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Resenha Kissinger Cap 16 Três abordagens da paz

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Universidade Federal de Uberlândia
Instituto de Economia e Relações Internacionais
Graduação em Relações Internacionais
História das Relações Internacionais II
CARVALHO, Beatriz (11711RIT006)
CRUVINEL, Victória (11711RIT036)
GOULART, Jessica (11711RIT003)
LEMOS, Amanda (11711RIT005)
SAMPAIO, Anna Clara (11711RIT007)
VANCIM, Lucca (11711RIT045)
Bibliografia: Diplomacia - Capítulo 16 - Três abordagens da paz: Roosevelt, Stalin e Churchill na Segunda Guerra Mundial (Henry Kissinger)
	Ao atacar a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Hitler iniciou a maior guerra que a humanidade já viu até a atualidade. Enquanto desbravava Rússia a dentro, Hitler declarou guerra aos Estados Unidos, transformando o que até então havia sido uma guerra europeia em um combate global, de horror sem precedentes. 
Na sangrenta batalha de Stalingrado, a Alemanha perdeu por completo seu 6º exército, destruindo a retaguarda do esforço de guerra alemão e a URSS, no entanto sem conseguir derrotá-la. A partir desse momento, vislumbrando a vitória, os governantes aliados começaram a elaborar a futura disposição mundial. Churchill queria reconstruir o equilíbrio de poder tradicional na Europa, para que unidos pudessem contrabalançar juntamente com os EUA a URSS à leste. Roosevelt anteviu que os três ganhadores da guerra, aliados com a China, seriam os diretores do mundo, subestimando totalmente a França. Stalin, por sua vez, fazia jus à ideologia comunista e a política externa russa tradicional, pretendendo expandir sua influência para a Europa central, a fim de transformar os países conquistados em zonas-tampão.
Roosevelt rejeitou o mundo tradicional da diplomacia europeia, tornando-se impaciente com os "truísmos" que pretendiam encarnar as lições da história. Foi incapaz de acreditar na ideia de que a derrota total da Alemanha poderia criar um vácuo para uma União Soviética vitoriosa. Para ele, a paz seria assegurada por um sistema de segurança coletiva, mantido pela ação dos aliados da guerra e de sua vigilância mútua. No entanto, esse se recusava a manter tropas na Europa, entregando à Grã-Bretanha a responsabilidade de defendê-la sem qualquer ajuda militar e financeira da América. Dessa forma, fica disposto que os vencedores aliados (Grã-Bretanha) ficariam responsáveis pela supervisão do desarmamento e divisão da Alemanha, além de manterem os demais países sobre controle. Para ele, apenas as grande potências teriam armas e estava decidido a pôr fim aos impérios coloniais francê e britânico, demonstrando grande otimismo perante o cenário catastrófico do pós-guerra.
Churchill ilude o presidente estadunidense, fazendo-o acreditar em uma ordem mundial baseada na retirada de tropas de além-mar, em uma Alemanha desamada e que a Grã-Bretanha ainda era uma potência capaz de, por si só, resistir ao expansionismo soviético. A América não percebia o quanto era essencial para o novo equilíbrio de poder, tornando o pós-guerra em uma árdua tarefa de ensiná-la. 
O conceito de Roosevelt dos quatro policiais era semelhante à Santa Aliança de Metternich, pois ambos os sistemas representava uma tentativa de preservação da paz através da manutenção de valores partilhados pelos vencedores. No entanto, ele era irrealizável, uma vez que não fora estabelecido nenhum equilíbrio de poder com o fim da guerra, dado haver um profundo abismo ideológico entre os vencedores. Caso um dos supostos policiais recusasse desempenhar o papel a ele designado, Roosevelt não tinha solução para a situação.
Enquanto Roosevelt queria concretizar o conceito de Wilson de harmonia internacional, Estaline conduzia sua política externa estritamente correlacionada com os ideais da Realpolitik. Enquanto comunista, esse só poderia propor aos seus aliados democratas os mesmos acordos propostos para Hitler um ano antes. A cooperação com Hitler não o tornou mais condescendente com o nazismo, assim como a aliança com os países aliados não o levou à apreciar as suas virtudes. O que norteava as as suas ações continuava a ser o interesse nacional soviético, desde que não colocasse em risco a paz.
