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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA POLITÉCNICA DA USP PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA eHO-102 AGENTES FÍSICOS I ALUNO SÃO PAULO, 2021 EPUSP/PECE CURSO: ESPECIALIZAÇÃO EM HIGIENE OCUPACIONAL EDIÇÃO/ANO: 1/2021 CRÉDITOS: Escola Politécnica da Universidade de São Paulo - EPUSP DIRETORA: LIEDI LEGI BARIANI BERNUCCI Programa de Educação Continuada - PECE COORDENADOR GERAL: LUCAS ANTÔNIO MOSCATO Laboratório de Controle Ambiental, Higiene e Segurança na Mineração - LACASEMIN COORDENADOR: SÉRGIO MÉDICI DE ESTON VICE – COORDENADOR: WILSON SHIGUEMASA IRAMINA ASSESSORIA TÉCNICA E ADMINISTRATIVA: MARIA RENATA MACHADO STELLIN Equipe Técnica Conversores Presencial para distância (CPD) - CAROLINA COSTA BATISTA - LUCAS BICUDO TING - KARLA JULIANE DE CARVALHO Filmagem e Edição (FE) - THALITA SANTIAGO DO NASCIMENTO Instrutores Multimídia à distância - IMAD (TUTORIA) - DIEGO DIEGUES FRANCISCA - FELIPE BAFFI DE CARVALHO - RENATA JULIANA LEMOS MARINHO Equipe Administrativa - NEUSA GRASSI DE FRANCESCO - CRISTIANE FIDELIS SOARES RIOS - RAFAEL DA SILVA CRUZ ASSESSORIA DE NOVOS PROJETOS EDUCACIONAIS: V ICENTE TUCCI FILHO Equipe Financeira - GUSTAVO SIQUEIRA DO NASCIMENTO ANTONIO - MADALENA EIKO HASEGAWA Equipe de Divulgação - NATALIA FIRMINO GUCCIONI “Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo, sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais sobre este documento”. Sumário i SUMÁRIO CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AOS AGENTES FÍSICOS ..................................... 1 1.1. CONCEITUAÇÃO ..................................................................................... 2 1.2. CLASSIFICAÇÃO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS .................................... 2 1.3. TESTES ................................................................................................... 5 CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO E CONTROLE DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO ..................................................................................................................... 6 2.1. INTRODUÇÃO.......................................................................................... 7 2.2. GRANDEZAS, UNIDADES E EMBASAMENTO TEÓRICO INICIAL ........... 7 2.2.1. SOM .................................................................................................. 7 2.2.2. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – DECIBEL ...................................... 8 2.2.3. GRANDEZAS E DEFINIÇÕES ASSOCIADAS AO SOM/RUÍDO ....... 11 2.2.4. "COMBINANDO" VALORES EM DECIBEL ....................................... 11 2.2.5. AUDIBILIDADE / SENSAÇÃO SONORA .......................................... 13 2.2.6. RESPOSTAS DINÂMICAS ............................................................... 15 2.2.7. VALOR EFICAZ (RMS) .................................................................... 15 2.2.8. DETERMINAÇÃO DE NÍVEL DE RUÍDO DE FONTE EM PRESENÇA DE RUÍDO DE FUNDO ......................................................................................... 16 2.3. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO .................... 17 2.3.1. ASPECTOS TÉCNICO-LEGAIS ....................................................... 17 2.3.2. DOSE DE RUÍDO............................................................................. 19 2.3.3. NÍVEL MÉDIO (LAVG) ........................................................................ 23 2.3.4. DOSIMETRIA DE RUÍDO ................................................................. 24 2.4. EXERCÍCIOS ......................................................................................... 25 2.5. NORMA BRASILEIRA NBR 1051 – CONTEXTO E APLICAÇÃO ............. 28 2.5.1 EFEITOS .......................................................................................... 28 2.5.2. ASPECTOS LEGAIS ........................................................................ 29 2.5.3. PRINCIPAIS ASPECTOS DA NBR 10151 ........................................ 32 2.5.3.4. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL CORRIGIDO – LR......................... 34 2.5.3.5. CONTEÚDO NECESSÁRIO PARA O RELATÓRIO DE ENSAIO 34 2.6. ATENUAÇÃO DE PROTETORES AURICULARES.................................. 36 2.6.1. O MÉTODO DO RC/NRR ................................................................. 36 2.6.2. O MÉTODO DO RC/NRR - QUAL O DBC A USAR? ........................ 37 2.6.3. CORREÇÕES PARA O USO REAL DOS PROTETORES................. 37 2.6.4. USO DO DBA AO INVÉS DO DBC ................................................... 38 2.6.5. O NRRSF......................................................................................... 39 2.6.6. CÁLCULO DE ATENUAÇÃO AO RUÍDO .......................................... 39 2.7. ESCLARECIMENTOS E DÚVIDAS SOBRE O AGENTE RUÍDO ............. 45 2.7.1. PARA COMEÇO DE CONVERSA .................................................... 45 2.7.2. MEDINDO O NÍVEL DE PRESSÃO SONORA .................................. 47 2.7.3. CALIBRAÇÃO E AFERIÇÃO ............................................................ 48 2.7.4. FAZENDO A DOSIMETRIA .............................................................. 49 2.7.5. ATENUAÇÃO DE PROTETORES .................................................... 50 2.7.6. DÚVIDAS INICIAIS .......................................................................... 51 2.7.7. ALGUMAS CURIOSIDADES ............................................................ 52 Sumário ii 2.8. TESTES ................................................................................................. 54 CAPÍTULO 3. EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL ÀS VIBRAÇÕES MECÂNICAS ... 57 3.1 PRÉ-REQUISITOS .................................................................................. 58 3.2 MODELO MECÂNICO SIMPLIFICADO DO CORPO HUMANO ................ 58 3.3 CLASSIFICAÇÃO, OCORRÊNCIAS E EFEITOS DA EXPOSIÇÃO ........... 59 3.4 PARÂMETROS E CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO ...................................... 59 3.5 CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A VIBRAÇÃO............................................................................................................... 60 3.5.1. CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL A VIBRAÇÃO EM MÃO E BRAÇOS ......................................................................... 61 3.5.1.1. MEDIÇÃO TRIAXIAL (ISO 5349-2: 2001) ................................... 64 3.5.2. VIBRAÇÕES DE CORPO INTEIRO ................................................. 68 3.5.2.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A ISO 2631-1:1997 - VIBRAÇÃO MECÂNICA E CHOQUE – AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO HUMANA À VIBRAÇÃO DE CORPO INTEIRO........................................................................................ 71 3.5.2.3 CONSIDERAÇÕES SOBRE A DIRETIVA 2002/44/EC DA COMUNIDADE EUROPEIA............................................................................... 77 3.6 MEDIDAS PREVENTIVAS ....................................................................... 77 3.7 EXPOSIÇÃO À VIBRAÇÃO E A APOSENTARIA ESPECIAL .................... 77 3.9. EXERCÍCIOS ......................................................................................... 80 CAPÍTULO 4. ILUMINAÇÃO ............................................................................. 83 4.1. A CIÊNCIA DA ILUMINAÇÃO ................................................................. 84 4.1.1. A NATUREZA FÍSICA DA LUZ ......................................................... 84 4.1.2. GERAÇÃO, PROPAGAÇÃO E PERCEPÇÃO DA LUZ...................... 86 4.1.3. INCANDESCÊNCIA E LUMINESCÊNCIA ......................................... 86 4.1.4. REFLEXÃO, TRANSMISSÃO E ABSORÇÃO ................................... 88 4.1.5. REFLEXÃO LUMINOSA ...................................................................88 4.1.6. TRANSMISSÃO LUMINOSA ............................................................ 88 4.1.6.1. TRANSPARÊNCIA E TRANSLUCIDEZ...................................... 89 4.1.6.2. DIFUSÃO .................................................................................. 89 4.1.6.3. TRANSMISSÃO SELETIVA ....................................................... 90 4.1.6.4. ESPALHAMENTO RETROATIVO .............................................. 91 4.1.6.5. TRANSMITÂNCIA E TRANSMISSIVIDADE ............................... 91 4.1.7. REFRAÇÃO ..................................................................................... 91 4.1.8. ABSORÇÃO..................................................................................... 96 4.1.9. CURVA ESPECTRAL DE EFICIÊNCIA LUMINOSA .......................... 96 4.1.9.1. CORES ..................................................................................... 97 4.1.9.2. BRILHO..................................................................................... 97 4.1.10. GRANDEZAS E UNIDADES FOTOMÉTRICAS............................... 99 4.1.11. FLUXO RADIANTE ...................................................................... 