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FATEC DE BARUERI GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS LAISA LORRANE LIMA SOUZA LIVIA APARECIDA GONÇALVES LIVIA RAMOS JOÃO LOHRYS PROCÓPIO SOBRINHO NATURA COSMÉTICOS PROJETO INTEGRADOR BARUERI 2021 Laisa Lorrane Lima Souza Livia Aparecida Gonçalves Livia Ramos João Lohrys Procópio Sobrinho NATURA COSMÉTICOS PROJETO INTEGRADOR Trabalho apresentado como requisito da disciplina Teoria das Organizações, do primeiro semestre do curso Gestão de Recursos Humanos, sob orientação da Profa. Dra. Alair Helena Ferreira. Trabalho recebido e aprovado em _____/_____/_____ _________________________________________ Profa. Dra. Alair Helena Ferreira BARUERI 2021 RESUMO A empresa Natura se encontra no segmento de cosméticos desde 1969 (ano de sua fundação) e, ao decorrer dos anos tem se firmado no mercado, atuando nos setores secundário e terciário com a fabricação e comercialização de seus produtos. A organização é reconhecida por ser uma empresa humanizada e sustentável, que se preocupa com os impactos socioambientais causados por si. Sendo assim, o objetivo principal desse trabalho, trata-se de entender o que fez da Natura para ser considerada humanizada, relacionar as teorias administrativas vistas em aula e, suas possíveis aplicações na empresa. De modo a atingir o objetivo central, foi feita uma pesquisa bibliográfica, utilizando documentos disponíveis pela empresa, como relatórios trimestrais, anuais, livros de diferentes autores e, também, artigos acadêmicos que estudaram a empresa envolvida. Através disso, foi possível concluir que a empresa utiliza de diversas teorias administrativas, mesmo as mais antigas, nos departamentos de sua empresa. Ademais, através de uma análise da empresa, foi possível conhecer as iniciativas tomadas por ela que, agindo com transparência, devidamente a tornaram uma empresa humanizada. Palavras-chave: Natura. Empresa Humanizada. Teorias Organizacionais. LISTA DE FIGURAS Figura 1 - A abordagem microscópica da Adm. Científica .............................. 14 Figura 2 - Funções básicas da empresa segundo Fayol ................................ 16 Figura 3- As características da burocracia segundo Weber ........................... 27 Figura 4 - A hierarquia das necessidades, segundo Maslow .......................... 29 Figura 5 - Fatores de satisfação e de insatisfação por Herzberg .................... 30 Figura 6 - Comparação das teorias de Maslow e Herzberg ............................ 31 Figura 7 - Parâmetros da teoria sistêmica ...................................................... 34 Figura 8 - A abordagem contingencial ............................................................ 36 Figura 9 - Organograma da Natura Cosméticos ............................................. 43 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................... 6 2. A EMPRESA NATURA COSMÉTICOS .................................................... 7 2.1. Setor Econômico Atuante ...................................................................... 7 2.2. Produtos e serviços ............................................................................... 8 2.3. Missão, Visão e Valores ........................................................................ 9 3. DISCUSSÃO TEÓRICA .......................................................................... 11 3.1. Influência da Revolução Industrial na Administração ........................... 11 3.2. Teoria Científica da Administração ...................................................... 13 3.3. Teoria Clássica da Administração ........................................................ 16 3.4. Teoria das Relações Humanas da Administração ............................... 18 3.5. Teoria Burocrática da Administração ................................................... 23 3.6. Teoria Comportamental da Administração ........................................... 28 3.7. Teoria Sistêmica da Administração ...................................................... 33 3.8. Teoria Contingencial da Administração ............................................... 36 4. PESQUISA EMPÍRICA ........................................................................... 39 4.1. Setor de produção da Natura ............................................................... 39 4.2. Setor de Marketing da Natura .............................................................. 40 4.3. Setor de Recursos Humanos da Natura .............................................. 41 4.4. Organograma Natura ........................................................................... 43 4.5. Análise SWOT ..................................................................................... 44 5. CONCLUSÃO ......................................................................................... 46 6. REFERÊNCIAS ....................................................................................... 47 6 1. INTRODUÇÃO Atualmente, muitas empresas têm se destacado por suas práticas humanizadas, que geram impacto positivo aos clientes, investidores, colaboradores, sociedade etc. Estas são movidas por paixão e propósito, e não por dinheiro. Diante de tais características, a empresa Natura, que é famosa no ramo de cosméticos, atua no Brasil há 52 anos, e já tem expandido para o mercado internacional, está entre as 22 empresas brasileiras consideradas humanizadas. Dessa forma, esta pesquisa tem como importância, identificar quais teorias da administração a empresa em questão, considerada humanizada, adota nos seus pilares estratégico, tático e operacional, e possivelmente visualizar como as teorias, em sua maioria, podem contribuir para a gestão de uma organização, aplicando em suas diferentes áreas. Partindo disso o objetivo central desta pesquisa é entender o porquê de ser uma empresa considerada humanizada e, relacionar as teorias organizacionais vistas em aula, e suas possíveis aplicações na Natura Cosméticos. Para atingirmos tal objetivo, conheceremos a empresa dessa forma: • Mostrar breve evolução, setor econômico atuante, seus produtos e serviços e declarações institucionais; • Conhecer as teorias da administração, associando-as com o gerenciamento aplicado pela empresa estudada; • Apresentar de maneira específica os departamentos da empresa; • Elaborar análise SWOT; Esta pesquisa tem sua relevância, no que se diz respeito a conhecer e entender o que faz uma empresa, de maneira tal que é reconhecida como humanizada (entre outras certificações), e partindo disso, contribuir para que (futuros) empreendedores tenham como base o exemplo desta empresa, em que encontramos suas práticas, pontos fortes e fracos, entre tantos outros aspectos que poderão incentivar outras pessoas a gerirem seus negócios, visando muito além do lucro, possuindo em seus valores os benefícios socioambientais. Para tanto, será feita uma pesquisa bibliográfica, utilizando referências já disponibilizadas, como também os relatórios que a empresa publica ano após ano, entre outros documentos relevantes, contudo bem embasados, para a pesquisa. 7 2. A EMPRESA NATURA COSMÉTICOS A Natura Cosméticos é a maior multinacional brasileira do setor de cosméticos, com presença na América Latina, na Malásia, nos Estados Unidos e na Europa. Junto com as marcas The Body Shop, Avon e Aesop compõem o grupo Natura&Co. (NATURA, 2021) Seu surgimento deu-se por Luiz Seabra, que, encantado pelo mundo dos cosméticos e conexão com as pessoas, junto com Jean-Pierre Berjeaut, criaram a empresa em 1969, sob a denominação inicialde "Indústria e Comércio de Cosméticos Berjeaut", que meses depois passou a chamar-se “Natura”, como contam em seu site, Natura Brasil. Da primeira loja inaugurada na Rua Oscar Freire, em São Paulo no ano de 1970, Natura, ao longo dos anos, foi obtendo crescimento. Em 2020, segundo Natura (2021), a empresa contava com 589 lojas físicas próprias e franquias, denominadas “Aqui Tem Natura”. Atualmente, a Natura conta com uma rede de 6,9 mil colaboradores e 2 milhões de consultoras e consultores, além de fornecedores e parceiros, segundo dados da própria empresa no LinkedIn. 2.1. Setor Econômico Atuante Atualmente no Brasil, existem três setores econômicos: primário, secundário e terciário. Sendo este último, o mais forte deles. O primário se trata da extração e exploração de matéria prima, em exemplo da agricultura e mineração. O secundário é a transformação dessa matéria, mais conhecida como setor industrial. Por fim, o terceiro engloba a prestação de serviços e comércio, que são utilizados para suprir as necessidades, sendo este o setor mais abrangente e maiormente firmado em países desenvolvidos. (MAGALHÃES, 2019) Por sua vez, a Natura atua nos setores secundário e terciário, no ramo de cosméticos, transformando a matéria prima em produtos de beleza e por conseguinte os comercializando. Esse mercado de cosméticos vem crescendo mesmo em meio a crise que o país enfrenta, no entanto, isso é fácil de explicar, pois, segundo Meon (2021), os brasileiros são considerados um dos povos mais vaidosos do mundo e, esse comércio está muito ligado a beleza e os cuidados higiênicos. 8 Segundo Voglino (2021), no mesmo setor, encontram-se os principais concorrentes da Natura. Como empresa brasileira, encontra-se a O Boticário e do mercado estrangeiro, estão L’Oréal, Procter & Gamble e Unilever. 