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Tratamento farmacológico do diabetes melito tipo 2 Diabetes mellitus tipo 2 Definição - A diabetes mellitus tipo II é caracterizada pela resistência periférica aos efeitos metabólicos da insulina nas células-alvos. - No diabetes mellitus 2, o pâncreas mantém alguma função das células beta-pancreáticas, mas a secreção de insulina é insuficiente para manter a homeostasia da glicose, diante da crescente resistência à insulina. - O diabetes tipo II resulta de uma responsividade diminuída dos tecidos periféricos à ação da insulina e de uma responsividade inadequada das células beta-pancreáticas à glicose, o que finalmente culmina em redução efetiva na massa de células beta-pancreáticas. A combinação de resistência à insulina e comprometimento da função das células betas-pancreáticas caracteriza o diabetes tipo II clínico. - Os pacientes com diabetes tipo II secretam quantidades normais de insulina durante o jejum; todavia, em resposta a uma carga de glicose (ou a uma refeição), secretam uma quantidade consideravelmente menor de insulina (70%) do que os pacientes não diabéticos. Além de uma redução na liberação de insulina, o padrão dessa liberação também é alterado depois de uma refeição, com pulsos significativamente menores, mais lentos e erráticos, em particular após o jantar. Essa anormalidade resulta em níveis significativamente mais elevados de glicose em jejum nesses pacientes. A obesidade promove uma inflamação crônica com a infiltração de macrófagos no tecido adiposo, a qual gera alterações patológicas nos tecidos sensíveis à insulina e nas células beta-pancreáticas. Tratamento - O tratamento é inicialmente com dieta, embora os antidiabéticos orais se tornem necessários e, em último caso, a maior parte dos pacientes se beneficie de insulina exógena. - O objetivo no tratamento do diabetes mellitus II é manter a glicemia dentro dos limites normais e evitar o desenvolvimento das complicações de longo prazo. - Redução da massa corpórea, exercícios físicos e modificação da dieta diminuem a resistência à insulina e corrigem a hiperglicemia em alguns pacientes com diabetes mellitus II. Contudo, a maioria dos pacientes precisa de intervenção farmacológica com hipoglicemiantes orais. - Enquanto a doença evolui, a função das células beta-pancreáticas diminui, e o tratamento com insulina passa a ser necessário para alcançar níveis glicêmicos satisfatórios. Biguanida Definição - A metformina, única biguanida atualmente disponível no Brasil, é classificada como sensibilizadora da insulina. - A metformina aumenta a captação e o uso de glicose pelos tecidos-alvo, diminuindo, assim, a resistência à insulina. Mecanismo de ação - A metformina é captada pelo transportados de cátions orgânicos da membrana hepática para ser transportada até o interior do hepatócito, onde ela atua inibindo o complexo I da cadeia respiratória mitocondrial gerando um aumento de AMP (não há conversão de ADP em ATP) que ativa a enzima proteinoquinase do AMP ativado (AMPK), o qual é um regulador importante da homeostase da energia nos eucariotos, bloqueando a expressão do gene da gliconeogênese (produção de glicose), interrompendo o ciclo de krebs aumentando a glicólise (degradação de glicose) e inibindo o mGPD, bloqueando a via G3P inibindo a conversão de lactato em piruvato, tendo como consequência um aumento de lactato. - Inibe quebra de ácidos graxos usados para produzir glicose. - A ativação do AMPK no duodeno desencadeia a liberação de GLP-1, o qual estimula a rede vagal intestino-cérebro-fígado, que regula a produção da glicose hepática estimulando a diminuição de produção de glicose hepática. - Outros mecanismos propostos são a diminuição da absorção intestinal de glicose e melhora de sua captação pelos tecidos periféricos (diminuição da resistência à insulina). - Uma propriedade importante é a redução modesta da hiperlipidemia (as concentrações de colesterol LDL e VLDL caem e o colesterol HDL aumenta). Ações - Redução da produção da glicose hepática (gliconeogênese), que está aumentada de maneira acentuada no diabetes tipo 2; - Aumento da captação de glicose e utilização no músculo esquelético (reduz a insulinorresistência); - Redução da absorção de carboidratos pelo intestino; - Aumento da oxidação de ácidos graxos. Farmacocinética - A metformina é bem absorvida por via oral, não se liga a proteínas séricas e não é biotransformada. E