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1 Ética Empresarial Ética Empresarial Professora Elaine Mandotti 2 Ética Empresarial 3 Ética Empresarial Sumário Princípios geral 5 Tópico 1.1: Contextualização, objetivos, método 5 Empresas e sociedade no Século XXI 5 18º SEBE: Ligação entre ética e moral 6 Atividade de Fixação 6 Tópico 1.2: Ética: definição, principais conceitos 6 A ética por Eduardo Giannetti da Fonseca 7 Atividade de Fixação 8 Tópico 1.3: Ética profissional 8 Extrato do Código de ética e disciplina da OAB* 9 Título I - da Ética do advogado 10 Capítulo I - das regras Deontológicas** 10 Fundamentais 10 Capítulo II - Das relações com o cliente 10 Tópico 1.4: Síntese da aula: Ética, para quê? 11 18º SEBE:A inovação no contrato individual da Eletronorte 11 Atividade de Fixação 11 Ética empresarial e governança corporativa 11 Tópico 2.1: Ética empresarial 12 Empresas e Ética por Eduardo Giannetti da Fonseca 12 Ética na CPFL 13 Pesquisa Ibope/FNQ revela valorização da ética em grandes empresas 14 Atividade de Fixação 15 Tópico 2.2: Ética empresarial x estratégia e competitividade 15 A importância da ética empresarial em nossos dias 16 Ética e dinâmicas corporativas 16 A ética do bem comum 17 Ética e sustentabilidade 17 Passo a passo para incorporar práticas éticas nas organizações 18 Ética, de cima para baixo 18 Aividade de Fixação 19 Tópico 2.3: Governança Corporativa: conceitos e ferramentas 19 4 Ética Empresarial Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC 20 Item 6 - Conduta e Conflito d e Interesses (extrato) 20 6.1 Código de Conduta 20 6.2 Conflito de interesses 21 6.3 Uso de informação privilegiada (insider information) 21 6.4 Política de negociação de ações 21 6.5 Política de divulgação de informações 21 6.6 Política sobre contribuições e doações 21 6.7 Política de combate a atos ilícitos 21 Tópico 2.4: Síntese: Afinal, vale a pena ser ético? 24 O HSBC é eleito a empresa mais Ética do planeta (02/02/2009) 24 Ética e Governança no setor financeiro 24 Tópico 3.1: Princípios de Ética aplicados a Finanças 24 Extrato do Código de Ética do Executivo de Finanças (IBEF*) 25 Capítulo I: dos Fundamentos Éticos 25 A Ética da virtude em finanças - dos Artigos de Dobson* 26 A Lei Sarbox 27 Exercício da função de Compliance no Mercado Financeiro Brasileiro 28 Principais práticas de governança adotadas pela BM&FBOVESPA 29 Dimensão de governança 29 Principais práticas de governança adotaddas pela BM&FBOVESPA 29 Propriedade 29 Emissão exclusiva de ações com direito a voto (ordinárias), assegurando o princípio uma ação - um voto; 29 Concessão estatutária de tag along de 100% para todos os acionistas da Companhia; 29 Existência de uma política de distribuição de dividendos transparente e baseada em critérios objetivos. 29 Conduta e Conflitos de Interesse 30 Tópico 3.3: Síntese: Ética x competitividade e lucratividade 30 Biografia do Palestrante 30 Tópico 3.4: O que mudou na sua visão sobre ética empresarial? 31 Estudo de caso intergrativo 33 5 Ética Empresarial Princípios geral “Os homens tornam-se arquite- tos construindo e tocadores de lira tangendo seus instrumentos. Da mesma forma, tornamo-nos jus- tos praticando atos justos.” (Aristóteles, em “Ética a Nicômaco”) Tópico 1.1: Contextualização, objetivos, método Tópico 1.2: Ética: definição, principais conceitos Tópico 1.3: Ética Profissional Tópico 1.4: Síntese: Ética, para quê? Tópico 1.1: Contextualização, objetivos, método Desde o final do século XX, diversos estudiosos impor- tantes vêm chamando a atenção para as profundas mu- danças que vêm ocorrendo na sociedade contemporânea. Embora os principais “motores” destas mudanças – glo- balização e evolução tecnológica – estejam presentes há muito tempo, a velocidade e dramaticidade vistos nestes últimos anos são inéditos. Um dos aspectos mais marcantes deste contexto con- temporâneo é a crescente pressão sobre as empresas, no sentido de que estas revejam a sua relação com a so- ciedade. Governos, organizações – com destaque para as ONGs – e indivíduos cada vez mais têm exigido que as empresas atuem dentro de padrões de ética e responsabi- lidade social e ambiental, que vão muito além do simples cumprimento da legislação, sob pena de perder negócios e clientes. Empresas e sociedade no Século XXI As mudanças recentes nos cenários econômico e social fizeram com que as empresas percebessem que os pressupostos do passado estão em processo de mudança, e uma relação mutuamente construtiva com a sociedade torna-se um fator importante dentre os novos requisitos para a atuação competitiva. Antes livres de preocupações com a sociedade, no início do século XXI as empresas passaram a ser pressionadas a atuar responsavelmente, pois, apesar do crescimento material e tecnológico no mundo desenvolvido, a pobreza e a distância entre as classes se acentuam, especialmente nos países periféricos. No Brasil esta situação é ainda mais visível. O país possui um índice de desigualdade, medido pelo Índice de Gini, de aproximadamente 0,6. Este número situa o país como a quarta nação mais desigual do planeta (Morley, 2001). Além disso, a maioria dos indicadores mostra uma situação ainda mais alarmante: 19,1% da população com mais de 15 anos é analfabeta; ocorrem mais de 40 mil homicídios por ano; o Brasil se encontra na 69ª posição no planeta no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), próximo a algumas nações da África Sub-Saariana (ONU, 2001). Desde os anos 80 do século XX, um fenômeno agrava ainda mais esta situação. A globalização – considerada, neste estudo, como o conjunto complexo de alterações econômicas, sociais e culturais que vêm integrando o mundo – ressalta as desigualdades, pois ao mesmo tempo em que proporciona a elevação do padrão de conforto das classes abastadas, perpetua o distanciamento dos pobres a estes benefícios. No Brasil, este processo se intensificou a partir da década de 90, com a liberalização do movimento de capitais, as privatizações e a política econômica fundamentada na estabilidade da moeda e no incentivo às exportações. Tudo isso em detrimento do desenvolvimento social e ambiental (Morley, 2001). A globalização também teve impactos no enfraquecimento do Estado enquanto agente econômico e provedor do bem-estar social. Extraído de “DESAFIOS DA ATUAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DE ALIANÇAS INTERSETORIAIS”, de Rosa Maria Fischer et al, VI SEMEAD, FEA-USP Neste contexto, tornou-se fundamental que o profis- sional de gestão entenda e seja capaz de equacionar as demandas de natureza ética e suas influências sobre o seu negócio. Assim sendo, os objetivos desta disciplina são: • Apresentar os principais conceitos relacionados à questão da ética empresarial e discutir seus impac- tos sobre a estratégia e a gestão; • Proporcionar ao aluno a reflexão sobre a aplicação destes conceitos ao seu negócio em particular; • Examinar o contexto geral da discussão e da práti- ca da ética empresarial; • Apresentar iniciativas bem sucedidas de incorpo- ração do elemento ético à estratégia e gestão de empresas diversas. 6 Ética Empresarial Para atingir estes objetivos, a disciplina se estrutura em três grandes blocos (aulas), cada um dos quais corres- pondendo a 20 h.a. e dividido em quatro tópicos, sendo o último de síntese, discussão e fixação. Na terceira e última aula, o penúltimo tópico traz a síntese da aula e o último, a síntese final da disciplina. Embora os conceitos de Responsabilidade Social Corpo- rativa (RSC) e sustentabilidade estejam fortemente ligados à temática da ética organizacional, não serão abordados nesta disciplina, ainda que eventualmentesejam citados em relação com o tema central. Atividade de Fixação Ética empresarial, Responsabilidade Social Corporativa, sustentabilidade, Governança Corporativa são alguns termos que têm sido bastante utilizados em Administração. Todos eles estão ligados à questão da ética na gestão das organizações – que, em última análise, depende dos padrões éticos dos gestores. Antes de prosseguir, elabore um breve texto (1 página A4, arial 11, espac.simples, margens 2 cm), apresentando as suas idéias sobre ética “individual” e empresarial. Você concorda que a ética empresarial decorre da ética dos gestores? Tópico 1.2: Ética: definição, principais conceitos A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que quer dizer o modo de ser, o caráter. Os romanos traduziram o “ethos” grego, para o latim “mos” (ou no plural “mores”), que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral. Tanto “ethos” (caráter) como “mos” (costume) indicam um tipo de comportamento propriamente humano que não é natural;o homem não nasce com ele, é adquirido ou conquistado por hábito. Ética e moral, pela própria etimologia, dizem respeito a uma realidade humana que é construída histórica e social- mente a partir das relações coletivas dos seres humanos nas sociedades onde nascem e vivem. A ética é uma refle- xão crítica sobre a moralidade, o conjunto dos princípios que norteiam as ações humanas. 