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Constitucionalidade de pagamento de 13 salário e terço de férias a Prefeitos e Vices-Prefeitos


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Rua 23 esq c/ Av. B, qd. 06, lts. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia – GO. CEP.: 74805/100. Fone: (62) 3243 – 8504/3243 – 8057 
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ROTEIRO DE ATUAÇÃO 
 
 
CONSTITUCIONALIDADE DO PAGAMENTO DE 13º SALÁRIO E T ERÇO 
DE FÉRIAS A PREFEITOS E VICES-PREFEITOS 1 
 
 
 
O Plenário do Supremo Tribunal Federal concluiu nesta quarta-feira (1º) o 
julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 650898, com repercussão geral reconhecida, no 
sentido de que o pagamento de abono de férias e 13º salário a prefeitos e vice-prefeitos não é 
incompatível com o artigo 39, parágrafo 4º, da Constituição da República. Por maioria, venceu o 
voto proposto pelo ministro Luís Roberto Barroso, que divergiu parcialmente do relator, ministro 
Marco Aurélio. 
 
Decisão: O Tribunal, por maioria, apreciando o tema 484 da repercussão 
geral, deu parcial provimento ao recurso extraordinário, reformando o acórdão 
recorrido na parte em que declarou a inconstitucionalidade dos arts. 6º e 7º da 
Lei nº 1.929/2008, do Município de Alecrim/RS, para declará-los 
constitucionais, vencidos, em parte, os Ministros Marco Aurélio (Relator), 
Edson Fachin, Ricardo Lewandowski e Cármen Lúcia (Presidente), que 
desproviam o recurso. Por unanimidade, o Tribunal fixou as seguintes teses: 
1) - "Tribunais de Justiça podem exercer controle abstrato de 
constitucionalidade de leis municipais utilizando como parâmetro normas da 
Constituição Federal, desde que se trate de normas de reprodução obrigatória 
pelos Estados"; e 2) - "O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é 
incompatível com o pagamento de terço de férias e décimo terceiro 
salário". O Ministro Marco Aurélio não participou da fixação do segundo 
enunciado de tese. Ausente, na fixação das teses, o Ministro Gilmar Mendes, 
e, neste julgamento, o Ministro Celso de Mello. Plenário, 01.02.2017. 
 
 
1 RE 65098 STF. Plenário. Rel. originário Min. Marco Aurélio, Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 01/02/2017 
(repercussão geral). 
 
 
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I - CASO CONCRETO 
 
Um Município do interior do Rio Grande do Sul editou lei prevendo que o Prefeito e 
o Vice-Prefeito teriam direito de receber: 
 
• terço de férias; 
• 13º salário; 
• verba de representação. 
 
Foi proposta uma ADI no TJ/RS contra esta lei municipal. 
 
O argumento foi de que o § 4º do art. 39 da CF/88 obriga que o Prefeito e o Vice-
Prefeito sejam remunerados por meio de subsídio, em parcela única, vedado o acréscimo de 
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou outra espécie 
remuneratória. 
 
Logo, a lei municipal, ao permitir o pagamento de terço de férias, 13º salário e verba 
de representação teria violado o regime do subsídio e afrontado o art. 39, § 4º da CF/88: 
 
Art. 39 (...) 
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato eletivo, os Ministros de 
Estado e os Secretários Estaduais e Municipais serão remunerados 
exclusivamente por subsídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de 
qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba de representação ou 
outra espécie remuneratória, obedecido, em qualquer caso, o disposto no art. 
37, X e XI. 
 
 A questão chegou até o STF por meio de recurso extraordinário contra a decisão do 
TJ. 
 
 
 
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II - DECISÃO DO STF – 13º SALÁRIO E FÉRIAS 
 
O STF, ao apreciar o tema, fixou a seguinte tese: 
 
 O art. 39, § 4º, da Constituição Federal não é incompatível com o pagamento 
de terço de férias e décimo terceiro salário. STF. Plenário. Rel. originário Min. Marco Aurélio, 
Rel. para acórdão Min. Roberto Barroso, julgado em 01/02/2017 (repercussão geral). 
 
