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MARKETING GOVERNAMENTAL PROF. ME. GALILEU LIMONTA MAIA Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-Reitoria Acadêmica Maria Albertina Ferreira do Nascimento Diretoria EAD: Prof.a Dra. Gisele Caroline Novakowski PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Fernando Sachetti Bomfim Marta Yumi Ando Produção Audiovisual: Adriano Vieira Marques Márcio Alexandre Júnior Lara Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Aliana de Araújo Camolez © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande responsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conhecimento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivência no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mercado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................................4 1. A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MARKETING .......................................................................................................5 2. ENTENDENDO AS DIFERENÇAS ENTRE NECESSIDADES E DESEJOS ...............................................................8 3. O MICROAMBIENTE DE MARKETING ....................................................................................................................9 4. O MACROAMBIENTE DE MARKETING.................................................................................................................. 12 5. SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO ................................................................................................................. 14 6. MUDANÇAS NO CENÁRIO DE MARKETING ......................................................................................................... 17 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................... 19 FUNDAMENTOS DE MARKETING PROF. ME. GALILEU LIMONTA MAIA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: MARKETING GOVERNAMENTAL 4WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO Nosso estudo parte da evolução do conceito de marketing, ainda em um momento quando havia pouca possibilidade de escolha por parte dos consumidores, e o preço era o principal diferencial competitivo. Após, chegaremos ao conceito de marketing societal, o qual prega que, além de se entenderem as necessidades e desejos do mercado-alvo e de se fazerem ofertas diferenciadas em relação à concorrência, é necessário ter preocupação socioambiental. Apresentaremos, também, a diferenciação entre necessidades e desejos vez que aquelas não podem ser criadas pelos profissionais de marketing, podendo, no máximo, ser despertadas por estarem em estado latente no indivíduo; logo, serão apresentados os fatores internos e externos que podem despertar tais necessidades. Por outro lado, os desejos são as formas pelas quais as necessidades podem ser atendidas, sendo moldados de acordo com a personalidade de cada indivíduo e também pela sociedade. É nesse campo que o profissional de marketing atua. Em seguida, apresentaremos os ambientes que envolvem a empresa e interferem, direta ou indiretamente, no dia a dia da organização. Constituem-se do microambiente (que são forças mais próximas da empresa e que podem sofrer alguma interferência da organização) e do macroambiente (que são forças mais distantes, sobre as quais a organização exerce pouca ou nenhuma influência). É fundamental que esses ambientes sejam monitorados, detectando-se possíveis problemas e oportunidades, sendo tal monitoramento fundamental para a elaboração do planejamento estratégico de marketing. Ademais, são apresentados os conceitos de segmentação de mercado e posicionamento. Sabe-se que o poder público deve tratar todos os seus cidadãos de forma igualitária, estabelecer estratégias diferenciadas de atendimento de acordo com grupos de cidadãos, ajudar o gestor público a ser mais assertivo em suas ações voltadas à comunidade e, consequentemente, a ser mais bem avaliado pelo seu eleitorado. Em seguida, apresentar-se-ão algumas mudanças que estão ocorrendo no cenário mercadológico (principalmente, quanto à tecnologia e sociedade) com o intuito de alertar o leitor aos possíveis impactos que tais mudanças podem provocar no planejamento de marketing. Ao final do estudo, devemos compreender que marketing e propaganda não são sinônimos. A propaganda é um dos instrumentos de marketing, sendo o conceito mercadológico algo mais abrangente, em que se buscam conhecer as necessidades e desejos dos clientes/ cidadãos, atendendo-os de forma mais eficiente que os concorrentes, sempre com a perspectiva socioambiental. O leitor deve também entender a necessidade de monitoramento dos ambientes que cercam as organizações, identificar grupos de clientes para que se possam estabelecer estratégias específicas para cada segmento, buscando atingir melhores resultados. Por fim, o leitor deve estar ciente de que mudanças ocorrerão e de forma cada vez mais rápida, cabendo ao gestor de marketing antecipar esses acontecimentos. 5WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. A EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE MARKETING Não se sabe ao certo quando surge a filosofia mercadológica, pois há mais de 3.000 anos foram encontrados escritos no Egito, que, de alguma forma, demonstravam que seu autor já se preocupava em entender as necessidades de seus clientes e oferecer-lhes produtos de qualidade de acordo com suas expectativas. Em um anúncio, no qual o tecelão anunciava que perdera seu escravo e oferecia recompensa financeira pela sua volta, informava também que, na sua loja, tecia-se a melhor roupa em conformidade com a vontade do cliente. No intuito de auxiliar o entendimento da evolução do conceito de marketing, Kotler e Armstrong (2015) apresentam cinco etapas, quais sejam: orientação para produção; produto; vendas; marketing; e marketing societal. Segundo a orientação para produção, as organizações devem focar na produção, buscando redução de custos e eficiência da distribuição. Essa filosofia foi empregada por Henry Ford ao criar a linha de produção: ele conseguiu reduzir os custos de produção, barateando seus produtos em relação à concorrência e possibilitando que mais consumidores tivessem acesso a eles. Atribui-se a Ford a frase “o cliente pode ter o carro que quiser desde que seja preto”, ficando claro que, naquele momento, a vantagem competitiva de Ford era o preço mais baixo perante a concorrência. Velho et al. (2018) afirmam que tal filosofia ainda é empregada com sucesso em países em desenvolvimento e citam a China como exemplo. No entanto, com o crescimento e evolução dos mercados, surgem consumidores mais exigentes quanto à variedade e qualidade de produtos.Nesse momento, ainda segundo Kotler e Armstrong (2015), surge a filosofia de produto, segundo a qual “[...] os consumidores dão preferência a produtos que apresentam mais qualidade, desempenho e características inovadoras” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 12). Vale ressaltar que as organizações que praticam tal filosofia devem atentar-se para não focarem demasiadamente em seus produtos. Como exemplo, cite-se a empresa italiana Olivetti, que fabricou máquinas de escrever no Brasil até 1996. Ocorre que, ao invés de desejarem a melhor máquina de escrever do planeta, os compradores passaram a se interessar pelos novos computadores e impressoras que surgiam, ficando claro que apenas o aprimoramento dos produtos não garante o sucesso da organização a longo prazo. A terceira filosofia, a da orientação para as vendas, afirma que os consumidores estão interessados em promoções. Empresas que praticam essa filosofia injetam produtos no mercado sem a devida preocupação em investigar se realmente são atrativos aos clientes. Segundo Kotler e Armstrong (2015), essas empresas supõem que “[...] os clientes que são convencidos a comprar o produto gostarão dele – e, se não gostarem, provavelmente esquecerão seu desapontamento e o comprarão novamente” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 13). Isso é um engano visto que, além de o cliente insatisfeito deixar de comprar, ele compartilha sua insatisfação com familiares e amigos. Outros até utilizam sites de reclamação ou manifestam seu descontentamento pelas mídias sociais. Chegamos à quarta filosofia, que, segundo os autores, trata da orientação de marketing. Kotler e Armstrong (2003) explicam que “[...] o alcance das metas organizacionais depende da determinação das necessidades e dos desejos dos mercados-alvo e da entrega da satisfação desejada com mais eficiência que os concorrentes” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 13). 6WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Para os autores, a orientação de marketing é confundida em alguns momentos com a orientação para vendas. A Figura 1 apresenta a comparação entre as duas. Na orientação para vendas, a perspectiva é de dentro para fora, ou seja, a empresa produz e, por meio de grande esforço de vendas e promoções, espera que o consumidor adquira a quantidade suficiente de produtos e que isso traga resultados financeiros positivos. O foco não é o consumidor, não havendo a preocupação de se gerar relacionamento duradouro com os clientes. A orientação de marketing trabalha em uma perspectiva inversa, ou seja, de fora para dentro, ouvindo o cliente para entender suas reais necessidades. Em muitos momentos, o próprio cliente não sabe o que quer, mas fornece pistas à empresa, à qual cabe interpretar esses sinais e transformá-los em produtos/serviços atrativos ao mercado-alvo. Outra preocupação da orientação de marketing é gerar relacionamentos duradouros com os clientes. Vender pela primeira vez é uma tarefa difícil, mas vender pela segunda vez é muito mais, pois o cliente já teve uma experiência de compra com a empresa e, se a experiência foi negativa, provavelmente não haverá uma segunda compra. Figura 1 - Comparação entre orientação de vendas e marketing Fonte: Kotler e Armstrong (2003). Transpondo-se a discussão para o setor público, imagine quanto vale um cliente para a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (Correios). Pensemos no caso de um cliente que, toda semana, usa os serviços de entrega dos Correios para pequenas mercadorias. Suponhamos que esse cliente gasta R$ 50,00 por semana. Tendo o ano por volta de 52 semanas, o cliente deixaria nos cofres dos Correios, anualmente, a quantia de R$ 2.600,00. Em dez anos, seriam R$ 26.000,00, sem levar em conta as indicações da empresa que esse cliente pode fazer a amigos e familiares (o que também faria com que os Correios economizassem em propaganda) e sem levar em conta que esse cliente pode comprar outros serviços na mesma empresa. 7WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os autores apresentam, ainda, uma quinta etapa, a orientação de marketing societal. Para Kotler e Armstrong (2015), “[...] a organização deve determinar as necessidades, os desejos e os interesses do mercado-alvo e então entregar valor superior aos clientes, de maneira que o bem-estar do consumidor e da sociedade seja mantido e melhorado” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 14). Essa filosofia requer que as instituições considerem três elementos na elaboração de políticas de mercado: lucro empresarial, desejo dos clientes e interesse da sociedade. A empresa Natura, fundada em 1969, é uma das maiores empresas brasileiras no setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos no segmento de venda direta, atuando também em toda a América Latina e na Europa. Conta com mais de 1,7 milhão de consultoras e consultores, que levam os produtos aos clientes. Sua filosofia é ajudar a tornar o meio ambiente e a sociedade melhores. A empresa está preocupada, também, com o impacto socioambiental que sua atividade pode provocar, desde à extração da matéria-prima até ao descarte do produto. A propósito, complemente seu conhecimento quanto às ações da empresa na indicação de leitura que segue adiante. Concluímos que, com o acirramento da concorrência, as organizações buscam se diferenciar inicialmente por meio de produtos mais baratos. Depois, por produtos melhores, passando por um grande esforço de vendas, chegando à necessidade de conhecer o cliente e, por fim, fazer-lhe ofertas de acordo com suas necessidades e desejos, além de se preocupar com o bem-estar da comunidade. Este é um dos grandes desafios do marketing governamental: como utilizar a filosofia, princípios e ferramentas de marketing para atingir o propósito dos entes públicos. Segundo Kotler e Keller (2012), “[...] o setor público precisa melhorar seu desempenho real, assim como a percepção que se tem dele a fim de aumentar a confiança e a satisfação do povo e, consequentemente, obter maior apoio” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 19). No setor público, a preocupação do marketing é com a valorização e satisfação do cidadão. O marketing governamental não é apenas comunicação com o público-alvo, o que é apenas um dos elementos do mix de marketing (entenda o conceito de mix de marketing na seção Saiba Mais, logo adiante). Deve-se preocupar, também, com os produtos e serviços que serão ofertados ao cidadão, com o preço que se cobrará e como se pode oferecer maior acessibilidade aos serviços públicos. A expressão “mix de marketing” surgiu em 1949 com Neil Borden, mas foi o professor Jerome McCarthy que a aperfeiçoou, definindo os 4 P’s do marketing: Product (produto), Place (praça, distribuição), Price (preço) e Promotion (promoção). Utilizando-se dessas ferramentas táticas de forma integrada, as organizações podem atingir seus objetivos mercadológicos pretendidos. 8WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. ENTENDENDO AS DIFERENÇAS ENTRE NECESSIDADES E DESEJOS É importante o entendimento da diferença entre necessidade e desejo na perspectiva do profissional de marketing. Para Kotler e Armstrong (2015), “[...] necessidades humanas são situações de privação percebida. Elas incluem necessidades físicas básicas de comida, roupa, abrigo e segurança, necessidades sociais de pertencer a um grupo e necessidades individuais de conhecimento” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 5) Tais necessidades não são criadas pelos profissionais de marketing, mas são inerentes ao ser humano, podendo estar latentes no indivíduo. Para Las Casas (2008), existem fatores internos e externos que podem despertar a necessidade por produtos ou serviços no cliente. São eles: o tempo, geralmente relacionado a produtos consumidos frequentemente; por exemplo, quando um fumante termina seu maço de cigarros, a próxima compra acontecerá quando a vontade de fumarsurgir novamente. Além do tempo, outro fator é a mudança de circunstância; por exemplo, um jovem casal possui um carro esporte, mas, daqui a alguns meses, virá o primeiro filho; provavelmente, pensarão em trocar o carro esporte por um mais espaçoso para acomodar melhor o filho. O terceiro fator se refere ao momento em que ocorre a compra do produto; por exemplo, ao adquirir um computador, o indivíduo pode sentir a necessidade de comprar acessórios para ele, como uma impressora. Ainda segundo Las Casas (2008), o quarto fator envolve o próprio consumo de produtos: ao consumir o pão francês, o consumidor perceberá a necessidade de realizar nova compra. O quinto fator que pode levar o indivíduo a consumir são as influências de marketing: os profissionais de marketing buscam criar estímulos para que os produtos sejam conhecidos e desejados. Por exemplo, ao assistir à propaganda de um carro novo, o indivíduo pode pensar que é o momento de trocar seu carro usado. Por fim, como último fator, citem-se as influências individuais, afinal, as pessoas diferem umas das outras. Enquanto uma pessoa pode sentir a necessidade de comprar uma nova calça apenas quando a sua já está velha ou com problemas, outra pessoa pode adquirir uma calça nova pelo fato de ela ser novidade no mercado. Para mais informações sobre as ações de sustentabilidade da Natura, leia o documento Visão de Sustentabilidade 2050. Para lê- lo, acesse o link https://www.natura.com.br/sustentabilidade/visao-2050. 9WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Por sua vez, os desejos, segundo Kotler e Armstrong (2015), “[...] são a forma que as necessidades humanas assumem quando são moldadas pela cultura e pela personalidade individual [...] são moldados por uma sociedade e descritos em termos de objetos que satisfarão as necessidades” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 5). Yanaze (2011) complementa dizendo que “[...] desejos, no aspecto mercadológico, referem-se à vontade de comprar motivada por necessidades” (YANAZE, 2011, p. 48). É nesse campo que o profissional de marketing atua, identificando as necessidades e desejos dos consumidores e ofertando-lhes produtos que os atendam de uma forma mais adequada do que os concorrentes. Como exemplo, citemos as diferentes formas como as pessoas lidam com a necessidade de transporte. Enquanto um cidadão utiliza uma motocicleta para se locomover de sua casa ao trabalho, outro utiliza um carro. Isso nos leva a entender que, para o marketing, somente necessidade e desejo não são suficientes: é necessário gerar demanda. Muito provavelmente, o cidadão que utiliza a motocicleta pode desejar possuir um carro, pois, nos dias de chuva, a sua ida ao trabalho poderia ficar menos confortável sem o carro. No entanto, se sua renda for baixa, o cidadão não conseguirá adquiri-lo. O próximo tópico tratará do microambiente, que são forças próximas à empresa. Logo em seguida, tratar-se-á do macroambiente, que são forças que, de alguma forma, afetam o desempenho da organização mesmo que mais distantes. É fundamental que o profissional de marketing entenda a importância de se monitorarem tais ambientes, pois eles estão em constante movimento, e algumas mudanças podem impactar fortemente os negócios da organização. Esses impactos serão detalhados nos dois tópicos que seguem. 3. O MICROAMBIENTE DE MARKETING Para Kotler e Armstrong (2015), “[...] o microambiente de marketing é constituído pelos agentes próximos à empresa, que afetam sua capacidade de atender seus clientes” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 73). É formado pela própria empresa, fornecedores, intermediários de marketing, clientes, concorrentes e públicos. No intuito de criar valor para os clientes, os autores afirmam ser necessário estabelecer parcerias que farão parte da cadeia de valor da organização. A Figura 2 representa essa interação. 10WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 – Interação dos agentes do microambiente. Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2015). Incialmente, trataremos da própria empresa, que é formada pelos seus diversos departamentos: financeiro, produção, recursos humanos, jurídico, pesquisa e desenvolvimento, compras, controladoria, alta administração, dentre outros. Para que a organização consiga atingir seus objetivos de criar valor para os clientes e de gerar relacionamentos duradouros, é necessário interação entre os vários departamentos. Afinal, todos são responsáveis, desde o colaborador/ servidor mais simples até ao mais graduado. As organizações são formadas por pessoas. São elas que fazem as coisas acontecerem. Portanto, o gestor público deve preocupar-se em atrair talentos e, por meio de contínua capacitação, preparar servidores aptos a prestar atendimento dentro das expectativas dos cidadãos e superando-as, se possível. Para Haswani (2013), “[...] o balcão de informações do posto de saúde ou o atendimento telefônico de um departamento é o cartão de visita que a administração apresenta ao cidadão que busca pelo seu direito ao serviço” (HASWANI, 2013, p. 147). Kotler e Keller (2012) complementam, atestando que “[...] no setor público, o mantra do marketing é a valorização e a satisfação do cidadão”. Para Yanaze (2011), “[...] os políticos e seus assessores parecem se esquecer de que a melhor estratégia para garantir a reeleição é a administração eficaz de sua gestão” (YANAZE, 2011, p. 694). Outro agente do microambiente são os fornecedores. Problemas em sua contratação podem afetar seriamente os planos de marketing da gestão pública. Infelizmente, tornaram-se comuns, nos meios de comunicação, manchetes apresentando problemas com fornecedores, tais como superfaturamento de produtos e serviços, obras inacabadas e má qualidade nos serviços prestados, o que gera desperdício do dinheiro público e compromete a imagem dos gestores públicos (chegando a gerar processos judiciais). A maior transparência no processo de contratação dos fornecedores pode melhorar a imagem da gestão pública. 11WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Os intermediários de marketing também integram o microambiente. São compostos pelos agentes financeiros, agências de serviço de marketing, revendedores e operadores logísticos. No setor público, os agentes financeiros são importantes parceiros, pois podem oferecer recursos para financiar os projetos da gestão pública. Geralmente, os gestores públicos contratam agências de serviços de marketing para cuidarem, principalmente, da divulgação e imagem dos órgãos públicos. Ocorre que, infelizmente, mais uma vez, gestores públicos utilizam-se das agências de propaganda para conseguirem recursos ilícitos, como foi o caso do escândalo do mensalão (ocorrido em 2005, envolvendo diversos partidos políticos). Outro agente do microambiente são os concorrentes. As organizações devem monitorar seus concorrentes no intuito de anteciparem possíveis ações estratégicas. Não basta apenas atender o cliente de forma eficiente; é necessário atendê-lo melhor que o concorrente. A pergunta que deve servir como guia é: por que o cliente comprará da nossa organização, e não do concorrente? No setor público, como visto anteriormente, existem empresas públicas que competem com empresas privadas, como é o caso do Correios. Além disso, mesmo os Ministérios, Agências, Estados e Municípios competem por recursos públicos cada vez mais escassos. De certa forma, portanto, podemos considerar que possuem concorrentes, devendo propor projetos melhores no intuito de atrair recursos. Um gestor municipal também pode considerar como concorrente outro gestor que também venha a pleitear o cargo de governador do Estado nas próximas eleições. Assim, sua gestão, se for mais bem avaliada que a do concorrente, pode convencer mais eleitores a votarem favoravelmente à sua candidatura. Como apregoadodesde o início deste material, os clientes são os principais agentes do microambiente; são a razão de ser da organização. No caso do setor público, o cliente é o cidadão que demanda diversos tipos de serviços públicos. Para se atenderem adequadamente às demandas dos cidadãos, é necessário um bom planejamento de marketing, que se inicie, inclusive, no cumprimento das promessas eleitorais. Também, é necessário ouvir as demandas da comunidade. Yanaze (2011) ensina que “[...] levantar inicialmente as necessidades e expectativas da população, ou seja, começar pelo cidadão (fim) e intervir (‘reengenheirar’, adequar) nas etapas (meios) que se sucedem para atendê-lo é a chave de uma boa administração” (YANAZE, 2011, p. 697). É comum que, no início do mandato, alguns prefeitos vão até os bairros da periferia para ouvirem as demandas dos cidadãos. Sem dúvida nenhuma, isso é uma excelente iniciativa. No entanto, é necessário dar encaminhamento a tais demandas. E, nesse contexto, as associações comunitárias têm importante papel. Veja mais sobre esse assunto na seção Indicação de Leitura, mais adiante. Por fim, têm-se os diversos públicos que, de alguma forma, interferem na organização. Um deles é o público ligado à mídia, que publica artigos, notícias e editoriais, representado pelos jornais, emissoras de televisão, rádio, revistas e mídias ligadas à Internet de modo geral. Segundo Haswani (2013), “[...] é difícil imaginar, na atualidade das organizações ou instituições, que um planejamento de comunicação objetivando consequências eficazes possa ser operado isoladamente em publicidade ou imprensa ou relações públicas” (HASWANI, 2013, p. 97). Logo, é fundamental que os órgãos públicos mantenham um canal aberto de comunicação com esses agentes, fornecendo-lhes informação precisa e de qualidade. Têm-se, também, públicos voltados à ação cidadã. Conforme Kotler e Armstrong (2015), “[...] as decisões de marketing de uma empresa podem ser questionadas por associações de consumidores, grupos ambientais, grupos minoritários, entre outros” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 76). As instituições públicas devem manter contato com esses públicos, ouvindo-lhes as demandas e dando os encaminhamentos necessários. Assim sendo, fica clara a necessidade de se monitorar e interagir, em maior ou menor grau, com os agentes do microambiente no intuito de se elaborarem políticas públicas que vão ao encontro das necessidades dos cidadãos. 12WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 4. O MACROAMBIENTE DE MARKETING O segundo componente do ambiente de marketing é o macroambiente. Ele é mais amplo se comparado ao microambiente, sendo formado por forças nas quais a empresa tem pouca ou nenhuma oportunidade de intervir ou controlar, representando, pois, uma série de ameaças e oportunidades. Segundo Kotler e Armstrong (2015), o macroambiente é formado pelos ambientes demográfico, econômico, natural, tecnológico, político/social e cultural. A Figura 3 representa a interação nesse ambiente. Figura 3 - Interação dos agentes do macroambiente. Fonte: Adaptado de Kotler e Armstrong (2015). O ambiente demográfico representa as características da população no que se refere a tamanho, densidade, localização, idade, gênero, raça e outros dados estatísticos. No Brasil, percebe-se a mudança do perfil da população. Segundo o IBGE, a população brasileira, em 2020, é basicamente constituída por homens e mulheres com até 44 anos. Já a projeção para 2040 é inversa: a maioria da população será constituída por pessoas com mais de 44 anos. Essa mudança exigirá do poder público políticas que atendam às demandas dessa população mais envelhecida. Se hoje faltam creches públicas infantis, no futuro, serão as creches públicas para idosos que poderão ter maior demanda. Para mais informações sobre o percentual de promessas cumpridas pelos governadores em 2019, leia Promessas dos políticos: governadores cumpriram 18% dos compromissos de campanha no 1º ano de mandato, disponível em https://g1.globo. com/politica/noticia/2020/01/03/promessas-dos-politicos- governadores-cumpriram-18percent-dos-compromissos-de- campanha-no-1o-ano-de-mandato.ghtml. https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/2F26D164C9FF31BD832579510041C91F/$File/NT0004671A.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/2F26D164C9FF31BD832579510041C91F/$File/NT0004671A.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/2F26D164C9FF31BD832579510041C91F/$File/NT0004671A.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/2F26D164C9FF31BD832579510041C91F/$File/NT0004671A.pdf 13WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA O ambiente econômico, segundo Kotler e Armstrong (2015), “[...] consiste em fatores que afetam o poder de compra e o padrão de gastos dos consumidores” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 85). O gestor público deve atentar-se às oscilações no ambiente econômico, pois elas afetam diretamente o setor público. Como ilustração, cite-se o aumento da demanda por serviços públicos de saúde a partir da crise de 2014: muitos cidadãos perderam seus empregos e, consequentemente, deixaram de ter acesso a planos empresariais de saúde ou deixaram de pagá- los. O setor público deve estar preparado para receber esse cidadão, o qual vem, muitas vezes, com uma expectativa alta de atendimento. O ambiente natural também interfere no planejamento e na gestão de empresas públicas e privadas. No passado, os desbravadores derrubavam a mata para dar lugar a cidades, como foi o caso de Maringá, no Paraná, onde se ateava fogo nas propriedades rurais para limpar o campo, plantar café e, assim, gerar riqueza. No entanto, nas últimas décadas, a preocupação com o meio ambiente tem mudado. Atualmente, têm-se leis que protegem o meio ambiente, e o poder público passou a desenvolver campanhas de conscientização sobre as questões ambientais. Na seção Indicação de Vídeo, veja como as questões ambientais eram tratadas há setenta anos e compare com a realidade atual. Consoante Kotler e Armstrong (2015), talvez seja o ambiente tecnológico a principal força que molda nosso destino. Mudanças no ambiente tecnológico criam novos negócios e abalam outros. Veja o caso dos filmes fotográficos, CDs, DVDs, máquina de escrever, papel carbono, mimeógrafo, dentre tantos outros. A tecnologia evolui, também, na gestão dos negócios, como é o caso dos transmissores de identificação por rádio frequência (RFIDs), etiquetas colocadas em produtos ou embalagens