Quando Stalin tinha menos disposição militar, parecia mais disposto a negociar a paz. Tentou em duas ocasiões realizar algum acordo, mas suas tentativas foram frustradas, pois Roosevelt não queria, de maneira alguma, iniciar tais conversas. No entanto, com o fim da batalha de Stalingrado, ele tornou-se mais confiante de que, quando o fim da guerra chegasse, a maior parte dos territórios disputados seriam da União Soviética, o que fez com que negociações de paz se tornassem cada vez menos interessantes.
 	Churchill, sabendo das forças que dispunha a URSS e de seu caráter expansionista, tinha grande interesse e estava bastante preparado para realizar um acordo com Stalin sobre a ordem europeia ao final da guerra. Isso porque a Grã-Bretanha já estava no conflito há mais tempo e se exaurindo de força. É bastante provável que, se os EUA e a URSS não tivessem entrado na guerra no exato momento em que o fizeram, Churchill teria que enfrentar uma derrota a Hitler.
 	A partir daí, o primeiro-ministro britânico teve tempo de avaliar seus objetivos e, com o tempo, tornou-se claro que o tradicional desejo de manter o equilíbrio de poder na Europa da Grã-Bretanha seria inalcançável, pois, com a derrota da Alemanha, a União Soviética se ergueria como a nação dominante europeia. Sendo assim, Churchill teve que lidar com a tentativa de Stalin de projetar o modelo soviético no continente, além dos objetivos de autodeterminação mundial dos EUA por parte de Roosevelt. Ele sabia que o papel britânico na guerra seria o último como potência mundial independente, pois, a partir dali, o país não seria capaz de manter seus interesses e o equilíbrio de poder europeu sozinho. Portanto, o ponto mais importante de sua diplomacia era criar laços com os Estados Unidos, o que fez com que cedesse aos interesses americanos diversas vezes.
 	Já que aos americanos não interessava discutir os objetivos de guerra antes de Stalingrado e Stalin, com o tempo, perdeu essa vontade, a maior parte das ideias concebidas na guerra sobre a ordem do pós-guerra veio de Churchill. É verdade que Roosevelt se aproximou muito do primeiro-ministro em termos humanos, mas tornava-se mais difícil de lidar com ele do que com Stalin ao tratar de alguns assuntos específicos. Isso porque os EUA historicamente sempre foram de tradição anticolonial na América, pela natureza da estratégia de guerra e pela concepção da Europa do pós-guerra. De fato, a URSS possuía colônias, mas o seu colonialismo não os incomodava tanto quanto o britânico e, por mais que Churchill insistisse que não era possível comparar as treze colônias com as possessões britânicas no século XX, Roosevelt não facilitou em aspecto algum.
 	Esse debate sobre colonialismo não teria frutos antes que a guerra chegasse ao fim, um momento em que Roosevelt já estaria morto, mas apresentou algumas consequências imediatas, como nos conceitos nacionais de guerra e paz. Enquanto os americanos pensavam na vitória militar como um fim em si, os britânicos associavam operações militares à diplomacia para o pós-guerra. Como as únicas experiências de batalha dos EUA foram sua própria Guerra Civil e a Primeira Guerra Mundial, tinham a utopia de que ações militares terminavam quando as diplomáticas iniciavam. Churchill, ao contrário, via a estratégia de combate e política externa extremamente ligadas uma à outra. Sendo assim, qualquer estratégia que contemplasse a promessa de minimizar baixas era bastante interessante para o primeiro-ministro.
	Assim como os chefes militares americanos, Stalin defendia a segunda frente de guerra no Pacífico por motivos geopolíticos e para afastar a força alemã da frente russa. Mesmo depois da batalha de Stalingrado, ao fim de 1942, com a derrota da Alemanha, a segunda frente atraía o dirigente soviético pela sua distância da Europa oriental e central e dos Balcãs, onde seus interesses poderiam colidir com os do Ocidente. A insistênciade Stalin se dava pelos mesmos motivos que Churchill discordava: uma segunda frente arrastaria os aliados para fora das áreas politicamente disputadas.
