu conteúdo, partimos do seguinte método de pesquisa:
1º) Catalogamos todas as questões de Processo do Trabalho aplicadas nas
duas fases dos exames de ordem unificados, ou seja, nos exames aplicados
desde 2007 até o XXIV Exame de Ordem[1];
2º) Separamos todas as questões por tópicos;
3º) Em seguida, escrevemos o essencial sobre o conteúdo de cada tópico,
incluindo um pouco mais de conteúdo quando entendemos importante para a
boa compreensão de cada instituto abordado ou de outros temas que poderão,
em nossa humilde opinião, vir a ser futuramente cobrados nos exames de
ordem, porém, vinculados às temáticas cobradas nos exames de ordem
anteriores. Esse foi o método adotado até o XXII Exame de Ordem.
Contudo, a partir da entrada em vigor da Lei n. 13.467/17, que instituiu a
reforma trabalhista, sentimo-nos obrigados a inserir todo conteúdo relativo à
referida reforma uma vez que todas as alterações incluídas na legislação
trabalhista pela mencionada Lei certamente serão exploradas nos futuros
exames de ordem, especialmente a partir do XXV exame de ordem.
Mesmo assim, pretendemos manter o objetivo inicial: elaborar uma obra
concisa, destinada a proporcionar aos formandos do Curso de Direito, e aos
recém-formados, material objetivo, simples e direto sobre os pontos que vêm
essencialmente sendo cobrados nos exames de ordem.
Por isso, o examinando encontrará, nessas poucas páginas, todo conteúdo
necessário para que possa resolver a contento as questões que foram cobradas
na provas de 1ª e 2ª fases de Direito do Trabalho dos exames de ordem
unificados aplicados até o XXIV Exame de Ordem Unificado.
Originariamente, como fizemos constar na apresentação da 1ª edição desta
obra, pretendíamos revisar esta obra a cada novo exame de ordem, com o
objetivo de mantê-la atualizada em relação às questões de Processo do
Trabalho cobradas nos exames de ordem. Entretanto, diante da excessiva
alteração na legislação laboral e que gerará, certamente, modificações
significativas na jurisprudência do TST, deixaremos para atualizar esta obra
sempre que possível, não mais necessariamente a cada novo exame de ordem.
Consigne-se, por fim, que esta obra não trata de direito do trabalho nem de
prática profissional trabalhista, que são matérias abordadas em livros
próprios.
1- TEORIA GERAL DO DIREITO PROCESSUAL DO
TRABALHO
No que se refere à cobrança de temas relacionados à teoria geral do Direito
Processual do Trabalho, considerando-se todas as questões cobradas até o
XXIV Exame de Ordem, foram cobrados dois institutos: os princípios
aplicáveis ao processo do trabalho e a aplicação subsidiária do direito
processual comum ao processo do trabalho. Portanto, nossa abordagem aqui
será limitada a essa temática.
1.1- Conceito
Para Nascimento (2008, item 2, capítulo 1),
“O direito processual do trabalho integra, como parte fundamental, o sistema
de composição dos conflitos trabalhistas quanto à jurisdição estatal e à ação,
o processo e o procedimento judicial destinado a solucionar as controvérsias
oriundas das relações de trabalho em suas duas configurações maiores – os
conflitos individuais e os conflitos coletivos -, com base no ordenamento
jurídico, que o disciplina com leis, jurisprudência, doutrina e atos internos
dos órgãos da Justiça do Trabalho”.
Para Sanches (2008, item 1, do capítulo 1), “podemos conceituar o processo
do trabalho como o ramo do direito que tem por fito resolver as lides
trabalhistas afetas à Justiça do Trabalho por meio de regras procedimentais
próprias”.
Portanto, os conceitos acima demonstram satisfatoriamente o objeto do
processo do trabalho: dar solução aos conflitos levados ao Poder Judiciário
Trabalhista, sejam eles individuais – cuja maioria decorre de demandas entre
empregados e empregadores – ou coletivos, especialmente por meio do
dissídio coletivo de trabalho.
1.2- Princípios do Direito Processual do Trabalho
Inicialmente, deve-se atentar para o fato de que, na doutrina, não há
uniformidade quanto ao tratamento desse tema, havendo, na verdade, um rol
de princípios para cada autor de direito processual do trabalho.
Outrossim, os autores de direito processual do trabalho ainda discutem sobre
a existênciade princípios próprios do direito processual do trabalho, sendo
que muitos consideram aplicáveis ao direito processual do trabalho os
princípios do direito processual, analisados no âmbito da teoria geral do
processo.
Como nossa obra destina-se à exploração dos temas cobrados nos exames de
ordem, faremos uma abordagem exclusiva dos princípios que já foram
cobrados nas provas anteriores dos exames de ordem unificados e alguns
outros poucos que julgamos importantes.
1.2.1 - Conceito de Princípios:
Para Tostes Malta (2008, p. 108), os princípios “são idéias básicas que
orientam um ou mais sistemas jurídicos, como a de que o direito deve voltar-
se para uma organização da sociedade que atenda ao bem comum”.
Segundo Pereira de Castro e Lazzari (2015, cap. 7):
“É certo que princípio é uma ideia, mais generalizada, que inspira outras
idéias, a fim de tratar especificamente de cada instituto. É o alicerce das
normas jurídicas de certo ramo do Direito; é fundamento da construção
escalonada da ordem jurídico-positiva em certa matéria”.
Atualmente os princípios são considerados normas de superposição, devendo
ser aplicados sempre que houver uma norma inferior que se contrapuser a um
princípio.
1.2.2 – Funções dos Princípios:
É comum encontrarmos na doutrina e na jurisprudência pátria referências às
seguintes funções dos princípios:
1ª) Orientar o legislador na elaboração da norma jurídica;
2ª) Integrar o direito em casos de lacunas e
3) Orientar o aplicador do direito, especialmente o magistrado, quando da
aplicação de uma regra ao caso concreto.
1.2.3 - Principais Princípios do Direito Processual do Trabalho:
Deixamos consignado, prezado examinando, que chamamos de principais
princípios do Direito Processual do Trabalho aqueles que têm sido cobrados
nos exames de ordem unificados e alguns outros cujo estudo julgamos
importante.
1.2.3.1– Princípio de proteção: é a expressão do princípio de proteção do
direito material do trabalho sobre o direito processual do trabalho através do
qual se justificam algumas de suas regras. Assim, com fundamento nesse
princípio entende-se que:
1º) No processo do trabalho, a ausência do reclamante à audiência una não
autoriza que lhe seja aplicada a pena de confissão ficta decorrente de sua
eventual revelia, mas tão somente o arquivamento do processo (Art. 844, da
CLT), salvo, obviamente, no caso previsto na Súmula n. 74, I, do TST.
Em audiência, como veremos detalhadamente mais à frente, deverão estar
presentes o reclamante, que é o autor da ação proposta perante a justiça do
trabalho, podendo ser o empregado ou o empregador, e o reclamado, que é o
réu na ação proposta perante a justiça do trabalho, também podendo ser o
empregado ou o empregador, independentemente do comparecimento de seus
advogados, nos termos do art. 843, da CLT.
Desse modo, se o reclamante falta, o processo é arquivado e ele poderá ou
não ser condenado a pagar custas (arts. 789, II, primeira parte e 790, § 3º, da
CLT); contudo, se o reclamando falta à audiência, é, para os efeitos do
processo do trabalho, revel e decorre da revelia a confissão ficta, ou seja de
que os fatos alegados na inicial são verdadeiros, nos termos do art. 844, da
CLT.
Como, em regra quase absoluta, é o empregado o reclamante, há um nítido
favorecimento do reclamante em relação ao empregador, sustentada, para
muitos doutrinadores, pelo princípio de proteção.
2º) A inversão do ônus da prova a favor do empregado, nas hipóteses
consagradas na jurisprudência, como, por exemplo, nos casos previstos nas
Súmulas 212, 338 e 461, do TST, que assim dispõem:
SÚMULA 212 - DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA. O ônus de
provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de
serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade
da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado.
SÚMULA - 338 JORNADA DE TRABALHO. REGISTRO. ÔNUS DA
PROVA. I - É ônus do empregador que conta com mais de 10 (dez)
empregados o registro da jornada de trabalho na forma do art. 74, § 2º, da
CLT. A não-apresentação injustificada dos controles de frequência gera
presunção relativa de veracidade da jornada de trabalho, a qual pode ser
elidida por prova em contrário. II - A presunção de veracidade da jornada de
trabalho, ainda que prevista em instrumento normativo, pode ser elidida por
prova em contrário. III - Os cartões de ponto que demonstram horários de
entrada e saída uniformes são inválidos como meio de prova, invertendo-se o
ônus da prova, relativo às horas extras, que passa a ser do empregador,
prevalecendo a jornada da inicial se dele não se desincumbir.
SÚMULA - 461 FGTS. DIFERENÇAS. RECOLHIMENTO. ÔNUS DA
PROVA. É do empregador o ônus da prova em relação à regularidade dos
depósitos do FGTS, pois o pagamento é fato extintivo do direito do autor (art.
373, II, do CPC de 2015).
3º) A imposição de que o empregador, se for o reclamado, na maioria dos
recursos trabalhistas, faça o depósito recursal para eventual garantia de futura
execução (§§ 1º a 8º, do Art. 899, da CLT).
No processo do trabalho, o empregador, na posição processual de reclamado,
é obrigado a efetuar um depósito para poder recorrer, salvo se beneficiário da
justiça gratuita, agora aplicado ao empregador, mesmo que empresa, por
força do art. 98, do CPC.