18º SEBE: Ligação entre ética e moral A 18ª edição do Seminário Internacional em Busca da Excelência (SEBE) – realizado pela FNQ – Fundação Na- cional da Qualidade reuniu vários executivos, professores e especialistas para discutir ética, entre eles, o econo- mista, filósofo e professor do Ibmec São Paulo, Eduardo Giannetti, que ressaltou a ligação entre ética e moral. Para o economista, duas vertentes, a cívica e a pes- soal, podem definir a ética. A primeira, segue o princípio de que as pessoas não vivem sozinhas, compartilham experiências em sociedade, por isso necessitam de re- gras de convivência. Já a ética pessoal, relaciona-se com princípios que validam o “certo” e o “errado”, estando intrinsecamente ligada à moral, que representa o que pode ou não ser feito pela sociedade, o que é obrigató- rio ou não. Segundo ele, as regras impostas pela ética e a moral são essenciais para o equilíbrio da sociedade. “O descumprimento delas pode gerar uma guerra de tudo contra todos. Tudo pode acontecer”, comenta. Segundo Giannetti, as regras impostas pela ética in- terferem diretamente no comportamento da sociedade, e são responsáveis por introduzir mudanças permanen- tes ao que é aceito como moral. As alterações ocor- rem de acordo com a época ou local. “É preciso ter a consciência de que a ética demanda um juízo flexível”, completa. Alguns exemplos claros destas modificações são atitudes antes aceitas e impostas como regras da so- ciedade, e que hoje são consideradas absurdas, sendo, algumas vezes, consideradas criminosas. São exemplos: o apedrejamento de adúlteras, o castigo em escolas e a própria escravidão. Para o professor, identificar a moral em uma socie- dade é simples, basta observar tudo o que as pessoas estão se esforçando para mostrar que são - sendo ver- dadeiros ou não. “Não há agrupamento humano que 7 Ética Empresarial não possua uma noção compartilhada do que é proibido ou liberado”, afirma. Gianetti afirma que existem três vetores de pressão para o comportamento ético: “o mercado consumidor, o mercado de capitais e a opinião pública”, e ressalta a sustentabilidade como tema dominante no século XXI, sendo essencial pensar a longo prazo. Segundo ele, a questão ambiental leva à necessidade de se prestar muita atenção ao que se faz e às atitudes que se toma: “As empresas, principalmente, sabem que um passo em falso neste quesito, pode ser fatal para sua imagem”, conclui. Entre os dias 8 e 10 de junho de 2010, a FNQ- Fundação Nacional da Qualidade, realizou o 18º Seminário Internacional em Busca da Excelência (Sebe), com o tema “Dimensões da Ética Empresarial”. Este texto foi extraído do material de divulgação do evento, disponível no site www.fnq.org.br. Algumas teorias éticas de filósofos clássicos: Demócrito de Abdera afirmava que, ao buscarmos ser felizes, devemos fazer poucas coisas a fim de que o que fizermos não ultrapasse nossas forças e não nos leve à inquietação. Dizia que “é sábio quem não se aflige com o que lhe falta e se alegra com o que possui”; e que “a moderação aumenta o gozo e acresce o prazer”. Afirmava que a agressividade é insensata porque “enquanto se busca prejudicar o inimigo, esquecemos o nosso próprio interesse”. Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, afirma que a felicidade (eudemonia) não consiste nem nos prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa vida virtuosa. A virtude (areté), por sua vez, se encontra num justo meio entre os extremos, que será encontrada por aquele dotado de prudência (phronesis) e educado pelo hábito no seu exercício. Para Epicuro a felicidade consiste na busca do prazer, que ele definia como um estado de tranquilidade e de li- bertação da superstição e do medo (ataraxia), assim como a ausência de sofrimento (aponia). Para ele, a felicidade não é a busca desenfreada de bens e prazeres corporais, mas o prazer obtido pelo conhecimento, amizade e uma vida simples. A filosofia moral de Kant afirma que a base para toda razão moral é a capacidade do homem de agir racio- nalmente. O fundamento para esta lei de Kant é a cren- ça de que uma pessoa deve comportar-se de forma igual a que ela esperaria que outra pessoa se comportasse na mesma situação, tornando assim seu próprio comporta- mento uma lei universal. Em a “Metafísica da Ética” (1797), afirma que as ações de qualquer tipo precisam partir de um sentido de dever ditado pela razão, e nenhuma ação realizada por interes- se ou obediência a lei ou costumes pode ser considerada moral; somente as ações realizadas “por dever” são sus- ceptíveis de valoração moral. Kant descreveu classes de mandamentos dados pela razão; todo ato, no momento de iniciar-se, aparece à consciência moral sob duas classes de mandamentos que ele chama de “imperativos hipotéticos” e “imperativos ca- tegóricos”: • “Imperativo Hipotético” – são sempre subordinados a uma condição, ou seja, enunciam um manda- mento subordinado a determinadas condições, por exemplo: “Se quer sarar, toma remédio”. • “Imperativo “Categórico” – por sua vez é desvincu- lado de quaisquer condições e que foi colocado por Kant como: “Age de tal maneira que o motivo que te levou a agir possa se convertido em lei universal” A ética por Eduardo Giannetti da Fonseca Excelência em Gestão – O que diferencia os conceitos de moral e ética? Eduardo Giannetti – Normalmente, esses dois termos são usados de forma quase equivalente, mas é preciso demarcar as diferenças entre eles. A palavra moral deriva do termo latino mores e tem o significado de costume. A moral é a percepção de um determinado agrupamento humano sobre o que é certo ou errado, proibido ou permitido, obrigatório ou facultativo. É construída por todas as sociedades humanas, mas com variações, às vezes, significativas. Já a ética introduz um elemento crítico, um juízo reflexivo sobre o acordo moral da sociedade. Ela submete aquilo que é aceito como prática humana a algum tipo de crivo, avaliando se é o caso, ou não, de manter essa regra. Então, a ética introduz um elemento de reflexão crítica sobre o acordo moral em vigor. 8 Ética Empresarial Demanda um tipo de justificação racional, uma consistência para que aquilo que é comumente aceito, mereça de fato aceitação. A ética busca definir princípios que validem ou não os nossos juízos acerca do obrigatório ou facultativo, do certo ou errado. Normalmente, um filósofo da ética busca entender se o acordo moral é dotado de consistência, seé bem fundamentado. EG - O que determina esse juízo reflexivo sobre o acordo moral? Giannetti – Existem várias tradições na História da Filosofia. Desde o início da análise da ética, feita por Sócrates no mundo grego, surgiram várias maneiras de avaliar criticamente as práticas humanas. A Filosofia Moderna introduz uma tradição utilitarista e uma fundamentada em Kant, entre outras. A História da Filosofia oferece um panorama rico de possibilidades para avaliar com juízo reflexivo aquilo que prevalece como prática de vida em diferentes sociedades. Isso é natural, pois há uma tensão, muitas vezes, entre a ética e a moral. Há coisas que no passado eram perfeitamente toleráveis e aceitas e que hoje não são mais. EG - Pode nos dar alguns exemplos? Giannetti – Existem vários, como a punição física de alunos rebeldes nas escolas, a escravidão por dívidas, o apedrejamento de adúlteras, a mutilação de corpos de devedores inadimplentes, a prisão e o tratamento médico do homossexualismo, entre outros. A própria escravidão no século 19 no Brasil era uma prática perfeitamente corrente e com amparo legal. Houve todo um trabalho de reflexão ética, de condenação e mudança de percepção em relação a isso e, atualmente, a escravidão não tem qualquer tipo de suporte ou adesão. Uma pergunta interessante que podemos nos fazer é: da mesma maneira que tantas coisas praticadas corriqueiramente no passado nos parecem condenáveis hoje, o que nas nossas práticas contemporâneas parecerá igualmente condenável aos olhos dos nossos descendentes? Costumes aceitos hoje do ponto de vista moral, a partir de uma nova reflexão ética e de um amadurecimento serão terrivelmente condenáveis daqui a décadas ou séculos. EG – Muitos afirmam que a ética nasce como convicção no campo individual para depois refletir na sociedade. O que é ética pessoal? Giannetti - Na História da Filosofia, existem duas grandes preocupações pertinentes à ética. Uma delas é o grande tema levantado por Sócrates que diz respeito à ética pessoal, de como viver, o que fazer da vida, como chegar a uma vida que mereça ser vivida. Todos nós estamos implicitamente respondendo a essas perguntas: quais são os valores que presidem uma vida humana bem vivida? O que pode trazer realização pessoal a um indivíduo? Existe uma melhor vida que todos deveriam abraçar ou não? Mas esses valores serão revelados pelas ações de cada um. Nós não vivemos sozinhos em uma ilha, vivemos em uma sociedade. E precisamos compatibilizar nossos projetos individuais de forma razoavelmente harmoniosa com os da sociedade, para que ela possa ser pacífica e próspera. Isso é a ética cívica. As perguntas da ética cívica são: quais são as regras que devem pautar a convivência humana, a vida em sociedade no campo da política ou da economia? Em que consiste a boa sociedade? Quais são as instituições, normas, regras de compatibilização que devem ordenar os agrupamentos humanos para que a sociedade seja florescente e os indivíduos possam desenvolver as melhores vidas ao seu alcance? A Filosofia Política e a Ética Cívica discutem exaustivamente essas questões. Uma sociedade que perde essas normas de convivência torna-se palco de uma guerra de todos contra todos. Extraído da entrevista “De olhos bem abertos”, publicada na revista EXCELÊNCIA EM GESTÃO (Ano II, nº 03, Outubro/2010), publicada pela FNQ. Atividade de Fixação Baseando-se nos textos acima, relacione os termos às suas definições: 1 ethos A percepção de um agrupamento humano sobre o certo / errado 2 ética B o modo de ser, o caráter 3 moral C como viver, o que fazer da vida 4 ética pessoal D regras que devem pautar a convivência humana 5 ética cívica E reflexão crítica sobre a mo- ralidade; conjunto de princí- pios e disposições que nor- teia as ações humanas. Tópico 1.3: Ética profissional Nunca se falou tanto de