	Existe inclusive um debate sobre a origem da guerra fria que aponta o fracasso em abrir uma segunda frente como justificativa à intransigência de Stalin na Europa oriental. Nesse sentido, isso teria irritado os soviéticos, o que é difícil de se imaginar, tendo em vista o caráter calculista e racional de seu dirigente. 	Entretanto, a junta dos chefes de estado-maior refletia a opinião americana de adiar as discussões do mundo pós-guerra para depois da vitória. E, talvez isso, tenha tornado a guerra fria inevitável.
	Por uma regra geral, tem-se que os termos de paz devem ser discutidos enquanto os países ainda estiverem em guerra, pois, caso contrário, a potência mais determinada fica com os lucros, os quais só lhes serão retirados mediante um confronto maior ainda. Nesse sentido, uma discussão dos objetivos dos aliados no pós-guerra era necessária no andamento do conflito, haja vista à política de rendição incondicional decidida por Roosevelt e Churchill no início de 1943. Essa política havia sido proposta pelo presidente norte-americano por: recear que um debate com a Alemanha gerasse um divisionismo e retirasse os esforços dos aliados para ganhar a guerra, assegurar à Stalin que não haveria um acordo de paz separado e, principalmente, evitar mais um ciclo revisionista por parte de uma Alemanha injustiçada.
	Roosevelt traçou o mundo do pós-guerra de acordo com os ideais wilsonianos, sob uma série de conferências internacionais, em que se esboçou a cooperação da ordem mundial (a constituição da ONU, da economia mundial, da alimentação e agricultura, da assistência e recuperação e da aviação civil). Porém, ele foi decisivo ao se recusar discutir acerca dos objetivos de guerra ou arriscar o desentendimento com os soviéticos.
	Stalin enxergava a evasiva de Roosevelt a um debate de acordo do pós-guerra como uma estratégia de exploração das suas dificuldades militares. Por isso, ele tentou um envolvimento com a Grã-Bretanha, no qual preferiu negociar concessões recíprocas, sobretudo sob a forma de território. A postura do soviético era conduzida pela Realpolitik, na ideia de desmantelamento da Alemanha e volta das fronteiras de 1941. Em troca, ele apoiaria exigências britânicas de bases militares em todos os seus países aliados. No entanto, a Grã-Bretanha não violaria os princípios da Carta do Atlântico e os norte-americanos não admitiriam um regresso ao que afetara a diplomacia da Primeira Guerra Mundial: planos secretos. Ainda assim, esse diálogo foi adiado.
	Stalin trouxe de volta a questão em 1942, à qual Churchill estava preparado para explorar uma troca de favores com o reconhecimento das fronteiras de 1941, enquanto Roosevelt, por sua vez, não aceitaria qualquer plano de um equilíbrio de poder e rejeitou a discussão de assuntos do pós-guerra. Ainda assim, meses depois, o líder soviético tentou desenvolver a questão, exigindo dessa vez pactos de assistência mútua com a Romênia e a Finlândia, refletindo seus objetivos a longo prazo (tendo em vista que as tropas alemães ainda encontravam-se no território da União Soviética).
	Churchill, por sua vez, enfrentou a oposição dos norte-americanos, descrevendo tais conversações como um desafio à recusa de mudanças territoriais conseguidas pela força e um regresso a uma política antiga de poder já desacreditada. E, em relação a isso, Stalin pediu que os britânicos ignorassem a “interferência americana”.
	Pela interrupção do diálogo anglo-soviético, o preço que Stalin estava disposto a pagar nunca será conhecido. Ele havia mostrado sua flexibilidade quanto às fronteiras da Polônia, disposto a negociar em troca da aceitação dos governos no exílio da Europa oriental. Esse quid pro quo teria conduzido a um melhor bem-estar dos povos da Europa oriental do que o que realmente aconteceu. No entanto, tudo isso desapareceu haja vista o pedido dos americanos aos soviéticos em concordar com uma nova abordagem da ordem mundial, apresentando-lhes uma alternativa das esferas de influência, o que era basicamente um regresso ao conceito wilsoniano de segurança coletiva modificado pela ideia dos quatro polícias.
	Ao contrário das explicações para sua crença de que Stalin seria atraído pela governação do mundo, Roosevelt foi mais claro acerca da questão colonial, propondo uma curadoria internacional para todas as antigas colônias, a qual incluía a União Soviética. Entretanto, o ministro das relações exteriores soviético não soube examinar a circularidade histórica, a qual apresentava duas alianças diferentes e antitéticas num intervalo de dezoito meses. Da primeira vez, envolvia Alemanha, Estados Unidos e Japão, e, desta vez, com Estados Unidos, Grã-Bretanha e China. Mas ambas, ofereciam territórios ao sul: a princípio o oriente médio e, depois, curadorias coloniais.