2.2. Produtos e serviços Visto em seu site, até o momento, a empresa possui 25 linhas de produtos, que estão divididos em cremes e loções, desodorantes, perfumes, produtos capilares, sabonetes, maquiagem, protetores solares, produtos para barbear e até itens de decoração e utilitários. Sendo essas: Tododia, Kaiak, Essencial, Ekos, Una, Mamãe e Bebê, Chronos, Homem, Plant, Sève, Humor, Biografia, Naturé, Sou, Fotoequilíbrio, Faces, SR. N, Luna, Águas, Erva Doce, Kriska, Ilía, Crer Para Ver, Lumina e Sintonia. Sendo certificada como Empresa B (segundo o site Sistema B Brasil, empresas B são empresas que se preocupam em solucionar problemas sociais e impactos ambientais dos produtos e serviços comercializados, não visando prioritariamente o lucro) em 2014, a organização tem como diferencial sua preocupação com o meio ambiente, e segundo Natura (2021, p. 46), em seu relatório anual, eles descrevem seu jeito próprio de fazer os produtos, dessa forma: “[...] desenvolvemos um jeito único de fazer produtos, que une a prospecção de ingredientes da biodiversidade, o acesso ao conhecimento tradicional das comunidades e ciência avançada para chegarmos a fórmulas naturais, com tecnologia e ativos potentes para os cuidados de beleza e com impacto positivo ao meio ambiente e à nossa rede de relações.” Para adquirir tais produtos, a Natura (s/d) esclarece em sua Cartilha da Venda por Relações, o serviço de compra e venda, que se dá de diferentes formas por meio da Venda Direta, em que estão: • Porta a porta: o revendedor vai a casa ou ao local de trabalho dos clientes apresentar alguns dos produtos e serviços, e suas características; • Catálogo: o revendedor deixa o catálogo de produtos com o cliente, que terá tempo para se decidir e posteriormente fazer o pedido; • Eventos sociais: em que o revendedor promove a demonstração do produto em casa ou local de trabalho para mais de uma pessoa; 9 • Internet / Redes Sociais: através das redes sociais, blogs ou aplicativos é possível enviar catálogos eletrônicos e apresentar vídeos sobre os produtos e serviços. Há também suas lojas físicas, divididas em franquias, e próprias, que de modo detalhado, são: • Loja própria: a empresa possuía, até 2020, 64 lojas próprias (pertencentes à própria empresa) espalhadas por diversas regiões do país; • Franquia: até 2020, a empresa contabilizava mais de 500 franquias, denominadas “Aqui Tem Natura”. Deste modo, os(as) consultores(as) com desejo de empreender têm a oportunidade de abrir uma loja. Em meio a pandemia da COVID-19, a organização aderiu novas estratégias para manter-se no mercado. Como antes as vendas eram maiormente presenciais, a empresa fortaleceu seu e-commerce nos últimos anos, e a Natura&co (2021, p. 34), em seu relatório anual contam que a venda on-line “[...] desempenhou um papel vital para manter as consultoras ativas durante as restrições da pandemia”. Dentre suas inovações, estão a revista interativa, que pode ser compartilhada pelas redes sociais e, novas opções de pagamento e entrega. 2.3. Missão, Visão e Valores A organização descreve como sua “razão de ser” (missão): “[...] comercializar produtos e serviços que promovam o bem- estar/estar bem. Bem-estar é a relação harmoniosa, agradável, do indivíduo consigo mesmo, com seu corpo. Estar bem é a relação empática, bem- sucedida, prazerosa, do indivíduo com o outro, com a natureza da qual faz parte, com o todo” (NATURA, 2021, p. 3). Tratando-se da visão que a empresa tem, esta é: “Natura, por seu comportamento empresarial, pela qualidade das relações que estabelece e por seus produtos e serviços, será uma marca de expressão mundial, identificada com a comunidade das pessoas que se comprometem com a construção de um mundo melhor através da melhor relação consigo mesmas, com o outro, com a natureza da qual fazem parte, com o todo.” (NATURA, 2021, p. 5). Por fim, segundo descrito no site da empresa, Natura Brasil, os valores que prezam são: “1. Concepção e Desenvolvimento de Produtos: Priorizar ingredientes vegetais é nossa maneira de tocar nossa atividade de modo 10 inovadora, com recursos renováveis; 2. Fornecimento de Matéria-Prima: Por meio do Programa Amazônia – criado em 2011 –, impulsionamos a geração de negócios sustentáveis na região; 3. Transformação e Produção: focado na redução e na compensação de gases de efeito estufa e gerar impacto positivo em nossos colaboradores [...] 4. Venda Por Relações: Melhorar a renda média e a qualidade de vida dos(as) consultores(as); 5. Experiência de Marca: Estimular o consumo consciente.” 11 3. DISCUSSÃO TEÓRICA 3.1. Influência da Revolução Industrial na Administração A princípio, a Administração tinha por definição “aquele que realiza uma função a mando de outra pessoa, ou seja, aquele que presta um serviço a outro”, contudo, é possível ver em Chiavenato (2003, p. 11), que a palavra não traz mais este significado, mas sim “[...] interpretar os objetivos propostos pela organização e transformá-los em ação [...] por meio de planejamento, organização, direção e controle de todos os esforços realizados em todas as áreas da organização”. Para se chegar na administração que é conhecida atualmente, ela sofreu inúmeras alterações em seus significados e nos modelos de gerenciamento, desde a origem da humanidade. Ao longo dos séculos, hebreus, egípcios, chineses entre tantos outros povos, adaptaram seus modos de gerenciamento para o que lhes convinha à época. Com o passar destes anos, a tecnologia foi se desenvolvendo e novas maneiras de trabalho sofreram impactos com ela. Destarte, no século XVIII, a começar na Inglaterra, a humanidade sofreu uma transformação no setor industrial, o que é chamado hoje de Revolução Industrial (GARCIA, 2015) A Revolução Industrial aconteceu na Inglaterra ao fim do século XVIII, estendendo-se ao século XIX. O estopim para tal acontecimento se deu por James Watt, o inventor da máquinaa vapor, esta invenção logo foi aplicada a produção, o que causou uma reviravolta econômica, social e política, pois alterou a estrutura de produção e comercial da época. (CHIAVENATO, 2003) Contudo, a inovação da época não se limita a invenção de Watt, mas outras invenções impactaram o mundo, principalmente na substituição do trabalho artesanal. Para exemplificar melhor, será visto a seguir a divisão da Revolução Industrial em duas épocas. Segundo Chiavenato (2003), a primeira de 1780 a 1860, com a revolução do carvão, sendo principal fonte de energia, e do ferro, sendo principal matéria-prima. E a segunda de 1860 a 1914, com a revolução da eletricidade e derivados do petróleo, sendo as novas fontes de energia, e do aço, sendo a nova matéria prima. 12 1ª Revolução Industrial: • 1ª fase: através da mecanização da indústria e da agricultura, com a máquina de fiar (inventada por James Hargreaves em 1767), o tear hidráulico (inventado por Richard Arkwright em 1769), o tear mecânico (inventado por Edmund Cartwright em 1785) e o descaroçador de algodão (inventado por Eli Whitney em 1792). Essas invenções substituíram o trabalho artesanal e a força proveniente do homem, do animal ou da roda de água. (CHIAVENATO, 2003) • 2ª fase: descrito por Chiavenato (2003, p. 33) deu-se por “A aplicação da força motriz à indústria”. Iniciaram-se grandes transformações devido a utilização do vapor nas máquinas. O que antes era produzido em oficinas, passou a ser em fábricas. Além dos seus impactos nos transportes, meios de comunicações e agricultura. • 3ª fase: desenvolvimento das fábricas. Caindo em detrimento a mão de obra do artesão e sua oficina, o operário, as fábricas e usinas começaram a ocupar lugar. A migração de pessoas das áreas rurais (devido ao detrimento das atividades nesta zona) para as proximidades das fábricas provocou a urbanização. (CHIAVENATO, 2003) • 4ª fase: Inovações nos transportes e nos meios de comunicação. A começar por navegação a vapor (que surgiu por Robert Fulton em 1807) como também, a substituição das rodas propulsoras por hélices. A locomotiva a vapor (inventada por George Stephenson, em 1814) trouxe a surgimento a primeira estrada de ferro na Inglaterra em 1825. Ademais, meios de comunicação como: o telégrafo elétrico (inventado por Samuel Morse em 1835), o telefone (por Graham Bell em 1876), entre outros. (CHIAVENATO, 2003) 2ª Revolução Industrial: Segundo Chiavenato (2003): • Aço se torna matéria-prima básica da indústria; • O vapor foi substituído pela eletricidade e derivados do petróleo utilizados como fontes de energia; • Trabalhadores sendo especializados, e a automação da maquinaria; • A ciência foi obtendo cada vez mais domínio sobre a indústria; 13 • Inovação nos transportes e comunicações. Vias férreas foram ampliadas. Em 1880, Gottlieb Daimler e Carl Benz constroem automóveis na Alemanha. Em 1906, o brasileiro Santos Dumont fez a primeira experiência com o avião; • Novas formas de organizações capitalistas foram surgindo e se desenvolvendo; • Industrialização sendo expandida desde a Europa até o Extremo Oriente; Diante de tais transformações, empresários da época começaram a perceber a necessidade de uma melhor organização em suas indústrias, desde processos até estrutura. De acordo com Chiavenato (2003), a Revolução Industrial trouxe as seguintes mudanças para o princípio das pesquisas em administração: • Crescimento das cidades (devido a grande saída de trabalhadores da zona rural) tendo por consequência a necessidade de administração pública; • Surgimento dos sindicatos dos trabalhadores no início do século XIX, (sendo alguns legalizados a partir de 1890); • Foram obtidas as primeiras experiências acerca da administração de empresas, o que fez com ela fosse consolidada uma área de conhecimento; • Início da Era Industrial que se prolongou até o fim do século XX; Dessa forma, a administração surge devido ao crescimento rápido e desorganizado das empresas, que necessitaram de uma administração científica que possibilitasse substituir a improvisação por métodos concretos. Além da