de transporte, identificando-os e facilitando seu controle e operação logística. É a mesma tecnologia utilizada nos equipamentos colocados nos veículos para pagamento automático nas cancelas de pedágio ou estacionamentos. Na seção Indicação de Vídeo, veja como a tecnologia RFID está sendo utilizada no varejo. Quanto à utilização de tecnologia nos órgãos públicos, o tema será discutido na Unidade 2. Segundo Kotler e Armstrong (2015), “[...] o ambiente político consiste em leis, órgãos governamentais e grupos de pressão que influenciam ou limitam várias organizações e indivíduos em determinada sociedade” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 89). Os autores complementam, afirmando que as organizações, além de serem reguladas pelas leis, também são regidas por códigos e regras sociais de ética profissional. Assim é formado o ambiente político-social, no qual existe um conjunto de leis que regulam e limitam as ações das empresas para o bem comum da sociedade. O sexto e último agente do macroambiente é o ambiente cultural. Para Kotler e Armstrong (2015), ele “[...] é composto de instituições e outras forças que afetam os valores, as percepções, as preferências e os comportamentos básicos da sociedade” (KOTLER; ARMSTRONG, 2015, p. 92). As pessoas não nascem com sua cultura, a qual é adquirida por meio de interações com membrosda família, na escola, pela religião, enfim, pela sociedade como um todo. A cultura afeta o modo como as pessoas se vestem, alimentam-se, comunicam-se e se relacionam. A característica cultural de cada povo propicia o surgimento de negócios. Pense-se, por exemplo, na quantidade de restaurantes que exploram a cultura alimentar: em cidades de médio porte, veem- se restaurantes de culinária árabe, portuguesa, italiana, mexicana, indiana e assim por diante. Em relação ao setor público, constata-se que a confiança das pessoas na classe política ficou abalada após os vários escândalos em que se mostraram envolvidos todos os níveis do governo, do federal ao municipal, passando por empresas públicas e também aquelas em que a União é acionista majoritária. 14WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Assim sendo, conclui-se que as organizações devem monitorar constantemente os ambientes que as circundam, pois, se existe uma certeza, é a de que mudanças ocorrerão. Portanto, as organizações, tanto privadas como públicas, devem buscar antecipar os possíveis problemas e detectar oportunidades na busca de melhores resultados financeiros, mas, também, de melhor atendimento das demandas dos cidadãos. 5. SEGMENTAÇÃO E POSICIONAMENTO Após abordar os ambientes mercadológicos que, de alguma forma, afetam o desempenho das organizações, estudaremos as técnicas de segmentação e posicionamento de mercado. Tais técnicas também são aplicáveis aos serviços públicos mesmo entendendo que não deve haver diferenciação no tratamento dos cidadãos. No entanto, no escopo do setor público, encontram- se empresas públicas que competem com empresas privadas, como a Caixa Econômica Federal. Por outro lado, mesmo pensando em tratamento igualitário aos cidadãos, as ferramentas de segmentação e posicionamento também são válidas. Ilustre-se com a seguinte situação: o prefeito pode dividir o município em áreas geográficas e, além de identificar as demandas gerais dos munícipes, pode localizar as necessidades específicas de cada região com planejamento de políticas públicas específicas. Há grande dificuldade por parte dos micro e pequenos empreendedores de entenderem em qual segmento sua empresa atua, podendo ser em mais de um. Nas consultorias de marketing, uma das primeiras perguntas que se devem dirigir aos pequenos empreendedores é: quem sua empresa atende? A maioria talvez responda: todo mundo. Ocorre que, sobretudo as pequenas empresas, que possuem recursos limitados, dificilmente conseguirão atender a todo tipo de cliente; geralmente, elas estão concentradas em determinada região ou atendem a um perfil específico de cliente. Segundo Kotler e Keller (2012), “[...] a segmentação de mercado divide um mercado em fatias bem definidas. Um segmento de mercado consiste em grupo de clientes que compartilham um conjunto semelhante de necessidades e desejos” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 228). Para você complementar seu conhecimento acerca de como se deu o processo de colonização das regiões Norte e Noroeste do Paraná e sua relação com o meio ambiente, recomendamos que assista ao vídeo disponível em https://www.youtube.com/watch?v=qobEJ72kquk. E para você complementar seu conhecimento sobre as etiquetas inteligentes RFID, recomendamos assistir ao vídeo intitulado Olhar digital mostra como funciona a solução RFID, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=SiPkO3VJBfM. 15WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA As empresas geralmente se tornam mais eficientes quando segmentam o mercado, melhorando a efetividade de suas estratégias de marketing. A Figura 4 apresenta a representação de mercado com e sem segmentação. Kotler e Armstrong (2012) apresentam as principais variáveis para segmentação: geográfica, demográfica, psicográfica e comportamental. Figura 4 - Representação de um mercado com e sem segmentação. Fonte: Rocha (2012). A segmentação geográfica acontece quando se divide o mercado em diferentes unidades geográficas, podendo ser: por país, região, estado, município ou bairro. A organização pode atender apenas uma região ou até mesmo todas elas. O importante é respeitarem-se as características de cada localidade. Essa estratégia também é conhecida como marketing local. Como já abordado anteriormente, o gestor público municipal terá demandas que atenderão tanto a todo o município quanto demandas específicas por região ou bairro. A área rural do município, por exemplo, pode demandar maiores cuidados com as estradas, principalmente, na época das chuvas; já um determinado bairro pode estar com falta de alguma estrutura de atendimento público. Quanto à segmentação demográfica, segundo Kotler e Keller (2012), “[...] o mercado é dividido por variáveis como idade, tamanho da família, ciclo de vida da família, sexo, renda, ocupação, grau de instrução, religião, raça, geração, nacionalidade e classe social” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 231). Com relação à segmentação por idade, uma determinada fábrica de fraldas pode atender a crianças de até três anos com fraldas infantis e, também, pessoas idosas com fraldas geriátricas; quanto ao tamanho da família, o fabricante de refrigerantes pode ofertar embalagem maior, e a montadora de veículos pode oferecer carros mais espaçosos para as famílias que possuem filhos. São muitas as possibilidades que a empresa possui para atender ao mercado. Depende dos recursos disponíveis. Veem-se pequenas empresas que surgem atendendo a um único segmento e, com o passar do tempo, crescem, adquirem recursos e passam a atender novos mercados. A segmentação psicográfica apresenta-se um pouco mais complexa. Kotler e Keller (2012) afirmam que “[...] os consumidores são divididos em diversos grupos com base em traços psicológicos/de personalidade, estilo de vida e valores. Pessoas do mesmo grupo demográfico podem exibir diferentes perfis psicográficos” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 240). Surge a partir do momento em que se percebe que as necessidades dos consumidores podem diferir quanto ao estilo de vida e personalidade. Pessoas com perfil mais aventureiro podem necessitar de um carro que rode em estradas de terra; já pessoas conservadoras demandam um estilo de roupa mais sóbrio 16WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Ainda segundo os autores, a segmentação comportamental divide os compradores em grupos com base em seus conhecimentos de um produto, em sua atitude com relação a ele e no seu uso. Com relação ao conhecimento e atitude, as organizações devem se questionar: o consumidor conhece o produto? Se conhece, comprou? Se comprou, gostou? Se gostou, voltará a comprar? Quanto ao uso, em que ocasiões o produto é consumido? Por exemplo: determinado refrigerante não é consumido de manhã; então, a empresa poderia estimular seu consumo também nesse período. Qual o perfil do cliente quanto ao uso do produto: não usuário, ex-usuário, usuário potencial, usuário iniciante ou usuário regular? A vantagem de se segmentarem mercados torna os esforços de marketing mais precisos. As bases para segmentação foram apresentadas, mas nem todo segmento é atrativo. Rocha (2012) elenca oito condições para que as organizações decidam por acessar o segmento. Inicialmente, o segmento deve possuir diferenciação. Rocha (2012) afirma que “[...] os segmentos devem se diferenciar claramente no que se refere a comportamento de compra, consumo e uso” (ROCHA, 2012, p. 192). A segunda condição se refere à estabilidade ou crescimento. O segmento, com o passar do tempo, deve preferencialmente crescer em número de consumidores ou, ao menos, manter-se estável. Já a terceira condição diz respeito à identificação dos consumidores. No passado, por exemplo, havia dificuldade de se identificarem consumidores pertencentes ao segmento gay. Acessibilidade é a quarta condição para uma segmentação eficaz.Trata-se de ter condição de acessar o segmento com um programa de marketing diferenciado. O segmento também tem de possuir escala: segmentos pequenos podem não trazer o rendimento financeiro pretendido pela organização. A sexta condição se refere à viabilidade comercial: a empresa deve avaliar se os custos de acessar o segmento são compensatórios. Outra condição é a compatibilidade com a empresa: uma empresa que vende produtos populares