Tal como da primeira vez, em Berlim, Molotov aceitava agora em Washington a adesão ao acordo proposto, sem contudo, desviar-se das ambições territoriais de Stalin na Europa. Sobre elas, foi taxativo: almejava o restabelecimento das fronteiras de 1941, uma influência soviética na Bulgária, na Romênia e na Finlândia e direitos especiais nos Estreitos, tendo adiado, pela segunda vez, a questão colonial.
Ao compreender que a América deixara as questões políticas a serem discutidas no pós-guerra, Stalin via a melhora de sua posição negocial. Tal fato o estimulou ainda mais a seguir sua empreitada imperialista e saquear tudo o que podia com o atraso das negociações. Nesse cenário, Roosevelt sabia dos perigos que corria ao enfrentar o fortalecimento do expansionismo soviético, mas concluiu que a melhor estratégia seria dar a Stalin “uma reputação a defender”, no sentido de ganhar sua confiança. Além disso, os EUA se mostravam completamente capazes de uma intimidação militar para caso o expansionismo soviético saísse do controle. De todo modo, o foco das negociações estadunidenses se encontrava na aproximação pessoal entre Roosevelt e Stalin no intuito de realizar um alinhamento de interesses, chegando Roosevelt a ter idealizado um encontro com Stalin no estreito de Bering com a exclusão de Churchill, esforços que foram ignorados pelo líder soviético. 
Posteriormente, os encontros de tais líderes se daria nas conferências de Teerã e Ialta, nas quais até mesmo o local, em razão de sua proximidade ou inserção no território soviético, reduzia a confiança dos ingleses e americanos em conseguir concessões de Stalin. Nessa ocasião, ele ainda encontrava-se direcionado a castigar EUA e Grã-Bretanha pela demora em abrir sua almejada segunda frente, tendo, inclusive, forçado a oficialização da abertura de uma segunda frente na França na primavera de 1944.
Dentre suas discussões, as três potências concordaram sobre a necessidade de desmilitarização alemã e sobre as respectivas zonas de ocupação. Sobre a fronteira da Polônia, foi concedido o seu deslocamento para o ocidente, e, sobre o território báltico, foi apenas orientado à URSS que fizesse um plebiscito à população de modo a não romper com o princípio da autodeterminação da Carta do Atlântico. No entanto, os acordos do pós-guerra foram adiados até o último dia de conferência. Roosevelt, por sua vez, pautado na conquista pessoal de Stalin, atingiu seu objetivo ao dissociar-se de Churchill e acabou por conseguir um caráter moderador partindo da URSS. Em seu resumo sobre Teerã à sua população, declarou “creio que vamos dar-nos muito bem com ele [Stalin] e com o povo russo”.
Logo, em junho de 1944, o destino da Alemanha estava selado, devido ao fato de que Stalin houvera imposto de forma gradual as suas condições até chegar no reconhecimento do grupo de Dublin, banindo o grupo polaco de Londres. Em 1945 o que estava em evidência era o controle político de territórios para além dessas fronteiras. Churchill sabia o que estava acontecendo, porém se encontrava dependente do governo estadunidense devido às iniciativas solitárias.Apenas a Grã Bretanha sozinha não era forte o suficiente para enfrentar Stalin. Dessa forma, Churchill propõe em uma de suas visitas a Moscovo, um acordo de esferas de influência definido por porcentagens que foi aceito imediatamente por Stalin. 
Já na Conferência de Ialta, nada restava do acordo, visto que o exército soviético já ocupava todos os territórios disputados, tornando polêmica a questão das fronteiras. Churchill e Roosevelt acabaram por reconhecer as fronteiras da Rússia de 1941 nos acordos pós guerra, reconhecendo também o governo de Lublin criado por Moscovo. A concessão de Stalin para seus aliados foi uma declaração conjunta da Europa libertada, que prometia eleições livres e o estabelecimento de governos democráticos na europa oriental.
