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Ética empresárial

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1
Ética Empresarial
Ética Empresarial
Professora Elaine Mandotti
2
Ética Empresarial
3
Ética Empresarial
Sumário
Princípios geral 5
Tópico 1.1: Contextualização, objetivos, método 5
Empresas e sociedade no Século XXI 5
18º SEBE: Ligação entre ética e moral 6
Atividade de Fixação 6
Tópico 1.2: Ética: definição, principais conceitos 6
A ética por Eduardo Giannetti da Fonseca 7
Atividade de Fixação 8
Tópico 1.3: Ética profissional 8
Extrato do Código de ética e disciplina da OAB* 9
Título I - da Ética do advogado 10
Capítulo I - das regras Deontológicas** 10
Fundamentais 10
Capítulo II - Das relações com o cliente 10
Tópico 1.4: Síntese da aula: Ética, para quê? 11
18º SEBE:A inovação no contrato individual da Eletronorte 11
Atividade de Fixação 11
Ética empresarial e governança corporativa 11
Tópico 2.1: Ética empresarial 12
Empresas e Ética por Eduardo Giannetti da Fonseca 12
 Ética na CPFL 13
Pesquisa Ibope/FNQ revela valorização da ética em grandes empresas 14
Atividade de Fixação 15
Tópico 2.2: Ética empresarial x estratégia e competitividade 15
A importância da ética empresarial em nossos dias 16
Ética e dinâmicas corporativas 16
A ética do bem comum 17
Ética e sustentabilidade 17
Passo a passo para incorporar práticas éticas nas organizações 18
Ética, de cima para baixo 18
Aividade de Fixação 19
Tópico 2.3: Governança Corporativa: conceitos e ferramentas 19
4
Ética Empresarial
Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa do IBGC 20
Item 6 - Conduta e Conflito d e Interesses (extrato) 20
6.1 Código de Conduta 20
6.2 Conflito de interesses 21
6.3 Uso de informação privilegiada (insider information) 21
6.4 Política de negociação de ações 21
6.5 Política de divulgação de informações 21
6.6 Política sobre contribuições e doações 21
6.7 Política de combate a atos ilícitos 21
Tópico 2.4: Síntese: Afinal, vale a pena ser ético? 24
O HSBC é eleito a empresa mais Ética do planeta (02/02/2009) 24
Ética e Governança no setor financeiro 24
Tópico 3.1: Princípios de Ética aplicados a Finanças 24
Extrato do Código de Ética do Executivo de Finanças (IBEF*) 25
Capítulo I: dos Fundamentos Éticos 25
A Ética da virtude em finanças - dos Artigos de Dobson* 26
A Lei Sarbox 27
Exercício da função de Compliance no Mercado Financeiro Brasileiro 28
Principais práticas de governança adotadas pela BM&FBOVESPA 29
Dimensão de governança 29
Principais práticas de governança adotaddas pela BM&FBOVESPA 29
Propriedade 29
Emissão exclusiva de ações com direito a voto (ordinárias), assegurando o princípio uma ação - um voto; 29
Concessão estatutária de tag along de 100% para todos os acionistas da Companhia; 29
Existência de uma política de distribuição de dividendos transparente e baseada em critérios objetivos. 29
Conduta e Conflitos de Interesse 30
Tópico 3.3: Síntese: Ética x competitividade e lucratividade 30
Biografia do Palestrante 30
Tópico 3.4: O que mudou na sua visão sobre ética empresarial? 31
Estudo de caso intergrativo 33
5
Ética Empresarial
Princípios geral
“Os homens tornam-se arquite-
tos construindo e tocadores de lira 
tangendo seus instrumentos. 
Da mesma forma, tornamo-nos jus-
tos praticando atos justos.” 
(Aristóteles, em “Ética a Nicômaco”)
Tópico 1.1: Contextualização, objetivos, método
Tópico 1.2: Ética: definição, principais conceitos
Tópico 1.3: Ética Profissional
Tópico 1.4: Síntese: Ética, para quê?
Tópico 1.1: Contextualização, objetivos, 
método
Desde o final do século XX, diversos estudiosos impor-
tantes vêm chamando a atenção para as profundas mu-
danças que vêm ocorrendo na sociedade contemporânea. 
Embora os principais “motores” destas mudanças – glo-
balização e evolução tecnológica – estejam presentes há 
muito tempo, a velocidade e dramaticidade vistos nestes 
últimos anos são inéditos.
Um dos aspectos mais marcantes deste contexto con-
temporâneo é a crescente pressão sobre as empresas, no 
sentido de que estas revejam a sua relação com a so-
ciedade. Governos, organizações – com destaque para as 
ONGs – e indivíduos cada vez mais têm exigido que as 
empresas atuem dentro de padrões de ética e responsabi-
lidade social e ambiental, que vão muito além do simples 
cumprimento da legislação, sob pena de perder negócios 
e clientes.
Empresas e sociedade no Século XXI
As mudanças recentes nos cenários econômico e 
social fizeram com que as empresas percebessem 
que os pressupostos do passado estão em processo 
de mudança, e uma relação mutuamente construtiva 
com a sociedade torna-se um fator importante dentre 
os novos requisitos para a atuação competitiva.
Antes livres de preocupações com a sociedade, no 
início do século XXI as empresas passaram a ser 
pressionadas a atuar responsavelmente, pois, apesar 
do crescimento material e tecnológico no mundo 
desenvolvido, a pobreza e a distância entre as classes 
se acentuam, especialmente nos países periféricos.
No Brasil esta situação é ainda mais visível. O país possui 
um índice de desigualdade, medido pelo Índice de Gini, 
de aproximadamente 0,6. Este número situa o país como 
a quarta nação mais desigual do planeta (Morley, 2001). 
Além disso, a maioria dos indicadores mostra uma situação 
ainda mais alarmante: 19,1% da população com mais de 
15 anos é analfabeta; ocorrem mais de 40 mil homicídios 
por ano; o Brasil se encontra na 69ª posição no planeta 
no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), próximo 
a algumas nações da África Sub-Saariana (ONU, 2001). 
Desde os anos 80 do século XX, um fenômeno agrava 
ainda mais esta situação. A globalização – considerada, 
neste estudo, como o conjunto complexo de alterações 
econômicas, sociais e culturais que vêm integrando o 
mundo – ressalta as desigualdades, pois ao mesmo tempo 
em que proporciona a elevação do padrão de conforto das 
classes abastadas, perpetua o distanciamento dos pobres a 
estes benefícios. No Brasil, este processo se intensificou a 
partir da década de 90, com a liberalização do movimento 
de capitais, as privatizações e a política econômica 
fundamentada na estabilidade da moeda e no incentivo às 
exportações. Tudo isso em detrimento do desenvolvimento 
social e ambiental (Morley, 2001). A globalização também 
teve impactos no enfraquecimento do Estado enquanto 
agente econômico e provedor do bem-estar social.
Extraído de “DESAFIOS DA ATUAÇÃO SOCIAL ATRAVÉS DE ALIANÇAS 
INTERSETORIAIS”, de Rosa Maria Fischer et al, VI SEMEAD, FEA-USP
Neste contexto, tornou-se fundamental que o profis-
sional de gestão entenda e seja capaz de equacionar as 
demandas de natureza ética e suas influências sobre o seu 
negócio. Assim sendo, os objetivos desta disciplina são:
• Apresentar os principais conceitos relacionados à 
questão da ética empresarial e discutir seus impac-
tos sobre a estratégia e a gestão;
• Proporcionar ao aluno a reflexão sobre a aplicação 
destes conceitos ao seu negócio em particular;
• Examinar o contexto geral da discussão e da práti-
ca da ética empresarial;
• Apresentar iniciativas bem sucedidas de incorpo-
ração do elemento ético à estratégia e gestão de 
empresas diversas.
6
Ética Empresarial
Para atingir estes objetivos, a disciplina se estrutura 
em três grandes blocos (aulas), cada um dos quais corres-
pondendo a 20 h.a. e dividido em quatro tópicos, sendo o 
último de síntese, discussão e fixação. Na terceira e última 
aula, o penúltimo tópico traz a síntese da aula e o último, 
a síntese final da disciplina.
Embora os conceitos de Responsabilidade Social Corpo-
rativa (RSC) e sustentabilidade estejam fortemente ligados 
à temática da ética organizacional, não serão abordados 
nesta disciplina, ainda que eventualmentesejam citados 
em relação com o tema central.
Atividade de Fixação
Ética empresarial, Responsabilidade Social Corporativa, 
sustentabilidade, Governança Corporativa são 
alguns termos que têm sido bastante utilizados em 
Administração. Todos eles estão ligados à questão da 
ética na gestão das organizações – que, em última 
análise, depende dos padrões éticos dos gestores. 
Antes de prosseguir, elabore um breve texto (1 
página A4, arial 11, espac.simples, margens 2 
cm), apresentando as suas idéias sobre ética 
“individual” e empresarial. Você concorda que a 
ética empresarial decorre da ética dos gestores?
Tópico 1.2: Ética: definição, principais 
conceitos
A origem da palavra ética vem do grego “ethos”, que 
quer dizer o modo de ser, o caráter. Os romanos traduziram 
o “ethos” grego, para o latim “mos” (ou no plural “mores”), 
que quer dizer costume, de onde vem a palavra moral.
Tanto “ethos” (caráter) como “mos” (costume) indicam 
um tipo de comportamento propriamente humano que 
não é natural;o homem não nasce com ele, é adquirido ou 
conquistado por hábito.
Ética e moral, pela própria etimologia, dizem respeito a 
uma realidade humana que é construída histórica e social-
mente a partir das relações coletivas dos seres humanos 
nas sociedades onde nascem e vivem. A ética é uma refle-
xão crítica sobre a moralidade, o conjunto dos princípios 
que norteiam as ações humanas.
 
18º SEBE: Ligação entre ética e moral
A 18ª edição do Seminário Internacional em Busca da 
Excelência (SEBE) – realizado pela FNQ – Fundação Na-
cional da Qualidade reuniu vários executivos, professores 
e especialistas para discutir ética, entre eles, o econo-
mista, filósofo e professor do Ibmec São Paulo, Eduardo 
Giannetti, que ressaltou a ligação entre ética e moral. 
