Prévia do material em texto
Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Os Processos de Avaliação na Educação Superior Funções e Modalidades da Avaliação Responsável pelo Conteúdo: Profa. Dra. Edda Curi Revisão Textual: Profa. Ms. Selma Aparecida Cesarin Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Avaliação da Aprendizagem: Funções e Modalidades • Bases teóricas: avaliação formativa e autorregulação Fonte: iStock/Getty Im ages Objetivos • Discutir e refletir sobre as principais funções e modalidades que a avaliação da aprendizagem pode assumir. Caro Aluno(a)! Normalmente com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Funções e Modalidades da Avaliação UNIDADE Funções e Modalidades da Avaliação Contextualização A avaliação é uma reflexão sobre o nível de qualidade do trabalho escolar tanto dos alunos como dos professores. Então, ao falarmos de avaliação, de qual avaliação estaríamos nos referindo, se caminhamos em busca de qualidade de aprendizagem e por conseqüência de qualidade de ensino? Muitas questões sobre a avaliação já está sendo discutidas na literatura, no entanto, não podemos nos dar por satisfeitos, precisamos sair em busca de mudanças que auxilie na construção de práticas avaliativas que favoreçam qualitativamente tanto o aprendizado como o ensino de todos os sujeitos envolvidos no processo. Vamos lá pessoal. Vamos nos unir, aprender juntos “aprendendo a aprender” para que a escola possa cada vez mais cumprir seu papel na sociedade. 6 7 Avaliação da Aprendizagem: Funções e Modalidades Um tema que atualmente se faz presente nas discussões, em todos os âmbitos da Educação, é a avaliação da aprendizagem escolar. Segundo Luckesi (2001), a avaliação da aprendizagem se faz presente na vida de todos nós que, de alguma forma, estamos comprometidos com atos e práticas educativas. Para o autor, devemos compreender a avaliação da aprendizagem como um recurso pedagógico útil e necessário, capaz de auxiliar cada educador e cada educando na busca e na construção de si mesmo e do seu melhor modo de ser na vida. É de grande importância pensar sobre o que e em que essa temática implica quando a referência é a avaliação da aprendizagem. Pensar sobre: o que, como e para que avaliar são algumas questões que merecem atenção especial. Buscar respostas pode auxiliar o professor a alcançar os objetivos propostos, tendo em vista a busca de melhores resultados no desempenho do educando. Uma das tarefas desafiadoras enfrentadas por todos os educadores é que a Avaliação possa proporcionar ao professor as condições necessárias para identificar os principais aspectos que possam interferir na aprendizagem do aluno, possibilitando ao professor redirecionar sua prática em favor do processo de ensino e de aprendizagem. Nesse sentido, identificar o que os alunos já sabem ou ainda necessitam aprender é um dos propósitos que se espera alcançar por meio da avaliação, favorecendo ao professor pensar e decidir sobre as intervenções necessárias no decorrer do processo. É possível encontrarmos na literatura discussões sobre diferentes questões que se referem à avaliação. Destacaremos alguns pesquisadores –HADJI, 1994; LUCKESI, 2001; ABRAMOWICZ, 2001 – que buscam discutir algumas funções e modalidades para a avaliação da aprendizagem. Segundo Hadji (1994), a função da avaliação se resume ao papel que essa atividade desempenha perante o conjunto de atividades relacionadas ao ensino. O autor apresenta três grandes funções para a avaliação da aprendizagem: diagnóstica, formativa e somativa. Dessas três grandes funções, o autor esclarece que a função principal da avaliação formativa é contribuir para a reflexão sobre o processo de ensino, e é nesse sentido que a prática avaliativa precisa ser objeto de reflexão. Assim, entendemos que é papel da avaliação formativa contribuir com a prática educativa no sentido de avaliar a aprendizagem como parte integrante do processo de ensino. 