 Segundo o Min. Luís Roberto Barroso, o regime de subsídio é incompatível 
apenas com o pagamento de outras parcelas remuneratórias de natureza mensal, o que não é o caso 
do décimo terceiro e das férias, que são verbas pagas a todos os trabalhadores e servidores, com 
periodicidade anual. 
 
A Constituição Federal prevê, em seu art. 39, § 3º, que os servidores públicos gozam 
de terço de férias e 13º salário, não sendo vedado o seu pagamento de forma cumulada com o 
subsídio. 
 
Os agentes políticos, como é o caso dos Prefeitos e Vice-Prefeitos, não devem ter 
um tratamento melhor, mas também não podem ter uma situação pior do que a dos demais 
trabalhadores. Se todos os trabalhadores em geral têm direito a um terço de férias e têm direito a 
décimo terceiro salário, não se mostra razoável que isso seja retirado da espécie de servidores 
públicos (Prefeitos e Vice-Prefeitos). 
 
Assim, não é inconstitucional o pagamento de terço de férias e 13º salário a Prefeitos 
e Vice-Prefeitos. 
 
III - VERBA DE REPRESENTAÇÃO 
 
Aqui temos uma situação de inconstitucionalidade. 
 
 
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Esta verba de representação não é uma quantia paga a todos os trabalhadores e 
servidores, não havendo, portanto, razão para que seja excepcionada do regime de subsídio (parcela 
única). 
 
IV – POSIÇÃO DO TRIBUNAL DE CONTAS DOS MUNICÍPIOS D O 
ESTADO DE GOIÁS – TCM/GO 
 
1 Há necessidade de previsão em lei 
orgânica ou na lei de fixação dos 
subsídios (STF entende ser direito social, 
gerando seus efeitos diretos de 
benefícios)? 
Há necessidade de previsão legislativa (Lei 
Orgânica do município e/ou lei específica de 
fixação). No caso de não haver previsão em 
lei, que sejam orientados a promover a 
alteração legislativa (na LOM e/ou na Lei de 
Fixação) no sentido de autorizar o 
pagamento dos benefícios de férias e 13º 
salário. 
2 Se necessária a previsão em lei, deve-se 
obedecer ao Princípio da Anterioridade 
aos Vereadores? 
Não há necessidade de se obedecer ao 
princípio da anterioridade para promover a 
alteração na lei específica para que seja 
acrescido o dispositivo que permita receber 
férias e 13º salário. 
3 No caso do prefeito e vice, a Constituição 
Estadual não prevê anterioridade. Mas 
caso a lei orgânica do município tenha 
essa previsão, deve-se prevalecer a lei 
orgânica? 
Deve-se ater às disposições da lei orgânica, 
no entanto, no caso concreto, a área técnica 
poderá apontar e ressalvar no certificado. 
4 Qual posicionamento acerca dos 
processos de Tomada de Contas em que o 
TCM determinou a devolução dos valores 
pagos? 
Nos processos em tramitação, adotar o 
entendimento do item I, analisando caso a 
caso. 
5 Como ficam os processos julgados Aguardar a publicação do Acórdão para a 
 
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irregulares em razão desses pagamentos 
em que não cabem mais recursos? 
verificação da modulação dos efeitos da 
decisão, se houver. 
6 Qual a posição do TCM quanto ao 
pagamento retroativo? 
Aguardar a publicação do Acórdão para a 
verificação da modulação dos efeitos da 
decisão, se houver. Até que seja publicado o 
Acórdão, a área técnica deverá orientar os 
jurisdicionados no sentido do não pagamento 
retroativo de tais benefícios. 
 
V - CONCLUSÃO 
 
Assim,o STF julgou constitucional a previsão de terço de férias e 13º salário e, 
por outro lado, inconstitucional o pagamento da chamada “verba de representação”.

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