pode ter grande dificuldade de acessar mercados de luxo se mantiver a mesma marca. E, por fim, vulnerabilidade: segundo Rocha (2012), “[...] a posição a ser obtida nos segmentos deve ser estrategicamente defensável, ou seja, a empresa deve ser capaz de manter a posição” (ROCHA, 2012, p. 193). Uma pequena empresa teria melhores condições de defender um nicho de mercado não atraindo a atenção dos concorrentes maiores. Após definidos os segmentos-alvo a serem atendidos pela organização, parte-se para a definição do posicionamento do produto/serviço com que a empresa pretende trabalhar. Rocha (2012) define posicionamento como sendo “[...] o processo de distinguir um produto, serviço, marca ou empresa das demais na mente do consumidor ou usuário, a partir de dimensões funcionais e simbólicas relevantes para o cliente” (ROCHA, 2012, p. 194). De modo simples, posicionamento é o lugar que o produto/serviço ocupa na mente do cliente. Existem várias formas das quais a organização pode se utilizar para posicionar seu produto/serviço, marca ou empresa na mente do cliente. A primeira é por preço: a empresa oferece o preço mais baixo do segmento. A segunda enaltece a qualidade, a melhor qualidade do mercado. Também pode se posicionar como líder em determinada categoria: a cerveja mais vendida. Pode se posicionar atacando o concorrente, afirmando que seu produto/serviço, de algum modo, é melhor que o do concorrente. Pode posicionar-se por usuário: o melhor carro para quem deseja emoção. Ou também pode se posicionar por benefício: o sabão em pó que deixa a roupa mais branca. Para Kotler e Keller (2012), o posicionamento “[...] deve ter componentes racionais e emocionais. Em outras palavras, um posicionamento adequado deve conter pontos de diferença e pontos de paridade que sensibilizem tanto a mente quanto o coração” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 307). Por fim, o objetivo geral é estar presente na mente do consumidor de forma mais eficiente que o concorrente, gerando comentários positivos entre seus atuais e futuros clientes. 17WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 6. MUDANÇAS NO CENÁRIO DE MARKETING Nos tópicos anteriores, comentou-se sobre a necessidade de as organizações monitorarem o ambiente mercadológico, pois as mudanças estão acontecendo e a uma velocidade cada vez maior. Nesse contexto, o marketing não ficou de fora, e várias ferramentas estão surgindo para auxiliar as organizações no processo de entrega de valor para seus clientes/cidadãos. Antes mesmo de iniciarmos a discussão, você deve estar ciente de que não há um novo marketing: as práticas e ferramentas do marketing tradicional podem ser utilizadas neste atual momento de expansão da Internet e do marketing digital. No passado, havia inicialmente o jornal, onde se podiam anunciar negócios; depois, surgiu o rádio; em seguida, a televisão; depois, vieram os computadores e a Internet. A filosofia de marketing (de entender e antecipar as necessidades dos clientes de forma mais eficiente do que a concorrência, respeitando as questões socioambientais) ainda prevalece. O que estamos percebendo é o surgimento de novas ferramentas que auxiliam e tornam mais eficiente o processo de entrega de valor ao cliente. Este material não tem por objetivo detalhar todas as possibilidades dos novos cenários mercadológicos, até porque previsões são especulações. O objetivo é apontar a você algumas alterações que estão acontecendo e que têm influenciado o planejamento de marketing tanto de empresas privadas como do setor público. Em um primeiro momento, analisaremos a tecnologia. Las Casas (2008) apresenta algumas mudanças no marketing advindas com a tecnologia. Inicialmente, trataremos da evolução de dois elementos do sistema de distribuição: os varejistas e os atacadistas. Com a nova loja conceito das lojas Riachuelo, inaugurada no segundo semestre de 2019, fica claro que a loja física passa a se apropriar de elementos das lojas virtuais. A empresa busca oferecer ao cliente uma melhor experiência de compra, utilizando-se de novas tecnologias. Dá ao cliente a opção de compra pela Internet e retirada na loja física ou de compra na loja virtual e entrega em casa. Como as empresas e órgãos públicos estão se preparando para essa nova realidade? Quais tecnologias poderão ser utilizadas para facilitar a interação com os cidadãos, melhorando sua experiência no atendimento? O simples fato de a organização definir qual posicionamento deseja ocupar na mente do cliente e comunicá-lo ao mercado é suficiente para que o cliente entenda e aceite como legítimo esse posicionamento? Para que o cliente se identifique com o posicionamento proposto pela organização, é necessário grande esforço de marketing. O seu mix de marketing (ou seja, estratégias de produto/serviço, preço, distribuição e comunicação) deve estar em consonância com tal posicionamento. Se a empresa pretende posicionar seu produto como popular, a comunicação da empresa deve refletir esse posicionamento, não se esquecendo de que também os preços devem ser considerados populares. A estratégia de distribuição deve considerar o perfil dos clientes de produtos populares, assim como o produto deve estar dentro da expectativa do cliente. 18WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA A tecnologia permitiu também um melhor controle de estoques e logística. Com isso, cresceu a concentração do varejo com o surgimento de grandes redes, como foi o caso da Via Varejo, fusão das Casas Bahia com o grupo Pão de Açúcar. Tal tecnologia também permitiu o crescimento dos chamados atacarejos (como o nome já indica, um misto entre as lojas de atacado e varejo). A tecnologia, entre outros fatores, também colabora para o crescimento do comércio eletrônico. Segundo o portal Terra (2019), estudos apontam que, já em 2020, cerca de 50% das compras serão feitas online por meio de smartphones, tablets e outros eletrônicos, ultrapassando as lojas físicas como a primeira opção de compra. Outro aspecto a se destacar é a crescente evolução do Big Data, tecnologia que permite o tratamento e a análise de dados em grandes volumes, cada vez de forma mais rápida e confiável, oferecendo informações relevantes para a empresa e auxiliando no processo de tomada de decisão de marketing. Grandes corporações estão abrindo suas portas para startups que têm pesquisado sobre temas, como inteligência artificial e internet das coisas. Segundo Velho et al. (2018), “O marketing digital viabiliza a comunicação entre as organizações e os clientes, de maneira fácil, 24 horas por dia e diversas vezes até mesmo em tempo real” (VELHO et al., 2018, p. 84). No passado, o consumidor era passivo, assistia a uma propaganda na televisão e não tinha como interagir com a empresa. Atualmente, por meio da Internet, ele se tornou ativo, comandando como, onde e quando comprará. Essa interatividade entre empresa e cliente também acontece quando se postam anúncios ou matérias nas redes sociais e o cliente pode comentar e dirimir dúvidas rapidamente. Ainda segundo Velho et al. (2018), “Na esfera virtual, é possível que as organizações tenham um alcance global, mas não existem distâncias a serem trilhadas nem limites geográficos. Com isso, as instituições conseguem atingir consumidores espalhados pelo mundo inteiro” (VELHO et al., 2018, p. 85). Consumidores brasileiros, confortavelmente em suas casas, compram produtos das mais diversas localidades do mundo.No passado, o proprietário de uma loja comercial saía após o almoço para visitar sua concorrência; hoje, ela pode estar em qualquer lugar do mundo. Nesse contexto, as organizações devem atentar-se para a velocidade das mudanças que ocorrem também na Internet, muitas vezes, mais rapidamente do que no ambiente tradicional. Não dá para se esperar pela próxima inovação, pois ela pode se tornar obsoleta em pouquíssimo tempo. Las Casas (2008) apresenta também a variável social como fator impactante nas estratégias mercadológicas. São, principalmente: a valorização do lazer e da vida saudável; mudança na estrutura familiar, com famílias cada vez menores e com mais idosos; aumento da consciência socioambiental; e um novo comportamento do consumidor, baseado nas novas tecnologias. Com as novas tecnologias e mudanças no comportamento do consumidor, os profissionais de marketing deverão se preocupar cada vez mais em se aproximar do cliente, buscando sua fidelização e transformando-o em advogado da marca. O marketing digital tem papel decisivo nesse processo. 19WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 1 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizamos a primeira etapa do nosso estudo mostrando a importância do adequado entendimento da evolução do conceito de marketing e a importância de as organizações públicas e privadas identificarem as reais necessidades e desejos dos clientes/cidadãos no intuito de oferecerem produtos/serviços que possam atendê-los melhor que os concorrentes. Outro ponto importante que deve ser considerado pelo gestor público é o fato de as pessoas valorizarem crescentemente as questões socioambientais. Você, agora, tem condições de diferenciar os conceitos de necessidades e desejos dos clientes, sabendo que o profissional de marketing, no máximo, pode despertar necessidades latentes, atuando estrategicamente para gerar o desejo de consumir determinado produto/serviço. Foi discutida, também, a importância de se monitorarem os agentes que estão presentes tanto no micro como no macroambiente que circundam a organização. Mudanças podem afetar decisivamente a organização, seja quanto ao aparecimento de problemas seja quanto ao aparecimento de oportunidades. O profissional de marketing deve entender a importância da adequada segmentação do mercado e posicionamento do produto/serviço na mente do cliente/cidadão. Ao identificar grupos de cidadãos com características e necessidades comuns, o gestor público pode estabelecer estratégias específicas para cada segmento, gerando maior satisfação junto a seus possíveis eleitores. Por fim, discutiram-se, brevemente, as mudanças que estão ocorrendo no cenário mercadológico, no qual a Internet tem revolucionado a forma de comercialização e relacionamento com o cliente. Os profissionais de marketing devem acompanhar a evolução da Internet, mídias sociais, Big Data, inteligência artificial e internet das coisas a fim de anteciparem mudanças e a elas estarem preparados. 