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● Albumina baixa: corrigir o valor do cálcio total -> aumentar 0,8 mg/dL para cada redução de 1g/dL de albumina abaixo de 4 ● PTH é o principal regulador do cálcio sérico Manifestações clínicas - maioria assintomáticos - Sistêmicas: devido a hipercalcemia - SNC: rebaixamento do nível de consciência, demência, confusão mental, ansiedade e depressão; - Coração: hipertensão, encurtamento do QT, calcificação em valvas e hipersensibilidade à digitais - Músculos: fraqueza ou dor muscular, pseudogota e condrocalcinose; - Rins: oligúria, nefrolitíase, nefrocalcinose, hipercalciúria, acidose tubular (ATR tipo 1), insuficiência renal crônica - Gastrointestinal: epigastralgia, úlcera péptica (cálcio mais alto ativa as enzimas gastrointestinais), náuseas, vômitos, anorexia, perda de peso, constipação intestinal, pancreatite - Ósseas: devido ao excesso de PTH (o PTH retira o cálcio do osso através de colocar osso novo que é pobre em cálcio e retirar osso velho que era mais rígido, então o osso começa a ficar mais amolecido - fraturas - osteoporose (> 50 anos) - baixa massa óssea para a idade (< 50 anos) → denominação usada para quem tem osteoporose antes dos 50 anos - ocorre ação do PTH principalmente em osso cortical. Portanto, ne densitometria deve-se avaliar o terço distal do rádio. - hipercaptação na calota craniana e na região esternal: pois são locais onde há 2 lâminas de osso cortical juntas e, portanto, o remodelamento é bem elevado, gerando áreas mais escurecidas na cintilografia devido à intensa reabsorção óssea - tumor marrom (osteoclastoma): uma região focal do osso que tem reabsorção óssea intensa, formando uma área desmineralizada e frágil, levando à vasodilatação e chegada de sangue e células mesenquimais. A soma desses fatores leva à formação de um tumor benigno composto de tecido fibroso bastante vascularizado, pouco mineralizado e rico em osteoclastos, frágil e suscetível à fraturas. O aumento da reabsorção óssea pode gerar focos de maior reabsorção - osteíte fibrosa cística: ocorre em todo o esqueleto, em vez apenas em uma região focal (como o osteoclastoma). É como se fossem vários osteoclastomas. O esqueleto se torna fibroso, vascularizado, desmineralizado, com muitas áreas de reabsorção, frágil e várias áreas com maior captação na cintilografia óssea. Formas graves podem cursar com compressão medular e pancitopenia. - coluna em “Rugger Jersey”: sinal radiológico que evidencia a reabsorção óssea. Mostra claramente a diferença das densidades entre as áreas de osso cortical e trabecular da vértebra, ressaltando a fisiopatologia do hiperparatireoidismo primário, que tem intensa reabsoção no osso cortical, enquanto no trabecular pode até haver discreto aumento na densidade. - Renal: a calcemia é tão alta que a reabsorção promovida pelo PTH não é suficiente para compensar o excesso de cálcio que está passando pelo filtrado glomerular. A combinação de HIPERcalciúria e HIPERfosfatúria (PTH aumenta excreção de fósforo) faz com que a nefrolitíase seja muito comum no HPP. Pode ocorrer ainda insuficiência renal aguda e pode cronificar também - A hipercalcemia pode ser tão grave que leva a uma crise hipercalcêmica IRA pré renal: pela desidratação que a hipercalcemia vai levar Manifestações laboratoriais O aumento do PTH tira cálcio e fósforo do osso, do intestino e dos rins e leva para a circulação, e libera o fósforo para fora pelos rins - ↑ PTH - ↑ calcemia - ↑ calciúria (↑ fração de excreção de CA+; ↑ cálcio urinário de 24 horas) - ↓ fosfatemia - ↑ fosfatúria - ↑ marcadores de turnover ósseo: fosfatase alcalina, P1NP e CTX (o PTH favorece esse turnover ósseo em excesso) - ↓ vitamina D - acidose tubular (efeito bicarbonatúrico do PTH) *hipercalcemia da malignidade é a principal causa de hipercalcemia em pacientes internados. Hiperparatireoidismo primário é a principal causa de hipercalcemia em pacientes ambulatoriais O normal quando o cálcio aumenta é o PTH diminuir, mas no HPP ou o PTH está normal ou aumentado também. Etiologias Diagnóstico - Cálcio e PTH altos (não precisa de exame de imagem para o diagnóstico) - Crise hipercalcêmica = hipercalcemia + disfunção orgânica relacionada