sua excreção é pela urina. - Meia vida: 1,5 a 3h. - A metformina é dividida em doses com as refeições, ou ela é administrada em um formulação de liberação prolongada (glifage XR) que geralmente é administrada uma vez ao dia com a refeição da noite. Efeitos adversos - A metformina, ao mesmo tempo que previne a hiperglicemia, não causa hipoglicemia, e os efeitos indesejáveis mais comuns incluem os distúrbios gastrintestinais relacionados com a dose (p. ex., anorexia, diarreia, náuseas), os quais são, em geral, mas nem sempre, transitórios. - A metformina exerce efeitos diretos sobre a função gastrointestinal, incluindo absorção de glicose e sais biliares. O seu uso prolongado pode interferir na absorção da vitamina B12 gerando uma deficiência vitamínica. - A metformina altera o metabolismo - oxidativo mitocondrial bloqueando o complexo I da cadeia respiratória mitocondrial; ao bloquear a enzima piruvato carboxilase não há a conversão de lactato em piruvato, ocorrendo um aumento da concentração de lactato gerando uma acidose lática. - A metformina não deve ser administrada de rotina a pacientes portadores de doença renal ou hepática, doença pulmonar hipóxica ou choque, pois estão mais predispostos ao desenvolvimento de acidose láctica, uma vez que apresentam redução na taxa de eliminação do fármaco ou menor oxigenação tecidual. Uso clínico - A metformina é utilizada para tratar pacientes portadores de diabetes tipo 2. Ela não estimula o apetite e é a primeira escolha na maioria dos pacientes com diabetes tipo 2 que são obesos, assumindo-se que não apresentem comprometimento das funções renal ou hepática. Pode ser combinada com outros agentes que diminuem a glicose sanguínea se esta não estiver controlada adequadamente. Além do diabetes tipo 2, outros usos em potencial incluem demais síndromes que acompanham a resistência à insulina, incluindo síndrome dos ovários policísticos, esteatose hepática não alcoólica, diabetes gestacional e algumas formas de puberdade prematura. A metformina pode ser usada isoladamente ou em associação com outros fármacos de uso oral ou insulina. Pode ocorrer hipoglicemia quando a metformina é usada em combinação com insulina ou secretagogos de insulina, de modo que é preciso ajustar a dosagem. Análogos do GLP-1 Definição - Os fármacos análogos do GLP-1 são agentes que aumentam a secreção de insulina dependente de glicose e que diminuem a secreção de glucagon. Representantes - Dentre os análogos de GLP-1 mais conhecidos estão a liraglutida, a albiglutida, a dulaglutida, a exenatida e a lixisenatida, drogas que possuem meia vida maior que a do hormônio endógeno. Mecanismo de ação - O fármacos análogos do GLP-1 mimetizam a ação do GLP-1 nos seus receptores resistentes às ações do DDDP4; logo a ligação dos análogos do GLP-1 aos receptores de GLP-1 reduz a secreção de glucagon pelas células alfa pancreáticas e, consequentemente, diminui a gliconeogênese hepática, além de estimular a excreção de insulina pelas células beta, contribuindo no controle da glicemia. Concomitantemente, retarda o esvaziamento gástrico e diminui o apetite. Curta duração (Byetta): efeito inibitório sobre o esvaziamento gástrico, reduzindo a glicose pós-prandial. Longa duração (Bydureon): reduz glicemia de jejum aumentando a liberação de insulina e reduzindo glucagon. Ações - Os agonistas do GLP-1 diminuem a glicose no sangue após uma refeição ao aumentar a secreção de insulina, suprimindo a de glucagon e atrasando o esvaziamento gástrico. Eles reduzem a ingestão de alimentos e estão associados a modesta diminuição do peso, além de diminuírema acumulação de gordura hepática. Farmacocinética - Os agonistas GLP-1 são administrados por injeção subcutânea, seja 1 vez/dia (exenatida, liraglutida, lixisenatida) ou 1 vez/semana (exenatida, albiglutida, dulaglutida de liberação prolongada). - Os análogos do GLP-1 Byetta são administrados, pela via subcutânea, 60 minutos antes da refeição; apresentam um pico de concentração em 2 horas e sua ação dura 10h. - Os análogos do GLP-1 Bydureon são administrados, pela via subcutânea, em dose semanal. Uso clínico - Os análogos do GLP-1 Byetta são indicados na diabetes mellitus 2 com exacerbada hiperglicemia pós-prandial e para administração com terapia de insulina basal. - Os análogos do GLP-1 Bydureon são indicados para diabetes mellitus II com hiperglicemia em jejum. - Os agonistas GLP-1 são utilizados em pacientes com diabetes tipo 