Essa mesma obrigação não se impõe ao empregado, havendo, portanto, um
desequilíbrio entre as partes justificado pelo princípio de proteção para alguns
juristas.
1.2.3.2– Princípios da Demanda, da Inércia ou Dispositivo (Arts. 2º, 485, II,
III e § 1º, do CPC e Súmula n. 240, do STJ): esses princípios pressupõem que
somente ao interessado é dado movimentar o órgão do poder judiciário e,
após dar início ao processo, fica o interessado obrigado pela movimentação
do processo até seu final, na busca da tutela jurisdicional.
Ao juiz cabe também movimentar o processo, contudo, com o objetivo de
fazer com que o processo chegue ao fim com ou sem tutela jurisdicional.
Aqui devemos fazer uma distinção entre tutela jurisdicional e prestação
jurisdicional.
Na tutela jurisdicional, o poder judiciário julga o mérito da causa. Nesse caso,
diz-se que o serviço prestado pelo poder judiciário foi realizado na sua
inteireza.
Na prestação jurisdicional, não há análise do mérito da causa. Mesmo assim,
também aqui o serviço do poder judiciário foi prestado, contudo, não em sua
integralidade porque a demanda não estava apta a ser inteiramente resolvida,
culminando na extinção do processo sem resolução do mérito. E é nesse
sentido que se deve entender o papel do juiz, como a autoridade responsável
por levar o processo para o seu fim. Entenda: fim do processo e não fim do
conflito.
Desse modo, a parte que houver movimentado o órgão do poder judiciário
por meio da propositura de uma ação deverá dar andamento ao processo,
requerendo a prática dos atos processuais que entender convenientes e não
abandonar a causa, pois, nesSe caso, poderá, inclusive, vê-la extinta sem
resolução do mérito.
1.2.3.3– Princípio Inquisitivo ou Inquisitório ou princípio do impulso oficial
(art. 2º, do CPC): Esse princípio confere ao juiz o poder de atuar
independentemente de requerimento das partes, podendo, inclusive, iniciar
fases processuais ou dar andamento aos feitos que lhe são submetidos, em
algumas situações previstas em lei.
São exemplos de aplicação do princípio inquisitivo no Direito Processual do
Trabalho:
Na execução trabalhista, o juiz podia, até o advendo da Lei n. 13.467/2017,
iniciar e impulsionar o processo independentemente da prática de ato
processual pela parte interessada. Essa sistemática foi parcialmente
modificada pela Lei n. 13.467/2017 que somente autoriza a prática de ato
processual pelo juiz do trabalho se a parte a favor da qual está movimentando
o processo estiver postulando sem advogado (art. 878, da CLT).
Busca da verdade real – no processo do trabalho o juiz pode determinar as
provas que entender necessárias para bem elucidar a causa,
independentemente de requerimento das partes (art.765, da CLT).
Dever de movimentar o processo, na fase de conhecimento, nos dissídios de
alçada exclusiva das Juntas e naqueles em que os empregados ou
empregadores reclamarem pessoalmente (art. 4º, da Lei n. 5.584/70).
Determinar que seja integrado à lide outra pessoa não incluída na demanda
pelo autor, nos seguintes casos:
1º) Devedor solidário, nos casos de solidariedade passiva (art. 2º, § 2º, da
CLT);
2º) Sucessor ou sucedido, nos casos de sucessão de empregadores (arts. 10 e
448, da CLT) e
3º) O empreiteiro principal, nos casos de contrato de subempreitada (art. 455,
da CLT).
1.2.3.4– Princípio do jus postulandi: no processo do trabalho, temos o
empregado, em regra, como autor – denominado de reclamante – e o
empregador, em regra, como réu – denominado de reclamado. Ambos podem
atuar sem que estejam representados por advogados (Art. 791, da CLT).
Contudo, essa regra constante da CLT, que não impõe qualquer limite para a
atuação dos empregados e empregadores sem a representação de advogado,
sofre limitação imposta por entendimento do TST, consagrado na Súmula n.
425, que tem o seguinte teor:
O jus postulandi das partes, estabelecido no art. 791 da CLT, limita-se às
Varas do Trabalho e aos Tribunais Regionais do Trabalho, não alcançando a
ação rescisória, a ação cautelar, o mandado de segurança e os recursos de
competência do Tribunal Superior do Trabalho.
1.2.3.5– Princípio da Eventualidade: impõe que as partes devem esmiuçar a
matéria a ser submetida à apreciação judicial no momento oportuno, que
ocorre, em regra, para o autor na petição inicial e demais momentos que tiver
de falar nos autos e para o réu em sua contestação e demais momentes que
tiver de se manifestar nos autos, sob pena de preclusão (Arts. 319, 336 e 341,
do CPC e 795 e 840, da CLT).
1.2.3.6– Princípio da extrapetição: por esse princípio, o juiz, em alguns
casos, pode condenar a reclamada ao pagamento de certos direito não
constantes da petição inicial.
Sua aplicação é discutível no processo do trabalho. Há, contudo, uma
hipótese, citada pelos autores, em que é plenamente aplicável, que é a da
condenação da reclamada, independentemente de pedido do autor, em juros e
correção monetária do débito, com fundamento no Art. 322, § 1º, do CPC e
Súmula n. 211, do TST.
SÚMULA – 211 - JUROS DE MORA E CORREÇÃO MONETÁRIA.
INDEPENDÊNCIA DO PEDIDO INICIAL E DO TÍTULO
EXECUTIVO JUDICIAL. Os juros de mora e a correção monetária
incluem-se na liquidação, ainda que omisso o pedido inicial ou a condenação.
Em quatro outras hipóteses, contudo, há divergências na doutrina e na
jurisprudência:
1ª) Multa para que o empregador conceda férias ao empregado (Art. 137, §
2º, da CLT).
2ª) Multa em relação às verbas rescisórias incontroversas não pagas pelo
empregador na primeira audiência (Art. 467, da CLT).
3ª) Multa por atraso de pagamento das verbas rescisórias (Art. 477, § 8º, da
CLT) e
4ª) Conversão de reintegração em indenização (Art. 496, da CLT).
1.2.3.7– Princípio da Oralidade: esse princípio acolhe o entendimento por
meio do qual deve-se dar preferência à prática oral dos atos processuais,
prevalecendo a comunicação verbal entre as partes, o juiz e seus auxiliares.
O processo do trabalho não consagra totalmente esse princípio, sendo que na
prática só é aplicado nos seguintes atos processuais: audiência e sustentações
orais perante os Tribunais Trabalhistas.
1.2.3.8– Princípio da concentração dos atos processuais: justifica a reunião
dos atos processuais o mais próximo possível uns dos outros ou a supressão
de atos processuais visando a maior celeridade processual possível. São
exemplos dessas hipóteses: 1º) A audiência una (Art. 849, da CLT) e a
irrecorribilidade das decisões interlocutórias (§ 2º, do Art. 799 e § 1º, do Art.
893, da CLT).
1.2.3.9– Princípio da conciliação: o processo do trabalho tem a finalidade
suprema de buscar a autocomposição das partes por meio da mediação dos
juízes e tribunais do trabalho (Art 764, da CLT).
Esse princípio é adotado pela CLT obrigatoriamente nas seguintes passagens,
em que os juízes deverão tentar conciliar as partes:
Nos dissídios individuais: Arts. 846, 850 e 852-E, da CLT.
Nos dissídios coletivos de trabalho: Arts. 860 e 862, da CLT.
A Lei n. 13.467/2017 incluiu na CLT competência aos juízes do trabalho para
decidir quanto à homologação de acordo extrajudicial em matéria de
competência da Justiça do Trabalho.
1.2.3.10– Princípio da irrecorribilidade das decisões interlocutórias (§ 2º, do
Art. 799 e § 1º, do Art. 893, da CLT): a definição de decisão interlocutória
encontra-se no § 2º, do Art. 203, do CPC, segundo o qual decisão
interlocutória é todo pronunciamento judicial de natureza decisória que não
põe fim à fase cognitiva do procedimento comum ou não extingue a
execução.
No processo do trabalho, a apreciação das decisões interlocutórias, desde que
expressamente ressalvadas (Art. 795, da CLT), só é admitida quando da
apreciação de recurso da decisão definitiva.
1.3- Das Normas de Direito Processual do Trabalho
O direito processual do trabalho não tem suas normas codificadas, como
ocorre com o direito processual civil e o direito processual penal. Sua
principal regulamentação encontra-se prevista na CLT (arts. 643 a 910), mas
outras normas existem que tratam de processo do trabalho e deverão ser
sempre lembradas e prestigiadas; entras essas, estão as Leis n. 5.584/70,
7.701/88 e o Decreto-Lei n. 779/69.
1.4- Da Aplicação Subsidiária das Normas de Direito Processual Comum
Tendo em vista que as normas regulamentadoras do direito processual do
trabalho não são suficientes para dar solução a todos os casos concretos que
são levados à Justiça do Trabalho, a CLT prevê a necessidade de se recorrer
às normas do processo comum (art. 769, da CLT).
Assim, verificando-se que há lacunas nas normas que regulamentam o
processo do trabalho, devem ser tomadas as seguintes providências, nos
termos do art. 769, da CLT:
1ª) Verificar a existência de norma prevista do direito processual comum, em
especial no CPC na fase de conhecimento e na lei de executivos fiscais na
fase de execução e
2ª) Se existir, verificar se há compatibilidade da norma prevista no direito
processual comum com os princípios e regras aplicáveis ao processo do
trabalho.
A aplicação subsidiária do direito processual comum ao processo do trabalho,
por força do art. 769, da CLT, dá-se pela aplicação primordial do CPC ao
processo trabalhista de conhecimento, ou à fase de conhecimento e, por força
do art. 889, da CLT, da Lei nº 6.830/80 ao processo de execução trabalhista,
ou à fase de execução, ficando, nesse caso, o CPC relegado a segundo plano.