necessidade de maior produtividade e eficiência nas empresas, para não perder espaço no mercado diante da concorrência. (GARCIA, 2015) 3.2. Teoria Científica da Administração No final do século XIX, surge um modelo de administração, criado pelo americano Frederick Winslow Taylor, baseado na administração com ênfase nas tarefas, focando no operário e na racionalização de seu trabalho. (CHIAVENATO, 2003) Taylor nasceu em 20 de março de 1856 na Filadélfia, nos Estados Unidos e pertencia a uma família de classe média. Aos seus 18 anos, começou a trabalhar como aprendiz em uma indústria, onde permaneceu até 1878. Após isso, ingressou 14 na Midvale Steel Works (especializada na construção de máquinas), onde começou como operário, mas logo passou para escriturário, maquinista, contramestre (gerente) e, por fim, engenheiro-chefe. (CHIAVENATO, 2003) De 1890 a 1893, Taylor trabalhou como gerente geral e engenheiro consultor na Manufacturing Investment Company, na Filadélfia, onde teve a oportunidade que precisava para testar suas teorias. Alguns anos depois, em 1911, lança o livro “Princípios da Administração Científica”, em que Taylor descreve suas considerações a respeito da teoria elaborada. (SILVA, 2006) O nome “Administração Científica” se dá pela tentativa de aplicação dos métodos científicos, aos problemas da administração, a fim de solucioná-los e aumentar a eficiência industrial. Os principais métodos científicos aplicados pela administração de Taylor, para a identificação dos problemas da administração, são a observação e a mensuração. (ALMEIDA, 2016) Em sua teoria, Taylor buscava aumentar a produtividade e diminuir os custos. Pensando nisso, os operários começaram a ser divididos por suas aptidões para realizar determinada tarefa e, foram treinados para realizar determinada função, aprendendo com perfeição e rapidez. Nesta teoria, enfatiza também o conforto de seus operários, dando importância as condições de trabalho, com fins de aumento da eficiência. O conforto do operário e a melhoria do ambiente físico (em aspectos como: iluminação, ventilação etc.) passaram a ser valorizados, não porque as pessoas o merecessem (segundo Taylor), mas porque tratava-se de quesitos essenciais para a melhoria da eficiência do trabalhador. (CHIAVENATO, 2003) Fonte: CHIAVENATO (2003, p. 68) Figura 1 - A abordagem microscópica da Adm. Científica 15 Chiavenato (2003) diz que no livro de Taylor “Princípios da Administração Científica”, ele defende os seguintes princípios, que são utilizados como base da Administração Científica: • Princípio do planejamento: planejamento é estritamente importante para que algo funcione. Atentando-se a tudo que pode dar certo ou errado. Subsistindo a improvisação, por estudos científicos e métodos de trabalho. • Princípio da seleção: selecionar os trabalhadores por meio de suas aptidões, ou seja, para cada função, deve existir uma pessoa que sabe melhor executá-la e que pode ser treinada para produzir mais. • Princípio do controle: monitorar os itens anteriores para ver os resultados. Está ligada a cooperação entre os gerentes e trabalhadores para a melhoria na execução dos dois primeiros princípios. • Princípio da execução: Com um bom planejamento, a execução trilha um caminho mais fácil. Nesse processo, então, acontece a distribuição do trabalho. O objetivo é fazer com que os trabalhadores atuem somente no que é necessário, pois assim, há um rendimento maior. Natura e a Teoria Científica Essa teoria é utilizada como base para diversas empresas, inclusive a Natura, como pode ser visto em Filho (2018). Um exemplo disso é o “Novo Espaço Natura” (nome dado pela própria empresa), em Cajamar – SP. A fábrica,que foi construída com um investimento de 200 milhões de reais, atende as necessidades dos funcionários no que se diz respeito a arquitetura, disponibilidade de espaço, com atividades e serviços a serem usufruídos e exercidos. Tudo isso, pensando no conforto dos colaboradores, pois desse modo, haverá aumento na produtividade dos colaboradores, oferecendo melhores condições no ambiente de trabalho, através do planejamento e estudo antes já citado por Taylor. Ademais, ainda hoje percebe-se que muitas linhas de produção buscam identificar os profissionais adequados para desenvolverem as tarefas de forma eficiente, mas o que está descartado é a ideia da desumanização do trabalhador, que não é visto mais como uma “máquina”. (ALFAYA, 2015) 16 3.3. Teoria Clássica da Administração Em meados de 1916, enquanto a abordagem científica da administração estava sendo aplicada por Taylor nos Estados Unidos, surgiu na França a teoria clássica da administração, que era estudada por Henry Fayol, em que seu enfoque se voltava para a estrutura organizacional, em busca da eficiência. (CHIAVENATO, 2003) Henry Fayol foi um engenheiro francês, nascido em Constantinopla, em 1841. Desde a juventude, estava convencido da necessidade de organização de pessoal nas empresas, então ao longo de sua vida, dedicou-se ao estudo de tal, o que o fez desenvolver uma nova teoria para a administração (FAYOL, 1989). Como visto em Bezerra (2017), essa teoria, mais conhecida como “teoria clássica da administração” tem como aspecto básico a literal estrutura de uma empresa. Fayol defendia a importância de uma empresa bem delimitada, e a partir disso, descreveu as funções organizacionais, que em sua percepção, são essenciais a toda administração, sendo tais: funções técnicas, comerciais, financeiras, de segurança e contábeis, em que, juntas, compõem as funções administrativas, como na imagem abaixo: Fonte: BEZERRA (2017) • Funções técnicas: seriam o que hoje conhecemos como “operacional”, trata-se da produção de bens e serviços da empresa; • Funções comerciais: ações de compra e venda; • Funções financeiras: procura e gerência de capital; • Funções de segurança: proteção e preservação de bens e pessoas; • Funções contábeis: inventários, registros, balanços etc. Figura 2 - Funções básicas da empresa segundo Fayol 17 • Funções administrativas: é a supervisão da cúpula de todas as funções citadas anteriormente. Para esta última função, Fayol descreve os princípios para exercê-la, que são: prever, organizar, comandar, coordenar e controlar; segundo ele, estas são necessárias no quesito de administrar um negócio. (CHIAVENATO, 2003). Visto em Chiavenato (2003), Fayol também defende seus chamados “princípios gerais da administração”, contabilizando 14, que são: 1. Divisão do trabalho: especialização das tarefas e das pessoas; 2. Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de dar ordens, a responsabilidade é o dever de prestar contas; 3. Disciplina: depende de obediência, comportamento e respeito aos acordos estabelecidos; 4. Unidade de comando: cada empregado deve receber ordens de apenas um superior; 5. Unidade de direção: uma cabeça e um plano para cada conjunto de atividades que tenham o mesmo objetivo; 6. Subordinação dos interesses individuais aos gerais; 7. Remuneração do pessoal: deve haver justa e garantida satisfação para os empregados e para a organização em termos de retribuição; 8. Centralização: concentração da autoridade no topo da hierarquia 9. Cadeia escalar: linha de autoridade que vai do escalão mais alto ao mais baixo em função do princípio do comando; 10. Ordem: um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar. É a ordem material e humana. 11. Equidade: amabilidade e justiça para alcançar a lealdade do pessoal; 12. Estabilidade do pessoal: quanto mais tempo uma pessoa permanecer no cargo, tanto melhor para a empresa; 13. Iniciativa: a capacidade de visualizar um plano e assegurar pessoalmente o seu sucesso; 14. Espírito de equipe: harmonia e a união entre as pessoas na organização. 18 Natura e a Teoria Clássica Tendo em vista os princípios citados acima, é possível verificar alguns destes ainda como aplicados na empresa Natura, a começar por: • Unidade de Comando: até um certo ponto, isto é respeitado. Uma vendedora natura relatou a seguinte hierarquia: consultor, que contata diretamente > Consultor Natura Orientador, que tem por chefia > Gerente do Setor, que coordena todo uma equipe; • Remuneração do pessoal: Como a Natura (2021) deixa claro no seu Relatório Anual, além do salário em si, os funcionários recebem 13º, 14º salários e PLR; no transporte: ônibus fretado ida/volta na saúde: assistência médica, odontológica e seguro de vida; oferece benefícios como berçário e auxílio-creche; a “Força de Vendas” conta com o Gympass, que dá descontos para aulas presenciais e on-line para exercícios físicos, meditação e planejamento nutricional, entre outros. • Estabilidade do pessoal: em relação a este quesito, depende de alguns fatores. Segundo Natura (2021, p. 140): “Mantivemos pequena variação no total de colaboradores da Natura nos últimos três anos e encerramos 2020 com 6.920 pessoas em nosso time direto – ante 6.820 no ano anterior. Em relação às novas contratações, o ritmo foi menor se comparado a 2018, quando a demanda se destinava, principalmente, a atender à velocidade de expansão das lojas próprias Natura naquele período.” • Equidade: não há dúvidas de que a Natura atua com enorme transparência, tanto para com os consumidores, como para os colaboradores, já que são disponibilizados inúmeros relatórios e documentos seja trimestral, semestral ou anualmente, contando com os dados que serão abordados em tal documento. 