Depois de tal conferência tudo jubilava, Roosevelt afirmava que o acordo tinha conseguido chegar as Nações Unidas, mas não a uma decisão que fosse respeitada por todos.
A importância de relações pessoais entre governantes, e da harmonia entre as nações, continua a ser exaltada pelos os Estados Unidos, à medida em que a guerra chegava ao fim. Roosevelt caracterizava Stalin como um homem educado e com uma postura cristã que se importava, porém Stalin era um maestro da Realpolitik e acreditava que a ocupação de territórios era necessário para impor neles o seu próprio sistema social. 
Em abril de 1945, Churchill pressionou, o comandante das forças aliadas, Eisenhower a tomar Berlim, Praga e Viena antes dos exércitos soviéticos que estavam avançando, os chefes de estado maior americanos recusaram o pedido e viram a situação como oportunidade de ensinar os aliados ingleses a importância de separar as estratégias militares de planos políticos. Para os americanos, como não havia forças armadas alemãs significativas para destruir, a rejeição do pedido de Churchill foi uma questão de princípios, o próprio Eisenhower escreveu para Stalin informando-o que não avançaria sobre Berlim e propôs que as tropas soviéticas e americanas fizessem a ligação nas cercanias de Dresden. Stalin concordou com os planos do general e ordenou que o principal esforço de ofensiva terrestre soviético fosse dirigido a Berlim.
Dois meses depois do encontro em Yalta, as violações de Stalin da Declaração de Yalta sobre a Europa Liberada estavam evidentes, sobretudo em relação a Polônia. Churchill rogou pela inclusão de alguns membros do governo polonês exilados em Londres que satisfaziam o critério posto por Stalin, de pessoas não hostis a União Soviética. Entretanto, a esta altura, a simples falta de sentimentos hostis não era o suficiente, os únicos indivíduos do governo seriam os membros do partido comunista polonês e, entres estes, aqueles totalmente subservientes a Moscou. Em 1949, os mesmos indivíduos que sempre haviam sido comunistas, seriam expurgados, suspeitos de sentimentos nacionalistas.
O que aconteceu parece inevitável, era quase impossível evitar a restauração das fronteiras soviéticas de 1941, política ocidental mais dinâmica poderia ter conseguido certas modificações, se isto fosse possível, tê-lo-ia sido somente em 1941 ou 1942, quando a União Soviética oscilava à beira da catástrofe. Após a batalha de Stalingrado, entretanto, a questão do futuro da Europa Ocidental bem podia ter sido levantada sem risco de um colapso soviético ou de uma paz em separado com Hitler. O plano nazista era despovoar a União Soviética até a linha de Arkhangelsk a Astrakhan, muito além de Moscou, e reduzir à escravidão a parte da população que escapasse do extermínio, portanto, acima de tudo, uma paz em separado, mesmo com as fronteiras de 1941, não seria a solução para Stalin ou Hitler. 
O conceito de Roosevelt dos Quatro Guardas tropeçou no mesmo obstáculo que o conceito mais genérico de Wilson da segurança coletiva: os Quatro Guardas simplesmente não viam suas metas globais da mesma forma. A combinação letal, em Stalin, e paranoia, ideologia comunista e imperialismo russo, traduziu a noção de Quatro Guardas, imparciais, a imporem a paz mundial, com base em valores universalmente comuns, ou numa oportunidade soviética ou numa armadilha capitalista. A linha de ação de Stalin era nítida: projetar o poder soviético o máximo possível para oeste, fosse para coletar o botim, fosse para colocar-se na melhor posição de barganha para um desfecho diplomático posterior.
	Ademais, o próprio Estados Unidos também não estava preparado para as consequências da ideia dos Quatro Guarda, pois para o conceito funcionar os Estados Unidos tinham que estar dispostos a intervir em qualquer lugar onde houvesse ameaça à paz. No entanto, em Yalta, Roosevelt afirmou aos aliados que as tropas americanas não ficariam mais de dois anos em serviço de ocupação. Os Estados Unidos recusaram a defender a Europa, e as tentativas britânicas eram rotuladas como imperialistas, a doutrina dos Quatro Guardas daria no mesmo vácuo que o conceito de segurança coletiva, nos anos de 1930. A Ásia foi outro problema no conceito de Quatro Guardas, a China era ainda menos capaz do que a Inglaterra de cumprir a missão que Roosevelt lhe atribuiu.