Registre-se, por fim, que a aplicabilidade das normas de processo comum já
foi cobrada, em questões de concurso como princípio do processo do trabalho
– o princípio da subsidiariedade – e já foi cobrada em questão de exame de
ordem como fonte do direito processual do trabalho.
2- ORGANIZAÇÃO E COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA DO
TRABALHO
Nos termos do art. 111, da CF/88, a Justiça do Trabalho compõe-se de três
órgãos jurisdicionais: o Tribunal Superior do Trabalho - TST, os Tribunais
Regionais do Trabalho - TRTs e os juízes do trabalho.
No seu topo, como órgão destinado a dar a última palavra sobre a
interpretação e aplicação das normas de direito e processo do trabalho, está o
Tribunal Superior do Trabalho - TST, sediado em Brasília, com jurisdição em
todo território nacional (Art. 92, §§ 1º e 2º, da CF/88).
O TST compõe-se, segundo o art. 111-A, da CF/88:
De vinte e sete Ministros, escolhidos dentre brasileiros com mais de trinta e
cinco e menos de sessenta e cinco anos, nomeados pelo Presidente da
República após aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal, sendo: I
– um quinto dentre advogados com mais de dez anos de efetiva atividade
profissional e membros do Ministério Público do Trabalho com mais de dez
anos de efetivo exercício, observado o disposto no art. 94; II – os demais
dentre juízes do Trabalho dos Tribunais Regionais do Trabalho, oriundos da
magistraturada carreira, indicados pelo próprio Tribunal Superior.
Os órgãos judicantes do TST, conforme prevê o Art. 59 de seu regimento
interno, são os seguintes: I - Tribunal Pleno; II – Órgão Especial; III - Seção
Especializada em Dissídios Coletivos - SDC; IV - Seção Especializada em
Dissídios Individuais, dividida em duas subseções, respectivamente, a
Subseção Especializada em Dissídios Individuais 1 – SDI-1 e a Subseção
Especializada em Dissídio Individual 2 - SDI-2; e V – Turmas.
Cada um desses órgãos tem competência específica prevista no regimento
interno do TST. Assim, além de outras competências, vale citar as seguintes,
que serão de suma importância mais à frente quando tratarmos do estudo dos
recursos trabalhistas:
Às Turmas, compete julgar, nos termos do Art. 72, I e II, do RITST:
I - os recursos de revista interpostos contra decisão dos Tribunais Regionais
do Trabalho, nos casos previstos em lei; II - os agravos de instrumento dos
despachos de Presidente de Tribunal Regional que denegarem seguimento a
recurso de revista.
À SDI-1 compete, nos termos do Art. 71, II, a e b, do RITST:
a) julgar os embargos interpostos contra decisões divergentes das Turmas, ou
destas que divirjam de decisão da Seção de Dissídios Individuais, de
Orientação Jurisprudencial ou de Súmula; e b) julgar os agravos e os agravos
regimentais interpostos contra despacho exarado em processos de sua
competência.
À SDC compete, nos termos do Arts. 70, I, a e b, e 72, do RITST:
I – originariamente: a) julgar os dissídios coletivos de natureza econômica e
jurídica, de sua competência, ou rever suas próprias sentenças normativas,
nos casos previstos em lei; b) homologar as conciliações firmadas nos
dissídios coletivos. [...] II - em última instância, julgar: a) os recursos
ordinários interpostos contra as decisões proferidas pelos Tribunais Regionais
do Trabalho em dissídios coletivos de natureza econômica ou jurídica.
Além do TST, a Justiça do Trabalho é formada por Tribunais Regionais do
Trabalho - TRTs, que são os órgãos regionais da Justiça do Trabalho.
São 24 (vinte e quatro) os TRTs espalhados no Brasil, tendo cada um,
jurisdição nas respectivas regiões, conforme definidas nas leis federais que os
criaram (Art. 112, da CF/88).
O Art. 674, da CLT, elenca quais são os TRTs do País e traz, ainda, em seu
parágrafo único, o local de suas respectivas sedes:
Art. 674. Para efeito da jurisdição dos Tribunais Regionais, o território
nacional é dividido nas vinte e quatro Regiões seguintes: 1ª Região – Estado
do Rio de Janeiro, com sede na Cidade do Rio de Janeiro; 2ª Região – Estado
de São Paulo, com sede na Cidade de São Paulo; 3ª Região – Estado de
Minas Gerais, com sede na Cidade de Belo Horizonte; 4ª Região – Estado do
Rio Grande do Sul, com sede na Cidade de Porto Alegre; 5ª Região – Estado
da Bahia, com sede na Cidade de Salvador; 6ª Região – Estado de
Pernambuco, com sede na Cidade de Recife; 7ª Região – Estado do Ceará,
com sede na Cidade de Fortaleza; 8ª Região – Estados do Pará e do Amapá,
com sede na Cidade de Belém; 9ª Região – Estado do Paraná, com sede na
Cidade de Curitiba; 10ª Região – Distrito Federal e Tocantins, com sede no
Distrito Federal; 11ª Região – Estados do Amazonas e de Roraima, com sede
em Manaus; 12ª Região – Estado de Santa Catarina, com sede na Cidade de
Florianópolis; 13ª Região – Estado da Paraíba, com sede na Cidade de João
Pessoa; 14ª Região – Estados de Rondônia e Acre, com sede da Cidade de
Porto Velho; 15ª Região – Estado de São Paulo (área não abrangida pela
jurisdição estabelecida na 2ª Região), com sede na Cidade de Campinas; 16ª
Região – Estado do Maranhão, com sede na Cidade de São Luis; 17ª Região
– Estado do Espírito Santo, com sede na Cidade de Vitória; 18ª Região –
Estado de Goiás, com sede na Cidade de Goiânia; 19ª Região – Estado de
Alagoas, com sede na Cidade de Maceió; 20ª Região – Estado de Sergipe,
com sede na Cidade de Aracaju; 21ª Região – Estado do Rio Grande do
Norte, com sede na Cidade de Natal; 22ª Região – Estado do Piauí, com sede
na Cidade de Teresina; 23ª Região – Estado do Mato Grosso, com sede na
Cidade de Cuiabá; 24ª Região – Estado do Mato Grosso do Sul, com sede na
Cidade de Campo Grande.
Parágrafo único. Os Tribunais têm sede nas cidades: Rio de Janeiro (1ª
Região), São Paulo (2ª Região), belo horizonte (3ª Região), Porto Alegre (4ª
Região), Salvador (5ª Região), Recife (6ª Região), Fortaleza (7ª Região),
Belém (8ª Região), Curitiba (9ª Região), Brasília (10ª Região), Manaus (11ª
Região), Florianópolis (12ª Região), João Pessoa (13ª Região), Porto Velho
(14ª Região), Campinas (15ª Região), São Luís (16ª Região), Vitória (17ª
Região), Goiânia (18ª Região), Maceió (19ª Região), Aracaju (20ª Região),
Natal (21ª Região), Teresina (22ª Região), Cuiabá (23ª Região) e Campo
Grande (24ª Região).
Veja que não há um TRT para cada Estado da Federação. Em 8 Estados, há
apenas 4 TRTs: Pará e Amapá – TRT da 8ª Região; Distrito Federal e
Tocantins – TRT da 10ª Região; Amazonas e Roraima – TRT da 11ª Região e
Rondônia e Acre – TRT da 14ª Região. Além disso, no Estado de São Paulo,
temos dois TRTs: TRT da 2ª Região, com sede na capital São Paulo e TRT da
15ª Região, com sede em Campinas.
Segundo o art. 115, da CF/88,
Os Tribunais Regionais do Trabalho compõem-se de, no mínimo, sete juízes,
recrutados, quando possível, na respectiva região, e nomeados pelo
Presidente da República dentre brasileiros com mais de trinta e menos de
sessenta e cinco anos, sendo: I – um quinto dentre advogados com mais de
dez anos de efetiva atividade profissional e membros do ministério Público
do Trabalho com mais de dez anos de efetivo exercício, observado o disposto
no art. 94; II – os demais, mediante promoção de juízes do trabalho por
antiguidade e merecimento, alternadamente.
O art. 670, da CLT, devidamente atualizado, traz a composição de todos os
TRTs.
A organização de cada TRT encontra-se prevista nos seus respectivos
regimentos internos.
Vale deixar registrado que os TRTs não estão submetidos administrativa e
jurisdicionalmente ao TST uma vez que cada tribunal do País é livre para se
auto-organizar, conforme preceito constante do art. 96, I, a e b, da CF/88.
É também de se registrar que, atualmente, diante da obrigação imposta aos
juízes do trabalho, incluindo-se aí os membros dos TRTs, de observar o
entendimento consagrado nas súmulas, nas orientações jurisprudenciais, nos
acórdãos proferidos em incidente de assunção de competência ou de
resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos de revista
repetitivos do TST, por imposição do art. 927, do CPC, a independência
jurisdicional dos TRTs ficou mitigada.
As principais competências dos TRTs são:
1ª) Julgar os recursos ordinários interpostos perante as varas do trabalho (Art.
895, I, da CLT) e
2ª) Julgar os dissídios coletivos quando estes ocorrerem no território que está
sob sua jurisdição (Art. 677, da CLT).