ética como neste início de sé- culo, talvez justamente por se constatar sua ausência em setores fundamentais da sociedade. Na política, a palavra 9 Ética Empresarial é constantemente lembrada, principalmente quando se verifica o descumprimento de leis e regras de conduta. Isso não é diferente no meio corporativo. Quem não se lembra do escândalo da Enron, gigante norte-americana do setor de energia, que envolveu fornecedores e até uma grande empresa de auditoria na maquiagem da sua per- formance? Como consequência, acentuou-se um movimento mundial liderado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e acatado por vários países, entre eles o Brasil, para buscar comportamentos alinhados às legislações e à transparência nos negócios. Ao se falar de ética nos negócios, surge imediatamente uma questão: a ética empresarial decorre da ética pessoal – os valores de cada colaborador e gestor compõem, co- letivamente, a ética da organização – ou será o contrário? Por exemplo: se uma pessoa com elevados padrões éti- cos ingressa em uma organização na qual a corrupção é a norma, será possível atuar eticamente? Não teria razão Rui Barbosa, quando afirmou que, em um ambiente pro- fundamente corrupto, “o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”? Um aspecto desta discussão passa pelo fato que as empresas, fundamentalmente, são constituídas não ape- nas por indivíduos, mas por profissionais. Antes de ser colaborador da empresa X, o indivíduo é contabilista, ad- vogado, engenheiro, etc. A ética profissional constitui um aspecto importante da ética empresarial. Antes de abordar a questão da ética profissional: o que entendemos por profissão? Por exemplo, o chefe da cozi- nha da Volkswagen é cozinheiro ou metalúrgico? Caberia aqui uma discussão (bastante longa) de aspectos de le- gislação trabalhista e sindical, que todavia não faz parte do escopo atual. Vamos evitar esta discussão adotando o conceito de profissão liberal e estendendo-o às organiza- ções. Por exemplo, um advogado que trabalha na Petro- brás é profissional da área jurídica em primeiro lugar (e, digamos, “está” petroleiro...). Assim, “profissão é uma atividade pessoal, desenvolvi- da de maneira estável e honrada, ao serviço dos outros e a benefício próprio, de conformidade com a própria vocação e em atenção à dignidade da pessoa humana” (A. Royo Marin). Já Nalini afirma que “o exercício de uma profis- são pressupõe um conjunto organizado de pessoas, com racional divisão do trabalho na consecução da finalidade social: o bem comum”. Das duas definições, decorre que “profissional” é uma pessoa que detém um conjunto es- pecífico de competências (especialidade), dentro de um determinado campo do saber e que contribui para o bem comum; e que faz parte de um grupo organizado em torno da prática desta especialidade. Um dos princípios gerais que pode estar presente em qualquer desempenho humano é o de que todas as profissões são dignas e merecem idêntico respeito. Por outro lado, o comportamento de cada profissional reflete sobe o conceito da profissão (e dos demais profissionais); daí, a necessidade quase universal de estabelecer códigos de conduta profissional. Os códigos de ética profissional têm o objetivo de salvaguardar o conceito da profissão e do profissional. Em geral, são mais restritivos do que as legislações, ou seja, o agir ético garante a legalidade. Como exemplo de código de ética profissional, o quadro a seguir traz um extrato do código da OAB. Extrato do Código de ética e disciplina da OAB* O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL, ao instituir o Código de Ética e Disciplina, norteou-se por princípios que formam a consciência profissional do advogado e representam imperativos de sua conduta, tais como: os de lutar sem receio pelo primado da Justiça; pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que esta seja interpretada com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e as exigências do bem comum; ser fielà verdade para poder servir à Justiça como um de seus elementos essenciais; proceder com lealdade e boa-fé em suas relações profissionais e em todos os atos do seu ofício; empenhar-se na defesa das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe a realização prática de seus legítimos interesses; 10 Ética Empresarial comportar-se, nesse mister, com independência e alti- vez, defendendo com o mesmo denodo humildes e po- derosos; exercer a advocacia com o indispensável senso profissional, mas também com desprendimento, jamais permitindo que o anseio de ganho material sobreleve à finalidade social do seu trabalho; aprimorar-se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal; agir, em suma, com a digni- dade das pessoas de bem e a correção dos profissionais que honram e engrandecem a sua classe. Inspirado nesses postulados é que o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das atribuições que lhe são conferidas pelos arts. 33 e 54, V, da Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994, aprova e edita este Código, exortando os advogados brasileiros à sua fiel observância. Título I - da Ética do advogado Capítulo I - das regras Deontológicas** Fundamentais Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta com- patível com os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e profissional. Art. 2º O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce. Parágrafo único. São deveres do advogado: I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de essencialidade e indispensabilidade; II – atuar com destemor, independência, honestida- de, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé; III – velar por sua reputação pessoal e profissional; IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aper- feiçoamento pessoal e profissional; V – contribuir para o aprimoramento das instituições, do Direito e das leis; VI – estimular a conciliação entre os litigantes, pre- venindo, sempre que possível, a instauração de litígios; VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aven- tura judicial; VIII – abster-se de: a) utilizar de influência indevida, em seu benefício ou do cliente; b) patrocinar interesses ligados a outras atividades estranhas à advocacia, em que também atue; c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho manifestamente duvidoso; d) emprestar concurso aos que atentem contra a ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa humana; e) entender-se diretamente com a parte adversa que tenha patrono constituído, sem o assentimento deste. IX – pugnar pela solução dos problemas da cidada- nia e pela efetivação dos seus direitos individuais, cole- tivos e difusos, no âmbito da comunidade. Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumen- to para garantir a igualdade de todos. Art. 4º O advogado vinculado ao cliente ou consti- tuinte, mediante relação empregatícia ou por contrato de prestação permanente de serviços, integrante de departamento jurídico, ou órgão de assessoria jurídica, público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e in- dependência. Art. 5º O exercício da advocacia é incompatível com qualquer procedimento de mercantilização. Art. 6º É defeso ao advogado expor os fatos em Juí- zo falseando deliberadamente a verdade ou estribando- -se na má-fé. Art. 7º É vedado o oferecimento de serviços profis- sionais que impliquem, direta ou indiretamente, inculca- ção ou captação de clientela. Capítulo II - Das relações com o cliente Art. 8º O advogado deve informar o cliente, de forma clara e inequívoca, quanto a Art. 17. Os advogados inte- grantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em caráter permanente para cooperação recíproca, não po- dem representar em juízo clientes com interesses opostos. 11 Ética Empresarial Cada cenário escolhido era o palco para a tomada de decisões. Nas águas da Amazônia, cada peixe da região trazia um desafio. Na floresta, quem o fazia eram os seres de lá, assim como, em outras fases, eram os pássaros e as figuras folclóricas. Esta forma lúdica de valorizar a cultura regional pode ser vista como uma extensão da valorização da cultura corporativa, já que ambas consideram o indivíduo inserido em um contexto maior. Cada personagem funciona como um instigador para que os funcionários passassem a refletir sobre os temas. Rosa Maria Barbosa ressaltou que “para criação de qualquer Código de Conduta, todos devem participar, as pessoas precisam ser ouvidas”. Além disso, disse que não basta treinar os colaboradores se o exemplo não vier de cima. “Se o gestor não agir de forma ética, os colaboradores não acreditam no sistema. Por isso a nossa primeira obrigação é formar o gestor”. Entre os dias 8 e 10 de junho de 2010, a FNQ realizou o 18º Sebe, com o tema “Dimensões da Ética Empresarial”. Este texto foi extraído do material de divulgação do evento, disponível no site www.fnq. org.br. Rosa Maria de Souza e Albuquerque Barbosa, da Eletronorte, apresentou o caso do fortalecimento dos Princípios Éticos e Regras de Conduta via treinamento virtual. Atividade de Fixação A partir dos elementos apresentados nesta aula, discuta em um breve texto (1 página A4, arial 11, espac.simples, margens 2 cm) a afirmação: “Se o gestor não agir de forma ética, os colaboradores não acreditam no sistema”, Ética empresarial e governança corporativa “No clima atual de total falta de confiança, nosso siste- ma guiado pelo mercado está sob ataque... grande parte da população sente... que os interesses empresariais não estão mais alinhados aos interesses da sociedade. A única maneira de parar esta nova onda de sentimento anti-empresarial seria as empresas se reposicionarem de maneira cla- ra e convincente como parte da sociedade”. (Klaus Schwab, presidente do Fórum Econômico Mundial de Davos, revista Newsweek, 2003). Art. 18. