Buscar

fisiologia da digestão de aves

Prévia do material em texto

Fisiologia 2
Fisiologia da digestão de aves
Prof. Dsc. Fernanda de Queirós Costa
Introdução
• Por causa de suas altas taxas metabólicas, as aves devem
consumir mais alimentos em proporção ao seu tamanho do
que a maioria dos animais.
• A anatomia do canal alimentar das aves é notavelmente
diferente da dos mamíferos na área da boca, na presença de
um papo no esôfago e na existência de um estômago muscular
ou moela.
• A boca e a faringe não são bem delimitadas e, na maioria das
espécies, não há palato mole. O palato duro comunica-se com
as cavidades nasais.
• Os dentes estão ausentes e suas funções são realizadas pelo
bico córneo e pela moela, havendo uma grande variedade de
adaptações do bico e da língua. As glândulas salivares e papilas
gustativas estão presentes, em localização e número variáveis.
Cavidade Oral
• Em contraste com mamíferos, as aves não apresentam palato mole e a
fenda palatina, conectando a cavidade oral e a nasal.
• Esta abertura e a ausência de um palato mole torna impossível à ave
criar um vácuo para sugar a água para dentro da boca.
• Portanto, a fim de beber, a ave deve elevar sua cabeça para permitir que
a água desça o esôfago por gravidade
• Há várias glândulas salivares na parte superior da boca, glândulas
mandibulares, lingual e cricoaritenoide que produzem a saliva.
• A saliva ajuda a lubrificar o alimento e contém amilase em algumas
espécies (não presentes em frangos, poedeiras e perus) e podem
exercer algum efeito digestivo no alimento armazenado no papo.
• A língua da ave apresenta um formato de flecha e ajuda a impulsionar o
alimento para o esôfago, que é dividido em regiões cervical e torácica
• O bico tem função de coletar alimentos e agua
• Glândulas salivares não são tão eficientes mas servem para umedecer
os alimentos
• Principais estruturas que compõe a boca são: bico, palato superior e
inferior, língua, coana e infundíbulo
• Deglutição: não possui os músculos da deglutição, põe a cabeça para o
alto para que o alimento caia no esôfago Atuação da língua, aparelho
hióide, laringe Movimento da cabeça para frente
No papo aparecem as bactérias produtoras de ácido lático
por fermentação, sendo, portanto, a primeira barreira
contra bactérias patogênicas.
Estômago
• O estômago é composto por dois compartimentos, o proventrículo
(pH= 2,8-4,0) ou estômago glandular e a moela (pH=2,8-4,0) ou
estômago muscular.
• Estes compartimentos são separados por uma região de transição,
denominada istmo.
• O proventrículo corresponde ao estômago do mamífero. Em
comparação com a moela, o proventrículo é pequeno e apresenta
parede fina. O lúmen do proventrículo apresenta uma aparência
granular, concedida por numerosas papilas. As papilas contém
células oxintopépticas, responsáveis pela produção de secreção
gástrica (ácido clorídrico, pepsina e muco).
• O HCl age sobre o pepsinogênio, transformando em pepsina. O pH do
estômago encontra-se normalmente acima de 2,7 nas aves. Por ação do
HCl, a proteina ingerida desnatura, expondo os seus sítios onde a pepsina
exerce sua ação. A gastrina é o hormônio que estimula a produção de HCl
e de pepsina. O peptídeo liberador de gastrina é também produzido no
proventrículo e estimula a contração do papo e a secreção de enzimas
pancreáticas. Na realidade, o alimento passa rápido pelo proventrículo,
onde ocorre pouca digestão do alimento, mas as secreções passam à
moela, onde a ação enzimática ocorre
Estômago
• A moela tritura e mistura o alimento com secreção gástrica e saliva. O
movimento de triturar ocorre devido à ação de dois pares de músculos (fino
e grosso) que circundam o órgão.
• A moela é inativa quando vazia, mas uma vez contendo o alimento, a
contração muscular da muscular mais grossa começa. Existe uma cutícula
grossa que cobre internamente a moela (membrana coilínea), a qual é
secretada pelas glândulas da mucosa. Esta cutícula está sempre sendo
renovada, devido ao seu desgaste contínuo
• A cutícula protege a moela da ação do ácido clorídrico e da pepsina
secretados pelo proventrículo. A cutícula também oferece uma proteção
mecânica contra a fricção gerada pelo processo de trituração do alimento.
