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Os diversos tipos de alelo s dos genes afetam os fenó tipos de maneiras diferent es. Os experimentos de Mendel estabeleceram que os genes podem existir em formas a lternativas. Para cada um dos sete traços que estudo u, Mendel identificou dois alelos, um dominante e ou tro recessivo. Essa descob erta sugeriu uma dicotomia funcional simples entre a lelos, como se um alelo fo sse inativo e o outro, o ú nico responsável pelo fenó tipo. No entanto, pesquisa s do início do século 20 m ostraram que essa é uma si mplificação excessiva. Os genes podem existir em mai s de dois estados alélicos , e cada alelo pode ter um efeito diferente no fenót ipo. Um alelo é dominante se ti ver o mesmo efeito fenotíp ico em heterozigotos e hom ozigotos – isso é, os genó tipos Aa e AA produzem fen ótipos iguais. Às vezes, p orém, o heterozigoto tem f enótipo diferente dos dois homozigotos associados a ele. A cor da flor boca- de- leão, Antirrhinum majus, é um exemplo. As variedades branca e vermelha são hom ozigotas para diferentes a lelos de um gene determina nte da cor; quando cruzada s, produzem heterozigotos com flores cor-de- rosa. Portanto, diz- se que o alelo para a cor vermelha (W) tem dominânci a incompleta, ou parcial, em relação ao alelo para c or branca (w). A explicaçã o mais provável é que a in tensidade da pigmentação n essa espécie depende da qu antidade de um produto esp ecificado pelo gene da cor . Herança Mendeliana Variação alélica e função gênica Se o alelo W especifica es se produto e o alelo w não , homozigotos WW terão o d obro do produto em relação a heterozigotos Ww e, por tanto, cor mais intensa. Q uando o fenótipo do hetero zigoto é intermediário ent re os fenótipos dos dois h omozigotos, como aqui, às vezes se diz que o alelo p arcialmente dominante é se midominante. Outra exceção ao princípio da dominância da dominânc ia simples surge quando um heterozigoto tem caracter ísticas observadas nos doi s homozigotos associados. Isso ocorre com os tipos s anguíneos humanos, identif icados por testes de pesqu isa de produtos celulares especiais chamados antígen os. Um antígeno é detectad o pela capacidade de reagi r com fatores obtidos do s oro sanguíneo. Esses fator es, produzidos pelo sistem a imune, reconhecem antíge nos específicos. Assim, po r exemplo, o soro anti- M reconhece apenas o antíg eno M em células sanguínea s humanas; o soro anti- N reconhece apenas o antíg eno N nessas células. Quando um desses soros det ecta seu antígeno específi co no teste de tipagem san guínea, as células aglomer am- se em uma reação chamada a glutinação. Assim, a análi se de aglutinação das célu las com diferentes soros p ossibilita ao profissional da área médica identifica r os antígenos presentes e , portanto, o tipo sanguín eo. A capacidade de produzir o s antígenos M e N é determ inada por um gene com dois alelos. Um alelo determin a a produção do antígeno M e o outro, do antígeno N. Homozigotos para o alelo M produzem apenas o antíge no M e homozigotos para o alelo N, apenas o antígeno N. No entanto, heterozigo tos para esses dois alelos produzem os dois tipos de antígenos. Como os dois a lelos parecem contribuir d e maneira independente par a o fenótipo dos heterozig otos, diz- se que são codominantes. A codominância implica inde pendência de função do ale lo. Nenhum alelo é dominan te, nem mesmo parcialmente dominante, em relação ao outro. Portanto, seria imp róprio distinguir os alelo s por letras maiúscula e m inúscula, como fizemos nos exemplos anteriores. Em v ez disso, os alelos codomi nantes são representados p or sobrescritos no símbolo do gene, nesse caso a let ra L – Assim, o alelo M é LM e o alelo N é Ln( eleva do). O conceito mendeliano de q ue só existem dois estados alélicos dos genes teve d e ser modificado quando se descobriram genes com trê s, quatro ou mais alelos. Um exemplo clássico de um gene com alelos múltiplos é o que controla a cor da pelagem em coelhos. O gene determinante da cor , designado pela letra c m inúscula, tem quatro alelo s, três deles indicados po r sobrescrito: c (albino) ch (himalaio) cch (chinchi la) e c+ (tipo selvagem). Na condição homozigota cad a alelo tem um efeito cara