7 UNIDADE Funções e Modalidades da Avaliação Para Abramowicz: A avaliação contemplaria um processo abrangente de análise de desempenho do aluno, dinâmica, crítica, criativa, cooperativa, pressupondo acompanhamento constante e levando em conta as diversas dimensões da atuação do aluno. Neste sentido, subsidiaria a tomada de decisões e a melhoria da qualidade de ensino e enfatizaria um aspecto diagnóstico, processual, informando os protagonistas da ação para seu aperfeiçoamento (ABRAMOWICZ, 2001, p. 36). Ao apresentar as possibilidades que a avaliação proporciona ao educador no processo do ensino e aprendizagem, ressaltamos a participação do educando como protagonista nesse processo, em favor de seu próprio aprendizado. A ideia da avaliação formativa possibilita, ainda, ao professor, condições de observar metodicamente os alunos, ajustando sua intervenção pedagógica e as situações didáticas que propõem, conforme esclarece Perrenoud (1999). Sob essa dimensão de ensinar e aprender, os autores destacam a importância de garantir que o aluno perceba que faz parte do processo avaliativo e que, a partir do conhecimento alcançado, o aluno acredite em seu crescimento contínuo e na sua trajetória de escolaridade. Cabe à avaliação diagnóstica investigar o desempenho do estudante, gerando conhecimento sobre seu estado de aprendizagem, tornando significativo o que ele aprendeu, como também o que ele ainda necessita aprender, tendo em vista proceder a uma intervenção para a melhoria dos resultados (LUCKESI, 2001). Essa discussão não é simples de ser planejada, organizada, aplicada e avaliada. Quando se trata de investigar os elementos que comprometem o aprendizado dos alunos, os pesquisadores abordam o processo de avaliação de aprendizagem por um mesmo foco: aquele que investiga a causa do problema (diagnóstico) para, então, articular algumas ações (decisão) que colaborem na superação da condição encontrada (ajuste ou regulação da prática). É preciso ter a clareza de que a avaliação possibilita intervenções que auxiliam na aprendizagem; logo, favorecem mudanças nas práticas de ensino em busca de melhores resultados. Quando nos deparamos com as diversas modalidades que caracterizam a avaliação e as diferentes funções atribuídas a elas, e retornamos para as nossas práticas diárias, percebemos que a avaliação não é uma tarefa simples e que seu objetivo maior está na formação do aprendiz. Então, incorporar a avaliação como auxiliar na aprendizagem requer profundas reflexões voltadas às práticas que são realizadas em sala de aula. 8 9 Bases teóricas: avaliação formativa e autorregulação Este trecho faz parte do texto completo indicado para leitura como material complementar denominado: Quando a autorregulação não ocorre na aprendizagem da língua estrangeira, publicado na Revista Intercâmbio, v. XXIX: 128-147, 2014. São Paulo: LAEL/PUCSP. ISNN 2237-759x 128, de autoria de Myriam Crestian Chaves da CUNHA (Universidade Federal do Pará) – mycunha@ufpa.br. Como informa Mottier Lopez (2012, p. 7), o conceito de regulação é de uso generalizadonas Ciências. O conceito de “regulação” é onipresente nos discursos em Ciências da Educação: regulação dos sistemas educacionais, regulação das práticas de ensino, regulação didática, regulação da aprendizagem do aluno, autorregulação etc. Este conceito não é específico para as Ciências da Educação. Fora de preocupações educacionais, ele é amplamente utilizado em disciplinas como Biologia, Economia, Psicologia, Sociologia, para mencionar apenas essas (tradução nossa). Entretanto, como nosso interesse aqui está diretamente relacionado à aprendizagem de línguas estrangeiras em ambiente institucional, para a compreensão desse tema, buscamos subsídios na área de ensino/aprendizagem de línguas – com os estudos sobre estratégias de aprendizagem – e na da avaliação da aprendizagem – com os estudos sobre avaliação formativa. Com efeito, avaliação formativa e estratégias de aprendizagem