Tratamento de crise hipercalcêmica O objetivo do tratamento é evitar que o osso e o intestino absorva mais cálcio e aumentar a excreção de cálcio pela urina para diminuir o cálcio sérico. A: abre o rim: - soro fisiológico 0,9%: hidratação 300 ml/h objetivando manter o débito urinário entre 100 e 150 ml/h. - furosemida: apenas depois que o paciente estiver bem hidratado, porque se não pode causar uma insuficiência renal desidratando o paciente ainda mais) - *não faz hidroclorotiazida porque é um diurético que aumenta a calcemia B: Bifosfonato endovenoso: objetivando fazer com que o cálcio deixe de sair do osso, mas eles demoram mais para agir - pamidronato - zoledrônico C: Calcitonina → só tem efeito por 48 horas D: Dexametasona (em caso de hipercalcemia da malignidade ou intoxicação por vitamina D ou de doenças granulomatosas) → objetivando diminuir a absorção de cálcio pelo intestino. Abordagem na crise hipercalcêmica Conduta Dose Medidas para aumentar a excreção renal de cálcio Hidratação 300 mL/h de soro fisiológico 0,9% - objetivo de manter o débito urinário entre 100 e 150 mL/h Furosemida (após hidratação) 40 mg a cada 6 ou 12 horas Medidas para reabsorção óssea Bifosfonatos Pamidronato 90 (grave); 60 (moderado) e 30 (leve) mg EV, diluir em 250 mL de SF e correr em 2 a 4 horas Ácido zoledrônico: 4 a 8 mg, EV, 15 minutos Calcitonina 4 a 8 UI/kg, subcutânea, a cada 12 h (não usar por mais de 48 horas - taquifilaxia Calcimiméticos Cinacalcet 30 a 90 mg, 2 a 4 vezes por dia Denosumab 60 - 120 mg, SC Reduzir a absorção intestinal de cálcio Corticóides: indicados para tratamento das etiologias que cursem com produção de calcitriol como linfomas, mieloma e sarcoidose Dexametasona: 2 - 4 mg/dia; Prednisona: 20 - 40 mg/ dia ou equivalente Tratamento cirúrgico - É o tratamento de escolha para pacientes sintomáticos: - crise hipercalcêmica (tirar o paciente da crise antes de operar) - fraturas sintomáticas - osteoclastoma - osteíte fibrosa - nefrolitíase sintomática - Ou assintomático com alto potencial de complicações: O = osteoporose ou fratura de fragilidade ou baixa massa óssea para a idade Se indicada a cirurgia, sugere-se localizar a paratireóide doente no pré-operatório para uma cirurgia mais assertiva. Então, no caso do hiperparatireoidismo primário os exames de imagem não são diagnósticos, mas sim pré-operatórios. OBS.: mesmo que não encontre nada nos exames de imagem, o paciente continua apresentando um hiperparatireoidismo primário. Paratireoidectomia Esse reimplante em antebraço é para que se houver uma recidiva fica muito mais fácil reabordar Complicações cirúrgicas - Hipocalcemia: pode acontecer devido ao hipoparatireoidismo transitório ou definitivo (pode acontecer se houver manipulação das paratireoides sadias ou se demorar de pegar quando forem implantadas no antebraço ou por lesão do leito vascular causando necrose das paratireoides) - Hipoparatireoidismo: gera HIPERfosfatemia porque uma das ações do PTH é de eliminar o fósforo pelos rins, a partir do momento que perde-se a ação do PTH, o fósforo fica acumulado no sangue. - Fome óssea: os ossos passaram anos perdendo fósforo, cálcio, magnésio, no momento em que faz a cirurgia e esse osso se vê livre do excesso de PTH, ele acaba absorvendo muito fosforo, cálcio, magnésio, gerando HIPOfosfatemia e hipocalcemia. (“Se não tem fósforo pra fazer comida, vou ficar com fome”) Resumo No hiperparatireoidismo primário, a secreção inapropriadamente alta de paratormônio e a hipercalcemia são consequências da redução da sensibilidade ao cálcio nas glândulas paratireoides e do aumento da massa paratireoide; A maioria dos pacientes são assintomáticos na apresentação (descoberta por meio de uma medida incidental do cálcio sérico) ou tem sintomas vagos e inespecíficos, como fadiga, fraqueza e distúrbiomental; A densidade óssea é um importante componente da avaliação dos pacientes com hiperparatireoidismo na indicação de cirurgia da glândula; A paratireoidectomia cirúrgica é o único tratamento definitivo para o hiperparatireoidismo primário e a hipercalcemia geralmente é leve e transitória, raramente necessitando de tratamento.
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