cterístico sobre a cor da pelagem. Como a maioria do s coelhos em populações se lvagens é homozigota para o alelo c+, ele é denomina do tipo selvagem. Os outros alelos do gene c são mutantes – formas alt eradas do alelo selvagem q ue certamente surgiram em algum momento durante a ev olução do coelho. Os alelo s himalaia e chinchila são indicados por sobescritos , mas o alelo albino é ind icado apenas pela letra c . Em nomenclatura genética : normalmente os genes rec ebem o nome de um alelo mu tante, em geral do alelo a ssociado ao fenótipo mais anormal. No entanto, ás vezes um al elo mutante é dominante, c aso em que o gene é denomi nado de acordo com o fenót ipo associado. Por exemplo , um gene em camundongos d etermina o comprimento da cauda. O primeiro alelo mu tante desse gene a ser des coberto causava o encurtam ento da cauda em heterozig otos. Assim, esse mutante dominante foi simbolizado por T . Todos os outros al elos desse gene – e existe m muitos – foram designado s por uma letra maiúscula ou minúscula, quando domin antes ou recessivos; os al elos diferentes são distin guidos por sobescritos. Outro exemplo de alelos mú ltiplos vem do estudo dos tipos sanguíneos humanos. Os tipos A,B, AB e O, como os tipos M, N e MN já dis cutidos, são identificados pelo teste de uma amostra de sangue com diferentes soros. Um soro detecta o a ntígeno A e outro, o antíg eno B. Quando as células t êm apenas o antígeno A, o sangue é tipo A; quando tê m apenas o antígeno B, o s angue é tipo B. Quando os dois antígenos estão prese ntes, o sangue é tipo AB, e quando não há antígeno, é tipo O. A tipagem em rel ação aos antígenos A e B é totalmente independente d a tipagem em relação aos a ntígenos M e N . O gene responsável pela pr odução dos antígenos A e B é designado pela letra I. Ele tem três alelos: Ia,I B, e i. O alelo Ia especif ica a produção do antígeno A e o alelo IB, a produçã o do antígeno B. No entant o, o alelo i não especific a antígeno. Entre os seis genótipos possíveis, há qu atro fenótipos – os tipos sanguíneos A,B, AB e O. Ne sse sistema, os alelos Ia e IB são codominantes, poi s ambos são expressos igua lmente nos heterozigotos I a IB, e o alelo i é recess ivo em relação os dois ale los, Ia e IB. Os três alel os são encontrados em freq uências consideráveis nas populações humanas; assim, diz- se que o gene I é polimórf ico, termo derivado do gre go que significa “que tem muitas formas”. É possível estudar as rela ções funcionais entre os m embros de uma série de ale los múltiplos fazendo comb inações de heterozigotos p or cruzamentos entre homoz igotos. Por exemplo, os qu atro alelos do gene c em c oelhos podem ser combinado s entre si para produzir s eis tipos diferentes de he terozigotos: ch,c,cch,c,c+ ,c,cch,ch,c+,ch e c+, cch. Esses heterozigotos torna m possível estudar as rela ções de dominância entre a lelos. O alelo selvagem é totalmente dominante em re lação a todos os outros al elos na série; o alelo chi nchila é parcialmente domi nante em relação aos alelo s himalaia e albino, e o a lelo himalaia é totalmente dominante em relação ao a lelo albino. Essas relaçõe s de dominância são resumi das como c+ > cch > ch > c . A hierarquia de dominância acompanha os efeitos dos alelos sobre a cor da pela gem. Uma explicação plausí vel é que o gene c control a uma etapa na formação do pigmento preto na pelagem . O alelo tipo selvagem é totalmente ativo nesse processo,produzindo pelos coloridos em todo o corpo . Os alelos chinchila e hi malaia têm atividade apena s parcial, produzindo algu ns pelos coloridos, e o al elo albino é totalmente in ativo. Alelos inativos são chamados nulos ou amórfic os (do grego, “sem forma”) ; quase sempre são totalme nte recessivos. Alelos parcialmente ativos são chamados hipomórficos (do grego “abaixo da forma”); são recessivos em relação a alelos mais ativos, entre eles (geralmente) o alelo selvagem. Um alelo mutante é criado quando um alelo existente passa a um novo estado gen ético – processo denominad o mutação. Esse processo s empre implica uma alteraçã o da composição física do gene e, às vezes, produz u m alelo que tem efeito fen otípico detectável. No entanto, nem sempre é p ossível atribuir uma nova mutação a um gene com base