relacionam-se particularmente em torno da dimensão metacognitiva da aprendizagem: na primeira, essa dimensão é assumida como uma característica incontornável do dispositivo de ensino; na segunda, parte importante das estratégias é enquadrada nessa dimensão. A avaliação formativa, cujas concepções têm evoluído muito nas últimas décadas, é geralmente concebida como facilitadora da aprendizagem, na medida em que procura influenciar o processo de aprendizagem em curso, em vez de se limitar à análise dos produtos dessa aprendizagem. Em suma: “É formativa toda a avaliação que ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver, isto é, que contribui à regulação das aprendizagens e do desenvolvimento, no sentido de um projeto educativo” (PERRENOUD, 1998, p.120) (tradução da autora). Segundo Fernandes (2008, p. 351-2), no paradigma francófono da avaliação formativa, considera-se, pois, a regulação como eixo central dessa modalidade de avaliação, que acaba sendo muito mais avaliação. “A regulação é o seu conceito chave, associado aos processos internos, cognitivos e metacognitivos, dos alunos, como é o caso do autocontrole, da auto-avaliação ou 9 UNIDADE Funções e Modalidades da Avaliação da auto-regulação” (PERRENOUD, 1997) também vê na regulação das aprendizagens um conceito integrador, o ponto de encontro entre uma didática da disciplina e a avaliação formativa. Apoiados nessas concepções, entendemos que a regulação que incide sobre a dimensão “comunicar” exige uma compreensão clara do que está em jogo do ponto de vista da didática das línguas estrangeiras e a que incide sobre a dimensão “aprender” está relacionada aos princípios da avaliação formativa. Para a realização desse tipo de avaliação, Perrenoud (1998, p.121) ressalta o interesse de se adotar, como objetos de avaliação, os processos de aprendizagem, os métodos de trabalho escolar, as atitudes dos aprendentes, sua inserção na turma, ou seja, “todos os aspectos cognitivos, afetivos, relacionais e materiais da situação didática”. Tais objetos remetem às estratégias de aprendizagem mobilizadas pelos aprendentes, como enfatiza Figueiredo (2008, p.235) ao focar o conceito de autorregulação: Segundo Zimmerman (2001): [...] as teorias relacionadas com a aprendizagem auto-regulada assumem que os alunos podem (i) melhorar as suas capacidades de aprender, através do uso selectivo de estratégias motivacionais e metacognitivas, (ii) seleccionar proactivamente, estruturar e até criar ambientes de aprendizagem adequados e (iii) assumir um papel significativo na escolha da forma e quantidade de instrução de que necessitam. Os estudos dedicados às estratégias de aprendizagem também ressaltam o papel das atividades avaliativas e regulatórias desenvolvidas pelo próprio aprendente, no bom êxito da aprendizagem. Como vimos, ao mencionar anteriormente a tipologia de O’Malley e Chamot (1990), tais estratégias realizam-se nas dimensões metacognitiva, cognitiva e socioafetiva da aprendizagem. Na síntese proposta por Cyr (1998, p.62-3), as estratégias se definem assim: [...] as estratégias metacognitivas (...) consistem em refletir sobre o processo de aprendizagem, compreender as condições que o favorecem, organizar suas próprias atividades com o intuito de aprender, auto-avaliar-se e auto corrigir-se; - as estratégias cognitivas (...) implicam uma interação entre o aprendente e o assunto em estudo, uma manipulação física ou mental da língua alvo e a aplicação de técnicas específicas com a finalidade de resolver um problema ou executar uma tarefa de aprendizagem (praticar a língua, traduzir, memorizar, tomar notas, revisar, resumir, inferir etc.); — as estratégias socioafetivas (...) implicam uma interação com outros (falantes nativos ou pares), a fim de favorecer a apropriação da língua alvo (fazer perguntas, cooperar, controlar suas emoções). O interesse dos estudos sobre estratégias é terem mostrado que elas constituem fatores importantes para o sucesso na aprendizagem, que podem ser desenvolvidos pelos próprios aprendentes, à condição que estes tenham sido levados a refletir sobre suas atitudes e seus hábitos de aprendizagem. 