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Displasia do Desenvolvimento do Quadril (Luxação Congênita) Patologias do Quadril por Grupos Etários Patologias de Crianças: - Recém-nato a 3 anos: luxação congênita do quadril - 3 aos 6 anos: artrite fugaz (sinovite transitória) - 3 aos 10 anos: doença de Legg Perthes (necrose da epífise da cabeça do fêmur) - 10 aos 17 anos: epifisiólise - Artrite séptica (infecção purulenta da articulação): 2 anos ou 5 a 10 anos - Artrite tuberculosa: afeta qualquer idade, mais frequente em torno dos 10 anos - Artrites reumáticas: não são muito frequentes nas crianças Patologias de Adultos Jovens: - Osteocondrite dissecante (rara): doença na cartilagem de revestimento da cabeça do fêmur - Necrose idiopática da cabeça do fêmur: comum. Maior incidência com uso de corticoides, alcoolismo e em quem pratica mergulhos em profundidade. - Artrites reumáticas: artrite reumatoide, espondilite anquilosante - Tumores osteoarticulares: benignos e malignos. Patologias de Adultos Velhos: - Coxartrose primária (5 e 6 décadas): artrose própria do idoso, sem causa conhecida - Coxartrose secundária (3 e 4 décadas): artrose da articulação coxofemoral. Paciente apresenta alteração na mecânica do quadril e desenvolve uma artrose mais precoce - Metástases ósseas: relacionadas com fraturas patológicas - Fraturas do colo do fêmur: decorrentes de trauma (próprias da idade) Luxação Congênita do Quadril (Displasia do desenvolvimento) Definição - Deslocamento não traumática da cabeça do fêmur da cavidade acetabular Considerações - Diagnóstico deve ser precoce - Na maioria dos vezes o diagnóstico é realizado pelo próprio pediatra (suspeita logo nos primeiros exames do RN) - Diagnóstico nem sempre se faz no primeiro exame: quadril pode estar apenas instável e ir deslocando com o tempo - Encaminhar ao ortopedista para confirmação e definição de tratamento - Repetir o exame nos primeiros meses de vida Classificação - Teratológica ou embrionária: • A cabeça do fêmur já é formada fora da cavidade acetabular • Geralmente cursa com alterações graves e outras malformações • É rara, grave e de difícil tratamento - Típica ou fetal: • 3 formas clínicas da mesma patologia: • Quadril instável • Subluxado • Luxado Incidência - Formas clínicas: • Subluxado: 9,2/1000 • Luxado: 1,3/1000 • Quadril instável: 1,2/1000 - 60% ocorre do lado esquerdo (quadril da criança sob pressão do promontório da mãe) - 20% ocorre do lado direito - 20% bilateral (espaço perineal alargado) - 70% ocorre em paciente feminino - 20% associado ao parto pélvico (fator de pré-disposição) Etiologia - Fatores genéticos (muito importantes. Sempre questionar sobre mãe com luxação congênita) - Fatores étnicos - Fatores hormonais - Fatores neuromusculares: • Determinam frouxidão cápsulo-ligamentar + fatores mecânicos intrauterinos (oligodrâmnio e posição pélvica) ou pós-natais (ex: modo de carregar a criança). Terminologia - Luxação: deslocado - Luxável: parcialmente deslocado - Instável: se presente após um mês de vida, dever ser tratado - Displasia: desenvolvimento anormal de tecidos. Cavidade acetabular mais rasa que se não tratada, favorece luxação. Alterações Anatômicas - Displasia Teratológica: • Paciente já nasce com alterações graves - Displasia Típica: • Nascem com frouxidão capsular • Ligamento redondo alongado • Acetábulo mais raso • Cabeça do fêmur menor • Colo do fêmur antevertido • OBS: • Com a idade e após a marcha as deformidades se agravam • Alguns nascem com instabilidade e nos primeiros dias de vida estabilizam Clínica - Não há dor - No RN fazer as manobras: Manobra de Ortolani e Manobra de Barlow • Ortolani positivo: identifica a luxação da cabeça do fêmur, ela é encaixada novamente no lugar ao se fazer pressão enquanto se faz abdução forcada da perna • Barlow positivo: percepção da instabilidade da articulação coxofemora através da aplicação de pressão contra a mesa - Com alguns meses de idade: manobras já não são mais úteis para diagnóstico. - Observar rotação externa do membro, assimetria de pregas cutâneas, abdução limitada (bloqueio mecânico), encurtamento do fêmur (Sinal de Galeazzi +). Quanto a Marcha - Clínica depois da marcha: • Retardo no início da marcha • Encurtamento de membros inferiores • Rotação externa do membro inferior • Claudicação • Sinal de Trendelemburg positivo: musculatura do quadril enfraquecida, não tem capacidade de manter a pelve estável. Quando a criança se apoia no membro inferior afetado, ocorre queda da nádega contralateral. - Quando displasia bilateral: • Marcha de pato/anserina (em casos bilaterais) • Espaço perineal aumentado (em casos bilaterais) • Hiperlordose (em casos bilaterais) Exames Complementares - Ultrassonografia: • Exame de eleição no recém-nato (até os 3 meses) - Radiografia: • Pouco valor no RN – difícil interpretação (cabeça do fêmur e acetábulo cartilaginosos) • Radiografia normal não afasta o diagnóstico • A medida que as porções cartilaginosas do quadril passam por ossificação, a radiografia se torna um exame melhor (acima dos 3 ou 4 meses). • Cabeça do fêmur começa a ossificar entre 4º e 6º meses de vida. - Tomografia computadorizada: • Útil no controle do tratamento com gesso - Ressonância Magnética • Excelente para estudar as partes moles que dificultam a redução no tratamento Tratamento - Diagnóstico deve ser feito precocemente (RN) e o tratamento iniciado imediatamente - Objetivo: obter e manter a redução da luxação para permitir o desenvolvimento da cabeça do fêmur e do acetábulo - Cursa sem sequelas quando o tratamento inicial é bem estabelecido - As opções terapêuticas dependem da idade da criança Até 3 meses de idade: - Correias/suspensório de Pavlik: • Mantém flexão de 100° e abdução de 60° (posição em que a cabeça do fêmur fica reduzida) • Deve ser usado por 24 horas por dia nos primeiros 45 dias (tempo mínimo de uso) • Evita a extensão e adução dos quadris • Desenvolve o acetábulo pela presença da cabeça femoral • Promove a redução espontânea do quadro • O suspensório de Pavlik não deve ser usado após o sexto mês: resultados não são tão bons e a adaptação da criança é ruim Entre 3 e 6 meses de idade: - Imobilização gessada é necessária - Correia/suspensório de Pavlik já não é mais suficiente Entre 6 e 18 meses de idade: - Redução incruenta após prévia tração + gesso ou redução cirúrgica se necessário 18 meses até 8 anos:: - Cirurgias: • Quanto mais velhos, mais agressivas são as cirurgias e maiores são os riscos de sequelas - Opções Cirúrgicas: • Redução cirúrgica simples: abre-se a articulação, retira-se o tecido mole, coloca-se o fêmur no lugar e fecha a cápsula • Osteotomias de ilíaco (técnicas de Salter, Pemberton, Chiari ou Steel) • Osteotomias femorais (derrotadora, varizante ou encurtadora) • Acetabuloplastias • Tetoplastias Complicações - Reluxação - Displasia acetabular residual (mesmo após tratamento, acetábulo continua raso – pode exigir nova cirurgia) - Necrose avascular (iatrogênica) - Lesão de nervo femoral (hiperflexão do quadril – pode ocorrer com o uso da correia de Pavlik) - Osteoartrose grave do quadril no adulto jovem, quando resta alguma deformidade (quadro doloroso) - Neocotilo: articulação da cabeça do fêmur fora da cavidade acetabular.
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