Para o economista, duas vertentes, a cívica e a pes-
soal, podem definir a ética. A primeira, segue o princípio 
de que as pessoas não vivem sozinhas, compartilham 
experiências em sociedade, por isso necessitam de re-
gras de convivência. Já a ética pessoal, relaciona-se com 
princípios que validam o “certo” e o “errado”, estando 
intrinsecamente ligada à moral, que representa o que 
pode ou não ser feito pela sociedade, o que é obrigató-
rio ou não. Segundo ele, as regras impostas pela ética 
e a moral são essenciais para o equilíbrio da sociedade. 
“O descumprimento delas pode gerar uma guerra de 
tudo contra todos. Tudo pode acontecer”, comenta. 
 Segundo Giannetti, as regras impostas pela ética in-
terferem diretamente no comportamento da sociedade, 
e são responsáveis por introduzir mudanças permanen-
tes ao que é aceito como moral. As alterações ocor-
rem de acordo com a época ou local. “É preciso ter a 
consciência de que a ética demanda um juízo flexível”, 
completa.
 Alguns exemplos claros destas modificações são 
atitudes antes aceitas e impostas como regras da so-
ciedade, e que hoje são consideradas absurdas, sendo, 
algumas vezes, consideradas criminosas. São exemplos: 
o apedrejamento de adúlteras, o castigo em escolas e a 
própria escravidão.
 Para o professor, identificar a moral em uma socie-
dade é simples, basta observar tudo o que as pessoas 
estão se esforçando para mostrar que são - sendo ver-
dadeiros ou não. “Não há agrupamento humano que 
7
Ética Empresarial
não possua uma noção compartilhada do que é proibido 
ou liberado”, afirma. 
 Gianetti afirma que existem três vetores de pressão 
para o comportamento ético: “o mercado consumidor, 
o mercado de capitais e a opinião pública”, e ressalta a 
sustentabilidade como tema dominante no século XXI, 
sendo essencial pensar a longo prazo. Segundo ele, a 
questão ambiental leva à necessidade de se prestar muita 
atenção ao que se faz e às atitudes que se toma: “As 
empresas, principalmente, sabem que um passo em falso 
neste quesito, pode ser fatal para sua imagem”, conclui.
Entre os dias 8 e 10 de junho de 2010, a FNQ- 
Fundação Nacional da Qualidade, realizou o 18º 
Seminário Internacional em Busca da Excelência (Sebe), 
com o tema “Dimensões da Ética Empresarial”. Este 
texto foi extraído do material de divulgação do evento, 
disponível no site www.fnq.org.br.
Algumas teorias éticas de filósofos clássicos:
Demócrito de Abdera afirmava que, ao buscarmos 
ser felizes, devemos fazer poucas coisas a fim de que o 
que fizermos não ultrapasse nossas forças e não nos leve 
à inquietação. Dizia que “é sábio quem não se aflige com 
o que lhe falta e se alegra com o que possui”; e que “a 
moderação aumenta o gozo e acresce o prazer”. Afirmava 
que a agressividade é insensata porque “enquanto se 
busca prejudicar o inimigo, esquecemos o nosso próprio 
interesse”.
Aristóteles, em sua obra Ética a Nicômaco, afirma 
que a felicidade (eudemonia) não consiste nem nos 
prazeres, nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa 
vida virtuosa. A virtude (areté), por sua vez, se encontra 
num justo meio entre os extremos, que será encontrada 
por aquele dotado de prudência (phronesis) e educado 
pelo hábito no seu exercício.
Para Epicuro a felicidade consiste na busca do prazer, 
que ele definia como um estado de tranquilidade e de li-
bertação da superstição e do medo (ataraxia), assim como 
a ausência de sofrimento (aponia). Para ele, a felicidade 
não é a busca desenfreada de bens e prazeres corporais, 
mas o prazer obtido pelo conhecimento, amizade e uma 
vida simples.
A filosofia moral de Kant afirma que a base para 
toda razão moral é a capacidade do homem de agir racio-
nalmente. O fundamento para esta lei de Kant é a cren-
ça de que uma pessoa deve comportar-se de forma igual 
a que ela esperaria que outra pessoa se comportasse na 
mesma situação, tornando assim seu próprio comporta-
mento uma lei universal.
Em a “Metafísica da Ética” (1797), afirma que as ações 
de qualquer tipo precisam partir de um sentido de dever 
ditado pela razão, e nenhuma ação realizada por interes-
se ou obediência a lei ou costumes pode ser considerada 
moral; somente as ações realizadas “por dever” são sus-
ceptíveis de valoração moral.
Kant descreveu classes de mandamentos dados pela 
razão; todo ato, no momento de iniciar-se, aparece à 
consciência moral sob duas classes de mandamentos que 
ele chama de “imperativos hipotéticos” e “imperativos ca-
tegóricos”: 
• “Imperativo Hipotético” – são sempre subordinados 
a uma condição, ou seja, enunciam um manda-
mento subordinado a determinadas condições, por 
exemplo: “Se quer sarar, toma remédio”.
• “Imperativo “Categórico” – por sua vez é desvincu-
lado de quaisquer condições e que foi colocado por 
Kant como: “Age de tal maneira que o motivo que 
te levou a agir possa se convertido em lei universal”
A ética por Eduardo Giannetti da Fonseca
Excelência em Gestão – O que diferencia 
os conceitos de moral e ética?
Eduardo Giannetti – Normalmente, esses dois termos 
são usados de forma quase equivalente, mas é preciso 
demarcar as diferenças entre eles. A palavra moral deriva 
do termo latino mores e tem o significado de costume.
A moral é a percepção de um determinado agrupamento 
humano sobre o que é certo ou errado, proibido ou 
permitido, obrigatório ou facultativo. É construída por 
todas as sociedades humanas, mas com variações, às 
vezes, significativas. Já a ética introduz um elemento 
crítico, um juízo reflexivo sobre o acordo moral da 
sociedade. Ela submete aquilo que é aceito como 
prática humana a algum tipo de crivo, avaliando 
se é o caso, ou não, de manter essa regra. 
Então, a ética introduz um elemento de reflexão 
crítica sobre o acordo moral em vigor. 
8
Ética Empresarial
Demanda um tipo de justificação racional, uma consistência 
para que aquilo que é comumente aceito, mereça de 
fato aceitação. A ética busca definir princípios que 
validem ou não os nossos juízos acerca do obrigatório 
ou facultativo, do certo ou errado. Normalmente, um 
filósofo da ética busca entender se o acordo moral é 
dotado de consistência, seé bem fundamentado.
EG - O que determina esse juízo 
reflexivo sobre o acordo moral?
Giannetti – Existem várias tradições na História da 
Filosofia. Desde o início da análise da ética, feita por 
Sócrates no mundo grego, surgiram várias maneiras 
de avaliar criticamente as práticas humanas. A 
Filosofia Moderna introduz uma tradição utilitarista 
e uma fundamentada em Kant, entre outras.
A História da Filosofia oferece um panorama rico de 
possibilidades para avaliar com juízo reflexivo aquilo que 
prevalece como prática de vida em diferentes sociedades. 
Isso é natural, pois há uma tensão, muitas vezes, entre 
a ética e a moral. Há coisas que no passado eram 
perfeitamente toleráveis e aceitas e que hoje não são mais.
EG - Pode nos dar alguns exemplos?
Giannetti – Existem vários, como a punição física de 
alunos rebeldes nas escolas, a escravidão por dívidas, 
o apedrejamento de adúlteras, a mutilação de corpos 
de devedores inadimplentes, a prisão e o tratamento 
médico do homossexualismo, entre outros. A própria 
escravidão no século 19 no Brasil era uma prática 
perfeitamente corrente e com amparo legal. Houve 
todo um trabalho de reflexão ética, de condenação e 
mudança de percepção em relação a isso e, atualmente, a 
escravidão não tem qualquer tipo de suporte ou adesão. 
Uma pergunta interessante que podemos nos fazer 
é: da mesma maneira que tantas coisas praticadas 
corriqueiramente no passado nos parecem condenáveis 
hoje, o que nas nossas práticas contemporâneas parecerá 
igualmente condenável aos olhos dos nossos descendentes? 
Costumes aceitos hoje do ponto de vista moral, a partir de 
uma nova reflexão ética e de um amadurecimento serão 
terrivelmente condenáveis daqui a décadas ou séculos.
EG – Muitos afirmam que a ética nasce como 
convicção no campo individual para depois refletir 
na sociedade. O que é ética pessoal?
Giannetti - Na História da Filosofia, existem duas 
grandes preocupações pertinentes à ética. Uma delas é 
o grande tema levantado por Sócrates que diz respeito 
à ética pessoal, de como viver, o que fazer da vida, 
como chegar a uma vida que mereça ser vivida. 
Todos nós estamos implicitamente respondendo a 
essas perguntas: quais são os valores que presidem 
uma vida humana bem vivida? O que pode trazer 
realização pessoal a um indivíduo? Existe uma 
melhor vida que todos deveriam abraçar ou não? 
Mas esses valores serão revelados pelas ações de cada 
um. Nós não vivemos sozinhos em uma ilha, vivemos 
em uma sociedade. E precisamos compatibilizar nossos 
projetos individuais de forma razoavelmente harmoniosa 
com os da sociedade, para que ela possa ser pacífica e 
próspera. Isso é a ética cívica. As perguntas da ética cívica 
são: quais são as regras que devem pautar a convivência 
humana, a vida em sociedade no campo da política ou da 
economia? Em que consiste a boa sociedade? Quais são as 
instituições, normas, regras de compatibilização que devem 
ordenar os agrupamentos humanos para que a sociedade 
seja florescente e os indivíduos possam desenvolver as 
melhores vidas ao seu alcance? A Filosofia Política e a 
Ética Cívica discutem exaustivamente essas questões. 
Uma sociedade que perde essas normas de convivência 
torna-se palco de uma guerra de todos contra todos.
Extraído da entrevista “De olhos bem abertos”, publicada na revista 
EXCELÊNCIA EM GESTÃO (Ano II, nº 03, Outubro/2010), publicada 
pela FNQ.