101 4.1.12. FLUXO LUMINOSO ..................................................................... 101 4.1.13. EFICÁCIA LUMINOSA ................................................................. 102 4.1.14. EFICIÊNCIA GLOBAL DE UMA LÂMPADA .................................. 103 4.1.15. INTENSIDADE LUMINOSA DE FONTE PONTUAL....................... 104 4.1.15.1. ÂNGULO SÓLIDO ................................................................. 104 Sumário iii 4.1.15.2. INTENSIDADE LUMINOSA.................................................... 104 4.1.16. ILUMINÂNCIA DE UMA SUPERFÍCIE .......................................... 106 4.1.16.1. ILUMINÂNCIA MÉDIA............................................................ 106 4.1.16.2. ILUMINÂNCIA NUM PONTO ................................................. 107 4.1.16.3. MEDIÇÃO DA ILUMINÂNCIA................................................. 109 4.1.17. LUMINÂNCIA E PERCEPÇÃO DE BRILHO.................................. 109 4.1.17.1. VARIAÇÃO APENAS DA INTENSIDADE LUMINOSA ............ 111 4.1.17.2. VARIAÇÃO APENAS DA ÁREA ............................................. 111 4.1.17.3. VARIAÇÃO APENAS DA DISTÂNCIA DE OBSERVAÇÃO ..... 111 4.1.17.4. VARIAÇÃO APENAS DA DIREÇÃO DE OBSERVAÇÃO ........ 111 4.1.18. REFLETÂNCIA ............................................................................ 112 4.1.19. MÉTODO PONTO A PONTO PARA CÁLCULO DA ILUMINÂNCIA 113 4.2. A NATUREZA DO PROBLEMA............................................................. 116 4.2.1. GERENCIAMENTO MODERNO, ILUMINAÇÃO, SEGURANÇA E PRODUTIVIDADE .............................................................................................. 116 4.2.2. ILUMINAÇÃO E PRODUTIVIDADE ................................................ 117 4.2.2.1. PESQUISAS DE LABORATÓRIO ............................................ 117 4.2.2.2. PESQUISAS EM MINAS SUBTERRÂNEAS............................. 117 4.2.3. ILUMINAÇÃO E ACIDENTES ......................................................... 118 4.2.3.1. DADOS GERAIS DA INDÚSTRIA ............................................ 118 4.2.4. ILUMINAÇÃO E SAÚDE OCUPACIONAL....................................... 119 4.2.4.1. CONSEQUÊNCIAS DE UMA ILUMINAÇÃO INADEQUADA ..... 119 4.2.4.2. RISCOS ASSOCIADOS........................................................... 120 4.3. EXEMPLOS OCUPACIONAIS .............................................................. 120 4.4. NORMAS TÉCNICAS E LIMITES DE TOLERÂNCIA ............................. 123 4.4.1. TERMOS TÉCNICOS DE ILUMINAÇÃO......................................... 123 4.4.2. ILUMINAÇÃO DE AMBIENTES DE TRABALHO INTERNOS .......... 124 4.4.2.1. NBR 5413: 1992 ...................................................................... 124 4.4.2.2. NHO-11 ................................................................................... 128 4.4.2.2.1. CRITÉRIO DE AVALIAÇÃO .................................................. 129 4.4.2.2.2. ESCALA DE ILUMINÂNCIA MÍNIMA ..................................... 130 4.4.2.2.3. ANÁLISE PRELIMINAR ........................................................ 131 4.4.2.2.4. REPRODUÇÃO DE COR MÍNIMA ........................................ 132 4.4.2.3. AVALIAÇÃO EM ÁREAS EXTERNAS ...................................... 133 4.4.2.4. LIMITES DE TOLERÂNCIA ..................................................... 133 4.5. AÇÕES CORRETIVAS ......................................................................... 134 4.6. CASOS REAIS ..................................................................................... 135 4.7. TÓPICOS AVANÇADOS – PROJETO DE ILUMINAÇÃO EM SUBSOLO136 4.7.1. OBJETIVOS DE UM PROJETO MINEIRO DE ILUMINAÇÃO .......... 136 4.7.2. PROJETO PELO MÉTODO PONTO A PONTO .............................. 139 4.8. TESTES ............................................................................................... 141 CAPÍTULO 5. PRESSÕES .............................................................................. 145 5.1. PRESSÕES ANORMAIS ...................................................................... 146 5.2. EFEITOS DA PRESSÃO ATMOSFÉRICA NO ORGANISMO ................ 146 5.2.1. BAROTRAUMA .............................................................................. 146 Sumário iv 5.2.2. EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR................................................ 147 5.2.3. EMBRIAGUEZ DAS PROFUNDIDADES......................................... 147 5.3. MEDIDAS DE CONTROLE ................................................................... 148 5.3.1. COMPRESSÃO ............................................................................. 148 5.3.2. DESCOMPRESSÃO ...................................................................... 148 5.3.3. CÂMARA DE COMPRESSÃO ........................................................ 150 5.4 RESUMO DAS MEDIDAS DE CONTROLE PARA TRABALHO SOB AR COMPRIMIDO EM TUBULÕES PNEUMÁTICOS E TÚNEIS PRESSURIZADOS..... 155 5.4.1. RELATIVAS AO AMBIENTE........................................................... 155 5.4.2. RELATIVAS AO PESSOAL ............................................................ 155 5.5. CORRELAÇÃO ENTRE A ALTITUDE, A PRESSÃO ATMOSFÉRICA E A PRESSÃO PARCIAL DO OXIGÊNIO ...................................................................... 156 5.6. EFEITOS DA ALTITUDE NO ORGANISMO .......................................... 157 5.6.1. A CURTO PRAZO .......................................................................... 157 5.6.2. A MÉDIO PRAZO ........................................................................... 157 5.6.3. A LONGO PRAZO.......................................................................... 157 5.7. MEDICINA HIPERBÁRICA E OXIGENIOTERAPIA HIPERBÁRICA (O2HB) .............................................................................................................................. 157 5.8. TESTES ............................................................................................... 159 BIBLIOGRAFIA .............................................................................................. 161 ANEXO A ....................................................................................................... 165 ANEXO B ....................................................................................................... 170 Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 1 CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO AOS AGENTES FÍSICOS OBJETIVOS DO ESTUDO Conceituar e apresentar a classificação dos agentes físicos e do espectro eletromagnético. Ao final deste módulo o aluno deveráestar apto a: Identificar, na classificação geral dos agentes físicos, o domínio de cada agente físico na faixa espectral de sua família; Reconhecer fontes potenciais dos agentes físicos do capítulo; Aplicar os limites de exposição correspondentes; Aplicar a legislação ocupacional pertinente; Enunciar as principais características de cada agente; Enunciar as medidas gerais de controle relativas a cada agente. Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 2 1.1. CONCEITUAÇÃO Em última análise, todos os agentes físicos representam formas de energia, dispersas no ambiente por sua geração inerente associada a sistemas ou equipamentos, ou ainda por desvios ou vazamentos deles (controláveis ou não), que venham a interagir com o homem em seu trabalho. O organismo está exposto a ondas de natureza mecânica (ruído, ultrassom e infrassom), forças ou esforços (vibrações mecânicas), interações elétricas, magnéticas e eletromagnéticas (ionizantes e não ionizantes), partículas subatômicas (ionizantes), interações térmicas diretas (calor e frio), variações de pressão. A ACGIH estende a consideração de agentes físicos aos esforços repetitivos e levantamento de pesos, já no campo da ergonomia. Esta grande família não tem fim, pois pesquisadores continuam evidenciando partículas formadoras de partículas subatômicas (embora provavelmente sem risco de exposição ocupacional). 1.2. CLASSIFICAÇÃO E CONSIDERAÇÕES INICIAIS A classificação tradicional dos agentes físicos é: Ruído (ondas de pressão, ondas mecânicas); Interações Térmicas: Calor; Frio; Vibrações; Pressões Anormais; Radiações Eletromagnéticas. Ionizantes: Radiação ou partículas alfa, beta; Radiação gama; Raios X; Nêutrons. Não-Ionizantes: Radiofrequência e Micro-ondas; Radiação Infravermelha; Radiação Visível (LUZ); Radiação Ultravioleta; LASER e MASER. Devemos agregar ainda, complementando as famílias: Infrassom, Ultrassom (ondas de pressão, mecânicas); Campos magnéticos estáticos; Campos elétricos estáticos. Uma classificação sucinta do espectro eletromagnético é dada na Figura 1.1, como aparece no livreto de limites de exposição da ACGIH (v. referências). Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 3 Todos os agentes serão detalhados nos assuntos subsequentes, mas uma exceção deve ser feita quanto às pressões anormais, pois não são em verdade do ofício da higiene ocupacional. Essas exposições ocorrem em ambientes hipobáricos e hiperbáricos (sendo mais frequentes e graves os do último caso). Os ambientes hiperbáricos são aqueles representados por trabalhos em tubulões ou caixões pneumáticos, ou ainda no mergulho subaquático. Pressões da ordem dos 4 kgf/cm2 (primeiros casos) até dezenas de kgf/cm2 (no mergulho profundo) submetem o organismo a riscos de doenças específicas e acidentes descompressivos (com risco de fatalidades). Todavia, não são do ofício da higiene no sentido que não existe o processo de reconhecimento, avaliação e controle do agente na forma tradicional. As variações de pressão são impostas pelo processo, e o controle dos tempos e gradientes de pressão (compressivos e descompressivos) são a chave do controle, além da grande supervisão médica necessária. São, portanto, medidas de controle operacional, administrativo e médico que predominam, e a ação sobre o agente é bastante relativizada. São em verdade um caso à parte nos agentes físicos. Vale ainda comentar que em muitos “membros” das famílias de radiações existe conhecimento ainda por se consolidar, e áreas polêmicas quanto a efeitos nocivos como as linhas transmissão de alta tensão, os telefones celulares e suas antenas rádio base. Neste último caso, é bom lembrar do alerta da OMS/IARC sobre o risco aumentado de alguns tumores de cérebro vinculados à exposição a telefones celulares. Veja em www.iarc.fr. Também há zonas de penumbra nos casos das reais potencialidades carcinogênicas dessas radiações não ionizantes para outras situações. Finalmente, vale lembrar que muitos dos membros dessas famílias não apresentam qualquer estímulo sensorial por ocasião da exposição, o que torna seu reconhecimento difícil, aliado ao fato de muitos equipamentos industriais não apresentarem informações “explícitas” sobre sua possível emissão. Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 4 Figura 1.1. O Espectro Eletromagnético e os TLVs relacionados. Capítulo 1. Introdução aos Agentes Físicos eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 5 1.3. TESTES 1. Qual dessas é uma Radiação Eletromagnética Ionizante? a) Radiação Infravermelha. b) Radiação Ultravioleta. c) Radiação gama. d) Laser. e) Micro-ondas. Feedback: item 1.2. 2. Todos os agentes físicos produzem efeitos sensoriais relevantes no momento da exposição. Esta afirmação é: a) Verdadeira. b) Falsa. Feedback: item 1.2. 3. Qual das situações abaixo corresponde a uma exposição a pressões acima da atmosférica? a) Viajar em avião não pressurizado. b) Trabalhar ao nível do mar. c) Escalar montanhas altíssimas. d) Praticar mergulho submarino. e) Andar de bicicleta em La Paz (Bolívia). Feedback: item 1.2. “Os ambientes hiperbáricos são aqueles representados por 4. São exemplos de radiações não ionizantes: a) Micro-ondas, raios X, luz visível. b) Ultravioleta, radar, raios gama. c) Elétrons, nêutrons, partículas alfa. d) Radiofrequência, ultravioleta, luz visível. e) Nêutrons, partículas beta, laser. Feedback: item 1.2. 5. São exemplos de radiações ionizantes: a) Micro-ondas, maser, raios X. b) Luz visível, ultravioleta, infravermelho. c) Partículas beta, nêutrons, partículas alfa. d) Raios gama, laser, radiofrequência. e) Luz visível, laser, maser. Feedback: item 1.2. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 6 CAPÍTULO 2. AVALIAÇÃO E CONTROLE DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO OBJETIVOS DO ESTUDO Ao final deste módulo, o aluno deverá estar apto a: Fornecer conceitos básicos sobre ruído, sua avaliação e aspectos técnico-legais ocupacionais; Reconhecer a questão do ruído ambiental e a Norma NBR 10151; Apresentar os conceitos básicos sobre a atenuação de protetores auriculares. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 7 2.1. INTRODUÇÃO O ruído é um dos principais agentes físicos presentes nos ambientes de trabalho, em diversos tipos de instalações ou atividades profissionais. Por sua enorme ocorrência e visto que os efeitos à saúde dos indivíduos expostos são consideráve is, é um dos maiores focos de atenção dos higienistas e profissionais voltados para a segurança e saúde do trabalhador. 2.2. GRANDEZAS, UNIDADES E EMBASAMENTO TEÓRICO INICIAL 2.2.1. SOM Por definição, o som é uma variação da pressão atmosférica capaz de sensibilizar nossos ouvidos. Figura 2.1. Representação da variação da pressão atmosférica. Esta variação de pressão pode ser representada sob a forma de ondas senoidais, com as seguintes grandezas associadas: Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 8 P A t Figura 2.2. Grandezas das ondas senoidais. 2.2.2. NÍVEL DE PRESSÃO SONORA – DECIBEL Como os sons podem abarcar uma gama muito grande de variação de pressão sonora (faixa dinâmica), quevai de 20 Pa até 200 Pa (Pa = Pascal), seria pouco prática a construção de instrumentos para a indicação direta da pressão sonora. Quando a grandeza varia muito na faixa de valores usuais, usa-se um artifício. Para contornar este problema, utiliza-se uma escala logarítmica de relação de grandezas, o decibel (dB). O decibel não é uma unidade em si, e sim uma relação adimensional definida pela seguinte equação: L = 20.log oP P Sendo: L = nível de pressão sonora (dB) Po = pressão sonora de referência, por convenção, 20 Pa P= Pressão sonora encontrada no ambiente (Pa) Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 9 Para pensar: Quantos dB seriam indicados para uma pressão sonora de 20 Pa? (limiar aproximado da audição). Quantos seriam lidos para uma pressão sonora de 200 Pa? (limiar de audição acompanhada de dor). OBSERVAÇÃO: Ao se utilizar o dB fala-se "nível de pressão sonora". Rigorosamente falando, dever-se-ia sempre indicar o valor de referência (20 Pa). Por exemplo, 90 dB a 20 Pa (também se usa 90 dB e 20 Pa). Isto não é realmente feito, pois a referência é universal no caso das avaliações de ruído. Outros: "dB" - O uso do dB se estende a toda grandeza que varia muito, como potências elétricas e eletromagnéticas. Mesmo na acústica, há referências diferentes, por exemplo, no caso da audiometria. Nota 2.1. Usando a equação básica: 0 log10 A A dB , exprimir em dB a atenuação que a tela protetora da porta do forno de micro-ondas oferece, se o valor atenuado (após a tela) é 100.000 vezes menor que o valor interno, sendo este a referência. Resposta: dB A A dB 50 10 log10 0 5 Ou seja, a tela atenua 50 dB (esta é a atenuação real para o caso de fornos de micro-ondas). A seguir é apresentada uma ilustração comparativa entre situações práticas de ruído e os níveis em dB. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 10 Figura 2.3. Situações práticas de ruído e os níveis em dB. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 11 2.2.3. GRANDEZAS E DEFINIÇÕES ASSOCIADAS AO SOM/RUÍDO Amplitude (A) – é o valor máximo, considerado a partir de um ponto de equilíbrio, atingido pela pressão sonora. A intensidade da pressão sonora é a determinante do “volume” que se ouve; Comprimento de Onda () – é a distância percorrida para que a oscilação repita a situação imediatamente anterior em amplitude e fase, ou seja, repita o ciclo; Período (T) – é o tempo gasto para se completar um ciclo de oscilação. Invertendo-se este parâmetro (1/T), se obtém a frequência (f); Frequência (f) – é o número de vezes que a oscilação é repetida numa unidade de tempo. É dada em Hertz (Hz) ou ciclos por segundos (CPS). As frequências baixas são representadas por sons graves, enquanto que as frequências altas são representadas por sons agudos; Tom Puro: é o som que possui apenas uma frequência. Por exemplo: Diapasão, gerador de áudio; Ruído: É um conjunto de tons não coordenados. As frequências componentes não guardam relação harmônica entre si. São sons “não gratos” que nos causam incômodo, desconforto. Um espectro de ruído industrial pode conter praticamente todas as frequências audíveis. 2.2.4. "COMBINANDO" VALORES EM DECIBEL Como o decibel não é linear, não pode ser somado ou subtraído algebricamente. Para se somar dois níveis de ruído em dB, o caminho natural seria transformar cada um em Pascal, através da fórmula já representada, então somar-se-iam algebricamente e, ao final, o resultado seria transformado de Pascal para dB. Este método não é prático, apesar de correto. A fórmula genérica para a combinação de "n" níveis em dB é: Ln= 10 log ( n 1i 10 Li 10 ) Para uma maior agilidade na combinação de níveis em dB, utiliza-se a tabela 2.1. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 12 Tabela 2.1. Diferença entre níveis e a quantidade a ser adicionada ao maior nível. Diferença entre níveis (dB) Quantidade a ser adicionada ao nível maior (dB) 0,0 3,0 0,2 2,9 0,4 2,8 0,6 2,7 0,8 2,6 1,0 2,5 1,5 2,3 2,0 2,1 2,5 2,0 3,0 1,8 3,5 1,6 4,0 1,5 4,5 1,3 5,0 1,2 5,5 1,1 6,0 1,0 6,5 0,9 7,0 0,8 7,5 0,7 8,0 0,6 9,0 0,5 10,0 0,4 11,0 0,3 13,0 0,2 15,0 0,1 Nota: para diferenças superiores a 15, considerar um acréscimo igual a zero, ou seja, prevalece apenas o maior nível. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 13 Quadro 2.1. Combinação de níveis em dB Combine: 95 & 95 = 98 dB 95 & 90 = 96,2 dB 95 & 85 = 95,4 dB 95 & 75 = 95 dB Aspectos Práticos: Cada 3 dB a mais ou a menos no nível significam o dobro ou a metade da potência sonora; Fontes mais de 10 dB abaixo de outras (num certo ponto de medição) são praticamente desprezíveis; A fonte mais intensa é a que "manda" no ruído total em um certo ponto. 