2 em combinação com outros fármacos (metformina com ou sem sulfonilureia, pioglitazona, insulina). Efeitos adversos - Os análogos de GLP-1 promovem a depuração renal, logo é necessário um ajuste da dose se a depuração da creatinina <30 ml/min. - Os análogos de GLP-1 não devem ser usados como substitutos da insulina basal, pois isso pode resultar em piora dos níveis glicêmicos. Inibidores de SGLT-1 Definição - Os inibidores de SGLT-2 bloqueiam os cotransportadores de sódio e glicose no túbulo contorcido proximal renal. Representantes - Canagliflozina; - Dapagliflozina; - Empagliflozina. Mecanismo de ação - O cotransportador 2 sódio-glicose (SGLT2) é responsável por reabsorver a glicose filtrada no lúmen tubular dos rins. Ao inibir o SGLT2, estes fármacos diminuem a reabsorção de glicose, aumentam a sua excreção urinária e diminuem a glicemia. - A inibição do SGLT2 também diminui a reabsorção do sódio e causa diurese osmótica. Por isso, os inibidores do SGLT2 podem reduzir a pressão arterial. Contudo, não são indicados no tratamento da hipertensão. Ações - Os inibidores SGLT2 atuam promovendo a excreção de glicose para a urina, reduzindo a concentração de glicose circulante. A glicosúria resultante está associada a diurese osmótica e excreção de sal. - Melhoram a glicemia sem afetar a liberação de insulina, sem risco de hipoglicemia. Farmacocinética - Os inibidores da SGLT-2 são administrados, pela via oral, uma vez ao dia no período da manhã; porém a canagliflozina é utilizada antes da primeira refeição do dia. - Eles são biotransformados principalmente por glicuronidação a metabólitos inativos; e sua excreção é pelas fezes e um terço pela via renal. Efeitos - Perda de peso. - Redução da pressão arterial: diurese e depleção de volume, inibição do sistema renina-angiotensina. - Lipídios: modesto aumento do HDL e redução do LDL. - Benefícios cardiovasculares: pacientes com DM2 + ateromatose = redução da mortalidade cardiovascular. Efeitos adversos - Como a eficácia dos inibidores de SGLT2 depende de função renal e débito urinário adequados, esses agentes têm um efeito limitado ou não têm efeito em pacientes com doença renal crônica. - Aumento significativo no risco de infecções urinárias e fúngicas com os inibidores SGLT2, tais como vaginite ou balanite por candidíase, presumivelmente devido à glicosúria. - Hipotensão, particularmente em pacientes idosos ou sob tratamento com diuréticos. - Reabsorção óssea aumentada. Uso clínico - Os inibidores SGLT2 estão licenciados para utilização no diabetes tipo 2, seja isoladamente (quando a metformina é inadequada) seja em combinação com a insulina ou outras terapias orais de redução da glicose. Sulfonilureais Definição - A sulfonilureais são secretagogos de insulina, pois promovem a liberação de insulina das células beta do pâncreas. Representantes - As sulfoniluréias de primeira geração, hoje, são raramente utilizadas no tratamento de diabetes, são elas: tolbutamida, tolazamida, clorpropamida e acetoexamida. - A segunda geração possui fármacos mais potentes, são eles: glibenclamida, glipizina, glimeperida e glicazida. Glibenclamida - Na insuficiência renal, podem aumentar a duração de ação e aumentar significativamente o risco de hipoglicemia, mas, pouco atravessa a placenta e pode ser uma alternativa à insulina em gestantes. Glipizida - São seguras na presença de disfunção renal e em pacientes idosos. Glimepirida - Seguras na presença de disfunção renal e em pacientes idosos. Mecanismo de ação - A principal ação das sulfoniluréias se dá sobre as células beta-pancreáticas estimulando a secreção de insulina e reduzindo, desse modo, os níveis de glicose no plasma. - As sulfonilureias bloqueiam/fecham canais de K+ sensíveis ao ATP, resultando em despolarização da membrana com abertura dos canais de cálcio voltagem-dependente, tendo como consequência o influxo de cálcio para exocitose da insulina pré-formada. Além disso, as sulfonilureias podem diminuir a produção de glicose pelo fígado e aumentar a sensibilidade periférica à insulina. Farmacocinética - As sulfonilureias são administradas por via oral, e ligam-se às proteínas séricas, são biotransformadas pelo fígado em metabólicos fracamente ativos e inativos, e são excretadas pelo fígado e pelos rins. - A duração de ação varia de 12 a 24 horas. - Todas se ligam fortemente à albumina plasmática e estão envolvidas em interações com outros fármacos (p. ex., salicilatos