• A porção pilórica da moela é pequena na ave e contém glândulas da
mucosa que secretam muco para lubrificar a passagem do alimento moído
da moela para o duodeno. Partículas finas apresentam trânsito rápido pela
moela, mas partículas grossas podem permanecer na moela durante várias
horas. A presença de pedriscos faz com que o alimento seja digerido mais
rápido antes de entrar no trato intestinal
Intestino
• Secreção: células da mucosa intestinal (enterócitos)
• Proteases
• Amilases
• Esterases (lipases)
• Enzimas pancreáticas
• Amilase
• Lípase
• Tripsina e quimotripsina
• Secreção biliar
• Vesícula biliar pode estar ausente ou presente
• Emulsificação de gorduras
• Amilase: principalmente aves granívoras
Intestino Grosso
• Cólon- reto e ceco - Válvula íleo-ceco-cólica
•
• Ceco: grande variedade entre as espécies (um, dois,
rudimentar ou ausente, bem desenvolvido
• Movimentos de mistura, movimentos peristálticos e
antiperistálticos
• Absorção de água, digestão de fibra bruta (microbiana),
síntese de vitaminas
• Cólon-reto > Segmento final
• Movimentos de peristaltismo, segmentação e antiperistaltismo
• Cloaca > Recebe ductos deferentes, ovidutos e ureteres
Absorção de nutrientes 
monogástricos x 
ruminantes
Absorção
• A água, os minerais, as vitaminas hidrossolúveis não
necessitam desdobramento para sua absorção,
• As proteínas, os lipídeos e os açucares necessitam
sofrer transformações até atingirem formas mais
simples e “leves”.
• As proteínas só podem ser absorvidas pela mucosa
intestinal sob a forma de aminoácidos ou até
tripeptídeos, porém, para entrarem na corrente
circulatória precisam estar na forma de aminoácidos;
Absorção
• As proteínas, os lipídeos e os açucares necessitam
sofrer transformações até atingirem formas mais
simples e “leves”.
• Os lipídeos se transformam em ácidos graxos e triglicérides
para serem absorvidos pela mucosa intestinal, porém , só
passam para o vaso linfático (por exocitose) sob a forma de
quilomícrons ( triglicérides + colesterol + fosfolipídios +
proteína), ou para os vasos sangüíneos sob a forma de
monoglicerídeos;
• Os açúcares necessitam ser desdobrados até a forma mais
simples (monossacarídeos) como glicose, galactose ou frutose
para serem absorvidos pela mucosa intestinal, mas, dentro
dela se transformam todos em glicose para entrarem na
corrente circulatória e então são distribuídos às células ou
armazenados no fígado s ob a forma de glicogênio. Este sob
ação da adrenalina pode se re-converter em glicose se houver
grande demanda ou, aos poucos, de acordo com o consumo
da glicose pelo organismo.
Intestino Delgado - Absorção
• A superfície da mucosa intestinal é intensamente
pregueada e apresenta numerosas vilosidades. As
vilosidades constituem-se de invaginações da lâmina
própria que diferem nos diversos tipos de animais na
forma, tamanho e posição.
• Quanto menor for a capacidade absortiva de um
determinado segmento intestinal, mais desenvolvido é
o sistema de vilosidade. As vilosidades mais bem
desenvolvidas e maiores ocorrem, nos carnívoros e no
cavalo; no suíno, são menores e nos bovinos muito
pouco desenvolvidas.
Digestão de proteína do ID
• O desdobramento das proteínas no intestino delgado ocorre
tanto intraluminalmente pelas ação das enzimas do suco
pancreático (tripsina, quimiotripsina e carboxipeptidases),
ou através da digestão de “contato” e da degradação
intracelular, pelas aminopeptidases e dipeptidases das
células da mucosa.
• Os peptídeos de alto peso molecular, produtos da digestão
abomasal, são inicialmente degradados no lúmen intestinal
pela tripsina e quimiotripsina.
• A tripsina tem uma alta especificidade ao substrato e
degrada ligações de lisina e arginina. As carboxipeptidases
do suco pancreático “encurtam” as cadeias peptídicas
através da hidrólise deresíduos dos aminoácidos no carbono
terminal.
Digestão de proteína do ID
• A degradação dos oligopeptídeos ocorre através da
digestão da membrana intracelular. As aminopeptidases
separam os aminoácidos por “quebra” do nitrogênio
terminal no fim da cadeia.