Atividade de Fixação
Baseando-se nos textos acima, relacione 
os termos às suas definições:
1 ethos A percepção de um agrupamento humano sobre o certo / errado
2 ética B o modo de ser, o caráter
3 moral C como viver, o que fazer da vida
4 ética pessoal D regras que devem pautar a convivência humana
5 ética cívica E
reflexão crítica sobre a mo-
ralidade; conjunto de princí-
pios e disposições que nor-
teia as ações humanas.
Tópico 1.3: Ética profissional 
Nunca se falou tanto de ética como neste início de sé-
culo, talvez justamente por se constatar sua ausência em 
setores fundamentais da sociedade. Na política, a palavra 
9
Ética Empresarial
é constantemente lembrada, principalmente quando se 
verifica o descumprimento de leis e regras de conduta.
Isso não é diferente no meio corporativo. Quem não se 
lembra do escândalo da Enron, gigante norte-americana 
do setor de energia, que envolveu fornecedores e até uma 
grande empresa de auditoria na maquiagem da sua per-
formance?
Como consequência, acentuou-se um movimento 
mundial liderado pela Organização das Nações Unidas 
(ONU) e acatado por vários países, entre eles o Brasil, 
para buscar comportamentos alinhados às legislações e à 
transparência nos negócios. 
Ao se falar de ética nos negócios, surge imediatamente 
uma questão: a ética empresarial decorre da ética pessoal 
– os valores de cada colaborador e gestor compõem, co-
letivamente, a ética da organização – ou será o contrário? 
Por exemplo: se uma pessoa com elevados padrões éti-
cos ingressa em uma organização na qual a corrupção é 
a norma, será possível atuar eticamente? Não teria razão 
Rui Barbosa, quando afirmou que, em um ambiente pro-
fundamente corrupto, “o homem chega a desanimar da 
virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.”?
Um aspecto desta discussão passa pelo fato que as 
empresas, fundamentalmente, são constituídas não ape-
nas por indivíduos, mas por profissionais. Antes de ser 
colaborador da empresa X, o indivíduo é contabilista, ad-
vogado, engenheiro, etc. A ética profissional constitui um 
aspecto importante da ética empresarial.
Antes de abordar a questão da ética profissional: o que 
entendemos por profissão? Por exemplo, o chefe da cozi-
nha da Volkswagen é cozinheiro ou metalúrgico? Caberia 
aqui uma discussão (bastante longa) de aspectos de le-
gislação trabalhista e sindical, que todavia não faz parte 
do escopo atual. Vamos evitar esta discussão adotando o 
conceito de profissão liberal e estendendo-o às organiza-
ções. Por exemplo, um advogado que trabalha na Petro-
brás é profissional da área jurídica em primeiro lugar (e, 
digamos, “está” petroleiro...).
Assim, “profissão é uma atividade pessoal, desenvolvi-
da de maneira estável e honrada, ao serviço dos outros e a 
benefício próprio, de conformidade com a própria vocação 
e em atenção à dignidade da pessoa humana” (A. Royo 
Marin). Já Nalini afirma que “o exercício de uma profis-
são pressupõe um conjunto organizado de pessoas, com 
racional divisão do trabalho na consecução da finalidade 
social: o bem comum”. Das duas definições, decorre que 
“profissional” é uma pessoa que detém um conjunto es-
pecífico de competências (especialidade), dentro de um 
determinado campo do saber e que contribui para o bem 
comum; e que faz parte de um grupo organizado em torno 
da prática desta especialidade.
Um dos princípios gerais que pode estar presente 
em qualquer desempenho humano é o de que todas as 
profissões são dignas e merecem idêntico respeito. Por 
outro lado, o comportamento de cada profissional reflete 
sobe o conceito da profissão (e dos demais profissionais); 
daí, a necessidade quase universal de estabelecer códigos 
de conduta profissional.
Os códigos de ética profissional têm o objetivo de 
salvaguardar o conceito da profissão e do profissional. Em 
geral, são mais restritivos do que as legislações, ou seja, o 
agir ético garante a legalidade. Como exemplo de código 
de ética profissional, o quadro a seguir traz um extrato do 
código da OAB.
Extrato do Código de ética e disciplina da OAB*
O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVOGADOS 
DO BRASIL, ao instituir o Código de Ética e Disciplina, 
norteou-se por princípios que formam a consciência 
profissional do advogado e representam imperativos 
de sua conduta, tais como: os de lutar sem receio 
pelo primado da Justiça; pugnar pelo cumprimento da 
Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que esta 
seja interpretada com retidão, em perfeita sintonia com 
os fins sociais a que se dirige e as exigências do bem 
comum; ser fielà verdade para poder servir à Justiça 
como um de seus elementos essenciais; proceder com 
lealdade e boa-fé em suas relações profissionais e em 
todos os atos do seu ofício; empenhar-se na defesa 
das causas confiadas ao seu patrocínio, dando ao 
constituinte o amparo do Direito, e proporcionando-lhe 
a realização prática de seus legítimos interesses;
10
Ética Empresarial
comportar-se, nesse mister, com independência e alti-
vez, defendendo com o mesmo denodo humildes e po-
derosos; exercer a advocacia com o indispensável senso 
profissional, mas também com desprendimento, jamais 
permitindo que o anseio de ganho material sobreleve à 
finalidade social do seu trabalho; aprimorar-se no culto 
dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de 
modo a tornar-se merecedor da confiança do cliente e 
da sociedade como um todo, pelos atributos intelectuais 
e pela probidade pessoal; agir, em suma, com a digni-
dade das pessoas de bem e a correção dos profissionais 
que honram e engrandecem a sua classe.
Inspirado nesses postulados é que o Conselho 
Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, no uso das 
atribuições que lhe são conferidas pelos arts. 33 e 54, V, 
da Lei nº 8.906, de 04 de julho de 1994, aprova e edita 
este Código, exortando os advogados brasileiros à sua 
fiel observância.
Título I - da Ética do advogado 
Capítulo I - das regras Deontológicas**
Fundamentais 
Art. 1º O exercício da advocacia exige conduta com-
patível com os preceitos deste Código, do Estatuto, do 
Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais 
princípios da moral individual, social e profissional.
Art. 2º O advogado, indispensável à administração 
da Justiça, é defensor do Estado democrático de direito, 
da cidadania, da moralidade pública, da Justiça e da 
paz social, subordinando a atividade do seu Ministério 
Privado à elevada função pública que exerce.
Parágrafo único. São deveres do advogado:
I – preservar, em sua conduta, a honra, a nobreza 
e a dignidade da profissão, zelando pelo seu caráter de 
essencialidade e indispensabilidade;
II – atuar com destemor, independência, honestida-
de, decoro, veracidade, lealdade, dignidade e boa-fé;
III – velar por sua reputação pessoal e profissional;
IV – empenhar-se, permanentemente, em seu aper-
feiçoamento pessoal e profissional;
V – contribuir para o aprimoramento das instituições, 
do Direito e das leis;
VI – estimular a conciliação entre os litigantes, pre-
venindo, sempre que possível, a instauração de litígios;
VII – aconselhar o cliente a não ingressar em aven-
tura judicial;
VIII – abster-se de:
a) utilizar de influência indevida, em seu benefício 
ou do cliente;
b) patrocinar interesses ligados a outras atividades 
estranhas à advocacia, em que também atue;
c) vincular o seu nome a empreendimentos de cunho 
manifestamente duvidoso;
d) emprestar concurso aos que atentem contra a 
ética, a moral, a honestidade e a dignidade da pessoa 
humana;
e) entender-se diretamente com a parte adversa que 
tenha patrono constituído, sem o assentimento deste.
IX – pugnar pela solução dos problemas da cidada-
nia e pela efetivação dos seus direitos individuais, cole-
tivos e difusos, no âmbito da comunidade.
Art. 3º O advogado deve ter consciência de que o 
Direito é um meio de mitigar as desigualdades para o 
encontro de soluções justas e que a lei é um instrumen-
to para garantir a igualdade de todos.
Art. 4º O advogado vinculado ao cliente ou consti-
tuinte, mediante relação empregatícia ou por contrato 
de prestação permanente de serviços, integrante de 
departamento jurídico, ou órgão de assessoria jurídica, 
público ou privado, deve zelar pela sua liberdade e in-
dependência.
Art. 5º O exercício da advocacia é incompatível com 
qualquer procedimento de mercantilização.
Art. 6º É defeso ao advogado expor os fatos em Juí-
zo falseando deliberadamente a verdade ou estribando-
-se na má-fé.
Art. 7º É vedado o oferecimento de serviços profis-
sionais que impliquem, direta ou indiretamente, inculca-
ção ou captação de clientela.
Capítulo II - Das relações com o cliente
Art. 8º O advogado deve informar o cliente, de forma 
clara e inequívoca, quanto a Art. 17. Os advogados inte-
grantes da mesma sociedade profissional, ou reunidos em 
caráter permanente para cooperação recíproca, não po-
dem representar em juízo clientes com interesses opostos.
11
Ética Empresarial
Cada cenário escolhido era o palco para a tomada de 
decisões. Nas águas da Amazônia, cada peixe da região 
trazia um desafio. Na floresta, quem o fazia eram os seres 
de lá, assim como, em outras fases, eram os pássaros 
e as figuras folclóricas. Esta forma lúdica de valorizar 
a cultura regional pode ser vista como uma extensão 
da valorização da cultura corporativa, já que ambas 
consideram o indivíduo inserido em um contexto maior. 
Cada personagem funciona como um instigador para que 
os funcionários passassem a refletir sobre os temas.
Rosa Maria Barbosa ressaltou que “para criação de 
qualquer Código de Conduta, todos devem participar, 
as pessoas precisam ser ouvidas”. Além disso, disse 
que não basta treinar os colaboradores se o exemplo 
não vier de cima. “Se o gestor não agir de forma ética, 
os colaboradores não acreditam no sistema. Por isso a 
nossa primeira obrigação é formar o gestor”.
Entre os dias 8 e 10 de junho de 2010, a FNQ 
realizou o 18º Sebe, com o tema “Dimensões da Ética 
Empresarial”. Este texto foi extraído do material de 
divulgação do evento, disponível no site www.fnq.
org.br. Rosa Maria de Souza e Albuquerque Barbosa, da 
Eletronorte, apresentou o caso do fortalecimento dos 
Princípios Éticos e Regras de Conduta via treinamento 
virtual.