3.4. Teoria das Relações Humanas da Administração A Teoria das Relações Humanas surgiu nos Estados Unidos, devido a uma experiência desenvolvida por Elton Mayo. George Elton Mayo foi um sociólogo australiano, nascido em 26 de dezembro de 1880 e falecido em 7 de setembro de 1949, que se formou em medicina na Universidade de Adelaide, e deu aulas na Universidade de Queensland, ambas na Austrália. Em 1923, parte para 19 os Estados Unidos, onde começa a dar aula nas Universidades da Pensilvânia e Harvard. Inicia então, pesquisas sobre as relações humanas nas fábricas. (WESTREICHER, 2021) A origem da Teoria das Relações humanas se deu por preocupações nos sentidos de humanizar e democratizar a Administração, livrando-a dos conceitos rígidos e mecanicistas; também, devido ao desenvolvimento das ciências humanas e, as conclusões da Experiência de Hawthorne. (CHIAVENATO, 2003) Mayo, junto com seus colaboradores, em 1927, elaboraram o que é chamado de “Experiência de Hawthorne (nome que tem por origem o bairro em que foi feita a experiência, Hawthorne, em Chicago – EUA), ideia que surgiu para pesquisar a correlação entre iluminação e eficiência dos operários, da fábrica Western Electric Company, medida por meio da produção. Tal experiência dividiu-se em 4 fases, como é possível ver em Chiavenato (2003), sendo elas: 1ª fase: A princípio, o objetivo era entender o efeito da iluminação sobre o desempenho do trabalho. Foram selecionados dois grupos de operários, que faziam o mesmo trabalho sob as mesmas condições. Um grupo que estava sob observação trabalhava sob intensidade de luz variável, enquanto o grupo de controle trabalhava com intensidade constante. Partindo disso, não foi encontrado correlação direta entre tais fatores, mas obteve-se um fator que não pôde ser isolado: o fator psicológico. Verificou-se então que, as trabalhadoras fizeram suposições próprias, ou seja, quando a intensidade de iluminação aumentava, sentiam-se na obrigação de produzir mais, em contrapartida, quando diminuía,produziam menos. A inferioridade do fator fisiológico em relação ao fator psicológico, mostrou que a eficiência das funcionárias era afetada por condições psicológicas. Para isolar o inoportuno fator psicológico, estenderam a experiência para verificar fadiga, horários e intervalos de descanso. (CHIAVENATO, 2020) 2ª fase: foi feito comparação entre um grupo experimental, composto de seis mulheres que montavam relés em uma sala, e o grupo de controle (que era o restante da fábrica). Tanto o grupo experimental como o de controle tinham um observador e um supervisor. As moças do grupo experimental foram convidadas a participar da pesquisa, tendo por esclarecido o objetivo dela: avaliar as consequências das mudanças nas condições de trabalho (períodos de descanso, lanches, redução no horário de trabalho etc.) sendo informadas a respeito dos resultados e as modificações eram submetidas à sua aprovação. Reforçou-se que elas se mantivessem à vontade https://www.infopedia.pt/$harvard?intlink=true 20 no ambiente de trabalho, trabalhando normalmente. Dividiu-se essa etapa em 12 períodos para observar os resultados. Diante das diferenças de comportamento entre o grupo experimental e o grupo de controle, os pesquisadores se afastaram do objetivo inicial (de verificar as condições fisiológicas no trabalho) e focaram no estudo das relações humanas no trabalho. (CHIAVENATO, 2020) 3ª fase: em 1928, foi iniciado um Programa de Entrevistas com os empregados, isto com os fins de conhecer suas atitudes e sentimentos, além de abrir espaço a opiniões. Com mais de 20 mil empregados entrevistados entre 1928 e 1931, foi identificado a existência de uma organização informal dos operários, a fim de se protegerem contra o que consideravam como ameaças da administração contra seu bem-estar. Isto se manifestou por meio de: • Produção padronizada pelos operários, que não ultrapassavam o limite do que achavam ser considerado normal a eles; • Punição não-formal sobre os operários que excediam os padrões e, que eram considerados sabotadores pelo restante do grupo; • Expressões que refletiam a insatisfação do grupo quanto aos resultados do sistema de pagamentos de incentivos por produção; • Certos operários eram tidos como líderes (informais) que mantinham unidos os grupos e asseguravam o respeito pelas normas impostas; • Demonstração de contentamento ou descontentamento a respeito das atitudes dos superiores com relação ao comportamento dos operários; Por meio da organização informal, os operários criaram vínculos, sendo leais uns com os outros. Os pesquisadores notaram que alguns operários defendiam a lealdade à empresa, o que trazia divisão entre os grupos. (CHIAVENATO, 2020) 4ª fase: Foi escolhido um grupo para exercer seu serviço em uma sala especial, com as mesmas condições de trabalho do departamento. Dentro da sala ficava um observador, enquanto fora tinha um entrevistador que entrevistava o grupo. O sistema de pagamento era baseado na produção do grupo, e um salário-mínimo horário, para o caso de interrupções na produção. Os salários só poderiam aumentar se a produção total aumentasse. Diante disso, foi observado que os operários montavam o que julgavam ser a sua produção normal e, feito isso, reduziam seu ritmo de trabalho. Os operários passaram a apresentar certa uniformidade e solidariedade grupal. Eles tinham como sabotador o membro que prejudicasse algum companheiro, e 21 ameaçavam os mais rápidos com punições simbólicas para "estabilizarem" sua produção. Essa quarta fase permitiu o estudo das relações entre a organização informal dos empregados e a organização formal da fábrica. (CHIAVENATO, 2003). Tendo isso em vista, é possível ver em Chiavenato (2020) que as conclusões da experiência de Hawthorne refletiram na delimitação dos princípios básicos da Teoria das Relações Humanas, como: 1. Nível de produção é resultante da integração social: identificou-se que a produtividade não é determinada pela capacidade física ou fisiológica do empregado (como defendia a Teoria Clássica), mas por normais e expectativas grupais e sociais. Se o empregado reunir excelentes condições físicas e fisiológicas para o trabalho e não pertencer a um grupo, a sua eficiência sofrerá a influência do seu descabimento social; 2. Comportamento social dos empregados: o comportamento do indivíduo se sujeita ao grupo pertencente. Os trabalhadores não agem ou reagem isoladamente, mas como membros de grupos, sujeitos a punições ou reconhecimento destes. A Teoria das Relações Humanas contrapõe o comportamento social do empregado ao comportamento do tipo máquina proposto pela Teoria Clássica; 3. Recompensas e sanções sociais: percebeu-se que os operários que produziram acima ou abaixo da norma imposta pelo grupo perderam a consideração dos colegas. Os operários preferiram produzir menos (e consequentemente ganhar menos), do que pôr em risco suas relações amistosas com os colegas do grupo. Cada grupo social desenvolve crenças e expectativas com relação à Administração: essas crenças e expectativas influenciam nas atitudes e nas reações de comportamento, que o grupo define como aceitáveis; 4. Grupos informais: A empresa passou a ser visualizada como uma organização social, que continham grupos sociais informais, em que seus critérios nem sempre coincide com a organização formal da empresa, ou seja, com seus propósitos. Esses grupos informais definem suas regras de comportamento, que cada participante vai assimilando e integrando em suas atitudes; 5. Relações humanas: os indivíduos, dentro da organização, participam de grupos sociais e mantêm-se em uma constante interação social. As relações humanas são as atitudes desenvolvidas a partir dos contatos entre as pessoas. Cada pessoa influencia e é influenciada no comportamento e atitudes umas das outras, e procuram se ajustar aos grupos e pessoas, a fim de ser compreendida, aceita e 22 participar. A compreensão da natureza dessas relações, permite resultados melhores dos subordinados e, um ambiente em que cada pessoa é incentivada a expressar-se livremente. 6. Importância do conteúdo do cargo: Mayo e sua equipe avaliaram que a especialização defendida pela Teoria Clássica não cria a organização mais eficiente. Observaram que os operários trocavam de posição para evitar a monotonia, mas infringia a política da empresa, pois provocavam efeitos negativos na produção. Identificaram que o conteúdo e a natureza do trabalho têm forte influência sobre o trabalhador. Repetição tende a tornar os trabalhos maçantes e monótonos, impactando negativamente a atitude do funcionário, diminuindo sua eficiência. 