Como os TRTs estão alocados em um local específico, onde é a sua sede, e
que é onde os processos são julgados, como, por exemplo, no caso do TRT da
10ª Região, cuja sede fica em Brasília e a jurisdição do TRT alcança todo o
Distrito Federal e o Estado do Tocantins, a CF/88 passou a possibilitar que os
TRTs criassem as chamadas câmaras regionais, dispondo que:
Os Tribunais Regionais do Trabalho poderão funcionar descentralizadamente,
constituindo Câmaras regionais, a fim de assegurar o pleno acesso do
jurisdicionado à justiça em todas as fases do processo (§ 2º, do art. 115, da
CF/88).
O objetivo da criação das câmaras regionais foi e de aproximar os TRTs dos
jurisdicionados, especialmente nos TRTs cujas sedes estão
intransponivelmente distantes dos jurisdicionados, como ocorre com os
jurisdicionados que vivem em Macapá, Santarém, Altamira etc. em relação
ao TRT da 8ª Região, cuja sede é em Belém.
Essas cidades são tão distantes de Belém que é praticamente impossível, ou
pelo menos excessivamente dispendioso, para que os jurisdicionados possam
se deslocar até a sede do Tribunal para acompanhare, se for o caso, participar
– por meio de sustentações orais – dos julgamentos dos órgãos do TRT
citado.
Isso ocorre, obviamente, com quase todos os TRTs do País, daí a importância
e a possibilidade de criação das câmaras regionais.
Por fim, chegamos aos juízes do trabalho. Os juízes do trabalho são os
agentes públicos competentes para dar solução aos conflitos individuais de
trabalho, além de outras ações às quais nos referiremos quando tratarmos da
análise do art. 114, da CF/88, mais abaixo.
Os juízes do trabalho atuam nas varas do trabalho, sendo estas criadas por lei,
nos termos do art. 112, da CF/88.
Em cada vara do trabalho, como departamento que é dos respectivos TRTs,
atuam dois juízes do trabalho: o juiz do trabalho titular e o juiz do trabalho
substituto.
Apesar de serem dois cargos de juiz do trabalho, cada um atua em sua função
jurisdicional singularmente, consoante dispõe o art. 116, da CF/88.
Assim é que o juiz do trabalho titular é o responsável pelo bom
funcionamento da Vara do Trabalho. Já o juiz do trabalho substituto atua ora
como efetivamente substituto do juiz titular, quando, por exemplo, o juiz
titular tira férias, ora como juiz auxiliar, ajudando o juiz titular a dar
andamento aos processos que tramitam na vara do trabalho.
Para facilitar o acesso do jurisdicionado à Justiça do Trabalho, podem os
TRTs implantar a justiça do trabalho itinerante, dispondo o art. 115, § 1º, da
CF/88 que
Os Tribunais Regionais do Trabalho instalarão a justiça itinerante, com a
realização de audiências e demais funções de atividade jurisdicional, nos
limites territoriais da respectiva jurisdição, servindo-se de equipamentos
públicos e comunitários.
Por fim, em teoria, um juiz de direito, que é um juiz estadual, pode atuar
fazendo às vezes de juiz do trabalho. Isso ocorrerá sempre que a lei federal
atribuir a competência jurisdicional trabalhista ao juiz de direito que atua em
determinada comarca não abrangida por jurisdição das varas do trabalho.
Nesse sentido, reza o art. 112, da CF/88 que: a lei criará varas da Justiça do
Trabalho, podendo, nas comarcas não abrangidas por sua jurisdição,
atribuí-la aos juízes de direito, com recurso para o respectivo Tribunal
Regional do Trabalho [grifo nosso].
Como vimos acima, é a lei que cria o TRT e define a sua jurisdição, ou seja,
o território sobre o qual terá por função aplicar o direito ao caso concreto.
Pode ocorrer que, em função da imensa extensão territorial do País, uma lei,
ao criar um TRT, disponha que em determinado território, muito distante da
sede do TRT, a justiça estadual atue fazendo a função de Justiça do Trabalho.
Essa possibilidade é complementada pelo art. 668, da CLT, que tem a
seguinte redação:
Nas localidades não compreendidas na jurisdição das Juntas de Conciliação e
Julgamento, os Juízos de Direito são os órgãos de administração da Justiça do
Trabalho, com a jurisdição que lhes for determinada pela lei de organização
judiciária local.
Caso isso ocorra, ou seja, de a lei dar competência trabalhista a um juiz de
direito e posteriormente houver a instalação de vara do trabalho nessa
localidade que estava sob a jurisdição da justiça estadual, instalada a vara do
trabalho, cessa a competência do Juiz de Direito em matéria trabalhista,
inclusive para a execução das sentenças por ele proferidas, conforme Súmula
n. 10 do STJ. Os seja, os processos ali em curso deverão ser imediatamente
remetidos à Justiça do Trabalho independentemente da fase em que se
encontrarem.
Por fim, não há mais juntas de conciliação e julgamento na Justiça do
Trabalho, pois todas foram extintas, dando-se lugar às varas do trabalho, por
meio da EC n. 24, de 2000.
2.1– Detalhamento da Competência da Justiça do Trabalho
A competência é a medida da jurisdição (juris = direito + dictio = dizer),
considerada esta o poder imanente a todos os juízes para dizer o direito
aplicável ao caso concreto.
Em função da impossibilidade de um único juiz dizer o direito em todo
território nacional, há a necessidade de se distribuir essa função.
À distribuição dessa função, dá-se o nome de competência.
Assim, pode-se conceituar competência como a medida da função
jurisdicional distribuída a cada juízo em virtude da necessidade de se dizer o
direito no caso concreto, conforme as limitações estipuladas em lei.
A distribuição da função jurisdicional por cada órgão do poder judiciário faz-
se pela observância dos seguintes critérios:
1º) Material: em função da matéria a ser julgada. Por isso, há no Brasil a
Justiça do Trabalho e a Justiça Eleitoral, que foram criadas, em princípio,
para julgar apenas causa de determinada matéria – a trabalhista, no caso da
Justiça do Trabalho e a eleitoral, no que concerne à Justiça Eleitoral.
2º) Funcional: relativa à função, imanente à hierarquia, de cada órgão da
justiça. Já fizemos alusão acima sobre as mais importantes competência dos
TRTs e do TST. A competência dada pela lei a esses órgão é imanente a
função por eles exercida na hierarquia jurisdicional da Justiça do Trabalho ou
em virtude da extensão territorial do conflito, como ocorre com os conflitos
coletivos de trabalho;
3º) Pessoal: importância deferida a certas pessoas, que ocupam determinados
cargos. É o que ocorre com o julgamento de juiz do trabalho que seja acusado
de cometimento de um crime comum. A competência, nesse caso, é
originariamente do TRF em que tenha competência territorial sobre a área de
jurisdição do juiz do trabalho, nos termos do art. 108, I, a, da CF/88.
4º) Territorial: leva em consideração a extensão territorial na qual deverá
atuar cada órgão da Justiça do Trabalho. Logo, definida a atuação de uma
vara do trabalho em determinado território, não poderá, em princípio, o juiz
que atua nessa vara do trabalho solucionar demandas concernentes a conflitos
trabalhistas cuja competência seja de outra vara do trabalho de outro
território. O mesmo exemplo pode ser citado em relação aos TRTs, cuja
competência territorial é limitada pela lei que os criam, não podendo um se
imiscuir na solução de conflitos que ocorrem no território do outro.
5º) Valor da Causa: por fim, o último critério levado em consideração na
distribuição da função jurisdicional é o valor da causa. Na seara cível, as
causas de menor complexidade são de competência dos Juizados Especiais,
na Justiça Comum Estadual, até o valor de 40 salários mínimo e, na Justiça
Comum Federal, até 60 salários mínimos. Na Justiça do Trabalho esse
critério não foi adotado. Portanto, não existem juizados especiais trabalhistas.
Os critérios material, funcional e pessoal são absolutos, excluindo qualquer
outro juízo da possibilidade de julgar a causa.
Os critérios do valor da causa e territorial são relativos. Por isso, a
competência prorroga-se para o juízo anteriormente incompetente, quando a
lei autoriza, como ocorre na incompetência territorial, e desde que a parte
prejudicada não se insurja contra a transmissão da competência ao juízo que
era anteriormente incompetente.
2.2- Competência da Justiça do Trabalho Consoante Critérios Adotados
pelo art. 114, da CF/88
A Justiça do Trabalho, até a Emenda Constitucional – EC – n. 45, de 2004,
tinha competência bem restrita.
Rezava o art. 114, da CF/88, em seu texto original, que:
Compete à Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e
coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito
público externo e da administração pública direta e indireta dos Municípios,
do Distrito Federal, dos Estados e da União, e, na forma da lei, outras
controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que
tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive
coletivas.
Como se vê, a competência da Justiça do Trabalho resumia-se a dar solução
aos conflitos entre trabalhadores - entenda-se: empregados - e empregadores,
além de outras controvérsias que lhe fossem atribuídas por lei.
Com o advento da EC n. 45, de 2004, muitas outras demandas foram
carreadas para a competência da Justiçado Trabalho, tendo sido sua
competência significativamente ampliada.
Passemos, então, à análise de todas as hipóteses de competência da Justiça do
Trabalho, constantes do atual art. 114, da CF/88.
1ª) As ações oriundas da relação de trabalho – dispõem o caput e inciso I,
do art. 114, da CF/88, que:
Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: I - as ações
oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes de direito público
externo e da administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios.
Inicialmente, deixamos consignado que, apesar de não constar mais no caput
do art. 114 a expressão conciliar, continua a Justiça do Trabalho tendo o
papal de sempre tentar conciliar as partes, quer nos dissídios individuais, quer
nos dissídios coletivos de trabalho, por princípio previsto no art. 764, da
CLT.