Atividade de Fixação
A partir dos elementos apresentados nesta aula, discuta 
em um breve texto (1 página A4, arial 11, espac.simples, 
margens 2 cm) a afirmação: “Se o gestor não agir de 
forma ética, os colaboradores não acreditam no sistema”, 
Ética empresarial e governança corporativa
 “No clima atual de total falta de confiança, nosso siste-
ma guiado pelo mercado está sob ataque... grande parte da 
população sente... que os interesses empresariais não estão 
mais alinhados aos interesses da sociedade. A única maneira 
de parar esta nova onda de sentimento anti-empresarial 
seria as empresas se reposicionarem de maneira cla-
ra e convincente como parte da sociedade”. 
(Klaus Schwab, presidente do Fórum Econômico 
Mundial de Davos, revista Newsweek, 2003). 
Art. 18. Sobrevindo conflitos de interesse entre seus 
constituintes, e não estando acordes os interessados, 
com a devida prudência, optará o advogado por um 
dos mandatos, renunciando aos demais, resguardado o 
sigilo profissional.
Art. 19. O advogado, ao postular em nome de 
terceiros, contra ex-cliente ou ex-empregador, judicial 
e extrajudicialmente, deve resguardar o segredo 
profissional e as informações reservadas ou privilegiadas 
que lhe tenham sido confiadas.
 eventuais riscos da sua pretensão, e das conse-
qüências que poderão advir da demanda.
Art. 20. O advogado deve abster-se de patrocinar 
causa contrária à ética, à moral ou à validade de ato 
jurídico em que tenha colaborado, orientado ou conhe-
cido em consulta; da mesma forma, deve declinar seu 
impedimento ético quando tenha sido convidado pela 
outra parte, se esta lhe houver revelado segredos ou 
obtido seu parecer.
∗ Publicado no Diário da Justiça, Seção I, do dia 01.03.95, pp. 
4.000/4004.
**: Deontologia: ciência do dever
Tópico 1.4: Síntese da aula: Ética, para 
quê?
 
18º SEBE:A inovação no contrato 
individual da Eletronorte
Embora a Eletronorte tenha lançado seu Código em 
2007, durante a festa de aniversário da empresa, com 
sugestões dos diretores e colaboração de mais de 2 
mil colaboradores, ainda era preciso fazer com que as 
pessoas entendessem o que é o Código e, para isso, 
foi criado um treinamento virtual. Com quatro níveis dedesafio, o game foi elaborado com imagens da Região 
Norte, responsáveis pela criação de uma identidade 
com os colaboradores locais.
http://www.fnq.org.br
http://www.fnq.org.br
12
Ética Empresarial
Tópico 2.1: Ética Empresarial
Tópico 2.2: Ética empresarial x estratégia e competiti-
vidade
Tópico 2.3: Governança Corporativa: conceitos e fer-
ramentas
Tópico 2.4: Síntese: Afinal, vale a pena ser ético?
Tópico 2.1: Ética empresarial
A sobrevivência de qualquer organização, hoje, exige 
uma gestão que estimule a cultura da ética nos negócios. 
Todas as empresas que desejam garantir seu lugar ao sol 
no futuro devem adotar uma postura ética hoje. 
“A pressão da sociedade pelo comportamento ético não 
é mais uma ameaça no horizonte, é realidade tangível. 
Basta um deslize em valores cada dia mais caros, como 
o respeito à comunidade, aos consumidores, ao meio 
ambiente, ao trabalho e à diversidade, para que uma 
organização tenha sua reputação destruída”, avalia Ricardo 
Corrêa Martins, diretor-executivo da FNQ.
Além de gerar empregos e riqueza, as empresas 
estão sendo chamadas a exercer ativamente o seu 
papel de agentes de transformação, contribuindo para o 
aperfeiçoamento da sociedade e a melhoria da vida das 
pessoas. As organizações não vivem isoladas, fazem parte 
de ecossistemas, por isso, são sensíveis à questão da ética. 
“Elas mantêm um contrato tácito com a sociedade, que 
hoje está dizendo: ‘empresas não podem poluir o meio 
ambiente ou causar doenças, senão as pessoas param de 
comprar o seu produto’, podendo até mesmo comprometer 
o futuro do negócio”, exemplifica Corrêa Martins
Empresas e Ética por Eduardo Giannetti da 
Fonseca
EG - Você fala na escolha do tempo, exemplificando 
que há questões que precisam ser enfrentadas no presente 
para não comprometer o futuro. Como isso se aplica às 
empresas e ao mercado?Giannetti - Toda ação humana, 
de certa maneira, está explicitando alguma preferência 
em relação ao tempo. Nós estamos sempre medindo as 
possibilidades entre desfrutar o momento ou cuidar do 
amanhã, tanto na vida individual quanto organizacional, 
coletiva, nacional ou mesmo internacional. 
Veja a questão da mudança climática. Coletivamente, 
a humanidade está fazendo uma aposta muito temerária 
de desfrutar o presente, consumindo os recursos e 
emitindo gases nocivos na atmosfera que podem 
comprometer seriamente o nosso futuro.
As empresas precisam trabalhar essa estratégia do 
tempo sempre avaliando as suas práticas e procurando 
antecipar consequências de ação ou omissão. Esse é 
um processo permanente, em que corremos o risco 
de sacrificar em demasia o presente em nome do 
futuro, ou o contrário. Existem excessos nessas duas 
direções. Chamo um deles de miopia temporal, quando 
você vê com muita força e nitidez o que está perto e 
acaba prejudicando o que está longe. O reverso disso 
é a hipermetropia temporal, em que você mira com 
muita força o futuro e acaba sacrificando em demasia 
o presente. Esses dois riscos são concretos e a todo 
o momento é preciso reavaliar se a organização está 
incorrendo em excessos, em uma ou outra direção.
EG – Como implantar a cultura da ética no dia a dia 
de uma organização?
Giannetti – Não adianta ter um código de ética que não 
esteja devidamente amparado em três pilares: submissão, 
identificação e internalização. O código de ética precisa 
ter algum nível de fiscalização, contar com um sistema 
de monitoramento, acompanhamento e eventual sanção 
com punição dos infratores. O outro pilar é a identificação, 
ou seja, a ética precisa estar no DNA dos membros da 
organização. As pessoas precisam se sentir bem quando 
estão à altura do código e se sentir mal quando não 
estão. E, por fim, é necessária a internalização, que é o 
entendimento da razão de ser desse código, que é fruto de 
um acordo que resultará em benefícios para todos. Num 
horizonte de tempo adequado, aquele código expressa as 
melhores regras definidas para que tudo possa transcorrer 
da melhor forma. 
Então, basicamente, são três os mecanismos de 
adesão às normas: a submissão, calcada em fiscalização; 
a identificação, formada por sentimentos morais; e a 
internalização, um processo mais sofisticado e reflexivo 
de compreensão da razão de ser dessas normas.
13
Ética Empresarial
Os princípios seguidos pelo grupo são a criação de 
valor, superação, confiança e respeito, compromisso, 
sustentabilidade, segurança e qualidade de vida, empre-
endedorismo e austeridade. Além destes, há o Princípio 
Ético da Sustentabilidade: “preocupar-se com as con-
sequências futuras de suas ações e decisões, buscando 
sempre controlar e evitar riscos que possam trazer ame-
aças à perenidade do Grupo CPFL Energia, bem como 
efeitos não negociados com as comunidades onde atua e 
com os públicos de seu relacionamento.”
O planejamento estratégico de 2010 a 2014, é resul-
tado de toda essa preocupação e revela a ambição do 
grupo: “A CPFL é o maior grupo privado do setor elétrico 
brasileiro que, por meio de estratégias inovadoras e pro-
fissionais talentosos, provê soluções energéticas susten-
táveis, criando valor para todos os seus públicos.”
Para evitar transgressões, prevenir desvios do Códi-
go de Ética e estimular o aprendizado interno, apoiando 
a construção de uma cultura alinhada com os objetivos 
organizacionais, a CPFL criou um Sistema de Gestão e 
Desenvolvimento da Ética (SGDE). Seu foco de atuação 
é o de prover direcionamento, orientar as condutas, dis-
seminar práticas e controlar riscos de processo e de 
desvios de conduta.
A SGDE abrange o Código de Ética e de Conduta 
Empresarial da CPFL Energia; o Comitê de Ética; o Pla-
no de Inculturação; a Rede Ética; Canais de Acesso; 
Mapeamento de Riscos Éticos; Plano de Comunicação; 
e o Portal Ética em Rede. 
Os valores prezados em todos os relacionamentos 
(internos e externos) são honestidade, integridade, 
transparência, veracidade das informações, dignidade e 
respeito, além de se preocuparem com os impactos de 
todas as ações e decisões da empresa nos públicos com 
os quais se relaciona; da preocupação com o futuro do 
planeta; e do alinhamento da estratégia empresarial 
com a agenda nacional de desenvolvimento do País. 
O comitê é composto de sete membros representan-
tes da Diretoria de Comunicação, de Recursos Humanos, 
Jurídica, Assessoria de Auditoria Interna, Vice-presidên-
cias, Conselho de Representantes dos Empregados-
-CRE e Sociedade Civil. Os participantes são escolhidos 
por sua respeitabilidade profissional e confiabilidade
Extraído da entrevista “De olhos bem abertos”, publicada na revista 
EXCELÊNCIA EM GESTÃO (Ano II, nº 03, Outubro/2010), publicada 
pela FNQ.
De forma similar às entidades de classe (ver item 1.3), 
cada vez mais organizações de todos os tipos vêm esta-
belecendo seus códigos de ética. Isso pode ser vantajoso 
para os vários públicos com os quais a empresa interage, 
pois o código de ética fortalece a imagem da organização. 
O código não deve ser visto como um modismo ca-
paz de capitalizar benefícios ou dividendos. Deve ser um 
instrumento genuíno, com adesão voluntária de todos os 
integrantes da organização, incorporando de maneira na-
tural e profissional os princípios éticos da instituição.