7. Ênfase nos aspectos emocionais: a Teoria das Relações Humanas passa a se atentar aos elementos emocionais, espontâneos e irracionais do comportamento humano. Natura e a Teoria das Relações Humanas A empresa conta em seu relatório anual a enorme importância que dá para as pessoas. Tanto que um capítulo do relatório se chama “Cada Pessoa Importa” – nome dado ao projeto de desenvolvimento que contém conteúdos como autoconhecimento, inteligência emocional, competências necessárias no modelo do trabalho remoto, reflexões, entre outros, para seus colaboradores. Além disso, eles notam a existência de grupos informais no ambiente de trabalho, e na verdade, apoiam isso, pois contribui para a qualidade de vida no trabalho e a produtividade. Tanto que eles desenvolveram uma plataforma on-line, a princípio de avaliação, mas que também trouxe interação dos colegas, uns com os outros, como uma rede social. Não somente, mas a Natura possui em seu relatório anual, um capítulo específico sobre a qualidade das relações. Neste eles descrevem a relação da empresa com os colaboradores, desta forma: “A primeira pesquisa aplicada para o grupo, foi realizada em outubro, com alto nível de participação (83%).O resultado do engajamento atingiu nota 88, em uma escala de 0 a 100 [...] Entre as nossas fortalezas, as dimensões Propósito, Direção da Empresa e Pertencimento obtiveram as melhores avaliações, sendo fatores-chave para manutenção da conexão e vínculo emocional de nossos colaboradores. Como oportunidades de melhoria, foram indicados a colaboração entre times, negócios e geografias, 23 além do fator de oportunidades de crescimento e a dimensão Ideias Importam [...]” (NATURA, 2021, p. 146) Com seus fornecedores: “Em 2020, a lealdade dos fornecedores da Natura Brasil manteve o bom nível alcançado em 2019, de 44% (nota 5 nas três perguntas da metodologia: satisfação, intenção de continuar e recomendação). Apesar de apontar uma queda nos resultados de lealdade dos fornecedores da Natura América Hispânica, o resultado de 44% ainda mantém um bom nível de evolução em relação ao histórico.” (NATURA, 2021, p. 146) Com suas consultoras: “Realizamos pesquisa on-line com as consultoras a cada ciclo de vendas e, a cada dois ciclos, com as líderes negócios. A média das avalições dá origem aos índices de lealdade de consultoras e líderes com a Natura – métrica que verifica os atributos de “satisfação geral”, “intenção em continuar” e “recomendação da atividade” (NATURA, 2021, p. 146) Atendimento ao cliente: “Ao longo do ano, foram cerca de 3 milhões de interações via chat e telefone (Brasil), oriundas principalmente de consultoras (48,6%), líderes de negócio (6,82%), gerente de relacionamento (13,3%), consumidor final (9,45%) e da Rede Natura (21,8%)” (NATURA, 2021, p. 147) Estes são somente alguns exemplos dos cuidados da Natura para com toda a sua comunidade (interna e externa), mas que fazem jus ao título de “humanizada” que a empresa recebeu. 3.5. Teoria Burocrática da Administração Max Weber, sociólogo alemão e criador da Sociologia da Burocracia, nasceu em 21 de abril de 1864 e veio a falecer em 14 de junho de 1920. Em meados de 1910, Weber dedicou-se a um estudo sobre as organizações e sua forma racional de administração, todavia suas ideias só foram aplicadas a partir da década de 40, quando muitas críticas foram apontadas à teoria científica, por seu mecanicismo, e à teoria das relações humanas, por seu “romantismo”. (PORTAL ADMINISTRAÇÃO, 2014) A teoria da burocracia tem por foco, a formalização (obediência a normas, rotinas, regulamentos), estrita divisão do trabalho, respeito a hierarquia, impessoalidade, profissionalização e competência técnica dos funcionários, todos estes que serão melhor descritas mais à frente. (ALFAYA, 2015) 24 Segundo Weber, qualquer sociedade ou organização que se baseie em leis, é burocrática, e partindo disso, ele traz definições para 3 tipos de sociedade existentes, como podemos ver em Chiavenato (2003), sendo essas: • Sociedade Tradicional: predominam características patriarcais, como família, o clã, a sociedade medieval etc. • Sociedade Carismática: predominam características arbitrarias, como nos grupos revolucionários, nos partidos políticos, nas nações em revolução etc. • Sociedade Legal (ou burocrática): nestas, predominam normas e racionalidade na escolha dos meios e dos fins, como nas grandes organizações, nos estados modernos etc. Com as sociedades distinguidas desta maneira, ele aborda os tipos de autoridade que correspondem a cada uma delas, que também é possível ver em Chiavenato (2003), sendo estas: • Autoridade Tradicional: podendo ser conhecida como patrimonial, nesta, a aceitação da autoridade dar-se-á pela crença, e a legitimidade é explicada por tradições e costumes; • Autoridade Carismática: em que a aceitação provém da lealdade e confiança nas qualidades normais de quem administra. Em presença de um líder que possua um carisma excepcional, os subordinados aceitarão sua legitimidade de autoridade; • Autoridade Legal (ou burocrática): nesta, a aceitação da autoridade baseia-se na concordância com as leis e regulamentos. Esta autoridade pressupõe um tipo de dominação racional, que vai buscar a sua legitimidade no caráter normativo da lei; Para definirmos de fato o que é burocracia, Chiavenato (2003, p. 262) nos traz “Para ele, a burocracia é a organização eficiente por excelência”, tendo em vista que atualmente, o termo é tido com uma conotação pejorativa, atribuindo a esta defeitos do sistema, e não ao sistema em si. Partindo disso, será visto as características da burocracia, segundo a percepção de Weber. 1. Caráter legal das normas e regulamentos: diz respeito as normas e regras da empresa, em que estas têm como papel definir como funcionará a organização burocrática. Abrangem todos os departamentos, preveem todas as 25 possíveis ocorrências e as encaixam dentro de um esquema predefinido capaz de regular tudo o que ocorre dentro da organização; 2. Caráter formal das comunicações: todos os procedimentos e ações são registrados por escrito, documentando-as, para proporcionar comprovação e formalidade, bem como para assegurar de que não haverá interpretação equivocada do que foi transmitido; 3. Caráter racional e divisão do trabalho: nesta parte, é estabelecida a função de cada um, ou seja, cargo específico e funções estritamente específicas. Todos devem saber qual a sua tarefa, e capacidade de comando sobre os outros, para não interferir na tarefa alheia e nem prejudicar a estrutura. 4. Impessoalidade nas relações: aqui, trata-se da imparcialidade da burocracia sobre as pessoas. Desta forma, os cargos e funções são dados de forma impessoal, olhando os funcionários como ocupantes deles, e não como, de fato, pessoas; 5. Hierarquia da autoridade: todos os cargos possuem um controle e/ou supervisão, respeitando e obedecendo a estrutura hierárquica; 6. Rotinas e procedimentos padronizados: os ocupantes do cargo tem que seguir de forma rígida todos os procedimentos que a burocracia os impõe, pois as regras e normas regulam a conduta do funcionário; 7. Competência técnica e meritocracia: não levam em conta as pessoas ou relacionamento com elas, mas sim a competência e a capacidade do funcionário em relação ao cargo/função a ser desempenhada; 8. Especialização da administração: O membro do corpo de administração nem sempre é proprietário da organização, mas sim um colaborador especializado na função de administrador da organização. 9. Profissionalização dos participantes: Cada funcionário da burocracia é um profissional, pelas seguintes razões: A. É um especialista: cada funcionário é especializado nas atividades do seu cargo; B. É assalariado: os funcionários da burocracia recebem salários correspondentes ao nível do cargo que ocupam. Quanto mais elevado na hierarquia, maior o salário, e vice-versa; 26 C. É ocupante de cargo: o funcionário da burocracia é um ocupante de cargo, tendo ele como seu principal serviço dentro da empresa, tomando todo o seu tempo de permanência nela; D. É nomeado por superior hierárquico: o funcionário é um profissional selecionado e escolhido por sua competência e capacidade, nomeado (admitido), assalariado, promovido ou demitido da organização pelo seu superior hierárquico; E. Seu mandato é por tempo indeterminado: quando um funcionário ocupa um cargo dentro da burocracia, o seu tempo de permanência nesse cargo é indefinido e indeterminado; F. Segue carreira dentro da organização: à medida que um funcionário revela mérito, capacidade e competência, ele pode vir a ser promovido para outros cargos superiores; G. Não possui a propriedade dos meios de produção e administração: o administrador administra a organização, mas não é o proprietário dos meios de produção. O funcionário utiliza as máquinas e equipamentos, mas não é o dono delas; H. É fiel ao cargo e identifica-se com os objetivos da empresa: o funcionário passa a defender os interesses do seu cargo e da sua organização,em detrimento dos demais interesses envolvidos; I. O administrador profissional tende a controlar cada vez mais completamente as burocracias, pelas seguintes razões: aumento do número de acionistas, ocasionando fragmentação da propriedade das suas ações; os proprietários que antes, controlavam uma única organização, concentrando nela todo o seu dinheiro, passaram a dispersar o risco do seu investimento em outras organizações; os administradores profissionais, através de sua carreira dentro da empresa, chegam a posições de comando e de controle de coisas, sem possuírem a propriedade de tal; assim, um administrador pode ter mais poder sobre a organização do que um grande acionista; 10. Completa previsibilidade do funcionamento: todos os membros da organização devem se comportar de acordo com as normas e regulamentos pré- estabelecidos, a fim de que se atinja a máxima eficiência. 