Como vimos no texto original do art. 114, da CF/88, a competência originária
da Justiça do Trabalho era a de conciliar e julgar as demandas entre
empregados e empregadores, ou seja, decorrentes da relação de emprego.
Essa competência remanesce. Logo, qualquer ação entre empregado e
empregador discutindo questões relativas ao PIS, seguro desemprego, FGTS
etc. será de competência da Justiça do Trabalho.
Agora, contudo, com o novo texto do art. 114, da CF/88, a competência da
Justiça do Trabalho passou a ser a de processar e julgar, inclusive conciliar,
as ações oriundas da relação de trabalho. Mas, o que é relação de trabalho?
Veja-se que relação de trabalho não se confunde com relação de emprego,
constituída entre empregado e empregador.
Segundo Giglio e Corrêa (2007, p. 121), “relação de trabalho consiste no
vínculo resultante da prestação pessoal de serviços em proveito de outrem,
pessoa física ou jurídica, que os remunera”.
Para Leite (2015, cap. 2.1.1.2):
Relação de trabalho é aquela que diz respeito, repise-se, a toda e qualquer
atividade humana em que haja prestação de trabalho, como a relação de
trabalho autônomo, eventual, de empreitada, avulso, cooperado, doméstico,
de representação comercial, temporário, sob a forma de estágio etc. Há, pois,
a relação de trabalho pela presença de três elementos: o prestador do serviço,
o trabalho (subordinado ou não) e o tomador do serviço.
Pode-se dizer, então, que a relação de trabalho é a relação existente entre uma
pessoa natural e uma pessoa natural, jurídica ou ente despersonalizado
destinada à prestação de um serviço remunerado.
Se esse conceito, tão elástico, é aceito pelos autores trabalhistas, na prática,
ele vem sendo mitigado paulatinamente.
Assim é que não se tem admitido a competência da Justiça do Trabalho para
julgar as seguintes demandas decorrentes das algumas relações de trabalho,
que passamos a arrolar:
1) Militar – por ser regido por legislação própria, a relação entre os militares
e a respectiva corporação é excluída da competência da Justiça do Trabalho.
As eventuais causas decorrentes de questionamentos sobre verbas não
recebidas ou direitos desrespeitados pelas corporações são de competência da
justiça comum, federal ou estadual.
2) Religiosos – aquele que procura se dedicar à vida religiosa, devotando sua
vida a uma instituição religiosa, não é considerado prestador se serviço em
sentido estrito. Isso se dá por que não pretende auferir sustento dessa relação,
não se dedica à instituição religiosa pelo salário ou ganhos financeiro, mas
tão somente por vocação.
É óbvio que essas pessoas recebem valores suficientes para que possam
sobreviver. Isso não quer dizer que fazem disso sua profissão, não! Dedicam-
se à vida religiosa por vocação. Desse modo, preenchidos os requisitos
normais de uma relação vocacional entre o religioso e a instituição religiosa,
essa prestação de serviço não é considerada relação de trabalho, pelo menos
para os efeitos de competência da Justiça do Trabalho.
3) Voluntários – voluntário é aquele que presta atividade não remunerada [...]
à entidade pública de qualquer natureza ou à instituição privada de fins não
lucrativos que tenha objetivos cívicos, culturais, educacionais, científicos,
recreativos ou de assistência à pessoa, nos termos do art. 1º, da Lei n.
9.608/98.
Portanto, a atividade exercida pelo trabalhador voluntário é de cunho
meramente altruístico. Não almeja o trabalhador voluntário receber qualquer
retorno financeiro pela atividade exercida, podendo, no entanto, ser
ressarcido pelas despesas que comprovadamente realizar no desempenho das
atividades voluntárias.
4) Consumidor – consumidor é todo aquele que adquire ou utiliza produto ou
serviço como destinatário final (art. 2º, do CDC) de um fornecedor de
produtos ou serviço (art. 3º, do CDC), considerado como tal
toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira,
bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de
produção, montagem, criação, construção, transformação, importação,
exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de
serviços.
Desse modo, o vínculo formado entre o consumidor e o seu fornecedor faz
surgir uma relação de consumo e não uma relação de trabalho. São exemplos
de relação de consumo: a do advogado e seu cliente; a do odontólogo e seu
paciente; a do médico e seu paciente etc.
Assim, se a relação mantida entre o prestador do serviço e o cliente for de
consumo, a competência não será da justiça do trabalho (Súmula n. 363, do
STJ).
5) Relação de caráter administrativo com a Administração Pública Direita,
Autárquica e Fundacional – apesar de estar expresso no texto do inciso I, do
art. 114, da CF/88, que é da competência da Justiça do Trabalho processar e
julgar as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos os entes [...] da
administração pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios, o STF entendeu por bem no julgamento da ADIN
nº 3.395-6, excluir da competência da Justiça do Trabalho a “... apreciação...
de causas que ... sejam instauradas entre o Poder Público e seus servidores, a
ele vinculados por típica relação de ordem estatutária ou de caráter jurídico
administrativo”.
Apenas para esclarecermos a questão dos servidores públicos, relembrem-se
de que a Administração Pública direta, autárquica e fundacional pode
contratar pessoal para lhe prestar serviços permanentemente mediante duas
formas legais distintas: como empregado, chamado de empregado público,
regido pelas leis trabalhistas ou como funcionário público, regido por lei
própria, que estabelece o estatuto destinado a reger a relação entre o
funcionário público e a Administração Pública, denominado, por isso, de
servidor público estatutário.
O Direito do Trabalho não é aplicável ao funcionário público só aos
empregados públicos.
Vale deixar consignado que inúmeras prefeituras ainda se mantêm regidas
sob o regime celetista. Portanto, para os casos em que os servidores são
contratados pelo regime celetista e para as empresas públicas e sociedades de
economia mista, a competência da Justiça do Trabalho se mantém.
Caso, no entanto, o ente da federação passe a ser regido sob o regime
estatutário, cessará a competência da Justiça do Trabalho, de acordo com o
entendimento do STJ, consagrado na Súmula 97 – Compete a Justiça do
Trabalho processar e julgar reclamação de servidor público relativamente a
vantagens trabalhistas anteriores a instituição do Regime Jurídico Único.
Assim, se o exercício do exame de ordem se referir a servidor público
contratado sob o regime estatutário, para o exercício de cargo efetivo ou
comissionado (Súmulas n. 137 e 218, do STJ) ou de vínculo jurídico
administrativo, a competência será da justiça comum, estadual ou federal,
conforme o ente contratante.
O TST cancelou a Súmula 123 e as OJs, da SDI-1, 205 e 263 que dispunham
sobre a competência da Justiça do Trabalho para julgamento das demandas
dos servidores públicos contratados para atender a necessidade temporária de
excepcional interesse público – função temporária ou de natureza técnica,
uma vezque os servidores contratados nesses casos constituem uma relação
de caráter jurídico-administrativo com a Administração Pública, o que dá
competência à Justiça Comum, federal ou estadual, conforme o ente
contratante, conforme decisão do STF acima citada.
6) Relação entre o prestador de serviços e ente de direito público externo –
os entes de direito público externo são os estados estrangeiros e as
organizações internacionais (ONU, OIT, OEA etc.) que têm direito à
imunidade de jurisdição.
Para Giglio e Corrêa (2007), essa imunidade é extensiva aos agentes
diplomáticos e todos os demais que estejam a serviço do estado estrangeiro,
salvo no que tange aos atos de sua vida privada, com fundamento na
Convenção de Viena, aprovada, no Brasil, pelo Decreto Legislativo n.
103/64, sendo que essa imunidade, inclusive dos agentes diplomáticos,
continua sendo do estado estrangeiro e não do agente.
Assim, a renúncia do agente diplomático só é válida se ratificada pelo estado
estrangeiro e deverá ocorrer em duas oportunidades, tal como ocorre com a
renúncia do estado estrangeiro: para a ação e para os atos de execução, nos
termos do art. 32.4, da Convenção de Viena: a renúncia à imunidade de
jurisdição no tocante às ações cíveis ou administrativas não implica renúncia
quanto às medidas de execução da sentença, para as quais nova renúncia é
necessária.
Para esta corrente, seguida pelo citado autor, decorre da imunidade
diplomática que a justiça do trabalho só poderá julgar as ações decorrentes de
relação de trabalho propostas em face de entes de direito público externos ou
organismos internacionais se estes renunciarem duplamente a imunidade de
jurisdição. Logo, sem a renúncia, não poderá o Estado Brasileiro exercer seu
poder jurisdicional.
Contudo, após o advento da CF/88, que dá competência à Justiça do Trabalho
para julgar as ações decorrentes de relação de trabalho em face dos Estados
estrangeiros e de organismos internacionais, o STF, conforme ensina Leite
(2015), passou a admitir o processamento das ações em face dos Estados
estrangeiros, porque o ato praticado, na contratação de pessoal, é mero ato de
gestão. No entanto, não se admite que se inicie a fase de execução, por exigir
renúncia expressa.
No mesmo sentido, segundo a Consolidação dos Provimentos da
Corregedoria-Geral da Justiça do Trabalho, os órgãos da Justiça do Trabalho
deverão observar o que preceituam os artigos 56 e 96, que dispõem,
respectivmanete:
Art. 56. As secretarias das varas do trabalho velarão para que nas ações
ajuizadas em desfavor de entes públicos (Decreto-lei 779/69), inclusive
Estado estrangeiro ou organismo internacional, observe-se lapso temporal
para preparação da defesa de, no mínimo, 20 (vinte) dias entre o recebimento
da notificação citatória e a realização da audiência.
Art. 96. Relativamente ao Sistema BACEN JUD, cabe ao juiz do trabalho: I -
abster-se de emitir ordem judicial de bloqueio promovida em face de Estado
estrangeiro ou organismo internacional.