A adoção de um código de ética é uma ótima opor-
tunidade de aumentar a integração entre os funcionários 
da empresa e estimular o seu comprometimento. Permite 
a uniformização de critérios na empresa, dando respaldo 
para aqueles que devem tomar decisões. Serve de parâ-
metro para a solução dos conflitos. Protege, de um lado, o 
trabalhador que se apóia na cultura da empresa refletida 
nas disposições do código; por outro lado, serve de respal-
do para a empresa, caso necessite solucionar problemas 
de desvio de conduta de algum colaborador, acionista, for-
necedor, ou outros.
 
 
18º SEBE: O processo de ex-
pansão da Cultura Ética na CPFLO primeiro Código de Ética e de Conduta Empresarial; 
o Comitê de Ética e Responsabilidade Social; e o Programa 
CPFL de Responsabilidade Social, foram criados em 
2001. Desde então, foram feitas diversas atualizações 
até a implantação da versão revisada do Código entre 
2007 e 2008, com a incorporação da visão de empresas 
adquiridas e de temas como: sustentabilidade, governança 
corporativa,excelência, qualidade de vida e diversidade. 
Foram realizados diversos ciclos de seminários de 
reflexão sobre ética, inclusive nas empresas adquiridas, 
sempre no sentido de atualizar os colaboradores quanto 
ao posicionamento de Marca da CPFL.
14
Ética Empresarial
e participam de um Programa de Qualificação em Ética 
que envolve estudos em ética pessoal e empresarial.
Para mapear os riscos éticos, são tomados cuidados 
especiais com processos de maior risco, são feitas pes-
quisa de clima, monitoramento permanente dos riscos; 
e avaliação do conhecimento do Código e das práticas 
éticas pelos colaboradores. Depois, é apresentado um 
relatório de vulnerabilidades à Diretoria. Este trabalho 
vem contribuindo para evitar escândalos e crises de 
imagem, além de construir uma cultura organizacional 
sólida e integrada, e uma reputação de empresa ética 
e responsável. Estes resultados servem de base para o 
relacionamento daempresa com seus diversos públicos.
A proposta ética da CPFL é atuar em toda a cadeia, 
e não apenas com os fornecedores. Por isso, o grupo 
disponibiliza todo o material de boas práticas para de-
senvolver a ética, mas “o interessante não é só ter o 
documento, é fazer com que as pessoas pratiquem o 
que está no documento”, ressalta o presidente.
Entre os dias 8 e 10 de junho, a FNQ- Fundação 
Nacional da Qualidade, realizou o 18º Seminário Inter-
nacional em Busca da Excelência (Sebe), com o tema 
“Dimensões da Ética Empresarial”. Este texto foi extra-
ído do material de divulgação do evento, disponível no 
site www.fnq.org.br. Wilson Ferreira Jr., presidente do 
Grupo CPFL Energia, falou sobre os desafios éticos da 
empresa e como foi o processo de incorporação da ética 
nas estratégias de negócios.
 Pesquisa Ibope/FNQ revela valorização da 
ética em grandes empresas
Em webcast realizado pela Fundação Nacional 
da Qualidade (FNQ), no dia 4 de novembro, o vice-
presidente de desenvolvimento e negócios estratégicos 
do Grupo Ibope, Nelson Marangoni, apresentou a visão, 
os conceitos e as práticas do empresariado brasileiro 
sobre ética e governança. A palestra foi baseada nos 
resultados da pesquisa qualitativa realizada pelo 
instituto com 25 presidentes e diretores das 500 
empresas classificadas, no ano passado, como Maiores 
e Melhores do País pela Revista Exame.
Desenvolvido sob orientação do Comitê de Ética Em-
presarial da Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), o 
estudo revelou que as empresas de grande porte, com 
capital aberto, atuação global e as mais visadas pela 
sociedade são pioneiras na discussão e implantação de 
uma cultura ética corporativa. Embora os dirigentes ad-
mitam não possuir uma área específica sobre o tema, a 
maioria tem um Comitê. 
Dentre os fatores que motivam o desenvolvimento 
de uma cultura ética nas empresas,destacam-se a com-
petição do mercado, o compromisso com a sustentabili-
dade, a pressão das redes sociais, a globalização - que 
impõe padrões normativos, nivelados pelos mercados 
mais desenvolvidos - e a ampliação da consciência in-
dividual. 
A disseminação de uma cultura ética vem crescendo 
na última década, sendo que quase metade dos proces-
sos formais foi criada recentemente, num período de 2 
a 3 anos. Todas as empresas participantes da pesquisa 
afirmaram ter pelo menos um documento formal, seja 
um código de conduta, de compliance, ou de ética. Para 
essas organizações, as principais vulnerabilidades no 
cumprimento dos códigos estão associadas às relações 
com fornecedores e com os próprios colaboradores. 
“É nítido o avanço do debate e do incentivo à con-
duta ética corporativa no Brasil, ainda mais que o tema 
está também associado à sustentabilidade – assunto 
em alta, que pode acelerar a implantação das culturas 
éticas nas empresas. Porém há um longo caminho a 
percorrer. Agora as organizações precisam de um tem-
po para internalizarem valores éticos e para as pessoas 
vencerem barreiras não éticas, como o famoso jeitinho 
brasileiro, a cultura de querer obter vantagem em tudo 
e a tolerância aos deslizes éticos dos governos”, finaliza.
A cada duas semanas, a FNQ realiza um webcast 
(palestra tansmitida ao vivo pela Internet) sobre um 
tema relevante para a gestão da excelência. Este texto 
foi extraído do material de divulgação da palestra de 
04/11/2010, disponível em www.fnq.org.br. 
http://www.fnq.org.br
http://www.fnq.org.br
15
Ética Empresarial
Atividade de Fixação
Acesse http://www.fnq.org.br/reg/index.aspx e 
baixe o artigo “Pesquisa – Um retrato das grandes, micro 
e pequenas” (DICA: baixe a revista inteira; demora um 
pouco e dá um pouco de trabalho, mas o material é 
excelente!).
Se a organização onde você atua respondesse à 
pesquisa, em qual das quatro categorias propostas ao 
final você acredita que ela se enquadraria? Por que?
Tópico 2.2: Ética empresarial x estratégia 
e competitividade
Este tópico será dedicado a aprofundar uma questão 
importante que surgiu por diversas vezes nos tópicos an-
teriores: a relação – aparentemente conflituosa – entre 
ética e competitividade. Hipoteticamente, se duas empre-
sas disputam um determinado negócio (um contrato, por 
exemplo), aquela que se pauta por um padrão ético mais 
elevado – e mais restritivo – não está em desvantagem?
Por outro lado, provavelmente os negócios ocorram 
mais facilmente entre organizações com culturas – e pa-
drões de ética – semelhantes. Em outras palavras, tratar-
-se-ia simplesmente de identificar os parceiros “certos” - e 
fazer negócios dentro de um padrão ético compartilhado.
Esta discussão aponta que o padrão ético a ser obe-
decido pela empresa constitui um tema estratégico – e da 
maior importância. Em outras palavras, a questão ética 
precisa ser tratada em conjunto com os demais elementos 
da estratégia organizacional. É bastante evidente que a 
questão é polêmica; assim sendo, vamos ver as opiniões 
de alguns especialistas: 
As Visões de Peter Drucker sobre o Futuro dos 
Negócios como Agentes para o Benefício Mundial 
David Cooperrider, Case Western Reserve University, 
23 de março de 2003
Nenhuma pessoa teve mais influência sobre o desen-
volvimento dos negócios no século 20 do que Peter Dru-
cker. Na verdade, Drucker inventou a administração - não 
como uma prática, mas como um campo de estudos. 
 Ele foi o primeiro a pedir aos administradores que 
descentralizassem suas operações e tratassem seus 
empregados como seres humanos – na década de 40. 
O conceito de “trabalho de conhecimento” foi cunhado 
por ele, na década de 50. Ele virtualmente criou a dis-
ciplina de responsabilidade social corporativa, no final 
da década de 60; e previu que as próximas lições para 
os administradores de negócios viriam das organizações 
sem fins lucrativos – estava-se, então, na década de 70. 
Drucker nunca foi um acadêmico trancafiado em 
uma torre de marfim, nem um espectador neutro. Seus 
escritos enxergaram a administração – a capacidade de 
permitir um alinhamento de forças humanas para uma 
performance conjunta de todos os tipos – como a chave 
para generosas sociedades imbuídas de liberdade, ao 
invés de tirania. 
Seu livro mais recente, de 2002, The Next Society, 
mostra o impressionante poder de permanência de Dru-
cker, em um campo onde novidades e modismos são 
comuns. Para ele, nunca houve dúvida: nossas organi-
zações existem não para si mesmas, mas como órgãos 
da sociedade pós-capitalista – algo que escapa às defi-
nições simplistas.
Os Negócios como Agentes para o Benefício Mundialé um veículo para que pessoas e organizações através 
das sociedades colaborem com uma nova forma de di-
álogo mundial cujo enfoque é a criação de sociedades 
prósperas, inspiradas e sustentáveis que funcionam 
para todos. A investigação mundial do BAWB está base-
ado em uma convicção essencial: sabemos que o futuro 
da sociedade humana está intimamente ligado ao futu-
ro da economia e das organizações empresariais. Se o 
futuro global será brilhante ou obscuro, e se o caminho 
estará semeado com a miséria ou a alegria humana, de-
pende em boa parte da vitalidade, visão, preocupação e 
coragem das empresas. 
Este não é o momento de atracar em portos seguros 
ou esconder-se em torres de marfim. Uma das mais altas 
prioridades atuais é a articulação, por líderes empresariais 
e pensadores, de uma visão futura dos negócios como 
agentes para o benefício mundial, que transforme de ma-
neira profunda os termos do discurso global que tem co-
locado as empresas no lado oposto do benefício mundial.
http://www.fnq.org.br/reg/index.aspx
16
Ética Empresarial
 É hora de fazer um apelo ao espírito de inovação, 
criatividade, determinação e luta que põe o mundo em 
marcha.