27 Fonte: CHIAVENATO (2003, p. 266) Natura e a Teoria Burocrática Partindo disso, nos 2 primeiros princípios citados acima, é visto que a Natura é muito transparente a respeito de suas normas e suas ações em geral. Estas são registradas em inúmeros relatórios (como o Relatório Anual citado aqui) que a empresa elabora, para diversos assuntos, com disponibilidade a todos os públicos (fornecedores, clientes, colaboradores etc.) em seu site ou no site do grupo Natura&co. Tendo em vista os princípios 4 e 7, a Natura olha cada funcionário como uma pessoa, mas não o qualifica por relação, mas sim por competências e capacidades de cada indivíduo que contribui. Tanto que é possível ver em seu relatório anual Natura (2021, p. 143) que 93% dos funcionários (homens e mulheres) no ano de 2020, receberam avaliação do seu desenvolvimento de carreira. Abordando também os princípios 8 e 9, a Natura por ser uma empresa de excelente qualidade na prestação de seus serviços e produtos, escolhe seus profissionais “a dedo”, de modo que suas qualificações e especializações são muito importantes para uma possível contratação. Além do mais, seu corpo administrativo é bem robusto e, como descrevem no seu relatório anual Natura (2021, p. 124) “Auxiliam na tomada de decisão o [...] Comitê de Operações do Grupo [...] e mais quatro comitês: Estratégico; Pessoas e Desenvolvimento Organizacional; Governança Corporativa; e de Auditoria, Gestão de Riscos e Finanças”, sendo estes especializados, mas não obrigatoriamente proprietários. Figura 3- As características da burocracia segundo Weber 28 3.6. Teoria Comportamental da Administração Nos anos de 1940, surge a Teoria Comportamental (ou também, Teoria Behaviorista) da Administração. Esta, trouxe um novo foco e uma nova percepção no que se diz respeito as teorias organizacionais: a abordagem das ciências do comportamento humano, o abandono das posições normativas das teorias anteriores, e a adoção de posições explicativas e descritivas. A ênfase permanece nas pessoas, mas dentro de um contexto organizacional amplificado. (CHIAVENATO, 2003) Dentro dessa abordagem, dois autores com suas diferentes vertentes da motivação humana se sobressaíram, sendo estes Abraham Maslow, inventor da Pirâmide das Necessidades, e Frederick Herzberg, inventor da Teoria dos Dois Fatores, que serão vistas a seguir. Pirâmide das Necessidades de Maslow Abraham Harold Maslow nasceu em Nova Iorque, nos Estados Unidos, em 01 de abril de 1908 e faleceu em 08 de junho de 1970. Durante sua vida, tornou-se um psicólogo comportamental e foi um dos fundadores da Psicologia Humanística nos anos 60, juntamente com outros autores. (COLTRO, 2006) Visto em Chiavenato (2003), para Maslow, o homem era motivado por suas necessidades, que se dividiam entre primárias e secundárias. Partindo disso, ele elaborou uma pirâmide baseada em uma hierarquia de importância e influência, cuja base encontram-se as necessidades fisiológicas e de segurança (primárias) e do meio ao topo encontram-se as necessidades sociais, de estima e de autorrealização (secundárias). Periard (2018) exemplifica melhor sobre o que se trata cada uma dessas necessidades: 1. Necessidades fisiológicas: Trata-se das necessidades vitais, como: se alimentar, descansar, dormir, ter relações sexuais etc. 2. Necessidades de segurança: Estão vinculadas a sentir-se seguro, ou seja: sem perigo, em estabilidade empregatícia, leis de ordem etc. 3. Necessidades sociais: ter vínculos sociais, como: sentir-se parte de um grupo, ser membro de um clube, receber carinho e afeto dos familiares e amigos etc. 29 4. Necessidades de estima: reconhecimento das nossas capacidades por nós mesmos e o reconhecimento dos outros da nossa capacidade de adequação: sentir-se digno e respeitado, com prestígio e reconhecimento, poder, orgulho etc. 5. Necessidades de autorrealização: necessidades de “crescimento”, incluem: aproveitar todo o potencial próprio, conseguir fazer o que gosta de forma plena, autonomia e autocontrole etc. Fonte: CHIAVENATO (2003, p. 331) Para subir em cada nível da pirâmide, é necessário ter satisfeito a necessidade anterior, dessa forma, a necessidade seguinte terá domínio sobre o comportamento humano. Em casos que a necessidade anterior é interrompida ou frustrada, ela volta a ser prioritária ao indivíduo. (CHIAVENATO, 2003) Teoria dos Dois Fatores de Herzberg Frederick Irving Herzberg foi um psicólogo e influente professor de gestão empresarial americano. Nascido dia 18 de abril de 1923 em Massachusetts nos Estados Unidos, veio a falecer em 19 de janeiro de 2000. Como dito por Marques (2019, par. 7) “ele acreditava que o enriquecimento do trabalho é um processo de gerenciamento contínuo, que impacta diretamente na motivação do funcionário”. Ele concluiu que existem fatores que colaboram para a motivação e a satisfação das pessoas em seus trabalhos. Ele explica que existem dois fatores responsáveis pela satisfação e motivação das pessoas em um ambiente Figura 4 - A hierarquia das necessidades, segundo Maslow 30 organizacional, e baseou-se na entrevista realizada com profissionais da área industrial de Pittsburgh (Pensilvânia, Estados Unidos). (MARQUES, 2019) Fonte: CHIAVENATO (2003, p. 334) Chiavenato (2003) descreve, segundo a percepção de Herzberg, o que são e o que compõem cada um dos dois fatores, sendo estes: 1. Fatores Higiênicos: também conhecidos como fatores extrínsecos, são aqueles que englobam o ambiente de trabalho, bem como as condições em que se encontra. Estes são de responsabilidade dos administradores da empresa, dessa forma, estão fora do controle das pessoas. Alguns desses fatores são: salário, benefícios, condições físicas e ambientais de trabalho, políticas e diretrizes da empresa, clima organizacional etc. Segundo Herzberg, esses fatores, quando bons, somente provocam a não- insatisfação, mas não suficientes para provocar satisfação nas pessoas (como na imagem acima). 2. Fatores Motivacionais: chamados também de fatores intrínsecos, estão relacionados com o conteúdo do cargo e as tarefas a serem executadas. Estes, por sua vez, se encontram sob o controle do indivíduo, já que tem relação com o que ele desempenha. Alguns desses fatores incluem: a liberdade de decidir e ser responsável sobre a execução do trabalho, uso de habilidades pessoais, definição de metas e objetivos, entre outros. Para Herzberg, esses fatores, quando bons, provocam a satisfação, em contrapartida, quando ruins, provocam a não-satisfação, não sendo capazes de provocar insatisfação (como na imagem acima). Ou seja, como definido por Chiavenato (2003, p. 334): Figura 5 - Fatores de satisfação e de insatisfação por Herzberg 31 “Os fatores higiênicos e motivacionais são independentes e não se vinculam entre si. Os fatores responsáveis pela satisfação profissional das pessoas sãototalmente desligados e distintos dos fatores responsáveis pela insatisfação profissional. O oposto da satisfação profissional não é a insatisfação, mas ausência de satisfação profissional. Também o oposto da insatisfação profissional é a ausência dela e não a satisfação.” Tendo em vista as duas vertentes mais conhecidas de motivação da Teoria Comportamental, é possível notar que as duas possuem características que as tornam parecidas, e até mesmo se complementam, como é possível ver na imagem a seguir: Fonte: Chiavenato (2003, p. 337) Natura e a Teoria Comportamental No que se diz respeito aos fatores higiênicos de Herzberg e os fatores primários de Maslow, a Natura esclarece em seu relatório anual Natura (2021, p. 143-145) seus feitos sobre a saúde e segurança do trabalhador. Suas iniciativas neste quesito vão desde: • Deixar clínicas Einstein a disposição em suas fábricas, com médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, psicologia, fisioterapia, entre outras especialidades e ambulâncias para eventuais emergências; Figura 6 - Comparação das teorias de Maslow e Herzberg 32 • Atividade física também é incentivada, tanto que para isso existe o Clube Natura, um espaço de lazer; • Alimentação saudável oferecida nos refeitórios, privilegiando micronutrientes; • Tratando-se da segurança, os riscos de doenças e acidentes de trabalho são levantados pela equipe de segurança do trabalho durante análises para elaboração do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Diante disso, todos esses esforços se mostram válidos, pois a Natura (2021, p. 145) afirma que “Os esforços na promoção de um ambiente seguro culminaram com a queda de 40% nas taxas de acidentes de colaboradores em 2020” • A respeito da socialização de seus colaboradores, muito eles prezam por isso, como visto mais acima na Teoria das Relações Humanas, onde também foi visto sua plataforma on-line em que colaboradores podem se comunicar uns com os outros, através de postagens e mensagens. Além disso, eles promoveram um programa chamado CorageN(sic), neste eles reuniram pessoas acima de 18 anos que fossem empreendedoras. Os selecionados contribuíram com a empresa em sua jornada de transformação, e a empresa relata: “A experiência deixou alguns legados para a companhia, como a importância de atrair profissionais com perfis distintos e de incorporar a inovação em nossa cultura organizacional e a assertividade da cultura ágil e do trabalho mais horizontal, que elimina as hierarquias e aposta na colaboração.” (NATURA, 2021, p. 101) Se tratando dos fatores motivacionais de Herzberg, e secundários de Maslow, é possível notar que a Natura procura manter seus funcionários engajados com a empresa, de modo que eles se sintam envolvidos em uma conquista conjunta. No quesito “estima”, a Natura (2021, p. 107) informa “promovemos algumas rodas de diálogo e buscamos garantir o pertencimento dos profissionais [...]” o que promove benefícios tanto sociais e mais ainda de estima, mostrando ao funcionário seu valor. Ademais, eles trazem a vista sobre o impacto positivo que seus colaboradores trouxeram “[...] os times interagiram de forma inovadora, indo além do óbvio para construir soluções rápidas e criativas, [...] que eliminou as barreiras entre áreas e níveis hierárquicos” (NATURA, 2021, p. 98), ou seja, proporcionaram autonomia aos 33 seus times, o que já foi visto que é um grande motivador no ambiente organizacional, pois demonstra confiança. Não somente, mas também criaram um programa chamado Ideias Importam, cujo colaboradores ganham espaço para explorar seu potencial, contribuindo com ideias inovadoras que agreguem a empresa. Dessa forma, eles mostram ao colaborador a relevância e importância que eles têm para a empresa. (NATURA, 2021) Foi possível ver, não somente nesta teoria, bem como em tantas outras, os projetos e ações da Natura para mostrar ao colaborador seu valor, e engajar seus times, devido a sua preocupação com as pessoas. Tanto que eles afirmam em Natura (2021, p. 102) “[...] reforçamos os processos de escuta para entender as necessidades dos colaboradores nesse novo momento e assegurar uma experiência de trabalho positiva para todos”, sempre pensando no melhor para o seu funcionário. 