Logo, em face de Estado estrangeiro, não há dúvida, podem ser processados,
porém, não podem ser executados sem que renunciem a sua imunidade de
jurisdição. A eventual cobrança de créditos decorrentes de empregados
contratados por esses Estados deverá ser feita pela via diplomática.
Por fim, vale citar a OJ n. 47, da SDI1, DO TST, que consagra o
entendimento da corrente defendida por Giglio e Corrêa (2007), quando o
empregador é organismo internacional:
OJ 416, da SDI1 - IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO. ORGANIZAÇÃO
OU ORGANISMO INTERNACIONAL. As organizações ou organismos
internacionais gozam de imunidade absoluta de jurisdição quando amparados
por norma internacional incorporada ao ordenamento jurídico brasileiro, não
se lhes aplicando a regra do Direito Consuetudinário relativa à natureza dos
atos praticados. Excepcionalmente, prevalecerá a jurisdição brasileira na
hipótese de renúncia expressa à cláusula de imunidade jurisdicional.
Para encerrar, podemos fazer o seguinte resumo:
Em se tratando de Estado estrangeiro: imunidade apenas de execução.
Em se tratando de organização ou organismo internacional quando
amparados por norma internacional incorporada ao ordenamento jurídico
brasileiro: imunidade plena.
Os atos da vida privada praticados pelos agentes diplomáticos não são
resguardados pela imunidade de jurisdição.
2ª) As ações que envolvam o exercício do direito de greve – dispõe o caput e
o inciso II, do art. 114, da CF/88, que: compete à Justiça do Trabalho
processar e julgar: [...] II - as ações que envolvam exercício do direito de
greve.
A competência para julgar as ações que envolvem o exercício do direito de
grave foi trazida para a Justiça do Trabalho pela EC n. 45, de 2004.
Dispõe o art. 9º, da CF/88, que é assegurado o direito de greve, competindo
aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os
interesses que devam por meio dele defender. A greve encontra-se regida pela
Lei n. 7.783/89.
Do exercício do direito de greve podem advir algumas demandas específicas,
tais como ações possessórias diante de ameaça, turbação ou esbulho
possessório por parte dos empregados em relação aos bens do empregador –
interdito proibitório, ação de manutenção ou de reintegração de posse.
Deflagração de dissídio coletivo para que a Justiça do Trabalho julgue as
demandas dos empregados que deram sustentação para a deflagração da
greve etc.
Todas as ações decorrentes, portanto, do exercício do direito de greve são
atualmente de competência da Justiça do Trabalho.
3ª) As ações sobre representação sindical, entre sindicatos, entre sindicatos
e trabalhadores, e entre sindicatos e empregadores – dispõem o caput e
inciso III, do art. 114, da CF/88, que: compete à Justiça do Trabalho
processar e julgar: [...] III - as ações sobre representação sindical, entre
sindicatos, entre sindicatos e trabalhadores, e entre sindicatos e
empregadores.
Por mais estapafúrdio que possa parecer, antes da EC n. 45, de 2004, a
competência sobre questões decorrentes do sindicalismo era da Justiça
Comum, mesmo em se tratando de sindicatos de empregados e
empregadores.
Com a EC n. 45/2004, qualquer ação envolvendo empregados, empregadores,
entidades sindicais dos empregados e entidades sindicais dos empregadores
em que esteja em curso demanda relativa à organização, ao custeio e ao
funcionamento das entidades sindicais, são de competência da Justiça do
Trabalho.
4ª) Mandado de segurança, habeas corpus e habeas data – dispõem o caput
e inciso IV, do art. 114, da CF/88, que: compete à Justiça do Trabalho
processar e julgar: [...] IV - os mandados de segurança, habeas corpus e
habeas data, quando o ato questionado envolver matéria sujeita à sua
jurisdição.
Acima vimos que os tribunais têm a função precípua de julgar recursos.
Assim é que a principal competência dos TRTs é a de julgar recursos
interpostos em face das sentenças dos juízes do trabalho e a do TST é a de
julgar recursos interpostos em face dos acórdãos dos órgãos dos TRTs. Essa
competência recursal é denominada de competência derivada. Ou seja,
competência para rever decisão de outro órgão.
Além da competência derivada, os tribunais também têm competência para
julgar causas que são diretamente propostas perante os próprios tribunais. São
as causas de sua competência originária. Daí decorre o termo competência
originária.
Entre as causas de competência originária, encontram-se as destinadas a
requerer ao tribunal competente que julgue mandado de segurança, habeas
corpus ou habeas data quando o ato questionado envolver matéria sujeita à
sua jurisdição, ou seja, no caso, em matéria trabalhista.
5ª) os conflitos de competência entre órgãos com jurisdição trabalhista –
dispõem o caput e inciso V, do art. 114, da CF/88, que: compete à Justiça do
Trabalho processar e julgar: [...] V - os conflitos de competência entre órgãos
com jurisdição trabalhista, ressalvado o disposto no art. 102, I, o.
Deixaremos para examinar os conflitos de competência mais abaixo, após
falarmos da competência territorialda Justiça do Trabalho.
6ª) as ações indenizatórias decorrentes da relação de trabalho – dispõem o
caput e inciso VI, do art. 114, da CF/88, que: compete à Justiça do Trabalho
processar e julgar: [...] VI - as ações de indenização por dano moral ou
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho.
As ações indenizatórias decorrentes da relação de trabalho são de
competência da Justiça do Trabalho, inclusive se decorrentes de acidente do
trabalho desde que propostas pelo empregado em face do empregador, nos
termos da súmula n. 15, do STJ. Contudo, caso a ação seja para discutir
direito do segurado ao auxílio acidente, a ação deverá ser proposta na justiça
comum estadual, conforme art. 109, I, da CF/88; art. 129, II, da Lei n.
8.213/91 e Súmulas 501, do STF.
7ª) as ações decorrentes das multas aplicada pelos auditores fiscais do
trabalho – dispõem o caput e inciso VII, do art. 114, da CF/88, que: compete
à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...] VII - as ações relativas às
penalidades administrativas impostas aos empregadores pelos órgãos de
fiscalização das relações de trabalho.
A aplicação correta da legislação trabalhista é fiscalizada pelo Ministério do
Trabalho[2], por meio de seus agentes, que são os auditores fiscais do
trabalho.
É nesse sentido que dispõe o art. 626, caput, da CLT: incumbe às autoridades
competentes do Ministério do Trabalho a fiscalização do fiel cumprimento
das normas de proteção ao trabalho.
A fiscalização das empresas é feita pelo agente de fiscalização, que são os
Auditores Fiscais do Trabalho - AFT.
O Ministério do Trabalho atua em todo território nacional por meio de
Superintendências Regionais do Trabalho, que estão instaladas nas Capitais
dos Estados Brasileiros.
Em algumas cidades do Interior e em alguns bairros das grandes cidades,
existem as Gerências Regionais do Trabalho, órgão também de fiscalização
do Ministério do Trabalho, vinculado a uma Superintendência Regional do
Trabalho.
O AFT está vinculado a uma chefia que lhe determina, por meio de nota de
serviço, quais as empresas que deverão ser por ele fiscalizadas.
Da atuação dos AFTs poderá advir uma mera notificação ao empregador para
que se ajuste às normas trabalhistas ou a aplicação de multa de caráter
administrativo.
Diante dessa situação, o empregador poderá recorrer administrativamente ou
contestar a ação dos fiscais do Mistério do Trabalho na Justiça do Trabalho.
Além disso, a Justiça do Trabalho será a competente para a cobrança da
dívida se o empregador, multado, não pagar a multa. Essa cobrança se faz por
um procedimento especial chamado de executivo fiscal, que é o
procedimento a ser observado pela União para cobrança judicial de seus
créditos.
8ª) a execução de contribuições previdenciárias – dispõem o caput e inciso
VIII, do art. 114, da CF/88, que: compete à Justiça do Trabalho processar e
julgar: [...] VIII - a execução, de ofício, das contribuições sociais previstas no
art. 195, I, a, e II, e seus acréscimos legais, decorrentes das sentenças que
proferir.
O art. 195, I, a, e II, da CF/88, preceitua que:
Art. 195. A seguridade social será financiada por toda a sociedade, de forma
direta e indireta, nos termos da lei, mediante recursos provenientes dos
orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e
das seguintes contribuições sociais: I - do empregador, da empresa e da
entidade a ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: a) a folha de
salários e demais rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer
título, à pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício;
[...] II - do trabalhador e dos demais segurados da previdência social, não
incidindo contribuição sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime
geral de previdência social de que trata o art. 201;
Em suma, os incisos citados tratam de algumas das receitas destinadas ao
financiamento da seguridade social, especificamente da contribuição
previdenciária a ser recolhida pelo empregador e da contribuição
previdenciária que deverá ser paga pelo empregado ou prestador individual
de serviço, que a CF/88 denomina de trabalhador.
Pois bem, a Justiça do Trabalho não é ilimitadamente competente para efetuar
a cobrança dessas contribuições, posto que o art. 114, VIII, da CF/88, limita
sua competência às sentenças que proferir.
Por isso, a Justiça do Trabalho só será competente quando proferir uma
sentença de cunho condenatório em face de um empregador e que preveja a
condenação do empregador ao pagamento de verbas sobre as quais tenham
incidência as contribuições previdenciárias devidas pelo empregador e pelo
empregado. Caso contrário, não lhe assiste qualquer outra competência para
cobrar contribuições previdenciárias. Assim, por exemplo, se as partes fazem
acordo nos autos de um processo trabalhista, esse acordo, devidamente
homologado, tem a natureza jurídica de sentença, nos termos do art. 487, III,
b, do CPC, e como tal é tratado para os efeitos da cobrança das contribuições
previdenciárias pela Justiça do Trabalho.