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus constituintes, e não estando acordes os interessados, com a devida prudência, optará o advogado por um dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado o sigilo profissional. Art. 19. O advogado, ao postular em nome de terceiros, contra ex-cliente ou ex-empregador, judicial e extrajudicialmente, deve resguardar o segredo profissional e as informações reservadas ou privilegiadas que lhe tenham sido confiadas. eventuais riscos da sua pretensão, e das conse- qüências que poderão advir da demanda. Art. 20. O advogado deve abster-se de patrocinar causa contrária à ética, à moral ou à validade de ato jurídico em que tenha colaborado, orientado ou conhe- cido em consulta; da mesma forma, deve declinar seu impedimento ético quando tenha sido convidado pela outra parte, se esta lhe houver revelado segredos ou obtido seu parecer. ∗ Publicado no Diário da Justiça, Seção I, do dia 01.03.95, pp. 4.000/4004. **: Deontologia: ciência do dever Tópico 1.4: Síntese da aula: Ética, para quê? 18º SEBE:A inovação no contrato individual da Eletronorte Embora a Eletronorte tenha lançado seu Código em 2007, durante a festa de aniversário da empresa, com sugestões dos diretores e colaboração de mais de 2 mil colaboradores, ainda era preciso fazer com que as pessoas entendessem o que é o Código e, para isso, foi criado um treinamento virtual. Com quatro níveis dedesafio, o game foi elaborado com imagens da Região Norte, responsáveis pela criação de uma identidade com os colaboradores locais. http://www.fnq.org.br http://www.fnq.org.br 12 Ética Empresarial Tópico 2.1: Ética Empresarial Tópico 2.2: Ética empresarial x estratégia e competiti- vidade Tópico 2.3: Governança Corporativa: conceitos e fer- ramentas Tópico 2.4: Síntese: Afinal, vale a pena ser ético? Tópico 2.1: Ética empresarial A sobrevivência de qualquer organização, hoje, exige uma gestão que estimule a cultura da ética nos negócios. Todas as empresas que desejam garantir seu lugar ao sol no futuro devem adotar uma postura ética hoje. “A pressão da sociedade pelo comportamento ético não é mais uma ameaça no horizonte, é realidade tangível. Basta um deslize em valores cada dia mais caros, como o respeito à comunidade, aos consumidores, ao meio ambiente, ao trabalho e à diversidade, para que uma organização tenha sua reputação destruída”, avalia Ricardo Corrêa Martins, diretor-executivo da FNQ. Além de gerar empregos e riqueza, as empresas estão sendo chamadas a exercer ativamente o seu papel de agentes de transformação, contribuindo para o aperfeiçoamento da sociedade e a melhoria da vida das pessoas. As organizações não vivem isoladas, fazem parte de ecossistemas, por isso, são sensíveis à questão da ética. “Elas mantêm um contrato tácito com a sociedade, que hoje está dizendo: ‘empresas não podem poluir o meio ambiente ou causar doenças, senão as pessoas param de comprar o seu produto’, podendo até mesmo comprometer o futuro do negócio”, exemplifica Corrêa Martins Empresas e Ética por Eduardo Giannetti da Fonseca EG - Você fala na escolha do tempo, exemplificando que há questões que precisam ser enfrentadas no presente para não comprometer o futuro. Como isso se aplica às empresas e ao mercado?Giannetti - Toda ação humana, de certa maneira, está explicitando alguma preferência em relação ao tempo. Nós estamos sempre medindo as possibilidades entre desfrutar o momento ou cuidar do amanhã, tanto na vida individual quanto organizacional, coletiva, nacional ou mesmo internacional. Veja a questão da mudança climática. Coletivamente, a humanidade está fazendo uma aposta muito temerária de desfrutar o presente, consumindo os recursos e emitindo gases nocivos na atmosfera que podem comprometer seriamente o nosso futuro. As empresas precisam trabalhar essa estratégia do tempo sempre avaliando as suas práticas e procurando antecipar consequências de ação ou omissão. Esse é um processo permanente, em que corremos o risco de sacrificar em demasia o presente em nome do futuro, ou o contrário. Existem excessos nessas duas direções. Chamo um deles de miopia temporal, quando você vê com muita força e nitidez o que está perto e acaba prejudicando o que está longe. O reverso disso é a hipermetropia temporal, em que você mira com muita força o futuro e acaba sacrificando em demasia o presente. Esses dois riscos são concretos e a todo o momento é preciso reavaliar se a organização está incorrendo em excessos, em uma ou outra direção. EG – Como implantar a cultura da ética no dia a dia de uma organização? Giannetti – Não adianta ter um código de ética que não esteja devidamente amparado em três pilares: submissão, identificação e internalização. O código de ética precisa ter algum nível de fiscalização, contar com um sistema de monitoramento, acompanhamento e eventual sanção com punição dos infratores. O outro pilar é a identificação, ou seja, a ética precisa estar no DNA dos membros da organização. As pessoas precisam se sentir bem quando estão à altura do código e se sentir mal quando não estão. E, por fim, é necessária a internalização, que é o entendimento da razão de ser desse código, que é fruto de um acordo que resultará em benefícios para todos. Num horizonte de tempo adequado, aquele código expressa as melhores regras definidas para que tudo possa transcorrer da melhor forma. Então, basicamente, são três os mecanismos de adesão às normas: a submissão, calcada em fiscalização; a identificação, formada por sentimentos morais; e a internalização, um processo mais sofisticado e reflexivo de compreensão da razão de ser dessas normas. 13 Ética Empresarial Os princípios seguidos pelo grupo são a criação de valor, superação, confiança e respeito, compromisso, sustentabilidade, segurança e qualidade de vida, empre- endedorismo e austeridade. Além destes, há o Princípio Ético da Sustentabilidade: “preocupar-se com as con- sequências futuras de suas ações e decisões, buscando sempre controlar e evitar riscos que possam trazer ame- aças à perenidade do Grupo CPFL Energia, bem como efeitos não negociados com as comunidades onde atua e com os públicos de seu relacionamento.” O planejamento estratégico de 2010 a 2014, é resul- tado de toda essa preocupação e revela a ambição do grupo: “A CPFL é o maior grupo privado do setor elétrico brasileiro que, por meio de estratégias inovadoras e pro- fissionais talentosos, provê soluções energéticas susten- táveis, criando valor para todos os seus públicos.” Para evitar transgressões, prevenir desvios do Códi- go de Ética e estimular o aprendizado interno, apoiando a construção de uma cultura alinhada com os objetivos organizacionais, a CPFL criou um Sistema de Gestão e Desenvolvimento da Ética (SGDE). Seu foco de atuação é o de prover direcionamento, orientar as condutas, dis- seminar práticas e controlar riscos de processo e de desvios de conduta. A SGDE abrange o Código de Ética e de Conduta Empresarial da CPFL Energia; o Comitê de Ética; o Pla- no de Inculturação; a Rede Ética; Canais de Acesso; Mapeamento de Riscos Éticos; Plano de Comunicação; e o Portal Ética em Rede. Os valores prezados em todos os relacionamentos (internos e externos) são honestidade, integridade, transparência, veracidade das informações, dignidade e respeito, além de se preocuparem com os impactos de todas as ações e decisões da empresa nos públicos com os quais se relaciona; da preocupação com o futuro do planeta; e do alinhamento da estratégia empresarial com a agenda nacional de desenvolvimento do País. O comitê é composto de sete membros representan- tes da Diretoria de Comunicação, de Recursos Humanos, Jurídica, Assessoria de Auditoria Interna, Vice-presidên- cias, Conselho de Representantes dos Empregados- -CRE e Sociedade Civil. Os participantes são escolhidos por sua respeitabilidade profissional e confiabilidade Extraído da entrevista “De olhos bem abertos”, publicada na revista EXCELÊNCIA EM GESTÃO (Ano II, nº 03, Outubro/2010), publicada pela FNQ. De forma similar às entidades de classe (ver item 1.3), cada vez mais organizações de todos os tipos vêm esta- belecendo seus códigos de ética. Isso pode ser vantajoso para os vários públicos com os quais a empresa interage, pois o código de ética fortalece a imagem da organização. O código não deve ser visto como um modismo ca- paz de capitalizar benefícios ou dividendos. Deve ser um instrumento genuíno, com adesão voluntária de todos os integrantes da organização, incorporando de maneira na- tural e profissional os princípios éticos da instituição. A adoção de um código de ética é uma ótima opor- tunidade de aumentar a integração entre os funcionários da empresa e estimular o seu comprometimento. Permite a uniformização de critérios na empresa, dando respaldo para aqueles que devem tomar decisões. Serve de parâ- metro para a solução dos conflitos. Protege, de um lado, o trabalhador que se apóia na cultura da empresa refletida nas disposições do código; por outro lado, serve de respal- do para a empresa, caso necessite solucionar problemas de desvio de conduta de algum colaborador, acionista, for- necedor, ou outros. 