3.7. Teoria Sistêmica da Administração A teoria geral dos sistemas, desenvolvida pelo cientista Karl Ludwig von Bertalanffy, faz crítica a divisão imposta sobre diferentes áreas em todos os âmbitos e, afirma que todas as partes pertencem a um todo, sendo interligadas. Bertalanffy foi um biólogo austríaco, nascido em 1901, que desenvolveu os seus estudos em biologia, interessando-se pelo desenvolvimento dos organismos. Em 1968 publica seu livro “General System Theory” (Teoria Geral do Sistema) em que explica a aplicação da sua teoria nas áreas de matemática, ciências da natureza, ciências sociais etc. Até seu falecimento, em 1972, mantinha-se convicto de sua teoria. (PORTO EDITORA, s/d) Visto em Maximiano (2020), a teoria possui dois princípios básicos, sendo estes: 1. Interdependência das partes: a teoria geral dos sistemas explora a integração, o “todo” e o “total”. Tem por ideia de que o tudo e todos são formados de partes interdependentes; 2. Tratamento complexo da realidade complexa. Segundo Bertalanffy, a realidade tem se tornado cada vez mais complexa, então essa ideia tem por necessidade aplicar alguns enfoques para entender a realidade e possivelmente lidar com ela. 34 De acordo com Chiavenato (2003), os sistemas se distinguem entre os tipos físicos e abstratos: Sistemas físicos (ou concretos): Equipamentos, máquinas, objetos e as demais coisas reais são alguns dos elementos que os constituem. São denominados hardware. Sistemas abstratos (ou conceituais): Os elementos pertencentes a este grupo são conceitos, planos, hipóteses e ideias. Muitas vezes só existem no pensamento das pessoas. São denominados software; Dessa vez, tratando-se de sua natureza, Chiavenato (2003) afirma que eles podem ser fechados ou abertos: Sistemas fechados: Não recebem influência do ambiente que os circunda e nem o influenciam. Não recebem recursos externos e nada do que produzem é enviado para fora; Sistemas abertos: Possuem relação e interação com o ambiente por meio de diversas entradas e saídas. Os sistemas abertos trocam matéria e energia regularmente com o meio ambiente. Tendem a adaptar-se constantemente para sobreviver diante das condições do meio que os rodeia. Segundo Chiavenato (2003), tais sistemas possuem seus parâmetros, compostos por entrada, processamento, saída, ambiente e retroação, que serão mais bem descritos a seguir: Fonte: ADMINISTRAÇÃO PARA ADMINISTRADORES (2012) • Entrada (input): Aqui se encontra a parte do sistema que recebe insumos, informações, energia, recursos, materiais, entre outros para a operação do sistema; Figura 7 - Parâmetros da teoria sistêmica 35 • Processamento: O transformador dos insumos recebidos na entrada. Nesta parte, ocorre a produção de um resultado; • Saída (output): É o resultado do que foi recebido na entrada, e transformado no processamento. Para um sistema, esta seria a parte final, já para um subsistema, a parte intermediária; • Retroação: Essa parte consiste em um subsistema que tem por função comparar e controlar a saída com um critério ou padrão previamente definido; • Ambiente: É o meio externo do sistema. Os insumos e recursos recebidos na entrada pelo sistema, provém do ambiente, e a saída dos recursos e produtos tem como destino o mesmo meio. Aqui, o sistema deve se atentar para o seu entorno, pois eles são interligados e influenciáveis, sendo necessário, por vezes, aplicar mudanças e adaptações; Partindo deste enfoque sistêmico, um apontamento importante é a definição de organização como um sistema. Segundo Maximiano (2020, par. 7) “umaorganização é um sistema composto de elementos ou componentes interdependentes. Não é uma entidade monolítica”. O mesmo autor descreve a organização sistêmica, seguida de seus componentes, sendo: • O sistema técnico: este é formado por recursos e componentes materiais, mas também conceituais (até certo ponto não possui interferência humana). Aqui se encontram: metas, divisão do trabalho, tecnologia, equipamentos, tempo das tarefas, procedimentos etc. • O sistema social: este é formado por manifestações do comportamento humano, seja individualmente ou em grupo. É possível ver: relações sociais, grupos informais, cultura e clima organizacional, atitude, motivação etc. Uma habilidade básica para os gestores é, compreender estes elementos e sua interação nas organizações. (MAXIMIANO, 2020) Natura e a Teoria Sistêmica A Teoria Sistêmica pode ser vista claramente na Natura, em especial no seu setor de produção. Por isso não será especificado nesta parte, mas será visto mais à frente na descrição de seus setores. 36 3.8. Teoria Contingencial da Administração A Teoria Contingencial surge de modo a defender que “tudo é relativo”, ou, “tudo depende”. Morgan (2006, p. 64) traz um conceito que define a teoria, em que “Não existe uma melhor maneira de organizar. A forma apropriada depende do tipo de tarefa e do ambiente em questão.” A contribuição de alguns autores foi muito importante para o desenvolvimento dos estudos sobre a teoria da contingência. Dentre alguns, estão, segundo Chiavenato (2003): Alfred Chandler; Tom Burns e G.M Stalker; Paul Lawrence e Jay Lorsch; e Joan Woodward. Estes autores desenvolveram pesquisas muito relevantes para a teoria. Contudo, o ponto principal da teoria da contingência é que, na administração não existe o modelo ideal de gerenciamento, não existe um modelo de gestão exclusivamente certo, pois fatores contingenciais – incertos e instáveis – sempre irão interferir e transformar o ambiente em que a organização está inserida. Alguns fatores contingenciais estão entre os mais importantes, como a tecnologia, o ambiente e, a estrutura. (PEREIRA; RODRIGUES; GESSI, 2014) A respeito da tecnologia, as organizações a utilizam para execução de tarefas. A tecnologia pode ser tanto a faxina feita com vassoura ou escovão, como pode ser o processamento de dados pelo computador. Mas é fato que as organizações dependem da tecnologia para funcionar. Já o ambiente é o que envolve a organização externamente. Como a organização é um sistema aberto, ela mantém constante relacionamento com seu ambiente. Isso faz com que tudo o que ocorre externamente, influencie no que ocorre dentro da organização. Por fim, a estrutura, a partir da teoria contingencial, defende a flexibilidade, dado ao fato de que em ambientes incertos e de constante mudança, a adaptação torna-se mais fácil, e novos aprendizados também. (CHIAVENATO, 2003) Fonte: CHIAVENATO (2003, p. 504) Figura 8 - A abordagem contingencial 37 A partir disso, é possível perceber que cada cidade, estado ou país sempre terá condições de ambiente diferentes, isso se deve ao fato de que são influenciadas diretamente por fatores como cultura, política, entre outros, o que produz necessidades diferentes por parte dos consumidores, e até mesmo colaboradores, sociedade e a empresa como um todo. (PEREIRA; RODRIGUES; GESSI, 2014) Essa teoria mostra em seus princípios, uma constante evolução das teorias organizacionais, que atingiu o ápice com a Teoria Contingencial, por ser influenciada por condições ambientais. O ambiente é visto como fator principal, pois ele molda lugares e sistemas, que influenciam a estrutura e a tecnologia, que por conseguinte, influenciam as organizações propriamente ditas. (PEREIRA; RODRIGUES; GESSI, 2014) Natura e a Teoria Contingencial A teoria contingencial diz que as organizações são influenciadas pelo seu ambiente externo. Deste modo, levando em conta a situação de pandemia da COVID- 19 que a população enfrentou nos anos de 2020 e 2021, será visto a seguir, ações da Natura perante este fator que influenciou toda a empresa. Eles contam sobre uma decisão que foi tomada pelo Comitê de Operações do Grupo no auge da incerteza causada pela pandemia, em que: propuseram à liderança que renunciassem parte de sua remuneração, para contribuir para o enfrentamento da crise e assegurar a continuidade das ações do grupo. (NATURA, 2021) Aqui, é possível ver uma estrutura organizacional flexível, que renunciou certa parte de seu salário, devido a fatores externos que poderia os prejudicar. Como resposta ao cenário de 2020, pandêmico, eles tomaram ações imediatas. A Natura (2021) mostra que adotou algumas práticas, como: • Horários flexíveis; • Redirecionamento para outros projetos, como fortalecimento dos canais de vendas; • Mapeamento de pontos de vulnerabilidade entre consultoras, comunidades e fornecedores; • Programa de flexibilidade de créditos a consultora, facilitando formas de pagamento; 38 • Apoio a consultoras em situação vulnerável com recursos emergenciais, apoio aos que testaram positivo ao vírus Covid-19; • Mudança na priorização de fabricação de produtos e disponibilização destes para vendas com cada consultora como álcool em gel, cremes para as mãos sabonetes. Demonstrando, além de um lado mais humano, mas também, que estavam preparados para novas adaptações e ações de mudança, conforme a necessidade do momento. 