 A análise geopolítica de Churchill era bem mais acurada que a de Roosevelt. Contudo, a recusa do presidente americano a ver o mundo em termos geopolíticos era o outro lada da moeda do mesmo idealismo que levou os Estados Unidos à guerra e lhe permitiu salvar a causa da liberdade. Inevitavelmente como fosse, a guerra terminou mesmo num vácuo político, estava desfeito o equilíbrio de poder e um amplo tratado de paz era difícil. O mundo se dividiu em campos ideológicos, o que levou a uma batalha longa para alcançar um acordo que escapara aos líderes antes do fim da Segunda Guerra Mundial.	
Comentários:
	Neste capítulo de “Diplomacia”, Henry Kissinger apresenta as ideias de cada um dos dirigentes dos países vencedores para a ordem mundial do pós-guerra, destacando suas divergências. Enquanto os posicionamentos de Roosevelt refletiam os ideais wilsonianos, Stalin tinha pretensões de se expandir para a Europa Central e Churchill buscava a reconstrução do sistema europeu de equilíbrio de poder anterior à guerra.
	Ligado ao Realpolitik, o autor sublinha o caráter interesseiro de Stalin no que diz respeito à questão territorial e à expansão do comunismo. O ideal soviético era que o território ficasse de acordo com o resultado das batalhas, para o vencedor. Nesse sentido, ainda que se esforçasse por engajamentos acerca da situação do pós-guerra, ele se aproveitou geograficamente da demora para conclusão de qualquer determinação política.
Tendo em vista o conhecimento do primeiro ministro acerca do fim do seu protagonismo no cenário internacional, Kissinger avalia fortemente o posicionamento diplomático da Grã-Bretanha sob a figura de Churchill. Ele foi o maior ator das negociações do mundo pós-guerra durante esta, devido à necessidade de garantir o apoio norte-americano daí em diante.
Por outro lado, o autor deixa claro a resistência do presidente estadunidense para discutir tais questões, alertando para a separação das questões de caráter militar e de caráter político por parte de Roosevelt - e até mesmo do povo norte-americano. A verdade é que, até então, os Estados Unidos não enxergavam a União Soviética como inimiga; eles reuniram seus esforços para combater Hitler. Entretanto, a oposição não se limitava ao fascismo alemão: sendo uma guerra de libertação dos povos e sob os princípios da Carta Atlântica, Roosevelt expandia tais objetivos para as colônias europeias. Ele visava o fim do colonialismo e a garantia da soberania para todo o mundo, antes que a busca pela autodeterminação desse início a uma luta racial.
O autor ressalta o posicionamento otimista de Roosevelt que, durante as Conferências de Teerã e Yalta, em 1943 e em 1945, introduziu o conceito dos Quatro Policiais, onde os Estados Unidos, a Grã Bretanha, a União Soviética e a China seriam os Estados garantidores da paz mundial, e que mesmo com as diferenças ideológicas essas potências lutariam por valores comuns universais. Entretanto, nemo próprio Estados Unidos estava disposto a disponibilizar tropas ou recursos americanos para restaurar a Europa. Para os eles, preservar a paz no continente europeu era papel da Grã-Bretanha e da União Soviética e, por isso, não iria assumir o papel de interventor. Além disso, a China foi incluída no plano por cortesia, pois, ao final da guerra, a China era um país subdesenvolvido que não tinha uma influência global.
Enfim, para Kissinger, o fim da Segunda Guerra Mundial ficou marcado por um vácuo geopolítico e pela divisão do mundo em campos ideológicos distintos. Essa separação que caracterizou o período de tensão da Guerra Fria poderia, do ponto de vista do autor, ter sido evitada por um simples debate acerca da situação do pós-guerra ainda durante o seu andamento.
Perguntas:
1. Seria possível evitar a Guerra Fria por meio de discussões acerca da conjuntura do pós-guerra no seu desenrolar? Isso não seria arriscado tendo em vista os interesses e o caráter “frio e calculista” de Stalin?
2. O que levou o presidente Roosevelt, ao formular o conceito dos quatro policiais, a inserir a China ao lado dos três vencedores da guerra no lugar da França, mesmo diante de suas demonstrações hegemônicas ao longo da história?

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