A importância da ética empresarial em nossos 
dias
Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian e 
da Experian AL
O sentido etimológico de ética vem do grego ethos, 
que se traduz em modo de ser, que é um conceito es-
treitamente ligado ao comportamento humano. A defi-
nição de ética tem evoluído no tempo, acompanhando 
o conhecimento, a ciência, as liberdades, os valores e o 
progresso econômico. 
 Muito distante do significado que tinha para os 
grandes filósofos gregos, em que a ética era ligada ao 
estado da alma, no sentido moderno foi abordada por 
Immannuel Kant, em meados do século XVIII, para 
quem a humanidade era vista na pessoa e com finalida-
de no próximo. Este pensamento mudou a essência da 
ética, tornando a conduta individual o fundamento para 
a sociedade.
Quando se fala em ética empresarial, também há 
esse senso coletivo, onde se buscam criar referências, 
boas práticas e engajamento na interação corporativa 
com seus públicos. Nesse sentido, a ética empresarial 
é a pura expressão do sentimento social. Quando se 
exige da empresa uma atitude ética em relação ao meio 
ambiente, é uma demanda social. Isto é um exemplo de 
como as novas derivações estão tornando a ética nas 
empresas cada vez mais complexa.
 Por esta razão, a ética empresarial é compreendida 
pela transparência e o desenvolvimento de seu modelo 
de governança corporativa. Internamente, suas lideran-
ças devem gerir a ética como processo, inclusive em 
suas decisões estratégicas, mantendo a coerência entre 
discurso e prática. No ambiente externo, a avaliação 
cabe a seus stakeholders, que devem estar convencidos 
disto, para que os ganhos sejam compartilhados. 
Hoje, a ética empresarial precisa ser percebida como 
geradora de diferenciais nos negócios, valorizando a 
marca, a imagem e ampliando a credibilidade. 
A empresa ética é admirada e preferida por consumi-
dores, bons profissionais e investidores. Os resultados 
fluem mais facilmente. Por sua natureza, o espaço cor-
porativo é formador de opiniões e conhecimento. Ter a 
ética disseminada numa empresa é abrir oportunidades 
para que as ações ultrapassem seus limites, multiplican-
do uma configuração de negócios, que é requisito para 
o sucesso em nossos dias. 
Ética e dinâmicas corporativas
Clóvis de Barros Filho, doutor em Direito e livre-
-docente de Ética da Escola de Comunicação e Artes da 
Universidade de São Paulo. 
Arthur Meucci, psicanalista, mestre em Filosofia e 
professor de Empreendedorismo e Estratégias de Negó-
cio da Universidade Paulista.
Para muitas organizações, o Código de Ética é a so-
lução para o alinhamento moral da empresa e para os 
problemas morais de seus funcionários. Preserva os va-
lores e a integridade da companhia. É tido como correto 
e indiscutível, a priori.
Porém, tudo isso não passa crenças comumente 
aceitas. Os códigos não são feitos de forma apropria-
da, não são moralmente virtuosos e seus efeitos são 
mínimos. Geralmente são soluções caras e ineficientes.
Os valores éticos não são entidades únicas, universais, 
mas sim múltiplas e particulares. Existe, portanto, den-
tro da multiplicidade de possibilidades do pensamento 
ético, uma luta pela definição daquela que é mais legíti-
ma. Porém, as estruturas sociais já ensinam as pessoas, 
desde pequenas, quais os valores que devemos respei-
tar. Antes do Código de Ética, os funcionários da empre-
sa já possuíam valores morais e, como bem observou 
o consagrado administrador Kevan Hall, eles são tão 
intrínsecos e difíceis de mudar que o melhor a se fazer 
é discutir práticas e não valores.Por isso, cada funcioná-
rio da empresa deve ser consultado sobre seus valores 
morais e suas expectativas em relação às condutas na 
empresa. É preciso, antes de escrever o código, avaliar 
quais são os valores efetivamente compartilhados pe-
los funcionários antes de pensar em normas, regras e 
orientações. Fazer um Código de Ética não é um traba-
lho abstrato e intelectivo.
17
Ética Empresarial
É preciso muita pesquisa e trabalho para se chegar a 
algo que possa funcionar.
Outro grande problema em relação ao assunto é 
a crença de que, depois de escrito, o código dispensa 
maiores reflexões sobre as condutas na organização. 
São necessários canais imparciais gerenciados por es-
pecialistas que possam dar conta de perguntas frequen-
tes de funcionários sobre eventuais atitudes conflitantes 
com o código. Afinal, os Códigos de Ética geralmente 
são difíceis de serem interpretados e muitas vezes não 
fazem relações diretas aos problemas cotidianos. É pre-
ciso analisar cada dúvida dos funcionários segundo as 
orientações do código. Isso torna a relação com a ética 
mais simples, fácil e eficaz.
A função da ética numa empresa é outro assunto 
que cabe ser discutido. Geralmente, ela é vista com 
orientação punitiva e não de prevenção. Os canais de 
discussão sobre a ética possibilitam identificar possí-
veis conflitos e problemas antes que eles aconteçam. 
Propomos uma abordagem de orientação pedagógica e 
não tão jurídica. O contato direto com as dúvidas dos 
funcionários gera possibilidades para o departamento 
de Recursos Humanos investir de forma objetiva e eco-
nômica em ações diretas para legitimar certas condutas 
ou contornar ações nocivas.
Por fim, todas estas sugestões de ações se aperfei-
çoam com um comitê de ética bem constituído e que se 
reúne com regularidade. Nele, todas as questões éticas 
trazidas pela empresa ou assessoria são analisadas e 
discutidas. Feedback que geram novas demandas mais 
rápidas, econômicas e eficazes.
A ética do bem comum
Oscar Motomura, fundador e principal executivo do 
Grupo Amaná-Kei
Buscar incessantemente o bem comum, fazer ao 
outro o que gostaria de receber, respeitar e honrar 
todas as formas de vida que existem no planeta são 
algumas atitudes que definem a ética para o fundador
e principal executivo do Grupo Amaná-Kei, Oscar Moto-
mura, durante o 18º Seminário Internacional em Busca 
da Excelência (Sebe), promovido pela FNQ – Fundação 
Nacional da Qualidade.
O executivo, que apresentou sua palestra na última 
tarde do encontro, explanou sobre a importância de 
aplicar a ética em todas as áreas da vida, sejam elas 
pessoais ou profissionais. E destacou, principalmente, a 
necessidade da conscientização de que todas as atitudes 
individuais afetam o todo, seja de forma positiva ou ne-
gativa. Por isso, explica o processo da servidão com arte, 
do envolvimento com o coração. “O melhor servir é a 
partir de um coração gentil. É imprescindível servir com 
prazer, animado com a vida, e com muita boa vontade, 
além de ver a si mesmo através de cada olhar”, comenta. 
Para ele, a melhor definição da palavra ‘ética’ é a bus-ca pelo bem comum, ou seja, as ações e tentativas para 
melhorar o mundo. Caminho que pode ter como pon-
to de partida o respeito às pessoas, ao meio ambiente 
e, principalmente, à vida em todas as suas formas. Se-
gundo ele, este respeito reflete, inclusive, na economia 
mundial. “A vida deve ser colocada sempre em primeiro 
plano, a curto, médio e longo prazo. Não podemos espe-
rar quebrar para começar a consertar. Esta postura leva a 
mudanças das pessoas em todos os níveis”, afirma.
Segundo Motomura, atitudes baseadas num propósi-
to maior devem ser o foco das pessoas tanto no mundo 
corporativo quanto na sociedade. “Cada um em particu-
lar deve buscar a perfeita harmonia no ambiente corpo-
rativo, eliminar os conflitos e a competição predatória 
que causam lacunas”, afirma.
Para o sucesso das organizações, o consultor desta-
ca que é responsabilidade de cada um estar envolvido 
com o seu trabalho, estar conectado com a companhia 
e atuar sempre nos espaços vazios da organização 
como um todo.
Ética e sustentabilidade
Izilda Capeletto, coordenadora do Comitê de Ética 
Empresarial da FNQ.
18
Ética Empresarial
Ética está ligada à consciência humana. Da mesma 
forma que um indivíduo possui uma imagem social que 
mostra se é um cidadão de bem, o comportamento éti-
co da empresa define a sua reputação, um dos seus 
ativos mais preciosos.
O desafio da sustentabilidade requer uma nova for-
ma de pensar, novas tecnologias e novos modelos de 
negócios. Para Izilda Capeletto, não há como dissociar 
esse desafio da questão ética. “A partir do momento 
em que a sociedade passa a ter consciência de que é 
necessário conviver com os recursos naturais respeitan-
do limites, reforça-se a importância de incorporação da 
ética nas estratégias empresariais”, defende.
A ética relacionada à sustentabilidade vem ganhan-
do importância nas empresas brasileiras, especialmente 
porque os consumidores estão menos tolerantes com os 
impactos negativos das atividades empresariais. Ainda 
dentro da ética, há questões relacionadas à sustenta-
bilidade que são estratégicas dentro de qualquer ges-
tão empresarial: a gestão eficaz dos recursos naturais, 
o respeito aos direitos humanos, a interação com os 
stakeholders e os resultados econômico-financeiros, es-
senciais para o crescimento sustentável e a perenidade 
dos negócios. O empresário que não incorporar esses 
grandes temas na gestão da empresa, certamente terá 
problemas.
Sem cidadania, não há sustentabilidade, assim como 
não há sustentabilidade com altos níveis de corrupção. 
“Aqui entra a figura fundamental da liderança, que pre-
cisa se armar de boa dose de visão de futuro e energia, 
para capitanear mudanças e conciliar sustentabilidade e 
resultados, esteja ele atuando em organizações públi-
cas, privadas ou da sociedade civil”,
Dos diversos pontos de vista expostos, parece decorrer 
que a ética empresarial, mais do que uma decisão estratégi-
ca (entre ser ou não, ou ser mais ou menos ético), é um im-
perativo estratégico: não levar a questão ética devidamente 
em conta eventualmente levará ao fracasso da empresa.
De uma perspectiva mais ampla, o conjunto das orga-
nizações precisa interiorizar a questão ética, no sentido de 
mudar a sua posição na sociedade, e em última análise 
mudar a própria sociedade, como um todo. Portanto, a 
questão estratégica se resume a como incorporar a ques-
tão ética à estratégia e às práticas de gestão:
Passo a passo para incorporar práticas éticas 
nas organizações
Izilda Capeletto, coordenadora do Comitê de Ética 
Empresarial da FNQ.