18º SEBE: O processo de ex- pansão da Cultura Ética na CPFLO primeiro Código de Ética e de Conduta Empresarial; o Comitê de Ética e Responsabilidade Social; e o Programa CPFL de Responsabilidade Social, foram criados em 2001. Desde então, foram feitas diversas atualizações até a implantação da versão revisada do Código entre 2007 e 2008, com a incorporação da visão de empresas adquiridas e de temas como: sustentabilidade, governança corporativa,excelência, qualidade de vida e diversidade. Foram realizados diversos ciclos de seminários de reflexão sobre ética, inclusive nas empresas adquiridas, sempre no sentido de atualizar os colaboradores quanto ao posicionamento de Marca da CPFL. 14 Ética Empresarial e participam de um Programa de Qualificação em Ética que envolve estudos em ética pessoal e empresarial. Para mapear os riscos éticos, são tomados cuidados especiais com processos de maior risco, são feitas pes- quisa de clima, monitoramento permanente dos riscos; e avaliação do conhecimento do Código e das práticas éticas pelos colaboradores. Depois, é apresentado um relatório de vulnerabilidades à Diretoria. Este trabalho vem contribuindo para evitar escândalos e crises de imagem, além de construir uma cultura organizacional sólida e integrada, e uma reputação de empresa ética e responsável. Estes resultados servem de base para o relacionamento daempresa com seus diversos públicos. A proposta ética da CPFL é atuar em toda a cadeia, e não apenas com os fornecedores. Por isso, o grupo disponibiliza todo o material de boas práticas para de- senvolver a ética, mas “o interessante não é só ter o documento, é fazer com que as pessoas pratiquem o que está no documento”, ressalta o presidente. Entre os dias 8 e 10 de junho, a FNQ- Fundação Nacional da Qualidade, realizou o 18º Seminário Inter- nacional em Busca da Excelência (Sebe), com o tema “Dimensões da Ética Empresarial”. Este texto foi extra- ído do material de divulgação do evento, disponível no site www.fnq.org.br. Wilson Ferreira Jr., presidente do Grupo CPFL Energia, falou sobre os desafios éticos da empresa e como foi o processo de incorporação da ética nas estratégias de negócios. Pesquisa Ibope/FNQ revela valorização da ética em grandes empresas Em webcast realizado pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), no dia 4 de novembro, o vice- presidente de desenvolvimento e negócios estratégicos do Grupo Ibope, Nelson Marangoni, apresentou a visão, os conceitos e as práticas do empresariado brasileiro sobre ética e governança. A palestra foi baseada nos resultados da pesquisa qualitativa realizada pelo instituto com 25 presidentes e diretores das 500 empresas classificadas, no ano passado, como Maiores e Melhores do País pela Revista Exame. Desenvolvido sob orientação do Comitê de Ética Em- presarial da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), o estudo revelou que as empresas de grande porte, com capital aberto, atuação global e as mais visadas pela sociedade são pioneiras na discussão e implantação de uma cultura ética corporativa. Embora os dirigentes ad- mitam não possuir uma área específica sobre o tema, a maioria tem um Comitê. Dentre os fatores que motivam o desenvolvimento de uma cultura ética nas empresas,destacam-se a com- petição do mercado, o compromisso com a sustentabili- dade, a pressão das redes sociais, a globalização - que impõe padrões normativos, nivelados pelos mercados mais desenvolvidos - e a ampliação da consciência in- dividual. A disseminação de uma cultura ética vem crescendo na última década, sendo que quase metade dos proces- sos formais foi criada recentemente, num período de 2 a 3 anos. Todas as empresas participantes da pesquisa afirmaram ter pelo menos um documento formal, seja um código de conduta, de compliance, ou de ética. Para essas organizações, as principais vulnerabilidades no cumprimento dos códigos estão associadas às relações com fornecedores e com os próprios colaboradores. “É nítido o avanço do debate e do incentivo à con- duta ética corporativa no Brasil, ainda mais que o tema está também associado à sustentabilidade – assunto em alta, que pode acelerar a implantação das culturas éticas nas empresas. Porém há um longo caminho a percorrer. Agora as organizações precisam de um tem- po para internalizarem valores éticos e para as pessoas vencerem barreiras não éticas, como o famoso jeitinho brasileiro, a cultura de querer obter vantagem em tudo e a tolerância aos deslizes éticos dos governos”, finaliza. A cada duas semanas, a FNQ realiza um webcast (palestra tansmitida ao vivo pela Internet) sobre um tema relevante para a gestão da excelência. Este texto foi extraído do material de divulgação da palestra de 04/11/2010, disponível em www.fnq.org.br. http://www.fnq.org.br http://www.fnq.org.br 15 Ética Empresarial Atividade de Fixação Acesse http://www.fnq.org.br/reg/index.aspx e baixe o artigo “Pesquisa – Um retrato das grandes, micro e pequenas” (DICA: baixe a revista inteira; demora um pouco e dá um pouco de trabalho, mas o material é excelente!). Se a organização onde você atua respondesse à pesquisa, em qual das quatro categorias propostas ao final você acredita que ela se enquadraria? Por que? Tópico 2.2: Ética empresarial x estratégia e competitividade Este tópico será dedicado a aprofundar uma questão importante que surgiu por diversas vezes nos tópicos an- teriores: a relação – aparentemente conflituosa – entre ética e competitividade. Hipoteticamente, se duas empre- sas disputam um determinado negócio (um contrato, por exemplo), aquela que se pauta por um padrão ético mais elevado – e mais restritivo – não está em desvantagem? Por outro lado, provavelmente os negócios ocorram mais facilmente entre organizações com culturas – e pa- drões de ética – semelhantes. Em outras palavras, tratar- -se-ia simplesmente de identificar os parceiros “certos” - e fazer negócios dentro de um padrão ético compartilhado. Esta discussão aponta que o padrão ético a ser obe- decido pela empresa constitui um tema estratégico – e da maior importância. Em outras palavras, a questão ética precisa ser tratada em conjunto com os demais elementos da estratégia organizacional. É bastante evidente que a questão é polêmica; assim sendo, vamos ver as opiniões de alguns especialistas: As Visões de Peter Drucker sobre o Futuro dos Negócios como Agentes para o Benefício Mundial David Cooperrider, Case Western Reserve University, 23 de março de 2003 Nenhuma pessoa teve mais influência sobre o desen- volvimento dos negócios no século 20 do que Peter Dru- cker. Na verdade, Drucker inventou a administração - não como uma prática, mas como um campo de estudos. Ele foi o primeiro a pedir aos administradores que descentralizassem suas operações e tratassem seus empregados como seres humanos – na década de 40. O conceito de “trabalho de conhecimento” foi cunhado por ele, na década de 50. Ele virtualmente criou a dis- ciplina de responsabilidade social corporativa, no final da década de 60; e previu que as próximas lições para os administradores de negócios viriam das organizações sem fins lucrativos – estava-se, então, na década de 70. Drucker nunca foi um acadêmico trancafiado em uma torre de marfim, nem um espectador neutro. Seus escritos enxergaram a administração – a capacidade de permitir um alinhamento de forças humanas para uma performance conjunta de todos os tipos – como a chave para generosas sociedades imbuídas de liberdade, ao invés de tirania. Seu livro mais recente, de 2002, The Next Society, mostra o impressionante poder de permanência de Dru- cker, em um campo onde novidades e modismos são comuns. Para ele, nunca houve dúvida: nossas organi- zações existem não para si mesmas, mas como órgãos da sociedade pós-capitalista – algo que escapa às defi- nições simplistas. Os Negócios como Agentes para o Benefício Mundialé um veículo para que pessoas e organizações através das sociedades colaborem com uma nova forma de di- álogo mundial cujo enfoque é a criação de sociedades prósperas, inspiradas e sustentáveis que funcionam para todos. A investigação mundial do BAWB está base- ado em uma convicção essencial: sabemos que o futuro da sociedade humana está intimamente ligado ao futu- ro da economia e das organizações empresariais. Se o futuro global será brilhante ou obscuro, e se o caminho estará semeado com a miséria ou a alegria humana, de- pende em boa parte da vitalidade, visão, preocupação e coragem das empresas. Este não é o momento de atracar em portos seguros ou esconder-se em torres de marfim. Uma das mais altas prioridades atuais é a articulação, por líderes empresariais e pensadores, de uma visão futura dos negócios como agentes para o benefício mundial, que transforme de ma- neira profunda os termos do discurso global que tem co- locado as empresas no lado oposto do benefício mundial. http://www.fnq.org.br/reg/index.aspx 16 Ética Empresarial É hora de fazer um apelo ao espírito de inovação, criatividade, determinação e luta que põe o mundo em marcha. A importância da ética empresarial em nossos dias Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian e da Experian AL O sentido etimológico de ética vem do grego ethos, que se traduz em modo de ser, que é um conceito es- treitamente ligado ao comportamento humano. A defi- nição de ética tem evoluído no tempo, acompanhando o conhecimento, a ciência, as liberdades, os valores e o progresso econômico. Muito distante do significado que tinha para os grandes filósofos gregos, em que a ética era ligada ao estado da alma, no sentido moderno foi abordada por Immannuel Kant, em meados do século XVIII, para quem a humanidade era vista na pessoa e com finalida- de no próximo. Este pensamento mudou a essência da ética, tornando a conduta individual o fundamento para a sociedade. Quando se fala em ética empresarial, também há esse senso coletivo, onde se buscam criar referências, boas práticas e engajamento na interação corporativa com seus públicos. Nesse sentido, a ética