2.2.5. AUDIBILIDADE / SENSAÇÃO SONORA Tendo em vista que o parâmetro estudado é a pressão sonora, que é uma variação de pressão no meio de propagação, deve ser observado que variações de pressão como a da pressão atmosférica são muito lentas para serem detectadas pelo ouvido humano. Porém, se essas variações se processam mais rapidamente – no mínimo 20 vezes por segundo (20 Hz) – elas podem ser ouvidas. O ouvido humano responde a uma larga faixa de frequências (faixa audível), que vai de 16-20 Hz a 16-20 kHz. Fora desta faixa o ouvido humano é insensível ao som correspondente. Estudos demonstram que o ouvido humano não responde linearmente às diversas frequências, ou seja, para certas faixas de frequências ele é mais ou menos sensível. Um dos estudos mais importantes que revelaram tal não-linearidade foi a experiência realizada por Fletcher e Munson nos anos 30, que resultaram nas curvas isoaudíveis. Para compensar essa peculiaridade do ouvido humano, foram introduzidos nos medidores de nível sonoro filtros eletrônicos com a finalidade de aproximar a resposta do instrumento à resposta do ouvido humano. São chamadas “Curvas de Ponderação ou de Compensação” (A,B,C). Vide ilustração a seguir. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 14 Figura 2.4. Curvas de ponderação ou de compensação. Destas curvas, a curva “A” é a que melhor correlaciona Nível Sonoro com Probabilidade de Dano Auditivo. Portanto é a comumente utilizada em avaliação de ruído industrial. Observar: o dB "compensado" funciona como uma avaliação "subjetiva" ou do risco ao homem; o dB (linear) é uma avaliação objetiva do ruído no ambiente e é importante para se conhecer uma fonte de ruído. Quadro 2.2. Um tom puro de 100 Hz é medido por um medidor nos circuitos A, B, C e linear. Que valores serão lidos? Resposta: LINEAR) VALOR REAL (OBJETIVO) C) MESMO VALOR B) -5dB A) -20dB OBS: VEJA AS CURVAS DE COMPENSAÇÃO NA FIGURA 2.4. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 15 O mesmo vai ser feito para um tom puro de 1000 Hz. Que valores serão lidos? Resposta: TODOS OS VALORES SERÃO IGUAIS Se você fabricasse um calibrador de ruído de tom puro, que frequência selecionaria? Resposta: 1000 Hz PARA PODER CALIBRAR EM TODAS AS ESCALAS. 2.2.6. RESPOSTAS DINÂMICAS Os medidores de ruído dispõem de padrõespara as velocidades de respostas, de acordo com o tipo de ruído a ser medido e os objetivos da avaliação. A diferença entre tais respostas está no tempo de integração do sinal, ou constante de tempo. “Slow” – resposta lenta – avaliação ocupacional de ruídos contínuos ou intermitentes, avaliação de fontes não estáveis; “Fast” – resposta rápida – avaliação ocupacional legal de ruído de impacto (com ponderação dB (C)), calibração; “Impulse” – resposta de impulso – para avaliação ocupacional legal de ruído de impacto (com ponderação linear). 2.2.7. VALOR EFICAZ (RMS) Na representação gráfica em onda senoidal, os valores máximos e mínimos atingidos pela mesma são os valores de pico. Tomando-se toda a amplitude (positiva e negativa) da onda, temos o valor pico a pico. No caso da avaliação de ruído, o que interessa é o valor eficaz desta onda, uma vez que o valor médio entre semiciclo positivo e negativo seria zero. O valor eficaz é uma média quadrática (“root mean square” – RMS). Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 16 Figura 2.5. Representação dos valores de pico e do valor eficaz. Para uma senóide, o valor RMS é 0,707 do valor de pico. O valor de pico, 1,414 vezes o RMS (raiz de 2). Em dB, o valor de pico está 3 dB acima do valor RMS. Estas relações só valem para sons senoidais (tons puros). Para um ruído qualquer, a relação deve ser medida (não pode ser prevista). Notar ainda: Os aparelhos de medição convencional sempre estão medindo o valor RMS corrente. Este valor pode apresentar máximos (dependendo da fonte de ruído) e mínimos. Esse máximos não devem ser chamados de "picos", pois o valor de pico é uma designação específica, o maior valor da pressão sonora ocorrido no intervalo de medição (há medidores especiais para isso). 2.2.8. DETERMINAÇÃO DE NÍVEL DE RUÍDO DE FONTE EM PRESENÇA DE RUÍDO DE FUNDO Ruído de Fundo: é o ruído de todas as fontes secundárias, ou seja, quando estamos estudando o ruído de uma determinada fonte num ambiente, o ruído emitido pelas demais é considerado ruído de fundo. A maneira natural de se realizar tal determinação seria desativar as demais fontes, ou seja, eliminar todo o ruído de fundo e fazer a medição apenas da fonte de interesse. Contudo, tal procedimento nem sempre é simples ou viável, na prática. Sendo assim, pode ser utilizado o conceito da "subtração" de dB, através da qual se determina o nível da fonte a partir do conhecimento do “decréscimo” global advindo da desativação da fonte de interesse. São utilizadas as terminologias e o gráfico abaixo: Ls+n= ruído total (fonte e fundo) Exemplo: Ls+n=60 dB e Ln=53 dB Ln= ruído de fundo Ls+n-Ln=7 dB - L=1 dB Ls= ruído da fonte Ls=Ls+n-L = 60-1 = 59dB Ls = Ls+n - L Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 17 Figura 2.6. Decréscimo global advindo da desativação da fonte de interesse. Aspectos práticos: Se desligada a fonte, o ruído total se altera pouco, ela é pouco importante; Se desligada a fonte, o ruído total cai muito, a fonte é quem "manda" no ruído total (naquele ponto de medição). 2.3. AVALIAÇÃO DA EXPOSIÇÃO OCUPACIONAL AO RUÍDO 2.3.1. ASPECTOS TÉCNICO-LEGAIS De acordo com a Legislação Brasileira, através da Portaria 3214/78 do Ministério do Trabalho - NR 15, Anexo 1, os Limites de Tolerância para exposição a ruído contínuo ou intermitente são representados por níveis máximos permitidos, segundo o tempo diário de exposição, ou, alternativamente, por tempos máximos de exposição diária em função dos níveis de ruído existentes. Estes níveis serão medidos em dB(A), resposta lenta. A Tabela 2 da NR 15 da supracitada Portaria é reproduzida a seguir: Tabela 2.2. NR 15 - Limites de Tolerância para Ruído contínuo ou intermitente. Nível de Ruído dB (A) Máxima Exposição Diária Permissível 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e 30 minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 18 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 08 minutos 115 * 07 minutos *As atividades ou operações que exponham os trabalhadores a níveis de ruído, contínuo ou intermitente, superiores a 115 dB (A), sem proteção adequada, oferecerão risco grave e iminente. Quadro 2.3. Se em um dado ponto o ruído de fundo é de 82 dBA, qual o máximo valor de uma nova fonte a ser colocada nesse ponto, sem que se exceda o nível permissível para 8 horas diárias? Observação: O nível permissível para 8 horas diárias é de 85 dBA (tabela 2.2.). Resposta: Qual será o nível que combinado com um nível de 82 resulta em 85 dBA? Lembrete: A soma de duas fontes com níveis iguais resulta sempre num acréscimo de 3 dB ao valor de qualquer uma das fontes. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 19 2.3.2. DOSE DE RUÍDO Os limites de tolerância fixam tempos máximos de exposição para determinados níveis de ruído. Porém, sabe-se que praticamente não existem tarefas profissionais nas quais o indivíduo é exposto a um único e perfeitamente constante nível de ruído durante a jornada. O que ocorre são exposições por tempos variados a níveis de ruído variados. Para quantificar tais exposições utiliza-se o conceito da DOSE, resultando em uma ponderação para cada diferentes situações acústicas, de acordo com o tempo de exposição e o tempo máximo permitido, de forma cumulativa na jornada . Calcula-se a dose de ruído da seguinte maneira: D = Te1 / Tp1 + Te2/Tp2 + ..... Tei / Tpi + ...... + Ten /Tpn Onde: D= dose de ruído Tei= tempo de exposição a um determinado nível (i) Tpi= tempo de exposição permitido pela legislação para o mesmo nível (i) Com o cálculo da dose, é possível determinar a exposição do indivíduo em toda a jornada de trabalho, de forma cumulativa. Se o valor da dose for menor ou igual à unidade (1), ou 100%, a exposição é admissível. Se o valor da dose for maior que 1 ou 100%, a exposição ultrapassou o l imite, não sendo admissível. Exposições inaceitáveis denotam risco potencial de surdez ocupacional e exigem medidas de controle. Aspectos práticos. A dose de ruído diária é o verdadeiro limite de tolerância (técnico e legal); A dose diária não pode ultrapassar a unidade ou 100%, seja qual for o tamanho da jornada; A dose de ruído é proporcional ao tempo: sob as mesmas condições de exposição, o dobro do tempo significa o dobro da dose, etc.; Quanto mais alto o nível de um certo ruído e quanto maior o tempo de exposição a esse nível, maior sua importância na dose diária; Devemos reduzir os tempos de exposição aos níveis mais elevados, para assegurar boas reduções nas doses diárias; Toda exposição desnecessária ao ruído deve ser evitada. Deve ser ressaltado que em casos de avaliação de doses em tempos inferiores aos da jornada, o valor da dose pode ser obtido através de extrapolação linear simples (regra de três), como no exemplo: Tempo de avaliação = 6h 30 