1. Desenvolvê-las, por meio da criação de um Pro-
grama de Ética e Compliance, com a ajuda de especia-
listas e o envolvimento da alta direção.
2. Disseminar e manter as práticas internamente, 
por meio de educação e treinamento, certificações, au-
ditorias específicas, risk assessment, políticas median-
te o envolvimento de todos os níveis da organização, 
estendendo-se para a cadeia de valor.
3. O programa deve ser revisto e atualizado perio-
dicamente, e todos os novos colaboradores devem ser 
treinados na cultura ética da empresa.
4. Ser consistente: manter coerência entre o discur-
so e a prática. O exemplo, principalmente quando vem 
das mais altas camadas de liderança da organização, é 
um dos meios mais eficazes para disseminar a ética nas 
empresas.
Ética, de cima para baixo
Barron Wells e Nelda Spinks, professores da Univer-
sity of Southwestern Louisiana, para HSM Management, 
março - abril - 1998
O comportamento antiético está em todas as ações 
que resultam na falta de justiça para com os outros, se-
jam elas amparadas ou não pela lei. Atualmente, existe 
uma preocupação crescente quanto à ética nas ope-
rações empresariais. Grande parte dessa preocupação 
surge do conhecimento de ações antiéticas que levaram 
a escândalos e falências nos sistemas de previdência 
social, de empréstimos bancários, poupança, constru-
ção civil etc.
A linha divisória entre as ações éticas e as antiéticas 
está longe de ser clara. No complexo mundo dos negó-
cios de hoje, as pessoas que querem ser éticas podem 
não saber exatamente que ações terão resultados éti-
cos e quais não.
19
Ética Empresarial
Um cenário de competição acirrada simplesmente 
impede que as empresas sejam conservadoras em suas 
definições de comportamento ético. Se a definição dada 
por uma companhia ao conceito de comportamento éti-
co for mais conservadora do que a definição de sua con-
corrente, a primeira poderá ser obrigada a se retirar da 
disputa. Em geral, são os valores que definem o que é 
ético e o que não é. Visto que nem todos compartilham 
dos mesmos valores, as crenças do que é um compor-
tamento ético tendem a variar enormemente.
A ética corporativa e a responsabilidade social tam-
bém podem trazer algumas desvantagens para a em-
presa. O aumento de provisões para ações de respon-
sabilidade social pode vir a reduzir os lucros para os 
investidores e também pode aumentar os preços para 
os consumidores.
As vantagens dos programas de responsabilidade 
social sempre devem ser ponderadas em relação às 
desvantagens antes de a empresa chegar à sua posi-
ção ética no que se refere à responsabilidade social. 
A comunicação empresarial deve divulgar o programa 
de responsabilidade social aos funcionários da empresa, 
aos clientes e à comunidade. Também deve informar a 
todos o motivo pelo qual certas medidas adicionais que 
aparentemente refletem responsabilidade social não 
trariam vantagens para a sociedade.
Em resposta à crescente demanda de responsabili-
dade social e comportamento ético na esfera empresa-
rial, várias empresas criaram programas de responsabi-
lidade social. A eficácia desses programas varia de uma 
empresa para outra. Se os programas de responsabili-
dade social e os códigos de ética que os sustentam fo-
rem eficazes, a alta gerência não só terá de desenvolver 
e comunicar esses preceitos para a empresa toda como 
também deverá transmitir de cima para baixo várias ati-
tudes afirmativas em apoio ao programa e aos códigos.
A maioria das empresas que desejam melhorar seu 
comportamento ético cria códigos de ética para suas 
organizações. Tais códigos permitem que todos dentro 
da organização saibam do comprometimento da alta 
gerência com o comportamento ético. 
E, mais importante, que todos saibam que os diri-
gentes esperam dos funcionários que ajam de acordo 
com esse padrão. 
O código define o comportamento considerado ético 
pelos executivos da empresa, bem como o que é anti-
ético, e fornece um conjunto de diretrizes por escrito 
para que todos os funcionários possam segui-las. A alta 
gerência deve não somente explicitar seu apoio a esse 
código como também atuar no sentido de demonstrar 
ostensivamente que concorda com o código na prática 
e não só no discurso. A atitude da alta gerência em re-
lação ao código de ética da empresa dá otom para as 
atitudes dos funcionários a ela subordinados.
Quando a alta gerência diz sustentar o código, mas 
faz exatamente o contrário, os funcionários dos níveis 
hierárquicos inferiores presumem que o código não é 
um documento sério. Por outro lado, se a alta gerência 
afirma que apóia o código e suas ações demonstram 
isso, os funcionários levarão o código a sério. 
Leia a íntegra do artigo em http://sites.google.com/
site/rafaoliveira/etica-cima-baixo-7-1998.pdf
Aividade de Fixação
Acesse http://sites.google.com/site/rafaoliveira/etica-
-cima-baixo-7-1998.pdf e baixe o artigo “Ética, de cima 
para baixo”. Compare as recomendações dos autores com 
o “Passo a passo para incorporar práticas éticas nas orga-
nizações” (Izilda Capeletto, coordenadora do Comitê de 
Ética Empresarial da FNQ). Elabore um passo a passo sim-
plificado, mas aplicável à organização na qual você atua.
Tópico 2.3: Governança Corporativa: 
conceitos e ferramentas
Com certeza todos já ouviram falar em Governança 
Corporativa. Mas você sabe exatamente o que isto significa 
(e quais as vantagens pode trazer para a empresa)? O 
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) 
define Governança Corporativa como:
20
Ética Empresarial
“Um sistema pelo qual as sociedades são dirigidas e 
monitoradas, envolvendo os acionistas e os cotistas, Con-
selho de Administração, Diretoria, Auditoria Independente 
e Conselho Fiscal. As boas práticas de governança corpo-
rativa têm a finalidade de aumentar o valor da sociedade, 
facilitar seu acesso ao capital e contribuir para a sua pe-
renidade”.
A Governança Corporativa tem como principal objeti-
vo recuperar e garantir a confiabilidade da empresa para 
os seus acionistas. Para tanto, estabelece um conjunto de 
mecanismos de incentivos e de monitoramento, a fim de 
assegurar que o comportamento dos executivos se alinhe 
com o interesse dos acionistas.
As principais características e ferramentas da “boa go-
vernança“ são:
• Participação 
• Estado de direito 
• Transparência 
• Responsabilidade 
• Orientação por consenso 
• Igualdade e inclusividade 
• Efetividade e eficiência 
• Prestação de conta (accountability) 
É importante destacar, também, as principais ferra-
mentas utilizadas na Governança Corporativa, que asse-
guram o controle da propriedade sobre a gestão, são elas: 
o conselho de administração, a auditoria independente e 
o conselho fiscal.
A boa Governança Corporativa contribui para um de-
senvolvimento econômico sustentável, proporcionando 
melhorias no desempenho das empresas, além de maior 
acesso a fontes externas de capital. 
John Davis, um dos maiores especialistas do mundo 
em gestão de empresas familiares, recomenda a constitui-
ção de conselhos administrativos ou consultivos, mesmo 
quando não são exigidos por lei, pois são ferramentas im-
portantes da governança corporativa.
“O líder não quer que outros olhem o que está fazendo, 
não quer ser orientado, não quer distribuir as informações 
pela empresa. No entanto, quando se observam as vanta-
gens de usar o conselho, vê-se que o esforço vale a pena”, 
destaca Davis; e completa:“Na minha opinião, as empre-
sas não utilizam o conselho por uma questão de controle”
Os principais benefícios que o conselho traz à empresa:
- perspectiva diferente e de mais alto nível do que a 
dos gestores da empresa;
- apoio ao líder da empresa e questionamento sau-
dável à sua opinião;
- apoio ao líder para instituir uma perspectiva estra-
tégica na empresa, ajudando-o a identificar opor-
tunidades e tratar as ameaças;
- decisão de impasses;
- objetividade em decisões críticas.
Por estes motivos, é importante ter conselheiros qua-
lificados e bons sistemas de Governança Corporativa, que 
podem evitar fracassos empresariais decorrentes de:
- abusos de poder (do acionista controlador sobre mi-
noritários, da diretoria sobre o acionista e dos administra-
dores sobre terceiros); 
- erros estratégicos decorrentes de concentrar muito 
poder no executivo principal; 
- fraudes tais como uso de informação privilegiada em 
benefício próprio, atuação em conflito de interesses. 
Desta forma, a adoção de práticas de Governança Cor-
porativa tem se expandido em todo o mundo. No Brasil, o 
Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) tem 
dado uma grande contribuição para a disseminação dos 
modelos e práticas de Governança Corporativa.
A relação entre ética empresarial e governança cor-
porativa é destacada no item 6, acrescentado na última 
edição do Código das Melhores Práticas de Governança 
Corporativa do IBGC (extato no quadro abaixo).
Código das Melhores Práticas de 
Governança Corporativa do IBGC
Item 6 - Conduta e Conflito d 
e Interesses (extrato)
6.1 Código de Conduta
Além do respeito às leis do país, toda organização 
deve ter um Código de Conduta que comprometa ad-
ministradores e funcionários. 
21
Ética Empresarial
O documento deve ser elaborado pela Diretoria de 
acordo com os princípios e políticas definidos pelo Con-
selho de Administração e por este aprovados. O Código 
de Conduta deve também definir responsabilidades so-
ciais e ambientais.
O código deve refletir adequadamente a cultura da 
empresa e enunciar, com total clareza, os princípios em 
que está fundamentado. Deve ainda apresentar cami-
nhos para denúncias ou resolução de dilemas de ordem 
ética (canal de denúncias, ombudsman).
6.2 Conflito de interesses
Há conflito de interesses quando alguém não é in-
dependente em relação à matéria em discussão e pode 
influenciar ou tomar decisões motivadas por interesses 
distintos daqueles da organização. Essa pessoa deve 
manifestar, tempestivamente, seu conflito de interesses 
ou interesse particular. Caso não o faça, outra pessoa 
poderá manifestar o conflito. 