empresarial é a pura expressão do sentimento social. Quando se exige da empresa uma atitude ética em relação ao meio ambiente, é uma demanda social. Isto é um exemplo de como as novas derivações estão tornando a ética nas empresas cada vez mais complexa. Por esta razão, a ética empresarial é compreendida pela transparência e o desenvolvimento de seu modelo de governança corporativa. Internamente, suas lideran- ças devem gerir a ética como processo, inclusive em suas decisões estratégicas, mantendo a coerência entre discurso e prática. No ambiente externo, a avaliação cabe a seus stakeholders, que devem estar convencidos disto, para que os ganhos sejam compartilhados. Hoje, a ética empresarial precisa ser percebida como geradora de diferenciais nos negócios, valorizando a marca, a imagem e ampliando a credibilidade. A empresa ética é admirada e preferida por consumi- dores, bons profissionais e investidores. Os resultados fluem mais facilmente. Por sua natureza, o espaço cor- porativo é formador de opiniões e conhecimento. Ter a ética disseminada numa empresa é abrir oportunidades para que as ações ultrapassem seus limites, multiplican- do uma configuração de negócios, que é requisito para o sucesso em nossos dias. Ética e dinâmicas corporativas Clóvis de Barros Filho, doutor em Direito e livre- -docente de Ética da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo. Arthur Meucci, psicanalista, mestre em Filosofia e professor de Empreendedorismo e Estratégias de Negó- cio da Universidade Paulista. Para muitas organizações, o Código de Ética é a so- lução para o alinhamento moral da empresa e para os problemas morais de seus funcionários. Preserva os va- lores e a integridade da companhia. É tido como correto e indiscutível, a priori. Porém, tudo isso não passa crenças comumente aceitas. Os códigos não são feitos de forma apropria- da, não são moralmente virtuosos e seus efeitos são mínimos. Geralmente são soluções caras e ineficientes. Os valores éticos não são entidades únicas, universais, mas sim múltiplas e particulares. Existe, portanto, den- tro da multiplicidade de possibilidades do pensamento ético, uma luta pela definição daquela que é mais legíti- ma. Porém, as estruturas sociais já ensinam as pessoas, desde pequenas, quais os valores que devemos respei- tar. Antes do Código de Ética, os funcionários da empre- sa já possuíam valores morais e, como bem observou o consagrado administrador Kevan Hall, eles são tão intrínsecos e difíceis de mudar que o melhor a se fazer é discutir práticas e não valores.Por isso, cada funcioná- rio da empresa deve ser consultado sobre seus valores morais e suas expectativas em relação às condutas na empresa. É preciso, antes de escrever o código, avaliar quais são os valores efetivamente compartilhados pe- los funcionários antes de pensar em normas, regras e orientações. Fazer um Código de Ética não é um traba- lho abstrato e intelectivo. 17 Ética Empresarial É preciso muita pesquisa e trabalho para se chegar a algo que possa funcionar. Outro grande problema em relação ao assunto é a crença de que, depois de escrito, o código dispensa maiores reflexões sobre as condutas na organização. São necessários canais imparciais gerenciados por es- pecialistas que possam dar conta de perguntas frequen- tes de funcionários sobre eventuais atitudes conflitantes com o código. Afinal, os Códigos de Ética geralmente são difíceis de serem interpretados e muitas vezes não fazem relações diretas aos problemas cotidianos. É pre- ciso analisar cada dúvida dos funcionários segundo as orientações do código. Isso torna a relação com a ética mais simples, fácil e eficaz. A função da ética numa empresa é outro assunto que cabe ser discutido. Geralmente, ela é vista com orientação punitiva e não de prevenção. Os canais de discussão sobre a ética possibilitam identificar possí- veis conflitos e problemas antes que eles aconteçam. Propomos uma abordagem de orientação pedagógica e não tão jurídica. O contato direto com as dúvidas dos funcionários gera possibilidades para o departamento de Recursos Humanos investir de forma objetiva e eco- nômica em ações diretas para legitimar certas condutas ou contornar ações nocivas. Por fim, todas estas sugestões de ações se aperfei- çoam com um comitê de ética bem constituído e que se reúne com regularidade. Nele, todas as questões éticas trazidas pela empresa ou assessoria são analisadas e discutidas. Feedback que geram novas demandas mais rápidas, econômicas e eficazes. A ética do bem comum Oscar Motomura, fundador e principal executivo do Grupo Amaná-Kei Buscar incessantemente o bem comum, fazer ao outro o que gostaria de receber, respeitar e honrar todas as formas de vida que existem no planeta são algumas atitudes que definem a ética para o fundador e principal executivo do Grupo Amaná-Kei, Oscar Moto- mura, durante o 18º Seminário Internacional em Busca da Excelência (Sebe), promovido pela FNQ – Fundação Nacional da Qualidade. O executivo, que apresentou sua palestra na última tarde do encontro, explanou sobre a importância de aplicar a ética em todas as áreas da vida, sejam elas pessoais ou profissionais. E destacou, principalmente, a necessidade da conscientização de que todas as atitudes individuais afetam o todo, seja de forma positiva ou ne- gativa. Por isso, explica o processo da servidão com arte, do envolvimento com o coração. “O melhor servir é a partir de um coração gentil. É imprescindível servir com prazer, animado com a vida, e com muita boa vontade, além de ver a si mesmo através de cada olhar”, comenta. Para ele, a melhor definição da palavra ‘ética’ é a bus-ca pelo bem comum, ou seja, as ações e tentativas para melhorar o mundo. Caminho que pode ter como pon- to de partida o respeito às pessoas, ao meio ambiente e, principalmente, à vida em todas as suas formas. Se- gundo ele, este respeito reflete, inclusive, na economia mundial. “A vida deve ser colocada sempre em primeiro plano, a curto, médio e longo prazo. Não podemos espe- rar quebrar para começar a consertar. Esta postura leva a mudanças das pessoas em todos os níveis”, afirma. Segundo Motomura, atitudes baseadas num propósi- to maior devem ser o foco das pessoas tanto no mundo corporativo quanto na sociedade. “Cada um em particu- lar deve buscar a perfeita harmonia no ambiente corpo- rativo, eliminar os conflitos e a competição predatória que causam lacunas”, afirma. Para o sucesso das organizações, o consultor desta- ca que é responsabilidade de cada um estar envolvido com o seu trabalho, estar conectado com a companhia e atuar sempre nos espaços vazios da organização como um todo. Ética e sustentabilidade Izilda Capeletto, coordenadora do Comitê de Ética Empresarial da FNQ. 18 Ética Empresarial Ética está ligada à consciência humana. Da mesma forma que um indivíduo possui uma imagem social que mostra se é um cidadão de bem, o comportamento éti- co da empresa define a sua reputação, um dos seus ativos mais preciosos. O desafio da sustentabilidade requer uma nova for- ma de pensar, novas tecnologias e novos modelos de negócios. Para Izilda Capeletto, não há como dissociar esse desafio da questão ética. “A partir do momento em que a sociedade passa a ter consciência de que é necessário conviver com os recursos naturais respeitan- do limites, reforça-se a importância de incorporação da ética nas estratégias empresariais”, defende. A ética relacionada à sustentabilidade vem ganhan- do importância nas empresas brasileiras, especialmente porque os consumidores estão menos tolerantes com os impactos negativos das atividades empresariais. Ainda dentro da ética, há questões relacionadas à sustenta- bilidade que são estratégicas dentro de qualquer ges- tão empresarial: a gestão eficaz dos recursos naturais, o respeito aos direitos humanos, a interação com os stakeholders e os resultados econômico-financeiros, es- senciais para o crescimento sustentável e a perenidade dos negócios. O empresário que não incorporar esses grandes temas na gestão da empresa, certamente terá problemas. Sem cidadania, não há sustentabilidade, assim como não há sustentabilidade com altos níveis de corrupção. “Aqui entra a figura fundamental da liderança, que pre- cisa se armar de boa dose de visão de futuro e energia, para capitanear mudanças e conciliar sustentabilidade e resultados, esteja ele atuando em organizações públi- cas, privadas ou da sociedade civil”, Dos diversos pontos de vista expostos, parece decorrer que a ética empresarial, mais do que uma decisão estratégi- ca (entre ser ou não, ou ser mais ou menos ético), é um im- perativo estratégico: não levar a questão ética devidamente em conta eventualmente levará ao fracasso da empresa. De uma perspectiva mais ampla, o conjunto das orga- nizações precisa interiorizar a questão ética, no sentido de mudar a sua posição na sociedade, e em última análise mudar a própria sociedade, como um todo. Portanto, a questão estratégica se resume a como incorporar a ques- tão ética à estratégia e às práticas de gestão: Passo a passo para incorporar práticas éticas nas organizações Izilda Capeletto, coordenadora do Comitê de Ética Empresarial da FNQ. 1. Desenvolvê-las, por meio da criação de um Pro- grama de Ética e Compliance, com a ajuda de especia- listas e o envolvimento da alta direção. 2. Disseminar e manter as práticas internamente, por meio de educação e treinamento, certificações, au- ditorias específicas, risk assessment, políticas median- te o envolvimento de todos os níveis da organização, estendendo-se para a cadeia de valor. 3. O programa deve ser revisto e atualizado perio- dicamente, e todos os novos colaboradores devem ser treinados na cultura ética da empresa. 