em seu efeito fenotípico. Em coelhos, por exemplo, vários genes determinam a cor da pelagem, e a mutaçã o de qualquer um deles pod eria reduzir, alterar ou e xtinguir a pigmentação dos pelos. Assim, se uma nova cor de pelagem surgir em uma população de coelhos, não se notará imediatament e qual é o gene mutante. Pode- se usar um teste simples p ara verificar a identidade alélica de uma nova mutaç ão, desde que seja recessi va. O procedimento requer cruzamentos para combinar a nova mutação recessiva c om mutações recessivas de genes conhecidos. Se a prole híbrida tiver f enótipo mutante, a nova mu tação e a mutação testador a são alelos do mesmo gene . Se a prole híbrida tiver fenótipo selvagem, a nova mutação e a mutação testa dora não são alelos do mes mo gene. Esse teste baseia - se no princípio de que as mutações do mesmo gene com prometem a mesma função ge nética. Se essas duas mutações forem combinadas, o organismo será anormal para essa função e terá fenótipo mutante, ainda que as duas mutações tenham origem independente. É importante lembrar que esse teste só se aplica a mutações recessivas. Não é possível testar as mutações dominantes dessa maneira porque elas exercem efeitos mesmo que haja uma cópia selvagem do gene. Os genes são identificados por mutações que alteram o fenótipo de modo visível . A enorme variação entre os efeitos de mutações ind ividuais sugere que cada o rganismo tem muitos tipos diferentes de genes e que cada um deles pode sofrer mutações de diferentes man eiras. As mutações que alteram al gum aspecto da morfologia, como a textura ou a cor d as sementes, são denominad as mutações visíveis. A ma ioria das mutações visívei s é recessiva, mas um pequ eno número delas é dominan te. As mutações que limitam a reprodução são denominadas mutações estéreis. Alguma s mutações estéreis afetam ambos os sexos, mas a mai oria afeta o sexo feminino ou o masculino. As mutações que interferem nas funções vitais são de nominadas mutações letais. O efeito fenotípico é a m orte. As mutações letais d ominantes que atuam no iní cio da vida são perdidas u ma geração depois que ocorrem, porque os portado res morrem; no entanto, as mutações letais dominante s que atuam mais tarde, ap ós a reprodução, podem ser transmitidas para a próxi ma geração. As mutações le tais recessivas podem pers istir durante muito tempo em uma população, porque p odem ser ocultas na condiç ão heterozigota por um ale lo selvagem. As mutações l etais recessivas são detec tadas por observação de ra zões incomuns de segregaçã o na prole de portadores h eterozigotos. Um exemplo é a mutação yellow- lethal (letal- amarela), Ay, no camundong o. Essa mutação é dominant e e visível, produzindo pe lagem amarela em vez de ci nza- acastanhada. Além disso, a mutação Ay é letal recess iva, que mata homozigotos Ay Ay no início do desenvo lvimento. Um cruzamento en tre heterozigotos (Ay A+) e cinza- acastanhada (A+ A+),na raz ão de 2:1. Os homozigotos Ay Ay morrem durante o des envolvimento embrionário. A ampla variação revelada pelas mutações indica que os organismos contêm muito s genes diferentes e que e sses genes podem existir e m múltiplos estados alélic os. No entanto, isso não n os mostra como os genes re almente afetam o fenótipo. Hoje em dia, porém, está claro que a maioria dos ge nes especifica um produto que, em seguida, afeta o f enótipo. Polipeptídios são macromol éculas constituídas de uma cadeia linear de aminoáci dos. Todo organismo produz milhares de polipeptídios diferentes, cada um deles caracterizado por uma sequência específica de aminoácidos. Esses polipeptídios são os constituintes fundamentais das proteínas. Dois ou mais polipeptídios podem se combinar para formar uma proteína. Algumas proteínas, chamadas enzimas, atuam como catalisadores em reações bioquímicas; outras formam os componentes estr uturais das células; e ain da outras são responsáveis pelo transporte de substâ ncias dentro das células e entre elas. Beadle e Tatu m propuseram que cada gene é responsável pela síntes e de determinado polipeptí dio. Quando um gene sofre mutação, o produto polipep tídico não é produzido ou é alterado de tal maneira que seu papel no organismo s é modificado. As mutaçõe s que eliminam