min; dose obtida = 87 % p/ jornada de 8 horas: 6,5 87 8,0 DJ DJ = 6,5 87x8 = 107% Capítulo 2. Avaliação e Controleda Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 20 Todavia, essa extrapolação pressupõe que a amostra feita foi representativa . Nota 2.2. Numa determinada indústria, a exposição o operador de campo A é a seguinte: Nível de ruído junto à zona auditiva (dBA) Tempo de exposição diária (horas) 85 6 90 2 A exposição ultrapassa o limite de tolerância? Resposta: Pela tabela 2.2, os limites para 85 dB (A) e 90BdB(A) são respectivamente 8 e 4 horas. Portanto a dose de ruído será: 25,1 4 2 8 6 D ou 125% O limite será excedido se a soma ultrapassar 1. Portanto: 1,25 > 1 LIMITE EXCEDIDO Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 21 Nota 2.3. Na mesma empresa, o operador B possui o seguinte perfil de exposição: Nível de ruído junto à zona auditiva (dBA) Tempo de exposição diária (horas) 85 4 95 1 68 1 90 2 A exposição ultrapassa o limite de tolerância? Resposta: Pela tabela 2.2., temos que o limite para 85, 90 e 95 dB são, respectivamente, 8, 4 e 2 horas. Assim: 5,1 2 1 4 2 8 4 D ou 150% Portanto, excede o limite. NOTA: Nos cálculos de dose só são levados em conta valores iguais ou superiores a 80 dBA. Esta orientação é uma recomendação da OSHA (legislação norte - americana), NIOSH (entidade de estudos e pesquisas, governamental, norte – americana) e da NHO-01 (norma ocupacional da Fundacentro, autarquia dedicada a estudos e pesquisas do Ministério do Trabalho e Emprego). Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 22 Nota 2.4. A) O mecânico de manutenção possui o seguinte perfil de exposição: Nível de ruído junto à zona auditiva (dBA) Tempo de exposição diária (horas) 100 1 95 0,5 85 6 75 0,5 Qual sua dose de ruído? Resposta: Pela tabela 2.2, temos que o limite para 85, 95 e 100 dB são, respectivamente, 8, 2 e 1 horas: 2 1 1 2 5,0 8 6 D ou 200% B) Na mesma empresa, porém em outro setor, há um operador de extrusora que se expõe a um nível único de 90 dB (A) por toda sua jornada de 8 horas. Qual sua dose? Resposta: Utilizando a mesma tabela 2.2., o limite para 90 dB (A) é de 4 horas. Portanto: 2 4 8 D Ou seja, 200% Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 23 Quadro 2.4. Se um trabalhador fica exposto por 5 horas a 86 dBA, qual o tempo máximo que poderá ficar exposto a 97 dBA, sem exceder a dose diária? Se sua jornada é de 8 horas, a dose seria ultrapassada? Resposta: 𝐷 = 5 7 + 𝑥 1,51 = 1 x = 0,43 horas ou x = 26 minutos COMO A DOSE FOI ATINGIDA (1) ÀS 5H 21MIN DE JORNADA, SE A JORNADA TOTAL É DE 8 HORAS A DOSE SERÁ ULTRAPASSADA. 2.3.3. NÍVEL MÉDIO (LAVG) É o nível ponderado sobre o período de medição, que pode ser considerado como nível de pressão sonora contínuo, em regime permanente, que produziria a mesma dose de exposição que o ruído real, flutuante, no mesmo período de tempo. No caso dos limites de tolerância NR 15, a fórmula simplificada de cálculo é: Lav g = 80+16,61 log (0,16 CD/TM) Sendo: TM= (tempo de amostragem (horas decimais)) CD= contagem da dose (porcentagem) Quadro 2.5. A fórmula do tempo permitido a um certo nível de ruído (Anexo 1 da NR 15) é dada por Tempo permitido ) 5 80 ( 2 16 L Calcule os tempos permitidos para nos níveis de 80 a 84 dBA, não presentes na tabela da NR-15. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 24 Resposta: Para um nível de 80 dB (A), temos que: Tempo permitido Para um nível de 81 dB (A), temos que: Tempo permitido (13 horas e 55 minutos) Para um nível de 82 dB (A), temos que: Tempo permitido (12 horas e 8 minutos) Para um nível de 83 dB (A), temos que: Tempo permitido (10 horas e 33 minutos) Para um nível de 84 dB (A), temos que: Tempo permitido (9 horas e 11 minutos) 2.3.4. DOSIMETRIA DE RUÍDO Dificilmente na prática se observam exposições a poucos níveis discretos e bem diferenciados, facilitando o cálculo manual da dose. O que se observará frequentemente é uma exposição a níveis de ruído que oscilam muito rapidamente, com difícil obtenção Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 25 de dados relativos aos tempos de exposição correspondentes. Para se obter uma dose representativa, torna-se necessário o uso de um dosímetro. Em suma, o dosímetro é um instrumento que será instalado em determinado indivíduo e fará o trabalho de obtenção da dose (integração no tempo), acompanhando todas as situações de exposição experimentadas pelo mesmo, informando em seu "display" o valor da dose acumulado ao final da jornada, bem como vários outros parâmetros, tais como Nível Médio (Lavg), Nível Máximo etc. Figura 2.7. Dosímetro de Ruído. Figura 2.8. Funcionário com dosímetro de ruído instalado no bolso, e microfone fixado junto à zona auditiva. 2.4. EXERCÍCIOS 1) A fórmula do tempo permitido a um certo nível de ruído (Anexo 1 da NR 15) é dada por: Tempo permitido = 16 / 2(L-80)/5 Calcule os tempos permitidos para os níveis de 80 e 84dBA, não presentes na tabela. Resposta: Para um nivel de 80 dB(A), temos que: tempo permitido = 16 / {2 [(80-80)/5]} = 16 horas Para um nivel de 84 dB(A), temos que: tempo permitido = 16 / {2 [(84-80)/5]} = 9,1896 horas 9,1896 horas = 9 horas e 0,1896*60 = 11 minutos. Ou seja 9 horas e 11 minutos. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 26 2) Se um trabalhador fica exposto por 5 horas a 86 dBA, qual o tempo máximo que poderá ficar exposto a 97 dBA* , sem exceder a dose diária? Se sua jornada é de 8 horas, a dose seria ultrapassada? Resposta: D = 5/7 + x/1,25 = 1 >>>> x=0,36 h ou 21 min *Obs: deve ser aproximado para 98 dBA para ter maior segurança. COMO A DOSE FOI ATINGIDA (1) ÀS 5H 21MIN DE JORNADA, SE A JORNADA TOTAL É DE 8 HORAS A DOSE SERÁ ULTRAPASSADA. 3) Qual o nível médio de exposição que um trabalhador está submetido se a dosimetria de jornada é de 344% e sua jornada é de 6 horas? Resposta: Lavg = 80 + 16,61 Log (0,16 . CD/TM) Lavg = 80 + 16,61 Log (0,16 . 344 / 6) ≈ 96 dBA 4) Qual o nível médio permissível para uma exposição que respeite o limite de tolerância, em uma jornada de 6 horas? E de 7 horas? E de 4 horas? Quais as doses máximas permitidas nesses casos? O que se conclui? Resposta: 6h - 87 dBA 7h - 86 dBA 4h - 90 dBA EM TODOS OS CASOS A DOSE MÁXIMA PERMISSÍVEL É DE 100 % PARA QUE O NÍVEL MÉDIO SEJA REPRESENTATIVO DA EXPOSIÇÃO, É NECESSÁRIO CONHECER A DURAÇÃO DA JORNADA. NO CASO DA DOSE, NÃO É NECESSÁRIO, POIS A DOSE É UM INDICADOR ABSOLUTO. 5) Se em um dado ponto o ruído de fundo é de 82 dBA, qual o máximo valor de uma nova fonte a ser colocada nesse ponto, sem que se exceda o nível permissível para 8 horas diárias? Resposta: 8 HORAS DIÁRIAS = 85 .dBA >>>>> QUE SERÁ A COMBINAÇÃO DE UM NÍVEL DE 82 COM OUTRO DE ? 82! 82 “+” 82” = 85 6) Um tom puro de 100 Hz é medido por um medidor nos circuitos A, B,C e linear. Que valores serão lidos? Resposta: LINEAR - VALOR REAL (OBJETIVO) C - MESMO VALOR B - -5 .dB A - -20 .dB VEJA AS CURVAS DE COMPENSAÇÃO. 7) O mesmo vai ser feito para umtom puro de 1000 Hz. Que valores serão lidos? Resposta: TODOS OS VALORES SERÃO IGUAIS. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 27 8) Se você fabricasse um calibrador de ruído de tom puro, que frequência selecionaria ? Resposta: 1000 Hz PARA PODER CALIBRAR EM TODAS AS ESCALAS. 9) A fórmula da intensidade sonora em um dado ponto, para uma fonte pontual em espaço aberto, é I = W/4r2 , onde W é a potência sonora da fonte e r a distância da fonte ao ponto em que se deseja a intensidade. Se a distância à fonte é dobrada, qual a nova intensidade? Se dB=10 log I/Io, em quantos dB se reduziu a intensidade? Se a relação entre a pressão sonora e a intensidade é I = k p2, onde k é constante, qual a variação no nível de pressão sonora, em dB? Se a potência sonora dobrar, como fica o novo nível de pressão sonora? Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 28 2.5. NORMA BRASILEIRA NBR 1051 – CONTEXTO E APLICAÇÃO 2.5.1 EFEITOS Poluição sonora é um dos maiores causadores de estresse na vida moderna e um dos problemas urbanos contemporâneos mais graves. É a terceira maior poluição ambiental segundo a OMS. O início do estresse auditivo é observado para exposições a níveis de pressão sonora a partir de 55 dB(10). Em condições de silêncio, o sono apresenta uma qualidade maior. Na medida em que o ruído aumenta, o organismo, mesmo dormindo, começa a manifestar gradualmente seu alerta. A partir do valor médio de 35 dB(A) verificam-se mudanças nas reações vegetativas, no eletroencefalograma e na estrutura do sono, ficando o mesmo mais superficial. Quando o ruído de fundo atinge 65 dB(A), os reflexos protetores do ouvido médio parecem entrar em ação, anulando em parte a audição e propiciando insegurança pela perda da vigília. Este aspecto é evidenciado por uma reação de maior latência para dormir. Devido a isto, provavelmente a 75 dB(A) de ruído de fundo a qualidade do sono se recupera parcialmente, porém é inferior àquela observada a níveis mais silenciosos. A poluição sonora reduz significantemente a qualidade absoluta do sono, implicando na diminuição do desempenho físico, mental, psicológico e perda provável da alerta auditivo(9). No estado de vigília, um ruído com nível equivalente de até 50 dB(A) pode perturbar, mas é adaptável. A partir de 55 dB(A) pode provocar estresse leve, gerar dependência e desconforto. O estresse degradativo do organismo começa por volta de 65 dB(A) com desequilíbrio bioquímico, aumentando certos riscos (infarte, derrame cerebral, infecções, etc.)