É importante prezar pela separação de funções e de-
finição clara de papéis e responsabilidades associadas 
aos mandatos de todos os agentes de governança, in-
clusive com a definição das alçadas de decisão de cada 
instância, de forma a minimizar possíveis focos de con-
flitos de interesses.
6.3 Uso de informação privilegiada (insider in-
formation)
O Código de Conduta deve enquadrar como violação 
ao princípio básico da equidade o uso de informações 
privilegiadas para benefício próprio ou de terceiros. 
A organização deve também dispor, em documento 
específico, sobre os procedimentos a para evitar ou 
punir o uso indevido dessas informações.
6.4 Política de negociação de ações
A companhia aberta deve adotar, por deliber ação do 
seu Conselho de Administração, uma política de negocia-
ção de valores mobiliários de sua emissão. A política deve 
valer também para títulos referenciados nos seus valores 
mobiliários ou emitidos por organizações com as quais a 
companhia mantenha relacionamento comercial relevante 
ou esteja em processo de negociação societária. 
Essas diretrizes devem ser aplicáveis aos sócios con-
troladores, diretores e membros do Conselho de Admi-
nistração, do Conselho Fiscal e de órgãos estatutários. 
A organização deve desenvolver e monitorar controles 
que viabilizem o cumprimento dessa política. Recomen-
da-se a instalação de uma área responsável por esta-
belecer o monitoramento, a apuração e a punição em 
caso de não observância das diversas políticas da com-
panhia.
6.5 Política de divulgação de informações
Como forma de materializar o princípio de transpa-
rência, a organização deve formalizar uma política de di-
vulgação de informações.Essa política deve contemplar 
a divulgação de informações além das exigidas por lei ou 
regu lamento. A premissa é que a divulgação seja com-
pleta, objetiva, tempestiva e igualitária. É recomendável 
que a organização disponibi lize ao mercado seu relató-
rio anual, incluindo as demonstrações financeiras e os 
relatórios sócio-ambientais, de preferência, auditados.
6.6 Política sobre contribuições e doações
A fim de assegurar maiortransparência sobre a uti-
lização dos recursos dos seus sócios, as organizações 
devem elaborar uma política sobre suas contribuições 
voluntárias, inclusive políticas. O Conselho de Adminis-
tração deve ser o órgão responsável pela aprovação de 
todos os desembolsos relacionados às atividades políti-
cas. Anualmente, a organização deve divulgar, de forma 
transparente, todos os custos oriundos de suas ativida-
des voluntárias.
A política deve deixar claro que a promoção e 
o financiamento de projetos filantrópicos, culturais, 
sociais e ambientais devem apresentar uma relação 
clara com o negócio da organização ou contribuir, de 
forma facilmente identificável, para o seu valor.
6.7 Política de combate a atos ilícitos
A organização deve estabelecer uma política com os 
conceitos e as diretrizes para a pre venção e o combate 
a atos ilícitos.
22
Ética Empresarial
A idéia de governança corporativa tem a sua origem 
nos chamados problemas de agência, que nascem com a 
diluição do domínio das corporações. A separação entre 
propriedade e controle entre acionistas e gestores, por sua 
vez, demandou também novos mecanismos de monitora-
mento e controle.
Os acionistas, tinham que assegurar de alguma forma 
que as decisões de seus administradores estavam alinhadas 
com seus interesses, fato que culminou no objeto de estudo 
da “Teoria das agências”, a relação “agente-principal”.
Os “conflitos de agência” nas empresas se estabelecem 
a partir da delegação das competências para tomadas de 
decisão aos “agentes”, quando os administradores, por te-
rem objetivos pessoais divergentes da maximização da ri-
queza do “principal”, o acionista, passam a decidir em prol 
de seus interesses particulares em detrimento do melhor 
benefício daqueles. A necessidade de melhores práticas de 
governança corporativa nasce como uma forma de respos-
ta a esse conflito e visa evitar a expropriação da riqueza 
do acionista pelos gestores.
Um relacionamento de agência é um contrato no qual 
o principal engaja o agente para desempenhar alguma 
tarefa em seu favor, envolvendo a delegação de autorida-
de para tomada de decisão pelo agente. 
Ora, se ambas as partes buscam a maximização das 
suas utilidades pessoais, existe uma boa razão para 
acreditar que o agente não agirá sempre no melhor 
interesse do principal. No caso da relação entre acionistas 
e gestores, os acionistas podem limitar as divergências 
monitorando as atividades dos executivos; aqui surge o 
conceito de compliance.
O termo compliance mem do inglês “comply” (cumprir, 
executar, realizar o que lhe foi impost); é, portanto, o de-
ver de cumprir, de estar em conformidade e fazer cumprir 
regulamentos internos e externos impostos às atividades 
da Instituição. Estar em compliance é estar em conformida-
de com leis e regulamentos internos e externos; acima de 
tudo, é uma obrigação de cada colaborador da Instituição.
Segundo Roy Snell, CEO e co-fundador da Society Of 
Corporate Compliance and Ethics (SCCE), programas de 
Compliancesão um processo para atingir um resultado. 
Um dos objetivos é estar de acordo com a legislação, o 
outro é criar uma cultura empresarial ética.
 
 18º SEBE: Os sete passos do 
Programa de Compliance da SCCE
O primeiro passo visa a preencher as expectativas 
dos stakeholders, com políticas que regulamentem a 
ética, os valores, os princípios, etc. Ele é complementa-
do pelo segundo passo, que é a análise de risco, segui-
da da prevenção, que inclui a capacitação dos colabora-
dores, os incentivos, a criação do Código de Conduta e 
o controle interno. 
Em sequência, vem a identificação dos problemas, 
que envolve auditoria, monitoramento e um sistema de 
denúncias anônimas; o que está praticamente interliga-
do com o próximo passo, que é a investigação de outros 
problemas em potencial.
Snell considera que a maioria das empresas está 
bem capacitada nestes cinco primeiros passos, mas pre-
cisa se fortalecer nos dois seguintes: o principal deles é 
resolver os problemas e fazer o acompanhamento ne-
cessário. Ações corretivas, que visem disciplinar os co-
laboradores, e capacitações pontuais nas áreas falhas, 
são alguns exemplos disso.
O último passo é o report para a diretoria. Ele enten-
de que o setor de Compliance deve ser forte e indepen-
dente dentro de uma empresa, já que precisa investigar 
todos os colaboradores, inclusive os CEOs e membros 
do próprio programa. Porém, uma vez observadas as 
falhas, é preciso que a diretoria seja sempre comuni-
cada dos problemas, para que sejam feitas as punições 
necessárias.
Um Programa de Compliance* Deve
Levar em conta sete elementos:
1. Envolvimento dos stakeholders
2. Identificação de riscos
3. Ações de Prevenção
4. Monitoramento
5. Investigação
6. Solução dos problemas
7. Resportar à alta direção
23
Ética Empresarial
*Fonte: Roy Snell, CEO e co-fundador da Society Of Corporate 
Compliance and Ethics (SCCE)
Profissionais de todas as indústrias podem se certificar 
em Ética e Compliance por meio do exame oferecido 
pela SCCE. Ela existe para premiar práticas éticas em 
todas as organizações e para oferecer os recursos 
necessários para os profissionais de Compliance e 
outros que compartilham desses interesses. Já existem 
mais de 800 profissionais certificados.
Entre os dias 8 e 10 de junho, a FNQ- Fundação 
Nacional da Qualidade, realizou o 18º Seminário Inter-
nacional em Busca da Excelência (Sebe), com o tema 
“Dimensões da Ética Empresarial”. Este texto foi ex-
traído do material de divulgação do evento, disponível 
no site www.fnq.org.br. Roy Snell, fundador e CEO da 
Society of Corporate Compliance and Ethics (SCCE), 
uma entidade sem fins lucrativos que tem mais de 8 mil 
membros em aproximadamente 25 países, apresentou 
os sete passos que devem ser seguidos para se obter 
um Sistema de Compliance eficiente.
18º SEBE: O programa de compliance da Sie-
mens do Brasil
O programa de Compliance da Siemens pode ser 
considerado o maior do mundo, pois está implanta-
do em todas as unidades da companhia, que abrange 
1.460 empresas distribuídas em 192 países. 
A Siemens Brasil tornou-se benchmark mundial em 
compliance. Em 2009, por exemplo, obteve pontuação 
máxima no Índice Dow Jones por uso do Código de 
Conduta, Compliance e Políticas Anticorrupção.
Desses sete passos, acrescenta-se ainda:
1. Envolvimento direto da alta direção 
para implementação do programa
2. Engajamento dos públicos envolvidos
3. Adoção de práticas efetivas para 
apuração, remediação e comunicação
O programa de Compliance da empresa está dividido 
em três etapas: Prevenir, Detectar e Responder. Segun-
do Wagner Giovanini, diretor de Compliance da Siemens 
para América Latina, o sucesso do programa se dá pela 
ampla abrangência. O processo engloba treinamento, 
políticas e procedimentos, integração com os processos 
de pessoal e rígidos controles de rastreamento e moni-
toramento da eficácia.
Para Giovanini, os fatores-chave de sucesso para 
implementação de um programa de Compliance são 
“pessoas certas no lugar certo, apoio da alta direção e 
muita comunicação”. Além disso, para garantir a mais 
alta performance, confiabilidade e agilidade do progra-
ma, ele sugere a adoção de seis grupos básicos, (tabela 
abaixo).
A empresa também dispõe de 286 páginas contendo 
o passo a passo do programa - uma espécie de ISSO 
9001 da Siemens -, que abrange todos os requisitos, 
questões legais, regulamentares, ética, normativas e 
padrões de práticas de gestão que são utilizados em 
nível global.
Entre os dias 8 e 10 de junho, a FNQ- Fundação 
Nacional da Qualidade, realizou o 18º Seminário Inter-
nacional em Busca da Excelência (Sebe), com o tema 
“Dimensões da Ética Empresarial”. Este texto foi extra-
ído do material de divulgação do evento, disponível no 
site www.fnq.org.br. Wagner Giovanini, diretor de Com-
pliance da Siemens para América Latina, descreveu

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