39 4. PESQUISA EMPÍRICA 4.1. Setor de produção da Natura Sendo a Natura uma das maiores empresas brasileiras de cosméticos, atualmente ela emprega milhares de profissionais por toda a América Latina. É uma empresa que se preocupa com a natureza, então, a fabricação de seus produtos se adapta constantemente a novas tecnologias, a fim de contribuir com o meio ambiente. (NATURA, 2021) A empresa concentra as áreas de produção, logística e pesquisa, no município de Cajamar em São Paulo, num complexo de 77 mil m2 de área construída, em terreno de 643 mil m2. As atividades comerciais e de marketing, por sua vez, concentram-se na unidade de Itapecerica da Serra, também no Estado de São Paulo. (NATURA, 2021) Não se limitando a São Paulo, mas a empresa possui também uma fábrica de 172 hectares – equivalente a 1.720.000m² – em Benevides no Pará, chamado de Ecoparque, onde são fabricados os sabonetes da marca. (NATURA, 2021) Mais de 80% da matéria prima utilizada é de origem vegetal e, a empresa não realiza testes em animais desde 2006. Para o recebimento de tal matéria prima, a empresa mantém relacionamento com 32 comunidades no Brasil – a maioria se encontra na Amazônia – que reúne mais de 2 mil famílias fornecedoras de ativos da sociobiodiversidade utilizados em seus produtos (utilizam também fornecimentos vindos do exterior). (VAZ, 2019) Por conseguinte, eles utilizam de ciência avançada, a fim de chegar a fórmulas naturais, com ativos potentes contribuintes e benéficos aos cuidados com a beleza e, com impacto positivo a sua comunidade interna e externa (onde já é possível ver a atuação da Teoria Sistêmica). Em seu Relatório Anual Natura (2020, p. 46) eles descrevem: “O ciclo de desenvolvimento de produtos é conduzido por equipes multidisciplinares, organizadas em times ágeis, em um sistema de trabalho que vem evoluindo nos últimos anos para entregar produtos de maior diferenciação, conectados às tendências do mercado de beleza e com time de marketing para as inovações.” Após passar por todo o processo de fabricação, todos os produtos são enviados para o centro de logística, em Itupeva – cidade localizada em São Paulo – e caixas e 40 pallets são armazenados. O controle do estoque é por meio de um software que gerencia espaço, tempo e emissões de gás carbônicono transporte até os centros de distribuição (VAZ, 2019). Por fim, para fazer as entregas, a empresa utiliza de meios como, o transporte rodoviário e marítimo, e, carros e bicicletas elétricas (lembrando que são pedidos solicitados tanto pelas consultoras, mas também por e-commerce, o que faz com que a demanda seja alta e constante) (VAZ, 2019). 4.2. Setor de Marketing da Natura A empresa Natura busca se destacar no mercado e, ela demonstra seus interesses em valores que são fundamentais, como sustentabilidade e sempre oferecer o melhor ao cliente. Contudo, a marca já firmou seu nome no mercado, e conseguiu porque, ao longo dos anos, ela usa de transparência com seus clientes, o que é uma ótima estratégia em busca de aumentar a confiança dos consumidores. (NATURA, 2021) Para aumentar a abrangência da marca, eles buscam investir no apoio e na criação de ações e projetos sociais com o foco no engajamento. Além disso, eles buscam inovar nos produtos e linhas que já possuem, evoluindo e trazendo o melhor sempre para os clientes. (NATURA, 2021) A empresa utiliza da venda direta, em que, são fornecidas revistas que possuem fotografias dos produtos, para que os(as) consultores(as) possam convencer seus clientes a comprar, através da visualização dos produtos em um catálogo chamativo. Visando o mundo moderno e, consequentemente maior acesso à tecnologia, esses catálogos vêm sendo disponibilizados em PDF também para facilitar a venda por meio de redes sociais. (NATURA, 2021) Além disso, segundo a Natura (2020), a empresa busca constantemente inserir campanhas para incentivar as compras. Em datas comemorativas, todos os profissionais da área trabalham para o incentivo a compras através de descontos ou utilização de figuras públicas da Internet. Pensando ainda no desenvolvimento desses(as) consultores(as), a Natura oferece a eles(as) cursos de Marketing Digital para auxiliar na divulgação dos produtos. No Relatório Anual Natura (2020) a empresa mostra que investiu fortemente em Marketing, no fortalecimento do e-commerce, principalmente devido a pandemia 41 da COVID-19. Segundo uma pesquisa realizada pela Natura, as compras pela Web são 40,9% do total mensal e já alcançou picos de até 52%. A respeito de estratégias, uma das que a empresa mais utiliza se trata do Marketing Verde, que basicamente significa divulgar seus produtos, mostrando a preocupação da empresa com o impacto que eles ocasionam ao meio ambiente e, apresentando como estes produtos diminuem os efeitos para o mundo. Um exemplo disso seria, as embalagens dos produtos, que em sua maioria são recicláveis, além dos produtos não serem testados em animais. Não se limitando somente em falar de consciência, mas praticar, o que conquista admiração e confiança dos consumidores (NATURA, 2021). 4.3. Setor de Recursos Humanos da Natura Atualmente, a Natura conta com quase 7 mil colaboradores, contabilizando suas operações no Brasil e na América Latina e, diante de um alto número de colaboradores, é de se questionar quais são as maneiras de ingresso na Natura, e a respostas para essa pergunta, segundo Moretti (2020), se enquadram em: vagas abertas; estágio; jovem aprendiz; trainee consultoras; estes serão mais bem descritos a seguir: Vagas abertas: aqui, é possível verificar na aba “trabalhe conosco” da empresa e, também no LinkedIn, vagas em geral que a empresa disponibiliza. Neste, será necessário fazer o cadastro, e aguardar até que o R.H da Natura faça a triagem dos perfis, e possivelmente convoque os candidatos mais bem qualificados, que apresentem os requisitos exigidos. (MORETTI, 2020) Estágio: Moretti (2020) esclarece que o Programa de Estágio Natura oferece todos os anos aos universitários, oportunidades de aperfeiçoarem seus talentos. Para cursos regulares, a duração é de até 24 meses e para os tecnológicos de até 18 meses. Os futuros estagiários trabalharão até 6 horas por dia, e terão acesso a diversos benefícios que a empresa oferece. Jovem Aprendiz: aqui, se encontra a oportunidade de entrada no mercado de trabalho para os estudantes de ensino médio, de 17 a 22 anos. Este, possui duração de até 11 meses e adquirem também aprendizagem teórica. Necessário disponibilidade para trabalhar 6 horas por dia. (MORETTI, 2020) 42 Trainee: para os recém-graduados, Moretti (2020) mostra que aqui se encontra a oportunidade de conhecer todas as áreas de negócios e operações, em um período de 2 anos, através do chamado Job Rotation. Contudo, para se tornar trainee na Natura, é necessário inglês avançado, disponibilidade para eventuais viagens e até mudança de cidade. Consultor(a): nesta, há a possibilidade de vender os produtos da Natura, de modo presencial através da mostra da revista, ou através de lojas virtuais próprias. O lucro bruto é de 20% sobre cada produto, e para fazer parte, é preciso ser maior de 18 anos, possuir CPF e RG, realizar o treinamento da empresa e pagar uma taxa de adesão de R$59,90 para se tornar consultor(a). (MORETTI, 2020) A empresa possui diversos projetos de desenvolvimento, que vão desde o operacional ao executivo. “Ecossistema de Aprendizagem Natura” foi o nome dado pela organização ao programa de desenvolvimento dos seus funcionários. Ele está inserido em uma plataforma on-line que tem à disposição uma série de artigos, livros, vídeos e cursos (internos e realizados por parceiros da companhia) sobre o tema que o colaborador tem interesse de se desenvolver. (NATURA, 2021) Em relação a avaliação de desempenho, eles descrevem em seu Relatório Anual Natura (2021, p. 102) o modo que eles a aplicam: “[...] o desenho de objetivos de valor para o negócio; conversas contínuas sobre entregas, comportamentos prioritários e desenvolvimento; protagonismo dos indivíduos e times; e sistema integrado (Workday) para apoio ao processo.” Segundo o mesmo Relatório, em 2020, todas as etapas da avaliação ocorreram de maneira remota, e 92% dos colaboradores foram recebendo as avalições ao longo do ano. A respeito de inclusão e diversidade, eles possuem projetos e metas a fim de alcançar um percentual de colaboradores PcD (Pessoa com Deficiência) e de diversidade de gênero e racial. Eles afirmam “cada pessoa é única e deve ser respeitada, acolhida e celebrada. Essa crença se expressa em um ambiente cada vez mais diverso e inclusivo” (NATURA, 2021, p. 108) Alguns benefícios que a Natura traz aos seus colaboradores, consistem em dar um dia livre e vale presente no aniversário de um colaborador; a possibilidade de trabalhar remotamente, que mesmo antes da pandemia trabalhavam uma vez por semana, em formato alinhado com seu gestor; colaboradores que trabalham em horário integral (8h às 17h) podem encerrar o expediente às 15h às sextas-feiras. 43 Ademais, eles pagam o 13º e 14º salários e PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e ônibus fretado (ida e volta). Em relação a saúde, eles oferecem assistência médica, odontológica e seguro de vida, além das clínicas disponibilizadas nas fábricas (veja na p. 30) (NATURA, 2021). Por fim, é possível ver no Relatório Anual Natura (2021), algumas outras iniciativas da organização, em relação a segurança e desenvolvimento do trabalhador, consistem em: • Jornada de cuidados com a vida: desenvolvimento da cultura de segurança por meio da coconstrução de ferramentas e práticas seguras; • Safety Coaching: ferramenta de desenvolvimento e engajamento de lideranças; • Safety Talks: desenvolve temas técnicos por meio de lives e encontros com especialistas nos temas, aproximando o tema de segurança de áreas. • Reporte um risco: os colaboradores são incentivados a informar sobre qualquer risco potencial em nossos sites ou por meio do aplicativo do colaborador. A estrutura organizacional da Natura Cosméticos se dá dessa forma: 4.4. Organograma Natura Fonte: FERNANDES
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