4. Ser consistente: manter coerência entre o discur- so e a prática. O exemplo, principalmente quando vem das mais altas camadas de liderança da organização, é um dos meios mais eficazes para disseminar a ética nas empresas. Ética, de cima para baixo Barron Wells e Nelda Spinks, professores da Univer- sity of Southwestern Louisiana, para HSM Management, março - abril - 1998 O comportamento antiético está em todas as ações que resultam na falta de justiça para com os outros, se- jam elas amparadas ou não pela lei. Atualmente, existe uma preocupação crescente quanto à ética nas ope- rações empresariais. Grande parte dessa preocupação surge do conhecimento de ações antiéticas que levaram a escândalos e falências nos sistemas de previdência social, de empréstimos bancários, poupança, constru- ção civil etc. A linha divisória entre as ações éticas e as antiéticas está longe de ser clara. No complexo mundo dos negó- cios de hoje, as pessoas que querem ser éticas podem não saber exatamente que ações terão resultados éti- cos e quais não. 19 Ética Empresarial Um cenário de competição acirrada simplesmente impede que as empresas sejam conservadoras em suas definições de comportamento ético. Se a definição dada por uma companhia ao conceito de comportamento éti- co for mais conservadora do que a definição de sua con- corrente, a primeira poderá ser obrigada a se retirar da disputa. Em geral, são os valores que definem o que é ético e o que não é. Visto que nem todos compartilham dos mesmos valores, as crenças do que é um compor- tamento ético tendem a variar enormemente. A ética corporativa e a responsabilidade social tam- bém podem trazer algumas desvantagens para a em- presa. O aumento de provisões para ações de respon- sabilidade social pode vir a reduzir os lucros para os investidores e também pode aumentar os preços para os consumidores. As vantagens dos programas de responsabilidade social sempre devem ser ponderadas em relação às desvantagens antes de a empresa chegar à sua posi- ção ética no que se refere à responsabilidade social. A comunicação empresarial deve divulgar o programa de responsabilidade social aos funcionários da empresa, aos clientes e à comunidade. Também deve informar a todos o motivo pelo qual certas medidas adicionais que aparentemente refletem responsabilidade social não trariam vantagens para a sociedade. Em resposta à crescente demanda de responsabili- dade social e comportamento ético na esfera empresa- rial, várias empresas criaram programas de responsabi- lidade social. A eficácia desses programas varia de uma empresa para outra. Se os programas de responsabili- dade social e os códigos de ética que os sustentam fo- rem eficazes, a alta gerência não só terá de desenvolver e comunicar esses preceitos para a empresa toda como também deverá transmitir de cima para baixo várias ati- tudes afirmativas em apoio ao programa e aos códigos. A maioria das empresas que desejam melhorar seu comportamento ético cria códigos de ética para suas organizações. Tais códigos permitem que todos dentro da organização saibam do comprometimento da alta gerência com o comportamento ético. E, mais importante, que todos saibam que os diri- gentes esperam dos funcionários que ajam de acordo com esse padrão. O código define o comportamento considerado ético pelos executivos da empresa, bem como o que é anti- ético, e fornece um conjunto de diretrizes por escrito para que todos os funcionários possam segui-las. A alta gerência deve não somente explicitar seu apoio a esse código como também atuar no sentido de demonstrar ostensivamente que concorda com o código na prática e não só no discurso. A atitude da alta gerência em re- lação ao código de ética da empresa dá otom para as atitudes dos funcionários a ela subordinados. Quando a alta gerência diz sustentar o código, mas faz exatamente o contrário, os funcionários dos níveis hierárquicos inferiores presumem que o código não é um documento sério. Por outro lado, se a alta gerência afirma que apóia o código e suas ações demonstram isso, os funcionários levarão o código a sério. Leia a íntegra do artigo em http://sites.google.com/ site/rafaoliveira/etica-cima-baixo-7-1998.pdf Aividade de Fixação Acesse http://sites.google.com/site/rafaoliveira/etica- -cima-baixo-7-1998.pdf e baixe o artigo “Ética, de cima para baixo”. Compare as recomendações dos autores com o “Passo a passo para incorporar práticas éticas nas orga- nizações” (Izilda Capeletto, coordenadora do Comitê de Ética Empresarial da FNQ). Elabore um passo a passo sim- plificado, mas aplicável à organização na qual você atua. Tópico 2.3: Governança Corporativa: conceitos e ferramentas Com certeza todos já ouviram falar em Governança Corporativa. Mas você sabe exatamente o que isto significa (e quais as vantagens pode trazer para a empresa)? O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) define Governança Corporativa como: 20 Ética Empresarial “Um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e monitoradas, envolvendo os acionistas e os cotistas, Con- selho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corpo- rativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua pe- renidade”. A Governança Corporativa tem como principal objeti- vo recuperar e garantir a confiabilidade da empresa para os seus acionistas. Para tanto, estabelece um conjunto de mecanismos de incentivos e de monitoramento, a fim de assegurar que o comportamento dos executivos se alinhe com o interesse dos acionistas. As principais características e ferramentas da “boa go- vernança“ são: • Participação • Estado de direito • Transparência • Responsabilidade • Orientação por consenso • Igualdade e inclusividade • Efetividade e eficiência • Prestação de conta (accountability) É importante destacar, também, as principais ferra- mentas utilizadas na Governança Corporativa, que asse- guram o controle da propriedade sobre a gestão, são elas: o conselho de administração, a auditoria independente e o conselho fiscal. A boa Governança Corporativa contribui para um de- senvolvimento econômico sustentável, proporcionando melhorias no desempenho das empresas, além de maior acesso a fontes externas de capital. John Davis, um dos maiores especialistas do mundo em gestão de empresas familiares, recomenda a constitui- ção de conselhos administrativos ou consultivos, mesmo quando não são exigidos por lei, pois são ferramentas im- portantes da governança corporativa. “O líder não quer que outros olhem o que está fazendo, não quer ser orientado, não quer distribuir as informações pela empresa. No entanto, quando se observam as vanta- gens de usar o conselho, vê-se que o esforço vale a pena”, destaca Davis; e completa:“Na minha opinião, as empre- sas não utilizam o conselho por uma questão de controle” Os principais benefícios que o conselho traz à empresa: - perspectiva diferente e de mais alto nível do que a dos gestores da empresa; - apoio ao líder da empresa e questionamento sau- dável à sua opinião; - apoio ao líder para instituir uma perspectiva estra- tégica na empresa, ajudando-o a identificar opor- tunidades e tratar as ameaças; - decisão de impasses; - objetividade em decisões críticas. Por estes motivos, é importante ter conselheiros qua- lificados e bons sistemas de Governança Corporativa, que podem evitar fracassos empresariais decorrentes de: - abusos de poder (do acionista controlador sobre mi- noritários, da diretoria sobre o acionista e dos administra- dores sobre terceiros); - erros estratégicos decorrentes de concentrar muito poder no executivo principal; - fraudes tais como uso de informação privilegiada em benefício próprio, atuação em conflito de interesses. Desta forma, a adoção de práticas de Governança Cor- porativa tem se expandido em todo o mundo. No Brasil, o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) tem dado uma grande contribuição para a disseminação dos modelos e práticas de Governança Corporativa. A relação entre ética empresarial e governança cor- porativa é destacada no item 6, acrescentado na última edição do Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC (extato no quadro abaixo). Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC Item 6 - Conduta e Conflito d e Interesses (extrato) 6.1 Código de Conduta Além do respeito às leis do país, toda organização deve ter um Código de Conduta que comprometa ad- ministradores e funcionários. 21 Ética Empresarial O documento deve ser elaborado pela Diretoria de acordo com os princípios e políticas definidos pelo Con- selho de Administração e por este aprovados. O Código de Conduta deve também definir responsabilidades so- ciais e ambientais. O código deve refletir adequadamente a cultura da empresa e enunciar, com total clareza, os princípios em que está fundamentado. Deve ainda apresentar cami- nhos para denúncias ou resolução de dilemas de ordem ética (canal de denúncias, ombudsman). 6.2 Conflito de interesses Há conflito de interesses quando alguém não é in- dependente em relação à matéria em discussão e pode influenciar ou tomar decisões motivadas por interesses distintos daqueles da organização. Essa pessoa deve manifestar, tempestivamente, seu conflito de interesses ou interesse particular. Caso não o faça, outra pessoa poderá manifestar o conflito. É importante prezar pela separação de funções e de- finição clara de papéis e responsabilidades associadas aos mandatos de todos os agentes de governança, in- clusive com a definição das alçadas de decisão de cada instância, de forma a minimizar possíveis focos de con- flitos de interesses. 