Por outro lado, não sofrerão incidência de contribuições previdenciárias as
sentenças proferidas pelos juízes do trabalho que sejam meramente
declaratórias, como a que se limita a reconhecer vínculo empregatício, e a
que reconhece o pagamento de salários pagos por fora – o chamado salário
clandestino. Contudo, incidirá sobre os reflexos do salário clandestino nas
verbas de natureza trabalhista, desde que pedidos.
Para espantar qualquer dúvida, a Lei n. 13.467/2017 alterou a redação do
parágrafo único do art. 876, da CLT, para assim dispõe:
A Justiça do Trabalho executará, de ofício, as contribuições sociais previstas
na alínea a do inciso I e no inciso II do caput do art. 195 da Constituição
Federal, e seus acréscimos legais, relativas ao objeto da condenação constante
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art195i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art195i
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm#art195i
das sentenças que proferir e dos acordos que homologar.
SÚMULA 368, do TST. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E
FISCAIS. COMPETÊNCIA. RESPONSABILIDADE PELO
PAGAMENTO. FORMA DE CÁLCULO. I. A Justiça do Trabalho é
competente para determinar o recolhimento das contribuições fiscais. A
competência da Justiça do Trabalho, quanto à execução das contribuições
previdenciárias, limita-se às sentenças condenatórias em pecúnia que proferir
e aos valores, objeto de acordo homologado, que integrem o salário de
contribuição. II. É do empregador a responsabilidade pelo recolhimento das
contribuições previdenciárias e fiscais, resultante de crédito do empregado
oriundo de condenação judicial, devendo ser calculadas, em relação à
incidência dos descontos fiscais, mês a mês, nos termos do art. 12-A da Lei
n.º 7.713, de 22/12/1988, com a redação dada pela Lei nº 12.350/2010. III.
Em se tratando de descontos previdenciários, o critério de apuração encontra-
se disciplinado no art. 276, §4º, do Decreto n º 3.048/1999 que regulamentou
a Lei nº 8.212/1991 e determina que a contribuição do empregado, no caso de
ações trabalhistas, seja calculada mês a mês, aplicando-se as alíquotas
previstas no art. 198, observado o limite máximo do salário de contribuição.
OJ 363, da SDI, do TST. DESCONTOS PREVIDENCIÁRIOS E
FISCAIS. CONDENAÇÃO DO EMPREGADOR EM RAZÃO DO
INADIMPLEMENTO DE VERBAS REMUNERATÓRIAS.
RESPONSABILIDADE DO EMPREGADO PELO PAGAMENTO.
ABRANGÊNCIA. A responsabilidade pelo recolhimento das contribuições
social e fiscal, resultante de condenação judicial referente a verbas
remuneratórias, é do empregador e incide sobre o total da condenação.
Contudo, a culpa do empregador pelo inadimplemento das verbas
remuneratórias não exime a responsabilidade do empregado pelos
pagamentos do imposto de renda devido e da contribuição previdenciária que
recaia sobre sua quota-parte.
SÚMJULA VINCULANTE 53, do STF. A competência da Justiça do
Trabalho prevista no art. 114, VIII, da ConstituiçãoFederal alcança a
execução de ofício das contribuições previdenciárias relativas ao objeto da
condenação constante das sentenças que proferir e acordos por ela
homologados.
Por fim, e não menos importante, é de se lembrar que a Justiça do Trabalho
não tem competência para reconhecer tempo de serviço para efeito de
aposentadoria. Quando a Justiça do Trabalho reconhece a existência de
vínculo de emprego e determina que haja a assinatura da CTPS do
empregado, mesmo que pela própria secretaria da vara do trabalho, esse
reconhecimento vale como início de prova documental perante o INSS. Por
isso, dispõe a OJ n. 57, da SDI2, que:
MANDADO DE SEGURANÇA. INSS. TEMPO DE SERVIÇO.
AVERBAÇÃO E/OU RECONHECIMENTO Conceder-se-á mandado de
segurança para impugnar ato que determina ao INSS o reconhecimento e/ou
averbação de tempo de serviço.
9ª) outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho – dispõem o
caput e inciso IX, do art. 114, da CF/88, que: compete à Justiça do Trabalho
processar e julgar: [...] IX - outras controvérsias decorrentes da relação de
trabalho, na forma da lei.
Essa última previsão do art. 114, da CF/88, deve ser interpretada como uma
regra que põe nas mãos do legislador o poder de transportar ou não outras
controvérsias decorrentes de relação de trabalho para a competência da
Justiça do Trabalho.
Assim, por exemplo, nada obsta que, futuramente, o legislador possa
determinar que a Justiça do Trabalho passe a conciliar e julgar as ações
decorrentes de relação de consumo quando estivermos lidando com prestador
de serviço, profissional autônomo, e seu cliente. Veja-se que nessa situação,
da relação jurídica que se constitui entre o profissional liberal e seu cliente, é
muitíssimo difícil saber se há ou não aí uma relação de trabalho, mesmo
havendo relação de consumo.
10ª) complementação de aposentadoria – entidade de previdência
complementar privada – no Brasil, existem dois regimes que tratam da
previdência do empregado: o regime geral de previdência pública – RGPP e o
regime de previdência privada.
O RGPP é gerido pelo INSS e a filiação do empregado a ele é obrigatória.
Qualquer ação do segurado em face do INSS, salvo as acidentárias, é de
competência da Justiça Federal, nos termos do art. 109, I, da CF/88.
O regime de previdência complementar é opcional. Pode a ele aderir o
empregado ou não. As entidades de previdência complementar são
classificadas em fechadas e abertas (art. 4º, da LC n. 108/2001).
São consideradas entidades abertas as
constituídas unicamente sob a forma de sociedades anônimas e têm por
objetivo instituir e operar planos de benefícios de caráter previdenciário
concedidos em forma de renda continuada ou pagamento único, acessíveis a
quaisquer pessoas físicas (art. 36, da LC n. 109/2001).
As entidades fechadas são fundações e sociedades civis, organizadas sem fins
lucrativos, nos termos dos incisos I e II e § 1º, do art. 31, da LC n. 108/2001:
Art. 31. [...] § 1º. acessíveis, na forma regulamentada pelo órgão regulador e
fiscalizador, exclusivamente: I - aos empregados de uma empresa ou grupo
de empresas e aos servidores da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, entes denominados patrocinadores; e II - aos associados ou
membros de pessoas jurídicas de caráter profissional, classista ou setorial,
denominadas instituidores.
Pois bem, pode ocorrer de haver litígio entre o empregado ou ex-empregado e
seu empregador pelo não recolhimento adequado dos valores descontados a
título de complemento de aposentadoria, provocando o recebimento a menor
do benefício de complementação de aposentadoria do que o esperado pelo
empregado ou ex-empregado quando se aposenta. Nesse caso, a competência
continua com a Justiça do Trabalho.
Contudo, se o empregado ou ex-empregado se sentir prejudicado no seu
direito ao recebimento das prestações contratadas por qualquer motivo que
diga respeito à entidade de previdência privada e, por isso, propuser ação em
face da entidade de previdência privada, a ação será de competência da
justiça comum. Nesse sentido, O STF, segundo Cisneiros (2017) no
julgamento dos Recursos Extraordinários 586453 e 583050, que ocorreu no
dia 20/02/2013, passou a entender que a Justiça do Trabalho não tem
competência para julgar ações entre ex-empregados e o fundo de previdência
complementar privada, pois a demanda não tem natureza trabalhista. Por isso,
determinou que os processos já sentenciados até 20/02/2013 fossem mantidos
na Justiça do Trabalho e os demais fossem remetidos à Justiça Comum.
11ª) competência penal – durante muito tempo, questionou-se sobre a
competência penal da Justiça do Trabalho.
O CP prevê, nos artigos, 197 a 207, os crimes contra a organização do
trabalho.
Além disso, há no CP outras figuras típicas que podem ser encaixadas como
trabalhistas, como a do art. 149, que versa sobre a submissão de alguém à
condição análoga à de escravo.
Diante disso, uma questão tormentosa pairava no ambiente trabalhista: tinha a
Justiça do Trabalho competência para processar e julgar os infratores
penalmente quando o juiz do trabalho verificasse a ocorrência de algum
desses fatos típicos?
Essa questão foi levada ao STF, que concedeu liminar, com efeito ex tunc, na
ADIN nº 3.684-0, declarando que à Justiça do Trabalho não se atribui
competência para processar e julgar ações penais.
12ª) competência normativa – no Brasil, os sindicatos são formados por
categorias profissionais, econômicas ou diferenciadas.
A categoria profissional representa todos os trabalhadores de um determinado
segmento, tal como ocorre com os empregados do comércio, que pertencem à
categoria dos comerciários; com os empregados que trabalham em bancos,
que representam a categoria dos bancários etc.
Para cada categoria profissional há uma categoria econômica. Na verdade é a
categoria econômica que gera a categoria profissional. Exemplo: não haveria
comerciário se não houvesse comércio; não haveria bancários se não se
explorasse a atividade bancária etc.
Os sindicatos dos empregados existem para, pelo menos, tentar buscar
melhorias nas condições sociais de seus membros. Daí porque a CF/88,
impõe a sua participação nas negociações coletivas (art. 8º, VI).
A bem da verdade, a participação dos sindicatos, tanto profissional quanto
patronal, nas negociações coletivas é um dever que lhe é imposto pelo art.
616, da CLT.