(9) . Exposições ao ruído podem aumentar a pressão sanguínea, o ritmo cardíaco e as contrações musculares. São capazes de interromper a digestão, as contrações do estômago, o fluxo da saliva e dos sucos gástricos. Induzem uma maior produção de adrenalina e outros hormônios, aumentando, no sangue, o fluxo de ácidos graxos e glicose. Exposições prolongadas e habituais ao ruído intenso podem produzir mudanças fisiológicas mais duradouras e até mesmo permanentes, incluindo desordens cardiovasculares, de ouvido-nariz-garganta e em menor grau, alterações sensíveis na secreção de hormônios, nas funções gástricas, físicas e cerebrais(5). Em trabalhadores com casos de estresse crônico (permanente), tem sido constatado efeitos psicológicos, distúrbios neurovegetativos, náuseas, cefaléias, irritabilidade, instabilidade emocional, redução da libido, nervosismo, ansiedade, hipertensão, perda de apetite, sonolência, insônia, aumento de prevalência de úlcera s, consumo de tranquilizantes, perturbações labirínticas, fadiga, aumento do número de acidentes, de consultas médicas e do absenteísmo(5). Em certos tipos de atividades de longa duração que requerem muita atenção e se desenvolvem de forma contínua, um nível acima de 90 dB afeta desfavoravelmente a produtividade e a qualidade do produto. Estima-se que um indivíduo normal precisa gastar aproximadamente 20% de energia extra para realizar uma tarefa sob efeito de um ruído intenso considerado perturbador. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 29 A surdez ocupacional induzida pelo ruído depende de características ligadas ao homem (susceptibilidade individual), ao meio, ao agente (tipo de ruído, frequências, duração, pausas, etc.) e ao tempo de exposição. A ocorrência da surdez profissional está relacionada à exposição ao ruído intenso e durante um longo período, estando os dois fatores interligados. As perdas auditivas causadas pelo ruído excessivo podem ser divididas em três tipos: a) Trauma Acústico - perda auditiva de ocorrência repentina, causada pela perfuração do tímpano acompanhada ou não da desarticulação dos ossículos do ouvido médio, ocorrida geralmente após a exposição a ruído de impacto de grande intensidade (tiro, explosão, etc.) com grandes deslocamentos de ar. b) Surdez temporária - também denominada de mudança temporária do limiar auditivo, ocorre após uma exposição a um ruído intenso, por um curto período de tempo. c) Surdez permanente - A exposição repetida dia após dia, a um ruído excessivo, podendo levar o indivíduo a uma surdez permanente. 2.5.2. ASPECTOS LEGAIS A Poluição Sonora é ocasionada pelo excesso de ruído gerado pela circulação de veículos, comércio, industrias, aeroportos, e sua má localização. A necessidade de criação de um programa que estabelecesse normas, métodos e ações para controlar o ruído excessivo e seus reflexos sobre a saúde e bem estar da população em geral, levou o governo federal a criar o Programa Nacional de Educação e Controle da Poluição Sonora - Silêncio, instituído pelo CONAMA por meio das Resoluções 01/90 e 02/90, sob a coordenação do IBAMA. Os objetivos do programa são (4)(6): Capacitação técnica e logística de pessoal nos órgãos de meio ambiente estaduais e municipais em todo o país; Divulgação, junto à população, de matéria educativa e conscientizadora dos efeitos prejudiciais e introdução do tema "Poluição Sonora" nos currículos escolares de 2º grau; Incentivo à fabricação e uso de máquinas e equipamentos com níveis mais baixos de ruído operacional; O estabelecimento de convênios, contratos e atividades afins com órgãos e entidades que possam contribuir para o desenvolvimento do Programa. Merece também destaque a criação do Selo Ruído(6) cujo objetivo é fornecer ao consumidor informações sobre o ruído emitido por eletrodomésticos, brinquedos, máquinas e motores, a fim de permitir a seleção de produtos mais silenciosos, e incentivar a sua fabricação. A seguir, relacionamos as legislações federais que versam sobre o tema: Resolução CONAMA nº 1/90 - Estabelece critérios, padrões, diretrizes e normas reguladoras da poluição sonora; Resolução CONAMA nº 2/90 - Estabelece normas, métodos e ações para controlar o ruído excessivo que possa interferir na saúde e bem-estar da população; http://www.ibama.gov.br/atuacao/conqual/selologo.exe http://www.ibama.gov.br/atuacao/conqual/ruido.htm Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 30 Resolução CONAMA nº 1/93 – Estabelece para os veículos automotores nacionais e importados, exceto motocicletas, motonetas ciclomotores, bicicletas com motor auxiliar e veículos assemelhados, limites máximos de ruído com veículos em aceleração e na condição parado; Resolução CONAMA nº 2/93 - Estabelece para motocicletas, motonetas, triciclos, ciclomotores, bicicletas com motor auxiliar e veículos assemelhados, nacionais ou importados, limites máximos de ruído com o veículo em aceleração e na condição parado; Resolução CONAMA nº 8/93 - Estabelecea compatibilização dos cronogramas de implantação dos limites de emissão dos gases de escapamento com os de ruído dos veículos pesados no ciclo Diesel, estabelecidos na Resolução CONAMA nº 1/93; Resolução CONAMA nº 20/94 - Institui o Selo Ruído como forma de indicação do nível de potência sonora medida em decibel, dB(A), de uso obrigatório a partir desta Resolução para aparelhos eletrodomésticos, que venham a ser produzidos, importados e que gerem ruído no seu funcionamento; Resolução CONAMA nº 17/95 - Ratifica os limites máximos de ruído e o cronograma para seu atendimento determinados no artigo 2º da Resolução CONAMA nº 08/93, excetuada a exigência estabelecida para a data de 1º de janeiro de 1996. Além das Legislações Federais sobre tema, existem diversos instrumentos Legais nos âmbitos estaduais e municipais. Particularmente no estado de São Paulo, destacamos o programa criado pela Prefeitura de São Paulo. A multiplicidade de estabelecimentos geradores de poluição sonora motivou a Administração Municipal a controlar e disciplinar esse tipo de atividade, adotando medidas para preservar o sossego público e garantir a qualidade de vida por meio da proteção do meio ambiente. A ação fiscalizadora como meio de controle e combate à poluição sonora originou o PROGRAMA SILÊNCIO URBANO – PSIU. Esse programa foi criado pelo Decreto 34.569 de 06 de outubro de 1994 e reestruturado pelo Decreto 35.928 de 06 de março de 1996. Sua finalidade principal é coibir a emissão excessiva de ruídos produzidos em quaisquer atividades comerciais exercidas em ambiente confinado e que possa causar incômodo e interferir na saúde e no bem estar dos munícipes, de acordo com as disposições da Lei 11.501/94 alterada pela Lei 11.986/96. Iniciando suas atividades ligada à Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a coordenação do programa passou a ser feita pela Secretaria Municipal de Abastecimento (SEMAB), em 29 de fevereiro de 1996, através do Decreto 35.919. O PSIU recebe uma grande quantidade de reclamações por mês. Os responsáveis pelos estabelecimentos denunciados são oficiados e posteriormente intimados a comparecer a SEMAB, para serem orientados a sanar as irregular idades constatadas. Persistindo as reclamações, o estabelecimento será vistoriado e, confirmado o problema, sofrerá as penalidades previstas pela lei. Se forem constatadas durante uma vistoria a emissão excessiva de ruído e a falta de licença de funcionamento, o estabelecimento será multado. A persistência da irregularidade ocasionará nova multa e o fechamento administrativo. O PSIU exerce controle e fiscalização em locais confinados, cobertos ou não, que possam emitir ruídos Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 31 excessivos, de maneira constante e permanente. Desse modo, pode-se receber denúncias de estabelecimentos como: templos religiosos, salas de reuniões, oficinas, bares, padarias, boates, salões de festas, restaurantes, pizzarias, casas de espetáculos, indústrias e de todo o local sujeito à licença de funcionamento, que possa produzir barulho. Particularmente em relação às Legislações Federais destacamos três tópicos contidos na RESOLUÇÃO CONAMA Nº 001, de 08 de março de 1990: I - A emissão de ruídos, em decorrência de quaisquer atividades industriais, comerciais, sociais ou recreativas, inclusive as de propaganda política, obedecerá, no interesse da saúde, do sossego público, aos padrões, critérios e diretrizes estabelecidos nesta Resolução. II - São prejudiciais à saúde e ao sossego público, para os fins do item anterior os ruídos com níveis superiores aos considerados aceitáveis pela norma NBR 10151 - Acústica — Medição e avaliação de níveis de pressão sonora em áreas habitadas — Aplicação de uso geral. III - Na execução dos projetos de construção ou de reformas de edificações para atividades heterogêneas, o nível de som produzido por uma delas não poderá ultrapassar os