2020WWW.UNINGA.BR U N I D A D E 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................. 21 1. ENTENDENDO AS CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS .......................................................................................22 1.1 O CONSUMIDOR DE SERVIÇOS ............................................................................................................................25 2. PRODUTOS/SERVIÇOS PÚBLICOS .......................................................................................................................27 2.1 NÍVEIS DE PRODUTO .............................................................................................................................................28 2.2 ELEMENTOS DO PRODUTO .................................................................................................................................29 3. FORMAÇÃO DE PREÇOS NO SETOR PÚBLICO .................................................................................................... 31 4. DISTRIBUIÇÃO NOS SERVIÇOS PÚBLICOS .........................................................................................................34 5. GOVERNO ELETRÔNICO .........................................................................................................................................36 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................................................................................38 FERRAMENTAS DE MARKETING PARA O SETOR PÚBLICO PROF. ME. GALILEU LIMONTA MAIA ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: MARKETING GOVERNAMENTAL 21WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO A Unidade 2 do nosso estudo busca, inicialmente, conceituar serviços, mostrando a você como eles se diferenciam dos produtos tangíveis, apresentando suas características principais: intangibilidade, variabilidade, perecibilidade e inseparabilidade. Em seguida, exporemos quem é o consumidor de serviços e como lidar com aqueles de tipo difícil. A unidade se propõe, também, a apresentar as ferramentas de marketing representadas pelo mix de marketing, exceto a ferramenta comunicação de marketing, que será detalhada na Unidade 4. Nesse sentido, o tópico 3 apresenta os produtos/serviços públicos. Mesmo sabendo que a maioria das interações entre o poder público e o cidadão ocorre na esfera de serviços, é importante que você tenha conhecimento sobre o tema, pois algumas empresas públicas, principalmente as de economia mista, comercializam também produtos, como é o caso da Petrobrás e suas subsidiárias. O tópico “produto/serviços públicos” apresenta o conceito de produto, a importância de se conhecerem os níveis do produto e, estrategicamente, que oferta levar ao cliente. Traz também os elementos e a embalagem como fator importante na escolha do cliente no momento da verdade, ou seja, no momento da compra. Além disso, traz o elemento rotulagem e a importância de o gestor se atentar às regulações governamentais, tanto no Brasil como no exterior. Por fim, traz o elemento marca como importante fator de diferenciação perante a concorrência. Em seguida, trata-se de um dos temas mais complexos do marketing: a formação de preços. Um preço baixo pode levar a organização a não ter o resultado financeiro necessário para manter suas atividades; por outro lado, um preço alto pode levar o cliente a não o comprar. Abordar-se-ão, ainda, aspectos exclusivos da precificação para o setor público. Discutiremos, também, a distribuição dos serviços públicos e a forma mais eficaz que o poder público possui para disponibilizar seus produtos/serviços aos cidadãos. Há necessidade de se dar especial atenção aos detalhes do ambiente físico de escolas e hospitais. Quanto mais tempo o cidadão interage nesses ambientes, mais elementos são considerados em sua avaliação. Por fim, chegaremos ao governo eletrônico como uma nova forma, mais rápida e eficaz, de interação do governo com o cidadão, com as empresas e com o próprio governo, possibilitando o aumento da transparência das ações governamentais. Ao final da Unidade 2, esperamos que você tenha compreendido as características dos serviços, como também qual o perfil do consumidor e como utilizar essa informação para prestar melhor atendimento ao cidadão. Que você tenha entendido como utilizar as ferramentas do mix de marketing, produto/serviço, distribuição e precificação para elaborar estratégias mercadológicas que possam facilitar e melhorar a avaliação das interações entre o cidadão e os órgãos públicos. 22WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1. ENTENDENDO AS CARACTERÍSTICAS DOS SERVIÇOS Inicialmente, é importante conceituar serviços. Hoffman et al. (2009)afirmam que “[...] serviços podem ser definidos como ações, esforços ou desempenhos. [...] a diferença principal entre bens e serviços é a propriedade da intangibilidade. Por definição, produtos intangíveis não possuem substância física” (HOFFMAN et al., 2009, p. 6). Os autores comentam sobre a dificuldade que se tem de encontrar um serviço puro ou um bem puro, pois os serviços possuem auxiliares tangíveis, assim como os produtos, de alguma forma, apresentam algum serviço. A Figura 1 apresenta um continuum com uma série de bens e serviços, iniciando, à esquerda, com itens de maior domínio do produto tangível, chegando à extremidade direita, com itens de domínio do produto intangível. Figura 1 - Continuum de tangibilidade – intangibilidade dos bens. Fonte: Rocha (2012). Na extrema esquerda, a Figura 1 apresenta o produto sal, que, segundo os autores, possui pouco serviço agregado (talvez, somente o transporte até o revendedor). No outro extremo, tem-se o serviço de consultoria, que se utiliza de auxiliares tangíveis para sua execução, como papel, canetas ou, até mesmo, um notebook. Hoffman et al. (2009) complementam, afirmando que “[...] talvez não haja um produto puro ou um serviço puro. Aparentemente, os produtos são um conjunto de elementos tangíveis e intangíveis” (HOFFMAN et al., 2009, p. 7). Quando uma unidade de saúde atende o cidadão, ela está prestando um serviço; no entanto, está utilizando uma série de auxiliares tangíveis, como o prédio, mesas, cadeiras, equipamentos, instrumentos, dentre outros. No tópico “Distribuição nos serviços públicos”, abordaremos com mais detalhes a importância das evidências físicas na prestação de serviços. Os autores apresentam, ainda, o modelo molecular para diferenciar bens de serviços. Trata-se da representação virtual da relação entre os elementos tangíveis e intangíveis da atividade organizacional. A Figura 2 compara a atividade de uma companhia aérea com a de uma montadora de automóveis. 23WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 2 - Modelo molecular. Fonte: Adaptado de Hoffman et al. (2009). Para Hoffman et al. (2009), o benefício do modelo molecular é que ele proporciona aos gestores uma visão ampla dos elementos tangíveis e intangíveis que formam a maioria dos bens e serviços. Os autores ainda atestam que “[...] uma vez que os gerentes tenham essa visão ampla, podem fazer um trabalho muito melhor para entender as necessidades do cliente, satisfazê-la com maior eficácia e diferenciar suas ofertas de produtos das dos concorrentes” (HOFFMAN et al, 2009, p. 9). Note que, de fato, a ideia dos autores se aproxima do conceito de marketing apresentado na Unidade 1. Após conceituar serviços, apresentamos suas características, que, de acordo com Rocha (2012), Hoffman et al. (2009) e Kotler & Armstrong (2015), são: intangibilidade, variabilidade ou heterogeneidade, inseparabilidade e perecibilidade. A intangibilidade, a principal característica dos serviços, já foi brevemente explorada anteriormente quando conceituamos serviços. Portanto, complementemos com algumas informações. De modo geral, conceitua-se o intangível como aquilo que não pode ser tocado, visto, cheirado ou ouvido. Aproveitando-nos da Figura 2, percebemos que tanto as linhas aéreas como os automóveis atendem à mesma necessidade (ou seja, ao transporte), respeitando suas características. No entanto, no caso do automóvel, depois de encerrado o serviço, o veículo permanece com o proprietário; já no caso da viagem de avião, restam apenas as lembranças na memória do cliente. Segundo Rocha (2012), essa característica “[...] dificulta transmitir aos seus potenciais clientes os benefícios a serem obtidos com o serviço. [...] as empresas devem adicionar, na medida do possível, elementos tangíveis aos serviços, para aumentar a percepção de valor do cliente” (ROCHA, 2012, p. 250). Empresas que prestam serviços de segurança procuram na sua comunicação visual apresentar imagens de força, mostrando ao cliente que ela pode cuidar do seu patrimônio e família. Escritórios de advocacia enviam informativos aos clientes e também aos possíveis clientes com o objetivo de mostrar a expertise da empresa. Nesse sentido, Kotler e Armstrong (2015) explicam que os consumidores de serviços observam as instalações, preço, equipamentos e propagandas no intuito de terem uma ideia da qualidade do serviço que adquirirão. 24WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Outra importante característica dos serviços é a inseparabilidade, ou seja, a produção e o consumo do serviço acontecem, na maioria das vezes, simultaneamente e com a presença do cliente/cidadão. Tomemos como exemplo o caso dos dentistas especializados no atendimento infantil: muitas vezes, é necessário cuidado especial no tratamento dentário e, durante o procedimento, a criança pode sentir desconforto e dificultar o trabalho do profissional. Em serviços de consultoria, o profissional necessita da boa vontade de colaboradores da organização para conseguir informações que auxiliam na prestação do serviço. Para Yanaze (2011), a variabilidade nos serviços refere-se à dificuldade de se conseguir uma padronização no atendimento. No caso dos produtos, no decorrer do processo produtivo, podem-se realizar inspeções em etapas do processo, buscando-se garantir a sua qualidade. Já em relação aos serviços, o resultado só será conhecido após a sua realização. Kotler e Armstrong (2015) ensinam que a qualidade do serviço prestado depende de quem o presta e de onde, quando e como o serviço é fornecido. Pode acontecer de o cliente, ao visitar uma organização, receber um atendimento de qualidade e, após retornar alguns dias depois, ficar insatisfeito com o serviço prestado, pois pode ser atendido, dessa segunda vez, por um colaborador que não estava “num bom momento”. Isso ocorre, também, ao se visitarem estabelecimentos diferentes da mesma empresa: se um presta atendimento de qualidade, o outro, nem tanto. Muitas vezes, o problema está no gestor da unidade, que não valoriza o bom atendimento. É uma das características mais complexas dos serviços e, exatamente por isso, pode se tornar uma vantagem competitiva para a organização. Por meio de adequados recrutamento, seleção e contratação de profissionais que “gostem de gente”, ou seja, que tenham características que os ajudem no trato com as pessoas e na constante capacitação e acompanhamento, a organização pode minimizar a variabilidade nos serviços. Por fim, tem-se a característica da perecibilidade, ou seja, a maioria dos serviços não pode ser guardada ou estocada, como acontece com os produtos. Por exemplo, para uma sala de cinema com 100 poltronas, somente 30 ingressos foram vendidos para dada sessão; logo, 70 foram perdidos. Ou é o caso, também, do restaurante que atinge sua capacidade de atendimento e tem de dispensar clientes. No intuito de amenizar o problema, Rocha (2012) atesta que “[...] as empresas buscam desenvolver processos para ‘estocar’ clientes, ou seja, manter os clientes esperando para melhorar o uso da capacidade” (ROCHA, 2012, p. 250). No entanto, as pessoas geralmente não gostam de esperar pelo atendimento. Em vista disso, o gestor deve ser criativo para tornar o momento de espera o mais agradável possível. Para não dispensar clientes após atingir sua capacidade de atendimento, o restaurante poderia criar uma área para estocá-los, oferecendo ambiente com brinquedos para crianças e petiscos e drinques para os pais. Imagine um cidadão que procura a rede pública de saúde e se depara com uma longa fila de espera. Alguém menos avisado pode até considerar que isso é normal pelo fato de o atendimento ser gratuito; ledo engano, pois o contribuinte paga indiretamente pelo serviço por meio dos impostos, taxas e contribuições. E os reflexos disso podem chegar até ao prefeito, comprometendo sua reeleição.Portanto, o gestor da unidade deve buscar alternativas para resolver ou amenizar o problema, atendendo ao cidadão e, também, ao seu superior (no caso, o prefeito). 25WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 1.1 O Consumidor de Serviços Como visto no tópico anterior, quando se abordou a característica da inseparabilidade, os clientes participam da maioria dos processos de produção dos serviços. Hoffman et al. (2009) afirmam que o envolvimento do cliente no processo de produção pode variar, indo desde a situação em que o cliente está fisicamente presente para receber o serviço (visita ao dentista), passando pelo serviço em que o cliente está presente somente para iniciar ou encerrar o serviço (conserto de eletrodoméstico) e chegando ao serviço em que sua presença é virtual (cursos on-line). O gestor deve desenvolver, para cada tipo de sistema de prestação de serviço, uma abordagem customizada. Para os autores, à medida que a participação do consumidor aumenta no processo de entrega do serviço, sua eficácia diminui. Por isso, muitas organizações estão “convidando” clientes para se tornarem correalizadores dos serviços. Para Rocha (2012), “[...] é crescente o uso de elementos impessoais na prestação de serviços, particularmente aqueles associados à Internet. [...] a tendência é que se aprofunde o uso da tecnologia da informação nos encontros de serviços” (ROCHA, 2012, p. 265). Atualmente, diversos serviços já podem ser realizados pela Internet. Na cidade de Maringá, Estado do Paraná, por exemplo, tem-se a possibilidade de o contribuinte retirar o carnê e efetuar o pagamento do imposto predial e territorial urbano (IPTU) pela Internet; caso o contribuinte não tenha acesso à Internet, pode dirigir-se até à praça de atendimento da Prefeitura e lá encontrará totens de autoatendimento, onde poderá realizar a consulta e a impressão do tributo municipal. Vale lembrar que a estratégia de diminuir o contato dos cidadãos com os servidores públicos deve ser inicialmente pré-testada, acompanhada de ampla divulgação. Deve-se prestar adequada assistência durante o aprendizado do processo, monitorar e avaliar o desempenho do novo modo de atendimento – o que pode ser realizado por meio de pesquisas quantitativas ou qualitativas (a exemplo da realização de grupos de foco, como trazido na seção Saiba Mais). Em 2020, o Estado do Paraná não enviou pelos Correios as guias de cobrança do imposto sobre propriedade de veículos automotores (IPVA) para o endereço dos contribuintes. Foi necessário baixá-las e efetuar o pagamento pela Internet. O contribuinte também poderia dirigir- se, de posse do número do Renavan, até uma agência dos sete bancos conveniados. Com tal medida, a previsão do Estado era a de economizar, aproximadamente, oito milhões de reais com a impressão e o envio das guias. Ao mesmo tempo, as organizações de serviços estão convidando os clientes a participar do processo de criação e aperfeiçoamento dos seus serviços: é a co-criação em serviços. Nesse contexto de presença do cliente no momento da prestação dos serviços, Hoffman et al. (2009) relembram que existem clientes difíceis, “[...] clientes não são inocentes, e o comportamento desordeiro de um pode afetar não só outros clientes, mas também o próprio pessoal de serviço” (HOFFMAN et al., 2009, p. 322). Infelizmente, com maior frequência do que gostaríamos, a mídia divulga agressões verbais e até físicas a servidores públicos. Nesse sentido, o autor apresenta cinco perfis de clientes. Ao conhecer e estudar tais perfis, a equipe de atendimento pode lidar melhor com determinadas situações. 26WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Figura 3 - Tipos de clientes difíceis. Fonte: O autor. O cliente do tipo difícil egocêntrico é aquele que “passa por cima” dos subordinados para chegar ao encarregado do setor. Ele quer ser atendido naquele exato momento e pelo posto mais alto da hierarquia. Para lidar com esse tipo de cliente, o atendente da linha de frente deve mostrar que pode resolver o problema, fazendo abordagens do tipo: “Para o Senhor, eu posso fazer o seguinte ...”. Não fale em regras da organização com esse tipo de cliente, pois, na perspectiva dele, regras não existem. O tratamento a ser dado ao cliente do tipo difícil boca suja se inicia pela tentativa de se levá-lo a outro ambiente, distante dos demais clientes. Feito isso, ainda que ele continue esbravejando, procure ouvir com calma sua reclamação para entender como você pode ajudá- lo. Caso a estratégia não se apresente eficaz e ele continue esbravejando, a alternativa é fazê-lo entender que, então, não há negociação e que agora ele está por conta própria. O cliente difícil histérico se aproxima muito do perfil do cliente boca suja. A solução é parecida: leve o cliente a um local isolado; ouça suas demandas; deixe-o desabafar; peça desculpas se o erro foi da organização; resolva o problema e, se possível, ofereça uma recompensa. Já o cliente difícil ditatorial é irmão-gêmeo do egocêntrico; no entanto, geralmente ele já vem com instruções escritas abordando o seu problema. Se o problema dele não for resolvido, é por culpa do colaborador. Esse tipo de cliente não deve ser atendido a qualquer custo: a melhor abordagem é ser honesto e expor claramente como a empresa pode resolver o problema. Por fim, o cliente difícil parasita quer tudo de graça. Por seu descuido, bateu no meio-fio e o pneu do seu carro estourou. Ainda assim, ele vai até a loja e culpa o fabricante, exigindo a troca por um pneu novo. Felizmente, as organizações não têm mais que 2% de clientes desse tipo. A maioria é honesta. Tome cuidado para não penalizar os clientes honestos no intuito de coibir ações de clientes parasitas. Assim sendo, o que percebemos é que as organizações têm de conhecer os clientes/ cidadãos e se aproximar deles, buscando nas inovações tecnológicas alternativas para prestar um atendimento que possa encantá-los. É importante preparar a organização para os clientes difíceis, os quais, mesmo que, felizmente, sejam minoria, podem fazer um grande estrago na imagem da organização. 27WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2. PRODUTOS/SERVIÇOS PÚBLICOS Iniciemos por conceituar produto na perspectiva de Kotler e Keller (2012), os quais consideram que o produto vai além do tangível, de algo físico que pode ser tocado. Tratam o produto de forma ampla, como sendo tudo aquilo que pode ser ofertado ao mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo, incluindo, além dos produtos físicos, os serviços, lugares, ideias, pessoas, experiências, eventos, propriedades, informações e organizações. Urdan e Urdan (2013) afirmam que “[...] produto é algo que satisfaz necessidade(s) e desejo(s) do cliente e é por este recebível numa transação com um fornecedor [...] sob o prisma do marketing, um produto tem que gerar satisfação a um segmento alvo” (URDAN; URDAN, 2013, p. 52). Dessa forma, concluímos que produto pode ser algo tangível ou intangível, que atende a uma necessidade ou a um desejo do cliente. É importante que essa oferta seja superior à do concorrente, gerando satisfação e levando à fidelização. Vale lembrar que a oferta deve ser completa, indo para além do produto, considerando-se também o composto de marketing, que inclui preço, promoção e distribuição (elementos de marketing que serão estudados nesta apostila). Grupo de foco ou focus group é uma pesquisa qualitativa que acontece com um grupo pequeno, de 8 a 12 pessoas escolhidas entre o público-alvo objeto do estudo. É realizada por um moderador treinado, que, de forma natural, conduz a discussão. O ambiente deve ser agradável, com espelho on way em que os avaliadores externos não podem ser vistos pelos participantes. A reunião é gravada para ajudar nas análises dos dados. Para mais informações sobreo conceito e utilização da co-criação em serviços, leia Co-criação em serviços, disponível em https:// bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/ bds/bds.nsf/2F26D164C9FF31BD832579510041C91F/$File/ NT0004671A.pdf. https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/2F26D164C9FF31BD832579510041C91F/$File/NT0004671A.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/2F26D164C9FF31BD832579510041C91F/$File/NT0004671A.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/2F26D164C9FF31BD832579510041C91F/$File/NT0004671A.pdf https://bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf/2F26D164C9FF31BD832579510041C91F/$File/NT0004671A.pdf 28WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.1 Níveis de Produto Kotler e Keller (2012) classificam os produtos em cinco níveis: benefício central, produto básico, produto esperado, produto ampliado e produto potencial. A cada nível, agrega-se mais valor para o cliente e, combinados, formam a hierarquia de valor. O primeiro nível refere-se ao que realmente o cliente está comprando. É o benefício central do produto. Quando um consumidor adquire uma furadeira, ele está realmente comprando furos ou uma forma mais prática e fácil de conseguir produzir furos? Um erro recorrente dos vendedores é o de, ao apresentarem o produto, focarem em suas características, esquecendo de exaltar-lhes os benefícios. O cliente não compra características, mas, sim, benefícios. Ao comprar um sapato masculino de couro, o cliente estará levando conforto, durabilidade. Ou seja, pelo fato de o sapato ser produzido com couro de boa qualidade (sua característica), o cliente recebe, por decorrência, os benefícios de conforto e durabilidade. O segundo nível é o produto básico. Por exemplo, quando o cliente procura um posto de combustível, espera encontrar, pelo menos, combustível. O produto esperado refere-se ao terceiro nível, em que o consumidor espera encontrar uma série de atributos e condições. Ainda no exemplo do posto de combustível, quando o cliente lá vai, ele espera que o frentista, além de completar o tanque com a qualidade adequada do combustível, também se coloque à disposição para lavar os vidros, calibrar os pneus e verificar o nível de água e óleo. No quarto nível, encontramos o produto ampliado. Aqui, o profissional de marketing busca exceder as expectativas do cliente. Assim, quando o cliente chega ao posto de combustível, além dos itens que figuram nos níveis anteriores, ele encontrará algo inesperado, do tipo: a partir de certa quantidade de litros de abastecimento, o cliente será contemplado com uma lavagem de aparência do veículo ou com um café. Ainda segundo os autores, em grande parte dos mercados de países desenvolvidos, a competição ocorre nesse nível; já em países em desenvolvimento, como o Brasil, a competição ainda acontece no nível do produto esperado. Um dos fatores que pode explicar tal fenômeno seria a maior renda per capita dos habitantes de países desenvolvidos em comparação com a dos habitantes de países em desenvolvimento; afinal, aqueles teriam maior renda discricionária para pagar por tal atributo extra. O quinto nível é representado pelo produto potencial, que abrange todas as possíveis modificações que o produto possa sofrer no futuro, garantindo, assim, sobrevida em relação aos seus concorrentes, apresentado atributos não encontrados na concorrência. Ainda no exemplo do posto de combustível, os homens, por exemplo, seriam surpreendidos com um cartão de felicitações pelo seu aniversário enquanto as mulheres receberiam flores. É importante lembrar que, geralmente, a ampliação dos benefícios dos produtos leva ao aumento dos custos, o que, muitas vezes, não é suportado pela empresa, a qual acaba repassando isso aos preços. As organizações devem ficar atentas também ao aspecto de que o produto ampliado pode se tornar esperado, o que ocorre quando os concorrentes rapidamente passam a fazer a mesma oferta, deixando aquilo de ser um diferencial da empresa. 29WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 2.2 Elementos do Produto Abordaremos, brevemente, três elementos diretamente relacionados ao produto: embalagem, rotulagem e marca. Kotler e Keller (2012) definem embalagem “[...] como o conjunto de atividades de design e produção do recipiente que envolve um produto” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 368). A embalagem pode ter até três níveis de materiais: a embalagem primária, secundária e a de remessa. Pastore (2018) afirma que uma embalagem bem elaborada é capaz de atuar como uma autêntica campanha de comunicação. Essa importância se acentua, principalmente, para produtos de conveniência, os quais ficam expostos em prateleiras e que, muitas vezes, o consumidor frente a elas tem segundos para decidir qual produto comprar. Para Urdan e Urdan (2013), são cinco os integrantes necessários ao desenvolvimento de embalagens e que levam ao reconhecimento e memorização dos consumidores: identidade de marca, estrutura, cores, ilustrações e texto. A identidade da marca está ligada intimamente ao posicionamento que a empresa busca junto ao seu público-alvo. Identifica a origem do produto, facilita a recordação e auxilia na lealdade à marca. Já a estrutura refere-se ao formato, materiais a serem utilizados na sua confecção, tamanho (se para a família ou consumo individual) e sua utilização (no momento de abrir e na reutilização do conteúdo). As cores utilizadas nas embalagens ajudam a reforçar o posicionamento e a destacar os benefícios do produto. Mesmo sendo um componente emocional e subjetivo, é clara sua importância. A predominância da cor amarela na embalagem do amido de milho, da marca Maizena, remete à origem do seu produto principal, o milho. As ilustrações são as figuras e fotografias estampadas na embalagem. Têm por função informar os benefícios, mostrar formas de uso e tornar o produto mais desejado pelo consumidor. For fim, os textos são imprescindíveis à embalagem, trazendo informação aos intermediários e clientes. Essas informações são inerentes à rotulagem, abordada a seguir. Para Kotler e Keller (2012), o rótulo “[...] pode ser uma simples etiqueta presa ao produto ou um projeto gráfico elaborado que faça parte da embalagem. Pode trazer apenas o nome da marca ou conter muitas informações” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 370). Tem como função identificar, classificar, descrever e promover o produto. No entanto, devemos nos atentar às regulamentações governamentais, que estabelecem regras especiais a determinados produtos, em especial aos medicamentos. Empresas exportadoras devem se preocupar em entender a cultura dos países para os quais pretendem vender, pois cores e símbolos podem ter significados diferentes se comparados aos significados que têm no Brasil. A elaboração da marca e a escolha do nome do produto ou da nova organização sempre foram preocupações presentes nas mentes de muitos profissionais de marketing. Muitas vezes, tais profissionais são procurados por empreendedores que os desafiavam a encontrar um nome e uma marca que representem tudo o que a empresa oferta ao mercado. Nessa perspectiva, algumas pessoas entendem que a simples utilização de uma marca ou nome criativos é suficiente para se atingir sucesso. Para Kotler e Keller (2012), marca é “[...] um bem ou serviço que agrega dimensões que, de alguma forma, o diferenciam de outros produtos desenvolvidos para satisfazer a mesma necessidade” (KOTLER; KELLER, 2012, p. 258). Os autores ainda afirmam que tais diferenças podem ser racionais (como o desempenho do produto) ou emocionais e simbólicas (relacionadas ao que a marca representa em termos abstratos). 30WWW.UNINGA.BR M AR KE TI NG G OV ER NA M EN TA L | U NI DA DE 2 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Tybout e Calder (2013) afirmam que “[...] no nível mais básico, uma
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