Desse modo, instados a negociar melhorias nas condições sociais dos
membros da categoria ou dos empregados da empresa ou das empresas
envolvidas na negociação, as partes poderão chegar a um acordo.
Quando esse acordo se dá entre os sindicatos – profissional e econômico –
esse acordo é firmado por meio de um instrumento – documento – chamado
de convenção coletiva de trabalho.
Quando esse acordo ocorre entre o sindicato representativo dos empregados e
a empresa ou o grupo de empresas, o documento assinado recebe o nome de
acordo coletivo de trabalho.
Enfim, por meio desses instrumentos, as partes antes conflitantes põem fim
ao conflito decorrente do anseio da categoria profissional por melhores
condições de trabalho.
Pode ocorrer, contudo, de não haver acordo. Nesse caso, as partes poderão
recorrer a duas formas de solução do conflito, ambas excludentes uma da
outra: à arbitragem ou à justiça do trabalho.
Nesse sentido, dispõem os parágrafos 1º e 2º, do art. 114, da CF/88, que:
Compete à Justiça do Trabalho processar e julgar: [...] § 1º - Frustrada a
negociação coletiva, as partes poderão eleger árbitros. § 2º Recusando-se
qualquer das partes à negociação coletiva ou à arbitragem, é facultado às
mesmas, de comum acordo, ajuizar dissídio coletivo de natureza econômica,
podendo a Justiça do Trabalho decidir o conflito, respeitadas as disposições
mínimas legais de proteção ao trabalho, bem como as convencionadas
anteriormente.
O parágrafo primeiro citado prevê a arbitragem e o parágrafo segundo o
dissídio coletivo, que é o nome do procedimento previsto na CLT para se dar
solução ao conflito coletivo de trabalho (arts. 856 a 875).Em todas as formas de solução do conflito coletivo – acordo direto ou por
meio de solução imposta por terceiro – criar-se-á uma norma jurídica que
preverá o direito estabelecido a favor dos membros da categoria econômica.
Exemplo: fica assegurado a todos os empregados do comércio do DF o
direito ao recebimento de uma cesta básica composta dos seguintes
alimentos: ....
Veja-se que esse direito será criado por qualquer das formas de solução do
conflito coletivo de trabalho.
Ora, se o conflito é submetido à Justiça do Trabalho, o que se terá é que, tal
como ocorre nas outras hipóteses, a Justiça do Trabalho deverá criar esse
direito.
Logo, quando a Justiça do Trabalho soluciona o conflito coletivo de trabalho
ela cria uma norma jurídica a ser aplicada a todos os empregados da
respectiva categoria. Por isso se diz que a Justiça do Trabalho tem
competência normativa – competência para criar normas jurídicas aplicáveis
à categoria profissional em conflito, ou seja, aplicável a todos os empregados
pertencentes à categoria profissional independentemente de serem associados
ou não do sindicato.
2.3- Processos Anteriores à EC n. 45, de 2004
Como vimos, com o advento da ampliação da competência da Justiça do
Trabalho pela EC n. 45, de 2004, a primeira questão levantada logo que a EC
n. 45 entrou em vigor relacionava-se ao que deveria ser feito com os
processos que já se encontravam em curso perante outros órgãos do Poder
Judiciário.
O STJ firmou o seguinte entendimento, consagrado na Súmula n. 367: a
competência estabelecida pela EC n. 45/2004 não alcança os processos já
sentenciados.
Portanto, os processo que não haviam sido sentenciados foram remetidos à
Justiça do Trabalho e o já sentenciados, permaneceram em curso perante o
órgão da justiça onde tramitava.
2.4- Competência Territorial da Justiça do Trabalho
Por competência territorial deve-se entender o órgão julgador que deverá
julgar a causa em determinado local. Ou seja, como existem inúmeras varas
do trabalho no País, já que são 24 TRTs, é de se saber identificar qual o órgão
terá competência considerando onde o processo deverá tramitar.
Para tanto, devemos dividir os conflitos trabalhistas em dissídios individuais
do trabalho e dissídios coletivos do trabalho.
2.4.1- Competência territorial em razão de conflito individual (art. 651): o
conflito individual do trabalho é da competência das varas do trabalho,
portanto, devendo ser julgados pelos juízes do trabalho.
A regra básica sobre a competência territorial para julgamento dos dissídios
individuais está no caput do art. 651, da CLT, que dispõe o seguinte: a
competência das Juntas de Conciliação e Julgamento (atuais varas do
trabalho) é determinada pela localidade onde o empregado, reclamante ou
reclamado, prestar serviços ao empregador, ainda que tenha sido contratado
noutro local ou no estrangeiro.
Portanto, a vara do trabalho que será competente é aquela do local da
prestação dos serviços independentemente do local da contratação.
Imaginemos a seguinte situação: João é contratado em Brasília pela rede de
supermercados Preço Bom Ltda. para trabalhar em uma de suas filiais em
Marimbondinho, local onde permanece trabalhando até a época de sua
dispensa. Logo, a competência será da vara do trabalho de Marimbondinho,
ou da vara do trabalho que tiver jurisdição sobre Marimbondinho, ou, ainda,
do juiz de direito com competência jurisdicional sobre o Município de
Marimbondinho, caso a lei tenha atribuído a jurisdição trabalhista nessa
localidade à justiça estadual.
Encaixa-se na regra, igualmente, a situação do empregado que é transferido
de uma localidade para outra: no mesmo caso acima, imaginemos que do
município de Marimbondinho, João tenha sido transferido, posteriormente,
para outras filiais do citado mercado, tendo passado 2 anos em Manaus, 1 ano
em Goiânia, 3 anos em Itapipoca e mais 2 anos em Suçuarana. Pergunta-se:
qual é a vara do trabalho competente: a vara do trabalho de Suçuarana, por ter
sido o último local de prestação de serviço de João. Essa hipótese é às vezes
denominada de competência sucessiva, uma vez que a prestação de serviço
ocorreu em localidades sucessivas.
Pode ocorrer, igualmente, de o empregado prestar serviços em duas
localidades ao mesmo tempo e que têm cada uma delas vara do trabalho,
nesse caso, diz-se haver competência simultânea das varas do trabalho das
localidades onde simultaneamente o empregado prestava serviço.
Há três situações que excepcionam essa regra e constam dos §§ 1º, 2º e 3º, do
art. 651, da CLT.
1ª exceção: dispõe o art. 651, § 1º, da CLT, que:
Quando for parte no dissídio agente ou viajante comercial, a competência
será da Junta da localidade em que a empresa tenha agência ou filial e a esta o
empregado esteja subordinado e, na falta, será competente a Junta da
localização em que o empregado tenha domicílio ou a localidade mais
próxima.
Portanto, se um empregado for contratado para trabalhar como agente ou
viajante comercial – entenda-se: vendedor externo que percorre grande
extensão territorial – a competência da vara se apura da seguinte forma:
Se houver vara do trabalho na localidade onde está localizada a matriz
(agência) ou a filial à qual o empregado está subordinado, a competência será
da vara do trabalho dessa localidade.
Se não houver vara do trabalho na localidade onde está localizada a matriz
(agência) ou a filial à qual o empregado está subordinado, abrem-se duas
opções: 1ª) na vara do trabalho da localidade onde o empregado tenha
domicílio ou 2ª) caso na localidade onde o empregado tenha domicílio não
tenha vara do trabalho, na vara do trabalho mais próxima à localidade onde o
empregado tem domicílio.
2ª exceção: dispõe o art. 651, § 2º, da CLT, que:
A competência das Juntas de Conciliação e Julgamento, estabelecida neste
artigo, estende-se aos dissídios ocorridos em agência ou filial no estrangeiro,
desde que o empregado seja brasileiro e não haja convenção internacional
dispondo em contrário.
Para que haja competência da vara do trabalho no Brasil, entendemos ter de
haver o preenchimento dos seguintes requisitos: o empregado ser brasileiro,
ter o empregado sido contratado no Brasil para trabalhar no estrangeiro ou ter
sido transferido para o estrangeiro e, finalmente, não haver tratado
internacional que confira a competência à justiça da localidade onde os
serviços foram prestados.
3ª exceção: por fim, dispõe o art. 651, § 3º, da CLT, que:
Em se tratando de empregador que promova realização de atividades fora do
lugar do contrato de trabalho, é assegurado ao empregado apresentar
reclamação no foro da celebração do contrato ou no da prestação dos
respectivos serviços.
Quando o empregado for contratado por empregador que promove a
realização de suas atividades fora do lugar da celebração do contrato, faculta-
se ao empregado apresentar a reclamação trabalhista na vara do trabalho da
localidade onde foi contratado ou na do local da prestação dos serviços.
Não se pode confundir o disposto no o art. 651, § 3º, da CLT, com o disposto
no caput. A competência prevista nesse § 3º está vinculada à realização, pelo
empregador, de suas atividades normais fora do lugar da contratação dos
empregados. Ou seja, é específica para aqueles tipos de negócio cujas
atividades não são exercidas no local da sede da empresa.
Imaginemos a seguinte situação: um empresário pretende montar uma
construtora. Por exigência legal, toda empresa no Brasil precisa ter uma sede.
Então esse empresário aluga uma sala, um galpão, enfim, algum lugar que
entenda conveniente para ser a sede da construtora. Regularizada, a
construtora prestará serviços em diversas localidades, podendo, e muitas
vezes ocorre, prestar serviços até no exterior. Enfim, o único lugar onde não
vai obrigatoriamente construir é no local de sua sede, onde normalmente faz a
seleção e a contratação de seus empregados.
A mesma coisa ocorre com empresas que exploram as atividades circenses,
de parque de diversões, de reflorestamento, de auditoria etc.
2.4.2 – Prorrogação

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