níveis estabelecidos pela NBR 10152 – Acústica — Níveis de pressão sonora em ambientes internos a edificações. Os itens apresentados anteriormente citam as referências normativas que contêm as condições exigíveis para avaliação da aceitabilidade do ruído em comunidades, especificando método para a medição do ruído e a fixação dos níveis de ruído considerados compatíveis com o conforto acústico em ambientes diversos. A Norma Regulamentadora NR-17 do Ministério do Trabalho e Emprego (8) (MTE) que trata sobre “ERGONOMIA” também dispõe sobre conforto acústico. Nela, são apresentadas recomendações para níveis de conforto acústico, sendo referendada a norma NBR 10152. A seguir apresentamos um excerto da NR-17 com tais recomendações. Item 17.5.2. da NR-17 - Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle, laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre outros, são recomendadas as seguintes condições de conforto: a) Níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira registrada no INMETRO; b) Índice de temperatura efetiva entre 20ºC (vinte) e 23ºC (vinte e três graus centígrados); c) Velocidade do ar não superior a 0,75m/s; d) Umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. Item 17.5.2.1. da NR-17 - Para as atividades que possuam as características definidas no sub item 17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB (A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB. Para os trabalhadores expostos ao ruído, ultrapassadas as condições de conforto acústico, a exposição ocupacional ao ruído pode ser considerada como atividade Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 32 insalubre podendo ocasionar perda auditiva, caso sejam excedidos os limites previstos na NR-15. A Legislação Brasileira considera como insalubres as atividades ou operações que impliquem em exposições a níveis de ruído contínuo ou intermitente por tempos superiores aos limites de tolerância fixados pela Norma Regulamentadora NR-15(7), anexo I, da Portaria nº 3214 de 08/06/1978, da SSMT/MTE (Ministério do Trabalho e Emprego). 2.5.3. PRINCIPAIS ASPECTOS DA NBR 10151 O método de avaliação envolve as medições do nível de pressão sonora equivalente (LAeq, T), em decibéis ponderados segundo a curva “A”, integrado em um intervalo de tempo T para ruídos sem característica especial. Esta curva tem por objetivo adequar a resposta do medidor em relação à resposta em frequência do ouvido humano. Define: nível de pressão sonora equivalente (LAeq, T), nível de pressão sonora total e residual, ruído com características especiais, ou seja, de caráter impulsivo ou ruído com componentes tonais. EQUIPAMENTOS DE MEDIÇÃO: medidor e calibrador - mínimo tipo 2 – com certificado de calibração pela Rede Brasileira de Calibração (RBC) ou INMETRO. As avaliações de nível de pressão sonora devem ser feitas em dB(A) para ruído sem características especiais. Nos demais casos, quando forem necessárias medidas para correção ou redução do nível sonoro, serão feitas medições complementares com análises de frequências (espectros em bandas de oitava). O nível de ruído residual é aquele existente na ausência da fonte sonora em questão. Em qualquer caso, os ruídos considerados intrusivos, ou seja, alheios ao objeto de medição deverão ser descartados da análise. 2.5.3.1. PROCEDIMENTOS DE MEDIÇÃO MEDIÇÃO NO EXTERIOR DAS EDIFICAÇÕES: Em medição ao ar livre, é obrigatório o uso de protetor de vento acoplado, independente da velocidade do ar; As medições devem ser efetuadaspreferencialmente em pontos afastados entre 1,2 e 1,5 m do solo e a pelo menos 2 m do limite da propriedade e de superfícies refletoras, como muros, paredes, etc. (para a edificação que contém a fonte); O posicionamento dos pontos deve seguir os exemplos de localização declarados na norma sempre que possível, caso não seja possível, declarar no relatório o procedimento realizado e as razões para adoção dos mesmos; Nota: a norma considera edificações que contém a fonte e a hab itação do reclamante. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 33 PARA MEDIÇÕES NO INTERIOR DE EDIFICAÇÕES: As medições devem ser efetuadas a uma distância de no mínimo 0,5 m de quaisquer superfícies (parede, teto e piso) e pelo menos 1 metro de elementos com significativa transmissão sonora, como janelas, portas ou entradas de ar – para ambientes com área inferior a 30 m2, realizar 3 medições em 3 posições uniformemente distribuídas (ao final, tomar a média logarítmica dos dados, determinando assim o valor L int), se possível com alturas diferentes (nos locais onde há permanência de pessoas) afastadas entre si em pelo menos 0,7 m. OBS: Medir com as janelas abertas; Para ambientes com área superior a 30 m2, adicionar um ponto de medição a cada 30 m2 de área adicional. 2.5.3.2 OBSERVAÇÕES PARA RUÍDOS COM CARACTERÍSTICAS ESPECIAIS Os níveis de pressão sonora com característica de som impulsivo devem ser caracterizados utilizando o descritor LAFmax que corresponde ao nível máximo de pressão sonora ponderada na curva “A” com janela de integração do equ ipamento em modo fast (125 milissegundo). O ruído será considerado com característica de som impulsivo quando LAFmax – LAeq, T ≥ 6 dB; Para caracterização de ruído com componentes tonais, deverá ser utilizado o descritor LZeq, T,f Hz(1/3) que corresponde ao nível equivalente sem aplicação de curva de ponderação (Z de zero), integrado no intervalo de tempo T em bandas proporcionais de 1/3 de oitava. As medições deverão ser realizadas no mínimo nas frequências centrais nominais de: 50 Hz, 63 Hz, 80 Hz, 100 Hz, 125 Hz, 160 Hz, 200 Hz, 250 Hz,315 Hz, 400 Hz, 500 Hz, 630 Hz, 800 Hz, 1 kHz, 1,25 kHz, 1,6 kHz, 2 kHz, 2,5 kHz, 3,15 kHz, 4 kHz,5 kHz, 6,3 kHz, 8 kHz e 10 kHz. O ruído será considerado com característica de som tonal quando LZeq, T,fHz(1/3) medido na banda de 1/3 de oitava de interesse exceder os valores de LZeq,T,f Hz(1/3) das bandas de 1/3 de oitava adjacentes conforme o disposto abaixo: 25 Hz a 125 Hz, diferença maior ou igual a 15 dB; 150 Hz a 400 Hz, diferença maior ou igual a 8 dB; 2.5.3.3. AVALIAÇÃO DO RUÍDO O Limite de nível de pressão sonora em função dos tipos de áreas habitadas e do período (RLAeq), é apresentado em tabela da norma, reproduzida a seguir: Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 34 Tabela 2.3. NBR-10151 - Limites de níveis de pressão sonora em função dos tipos de áreas habitadas e do período. Os limites de horário para período diurno e noturno da tabela podem ser definidos pelas autoridades de acordo com os hábitos da população. Porém, o período noturno não deve começar depois das 22h e não deve terminar antes das 7h (domingo ou feriado até às 9 h). 2.5.3.4. DETERMINAÇÃO DO NÍVEL CORRIGIDO – LR Para ambientes externos, LR = LAeq + KI + KT. Para ambientes internos, LR = Lint – k + 10 + KI + KT pelo Onde: KI = 5 quando é caracterizado som impulsivo; KT = 5 quando é caracterizado som tonal; k é o índice de correção de reverberação para ambientes internos, e deverá ser usado 0 para ambiente mobiliado e 3 quando estiver vazio. Se o nível corrigido LR for superior ao valor da tabela 2.3 para a área e horário em questão, é constatado que a situação não está atendendo a norma. 2.5.3.5. CONTEÚDO NECESSÁRIO PARA O RELATÓRIO DE ENSAIO Marca, tipo ou classe e número de série de todos os equipamentos de medição utilizados; Data e número do último certificado de calibração de cada equipamento de medição; Desenho esquemático e/ou descrição detalhada dos pontos da medição, horário e duração das medições do ruído; Nível de pressão sonora corrigido; Nível de ruído ambiente; Valor do nível de critério de avaliação (NCA) aplicado para a área e o horário da medição; Referência a essa Norma. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 35 Nota 2.5. Motivada pela reclamação de um morador, uma empresa vizinha avaliou os níveis de ruído segundo os procedimentos da NBR 10151 no interior da habitação. Os níveis medidos e demais informações estão apresentados na tabela 2.4. Resposta: Considerando-se as informações obtidas, a análise foi resumida na tabela 2.5. O critério técnico-legal vigente é da NBR 10151. A média logarítmica dos níveis equivalentes medidos em local interno Lint foram acrescidas de 10 dB(A) para serem corrigidas para o ambiente externo e também de 5 dB(A) de forma a compor s níveis corrigidos LR, já que também foi constatado que o ruído possui características tonais. Foi observado também que os ambientes se encontravam mobilhados, portanto k = 0. Os níveis de critério de avaliação RLAeq foram determinados considerando-se o período (diurno ou noturno) e a classificação do zoneamento (tipo de área), que neste caso corresponde a uma área mista, com vocação comercial e administrativa. As medições foram realizadas durante 10 minutos. Comparar os resultados com os critérios técnico-legais vigentes, relacionados com o conforto da comunidade. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 36 Comparando-se os níveis de critério de avaliação com os níveis corrigidos de pressão sonora, verificamos que para o período noturno o critério foi superado, sendo procedente a reclamação. Tabela 2.4 – Comparação com o critério Local Hora / Período Lint - dB(A) LR - dB(A) RLAeq - dB(A) Sala de estar 14:10 / diurno 43,8 58,8 60 Sala de estar 22:20 / noturno 41,5 56,5 55 Quarto 14:20 / diurno 44,1 59,1 60 Quarto 22:30 / noturno 40,8 55,8 55 2.6. ATENUAÇÃO DE PROTETORES AURICULARES 2.6.1. O MÉTODO DO RC/NRR Este é o método base, que serve para entender as variações que atualmente existem. É um método de número único, desenvolvido para ser de uso prático (o tempo não atestou isso, como vamos ver). O NIOSH suprimiu a medição espectral, anteriormente utilizada no método original. No lugar do espectro do ruído, colocou um espectro rosa e um estimador astuto, a diferença C-A, que o corrige tecnicamente, ao calcular o NRR, de forma que o ruído real é superestimado em risco, com um nível de confiança de 98%. Também foi estabelecido o mesmo nível de confiança (98%) em relação aos dados de atenuação do protetor, deduzindo-se dois desvios padrão. Digo isto para que se conheça a segurança embutida neste número, que integra os dados do protetor e prevê o enfrentamento do pior espectro (percentil 98 em "dificuldade de atenuação"). Feito isto, com uma elegância e prestidigitação científica notáveis, a conta do usuário fica simples: ele deve subtrair o NRR do ruído ambiental avaliado em dBC, obtendo o nível que atinge o ouvido em dBA. dBC(ambiente) - NRR = dBA (ouvido) Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 37 Observe que tem que ser o dBC, pois o método prevê assim. No próximo tópico, vamos discutir qual seria este dBC, que passa a ser o indicador do espectro, e que vai ser usado na fórmula.Para Pensar: Quais os conceitos relativos aos "dB" compensados? O que é dBA? O que é dBC? Volte ao primeiro módulo, se necessário. Para Pensar: O que se busca é um nível atenuado menor que 85 dBA, para jornadas de 8h. E se a jornada for de 12 horas, qual será esse nível? 2.6.2. O MÉTODO DO RC/NRR - QUAL O DBC A USAR? Vimos que o trabalho do técnico fica simples: ele deve subtrair o NRR do ruído ambiental avaliado em dBC, obtendo o nível que atinge o ouvido em dBA. É importante discutirmos este dBC que será utilizado na fórmula. Ele deve representar a exposição do trabalhador que está sendo protegido. Uma representação fiel da exposição, sobretudo quando os níveis são muito variáveis, só é possível com dosimetria. Da dosimetria, obtém-se o nível médio da jornada. Porém, esse nível deve ser obtido na curva de compensação C, e não A, como se trabalha usualmente. Observe-se, portanto, que o dosímetro deverá operar em circuito C. Os dosímetros atuais permitem isso, e não é por outro motivo que possuem o circuito C. Se não for possível fazer uma dosimetria C, deve-se eleger um nível em dBC que represente a jornada. Neste caso, não há alternativa a não ser a escolha do máximo nível dBC da jornada, ou seja, da máxima fonte em dBC das situações de exposição. Esta é uma consideração a favor da segurança, mas também certamente excessivamente coservadora em muitos casos, pois o tempo de permanência sob tal nível pode ser mínimo. Do exposto, a melhor opção será a dosimetria C, obtendo-se o nível médio Lavg (C). Nossa próxima discussão deve abordar os descontos a serem aplicados ao NRR, de forma que seu valor reflita adequadamente as situações de uso real. Isto porque o NRR é obtido em condições ideais de laboratório, dificilmente reprodutiveis no dia-a-dia das empresas. Para Pensar: Qual o conceito de nível médio (Lavg)?O que o diferencia do Nível Equivalente (Leq)? 2.6.3. CORREÇÕES PARA O USO REAL DOS PROTETORES Nas partes anteriores definimos que vamos nos limitar aos métodos de número único, e vimos o método NIOSH no.2, do Rc ou NRR, que chamaremos também de dBC(ambiente) - NRR = dBA (ouvido) Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 38 NRR tradicional. Discutimos as possibilidades de consideração do dBC ambiental a ser usado na fórmula. Mas, falta ainda considerar as correções a serem feitas quanto ao uso real. Isso se deve ao fato de o NRR ser obtido em laboratório, em condições muito especiais, e que diferem dramaticamente da realidade de campo. Vejamos: no laboratório, os protetores são novos, são colocados por pessoas experientes no perfeito ajuste do protetor e orientados / supervisionados por experts dos fabricantes; além disso, não há nenhuma interferência negativa dos protetores com outros EPIs . No campo, os protetores não são novos, são colocados de forma deficiente, recebem interferências de outros EPIs na sua perfeita vedação acústica, e ainda mais: não são usados todo o tempo. Para este último caso, há maneiras de considerar os tempos de não uso do protetor. Para os outros desvios há fatores de correção que são recomendados pelo NIOSH, e que diferem de acordo com o tipo de protetor: - 25% de desconto para protetores circum-auriculares - 50% de desconto para os protetores de inserção de espuma de expansão lenta - 70% de desconto para os protetores de inserção pré-moldados (polímeros de forma fixa). Estes descontos devem ser aplicados ao NRR nominal (de fábrica) antes de serem usados na equação básica do método nº2. 2.6.4. USO DO DBA AO INVÉS DO DBC Tudo o que foi falado até agora, e parte dos valores ambientais do ruído em dBC, fazem parte do método do NRR. Mas devido à "sonora" pressão, bastante compreensível, de técnicos da área para o uso do dBA ambiental (que todos já possuem - é o nível médio das dosimetrias), foi desenvolvida uma alternativa com o uso do dBA ambiental. Note-se que no método básico, é a diferença C-A (valor dBC - dBA) "representa"o ruído. Sem o dBC, perde-se o indicador e para isso, admite-se que se vai enfrentar um ruído muito desfavorável, o que quer dizer, com grande conteúdo de baixas frequências. O NIOSH admitiu uma diferença C - A = 7, para representar esse ruído. Na fórmula básica, no lugar do dBC teríamos dBA + 7, ou, alternativamente, o NRR seria descontado em 7. Por isso, ao usarmos diretamente o dBA ambiental é preciso fazer uma subtração de 7 no NRR. Se chamarmos esse NRR para uso do dBA de NRRa, então: NRRa = NRR - 7 Feito isto, o restante das considerações, descontos e fórmulas vistas ficam válidos, mas, pelo conceito da correção (ela se aplicaria ao dBA, "levando-o" a um dBC de pior caso), observe que é necessário ANTES corrigir o NRR e depois aplicar o ( -7). Para Pensar: Por que C-A é um indicador do espectro do ruído? Podemos identificar a frequência de um tom puro, com as leituras A e C? Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo de 2021. 39 2.6.5. O NRRSF O que temos falado até agora diz respeito ao NRR que chamaremos de "tradicional". Isto, para se contrapor ao NRRsf, que é uma proposta relativamente nova, mas já posta em prática inclusive no país. Vários fabricantes já possuem seus protetores ensaiados para esse fim, e sabem quais são os NRRsf dos mesmos. Nós vimos que devem ser feitos descontos nas atenuações dos NRR "tradicionais", devido às grandes diferenças de performance entre o laboratório e o campo. Ora, os pesquisadores verificaram que, se os ensaios de laboratórios fossem feitos com sujeitos "ingênuos" quanto à proteção auditiva, que apenas leriam as instruções das embalagens, colocando então os protetores para fazer o teste, então os dados obtidos se aproximariam do desempenho (real) de campo. Trata-se da Norma ANSI S 12. 6 / 97 B. O NRRsf é calculado a partir desses dados de atenuação, com algumas peculiaridades, quais sejam: o nível de proteção estatístico para as variações da linha de produção do protetor é de 84% (contra 98% no método tradicional) e subtrai -se diretamente do dBA, com correção de 5 ao invés de 7, já embutida no número. Estas duas diferenças entre o NRR e o NRRsf tornam este último efetivamente menos protetor no sentido estatístico, tanto em termos dos protetores produzidos (variabilidade do produto) como em termos dos espectros de ruído que se venha enfrentar (a correção de 5, ao invés de 7, é benévola quanto ao ruído de baixa frequência a ser enfrentado ao se utilizar apenas o dBA). Portanto: dBA - NRRsf = dBA (ouvido) Não é necessário fazer nenhuma outra correção, com exceção da devida ao tempo de uso real. 2.6.6. CÁLCULO DE ATENUAÇÃO AO RUÍDO Há então 3 métodos apresentados para cálculo de atenuação, com variantes: NRR tradicional, a partir do dBC ambiental, em Lavg; - variante : dBC máximo da jornada no lugar do Lavg (C); NRR tradicional, ajustado para uso do dBA ambiental (NRRa = NRR - 7), sendo o dBA usualmente o Lavg(A); - variante : dBA máximo da jornada; NRRsf , obrigatoriamente a partir do dBA ambiental (seja Lavg(A) ou máximo dBA da jornada). Todos os casos, exceto o último, devem sofrer correções “campo -laboratório”, conforme já mencionado. “Todos os casos devem ter correção para tempo real de uso, se o protetor não for utilizado 100% do tempo.” Não foi abordado aqui o método "longo", ou de análise espectral, ou o chamado método NIOSH n°. 1. Todos os 4 métodos (longo, NRR, NRRa, NRRsf) são utilizáveis para fins previdenciários, como descrito na IN 78 do INSS. Capítulo 2. Avaliação e Controle da Exposição Ocupacional ao Ruído eHO – 102 Agentes Físicos I / 1 o ciclo
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