e sulfonamidas) que competem por esses pontos de ligação. Efeitos adversos - Os principais efeitos adversos das sulfonilureias são aumento de massa corporal, hiperinsulinemia e hipoglicemia. - Elas devem ser usadas com cautela na insuficiência hepática ou renal, pois seu acúmulo pode causar hipoglicemia. - Diversos fármacos aumentam os efeitos hipoglicemiantes das sulfonilureias. Foi relatado que anti-inflamatórios não esteroidais, varfarina, alguns uricosúricos (p. ex., a sulfimpirazona), álcool, inibidores da monoamina oxidase, alguns agentes antibacterianos (incluindo sulfonamidas, trimetoprima e cloranfenicol) e alguns antifúngicos imidazólicos produzem hipoglicemia grave quando administrados em conjunto com as sulfonilureias. A provável base para a maioria dessas interações consiste na competição pelas enzimas de metabolismo, mas a interferência na ligação com as proteínas plasmáticas ou com mecanismos de transporte que facilitam a excreção também pode desempenhar algum papel. - Os agentes que diminuem a ação das sulfoniluréias sobre a glicemia incluem os diuréticos tiazídicos em doses elevadas e os corticosteróides (interações farmacodinâmicas). Uso clínico - As sulfonilureias são utilizadas para tratar o diabetes tipo 2 em seus estágios mais iniciais; todavia, uma vez que esses fármacos requerem a presença de células beta-pancreáticas funcionantes, eles não são úteis no tratamento do diabetes tipo 1 ou nos estágios mais tardios do diabetes tipo 2, podendo ser associados à metformina. Glinidas Definição - As glinidas são secretagogos de insulina, pois promovem a liberação de insulina das células beta do pâncreas. Representantes - Repaglinida (2 a 6h) - Nateglinida (2 a 4 h) - Contudo, em contraste com as sulfonilureias, as glinidas têm início rápido e duração de ação mais curta, devendo ser usada 3 vezes ao dia. Mecanismo de ação - As glinidas bloqueiam/fecham canais de K+ sensíveis ao ATP, resultando em despolarização da membrana com abertura dos canais de cálcio voltagem-dependente, tendo como consequência o influxo de cálcio para exocitose da insulina pré-formada. - Elas são particularmente eficazes na liberação precoce de insulina que ocorre depois da refeição e, assim, são classificadas como reguladores glicêmicos pós-prandiais. As glinidas não devem ser usadas associadas às sulfonilureias devido à sobreposição dos mecanismos de ação; isso aumentaria o risco de hipoglicemia grave. Farmacocinética - As glinidas devem ser tomadas antes da refeição e são bem absorvidas após a administração oral. Ambas as glinidas são biotransformadas a produtos inativos pelo CYP3A4 no fígado e são excretadas pela bile. Efeitos adversos - Embora as glinidaspossam causar hipoglicemia e aumento de massa corporal, a incidência é menor do que com as sulfonilureias. - Os fármacos que inibem a CYP3A4, como itraconazol, fluconazol, eritromicina e claritromicina, podem aumentar o efeito hipoglicemiante da repaglinida. Fármacos que induzem a CYP3A4, como barbitúricos, carbamazepina e rifampicina, podem ter efeito oposto. Inibidores da dipeptidil peptidase-4 Definição - As gliptinas são fármacos sintéticos que inibem competitivamente a DPP-4. Desse modo, diminuem a glicose no sangue ao potenciar as incretinas endógenas (GLP-1 e GIP), que estimulam a secreção de insulina. Representantes - Alogliptina, linagliptina, saxagliptina e sitagliptina são inibidores da di- peptidilpeptidase-4 (DPP-4) ativos por via oral usados para o tratamento do diabetes mellitus II. Mecanismo de ação - Eles inibem a enzima a protease dipeptidil dipeptidase (DDP4) impedindo a inativação dos hormônios incretina, como o GLP-1; logo, o prolongamento da atividade dos hormônios incretina au menta a liberação de insulina em resposta às refeições e a redução na secreção imprópria de glucagon. Farmacocinética - Os inibidores da DPP-4 são bem absorvidos após administração por via oral, e os alimentos não afetam a extensão da absorção. - Alogliptina e sitagliptina são principalmente excretadas inalteradas na urina. - A saxagliptina é biotransformada pela CYP3A4/5 a um metabólito ativo; e sua excreção é renal (saxagliptina e seu metabólico ativo). - Inibidores potentes da CYP3A4/5, como ritonavir, atazanavir, itraconazol e claritromicina, podem aumentar a concentração de saxagliptina. - A linagliptina é eliminada primariamente pelo sistema enteropático. - Todos os inibidores da DPP-4, com exceção da linagliptina, exigem