ou alteram um polipeptídio geralmente estão associadas a um efe ito fenotípico. O caráter dominante ou recessivo des se efeito depende da natur eza da mutação. As mutações dominantes têm efeitos fenotípicos em he terozigotos e em homozigot os, enquanto as mutações r ecessivas têm esses efeito s apenas em homozigotos. O que explica essa diferenç a surpreendente na express ão? Mutações recessivas freque ntemente implicam a perda de função de um gene, ou s eja, o gene não especifica mais um polipeptídio ou e specifica um polipeptídio inativo ou hipoativo. Port anto, as mutações recessiv as típicas são alelos com perda função. Esses alelos têm efeito mínimo ou não têm efeito discernível na condição heterozigota com um alelo selvagem, porque o alelo selvagem especific a um polipeptídio ativo qu e realizará seu papel norm al no organismo. Portanto, o fenótipo de um heterozi goto mutante/selvagem será igual, ou praticamente ig ual, ao de um homozigoto d o tipo selvagem. Algumas mutações recessiva s causam perda parcial da função do gene. Por exempl o, o alelo himalaia do gen e da cor da pelagem em mam íferos como coelhos e gato s especifica um polipeptíd io ativo apenas nas partes do corpo em que a tempera tura é menor. Essa perda d e função parcial explica p or que animais homozigotos para o alelo himalaia têm pelos pigmentados nas ext remidades do corpo – cauda , patas, orelhas e ponta d o nariz - , mas não no restante do c orpo. O polipeptídio espec ificado por esse alelo é a tivo nas extremidades, mas não no restante do corpo. Portanto, a expressão do alelo himalaia é termossen sível. Algumas mutações dominante s também podem implicar pe rda de função do gene. Se o fenótipo controlado por um gene for sensível à qua ntidade de produto do gene , a mutação com perda de f unção pode provocar um fen ótipo mutante em condição heterozigota com um alelo selvagem. Nesses casos, o próprio alelo selvagem não é capaz de garantir produ to gênico suficiente para assegurar a atividade plen a normal. Na verdade, a mu tação com perda de função reduz o nível de produto g ênico abaixo do nível nece ssário para o fenótipo sel vagem. Outras mutações dominantes realmente interferem na f unção do alelo selvagem po r especificação de polipep tídios que inibem, antagon izam ou limitam a atividad e do polipeptídio de tipo selvagem. Essas mutações s ão denominadas mutações ne gativas dominantes. Alguma s mutações dominantes caus am um fenótipo mutante na condição heterozigota com um alelo selvagem porquep romovem a função do produt o gênico. A função estimul ada pode surgir porque a m utação especifica um novo polipeptídio ou porque lev a à produção do polipeptíd io de tipo selvagem onde o u quando não deveria ocorr er. As mutações dominantes desse tipo são denominada s mutações com ganho de fu nção. Há que se notar que nem to dos os genes produzem poli peptídios, como indicou o trabalho de Beadle e Tatum . Pesquisas modernas ident ificaram muitos genes cujo s produtos finais são molé culas de RNA em vez de pol ipeptídios. Os fenótipos dependem tant o de fatores ambientais qu anto genéticos. Os genes não têm ação isol ada. Na verdade, eles atua m no contexto de um ambien te e em conjunto com outro s genes, determinado gene pode influenciar muitas ca racterísticas diferentes. Um gene tem de funcionar n o contexto de um ambiente biológico e físico. É mais fácil estudar os fatores no ambiente físico, pois d eterminados genótipos pode m ser criados no laboratór io em condições controlada s, permitindo a avaliação dos efeitos de temperatura , luminosidade, nutrição e umidade. Um exemplo é a mutação em Drosophila conhecida como shibire. A 25°C, a mutação é viável, mas a 29°C é le tal. Uma explicação plausí vel é que, a 25°C, o gene mutante produz uma proteín a com atividade parcial, m as, a 29°C, essa proteína é totalmente inativa. Ação gênica | Do genótipo ao fenótipo As pesquisas genéticas hum anas oferecem um exemplo d a influência do ambiente f ísico no fenótipo. A fenil cetonúria (PKU) é um distú rbio recessivo do metaboli smo dos aminoácidos. Lacte ntes homozigotos para o al elo mutante acumulam no en céfalo substâncias tóxicas que podem afetar o desenv olvimento encefálico e ass im comprometer