• As dipeptidases quebram apenas os peptídeos com um
grupo livre carboxil ou amínico.
• As dipeptidases e aminopeptidases são encontradas
principalmente na “borda em escova” das células
epiteliais e, nesta região, provavelmente, ocorre
“quebra” das ligações peptídicas através do contato do
substrato com a mucosa intestinal.
Digestão de proteína do ID
• A degradação do DNA e RNA ocorre através de ribonucleases e
desoxiribonucleases do suco pancreático.
• As ribonucleases “quebram” os oligonucleotídeos do RNA e os
grupos pirimídicos 3 nucleotídeos. As desoxiribonucleases
quebram o DNA em oligodesoxiribonucleotídeos. Na degradação
subseqüente dos produtos da hidrólise participam
fosfodiesterases.
• A degradação do DNA e RNA é importante para os ruminantes
pois os microorganismos do rúmen (em grande parte degradados
no intestino) são ricos nestes ácidos nucleicos.
Digestão de carboidratos no ID
• A degradação dos carboidratos ocorre em duas etapas: o
desdobramento intraluminal dos polissacarídeos e a
digestão por contato dos produtos de degradação, assim
como dos oligossacarídeos provenientes da alimentação.
•
• A degradação intraluminal do amido e do glicogênio ocorre
pela ação da amilase pancreática, que rompe as ligações
1,4-glicosídicas mas não as ligações 1,6-glicosídicas.
• As dissacaridases e as dextrinases atuam na degradação
dos dissacarídeos são degradadas a maltose (pelas
maltases), lactose (pela lactase) e a sacarose (pela
sacarase). Uma dextrinase (isomaltase, oligo-1,6 glicosidase
) rompe ligações 1,6-glicosídeos ramificados em maltose e
glicose.
Digestão de carboidratos no ID
• A mucosa intestinal secreta muco e é também o local de
origem de certas enzimas entéricas, as quais são
especialmente importante na digestão pós ruminal de
carboidratos.
• As células de Brunner’s, no duodeno proximal, secreta um
suco neutro ligeiramente alcalino o qual contém amilase e
ribonucleases numa taxa de secreção de suco duodenal de
13 ml/h em ovinos alimentados uma vez por dia.
• Aumentando a freqüência de alimentação de 1 para 3 vezes
ao dia e aumentando a taxa de fluxo de digesta para o
duodeno, produz um aumento na taxa de secreção para 26
ml/h.
Digestão de lipídeos no ID
• A digestão lipídica intraluminal compreende a emulsificação das
gorduras pelos sais biliares, a sua degradação hidrolítica e a formação
de micelas.
• A emulsificação da gordura ocorre com a participação dos ácidos
biliares que provocam diminuição da tensão superficial da água e com
isto elevam o grau de dispersão dos lipídeos. Os ácidos biliares
elevam, além disso, a atividade da lipase e impedem uma nova
esterificação dos ácidos graxos no intestino delgado.
• A lipase pancreática quebra a molécula de triglicerídeos apenas os
grupos hidrolíticos ligados aos ácidos graxos, resultando dos mesmos
um mol de monoglicerídeo e 2 moles de ácidos graxos. Os
monoglicerídeos com ácidos graxos de cadeia curta e média sofrem
isomerização mais rápida do que os de cadeia longa.
• A absorção dos ácidos graxos e monoglicerídeos consiste na
incorporação das micelas, constituídas principalmente de ácidos
biliares e monoglicerídeos além de outros lipídeos, como ácidos
graxos, colesterol e vitaminas lipossolúveis.
Digestão de lipídeos no ID
• A absorção de ácidos graxos de cadeia longa depende da
incorporação dos mesmos aos agregados moleculares
hidrossolúveis (micelas).
• Como não são encontrados monoglicerídeos no conteúdo
intestinal em conseqüência da degradação lipídica nos pré-
estômagos, ocorre nos seus lugares nas micelas a lisolecitina
que é liberada com a bile originária da sua degradação a partir
de ácidos graxos pela lecitinase do suco pancreático.
• Das micelas, os ácidos graxos são absorvidos pela mucosa
intestinal e incorporados aos triglicerídeos dos quilomícrons. Ao
contrário do que acontece com animais monogástricos, a
formação dos triglicerídeos ocorre nos ruminantes
preferencialmente a partir do glicerofosfato.

Continue navegando