ajuste da dosagem na disfunção renal. Efeitos adversos - Os efeitos adversos mais comuns são nasofaringite e cefaléia. Embora infrequente, a pancreatite ocorreu com todos os inibidores da DPP-4. - Inibidores potentes da CYP3A4/5, como ritonavir, atazanavir, itraconazol e claritromicina, podem aumentar a concentração de saxagliptina. Por isso, devem-se usar dosagens reduzidas de saxagliptina. Os inibidores da DPP-4 podem ser usados como monoterapia ou em associação com sulfonilureias, metformina, TZDs ou insulina. Diferentemente dos incretinomiméticos, estes fármacos não causam saciedade ou plenitude e são neutros em relação à massa corporal. Vantagens - Pode ser usado em combinação com outros hipoglicemiantes (metformina, tiazolidinedionas e inulina). - Baixo risco de hipoglicemia pois não atua no jejum. - Pode ser usado em pacientes com dano hepático. Inibidores da alfa glicosidase Definição - Os inibidores da alfa-glicosidase são agentes que não aumentam a secreção de insulina. Representantes - Acarbose, voglibose e miglitol são fármacos usados por via oral no tratamento do diabetes mellitus 2 em pacientes suscetíveis à hipoglicemia ou acidose lática (intolerantes à sulfonilureias e biguanida). Mecanismo de ação - Os fármacos inibidores de alfa-glicosidase bloqueiam irreversivelmente (inibição competitiva) as enzimas α-glicosidases, localizadas no bordo em escova intestinal, impedindo a hidrolise dos carboidratos em glicose e outros açúcares simples que podem ser absorvidos, resuzindo a hiperglicemia pós-prandial. Ações - Ingeridos no início da refeição, esses fármacos retardam a digestão de carboidratos, resultando em níveis mais baixos de glicose pós-prandial. - Como eles não estimulam a liberação de insulina nem aumentam a sensibilidade à insulina, esses fármacos não causam hipoglicemia quando usados em monoterapia. Farmacocinética - A acarbose é pouco absorvida, biotransformada por bactérias intestinais, e seus metabólitos são absorvidos e excretados na urina. - A miglitol é muito bem absorvido, mas não tem efeitos sistêmicos. Ele é excretado inalterado pelos rins. Efeitos adversos - Os principais efeitos adversos são flatulência, diarreia e cólicas intestinais. - Flatulência= a degradação de carboidratos não digeridos pelas bactérias no cólon gera um excesso de formação de gás. Tiazolidinedionas Definição - As tiazolidinedionas são sensibilizadores de insulina e atuam predominantemente na resistência insulínica periférica em músculo, adipócito e hepatócito. Representantes - Pioglitazona; - Rosiglitazona. Troglitazona: Removido devido dano hepático severo. Mecanismo de ação - As tiazolidinedionas são agonistas do receptor gama ativado por proliferador peroxissômico (PPAR-gama), encontrados no músculo, no tecido adiposo e no fígado; assim ao se ligarem no receptor gama, promove uma ativação do PPAR-gama estimulando a transcrição de genes responsivos à insulina aumentando a sensibilidade à insulina no tecido adiposo, no fígado (reduz gliconeogênese) e no músculo esquelético. Ações - A rosiglitazona aumenta a lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) e os triglicerídeos, ao passo que a pioglitazona diminui os triglicerídeos. Os dois fármacos aumentam a lipoproteína de alta densidade (HDL-C). Uso clínico - Pioglitazona e rosiglitazona podem ser usadas como monoterapia ou em associação com outros hipoglicemiantes ou com insulina. A dose de insulina deve ser diminuída quando usada em combinação com esses fármacos. - A ADA recomenda pioglitazona como um fármaco de segunda ou terceira escolha para o diabetes me;;itus 2. A rosiglitazona é menos usada devido a preocupações com relação aos efeitos adversos cardíacos. Farmacocinética - Pioglitazona e rosiglitazona são bem absorvidas após administração por via oral e são extensamente ligadas à albumina sérica. Ambas sofrem extensa biotransformação por diferentes isoenzimas CYP450 . Alguns metabólitos da pioglitazona têm atividade. - A eliminação renal da pioglitazona é negligenciável; a maior parte do fármaco ativo e dos metabólitos é excretada na bile e eliminada com as fezes. Os metabólitos da rosiglitazona são excretados primariamente na urina. Não é necessário ajuste de dosagem na insuficiência renal. Devem ser evitados em lactantes. - As tiazolidinedionas foram associadas com osteopenia e aumento do risco de fraturas. Letícia Terruel
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