a capacidad e mental. As característic as prejudiciais da PKU est ão relacionadas com um ami noácido específico, a feni lalanina, ingerida na alim entação. Embora não seja t óxica, a fenilalanina é me tabolizada em outras subst âncias tóxicas. Lactentes com PKU alimentados com di eta normal ingerem fenilal anina suficiente para prov ocar as manifestações mais graves da doença. No enta nto, lactentes que seguem dietas com restrição de fe nilalanina geralmente cres cem sem comprometimento mental grave. Como a PKU pode ser diagnosticada em recém-nascidos, é possível reduzir seu impacto clínico se for instituída dieta co m restrição de fenilalanin a para lactentes homozigot os para PKU logo depois do nascimento. Esse exemplo ilustra como se pode manip ular um fator ambiental – a dieta – para modificar u m fenótipo que, não fosse isso, provocaria uma tragé dia pessoal. O ambiente biológico també m pode influenciar a expre ssão fenotípica dos genes. A calvície em seres human os é um exemplo bem – conh ecido. Nesse caso, o fator biológico relevante é o s exo. A calvície prematura é causada por um alelo com expressão diferente nos d ois sexos. Tanto os homens homozigotos têm tendência a calvície, que geralment e é limitada a uma rarefaç ão geral dos fios. A expre ssão desse alelo provavelm ente é desencadeada pelo h ormônio masculino testoste rona. As mulheres produzem quantidade muito menor de sse hormônio e , portanto, raramente correm risco de desenvolver áreas calvas. A natureza da calvície in fluenciada pelo sexo mostr a que fatores biológicos p odem controlar a expressão dos genes. Quando os indivíduos não a presentam uma característi ca embora tenham o genótip o apropriado, diz- se que o traço tem penetrâ ncia incompleta. Um exempl o de penetrância incomplet a em seres humanos é a pol idactilia – a presença de dedos extranuméricos nas m ãos e nos pés. Esse distúr bio é causado por uma muta ção dominante, P , que se manifesta em alguns de seu s portadores. No heredograma, o indivídu o III- 2 é obrigatoriamente um po rtador embora não tenha de dos extranuméricos. A expl icação é que sua mãe e trê s de seus filhos têm polid actilia – uma indicação da transmissão da mutação po r meio de III- 2. A penetrância incomplet a pode ser um problema gra ve na análise do heredogra ma, pois pode levar à atri buição errada dos genótipo s. O termo expressividade é u sado quando a manifestação de uma característica não é uniforme entre os indiv íduos que o apresentam. A penetrância incompleta e a expressividade variável indicam que a via entre u m genótipo e seus fenótipo s está sujeita a considerá vel modulação. Os genetici stas sabem que parte dessa modulação deve- se a fatores ambientais, m as parte também se deve a fatores genéticos. A compr ovação definitiva desses f atores vem dos experimento s de reprodução que mostra m que dois genes ou mais p odem afetar determinada ca racterística. Não só é verdade que um fe nótipo pode ser influencia do por muitos genes, como também que um gene pode in fluenciar muitos fenótipos . Quando um gene influenci a muitos aspectos do fenót ipo, diz- se que é pleiotrópico, ter mo derivado do grego que s ignifica “dar muitas volta s”. O gene da fenilcetoúri a em seres humanos é um ex emplo. O efeito primário d e mutações recessivas ness e gene é causar o acúmulo de substâncias tóxicas no encéfalo, com comprometime nto mental. No entanto, es sas mutações também interf erem na síntese do pigment o melanina, clareando os p elos; portanto, indivíduos com PKU geralmente têm ca belo castanho – claro ou l oiro. Os exames bioquímico s mostram ainda que o sang ue a urina de pacientes co m PKU contêm substâncias r aras ou ausentes em indiví duos normais. Essa série d e efeitos fenotípicos é tí pica da maioria dos genes e consequência de intercon exões entre as vias bioquí micas e celulares que eles controlam. Diferentes mecanismos comp ensam a desigualdade de do se dos genes ligados ao X em animais dos sexos mascu lino e feminino. O desenvolvimento animal g eralmente é sensível ao de sequilíbrio do número de g enes. Normalmente, cada ge ne está presente em duas c ópias. Variações dessas co ndições, para mais ou para menos, podem causar fenót ipos anormais