10 11 O uso consciente, pelos aprendentes, desse repertório de técnicas desenvolve a capacidade de “aprender a aprender”, indispensável à sua autonomia, como lembram as sínteses propostas por Castro (2008), Ribeiro (2009) ou Vilaça (2010). Focalizando as atitudes dos aprendentes, Ribeiro (2009, p.158) observa que o aluno é o centro do processo de aprendizagem, ou seja, o professor promove encontros dos aprendentes com o conhecimento, mas somente o aluno decidirá se vai aprendê-lo ou não. O aluno deve estar preparado para aprender e só fazê-lo quando perceber que seu papel mudou no contexto atual de ensino aprendizagem de línguas, quando souber que faz parte do processo. A postura do aluno frente à aprendizagem é decisória para a aquisição. Possibilitar uma autoanálise que favoreça essa tomada de consciência é justamente o que motivou a inclusão da disciplina “Aprender a Aprender Línguas Estrangeiras” na formação dos futuros professores de línguas estrangeiras da UFPA. 11 UNIDADE Funções e Modalidades da Avaliação Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Para uma teoria da avaliação formativa Para falar sobre as funções da avaliação no processo de ensino e aprendizagem sugerimos a leitura de um artigo “Para uma teoria da avaliação formativa”, de Fernandes (2006), tem por principal finalidade contribuir para a construção de uma teoria da avaliação formativa que, no essencial, possa orientar, fundamentar e melhorar as práticas de avaliação nas salas de aula. http://goo.gl/9RmctT Vídeos Avaliação de aprendizagem Para ampliar ainda mais nossas discussões, vale a pena ouvir o que o Prof. Cipriano Luckesi disse sobre avaliação em uma conversa com um grupo de professores em formação. É um pequeno vídeo que ser acessado pelo site www.youtube.com, que resume de um jeito simples e significativo esse complexo tema “avaliação” e que traz algumas contribuições para nossas reflexões. http://goo.gl/VIjoIE 12 13 Referências ABRAMOWICZ, M. Avaliando a avaliação da aprendizagem: um novo olhar. São Paulo: Lúmen, 1996 ABRAMOWICZ, M. Avaliação e progressão continuada: subsídios para uma reflexão. In: CAPPELLETTI, Isabel F. Avaliação educacional fundamentos e práticas. 2. ed. São Paulo: Editora Articulação Universidade/Escola Ltda., 2001, p. 33-46. BARBOSA, J. R. A. A Avaliação da Aprendizagem como Processo Interativo: um desafio para o educador. Disponível em http://www.faetec.rj.gov.br/desup/images/ democratizar/v2-n1/art_democratizar_jane2.pdf . Acessado em 18 out. 2010. BURIASCO, R. L. C.; FERREIRA, P. E. A., CIANI, A. B. Avaliação como Prática de Investigação: alguns apontamentos. Disponível em http://www.periodicos.rc.biblioteca. unesp.br/index.php/bolema/article/view/2959/2440. Acessado em 18 out. 2010. FERNANDES, D. Para uma teoria da avaliação formativa. Disponível em http:// www.scielo.oces.mctes.pt/scielo.php?pid=S0871-91872006000200003&script=sci_arttext. Acessado em 18 de out. 2010. HADJI, C. A avaliação, regras do jogo: das intenções aos instrumentos. Tradução Julia Lopes Ferreira e José Manuel Claudio. Porto Codex ,Portugal: Porto Editora, LTDA. 1994. 190 p. ________. Avaliação Desmistificada. Tradução Patrícia C. Ramos. Porto Alegre: ArtMed, 2001. 136p. LUCKESI, C. C. Avaliação da aprendizagem escolar. 11.ed. São Paulo: Cortez, 2001. 180p. ________. O que é mesmo o ato de avaliar a aprendizagem? Disponível em http://www. faetec.rj.gov.br/eteot/textos/TD2_luckesi.pdf. Acessado em 18 out. 2010. ________. Avaliação da aprendizagem. Disponível em http://www.youtube.com/ watch?v=HLiQ6HNEge4. Acessado em 18 out. 2010. PERRENOUD, P. Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens entre duas lógicas. Tradução Patrícia Chittoni Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. 184p. 13