6.3 Uso de informação privilegiada (insider in- formation) O Código de Conduta deve enquadrar como violação ao princípio básico da equidade o uso de informações privilegiadas para benefício próprio ou de terceiros. A organização deve também dispor, em documento específico, sobre os procedimentos a para evitar ou punir o uso indevido dessas informações. 6.4 Política de negociação de ações A companhia aberta deve adotar, por deliber ação do seu Conselho de Administração, uma política de negocia- ção de valores mobiliários de sua emissão. A política deve valer também para títulos referenciados nos seus valores mobiliários ou emitidos por organizações com as quais a companhia mantenha relacionamento comercial relevante ou esteja em processo de negociação societária. Essas diretrizes devem ser aplicáveis aos sócios con- troladores, diretores e membros do Conselho de Admi- nistração, do Conselho Fiscal e de órgãos estatutários. A organização deve desenvolver e monitorar controles que viabilizem o cumprimento dessa política. Recomen- da-se a instalação de uma área responsável por esta- belecer o monitoramento, a apuração e a punição em caso de não observância das diversas políticas da com- panhia. 6.5 Política de divulgação de informações Como forma de materializar o princípio de transpa- rência, a organização deve formalizar uma política de di- vulgação de informações.Essa política deve contemplar a divulgação de informações além das exigidas por lei ou regu lamento. A premissa é que a divulgação seja com- pleta, objetiva, tempestiva e igualitária. É recomendável que a organização disponibi lize ao mercado seu relató- rio anual, incluindo as demonstrações financeiras e os relatórios sócio-ambientais, de preferência, auditados. 6.6 Política sobre contribuições e doações A fim de assegurar maiortransparência sobre a uti- lização dos recursos dos seus sócios, as organizações devem elaborar uma política sobre suas contribuições voluntárias, inclusive políticas. O Conselho de Adminis- tração deve ser o órgão responsável pela aprovação de todos os desembolsos relacionados às atividades políti- cas. Anualmente, a organização deve divulgar, de forma transparente, todos os custos oriundos de suas ativida- des voluntárias. A política deve deixar claro que a promoção e o financiamento de projetos filantrópicos, culturais, sociais e ambientais devem apresentar uma relação clara com o negócio da organização ou contribuir, de forma facilmente identificável, para o seu valor. 6.7 Política de combate a atos ilícitos A organização deve estabelecer uma política com os conceitos e as diretrizes para a pre venção e o combate a atos ilícitos. 22 Ética Empresarial A idéia de governança corporativa tem a sua origem nos chamados problemas de agência, que nascem com a diluição do domínio das corporações. A separação entre propriedade e controle entre acionistas e gestores, por sua vez, demandou também novos mecanismos de monitora- mento e controle. Os acionistas, tinham que assegurar de alguma forma que as decisões de seus administradores estavam alinhadas com seus interesses, fato que culminou no objeto de estudo da “Teoria das agências”, a relação “agente-principal”. Os “conflitos de agência” nas empresas se estabelecem a partir da delegação das competências para tomadas de decisão aos “agentes”, quando os administradores, por te- rem objetivos pessoais divergentes da maximização da ri- queza do “principal”, o acionista, passam a decidir em prol de seus interesses particulares em detrimento do melhor benefício daqueles. A necessidade de melhores práticas de governança corporativa nasce como uma forma de respos- ta a esse conflito e visa evitar a expropriação da riqueza do acionista pelos gestores. Um relacionamento de agência é um contrato no qual o principal engaja o agente para desempenhar alguma tarefa em seu favor, envolvendo a delegação de autorida- de para tomada de decisão pelo agente. Ora, se ambas as partes buscam a maximização das suas utilidades pessoais, existe uma boa razão para acreditar que o agente não agirá sempre no melhor interesse do principal. No caso da relação entre acionistas e gestores, os acionistas podem limitar as divergências monitorando as atividades dos executivos; aqui surge o conceito de compliance. O termo compliance mem do inglês “comply” (cumprir, executar, realizar o que lhe foi impost); é, portanto, o de- ver de cumprir, de estar em conformidade e fazer cumprir regulamentos internos e externos impostos às atividades da Instituição. Estar em compliance é estar em conformida- de com leis e regulamentos internos e externos; acima de tudo, é uma obrigação de cada colaborador da Instituição. Segundo Roy Snell, CEO e co-fundador da Society Of Corporate Compliance and Ethics (SCCE), programas de Compliancesão um processo para atingir um resultado. Um dos objetivos é estar de acordo com a legislação, o outro é criar uma cultura empresarial ética. 18º SEBE: Os sete passos do Programa de Compliance da SCCE O primeiro passo visa a preencher as expectativas dos stakeholders, com políticas que regulamentem a ética, os valores, os princípios, etc. Ele é complementa- do pelo segundo passo, que é a análise de risco, segui- da da prevenção, que inclui a capacitação dos colabora- dores, os incentivos, a criação do Código de Conduta e o controle interno. Em sequência, vem a identificação dos problemas, que envolve auditoria, monitoramento e um sistema de denúncias anônimas; o que está praticamente interliga- do com o próximo passo, que é a investigação de outros problemas em potencial. Snell considera que a maioria das empresas está bem capacitada nestes cinco primeiros passos, mas pre- cisa se fortalecer nos dois seguintes: o principal deles é resolver os problemas e fazer o acompanhamento ne- cessário. Ações corretivas, que visem disciplinar os co- laboradores, e capacitações pontuais nas áreas falhas, são alguns exemplos disso. O último passo é o report para a diretoria. Ele enten- de que o setor de Compliance deve ser forte e indepen- dente dentro de uma empresa, já que precisa investigar todos os colaboradores, inclusive os CEOs e membros do próprio programa. Porém, uma vez observadas as falhas, é preciso que a diretoria seja sempre comuni- cada dos problemas, para que sejam feitas as punições necessárias. Um Programa de Compliance* Deve Levar em conta sete elementos: 1. Envolvimento dos stakeholders 2. Identificação de riscos 3. Ações de Prevenção 4. Monitoramento 5. Investigação 6. Solução dos problemas 7. Resportar à alta direção 23 Ética Empresarial *Fonte: Roy Snell, CEO e co-fundador da Society Of Corporate Compliance and Ethics (SCCE) Profissionais de todas as indústrias podem se certificar em Ética e Compliance por meio do exame oferecido pela SCCE. Ela existe para premiar práticas éticas em todas as organizações e para oferecer os recursos necessários para os profissionais de Compliance e outros que compartilham desses interesses. Já existem mais de 800 profissionais certificados. Entre os dias 8 e 10 de junho, a FNQ- Fundação Nacional da Qualidade, realizou o 18º Seminário Inter- nacional em Busca da Excelência (Sebe), com o tema “Dimensões da Ética Empresarial”. Este texto foi ex- traído do material de divulgação do evento, disponível no site www.fnq.org.br. Roy Snell, fundador e CEO da Society of Corporate Compliance and Ethics (SCCE), uma entidade sem fins lucrativos que tem mais de 8 mil membros em aproximadamente 25 países, apresentou os sete passos que devem ser seguidos para se obter um Sistema de Compliance eficiente. 18º SEBE: O programa de compliance da Sie- mens do Brasil O programa de Compliance da Siemens pode ser considerado o maior do mundo, pois está implanta- do em todas as unidades da companhia, que abrange 1.460 empresas distribuídas em 192 países. A Siemens Brasil tornou-se benchmark mundial em compliance. Em 2009, por exemplo, obteve pontuação máxima no Índice Dow Jones por uso do Código de Conduta, Compliance e Políticas Anticorrupção. Desses sete passos, acrescenta-se ainda: 1. Envolvimento direto da alta direção para implementação do programa 2. Engajamento dos públicos envolvidos 3. Adoção de práticas efetivas para apuração, remediação e comunicação O programa de Compliance da empresa está dividido em três etapas: Prevenir, Detectar e Responder. Segun- do Wagner Giovanini, diretor de Compliance da Siemens para América Latina, o sucesso do programa se dá pela ampla abrangência. O processo engloba treinamento, políticas e procedimentos, integração com os processos de pessoal e rígidos controles de rastreamento e moni- toramento da eficácia. Para Giovanini, os fatores-chave de sucesso para implementação de um programa de Compliance são “pessoas certas no lugar certo, apoio da alta direção e muita comunicação”. Além disso, para garantir a mais alta performance, confiabilidade e agilidade do progra- ma, ele sugere a adoção de seis grupos básicos, (tabela abaixo). A empresa também dispõe de 286 páginas contendo o passo a passo do programa - uma espécie de ISSO 9001 da Siemens -, que abrange todos os requisitos, questões legais, regulamentares, ética, normativas e padrões de práticas de gestão que são utilizados em nível global. Entre os dias 8 e 10 de junho, a FNQ- Fundação Nacional da Qualidade, realizou o 18º Seminário Inter- nacional em Busca da Excelência (Sebe), com o tema “Dimensões da Ética Empresarial”. Este texto foi extra- ído do material de divulgação do evento, disponível no site www.fnq.org.br. Wagner Giovanini, diretor de Com- pliance da Siemens para América Latina, descreveu
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