e, às vezes , até a morte. Portanto, é surpreendente que tantas Compensação de dose de genes ligados ao X espécies tenham um sistema de determinação do sexo b aseado em fêmeas com dois cromossomos X e machos com apenas um. Como a diferen ça numérica de genes ligad os ao X é conciliada nessa s espécies ? A priori, trê s mecanismos podem compens ar essa diferença: 1.Cada gene ligado ao X te ria atividade duplicada no s machos; 2.Uma cópia de cada gene l igado ao X seria inativada nas fêmeas; 3. Cada gene ligado ao X t eria metade da atividade n as fêmeas. Amplas pesquisas mostraram que os três mecanismos sã o usados, o primeiro em Dr osophila, o segundo em mam íferos e o terceiro no nem atódeo Caenorhabditis eleg ans. Em Drosophila, a compensaç ão de dose de genes ligado s ao X ocorre por aumento da atividade desses genes em machos. Esse fenômenos, denominado hiperativação, conta com a participação de um complexo de diferent es proteínas que se liga a muitos sítios no cromosso mo X dos machos e estimula a duplicação da atividade gênica. Na ausência de li gação desse complexo prote ico, como ocorre nas fêmea s, não há hiperativação do s genes ligados ao X. Dess a maneira, a atividade tot al do gene ligado ao X em machos e fêmeas é quase ig ual. Em mamíferos placentários, a compensação de dose de genes ligados ao X ocorre por inativação de um dos c romossomos X da fêmea. Ess e mecanismo foi proposto p ela primeira vez em 1961 p ela geneticista britânica Mary Lyon, que o deduziu a partir de estudos em camu ndongos. Pesquisas subsequ entes de Lyon e de outros cientistasmostraram que o processo de inativação oc orre quando o embrião de c amundongo tem alguns milha res de células. Nessa ocas ião cada célula toma uma d ecisão independente de sil enciar um de seus cromosso mos X. O cromossomo a ser inativado é escolhido ao a caso; uma vez escolhido, p orém, permanece inativo em todas as células descende ntes dessa célula. Assim, as fêmeas de mamíferos são mosaicos genéticos conten do dois tipos de linhagens celulares; em cerca de me tade dessas células é inat ivado o cromossomo X herda do da mãe , e na outra met ade é inativado o X herdad o do pai. Portanto, uma fê mea heterozigota para um g ene ligado ao X pode ter d ois fenótipos. Um dos melh ores exemplos desse mosaic ismo fenotípico provém do estudo da cor da pelagem e m gatos e camundongos. Nes sas duas espécies, o cromo ssomo X tem um gene para p igmentação da pelagem, As fêmeas heterozigotas para diferentes alelos desse ge ne têm áreas claras e escu ras na pelagem. As áreas c laras expressam um alelo e as áreas escuras, o outro . Em gatos, nos quais um alelo produz pigmento pret o e o outro, pigmento lara nja, esse fenótipo malhado é chamado de tartaruga. C ada área colorida da pelag em define um clone de célu las produtoras de pigmento , ou melanócitos, derivadas por mitose de um a célula precursora existe nte por ocasião da inativa ção do cromossomo X. Um cromossomo X inativado não se parece com outros c romossomos nem atua como e les. Análises químicas mos tram que seu DNA é modific ado pelo acréscimo de muit os grupos metila. Além dis so, condensa- se em uma estrutura de col oração escura, denominada corpúsculo de Barr. Essa estrutura está fixada à superfície interna da m embrana nuclear, na qual s e replica fora de sincroni a com os outros cromossomo s na célula. O cromossomo X inativado continua em se u estado alterado em todos os tecidos somáticos. No entanto, é reativado nos t ecidos germinativos, talve z porque sejam necessárias duas cópias de alguns gen es ligados ao X para a con clusão bem – sucedida da o vocitogênese. Estudos citológicos identi ficaram seres humanos com mais de dois cromossomos X . Na maioria das vezes, es sas pessoas têm fenótipo f eminino normal, aparenteme nte porque todos os cromos somos X, exceto um, são in ativados. Algumas vezes, t odos os cromossomos X inat ivados condensam- se em um único corpúsculo de Barr. Essas observações sugerem que as células po dem ter quantidade limitad a de algum fator necessári o para evitar a inativação do cromossomo X. Depois q ue esse fator é usado para manter um cromossomo X at ivo, todos os outros sucum bem docilmente ao processo de inativação.